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As rochas são massas sólidas naturais formadas por minerais que fazem parte da

geosfera e que estão presentes em todos os locais. As rochas são os materiais que
constituem a maior parte da massa sólida da Terra. São importantes testemunhos da
atividade passada e presente da Terra, pois o seu estudo dá-nos a possibilidade de
conhecer o modo e as condições da sua formação, bem como as alterações que
foram sofrendo até à atualidade. O estudo das diferentes rochas permite-nos,
portanto, obter uma variedade de informações que contam o seu passado e, com ele,
a história do nosso próprio planeta, ou seja, as rochas são os genuínos arquivos que
relatam a história da Terra.
Quanto à origem, as rochas são classificadas como rochas sedimentares, rochas
magmáticas e rochas metamórficas.

Rochas sedimentares
As rochas sedimentares são maioritárias à superfície, ocupando cerca de 80% da
parte emersa da Terra, embora só constituam 5% da crosta terrestre.
São também aquelas que mais indicações nos dão sobre o passado planetário, devido
aos estratos em que muitas vezes se dispõem e à presença de fósseis.
As rochas sedimentares formam-se a partir de matéria proveniente de outras rochas
ou da atividade de seres vivos. Têm origem à superfície ou próximo dela, por
acumulação e consolidação de sedimentos, como os detritos resultantes da
meteorização das rochas, as substâncias transportadas em solução pela água e os
restos de seres vivos (sedimentos orgânicos). Neste processo é fundamental o papel
dos sistemas hidrológico e tectónico, que, em conjunto, provocam a exposição de
rochas formadas em profundidade, sendo o primeiro praticamente omnipresente em
todos os processos sedimentares.
Na génese destas rochas podem ser consideradas várias fases. A meteorização,
processo-chave nas transformações à superfície, consiste num conjunto de
transformações na constituição mineralógica, na composição química e na estrutura
ou textura das rochas provocadas por fenómenos atmosféricos e biológicos. Segue-se
a erosão, o transporte dos materiais resultantes da meteorização e da erosão, e,
finalmente, a sua deposição sob a forma de sedimentos - sedimentação -, quando as
condições assim o permitem.
A diagénese é a transformação dos sedimentos em rochas sedimentares
consolidadas. Este processo compreende várias etapas: o soterramento dos
sedimentos; a compactação por ação da pressão litostática - pressão causada pelo
material de cobertura suprajacente -, que torna os sedimentos progressivamente
menos hidratados (desidratação) e geralmente menos porosos (compactação); a
deposição, nos espaços existentes, de substâncias dissolvidas na água existente
entre as partículas, constituindo um cimento natural - cimentação - que consolida os
sedimentos.
As rochas sedimentares apresentam-se, em regra, estratificadas com os
componentes dispostos em camadas paralelas - os estratos. São em geral
fossilíferas, ou seja, possuem fósseis - organismos ou restos deles, vestígios da sua
atividade ou marcas de seres vivos outrora existentes.
Consideram-se três tipos de rochas sedimentares: as detríticas (as mais
abundantes), as quimiogénicas e as biogénicas, se a origem dos sedimentos for,
respetivamente, detritos removidos das rochas, precipitados de substâncias
dissolvidas na água e restos ou produtos derivados de seres vivos.

Rochas magmáticas e rochas metamórficas


O principal responsável pela formação de rochas magmáticas e rochas metamórficas
é o sistema tectónico, que é, igualmente, o grande gerador do relevo no nosso
planeta.
As rochas magmáticas resultam da consolidação de magmas que ascendem devido a
diferenças de densidade. Esta consolidação pode ocorrer no interior da Terra,
encaixando-se o magma em rochas preexistentes, ou à superfície, em consequência
de erupções vulcânicas. No primeiro caso, as rochas magmáticas designam-se
rochas plutónicas, caso o magma não atinja a superfície e arrefeça lentamente em
profundidade. No segundo caso, designam-se rochas vulcânicas, caso o magma atinja
a superfície e aí arrefeça rapidamente.
As condições de arrefecimento são muito diferentes num caso e no outro, o que
influencia decisivamente o grau de cristalinidade dos minerais: relativamente
grandes e visíveis em amostras de mão em situações de arrefecimento lento;
microscópico em situações de arrefecimento mais rápido.

