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Subsistemas terrestres

Sistema Terra
Um sistema é uma qualquer porção limitada do Universo, constituída por várias partes inter-relacionadas e
interdependentes, funcionando como um todo, em equilíbrio.
Atendendo às trocas de matéria e/ou energia com o exterior, consideram-se três tipos de sistemas:
 Sistema Isolado – Não existem trocas de energia nem de massa com o seu meio envolvente. São raros na
natureza, mas podem ser obtidos em laboratório.
 Sistema Fechado – Não há troca de massa entre ele e o seu meio envolvente, podendo existir trocas
de energia entre si.
 Sistema Aberto – Ocorrem trocas de energia e de massa com o seu meio envolvente. É o mais frequente na
Natureza
O Planeta Terra constitui um sistema composto e fechado, onde a atmosfera é a sua fronteira e que troca energia
com o seu meio envolvente, mas cujas trocas de matéria com o espaço vizinho são pouco significativas.
Subsistemas terrestres
O sistema terrestre é constituído por quatro subsistemas abertos interdependentes, que interagem entre si:
 Geosfera – corresponde à parte mais superficial da Terra que se encontra no estado sólido (tal como as
grandes massas continentais e os fundos oceânicos) e também pelos materiais do interior da Terra
dispostos em camadas concêntricas. O planeta Terra possui uma geodinâmica:
o Interna: consequência do calor interno da Terra, que resulta do calor remanescente da formação do
planeta (acreção e contração gravítica) e da energia libertada pela desintegração de elementos
radioativos.
o Externa: impulsionada pela energia do sol responsável pelos fenómenos que ocorrem à superfície do
planeta, como o ciclo da água e a formação e deposição de sedimentos. Também é importante para
os seres vivos, pois permitem a realização da fotossíntese e a manutenção de uma atmosfera na
Terra.
 Hidrosfera – compreende toda a água no estado líquido e sólido que se encontra na superfície terrestre
(oceanos, mares, lagos, rios, água existente no subsolo (aquíferos), gelos das calotes polares e dos
glaciares). Da água total do planeta, 97% corresponde a água salgada e apenas 3% corresponde a água
doce (79% glaciares, 20% águas subterrâneas e 1% água superficial). Toda esta água movimenta-se na
Natureza passando sucessivamente de um reservatório a outro, graças ao ciclo hidrológico.
 Biosfera – pode ser definida como a camada superficial da Terra capaz de suportar vida. É o conjunto de
todos os ecossistemas da Terra, isto é, constitui um sistema global que inclui todas as formas de vida, as
relações estabelecidas entre elas e as interações com os outros subsistemas da terra.
 Atmosfera – é a parte gasosa que envolve a superfície terrestre. Esta é quimicamente constituída por 78%
nitrogénio, 21% oxigénio, 1% outros (dióxido de carbono e árgon). As suas principais funções são:
o Principal regulador do clima devido ao efeito de estufa -troposfera
o A camada de ozono Protege a Terra dos efeitos das radiações solares – estratosfera
o Protege a Terra do bombardeamento de corpos vindos do espaço extraterrestre – mesosfera
(desintegração de meteoros)
Interações entre os subsistemas terrestres
 Relação Geosfera - Atmosfera: A libertação de grandes quantidades de gases e poeiras para a atmosfera
pode influenciar a quantidade de radiação solar que atinge o planeta, fazendo com que os
mecanismos de evaporação e evapotranspiração se alterem, o que pode provocar as chuvas ácidas, que
por sua vez podem alterar os mecanismos de meteorização e erosão das rochas.
 Relação Geosfera - Hidrosfera: Estes dois sistemas estão relacionados através do ciclo hidrológico. As
águas dos grandes reservatórios naturais estão em permanente contacto com as rochas da geosfera. É de
realçar o papel da água na alteração física dos minerais e das rochas.
 Relação Geosfera - Biosfera: Do metabolismo de muitos seres vivos pode resultar a formação de rochas
sedimentares. Os animais e as plantas são, também, importantes agentes de meteorização física e química.
