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Geologia 10º ano

1.Interações entre os subsistemas e a Terra


1.1 A Terra e os seus subsistemas
A Terra apresenta características distintas das do espaço envolvente, do qual se encontra separada. Nesta perspetiva,
podemos olhar para o nosso planeta como um sistema, uma vez que corresponde a um conjunto de elementos
interdependentes e organizados, delimitado por uma fronteira.

Alguns sistemas efetuam trocas de matéria e energia com o espaço envolvente, designando-se por sistemas abertos,
por oposição aos sistemas fechados, que apenas trocam energia com o espaço exterior.

Pode considerar-se que a Terra foi um sistema aberto nas primeiras etapas da sua formação, devido ao intenso
choque de corpos celestes, que permitiu o rápido aumento da sua massa. Atualmente, o planeta continua a trocar
com o exterior grandes quantidades de energia- recebe do sol energia radiante e liberta calor resultante do seu
aquecimento pela radiação solar, assim como da sua atividade interna. No entanto, se atendermos à massa dos
meteoritos que atingem a superfície terrestre, que é insignificante quando comparada com a massa do planeta,
considerando-se também desprezáveis as quantidades de gases que escapam do planeta para o espaço exterior,
então a Terra poderá ser classificada como um sistema fechado.

O facto de a Terra ser um sistema fechado poderá ter implicações para o futuro da humanidade. Por um lado, os
recursos geológicos, como, por exemplo, minerais, carvão e petróleo, podem estar menos disponíveis, tendo em
conta o seu carácter não renovável à escala humana. Por outro lado, todos os materiais poluentes que resultam da
atividade humana (antrópica), tais como gases, metais pesados, pesticidas e resíduos nucleares, tendem a acumular-
se no sistema Terra, interferindo com os ciclos da matéria.

Dentro do sistema terrestre podem ser considerados quatro grandes subsistemas: atmosfera, hidrosfera, biosfera e
geosfera. Estes sistemas são abertos, estando ligados por relações de interdependência, traduzidas num fluxo
constante de matéria e energia entre eles.

Energia
Solar

Atmosfer

Biosfera

Perda de calor
para o espaço
Geosfera Hidrosfera
Atmosfera

A atmosfera é a componente gasosa do planeta, consistindo numa mistura de gases predominantemente constituída
por nitrogénio e oxigénio. Este subsistema é habitualmente dividido em cinco camadas, de acordo com a variação de
temperatura. Ao longo da atmosfera verifica-se uma diminuição progressiva da pressão com a altitude.

A troposfera constitui uma camada inferior, onde ocorrem os fenómenos meteorológicos, tais como o vento, a
formação de nuvens, a precipitação, bem como os principais fenómenos de interação com os outros subsistemas. A
estratosfera caracteriza-se pela existência da camada de ozono, responsável pela absorção de grande parte da
radiação solar ultravioleta, que, em grande quantidade pode ser letal para os seres vivos. A mesosfera e a termosfera
são as camadas superiores da atmosfera, onde o ar é já muito rarefeito. Acimas dos 500km considera-se ainda a
exosfera, a camada mais externa, onde se estabelece gradualmente a fronteira com o Espaço exterior.

Hidrosfera

A hidrosfera é o subsistema formado por toda a água, nos estados líquido e sólido, existente no planeta Terra. A
maior parte da água, cerca de 97%, encontra-se nos oceanos e nos mares, apresentando elevado nível de salinidade.
Apenas 3% constitui os reservatórios de água doce, correspondendo as maiores reservas deste recurso às massas de
gelo das calotas polares e aos glaciares. A água dos rios e dos lagos, bem como a que se encontra no subsolo,
constitui a parte restante da hidrosfera.