As rochas metamórficas resultam da transformação de rochas preexistentes


(sedimentares, magmáticas ou metamórficas), quando estas são submetidas ao
metamorfismo. O metamorfismo é o conjunto de alterações mineralógicas, texturais e
estruturais que ocorrem nas rochas quando estas, em profundidade e mantendo o
estado sólido, são sujeitas a condições de pressão e/ou temperatura superiores às
que se verificaram na sua formação.
As rochas metamórficas podem ter origem em ambientes orogénicos, em amplas
regiões onde se formam relevos e em condições de elevadas pressões e
temperaturas. Mas também se formam junto a intrusões magmáticas, em condições
de pressão mais baixa e de temperatura elevada.
A tipologia das rochas metamórficas varia em consequência da ação dos fatores de
metamorfismo. O micaxisto (fig. 3) apresenta foliação, resultante do alinhamento dos
minerais cuja direção é perpendicular à pressão exercida na rocha. O quartzito (fig. 4)
não apresenta foliação, pois o seu metamorfismo deve-se, na maioria dos casos, à
ação da temperatura.
As rochas magmáticas e as rochas metamórficas também nos dão indicações sobre a
história da Terra, embora menos do que as rochas sedimentares.
Apesar de serem geradas em profundidade, afloram em muitos locais; a sua
observação e análise permitem obter dados importantes do ambiente, das condições
e do momento (tempo geológico) em que foram geradas.

Ciclo das rochas


As rochas são continuamente geradas, destruídas, alteradas e recicladas por
processos que ocorrem no interior ou na superfície da Terra, sobretudo em virtude,
respetivamente, da energia geotérmica e da energia solar. De facto, os diferentes
tipos de rochas, quando submetidos a condições diferentes daquelas em que foram
geradas, tornam-se instáveis e acabam por experimentar profundas modificações.
Isto é, após a sua formação e através de uma série de modificações que
experimentam quer à superfície quer em profundidade, os diferentes tipos de rochas
transformam-se uns nos outros. O conjunto destas transformações do material
rochoso constitui o ciclo das rochas ou ciclo
Litológico
As rochas magmáticas, metamórficas e sedimentares que se encontram à superfície
estão expostas à ação dos agentes de geodinâmica externa - variações da
temperatura, água, vento e seres vivos. Estes agentes vão participar na alteração
física e química das rochas, provocando o seu desgaste.
Em seguida, ocorre o transporte dos materiais, sob a forma de detritos ou dissolvidos
na água. Posteriormente, os detritos e os solutos originam depósitos
- sedimentos - que, na maioria dos casos, por compactação e cimentação, originam
rochas sedimentares, um processo designado por diagénese.
Quando as rochas preexistentes - magmáticas, metamórficas ou sedimentares - são
sujeitas a aumentos significativos de pressão e de temperatura no interior da Terra,
bem como a condições químicas diferentes, uma parte ou a totalidade dos seus
componentes transforma-se, mantendo-se no estado sólido e origina rochas
metamórficas.
Devido às altas pressões e temperaturas, as rochas podem mesmo fundir-se,
incorporando o magma. Se este consolidar, formar-se-ão novas rochas magmá-ticas.
Desta forma, as rochas metamórficas podem originar rochas magmáticas.
Continentes que se movem, oceanos que aparecem e desaparecem ou relevoo que
emergem da Terra são evidencias superficiais da intensa atividade interna do nosso
planeta. Nos últimos séculos, os tosseis encontrados um pouco por todo o planeta
evidenciaram a evolução biológica, gerando uma revolução científica que se
estendeu à Geologia. Os geólogos passaram a focar-se na evolução da Terra, mas
explicavam-na de dois modos diferentes, em função da dimensão tempora que
consideravam para os fenómenos geológicos. Assim se desenvolveram as perspetivas
catastrofistas e uniformitaristas como princípios básicos do raciocínio geológico.

