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Resumo Prova 2

Conteúdo:
 Aluminossilicatos
 Carbonatos
 Adsorção de íons
 Capacidade de troca de cátions
 Solos halomórficos

Aluminossilicatos
Encontrados em minerais primários e secundários, formados de Al e Si
Fase mineral em equilíbrio com a solução: todos os minerais contribuem com a
estabilidade
Aluminossilicatos sem substituição isomórfica: dependem da atividade de Al, atividade
de Si e pH
Relação entre o Al trocável e o H+
(Al3+) em solução é igual a (Al3+) no complexo de troca, que é igual a (H +) em solução.
A relação entre Al e H é basicamente estável no solo, o valor varia, mas a proporção
não.
Al3+trocável + 3 H+ ↔ 3H+trocável + Al3+
3+ 3+
( Al ) troc ( Al ) sol
+ 3
= + 3
(H ) troc (H ) sol
3+ 3+
log ( Al ) troc log ( Al )sol
+
= +
3log ( H ) troc 3log (H )sol
3+
log ( Al ) troc 3+
+
= log ( Al )sol + 3pH
3log ( H ) troc

Na evolução do intemperismo, a gibbsita é o mineral mais estável


Mineral anidro (não hidratado) é menos estável quando entra em contato com a água
(constante mais alta)
Aluminossilicatos de sódio:
Substituição isomórfica: déficit de carga pelo Al no tetraedro balanceado pelo Na
Vidro: não teve tempo de formar rede cristalina
Na é extremamente solúvel, os aluminossilicatos de Na são mais instáveis no solo e
desaparecem com o intemperismo. Os mais estáveis são beidolita e paragonita.
(Na+) = 10-3 mol L-1 em solos bem drenados

Equação albita baixa: log (Al3+) + 3pH = 5,74 – pH – 3log (H4SiO40) – como o H4SiO40
tem o coeficiente maior (3), ele é que apresentam maior contribuição na estabilidade da
albita baixa. Para resolver a equação é necessário fixar um valor de pH e calcular com a
variação de H4SiO40, porém é importante lembrar que a linha de estabilidade vai subir
ou descer conforme o pH for alterado.

Aluminossilicatos de potássio:

Muscovita é o mineral mais estável, mesmo com K 0 alto, a relação Si:Al é 1:1, necessita
de 10 H+ para solubilizar, e, em relação aos demais, é hidratado (OH)2.
(K+) = 10-3 mol L-1
Aluminossilicatos de cálcio:

(Ca2+) = 10-2,5 mol L-1 – é um valor médio, que não considera os solos tropicais. Se
considerasse, seria mais baixo.
A leonardita e a lawsonita caem no campo da caulinita quando se considera pH = 7, mas
as atividades mudam muito com a variação do pH, que se for diminuído, a linha sobe,
tornando-se menos estável que a caulinita.
O Na e o Ca não possuem ligações com os minerais secundários, com tendência a serem
lixiviados, e predominância de caulinita.

Aluminossilicatos de magnésio:

(Mg2+) = 10-3 mol L-1


Como tem grande consumo de prótons, respondem muito à variação de pH. São mais
estáveis em pH elevados.
Quando se tem Fe na fórmula, é necessário determinar o que o está mantendo em
solução, fazer sua equação e depois substituir. Por exemplo, se o Fe estiver sendo
mantido por Fe-solo, log(Fe3+) = 2,70 – 3pH. O (2,70 – 3pH) é então substituído na
fórmula no local de log(Fe3+), e, se houver coeficiente antes, não deve esquecer de
multiplicar.
Quanto maior o grau de intemperismo da fase mineral, maior o Al 3+ mantido em
solução. O aumento de Al não necessariamente resulta em aumento da saturação de Al
do solo no complexo de troca.
Caulinita em baixa atividade de Si (lixiviação de Si) – formação de gibbsita

A construção do gráfico é da mesma forma como todos os outros são feitos. A diferença
aqui é que se usa a junção da atividade de Al com pH para a construção do gráfico,
devido à proporcionalidade entre eles. As atividades de cada elemento estão escritas em
cada tópico, para serem substituídas na equação. Determina-se um valor de pH para ser
fixo e variar os valores de H4SiO40, porém é importante representar a variação de 1
unidade para cima e para baixo do pH. Alguns minerais variarão mais ou menos a
estabilidade com essa variação.
A interpretação geral é: quem está por baixo, é mais estável, e essa estabilidade vai
depender da atividade de H4SiO40 no meio e do valor de pH observado.

