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INTEMPERISMO
Sete Lagoas
Junho/2017
SUMÁRIO
1 INTEMPERISMO....................................................................................................................2
2 TIPOS DE INTEMPERISMO.................................................................................................3
3.2 Cor...................................................................................................................................13
3.3 Textura............................................................................................................................13
3.4 Estrutura..........................................................................................................................14
4 INTEMPERISMO X CLIMA................................................................................................15
5 REFERÊNCIAS.....................................................................................................................18
1 INTEMPERISMO
O termo intemperismo deriva do latim intempérie, que significa os rigores das variações das
condições atmosféricas (temperatura, chuva, vento e umidade). Meteorização é termo
sinônimo e, algumas vezes, empregado na literatura, proveniente da palavra “meteoro”, que se
refere a qualquer fenômeno que ocorre na atmosfera terrestre: chuva, granizo, neve, vento,
aurora boreal, relâmpago, trovão, estrela cadente, etc.
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minerais silicatados ricos em Ca, interações de metais pesados e contaminantes orgânicos
com produtos do intemperismo. Ainda em termos de meio ambiente, o intemperismo tem
influência significativa em drenagem ácida, que é um problema ambiental relativamente sério,
capaz de comprometer a qualidade dos recursos hídricos de uma região. O processo inicia-se
quando minerais, como a pirita e outros sulfetos, são expostos ao ar atmosférico, e na
presença de oxigênio e água, sofrem oxidação e produzem soluções de reação fortemente
solubilizados nas águas de drenagem. Na área da mineração, o intemperismo tem papel
preponderante na gênese das bauxitas brasileiras, que são formadas por intenso intemperismo
tropical de diversos tipos de rochas, assim como nos depósitos lateríticos, em geral, que
aparecem em 75% do território nacional, produzindo jazidas que contribuem com cerca de
30% da produção mineral brasileira, excluindo o carvão e o petróleo.
2 TIPOS DE INTEMPERISMO
O intemperismo físico é aquele que faz com que a rocha original desintegre-se em tamanhos
menores, sem que haja mudança apreciável na sua composição química ou mineralógica.
Teoricamente, uma rocha pode ser subdividida em tamanhos menores, passando por
matacões, calhaus, cascalhos, do que se tem um conjunto de minerais primários, e atingir o
tamanho das frações areia e silte, do que se têm minerais primários, individualizados apenas
por um processo de quebra física.
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O intemperismo físico pode ser subdividido em termal e mecânico e caracteriza-se por
englobar todos os processos que promovem os esforços suficientes para quebrar as rochas.
Intemperismo físico termal e aquele que se caracteriza pelas flutuações diurnas e noturnas de
temperatura, que provocam a fratura superficial ou a desintegração dos grãos das rochas. Em
tese, cada vez que a temperatura eleva-se, os minerais componentes das rochas expandem-se,
para, em seguida, contraírem-se, em virtude da diminuição da temperatura. Como diferentes
minerais tem diferentes coeficientes de dilatação volumétrica, eles expandem e contraem em
diferentes taxas, o que faz com que, com o tempo, os esforços produzidos sejam suficientes
para enfraquecer as ligações entre os minerais e, eventualmente, provocar ruptura da rocha.
Características das rochas que influem neste tipo de intemperismo são a composição mineral,
a textura e cor. A composição mineral influi, fazendo com que as rochas têm maior número de
minerais sejam mais susceptíveis a este intemperismo. Uma rocha ígnea com diversos
minerais primários, como quartzo, feldspato e micas, por exemplo, sofrerá maior influência
do intemperismo físico termal, comparada com o argilito, no qual os processos de expansão e
contração atuaram basicamente sobre um tipo de mineral, essencialmente em bloco, não
causando rupturas. A textura é outro fator importante, pois minerais maiores se expandem e se
contraem com mais intensidade e, com isto, rochas mais grosseiras tem maior possibilidade
de desintegração. O granito, rocha fanerítica, será mais facilmente atacado pelo intemperismo
físico-termal que seu correspondente afanítico, riólito. A cor é também característica que
influi na atuação do intemperismo termal, observando-se que as rochas mais escuras sofrem
mais este tipo de intemperismo, comparadas com as rochas claras. A radiação solar que atinge
uma rocha é totalmente absorvida e transformada em calor, ao passo que a mesma radiação,
atingindo uma rocha clara, tem boa parte refletida, não produzindo energias calorífica. Assim,
rochas melanocráticas, ou seja, rochas máficas, em geral, são mais intensamente atacadas que
as rochas leucocráticas ou félsicas.