 Relação Atmosfera - Hidrosfera: Estão relacionados entre si através do ciclo da água, sobretudo nos
processos de evaporação, condensação e precipitação.
 Relação Atmosfera - Biosfera: A quantidade de O2 e CO2 presente na atmosfera pode varia em função da
fotossíntese e da respiração, realizada por plantas e animais. A presença de ozono nas camadas
superiores da atmosfera protege os seres vivos dos raios UV.
 Relação Biosfera - Hidrosfera: A água é o principal constituinte dos seres vivos e permite a realização de
diversas funções fisiológicas.
Ciclo das rochas
Rochas e minerais
Um mineral é um corpo sólido, natural, inorgânico, cristalino e de composição bem definida ou variável dentro de
certos limites.
As rochas são associações naturais de um ou mais minerais, que constituem as unidades estruturais fundamentais
da crosta e do manto terrestres.
Existem três tipos de rochas: rochas sedimentares, rochas magmáticas e rochas metamórficas.
Rochas sedimentares
Rochas sedimentares são rochas que se originam à superfície do planeta (ou próximo), a partir da alteração de
rochas preexistentes, ocorrendo deposição dos sedimentos formados e posterior cimentação.
As etapas de sedimentogénese e diagénese fazem parte do processo de formação das rochas sedimentares.
A sedimentogénese inclui: meteorização (alteração) de rochas expostas à superfície; erosão (remoção de partículas
da rocha); transporte dos fragmentos rochosos (grãos ou detritos) e de substâncias em solução
e sedimentação (deposição dos sedimentos em estratos, em bacias de sedimentação).
A diagénese ou litificação inclui: compactação dos sedimentos (acompanhada de desidratação);
e cimentação (união dos sedimentos por precipitados de substâncias em solução na água). A diagénese origina
rochas sedimentares consolidadas.
Existem três tipos de rochas sedimentares que são:
 Detríticas: Quando se formam a partir da acumulação de detritos resultantes de rochas preexistentes. Por
exemplo, quando móveis ou não consolidadas (Areia, argila, silte) que formas rochas coesas ou
consolidadas (Arenito, Argilito, Siltito);
 Biogénicas: Quando se formam a partir de restos de seres vivos ou de produtos da sua decomposição
(Calcário conquífero, carvão, calcário coralino);
 Quimiogénicas: Quando se formam a partir da precipitação química de iões dissolvidos na água. (Calcário,
sal-gema e gesso).
Rochas magmáticas
Rochas magmáticas são rochas que resultam da solidificação de um magma. Podem ser:
 Intrusivas ou plutónica formando-se por arrefecimento lento do magma e tem textura fanerítica, ou seja,
apresentam cristais desenvolvidos (exemplo: granito e gabro).
 Extrusivas ou vulcânicas formando-se por arrefecimento rápido do magma e tem textura afanítica, ou seja,
apresentam minerais de pequenas dimensões (exemplo: basalto e riolito). O arrefecimento pode ser tão
rapido que não se formam quaisquer cristais, textura vítrea (obsidiana).
Rochas metamórficas
Rochas metamórficas são rochas que se formam em profundidade a partir de rochas preexistentes, que sofrem
transformações mineralógicas e texturais devido a alterações de temperatura ou pressão, mantendo-se no estado
sólido. Estas podem ser de:
 De contacto: atuam, essencialmente, a temperatura e os fluidos circulantes e apresentam textura
granoblástica. Dele resultam rochas com textura não foliada (exemplo: corneanas e quartzite). Neste tipo de
rochas é aplicada a recristalização, ou seja, aumento do tamanho dos cristais.
 De regional: atuam, essencialmente, a pressão não litostática (dirigida). Dele resultam rochas com textura
foliada (exemplos: gnaisse e xisto) ou não foliada (exemplo: mármore).
Ciclo litológico ou ciclo das rochas
O ciclo litológico ou ciclo das rochas e o conjunto de processos contínuos de formação, transformação e destruição
das rochas ao longo do tempo. A dinâmica do ciclo litológico permite que uma rocha sedimentar, metamórfica e
magmática se possa transformar noutro tipo de rocha.