Carbonatos
Estão em equilíbrio com o CO2 atmosférico. Pressão parcial de CO2: equilíbrio dos
carbonatos, atividade do Ca
CO2 + H2O ↔ H2CO3 (ácido carbônico – fraco, tende a dissociar)
H2CO3 ↔ H+ + HCO3- (mesmo sendo fraco, ainda abaixa um pouco o pH)
Calcário (CaCO3) – correção de acidez
Ca2+ é um dos principais formadores de carbonatos
Calcita (formada em baixa pressão) e aragonita (alta pressão) (CaCO3), Dolomita
(Mg.Ca(CO3)2), Magnesita MgCO3.
Carbonato de cálcio tem maior facilidade de reagir com ambientes ácidos.
Siderita (FeCO3) – solos hidromórficos (Fe2+): consumo de prótons, eleva o pH.
Sistema CO2 – H2O: CO2 (apolar) dissolvido em água – parcialmente hidratado
CO2(g) + H2O ↔ H2CO30 log K0 = -1,46
log (H2CO30) = -1,46 + log (CO2)
pCO2 = 0,00038 atm = 380 ppm
log (H2CO30) = -1,46 + log (0,00038)
log (H2CO30) = -4,88
A atividade de H2CO30 na solução, em equilíbrio com o CO2 atmosférico ≈ 10-5 mol L-1
pré-industrial: 300 ppm (-4,98 mol L-1); atual: 500 ppm (-4,76 mol L-1) (aumento da
atividade do ácido carbônico)
Dissociação do H2CO3
H2CO30 ↔ H+ + HCO3- log K0 = -6,36
-
log(HC O 3 )
0
= pH-6,36
log( H 2 CO 3 )
As atividades do ácido carbônico não dissociado e do ânion bicarbonato são iguais a pH
6,36; ou seja, log (HCO3-)/(H2CO30) = 0. Cada aumento de uma unidade no pH promove
um aumento de dez vezes na relação log (HCO3-)/(H2CO30), ou seja, a atividade do
ânion bicarbonato aumenta dez vezes em relação ao ácido não dissociado.
HCO3 em função da pressão parcial de CO2
CO2(g) + H2O ↔ H2CO30 log K0 = -1,46
H2CO30 ↔ H+ + HCO3- log K0 = -6,36
CO2(g) + H2O ↔ H+ + HCO3- log K0 = -7,82
log (HCO3-) = -7,82 +pH + log (CO2)
O cruzamento entre as linhas de H2CO30 e HCO3-, independente de 300 ou 500 ppm,
continua no valor de pH 6,36, pois faz menção à constante de dissociação do ácido.
Dissociação do ânion bicarbonato:
HCO3- ↔ H+ + CO32- log K0 = -10,33
log(C O32- )
= pH-10,33
log(HC O3- )
Carbonato em função da pressão parcial de CO2
CO2(g) + H2O ↔ H+ + HCO3- log K0 = -7,82
HCO3- ↔ H+ + CO32- log K0 = -10,33
CO2(g) + H2O ↔ 2H+ + CO32- log K0 = -18,15
log (CO32-) = -18,15 + 2pH + log (CO2)
Com o aumento da pressão parcial de CO 2, as linhas deslocam-se para cima e com o
decréscimo para baixo, mas os valores de pH das intersecções permanecem imutáveis.
Estes valores de pH correspondem aos pK's das reações de dissociação do ácido
carbônico, onde as atividades de ambas as formas são iguais, sendo respectivamente
6,36 e 10,33. Isto significa que, independentemente da pressão parcial de CO 2, as
atividades dos ânions carbonato e bicarbonato em solução aumentam com o pH, e a
atividade do H2CO30 não dissociado permanece constante a um valor dado pela pressão
parcial de CO2. A forma indissociada predomina até pH. 6,36 e, a partir de então, o
ânion bicarbonato passa a ser a espécie predominante. O ânion carbonato só será
predominante a partir de pH 10,33.