Este é um tipo de intemperismo no qual é considerado quaisquer esforço mecânico que levam
à fragmentação da rocha. Exemplos importantes destas forças são:
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Exposição superficial da rocha: os blocos de rochas, quando estão ainda debaixo da
superfície da crosta terrestre, onde foram formados, estão sujeitos a grandes pressões
confinantes, que são liberadas quando estas rochas são expostas a superfície pela erosão.
A libertação da pressão na parte superficial do bloco de rochas leva a sua ruptura,
caracterizando-se um intemperismo físico mecânico importante, principalmente nos
locais onde as temperaturas não permitem o congelamento/fusão da água.
Congelamento/fusão da água: a água, ao se congelar, pode gerar pressão suficiente para
desintegrar a maioria das rochas. Com o congelamento, ela aumenta de volume na ordem
de 9%, ao passar da forma líquida para a sólida (gelo). Assim, onde exista umidade
suficiente para que a água penetre em frestas e poros das rochas e a temperatura diminua
suficiente para seu congelamento, as pressões internas criadas são grandes o suficiente
para fragmentar a rocha. Esse processo pode ser mais eficiente em ambientes onde a
temperatura flutue em torno de 0ºC várias vezes ao ano.
Cristalização de sais: soluções salinas podem penetrar em fendas e poros em rochas e, a
partir daí, fragmentá-la de diferentes maneiras. A primeira e mais comum é a
cristalização do sal dissolvido nesta solução, com o consequente aumento da pressão
interna e posterior quebra da rocha. Outra maneira é a expansão térmica dos sais que
tenham coeficiente de expansão maiores que aqueles das rochas mais comuns. Algumas
vezes, a própria hidratação de sais cristalizados pode provocar expansão e causar quebras
e rupturas nas rochas.
● Água
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A água é, sem sombra de dúvida, o principal agente do intemperismo químico, atuando de
duas maneiras principais. Primeiramente, a água atua como solvente da maioria das reações
que se processam no ambiente de intemperismo, sendo conhecida, por isso, como solvente
universal. Outra atuação importante da água é como reagente em uma das principais reações
do intemperismo. A água pode também carregar agentes químicos, tais como exsudatos de
raízes e prótons (H+), que podem promover a quelatação e a acidificação do meio,
aumentando a taxa de intemperismo. Além de tudo isto, a água é o meio de transporte e
retirada dos produtos do intemperismo, pois os elementos solubilizados e solvatados durante o
processo de intemperismo são por ela removidos dos locais de reação, e lixiviados do perfil e
carregados pelas águas dos riachos, ribeirões e rios até os oceanos.
● Temperatura
Assim sendo, a temperatura torna-se importante agente do intemperismo químico, pois atua
em todas as suas reações, de maneira generalizada, aumentando a velocidade, à medida que
aumenta a temperatura média do ambiente onde ocorre o intemperismo. Além do efeito
direto, a temperatura influencia indiretamente algumas reações, pois maiores temperaturas
promovem maior dissociação da água, fazendo com que a concentração hidrogeniônica
aumente e a reação seja mais intensa.
● Gases
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chuva passa pela atmosfera, é o CO 2, que faz com que o pH final da água da chuva seja
ligeiramente ácido.