Princípios de raciocínio geológico. Idade e história da Terra.


Princípios do raciocínio geológico
O catastrofismo, princípio defendido por Georges Cuvier, propõe que as alterações geológicas resultam
de fenómenos catastróficos (breves e violentos). Segundo este princípio os seres vivos surgiam na
Terra por ação Divina e desapareciam devido a eventos catastróficos.
O uniformitarismo, princípio proposto por James Hutton, implica que os fenómenos verificados
atualmente permitem explicar os processos geológicos do passado – «O presente é a chave do
passado». Charles Lyell estruturou o uniformitarismo em três princípios:
 as leis da natureza são constantes no espaço e no tempo;
 os processos geológicos verificados na atualidade terão as mesmas causas e consequências
que os que ocorreram no passado – princípio do atualismo ou das caudas atuais;
 as alterações geológicas ocorrem de forma lenta e gradual – princípio do gradualismo.
O neocatastrofismo tem o uniformitarismo como princípio orientador, mas considera que determinados
processos geológicos só se explicam pela ocorrência de eventos catastróficos.
Datação das rochas
A datação das rochas pode ser obtida pelos seguintes processos, estas são:
 Datação relativa que permite estabelecer a sequência cronológica dos acontecimentos
geológicos.
 Datação absoluta ou radiométrica que revela uma idade numérica das rochas, geralmente, em
milhões de anos.
Datação relativa
Permite estimar a idade das rochas através da sua comparação com estratos ou com determinadas
estruturas geológicas como fosseis.
Fosseis são restos de organismos ou vestígios da sua atividade que ficaram preservados,
principalmente, em rochas sedimentares ao longo do tempo geológico. Os fósseis são uma valiosa
fonte de informação para a reconstituição da história da Terra, pois permitem datar rochas e
reconstituir espécies extintas e paleoambientes. Existem dois tipos de fosseis:
 Icnofósseis: Vestígios da atividade de seres vivos. Exemplos: pegadas, pistas de locomoção,
coprólitos, ovos
 Somatofósseis: Restos de partes dos organismos. Exemplos: ossos, carapaças, conchas, folhas
A fossilização é constituída por 5 etapas:
1. O organismo morre.
2. As partes moles do organismo são decompostas.
3. Os sedimentos finos, que cobrem e preservam o esqueleto, sofrem diagénese, tornando-se
rochas consolidadas. O esqueleto fica mineralizado pois os minerais presentes no meio
substituem a matéria orgânica.
4. Os movimentos tectónicos permitem o afloramento permitem o afloramento das rochas que
contem o fóssil
5. A erosão da rocha permite a exposição à superfície
A fossilização requer um conjunto de condições físicas, químicas e biológicas tais como:
 Existência de partes duras no organismo;
 Rápido enterramento por sedimentos finos ou outra substância isolante após a morte dos
organismos;
 Ambientes anaeróbios e com baixas temperaturas.
Os fosseis podem ainda ser distinguidos por:
 Fosseis de idade: permitem datar as rochas onde se encontram, pois têm uma reduzida
distribuição estratigráfica e uma ampla distribuição geográfica. Exemplo: Trilobites (era
paleozoica) e Amonites (era mesozoica)
 Fósseis de Fácies ou de ambiente: permitem definir o ambiente de deposição e formação de
uma rocha, logo, têm utilidade para a reconstituição de paleoambientes. Isto deve-se ao facto de
terem uma ampla distribuição estratigráfica e uma pequena distribuição geográfica. Exemplo:
Corais (ambiente marinho, tropical, pouca profundidade)

Princípios da estratigrafia
Os principios da estratigrafia permitem determinar a idade relativa dos estratos e estabelecer
correlações de idade entre diferentes tipos de rochas ou acontecimentos geológicos. Existem 6
principios, que são:

 Princípio da horizontalidade original: Os estratos sedimentares depositam-se, originalmente, em


camadas horizontais. Quando nos afloramentos aparecem camadas inclinadas, estas foram
afetadas por movimentos tectónicos.

 Princípio da sobreposição dos estratos: Numa sequência de estratos não deformados, os


estratos mais antigos são os que se localizam por baixo e os mais recentes são os que se
localizam por cima.

 Princípio da continuidade lateral: As camadas de sedimentos são continuas e estendem-se até a


margem de bacia de acumulação, ou se afinam lateralmente.

