Você está na página 1de 18

1.

A Terra e os seus subsistemas em interação


A Terra é um planeta ativo e dinâmico. A sua atividade e dinamismo são demonstradas
nos mais diversos processos que alteram constantemente a morfologia da sua
superfície. Desde que se formou, o nosso planeta já passou por enormes modificações
e por períodos de vida intensa alternados com períodos de extinção maciça.
A Terra enquanto constituinte do Universo é um sistema, pois verifica-se interação
organizada entre os seus vários componentes havendo fluxo de matéria e energia entre
eles.
Consoante as inter-relações que se estabelecem entre um sistema e o meio envolvente,
podem considerar-se três tipos de sistemas:
•Sistema Isolado: não ocorre troca de matéria nem de energia com o meio
envolvente. Estes sistemas não ocorrem naturalmente.
•Sistema Fechado: sistema em que ocorre troca de energia mas não existe troca de
matéria entre as fronteiras do sistema.
•Sistema Aberto: sistema em que ocorre troca de energia e matéria com o meio
envolvente.
Desta forma, considera-se que a Terra é um sistema fechado, pois ocorrem trocas de
energia nas suas fronteiras, mas a troca de matéria é residual, podendo considerar-se
inexistente. As principais fontes de energia da Terra são a energia geotérmica (fonte
interna) e a energia solar (fonte externa).

1.1 Subsistemas terrestres


Como qualquer sistema, também o sistema terrestre é composto por vários
subsistemas:
•Hidrosfera: é a totalidade da água existente na superfície terrestre,
independentemente do seu estado físico (oceanos, rios, lagos, águas subterrâneas,
glaciares).
•Atmosfera: corresponde à camada gasosa da Terra sendo, essencialmente,
composta por azoto (78%) e oxigénio (21%), seguindo-se o árgon (0,9%) e o dióxido
de carbono (0,03%), para além de outros gases menos significativos.
•Geosfera: corresponde à parte mais superficial da Terra que se encontra no estado
sólido, a litosfera, englobando as grandes massas continentais e as bases dos
oceanos, bem como os restantes materiais que se encontram no interior da Terra
dispostos em camadas concêntricas.
•Biosfera: é o conjunto de todas as zonas do planeta Terra, onde é possível
encontrar formas de vida.

1.2 Interação de subsistemas


Os quatro subsistemas terrestres interagem e permanecem em equilíbrio entre si. Desta
forma qualquer alteração provocada pelo Homem em apenas um destes subsistemas,
afetará todos os outros com graves consequências para o equilíbrio dinâmico do
planeta Terra, podendo levar a alterações no ambiente que coloquem em causa a
própria sobrevivência humana.
Facilmente nos apercebemos de que forma os subsistemas interagem entre si. A
geosfera é o suporte para a existência de outros subsistemas, como a biosfera e a
hidrosfera, sendo na geosfera que a maior parte dos seres vivos encontra o suporte
para se deslocar e habitar. Os seres vivos constituintes da biosfera dependem da
hidrosfera, uma vez que a água é o elemento fundamental à vida. Também os gases
existentes na atmosfera são fundamentais para assegurar a sobrevivência dos seres
vivos, pois não só intervêm nos fenómenos de respiração e fotossíntese, mas também
são eles que os protegem da radiação ultravioleta proveniente do sol.

2. As rochas, arquivos que relatam a história da Terra


As rochas constituem importantes arquivos, nos quais se encontram registadas as
modificações geológicas, geográficas e biológicas que ocorreram ao longo da história da
Terra.
Uma rocha é, normalmente, uma associação natural de minerais, agregados ou
desagregados. Existem, ainda que mais raramente, rochas monominerálicas, isto é
constituídas por um único mineral.
De acordo com a sua origem, definem-se três grandes grupos de rochas:
•Rochas magmáticas/ígneas: resultam da consolidação direta do magma à
superfície (rochas ígneas vulcânicas) ou em profundidade (rochas ígneas
plutónicas).
•Rochas sedimentares: formam-se à superfície ou próximo desta, a partir de
deposições de sedimentos oriundos de rochas pré-existentes ou provenientes da
atividade dos seres vivos que, posteriormente, sofrem alterações físicas e químicas
sendo compactados e ligados entre si.
•Rochas metamórficas: formam-se a partir de rochas pré existentes, que sofrem
transformações mineralógicas e estruturais, devido à ação de pressões e/ou
temperaturas elevadas, ou à ação de fluidos de circulação, mas mantêm o estado
sólido ao longo de todas as transformações.