Alteração do pH da água (em equilíbrio) em função da pressão parcial de CO2


mols de H+ = mols de HCO3-
CO2(g) + H2O ↔ H+ + HCO3- log K0 = -7,82
log (HCO3-) = -7,82 + pH + log (CO2)
log( H+ )×log(HCO3- )
= -7,82
log(C O2 )
log( H+ )×log( H+ )
= -7,82
log(C O2 )
2 log(H+) = -7,82 + (-3,52) → 0 -3,52 é referente ao CO2
log (H+) = -5,67 → pH em equilíbrio com 300 ppm
log (H+) = -5,56 → pH em equilíbrio com 500 ppm

Cálculo da fração molar:


O total das formas de carbonatos em solução é dada por [(H2CO30) + (HCO3-) + (CO32-)].
Calculando a fração molar, é possível saber o quanto de cada uma das formas está
presente em determinado valor de pH.
Ela deve ser calculada para todas as formas.
Exemplo da fração molar para HCO3-:
-
(HC O3 )
FM =
(H2 CO30 ) + ( HC O3- ) +(C O32- )
Aqui, substitui-se as equações referentes às atividades de cada um. Porém, não usa a
base log.
-7,82
10 ( CO2 ) ÷( H+ )
FM = -1,46
10 ( C O2 ) + 10 ( C O 2) ÷ ( H ) + 10
-7,82 + -18,16 + 2
( CO2 ) ÷( H )
-7,82 +
10 ÷( H )
FM =
+ 10 ÷ ( H ) + 10
-1,46 -7,82 + -18,16 + 2
10 ÷( H )
Agora, substitui-se os valores de H+ por vários valores de pH para se construir a linha
do comportamento.
Fração molar para H2CO30:
0
( H 2 CO3 )
FM =
(H2 CO30 ) + ( HC O3- ) +(C O32- )
-1,46
10 ( C O2 )
FM =
10 ( C O2 ) + 10 ( C O 2) ÷ ( H ) + 10
-1,46 -7,82 + -18,16 + 2
( CO2 ) ÷( H )
10-1,46
FM =
10-1,46 + 10 -7,82 ÷ ( H+ ) + 10-18,16 ÷( H + )2
Fração molar para CO32-:
2−¿ )
O3
FM = (C ¿
( H2 C O30 ) + ( HCO3- ) +(C O32- )
-18,16
10 ( CO 2 ) ÷ ( H+ ) 2
FM = -1,46
10 ( C O2 ) + 10 ( C O 2) ÷ ( H ) + 10
-7,82 + -18,16 + 2
( CO2 ) ÷( H )
10-1,46 ÷ ( H + ) 2
FM =
10-1,46 + 10 -7,82 ÷ ( H+ ) + 10-18,16 ÷( H + )2
Silicatos e aluminossilicatos de Ca

O Ca no solo, até certo ponto, é controlado pelo Ca trocável. Acima de pH 8,2, entra o
campo da calcita (precipitação de CaCO3 com Ca em solução).
Aumentando a pressão parcial de CO2, o valor de pH para a o qual o Ca trocável ainda
controlaria o Ca do solo cai para próximo de 7,5.

Adsorção e Troca iônica no solo


As cargas do solo se originam nos coloides, e a maioria deles apresenta carga elétrica
predominantemente negativa.
Íons de carga positiva dissolvidos na solução do solo tendem a permanecer ao redor dos
coloides (vizinhança) atraídos pelo campo elétrico formado pelas cargas de superfície.
A área superficial especíifica (ASE)do coloide é importante pois a quantidade de cátions
adsorvidos é dependente da densidade de cargas do coloide, e esta se relacionada com
sua superfície específica, portanto a carga da partícula influencia a adsorção de cátions e
ânions.
As cargas variam entre os solos pois, como se originam nos coloides, depende do tipo e
teor dos constituintes minerais (2:1, 1:1 e óxidos de Fe e Al) e orgânicos.
Partículas coloidais do solo
- Minerais de argila e matéria orgânica = cargas negativas
- Óxidos de ferro e alumínio = positivas
Cargas elétricas
• Os colóides possuem, normalmente, cargas elétricas de superfície que são
neutralizadas por íons
• Colóides com carga permanente: são aqueles que apresentam uma interface
continuamente carregada. Minerais argilosos silicatados do tipo 2:1
• Colóides com carga variável: são aqueles caracterizados por uma interface com
carga reversível. Minerais argilosos silicatados do tipo 1:1 e óxidos de Fe, Al.
Os minerais de argila 2:1possuem alta capacidade de adsorção de cátions e, de modo
geral, elevada ASE, pois, as camadas de alguns desses minerais podem se expandir na
presença de água, expondo uma superfície “interna” e promovendo aumento
considerável da superfície total.