A dissolução do gás carbônico na água da chuva faz com que seja formado o ácido carbônico,
que é um ácido fraco, cuja primeira constante de dissociação ácida (K a) é igual a 4,37x10-7.
Com os equilíbrios atingidos e com pressão de CO2 na atmosfera igual a 0,03%, calcula-se o
pH da água da chuva em aproximadamente 5,65, nas condições atmosféricas usualmente
encontradas na Terra.
Atmosferas mais poluídas, que apresentam gases como SO2, SO3, NO2, dentre outros, podem
manifestar o fenômeno conhecido como chuva ácida, pois, por equilíbrios semelhantes, serão
formados ácidos, tais como: H2SO4 (Ka=10+3), H2SO3 (Ka=1,3x10-2), HNO3 (Ka=3,98x10-2),
dentre outros, que, por serem ácidos fortes, provocarão maior concentração de H + proveniente
de suas dissociações ácidas e um consequente decréscimo muito maior no pH. Nessas
situações, o intemperismo químico pode ser muito intensificado pela chuva ácida. Mas, em
geral, as condições mais frequentemente encontradas nos mais diversos ambientes terrestres
são aquelas nas quais as águas da chuva têm apenas o CO 2 nela dissolvido. Essas condições
fazem com que o abaixamento do pH provocado seja apenas suficiente para tornar a água da
chuva mais ativa, em termos de atuação no intemperismo.
Outro gás importante no intemperismo químico é o O 2, pela sua abundância e pela forma
química que aparece na atmosfera. O elemento oxigênio é o segundo mais eletronegativo da
tabela periódica e ocorre, na atmosfera, na forma molecular O2, com dois átomos ligados por
duas ligações covalentes. A sua configuração eletrônica é 1s22s22p4, com dois dos seus três
orbitais p ocupados com um elétron cada. Então, o oxigênio pode completar o octeto de
elétrons em sua camada de valência pela aquisição de dois elétrons e a formação do ânion O 2-.
Essa característica faz dele um elemento ávido por receber elétrons, sendo por isso
reconhecido como “receptor universal de elétrons” e participante da maioria das reações de
oxidação que ocorrem naturalmente na superfície da crosta terrestre.
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incongruentes. Congruente é aquela na qual a reação processa-se e o mineral é completamente
dissolvido ou solubilizado, enquanto incongruente é aquela na qual algum ou todos os íons
liberados na reação precipitam-se formando novos minerais. No intemperismo, em se tratando
de uma reação incongruente de um mineral, a quantidade de substâncias em solução não
corresponde à fórmula do mineral que está sendo intemperizado.
Dissolução
Normalmente, a dissolução caracteriza-se por ser uma reação congruente. Sais como NaCl,
CaSO4 e CaCO3 são exemplos de minerais dissolvidos completamente pela água.
A dissolução congruente dos carbonatos, especialmente os de Ca, é uma reação que pode
acontecer pela capacidade que tem o carbonato de ser dissolvido pela água, ou a reação pode
ser acelerada pela presença de CO 2 dissolvido na água da chuva, algumas vezes é chamada de
“carbonatação”. Esta dissolução das rochas calcáreas produz exemplos notáveis de depressões
circulares fechadas, características dos relevos cársticos em várias regiões do Brasil. Nestas
regiões, os solos formados das rochas calcárias, na maioria das condições brasileiras, estarão
diretamente relacionados com as impurezas da rocha, pois os carbonatos serão, em princípio,
completamente solubilizados e lixiviados pelas águas percolantes.
● Hidrólise
A hidrólise pode ser uma reação incongruente quando entre os produtos da reação, são
formados novos minerais. Talvez esta seja uma das principais reações do intemperismo
químico, com diversos e variados exemplos. Destaca-se como uma das mais importantes
reações do intemperismo a reação de hidrólise dos feldspatos, em geral especialmente a dos
potássicos.