2.1 Rochas sedimentares


As rochas sedimentares, como foi referido, resultam da deposição de
fragmentos/sedimentos oriundos de rochas pré-existentes ou de materiais
provenientes da atividade dos seres vivos.
Embora cubram uma grande parte da superfície terrestre (75% da área dos
continentes), constituem apenas 5% do volume da crosta terrestre.
O processo de formação de rochas sedimentares envolve duas etapas fundamentais:
•Sedimentogénese: esta etapa engloba um conjunto de processos físicos e
químicos nos quais são elaborados os materiais que vão integrar as rochas
sedimentares (meteorização e erosão), o seu transporte e a sua deposição
(sedimentação).
•Meteorização: processo físico e químico que promove alterações físicas e
químicas nas rochas pré existentes, que se encontram à superfície do planeta,
através da ação de agentes erosivos como a água, a temperatura, o vento, a
ação dos seres vivos, etc.;
•Erosão: processo de remoção dos materiais previamente alterados das rochas,
por ação de agentes erosivos (água, vento, seres vivos, gravidade);
•Transporte: os materiais erodidos (detritos/clastos), de dimensões variadas,
são transportados, por ação do vento, da água, da gravidade, de seres vivos,
por distâncias mais ou menos longas até se depositarem;
•Sedimentação: deposição dos materiais transportados que agora se designam
sedimentos. Em condições propícias a deposição regular, em estratos, é feita de
acordo com a densidade dos sedimentos. Nos estratos inferiores depositam-se
os sedimentos mais densos e pesados e nos estratos superiores os menos
densos e menos pesados. Estes estratos, caso não se verifiquem perturbações
formam camadas horizontais não deformadas. Cada estrato corresponde à
deposição que ocorreu num local, num determinado intervalo de tempo, em
que os materiais disponíveis e as condições de deposição se mantiveram
inalterados.
•Diagénese: etapa que engloba um conjunto de processos físicos e químicos que
atuam após a sedimentação e que promovem a evolução dos sedimentos para
rochas sedimentares coerentes. No decurso da diagénese os sedimentos sofrem
compactação, desidratação e cimentação, ficando ligados entre si.
Nas rochas sedimentares é possível encontrar fósseis de seres vivos, pois as condições
de formação destas rochas são compatíveis com os processos de fossilização.

2.2 Rochas magmáticas e metamórficas


Estes dois tipos de rochas correspondem a 95% do volume da crosta terrestre e,
embora normalmente não apresentem fósseis, pois as suas condições de formação
destroem os vestígios dos seres vivos, o seu estudo permite perceber em que condições
se formaram e, portanto, inferir sobre as condições que existiam no planeta aquando da
sua génese.
Rochas magmáticas/ígneas: uma vez que estas resultam do arrefecimento e da
consolidação de magmas e atendendo a que os magmas são misturas complexas de
minerais fundidos, cristais em suspensão, e gases que podem apresentar diferentes
composições químicas, poderão originar também diferentes tipos de rochas
magmáticas.
•Rochas ígneas plutónicas ou intrusivas: resultam do arrefecimento e consolidação
do magma em profundidade. Desta forma o arrefecimento é lento, havendo tempo
para que se formem cristais bem definidos nas rochas. Apresentam portanto uma
textura granulocítica (cristais visíveis a olho nu). Ex: granito.
•Rochas ígneas vulcânicas ou extrusivas: resultam do arrefecimento e consolidação
do magma à superfície. Desta forma o arrefecimento é rápido, não havendo tempo
para que se formem cristais bem definidos nas rochas. Apresentam portanto uma
textura amorfa (cristais não visíveis a olho nu). Ex: basalto.

Rochas metamórficas: estas rochas têm origem em rochas preexistentes (sedimentares


ou magmáticas). Uma vez que a Terra é um planeta ativo e dinâmico, as rochas podem
ser deslocadas para zonas com diferentes condições das condições que estiveram na
sua génese. Desta forma podem experimentar maiores pressões ou maiores
temperaturas, assim como depararem-se com um ambiente químico diferente, que vai
promover transformações minerais, químicas e estruturais, ainda que não alterem o seu
estado físico (permanecem no estado sólido). Os principais fatores de metamorfismo
são: a temperatura, a pressão, os fluidos de circulação e o tempo de duração do
processo. Ex. Gnaisse

2.3 Ciclo das rochas


O ciclo das rochas, ou ciclo litológico, demonstra as relações que existem entre os três
grandes grupos de rochas, pois os fenómenos que levam à formação de rochas
sedimentares, magmáticas e metamórficas estão intimamente ligados entre si, uma vez
que qualquer tipo de rocha tem a possibilidade de se transformar noutro tipo de rocha.
Pela interpretação do ciclo litológico percebemos que qualquer rocha que aflore à
superfície vai sofrer meteorização e erosão pela ação de agentes erosivos. Os detritos
daí resultantes serão transportados até bacias de sedimentação onde sofrem
deposição, passando a designar-se sedimentos. A sedimentogénese é seguida da
diagénese, formando-se rochas sedimentares. Se as condições de diagénese forem
superadas, isto é, se as pressões e temperaturas ultrapassarem determinados limites, as
rochas sofrerão ação de fenómenos de metamorfismo transformando-se em rochas
metamórficas. Por sua vez, se as condições de pressão e temperatura se elevarem além
das fronteiras do metamorfismo, as rochas podem fundir (alteram o seu estado físico de
sólido para líquido), originando magma. Este, ao arrefecer e solidificar originará novas
rochas magmáticas.

3. A medida do tempo e a idade da Terra


(em breve)

4. A Terra, um planeta em mudança


(em breve)

BIOLOGIA
Biodiversidade

1. A Biosfera
Entende-se por Biosfera o conjunto de todas as zonas do planeta Terra, onde é possível
encontrar formas de vida. Esta abrange parte da crusta (Geosfera), da atmosfera e da
hidrosfera, o que se traduz numa localização desde os 11 000 m abaixo do nível do mar,
até aos 9 000 m acima desse nível.