 Princípio da identidade paleontológica: Os estratos que têm fósseis de idade têm a mesma idade
dos fósseis. Rochas que possuam os mesmos fósseis têm a mesma idade.

 Princípio da interseção ou corte: toda a estrutura geológica que interseta outra é mais recente
do que ela (aplica-se a falhas, dobras e intrusões magmáticas).

 Princípio da inclusão: Fragmentos de rochas incorporados ou incluídos numa rocha são mais
antigos do que a rocha que os engloba.
Observando grãos de diferentes tamanhos podemos afirmar que ocorreu uma alteração do ambiente
sedimentar. Assim podemos designar dois tipos de mudanças marinhas:
 Transgressão marinha: Perto da linha de costa depositam se os sedimentos mais pesados
porque existe maior hidrodinamismo e numa zona de maior profundidade depositam se os
sedimentos de menos calibre devido ao facto do hidrodinamismo ser menor. Quando ocorre uma
mudança positiva, ou seja, aumento do nivel medio da água do mar, observamos que na zona
falada anteriormente, agora depositam se sedimentos menores pois temos uma coluna de água
maior. A isto chamamos uma sequência estratigráfica normal ou positiva em que na base temos
sedimentos mais grosseiros e por cima sedimentos mais finos.
 Regressão marinha: Numa mesma situação, onde na linha de costa depositam se os sedimentos
mais pesados e numa zona de maior profundidade depositam se os sedimentos de menor
calibre. Quando ocorre uma mudança negativa, ou seja, diminuição do nivel medio da água do
mar, observamos que na zona onde se depositavam os sedimentos menores, agora depositam
se sedimentos maiores pois temos uma coluna de água menor. A isto chamamos uma serie
sedimentar inversa ou negativa em que na base temos sedimentos mais finos e por cima
sedimentos mais grosseiros.
Datação absoluta ou radiométrica
A datação absoluta ou radiométrica
permite estimar a idade em milhões de
anos (M.a.) recorrendo à utilização de
isótopos radioativos.
Isótopos são átomos de um elemento
químico cujos núcleos têm o mesmo
número atómico e número de massa
atómica diferente. Já isótopos radioativos
são espécies químicas com tendência para
emitir partículas de radiação a partir dos seus
núcleos instáveis – radioatividade.
Quando um núcleo radioativo se desintegra
(isótopo-pai), esse processo origina um núcleo
mais estável (isótopos-filho). A este processo
chama-se decaimento radioativo.
A taxa de desintegração de um isótopo
radioativo é expressa através da semivida
desse elemento. Uma semivida corresponde ao
tempo necessário para que a massa atómica de determinado elemento instável seja reduzida para metade
originando isótopos filho estáveis.
A idade da rocha conta-se a partir do momento em que se inicia a desintegração do isótopo-pai. É expressa pelo
número de semividas decorridas até ao momento.
A datação radiométrica só se aplica quando é possível contabilizar o número de isótopos-pai e isótopos
filho e é mais eficaz nas rochas magmáticas, já que as sedimentares possuem sedimentos de várias
origens e o metamorfismo pode perturbar a relação isótopos-pai/isótopos-filho
Escala de tempo geológico
A escala do tempo geológico divide a história da Terra
em éones, que por sua vez são divididos em eras e
estas em períodos. A transição entre as principais eras
caracteriza-se por episódios de extinções em massa. As
principais eras do Éon Fanerozoico são a Era
Paleozoica, a Era Mesozoica e a Era Cenozoica. As
principais divisões da escala de tempo são:

 Paleozoico
o Câmbrico: surgimento de animais com partes
duras como as trilobites
o Silúrico: aparecimento das primeiras plantas
terrestres
o Devoniano: surgimento das amonites e morte de
97% das espécies
o Pérmico: extinção em massa de 50% da vida
marinha, nomeadamente das trilobites
 Mesozoico
o Triássico: expansão das trilobites
o Jurássico: aparecimento dos dinossauros
o Cretácico: extinção em massa (incluindo
dinossauros e amonites)
 Cenozoico
o Paleogénico: aparecimento de
rinocerontes
o Neogénico: surgimentos dos hominídeos
o Quaternário: aparecimentos das primeiras civilizações e domínio dos mamíferos

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