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Geologia

A Terra e os seus subsistemas em interação


A Terra é um planeta ativo e dinâmico. A sua atividade e dinamismo são demonstradas nos
mais diversos processos que alteram constantemente a morfologia da sua superfície. Desde
que se formou, o nosso planeta já passou por enormes modificações e por períodos de vida
intensa alternados com períodos de extinção maciça.
A Terra enquanto constituinte do Universo é um sistema, pois verifica-se interação
organizada entre os seus vários componentes havendo fluxo de matéria e energia entre
eles.
Consoante as inter-relações que se estabelecem entre um sistema e o meio envolvente,
podem considerar-se três tipos de sistemas:

• Sistema Isolado: não ocorre troca de matéria nem de energia com o meio
envolvente. Estes sistemas não ocorrem naturalmente.
• Sistema Fechado: sistema em que ocorre troca de energia mas não existe troca de
matéria entre as fronteiras do sistema.
• Sistema Aberto: sistema em que ocorre troca de energia e matéria com o meio
envolvente.
Desta forma, considera-se que a Terra é um sistema fechado, pois ocorrem trocas de
energia nas suas fronteiras, mas a troca de matéria é residual, podendo considerar-se
inexistente. As principais fontes de energia da Terra são a energia geotérmica (fonte
interna) e a energia solar (fonte externa).

Subsistemas terrestres
Como qualquer sistema, também o sistema terrestre é composto por vários subsistemas:

• Hidrosfera: é a totalidade da água existente na superfície terrestre,


independentemente do seu estado físico (oceanos, rios, lagos, águas subterrâneas,
glaciares).

• Atmosfera: corresponde à camada gasosa da Terra sendo, essencialmente,


composta por azoto (78%) e oxigénio (21%), seguindo-se o árgon (0,9%) e o dióxido
de carbono (0,03%), para além de outros gases menos significativos.

• Geosfera: corresponde à parte mais superficial da Terra que se encontra no estado


sólido, a litosfera, englobando as grandes massas continentais e as bases dos
oceanos, bem como os restantes materiais que se encontram no interior da Terra
dispostos em camadas concêntricas.

• Biosfera: é o conjunto de todas as zonas do planeta Terra, onde é possível


encontrar formas de vida.
Interação de subsistemas
Os quatro subsistemas terrestres interagem e permanecem em equilíbrio entre si. Desta
forma qualquer alteração provocada pelo Homem em apenas um destes subsistemas,
afetará todos os outros com graves consequências para o equilíbrio dinâmico do planeta
Terra, podendo levar a alterações no ambiente que coloquem em causa a própria
sobrevivência humana.
Facilmente nos apercebemos de que forma os subsistemas interagem entre si. A geosfera é
o suporte para a existência de outros subsistemas, como a biosfera e a hidrosfera, sendo na
geosfera que a maior parte dos seres vivos encontra o suporte para se deslocar e habitar.
Os seres vivos constituintes da biosfera dependem da hidrosfera, uma vez que a água é o
elemento fundamental à vida. Também os gases existentes na atmosfera são fundamentais
para assegurar a sobrevivência dos seres vivos, pois não só intervêm nos fenómenos de
respiração e fotossíntese, mas também são eles que os protegem da radiação ultravioleta
proveniente do sol.

As rochas, arquivos que relatam a história da Terra


As rochas constituem importantes arquivos, nos quais se encontram registadas as
modificações geológicas, geográficas e biológicas que ocorreram ao longo da história da
Terra.
Uma rocha é, normalmente, uma associação natural de minerais, agregados ou
desagregados. Existem, ainda que mais raramente, rochas monominerálicas, isto é
constituídas por um único mineral.
De acordo com a sua origem, definem-se três grandes grupos de rochas:

• Rochas magmáticas/ígneas: resultam da consolidação direta do magma à


superfície (rochas ígneas vulcânicas) ou em profundidade (rochas ígneas
plutónicas).
• Rochas sedimentares: formam-se à superfície ou próximo desta, a partir de
deposições de sedimentos oriundos de rochas pré-existentes ou provenientes da
atividade dos seres vivos que, posteriormente, sofrem alterações físicas e químicas
sendo compactados e ligados entre si.
• Rochas metamórficas: formam-se a partir de rochas pré existentes, que sofrem
transformações mineralógicas e estruturais, devido à ação de pressões e/ou
temperaturas elevadas, ou à ação de fluidos de circulação, mas mantêm o estado
sólido ao longo de todas as transformações.