1.1 Diversidade
A vida na Terra pode assumir várias formas, desde as mais simples bactérias, passando
pelos fungos, até aos mais complexos mamíferos ou plantas de grande porte, as
diferenças são evidentes. Há, no entanto, algo comum a todas as formas biológicas:
todas, sem exceção, são constituídas por células.
A Biodiversidade pode ser analisada sob três perspetivas diferentes:
•Diversidade genética – refere-se ao facto de cada indivíduo, ainda que da mesma
espécie, ser geneticamente diferente dos outros, ou seja refere-se à variabilidade
dentro da própria espécie;
•Diversidade de espécies – refere-se à riqueza de espécies de seres vivos que se
podem encontram à escala local, regional ou global;
•Diversidade ecológica – refere-se à diversidade de comunidades nos diferentes
ecossistemas.

1.2 Organização
Os seres vivos estabelecem relações indissociáveis entre si (componente biótica) e com
o ambiente físico em que se encontram (componente abiótica – água, luz, temperatura,
solo, etc.), interagindo mutuamente. Esta relação entre fatores bióticos e abióticos, que
ocorre num determinado meio, constitui um Ecossistema. Num ecossistema há um
perfeito equilíbrio entre os referidos fatores, com vista a um objetivo e com base numa
troca de matéria e energia. Os ecossistemas podem ser mais ou menos complexos,
como por exemplo, uma floresta tropical, ou uma simples gota de água com presença
de microrganismos.
Ao local onde os organismos de um Ecossistema vivem dá-se o nome de Biótopo. O
conjunto de seres vivos, de diferentes espécies, que existem num determinado
ecossistema designa-se comunidade, por outro lado designa-se população ao conjunto
de seres vivos da mesma espécie que vivem numa determinada comunidade. Define-se
como espécie o conjunto de seres vivos com características semelhantes, que se
possam reproduzir entre si e originar descendência fértil.
Das várias relações que se estabelecem entre os seres vivos, as mais evidentes são as
relações tróficas ou alimentares. Estas podem ser representadas sob a forma de cadeias
alimentares, que integram conjuntos mais amplos e complexos, constituindo as redes
ou teias alimentares.
Os decompositores atuam ao longo de todos os níveis tróficos da cadeia alimentar
transformando matéria orgânica (cadáveres, fezes, etc.), em matéria inorgânica,
assegurando desta forma a devolução dos minerais ao meio ambiente. São exemplos de
decompositores os fungos e um grande número de bactérias.

1.3 Extinção e conservação


O desequilíbrio causado a um Ecossistema, que coloque em causa a perfeita harmonia
entre os fatores bióticos e abióticos e a as trocas de energia e de matéria que ocorrem
entre estes, pode levar à extinção de espécies ou à destruição do próprio Ecossistema.
Ao longo da história da vida na Terra, um sem-número de espécies terão surgido,
evoluído e ter-se-ão adaptado às alterações do meio, no entanto, outras tantas terão
sido extintas. Atualmente, a interferência humana nesse ciclo natural, através da sobre
exploração (pesca e caça intensivas), agricultura intensiva, excesso de urbanização,
poluição e desflorestação, entre outros, acelera cada vez mais o processo de extinção.
No sentido de inverter essa tendência, nas últimas décadas, foram criadas áreas
protegidas (Parques Nacionais, Parques e Reservas Naturais, Áreas de Paisagens
Protegidas e Sítios Classificados) em alguns ecossistemas privilegiados. Desta forma
evita-se a sobre-exploração de recursos naturais e a intervenção humana está
condicionada e sujeita a regulamentos específicos.

2. A célula

2.1 Unidade estrutural e funcional


A célula é a unidade básica estrutural e funcional de todos os seres vivos. É a unidade
mais simples em que existe vida (no caso dos seres unicelulares).
Vários foram os cientistas que ao longo dos séculos contribuíram para um
aperfeiçoamento do conhecimento celular. Desde Zacharias Janssen que inventou o
primeiro microscópio, ainda que muito rudimentar, passando por Robert Hook que foi o
primeiro a utilizar o termo célula, para se referir às cavidades poliédricas de lâminas de
cortiça que visualizou ao microscópio, a Vladimir Zworykin que dirigiu a equipa que
produziu o 1º microscópio eletrónico e, mais recentemente, James Watson e Francis
Crick que propuseram um modelo de estrutura tridimensional do DNA (dupla hélice).
A Teoria Celular defende que:
•A célula é a unidade básica estrutural e funcional dos seres vivos;
•Todas as células têm origem unicamente a partir de outras células pré-existentes;
•A célula é a unidade de reprodução, desenvolvimento e hereditariedade dos seres
vivos.

2.2 Constituintes básicos


Do ponto de vista morfológico, existem dois grupos de células, com características
distintas entre si:
•Células Procarióticas: são as células estruturalmente mais simples, desprovidas de
núcleo ou com um número muito reduzido de organelos intracelulares (apenas
ribossomas). O material genético encontra-se, portanto, disperso no citoplasma,
constituindo o nucléolo. Estas células são típicas de bactérias e cianobactérias
(algas azuis).
•Células Eucarióticas: são as células estruturalmente mais complexas,
caracterizadas por possuírem um núcleo individualizado delimitado por um
invólucro celular, assim como outros organelos intracelulares delimitados por
membranas. Estas células constituem os animais, as plantas, os fungos, os
protozoários e a maior parte das algas.