Princípios básicos do raciocínio geológico


Catastrofismo
Segundo o catastrofismo, as transformações no planeta Terra passariam por
alterações bruscas localizadas no tempo - catástrofes (fig. 1-A).
Por imperativo religioso que condicionou o pensamento humano durante sécu los,
assumia-se a ideia de que os acontecimentos relevantes na história da Terra são
recentes, uma vez que já estão registados na Bíblia. Assim, considerava-se que as
formações geológicas, como as montanhas ou os oceanos, tinham a sua origem
associada a gigantescas catástrofes, responsáveis, portanto, pelas transformações
terrestres.
O dilúvio era a catástrofe mais referida, chegando a ser usado para explicar a
presença de fósseis de animais marinhos nas regiões continentais. Esta era a base
do conceito de catastrofismo, ligado sobretudo a ideais religiosos e a causas
sobrenaturais, embora certos catastrofistas se baseassem também em factos
observados na Natureza.

Uniformitarismo
De acordo com o uniformitarismo, as transformações no planeta Terra resultam da
acumulação de pequenas alterações ao longo de milhões de anos (fig. 1-B).
No final do século XVII, a mudança na noção de tempo geológico, apresentado por
Hutton, gerou uma nova perspetiva de raciocínio geológico, segundo a qual as
características do nosso planeta seriam devidas ao caráter lento e repetitivo dos
fenómenos naturais e resultariam da acumulação de pequenas alterações ao longo de
um extenso período de tempo.
Os princípios do uniformitarismo são o atualismo geológico e o gradualismo.

Atualismo geológico: o presente é a chave do passado


Segundo a perspetiva do atualismo geológico, as causas que no passado alteraram a
Terra são as mesmas que a alteram atualmente. Trata-se assim de uma visão
sobretudo uniformitarista, mas de cariz neocatastrofista, pois aceita que as
catástrofes naturais possam causar alterações significativas na superfície terrestre.
O atualismo assenta na observação dos fenómenos geológicos atuais e na sua
extrapolação para o passado da Terra. Esta metodologia tem por base o princípio das
causas atuais: «O presente é a chave do passado.» Segundo Lyell, as causas para as
modificações da Terra no passado, para além de serem semelhantes às atuais, teriam
tido sempre a mesma intensidade, a uniformidade temporal dos processos geológicos
- perspetiva uniformitarista

Gradualismo
Segundo o princípio do gradualismo, as transformações na Terra resultam de
processos naturais lentos e graduais.
Nesta abordagem, as catástrofes não passam de acontecimentos localiza-dos,
incapazes de provocar grandes alterações na superfície terrestre.
Em suma, enquanto o catastrofismo sustentava que as transformações sofridas pela
Terra ao longo dos tempos tinham sido provocadas por catástrofes, o uniformitarismo
considerava que as transformações tinham resultado do acumular de pequenos
fenómenos naturais, lentos e repetitivos.

Neocatastrofismo
A atual noção de tempo geológico implica a ideia de que a velocidade da maioria dos
processos geológicos, como a deslocação das placas litosféricas (milímetros/ano), é
reduzida, pelo que a atuação destes fenómenos só produz efeitos notórios no aspeto
da Terra ao fim de milhões de anos. Mas há acontecimentos geológicos catastróficos
capazes de provocar modificações rápidas e significativas na superfície do planeta,
como o impacto de meteoritos.
Assim, o neocatastrofismo, visão atual dos acontecimentos geológicos, considera
que a Terra se vai alterando, principalmente por processos lentos e imper-cetíveis,
mas que em certos momentos experimenta ocorrências catastróficas que causam
alterações globais.

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