Alguns minerais não apresentam expansibilidade pois as unidades cristalográficas são


ligadas por elemento não-trocável (K, por exemplo), mantendo as camadas unidas
(fixas). Esses minerais possuem alto grau de cristalinidade e menor ASE pois
apresentam cargas apenas na região externa

Em solos muito intemperizados a MO contribui bastante para a ASE, seja pelos coloides
orgânicos ou pelo recobrimento de argilominerais, sendo importante para a densidade de
cargas pois estes solos possuem muitos componentes de baixa ASE, como caulinita.
São dois tipos de cargas presentes nos solos:
1. Carga Permanente
São intrínsecas às partículas dos minerais pois são estruturais, formadas pelas
substituições isomórficas na estrutura (quando um cátion é substituído por outro de
menor valência) e não dependem do pH do solo, ou seja, se manifestam em qualquer
pH.
As substituições produzem cargas significativas em argilas 2:1, como esmectita e
vermiculita, e poucos minerais primários, como micas de tamanho muito pequeno.
*Argilas silicatadas do tipo 2:1 possuem cargas predominantemente negativas.
De modo geral, as cargas permanentes são negativas porque as substituições ocorrem
por um elemento de menor valência, levando ao déficit carga positiva e manifestação da
carga negativa.

Quando acontece a substituição (as mais comuns são Si 4+ por Al3+ na lâmina tetraédrica
e Al3+ por Mg2+ na octaédrica) há um desequilíbrio de cargas gerando um excedente de
carga negativa na estrutura e ela será balanceada por um cátion (carga positiva)
adsorvida pela superfície da argila.
Quando a substituição ocorre na lâmina octaédrica o déficit de carga é transmitido para
os oxigênios apicais compartilhados com os tetraedros que distribuem a deficiência
pelos oxigênios basais das superfícies siloxanas. Quando a substituição ocorre na lâmina
tetraédrica o déficit se distribui apenas nos três oxigênios basais do tetraedro, e neste
caso o campo elétrico formado fica mais próximo a superfície, tornando-o mais
concentrado e intenso, tendendo a formar ligações mais fortes e estáveis

2. Carga Variável (dependente de pH)


Íons indiferentes: não perdem a camada de hidratação; interação com a superfície não
ultrapassa a energia de interação columbiana.
Íons determinantes de potencial (IDP): capazes de modificar a carga dos coloides ao
serem adsorvidos
DESENVOLVIMENTO DE CARGAS NOS CONSTITUINTES DOS SOLOS
As superfícies dos materiais coloidais do solo são carregadas eletricamente, o que significa que
essas superfícies têm um excesso ou um déficit de elétrons (Uehara & Gillman, 1981) que, em
conjunto com os íons presentes na solução do solo, constituem uma dupla camada de cargas
(van Olphen, 1977). Com a distribuição de cargas, um potencial elétrico máximo se desenvolve
na superfície da partícula e decresce com a distância na solução. Se a dupla camada de cargas
for resultado de imperfeições internas e substituições isomórficas estruturais, a densidade de
cargas é constante, ao passo que o potencial elétrico de superfície é variável. Se a dupla camada
for criada pela adsorção de íons determinantes de potencial (IDP), a densidade de cargas é
variável enquanto que o potencial elétrico de superfície é constante e é determinado somente
pela concentração ou atividade desses íons em solução
(https://www.scielo.br/j/sa/a/hjtcmYfB43mV4bnqXKkmtWw/?lang=pt ).
H+ e OH- são os principais íons determinantes de potencial na solução do solo, mas
outros íons também podem atuar com como determinantes de potencial, por exemplo a
adsorção de P pode alterar as cargas dos argilominerais, alterando o potencial. Caulinita,
goethita, hematita e gibbsita são os principais minerais do solo que apresentam essa
característica.
As cargas dependentes de pH são formadas na adsorção de íons na superfície dos
coloides inorgânicos (minerais) e orgânicos do solo e podem ser negativas ou positivas.
A carga líquida é resultado de íons adsorvidos em excesso.
As cargas variáveis
- São formadas nas reações de protonação e desprotonação dos grupos funcionais silanol
(Si-OH), aluminol (Al-OH) e ferrol (Fe-OH) e dependem da atividade de H + na solução
do solo, o qual regula o grau de protonação ou desprotonação do grupamento.
- Se manifestam em maior ou menor grau, dependendo do pH do meio.
- Ocorrem em colides orgânicos e inorgânicos
Nos coloides orgânicos as cargas originam-se na dissociação de hidroxilas dos grupos
carboxílicos e fenólicos. Sob condições ácidas, os grupamentos estão protonados, e a
medida que o pH aumenta ocorre a desprotonação (dissociação do H+) e surgem as
cargas negativas nos coloides.
Nos coloides inorgânicos, as cargas originam-se nas bordas quebradas de filossilicatos,
nos sítios de troca e na superfície de óxidos de Fe e Al.
Origem das cargas variáveis:
Bordas quebradas dos filossilicatos
O grupamento OH ligado ao silanol ou aluminol presente nas arestas das argilas podem
ser protonados (ganha H+) ou desprotonados (perde H+), dependendo do valor do pH,
dando origem a cargas elétricas.
pH baixo = cargas positivas ou negativas
pH alto = cargas negativas