As células eucarióticas podem ainda dividir-se em:


•Células animais: distinguem-se das células eucarióticas vegetais por apresentarem
vacúolos em grande número, mas de pequenas dimensões, não possuírem parede
celular nem cloroplastos.
•Células vegetais: distinguem-se das células eucarióticas animais por apresentaram
parede celular de natureza celulósica, vacúolos pouco numerosos mas de grandes
dimensões e cloroplastos.

Constituintes celulares:
•Núcleo (local delimitado pela membrana nuclear, onde se encontra o material
genético – DNA, sendo o centro de controlo da atividade celular)
•Membrana plasmática ou celular (membrana que delimita exteriormente a célula
e que permite criar uma barreira seletiva separando dois meios distintos, o meio
intracelular e o meio extracelular; é uma superfície de troca de substâncias, energia
e informação entre esses dois meios)
•Citoplasma (é o fluido que se encontra entre a membrana nuclear e a membrana
plasmática, no qual se encontram dispersos os restantes organelos)
•Mitocôndrias (estruturas envolvidas nos processos de obtenção de energia (ATP) –
respiração celular)
•Retículo endoplasmático (envolvido na síntese de proteínas, lípidos e hormonas)
•Ribossomas (têm como função a síntese de proteínas)
•Complexo de Golgi (conjunto de sáculos achatados associado a vesículas esféricas;
intervém em fenómenos de secreção e produção de lisossomas)
•Centríolos (formados por microtúbulos, intervêm na divisão celular)
•Lisossomas (pequenas vesículas esféricas que se destacam do complexo de Golgi e
onde se acumulam enzimas digestivas, intervêm no processo de digestão
intracelular)
•Vacúolos (cavidades delimitadas por uma membrana, que contêm água com
substâncias dissolvidas, absorvidas ou elaboradas pela célula; locais onde ocorre
digestão intracelular)
•Cílios e flagelos (são organelos locomotores; podem ser finos e numerosos – cílios,
ou longos e em pequeno número – flagelos)
•Plastos (organelos que apenas se encontram nas células das algas e das plantas,
onde ocorrem diversos tipos de metabolismo; destacam-se os cloroplastos:
organelos que contêm pigmentos fotossintéticos – clorofila, que lhe confere a cor
verde)
•Parede celular (constituinte presente células vegetais, exteriormente à membrana
celular, de natureza celulósica)

Do ponto de vista químico, todos os seres vivos são constituídos pelo mesmo tipo de
moléculas (formadas por um reduzido número de elementos químicos, nomeadamente
Carbono, Oxigénio, Hidrogénio, Azoto e, em menor quantidade, fósforo, cálcio, entre
outros):
•Moléculas inorgânicas:
•Água: elemento mais abundante. A forma como as moléculas de água se ligam
entre si, conferem a este líquido propriedades únicas tornando-a essencial à
vida. É responsável pelo transporte/difusão de substâncias entre o meio intra e
extracelular; intervém na termorregulação dos seres vivos; intervém em
reações de hidrólise e é considerada o solvente universal, pois dissolve a
maioria das substâncias celulares.
•Sais minerais: como sódio, potássio, cálcio, ferro, magnésio, iodo, zinco, entre
outros.
•Moléculas orgânicas: são macromoléculas, constituídas por vários monómeros que
ao unirem-se entre si, por reações de condensação, originam polímeros. Por cada
ligação de dois monómeros que se estabelece é removida uma molécula de água.
Por outro lado, através de reações de hidrólise, os monómeros podem separar-se
uns dos outros.
•Prótidos: são compostos quaternários, constituídos por C, O, H e N, podendo
conter outros elementos como S, P, Mg, Fe e Cu. De acordo com a sua
complexidade, podem classificar-se em:
•Aminoácidos: são as moléculas unitárias dos prótidos; constituídos por um
grupo amina (NH2), um grupo carboxilo (COOH), um hidrogénio e um
radical, que confere especificidade ao aminoácido, ligados ao mesmo
carbono.
•Péptidos: resultam da ligação de aminoácidos, pelo estabelecimento de
ligações peptídicas (ligações entre o grupo carboxilo de um aminoácido e o
grupo amina do outro, com libertação de uma molécula de água), através
de reações de condensação.
•Proteínas: macromoléculas de elevada massa molecular, constituídas por
uma ou mais cadeias polipeptídicas. Importância biológica das proteínas:
função estrutural (fazem parte da estrutura de todos os constituintes
celulares), função enzimática (atuam como biocatalisadores de reações
químicas que ocorrem nos seres vivos), função de transporte (por ex. a
hemoglobina é uma proteína que transporta o oxigénio); função hormonal
(muitas hormonas têm constituição proteica); função imunológica (ao
anticorpos são glicoproteínas); função motora (são os componentes
maioritários dos músculos); função de reserva alimentar. Podem apresentar
vários níveis de organização:
•Estrutura primária: constituída por uma única cadeia polipeptídica em
que os aminoácidos estão unidos numa sequência linear.
•Estrutura secundária: cadeia polipeptídica que apresenta uma
estrutura em hélice devido à interação entre diversas zonas da
molécula ou ligação paralela entre duas cadeias polipeptídicas
formando uma estrutura em folha pregueada.
•Estrutura terciária: ocorre quando a cadeia em hélice se enrola e
dobra sobre si própria, tornando-se globular.
•Estrutura quaternária: ocorre quando várias cadeias polipeptídicas
globulares se organizam e estabelecem interligações entre si.
•Ácidos nucleicos: são moléculas que armazenam a informação genética
que caracteriza a identidade de cada organismo, constituídas por polímeros
de nucleótidos, as suas subunidades estruturais. Estes são formados por
três constituintes: uma pentose (desoxirribose no caso do DNA, ou ribose
no caso do RNA), um grupo fosfato e uma base azotada (de anel simples:
Timina, Citosina e Uracilo (este apenas no RNA) ou de anel duplo: Adenina
e Guanina). Importância biológica dos ácidos nucleicos: o DNA é o suporte
universal da informação hereditária (genética), controlando a atividade
celular. Quer o DNA quer o RNA intervêm na síntese proteica.
Constituição DNA RNA
Grupo Fosfato Presente Presente
Pentose Desoxirribose Ribose
Adenina, Timina, Citosina Adenina, Uracilo, Citosina e
Bases Azotadas
e Guanina Guanina
Cadeia
Em dupla hélice Simples
polinucleotídica