Apenas uma pequena fração da água total (cerca de 0,03%) é movimentada anualmente entre os subsistemas
terrestres e entre os diferentes reservatórios da hidrosfera. Esse movimento resultante da ação da energia
proveniente do sol e da ação da gravidade constitui o ciclo hidrológico. De entre os fenómenos associados a este
ciclo destacam-se a evaporação, a precipitação, a escorrência e a transpiração decorrente dos processos vitais dos
seres vivos.
Biosfera

A biosfera é o subsistema terrestre constituído por todos os seres vivos que povoam o planeta e pela matéria
orgânica por eles produzida que ainda não sofreu decomposição. Os primeiros seres vivos, surgidos após a formação
do planeta, foram evoluindo ao longo do tempo, desde as formas unicelulares simples até aos seres multicelulares
mais complexos. Este processo evolutivo, que resultou de mecanismos de adaptação dos seres vivos a diferentes
condições ambientais, permitiu a colonização de praticamente todas as regiões do planeta. Foram já isolados
microrganismos em rochas recolhidas a 5km abaixo da superfície terrestre e em amostras de gelo recolhidas da
Antártida, a uma profundidade de 800 m, o que evidencia a extraordinária capacidade de dispersão da biosfera.

Os seres vivos interagem de forma significativa com os outros subsistemas. Por exemplo, as árvores das florestas
equatoriais tornam o clima mais húmido, ao libertarem grandes quantidades de vapor de água para a atmosfera.

Geosfera

A geosfera é o subsistema que se estende desde a superfície da Terra até ao seu centro. De natureza essencialmente
rochosa e sólida à superfície, vai variando de composição e estado físico com o aumento da profundidade.

A terra é formada por camadas concêntricas com diferentes propriedades químicas e físicas(mecânicas). A litosfera é
a camada mais superficial da Terra, formada pela crusta e por parte do manto superior (manto litosférico). Esta
camada é rígida e forma as placas tectónicas, que se movimentam por cima de uma camada mais plástica, a
astenosfera. Por baixo da astenosfera localiza-se a mesosfera, a maior camada do manto.

Apesar de encontrarem no estado sólido, as elevadas temperaturas e pressões permitem que os materiais sólidos da
astenosfera e da mesosfera se comportem, ao longo de milhões de anos, como um líquido muito viscoso, permitindo
a convecção dos materiais do manto.

No centro da Terra, envolvido pelo manto, localiza-se o núcleo metálico com elevada densidade. O núcleo interno
encontra-se no estado sólido e o núcleo externo, no estado líquido.

A geosfera está em constante mudança, em resultado de processos que se desenvolvem tanto no seu interior, como
à sua superfície. As manifestações do dinamismo interno, como as erupções vulcânicas ou os sismos, estão
associados, direta ou indiretamente, ao calor do interior do planeta. Por outro lado, a ação contínua de agentes
externos, como o vento ou a precipitação, dependentes da energia solar e da força gravítica terrestre, molda
continuamente a superfície da Terra.

A maioria das interações da geosfera com os outros subsistemas ocorrem na litosfera, a camada sólida que inclui a
superfície terrestre e que constitui o suporte físico dos restantes subsistemas terrestres.
1.2 Interações dos subsistemas
Os subsistemas interagem dinamicamente entre si. Estas interações podem ser ilustradas pelos ciclos
biogeoquímicos, ou seja, pelas trocas de determinados elementos químicos entre os diferentes subsistemas. O
carbono é um dos elementos que circulam entre os diferentes subsistemas. Os processos associados à sua troca são
muito diversificados, incluindo fenómenos naturais, como a fotossíntese, ou de natureza antrópica, como a queima
de combustíveis fósseis.

Para além das interações entre os subsistemas descritas anteriormente, podem ser referidas outras, como as que se
encontram indicadas na figura seguinte.

2. As rochas e o ciclo litológico


2.1 Tipos de rocha
As rochas são os constituintes fundamentais da geosfera. São corpos sólidos formados por um mineral ou por
associações de minerais. As rochas podem formar-se em profundidade ou à superfície, em consequência de
processos geológicos muito variados, por vezes associados a interações com os outros subsistemas terrestres.