● Oxidação
A oxidação é a reação na qual um dos reagentes perde elétrons e, por consequência, outro
reagente te de ganhar elétrons. Nas condições de intemperismo prevalecentes na superfície da
terra, o O2 atmosférico está sempre presente e, pelo seu comportamento, está sempre apto a
receber elétrons para completar o octeto em sua última camada eletrônica. Assim, a oxidação,
em termos de reação e intemperismo, pode ser definida como uma reação entre diferentes
elementos químicos e o oxigênio. O resultado final da reação é a remoção de um ou mais
elétrons de um elemento formador do mineral, causando a sua instabilidade estrutural. Assim,
como o O2 é um receptor universal de elétrons, o Fe é o elemento mais comumente envolvido
nas reações de oxidação como o elemento doador de elétrons. Esta é uma reação de relevância
no intemperismo dos minerais ferromagnesianos, gerando minerais secundários importantes.
Normalmente, a reação de oxidação que altera os principais minerais primários é precedida
pela hidrólise, o que leva à denominação comum de reação hidrolítica e oxidativa na
alteração dos minerais ferromagnesianos.
A reação de oxidação é de importância singular no intemperismo das regiões tropicais, por ser
responsável pela formação do par de óxidos de Fe hematita-goethita. Estes minerais são
típicos da fração argila da grande maioria dos solos brasileiros e responsáveis por diversos
atributos por eles apresentados. Os óxidos de Fe possuem sua superfície específica alta e, por
sua natureza química, podem adsorver ânions, como fosfatos ou arsenatos, ou podem adsorver
metais pesados, como Cd, Cu, Ni, Zn, Pb etc., o que os torna de muita importância agrícola e
ambiental. Os óxidos de ferro também influem na estrutura dos solos, ajudando na formação
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de agregados pequenos extremamente estáveis, como na estrutura forte muito pequena
granula (“pó de café”) dos Latossolos brasileiros.
O intemperismo biológico é aquele em que os organismos vivos, que podem variar desde
bactérias e fungos até plantas superiores e animais. As ações de quebra ou de alteração de
minerais e rochas pelos organismos podem ser físicas ou químicas, mas, como elas são
provenientes da ação dos organismos, pode-se diferenciar adicionalmente mais este tipo de
intemperismo.
As ações físicas de quebra de minerais e rochas são de natureza mecânica e podem ser
ativadas pelo simples fracionamento de partículas, por pequenos animais, ou pelo crescimento
e penetração de raízes em fendas de solos e rochas, provocando sua ruptura.
Importante ação biológica dá-se pelo fenômeno da quelatação, responsável por considerável
intemperismo de minerais e rochas. Quelatação é um processo biológico no qual os
organismos produzem substâncias conhecidas como quelatos, que têm a habilidade de
aprisionar cátions metálicos por uma ou mais de suas ligações químicas. Esta capacidade de
agarrar os cátions metálicos faz com que eles possam ser mais facilmente removidos da
estrutura cristalina, tornando os minerais e rochas mais fáceis de decompor. Dados da
literatura mostram que os liquens excretam agentes quelantes e que estes são responsáveis por
extensiva alteração das rochas em que eles estão.
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promoverão uma acidez elevada. Esta acidez solubiliza praticamente todos os minerais
primários, deixando apenas aqueles muito resistentes ao intemperismo, principalmente, o
quartzo. A reação química é, às vezes, chamada de acidólise e é característica da formação
dos solos classificados como Espodossolos. Em ambientes tropicais brasileiros, processos
similares ocorrem nas áreas de restinga, em áreas próximas ao rio Negro (Amazônia) e,
possivelmente, no rio Taquari (Pantanal) e em áreas altimontanas.
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permanecer, mesmo em níveis bastante intensos de intemperismo. A razão deste
comportamento está fundamentalmente ligada à composição química e estrutura dos minerais
primários. Os minerais que se formam primeiro cristalizam-se sob condições magmáticas de
maior riqueza em metais e sua estrutura tem, então, maior número de ligações de caráter
iônico. Aqueles que se formam por último cristalizam-se de soluções magmáticas mais ricas
em Si e O, fazendo com que existam maior polimerização dos tetraedros de Si e maior
número de ligações de caráter mais fortemente covalente.