•Glícidos ou hidratos de carbono: são compostos ternários, constituídos por


carbono (C), hidrogénio (H) e oxigénio (O), na proporção 1:2:1, podendo variar
das formas mais simples, os monossacarídeos ou oses (glicose por ex.), às
formas mais complexas como os oligossacarídeos (2 a 10 moléculas de
monossacarídeos) e os polissacarídeos (mais de 10 moléculas de
monossacarídeos, de que são exemplo o glicogénio (reserva energética nas
células animais) e o amido (reserva energética das células
vegetais)). Importância biológica dos glícidos: função estrutural e função
energética (utilizados diretamente em transferências energéticas).
•Lípidos: são moléculas com fraca solubilidade em água e solúveis em solventes
orgânicos como o éter, o clorofórmio e o benzeno. Importância biológica dos
lípidos: reserva energética; função estrutural (constituintes das membranas
celulares); função protetora (Ex: ceras que tornam superfícies impermeáveis);
função vitamínica e hormonal (há lípidos que entram na constituição de
vitaminas e fazem parte das hormonas sexuais)
•Gorduras: constituem um dos principais grupos de lípidos. Quimicamente,
são designadas por glicerídeos e são constituídas por três ácidos gordos e
um glicerol. Têm funções de reserva.
•Fosfolípidos: os fosfolípidos apresentam uma estrutura química que
resulta da ligação de uma molécula de glicerol com dois ácidos gordos a
uma molécula de ácido fosfórico com um composto azotado. São moléculas
polares, anfipáticas com uma zona hidrofílica (solúvel na água e constitui a
zona carregada eletricamente) e uma zona hidrofóbica (insolúvel na água).
Têm função estrutural, principalmente ao nível das membranas.

1. A Obtenção de matéria pelos seres heterotróficos


Dependendo da forma como os seres vivos obtêm a energia química de que necessitam
para sobreviver, são classificados em duas classes distintas:
•Seres autotróficos: seres que conseguem sintetizar a sua própria matéria orgânica
a partir de matéria inorgânica, utilizando uma fonte de energia externa, pelo
processo de fotossíntese. São exemplos as plantas, as algas e algumas bactérias.
•Seres heterotróficos: seres vivos que apenas conseguem sintetizar a sua matéria
orgânica a partir de outra matéria orgânica que lhe é fornecida pelo meio ambiente.
São, portanto, dependentes da matéria orgânica produzida pelos seres autotróficos.

1.1 Permuta de matéria entre as células e o meio: ultra-estrutura da membrana


celular
Como já foi referido, as células possuem uma membrana plasmática ou celular, que:
•Delimita exteriormente a célula
•Mantém a integridade celular
•Cria uma barreira seletiva que assegura uma superfície de troca de substâncias, de
energia e de informação entre o meio intracelular e extracelular.
Do ponto de vista químico, as membranas são complexos lipoproteicos, podendo
também conter glícidos. Os fosfolípidos são os principais lípidos que fazem parte da
membrana. Tanto os glicolípidos como os fosfolípidos possuem uma extremidade polar,
hidrofílica, e uma extremidade apolar, hidrofóbica. Também as proteínas membranares
possuem zonas hidrofóbicas e zonas hidrofílicas.

O estudo da membrana plasmática foi evoluindo graças ao trabalho de vários cientistas


e à evolução tecnológica. Existem dois modelos que tentam explicar a estrutura da
membrana celular:

“Modelo de Sanduíche”, de Danielli e Davson (1952)


Atendendo ao comportamento dos fosfolípidos na presença de água, este modelo
defendia a existência de uma bicamada fosfolipídica que garantia que as cadeias
hidrofóbicas ficassem estabilizadas, voltadas para o interior da bicamada, enquanto as
proteínas se ligavam às extremidades hidrofílicas dos lípidos, revestindo a bicamada
interne e externamente. Ao longo da bicamada existiriam interrupções, rodeadas por
proteínas, que formariam passagens nas quais poderiam circular os iões e as
substâncias polares. Por outro lado, as substâncias não polares entrariam diretamente,
atravessando a bicamada.