As rochas podem ser agrupadas, em função do seu processo de formação, em três grandes tipos: magmáticas,
sedimentares e metamórficas.

As rochas distinguem-se pela sua mineralogia, isto é, pelo tipo de minerais que a constituem, e pela sua textura, ou
seja, pelo aspeto macro ou microscópio, traduzido pelo tamanho e pela forma dos cristais ou dos grãos, e pelo modo
como estes estão unidos entre si. Tanto a mineralogia como a textura são determinadas pelas condições em que
ocorreu a formação da rocha. Desta forma, o estudo das rochas tem permitido reconstituir o passado da Terra e a
evolução dos seus subsistemas.

Rochas magmáticas

As rochas magmáticas ou ígneas são as mais abundantes na crusta. Em Portugal, são comuns nas regiões Norte e
interior Centro e nos arquipélagos dos Açores e da Madeira.

As rochas magmáticas formam-se por arrefecimento e cristalização de magma, uma mistura complexa do material
rochoso, total ou parcialmente fundido, com uma fração gasosa. Considerando o modo e as condições de
arrefecimento do magma, as rochas magmáticas podem ser classificadas vulcânicas, que geralmente são extrusivas, e
plutónicas, que são sempre intrusivas.

Aas rochas vulcânicas, como o basalto, formam-se à superfície ou na sua proximidade, em condições de
arrefecimento rápido do magma, o que dificulta o crescimento de cristais. Desta forma, originam-se rochas com
textura agranular, caracterizada pela presença de cristais pouco desenvolvidos, não visíveis à vista desarmada.

As rochas plutónicas, como o granito, formam-se em profundidade, onde o arrefecimento é lento e os cristais têm
tempo suficiente para se desenvolverem, formando-se rochas com textura granular, com minerais bem desenvolvidos
e facilmente visíveis a olho nu.

Rochas sedimentares

Apesar de corresponderem a um pequeno volume da crusta, as rochas sedimentares ocupam a maioria da sua área
superficial, uma vez que se formam à superfície terrestre ou na sua proximidade.

A formação das rochas sedimentares ocorre, normalmente, a partir de materiais resultantes de rochas preexistentes.
Este processo integra duas etapas: a sedimentogénese e a diagénese, que, no seu conjunto, constituem o ciclo
sedimentar. Na sedimentogénese, que corresponde à formação e acumulação de sedimentos, considerando-se os
processos de meteorização, de erosão, de transporte e de sedimentação.

A meteorização corresponde à alteração física e química de uma rocha quando exposta à superfície, em resultado,
por exemplo, da ação da água, do vento e dos seres vivos. Esta alteração é geralmente seguida de erosão, ou seja, da
remoção dos materiais da rocha, que passam a constituir sedimentos e substâncias dissolvidas na água. Estes
materiais podem sofrer transporte para outros locais, onde serão depositados. A sedimentação consiste na
acumulação de materiais detríticos, quando os agentes de transporte, como o vento, os rios ou os glaciares, perdem
energia e deixam de poder movimentar os sedimentos.

A deposição também pode ocorrer através da precipitação de materiais em solução, quando as condições físico-
químicas do meio se alteram, tais como a temperatura da água.

A sedimentação ocorre, essencialmente, em locais como os leitos dos rios, dos lagos ou dos fundos oceânicos. Deste
processo resultam camadas sobrepostas de sedimentos, os estratos, normalmente dispostos na horizontal.

Durante a diagénese, ou litificação, o aumento do peso devido à acumulação dos sedimentos provoca o seu
afundamento, elevando a pressão. Nestas novas condições, os sedimentos soltos sofrem compactação, verificando-
se também a sua desidratação e a precipitação de substâncias dissolvidas na água. Estas substâncias atuam como um
cimento, preenchendo os espaços existentes entre os grãos, agregando-os e dando origem a rochas sedimentares.
Em função da origem dos seus sedimentos, as rochas podem ser classificadas de detríticas, quimiogénicas ou
biogénicas.

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