Quando em tamanho muito pequeno, os minerais primários têm uma estabilidade muito
menor. Mesmo o quartzo e a muscovita, extremamente resistentes ao intemperismo nas
frações silte e areia, tornam-se mais facilmente intemperizáveis do que todos os minerais
secundários na fração argila. Daí a dificuldade de encontrar-se estes minerais, nesta fração, na
maioria dos solos. Ainda assim, é mais fácil encontrar ilita ou muscovita na fração argila de
alguns solos, pois, nesta fração, o quartzo e a muscovita trocam de lugar na sequência de
estabilidade, com o quartzo tornando-se menos resistente ao intemperismo que a muscovita e
os minerais a ela assemelhados.
Seguindo a lógica do que foi discutido até agora, esperar-se-ia a presença dos plagioclásios
cálcios logo após a olivina-hornblenda e antes mesmo da biotita, pela grande susceptibilidade
destes minerais frente ao intemperismo.
Por outro lado, utilizando a sequência proposta por Jackson e colaboradores, podemos
predizer que rochas sedimentares formadas por minerais mais susceptíveis ao intemperismo,
ou seja, aquelas que aparecem no topo da sequência de estabilidade, serão mais facilmente
intemperizadas que aquelas que possuem minerais mais abaixo na sequência. Por exemplo,
rocha calcária sofre intemperismo químico ou decomposição mais rapidamente que um
argilito caulinítico, e assim por diante.
3.2 Cor
A cor é uma característica ou atributo da rocha que está intimamente ligada à composição
química e mineralógica e que influencia, de modo significativo, o intemperismo das rochas,
especialmente o intemperismo físico. Rochas mais pobres em SiO 2, consequentemente, mais
rica em minerais máficos, são mais escuras e mais susceptíveis ao intemperismo, enquanto
rochas mais ricas em SiO2, ácidas e de coloração clara, são mais resistentes. Assim, espera-se
que gabro e basalto, rochas de coloração escura, se todas as outras condições forem
semelhantes.
3.3 Textura
A textura das rochas tem um efeito significativo na susceptibilidade que a rocha apresenta ao
intemperismo, tanto físico quanto químico. Em geral, as rochas de textura mais grossa
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intemperizam-se mais rapidamente que rochas de textura mais fina. Maiores grãos são
responsáveis por maiores dilatações e contrações quando da atuação do intemperismo físico.
Tão longo o intemperismo químico começa, maiores expansões/ contrações irão significar
maiores espaços entre os minerais, facilitando a penetração de água, calor e gases. Embora
similares em mineralogia, rochas com diferentes texturas respondem diferentes aos ataques
intempéricos e que aqueles de granulação mais fina são mais resistentes à desintegração. A
autora observou que nos solos derivados de basalto, rochas de granulação fina, ainda existiam
pedaços da rocha com apenas a parte externa alterada, enquanto, para as rochas de granulação
média, os solos eram extremamente friáveis, esboroava-se com facilidade, quando úmido, ao
longo do perfil.
3.4 Estrutura
A estrutura das rochas é atributo importante quanto à resistência que elas apresentam ao
intemperismo. As rochas metamórficas e sedimentares, em geral, apresentam estruturas
típicas como xistosidade, foliação gnáissica, estratificação, etc., que, usualmente, provocam
menor resistência ao intemperismo. Nestas rochas, estas estruturas são como que linhas de
fraquezas naturais por onde a penetração da água e dos gases é facilitada e as reações do
intemperismo são aceleradas.