“Modelo de mosaico fluido”, de Singer e Nicholson (1972)


É o modelo atualmente aceite. Este também considera a existência de uma bicamada
fosfolipídica na qual as proteínas podem estar inseridas (proteínas intrínsecas), ou à
superfície da membrana plasmática na face interna ou externa (proteínas extrínsecas
ou periféricas), lembrando um mosaico fluido. Os glícidos encontram-se à superfície da
membrana ligados a lípidos (glicolípidos) ou a proteínas (glicoproteínas).

As membranas não são estáticas, apresentando tanto os fosfolípidos como as proteínas


movimentos. No caso dos fosfolípidos, estes apresentam mobilidade lateral.
A membrana celular possui permeabilidade seletiva, isto é, permite a passagem
facilitada de certas substâncias, dificultando ou impedindo a passagem de outras. Os
processos através dos quais as substâncias atravessam as membranas biológicas são de
dois tipos distintos.

Processos passivos – não implicam dispêndio de energia e incluem:


•Difusão Simples: as partículas deslocam-se de zonas onde a sua concentração é
maior para zonas onde esta é menor (movimentação a favor do gradiente de
concentração), até se atingir uma distribuição uniforme dessas partículas. A
velocidade de movimentação do soluto é diretamente proporcional à diferença de
concentração entre os meios intracelular e extracelular.
•Difusão Facilitada: as substâncias atravessam a membrana a favor do gradiente de
concentração, ou seja, da região onde se encontra a maior concentração de soluto
para a região de menor concentração; A velocidade do processo é superior se
comprada à difusão simples, pois neste caso o transporte é mediado por permeases
às quais as substâncias a transportar se ligam, sendo o processo constituído por três
fases:
1.Combinação da molécula ou substância a transportar com a permease,
na face externa da membrana;
2.Alteração da conformação da permease para permitir a passagem da
molécula através da membrana e separação da permease;
3.Retoma da forma inicial da permease.
•Osmose: refere-se à movimentação da água através de uma membrana
semipermeável (permeável ao solvente – a água – e impermeável aos solutos), de
um meio hipotónico (meio de menor concentração de soluto e mais moléculas de
água) para um meio hipertónico (meio de maior concentração de soluto e menos
moléculas de água). Este processo depende, exclusivamente, das concentrações do
soluto nas duas soluções. Quando os dois meios se tornam isotónicos, isto é,
quando os dois meios atingem iguais concentrações de soluto, o movimento da
água passa a ser idêntico nos dois sentidos.

Devido às diferenças morfológicas entre as células animais e vegetais, estas apresentam


diferentes comportamentos.
Desta forma, quando uma célula vegetal se encontra mergulhada numa solução
hipotónica, vai absorvendo água – por osmose – até atingir o estado de equilíbrio,
ficando túrgida. Nesta situação o vacúolo aumenta e empurra o citoplasma contra a
parede celular O conteúdo celular exerce pressão de turgescência, mas esta é
contrabalançada pela resistência oferecida pela parede celular. Por outro lado, quando
uma célula vegetal é mergulhada numa solução hipertónica perde água, o citoplasma
contrai-se parcialmente e fica preso à parede celular apenas por alguns filamentos,
denominados por filamentos de Hetch. Neste caso a célula se encontra-
se plasmolisada.
No caso das células animais, uma vez que não possuem parede celular, ao serem
mergulhadas numa solução hipotónica, pode ocorrer a sua lise devido ao aumento do
volume celular, ficando também plasmolisadas, ao serem mergulhadas num meio
hipertónico.

Processos ativos: implicam dispêndio de energia e há intervenção de proteínas


transportadoras. Ocorrem em situações biológicas em que iões ou
moléculas necessitam de ser transportados, através da membrana, de regiões onde se
encontram menos concentrados para regiões onde se encontram mais concentrados,
ou seja, contra o gradiente de concentração.
•Transporte ativo, bomba de Sódio e Potássio: é um complexo enzimático
membranar que se pode encontrar em praticamente todas as células animais. Esta
enzima (ATPase) requere energia, sob a forma de ATP, e movimenta em sentidos
opostos iões Sódio (Na+) e iões Potássio (K+), saem 3 iões de Sódio e entram 2 iões
de potássio, através da membrana.
•Transporte em grande quantidade (permite o movimento de macromoléculas,
partículas com maiores dimensões, ou mesmo pequenas células entre o interior e o
exterior da célula):
•Endocitose: transporte em que há inclusão de material por invaginação da
membrana plasmática, formando-se uma vesícula endocítica. Esta pode
designar-se fagocitose, quando a célula emite pseudópodes (“falsos-pés”), que
envolvem partículas sólidas e as incluem em vesículas fagocíticas, ou pinocitose
que é um processo semelhante mas envolve a inclusão de fluidos através da
invaginação da membrana, seguida da formação de vesículas pinocíticas no
interior da célula.
•Exocitose: é o processo inverso da endocitose.

1.2 Ingestão, digestão e absorção


Para que os alimentos ingeridos pelos seres heterotróficos possam ser utilizados a nível
celular têm que, primeiramente, passar por vários processos, como:
•Ingestão – introdução dos alimentos no organismo;
•Digestão – processo que consiste na transformação e simplificação de moléculas
complexas constituintes dos alimentos, em moléculas mais simples, através de
reações de hidrólise catalisadas por enzimas (moléculas de natureza proteica), de
forma a poderem ser utilizadas e integradas no organismo;
• Absorção – consiste na passagem das substâncias resultantes da digestão para o
meio interno.