Rochas sedimentares
As rochas sedimentares, como foi referido, resultam da deposição de
fragmentos/sedimentos oriundos de rochas pré-existentes ou de materiais provenientes da
atividade dos seres vivos.
Embora cubram uma grande parte da superfície terrestre (75% da área dos continentes),
constituem apenas 5% do volume da crosta terrestre.
O processo de formação de rochas sedimentares envolve duas etapas fundamentais:

• Sedimentogénese: esta etapa engloba um conjunto de processos físicos e


químicos nos quais são elaborados os materiais que vão integrar as rochas
sedimentares (meteorização e erosão), o seu transporte e a sua deposição
(sedimentação).
• Meteorização: processo físico e químico que promove alterações físicas e químicas
nas rochas pré existentes, que se encontram à superfície do planeta, através da
ação de agentes erosivos como a água, a temperatura, o vento, a ação dos seres
vivos, etc.;
• Erosão: processo de remoção dos materiais previamente alterados das rochas, por
ação de agentes erosivos (água, vento, seres vivos, gravidade);
• Transporte: os materiais erodidos (detritos/clastos), de dimensões variadas, são
transportados, por ação do vento, da água, da gravidade, de seres vivos, por
distâncias mais ou menos longas até se depositarem;
• Sedimentação: deposição dos materiais transportados que agora se designam
sedimentos. Em condições propícias a deposição regular, em estratos, é feita de
acordo com a densidade dos sedimentos. Nos estratos inferiores depositam-se os
sedimentos mais densos e pesados e nos estratos superiores os menos densos e
menos pesados. Estes estratos, caso não se verifiquem perturbações formam
camadas horizontais não deformadas. Cada estrato corresponde à deposição que
ocorreu num local, num determinado intervalo de tempo, em que os materiais
disponíveis e as condições de deposição se mantiveram inalterados.
• Diagénese: etapa que engloba um conjunto de processos físicos e químicos que
atuam após a sedimentação e que promovem a evolução dos sedimentos para
rochas sedimentares coerentes. No decurso da diagénese os sedimentos sofrem
compactação, desidratação e cimentação, ficando ligados entre si.

Nas rochas sedimentares é possível encontrar fósseis de seres vivos, pois as condições de
formação destas rochas são compatíveis com os processos de fossilização.

Rochas magmáticas e metamórficas


Estes dois tipos de rochas correspondem a 95% do volume da crosta terrestre e, embora
normalmente não apresentem fósseis, pois as suas condições de formação destroem os
vestígios dos seres vivos, o seu estudo permite perceber em que condições se formaram e,
portanto, inferir sobre as condições que existiam no planeta aquando da sua génese.
Rochas magmáticas/ígneas: uma vez que estas resultam do arrefecimento e da
consolidação de magmas e atendendo a que os magmas são misturas complexas de
minerais fundidos, cristais em suspensão, e gases que podem apresentar diferentes
composições químicas, poderão originar também diferentes tipos de rochas magmáticas.

• Rochas ígneas plutónicas ou intrusivas: resultam do arrefecimento e consolidação


do magma em profundidade. Desta forma o arrefecimento é lento, havendo tempo
para que se formem cristais bem definidos nas rochas. Apresentam portanto uma
textura granulocítica (cristais visíveis a olho nu). Ex: granito.
• Rochas ígneas vulcânicas ou extrusivas: resultam do arrefecimento e consolidação
do magma à superfície. Desta forma o arrefecimento é rápido, não havendo tempo
para que se formem cristais bem definidos nas rochas. Apresentam portanto uma
textura amorfa (cristais não visíveis a olho nu). Ex: basalto.

Rochas metamórficas: estas rochas têm origem em rochas preexistentes (sedimentares


ou magmáticas). Uma vez que a Terra é um planeta ativo e dinâmico, as rochas podem ser
deslocadas para zonas com diferentes condições das condições que estiveram na sua
génese. Desta forma podem experimentar maiores pressões ou maiores temperaturas,
assim como depararem-se com um ambiente químico diferente, que vai promover
transformações minerais, químicas e estruturais, ainda que não alterem o seu estado físico
(permanecem no estado sólido). Os principais fatores de metamorfismo são: a temperatura,
a pressão, os fluidos de circulação e o tempo de duração do processo. Ex. Gnaisse

Ciclo das rochas


O ciclo das rochas, ou ciclo litológico, demonstra as relações que existem entre os três
grandes grupos de rochas, pois os fenómenos que levam à formação de rochas
sedimentares, magmáticas e metamórficas estão intimamente ligados entre si, uma vez que
qualquer tipo de rocha tem a possibilidade de se transformar noutro tipo de rocha.
Pela interpretação do ciclo litológico percebemos que qualquer rocha que aflore à superfície
vai sofrer meteorização e erosão pela ação de agentes erosivos. Os detritos daí resultantes
serão transportados até bacias de sedimentação onde sofrem deposição, passando a
designar-se sedimentos. A sedimentogénese é seguida da diagénese, formando-se rochas
sedimentares. Se as condições de diagénese forem superadas, isto é, se as pressões e
temperaturas ultrapassarem determinados limites, as rochas sofrerão ação de fenómenos
de metamorfismo transformando-se em rochas metamórficas. Por sua vez, se as condições
de pressão e temperatura se elevarem além das fronteiras do metamorfismo, as rochas
podem fundir (alteram o seu estado físico de sólido para líquido), originando magma. Este,
ao arrefecer e solidificar originará novas rochas magmáticas.

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