Um exemplo desta linha de raciocínio ocorre em algumas áreas da região dos cerrados
brasileiros, onde a orientação das camadas de rochas metapelíticas pobres condiciona a
existência de classe distinta de solos. Em situação que tal orientação é horizontalizada,
dificultando a infiltração da água e condicionando uma drenagem mais restrita, predominam
os Latossolos Amarelos. Onde a orientação das camadas é inclinada, facilitando a infiltração
da água e propiciando melhor drenagem, aparecem os Latossolos Vermelhos, com maior
espessura do solum (horizonte A+B).
Normalmente, as rochas ígneas apresentam uma estrutura maciça, na qual os minerais são
distribuídos de uma maneira aleatória, o que, de certa forma, dificulta a atuação do
intemperismo. As estruturas maciças típicas das rochas ígneas tendem a se quebrar,
inicialmente pelo intemperismo físico, em blocos mais ou menos isodimensionais menores, o
que favorece o ataque do intemperismo químico de modo semelhante por todas as direções,
caracterizando a chamada de “esfoliação esferoidal”.
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Nos saprólitos destas rochas, a meteorização química transforma inteiramente a rocha e os
minerais, mas a feição característica da esfoliação permanece impressa. Nestas situações, a
feição que se denomina vulgarmente de “cebolinhas” aparece nos horizontes C de rochas
escuras.
Por outro lado, também nas rochas ígneas, a presença de estrutura do tipo vesículas, muito
comuns em basalto, pode tornar a rocha mais susceptíveis ao intemperismo.
Em geral, estruturas típicas das rochas podem ser observadas nossa saprólitos nos horizontes
C dos mais diversos solos.
4 INTEMPERISMO X CLIMA
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evidente. As condições climáticas dos trópicos úmidos são tais que o intemperismo químico é
muito intenso, como consequência das altas precipitações e temperaturas, que proporcionam
os reagentes e aceleram as reações do intemperismo. Estas condições são as mais encontradas
no Brasil e uma descrição sumária dos diferentes tipos de climas brasileiros tornam-se
importantes neste ponto.
A maior parte do território brasileiro localiza-se na zona entre os tópicos e as baixas altitudes
do relevo explicam a predominância de climas quentes, com médias de temperatura
superiores a 20ºC. Os climas do Brasil são: equatorial, tropical, semiárido e subtropical, com
alguns deles apresentando variedades regionais.
Clima Tropical (Aw): Os climas do tipo tropical são climas de chuva de verão e climas de
savanas, com uma estação seca e uma chuvosa de totais elevados entre dezembro e maio. O
clima tropical, que recebe também denominações tropical-equatorial, tropical úmido-seco ou
tropical do Brasil Central, encontra-se em grandes áreas do Planalto Central Brasileiro e em
boa parte das regiões Nordeste e Sudeste. Suas temperaturas médias são superiores a 20ºC,
com amplitude térmica anual de até 7ºC e precipitação de 1.000 a 1.500 mm ano¯¹.
Uma das diversificações do Clima Tropical é o Clima Tropical Atlântico (Aw’, Aw”, As,
As’). Ele já recebeu diversas denominações, tendo como ponto comum sua área de influência
na faixa litorânea, especialmente a que vai do Rio Grande do Norte ao Paraná. As
temperaturas variam entre 18 e 26ºC e a precipitação pluvial anual fica em torno de 1.500
mm. No litoral do Nordeste, até algumas centenas de quilômetros em direção ao interior, as
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chuvas intensificam-se no outono e no inverno, ao passo que mais ao sul as chuvas são mais
fortes no verão.
Outra variedade regional importante do Clima Tropical de Altitude (Cwa, Cwb). O Tropical
de Altitude predomina nas partes altas do Planalto Atlântico do Sudeste, estendendo-se pelo
Norte do Paraná e sul do Mato Grosso do Sul. No Sudoeste, conservam-se as características
tropicais modificadas pela altitude. As médias mensais de temperatura deste clima variam de
18 a 22ºC, com amplitudes térmicas anuais de 7 a 9ºC. As precipitações médias anuais
situam-se entre 1.000 e 2.000 mm.