A digestão pode ocorrer no interior das células – digestão intracelular – ou fora das
células – digestão extracelular – em cavidades ou em órgãos especializados.

Digestão intracelular
•Os organelos complexo de Golgi, lisossomas e retículo endoplasmático, estão
diretamente envolvidos na digestão intracelular. Esta ocorre após as partículas
alimentares serem interiorizadas na célula, pelo processo de endocitose, formando-
se vesículas endocíticas. A nível do retículo endoplasmático, formam-se proteínas
enzimáticas que são incorporadas em vesículas, como os lisossomas, que as
transportam até ao complexo de Golgi. Aqui, estas fundem-se com as vesículas
endocíticas, formando um vacúolo digestivo, onde ocorre a digestão intracelular. Os
resíduos que se formam neste processo são expulsos da célula por exocitose. Este
tipo de digestão é típica de seres eucarióticos unicelulares, como a ameba ou a
paramécia.

Digestão extracelular
•Característica dos seres heterotróficos multicelulares, pode ser:
•Extracorporal: no caso dos cogumelos, estes, através das suas hifas, libertam
enzimas digestivas sobre o substrato no qual se encontram, ocorrendo a
digestão extracorporal, seguida de absorção das substâncias mais simples,
também a nível das hifas.
•Intracorporal (maioria dos animais). Esta última ocorre em tubos digestivos,
mais ou menos complexos, apresentando diferentes órgãos especializados. O
tubo digestivo pode ser incompleto, se apresentar uma única abertura,
ou completo, no caso de apresentar duas aberturas: a boca e o ânus.

Vantagens de um tubo digestivo completo:


•Como os alimentos se deslocam num único sentido, a digestão e a absorção são
sequenciais ao longo do tubo, o que se traduz num aproveitamento muito mais
eficaz.
•A digestão pode ocorrer em diferentes órgãos, permitindo aos alimentos estarem
sujeitos a tratamento mecânico e à ação de diferentes enzimas.
•A absorção é mais eficiente.
•Os resíduos não digeridos acumulam-se durante algum tempo, sendo depois
expulsos através do ânus.

2. A obtenção de matéria pelos seres autotróficos


A energia luminosa e/ou química que os seres autotróficos captam, não é utilizada
diretamente pelas células, sendo que parte dessa energia é transferida para um
composto – o ATP (adenosina trifosfato) que é a fonte de energia utilizável pela célula.
Este é formado por:
•Adenina – base azotada
•Ribose – açúcar com cinco carbonos
•Três grupos fosfato – compostos inorgânicos

Uma vez que as células não têm armazenadas grandes quantidades de ATP, a
transferência de energia depende do ciclo ATP – ADP.
Da hidrólise de uma molécula de ATP forma-se adenosina difosfato (ADP) e liberta-se
um grupo fosfato. Se a adenosina difosfato se hidrolisar, vai formar-se a adenosina
monofosfato (AMP), com libertação de outro grupo fosfato.
A hidrólise de ATP trata-se de uma reação exoenergética, uma vez que há transferência
de uma determinada quantidade de energia que pode ser utilizada nas atividades
celulares, pois a energia mobilizada para romper as ligações químicas é menor do que a
energia transferida durante a formação de novas ligações.
Por outro lado, quando ocorre síntese de ATP a partir de ADP e do ião fosfato
(fosforilação do ADP), a reação é endoenergética pois a energia mobilizada para romper
as ligações é maior do que a energia que se transfere quando se formam novas ligações.
As reacções exoenergéticas a nível celular permitem a formação de ATP, pois a energia é
transferida para essa molécula. As reacções endoenergéticas utilizam a energia
transferida durante a hidrólise de ATP.

2.1 Fotossíntese
A fotossíntese é o processo utilizado pelos seres fotoautotróficos para a produção de
matéria orgânica a partir de água e dióxido de carbono, na presença de energia
luminosa. Durante a fotossíntese a energia luminosa é convertida em energia química,
que surge sob a forma de um produto de reação – a glicose. Posteriormente, a glicose é
convertida noutras substâncias orgânicas, como por exemplo a amido. A fotossíntese
ocorre, principalmente, ao nível das folhas das plantas. Por isso, nas células vegetais
que constituem as folhas, encontra-se uma grande densidade de cloroplastos e,
consequentemente, uma grande quantidade de pigmentos fotossintéticos. As bactérias
fotoautotróficas, uma vez que não apresentam cloroplastos, realizam a fotossíntese ao
nível de membranas internas, onde se localizam os pigmentos fotossintéticos.
Os cloroplastos são organelos celulares, de forma variada, delimitados por uma dupla
membrana lipoproteica (com constituição idêntica à membrana plasmática). A
membrana interna do cloroplasto invagina para o interior do organelo formando várias
lamelas – os tilacoides – os quais se encontram sobrepostos formando o granum. Nas
membranas dos tilacoides encontram-se os pigmentos fotossintéticos, como
a clorofila, os carotenos e as ficobilinas, que têm a capacidade de absorver energia
luminosa e convertê-la em energia química. Os tilacoides estão mergulhados
no estroma, um material amorfo onde também se podem encontrar partículas de
amido e gotículas de lípidos.
A clorofila a e b, os carotenos e as xantofilas são os principais pigmentos presentes nas
células das plantas.

O espectro luminoso e a Fotossíntese


O espectro solar é constituído por radiações com diferentes comprimentos de onda,
que vão desde as ondas rádio (elevado comprimento de onda, baixa energia), até aos
Raios Gama (baixo comprimento de onda, elevada energia). Entre as várias radiações do
espectro, o olho humano apenas consegue visualizar luz com comprimentos de onda
compreendidos entre os 380nm e 750nm – espectro da luz visível ou luz branca. Esta,
ao atravessar um prisma ótico, decompõe-se nas várias radiações que a constituem e
que variam entre o violeta e o vermelho.

A experiência de Theodore Engelmann


Theodore Engelmann realizou uma experiência que consistiu na observação ao
microscópio ótico, de um filamento de Spirogyra (alga filamentosa), entre lâmina e
lamela, usando como meio de montagem água com bactérias aeróbias (que utilizam
O2 na sua respiração). Ele observou que quando a luz branca incidia sobre a lâmina, as
bactérias estavam uniformemente dispersas pela preparação, no entanto, ao adaptar
um prisma ao microscópio, que decompôs essa luz branca, verificou que, ao fim de
algum tempo as bactérias se encontravam aglomeradas junto às zonas vermelho –
alaranjada e azul-violeta. Esta observação permitiu concluir que estes comprimentos de
onda são os mais eficazes para a realização da fotossíntese, uma vez que as bactérias
deslocaram-se para essas zonas à procura oxigénio fornecido pela Spirogyra através da
fotossíntese. Ou seja, estas radiações são as mais absorvidas pelas plantas de cor verde,
uma vez que a maiores taxas fotossintéticas correspondem as maiores taxas de
absorção de radiação. Efetivamente, as plantas de cor verde não absorvem as radiações
com comprimentos de onda correspondentes à cor verde, essas são refletidas, daí
vermos a cor verde nas plantas.

A Fotossíntese ocorre em duas etapas:


1.Fase fotoquímica: é a fase em que a energia luminosa é captada e convertida em
energia biologicamente utilizável. Tem lugar nos tilacoides dos cloroplastos. Esta
fase envolve as seguintes etapas:
•Fotólise da água: na presença de luz, as moléculas de água dissociam-se em
oxigénio, que se liberta, hidrogénio (que será utilizado noutras etapas) e
eletrões (a água é o dador primário de eletrões; estes vão repor os eletrões
perdidos pela clorofila, após excitação pela absorção luminosa).
•Oxidação da clorofila a: a clorofila a, ao absorver energia luminosa fica
excitada e liberta eletrões que são transferidos para uma cadeia transportadora
de eletrões, ficando oxidada.
•Fluxo de eletrões: os eletrões ao passarem através das cadeias
transportadoras, vão baixando o seu nível energético. Essas transferências de
energia que ocorrem permitem a fosforilação da molécula de ADP, que a passa
a ATP – fotofosforilação.
•Redução do NADP+: os protões provenientes da fotólise da água, juntamente
com eletrões provenientes do fluxo eletrónico da cadeia de transportadores,
São fundamentais para reduzir uma molécula transportadora de hidrogénio
NADP+ (nicotinamida adenina dinucleótido fosfato), transformando-se em
NADPH.
2.Fase química – ciclo de Calvin: corresponde ao conjunto de reações da
fotossíntese não dependentes da luz, ocorre no estroma dos cloroplastos e analisa
o percurso do CO2 desde a entrada no processo até à sua integração em compostos
orgânicos. A síntese de compostos orgânicos necessita da presença de CO2, ATP e
NADPH.
Nesta fase a Ribulose difosfato, um composto com 5 átomos de Carbono e dois átomos
de fósforo, combina-se com o CO2 absorvido para formar um composto com 6 átomos
de Carbono, extremamente instável. Este rapidamente se desdobra em dois compostos
com três átomos de carbono cada, o ácido fosfoglicérico – PGA. As duas moléculas de
PGA formadas são fosforiladas pelo ATP e reduzidas pelo NADPH, formados na fase
fotoquímica, originando cada uma delas outro composto, o aldeído fosfoglicérico –
PGAL, que continua a ter três carbonos. Estas duas moléculas de PGAL vão seguir dois
caminhos diferentes. A maior parte vai intervir na regeneração da Ribulose difosfato,
outra parte é utilizada para síntese de outras substâncias no estroma, principalmente
síntese de glicose, sendo necessário que o ciclo se repita seis vezes, para se formar uma
molécula de glicose.

2.2 Quimiossíntese
Ao contrário das plantas, alguns seres vivos, conseguem reduzir o dióxido de carbono
sem utilizar a energia luminosa – são seres quimioautotróficos ou quimiossintéticos.
Neste caso não ocorre fotossíntese mas sim quimiossíntese. Como não há recurso à
energia solar, a energia usada é proveniente da oxidação de compostos minerais. Estes
são os dadores primários de eletrões e não a água.
Tal como na fotossíntese, também aqui podemos considerar duas etapas:
1.Oxidação de substratos minerais: é desta oxidação que resulta um fluxo de
eletrões e protões provenientes do substrato considerado, formando-se um
composto redutor, o NADPH e moléculas de ATP. Parte da energia aqui mobilizada é
transferida para as moléculas de ATP.
2.Etapa equivalente à fase química da fotossíntese: nesta fase ocorre a redução do
CO2 o que conduz à síntese de substâncias orgânicas.

Você também pode gostar