Clima Subtropical (Cfa, Cfb): Ocorre na maior parte do Planalto Meridional englobando
praticamente a região sul do País. O clima subtropical, também denominado subtropical, e
mesotérmico superúmido do tipo temperado, caracteriza-se por temperaturas médias
inferiores a 18ºC, com amplitude térmica anual entre 9 e 13ºC. Nas áreas mais elevadas, o
verão é brando e o inverno acentuado, com geadas constantes e nevascas ocasionais. Uma
característica que distingue os climas da porção Sul do restante do país é a sua maior
regularidade na distribuição anual de pluviometria (1.250 a 2.000 mm), associada às baixas
temperaturas do inverno.
Com o intuito de entender a atuação do clima, principalmente na forma das chuvas e das
temperaturas no intemperismo, Peltier elaborou uma série de diagramas para enfatizar a
importância das condições climáticas na atuação do intemperismo. O mais famoso de seus
gráficos, o de “Regiões de Intemperismo” aparece em várias publicações.
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A atuação do intemperismo foi diferenciada em quatro intensidades, conforme a combinação
da temperatura e da precipitação. Assim altas temperaturas e elevadas precipitações produzem
o intemperismo forte, típico das regiões tropicais úmidas. Menores precipitações
acompanhadas de uma gama bastante ampla de temperaturas fazem aparecer o intemperismo
moderado, ao passo que menores temperaturas, em áreas sujeitas a geadas constantes e
nevascas ocasionais e com grande amplitude de variação da precipitação, fazem manifestar o
intemperismo fraco. Finalmente, taxas de precipitações bem baixas, mesmo com amplitude
total de variação da temperatura, condicionam o intemperismo muito fraco.
Peltier assume que baixas temperaturas e altas precipitações não podem ocorrer
conjuntamente e, consequentemente, uma linha diagonal no diagrama isola esta combinação
improvável. Para as condições brasileiras, foi necessário afastar para a direita a linha de
combinação improvável de temperaturas x precipitação, pois não é incomum encontrar de 22-
23ºC, ou em que chove mais de 2250 mm com temperatura média de 12-14ºC.
Em linhas gerais, observa-se, para a região Norte, Brasil Central, Sudeste, parte do Nordeste e
quase todo o litoral, uma forte atuação do intemperismo. Em parte da região Sul e do Sudeste,
especialmente nas partes mais elevadas, o intemperismo tem uma atuação muito fraca. Assim,
é de se esperar solos mais intensamente lixiviados e mais desenvolvidos nas regiões de
intemperismo forte, com formação principalmente de Latossolo e Argissolos, enquanto, nas
regiões de clima tropical de altitude, haverá uma gama maior de classes de solos, além dos
Latossolos e Argissolos. Na região do Nordeste Semiárido, predomina o intemperismo muito
fraco, caracterizado por solos mais jovens, pelo fato de o intemperismo ser retardado nas
regiões mais secas. Contudo, a ação contínua dos processos intempéricos fracos por um longo
tempo pode produzir solos característicos de pouca profundidade de solum (horizonte A + B).
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também, estar ligado à influência de paleoclimas, que, por sua vez, podem ter seu
entendimento melhorado a partir do estudo de paleossolos. Paleossolos podem fornecer
informações e evidências valiosas em estudo de reconstituições paleoambientais,
principalmente quando o registro fossilífero é raro ou inexistente, na caracterização de antigas
atmosferas e paleoclimas. Neste caso, a importância dos paleossolos nos estudos
paleoclimáticos pode tornar seu estudo uma ferramenta interessante para a interpretação de
variações paleoclimáticas e de como elas poderiam interferir na atuação pretérita do
intemperismo, na modelagem da paisagem e na gênese de solos.
5 REFERÊNCIAS
KER, João Carlos; CURI, Nilton; SCHAEFER, Ernesto; TORRADO, Pablo Vidal.
Pedologia: Fundamentos. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2012.
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