Em argilas do tipo 1:1, como a caulinita, a quantidade de cargas negativas geradas dessa
forma é muito maior que em argilas 2:1, como a montmorilonita. Isso se deve a maior
substituição isomórfica e a uma menor relação área de borda/área basal nas argilas 2:1
(possuem menor área de borda – a montmorilonita por exemplo, se expande e aumenta-
se a área basal).
Argilas 2:1 apresentam, em geral, 10 % de suas cargas como variáveis, quanto que as
argilas 1:1 admite-se a totalidade de cargas varia com o pH da solução do solo.
Sítios de troca bloqueados
A manifestação dessas cargas deve-se a argilas 2:1 com hidroxi entre camadas (VHE).
A presença de “ilhas” de hidroxi-AL entre as camadas 2:1 bloqueia cargas negativas da
vermiculita; com aumento do pH cargas positivas são neutralizadas e as cargas
negativas se manifestam, aumentando a carga negativa efetiva (não pelo número de
cargas, mas pela liberação de cargas que estavam bloqueadas, logo não ocorre
necessariamente geração de carga).

------------
+++ “ilhas de hidroxi-Al
+++

------------
Bordas dos óxidos de Fe e Al
Ocorre na hematita (Fe2O3), goethita (FeOOH)e gibbsita (Al(OH)3).
Óxidos apresentam carga reversível nas bordas (interface sólido/líquido). Possuem
superfície hidroxilada que pode gerar cargas positivas ou negativas de acordo com o pH.

Com o aumento do pH ocorre a desprotonação da superfície e surgimento da carga


negativa. Esse tipo de carga é muito importante em solos altamente intemperizados,
principalmente em camadas mais profundas onde não há influência da MO
Em regiões tropicais predominam solos de cargas variáveis (dependentes de pH).
A matéria orgânica contribui significativamente para o balanço de cargas no solo,
principalmente por fornecer sítios de cargas negativas, seja pelo revestimento da
superfície dos óxidos ou pela baixa densidade de carga da caulinita.
- Solos de ambiente intemperizados possuem argilas 1:1 e óxidos de Fe e Al (originam
cargas variáveis) como principais componentes que influenciam a carga líquida. Pode
ocorrer VEH.
Os óxidos de Fe e Al - importantes na geração de carga positiva. Eles revestem a
superfície de outro mineral reduzindo os sítios de carga de negativa e aumentando os de
carga positiva. Isso se deve ao elevado valor de PCZ desses óxidos.
Argilas 1:1 (caulinita) – possuem arestas quebradas com exposição do grupo silanol e
aluminol que podem sofrer protonação ou desprotonação de acordo com a atividade
iônica (pH). Nas condições normais de pH do solo predominam sítios desprotonados
(com carga negativa).
Se ocorrer VHE – geram cargas permanentes sendo as pilas desses minerais resistentes
ao intemperismo
- Solos de ambientes pouco intemperizados apresentam argilas silicatadas 2:1 como
principal componente que influencia a carga líquida superficial.
Argilas 2:1 - devido a substituição isomórfica expressam carga negativa permanente, ou
seja, não varia com as atividades dos IDP (H+ e OH-)
As cargas no solo podem ser positivas ou negativas . Entre os extremos de cargas
positivas (protonação) e negativas (deprotonação) existe um poto de equilibrio em que a
carga é zero.

pH = 2,0 pH = 3,0 pH = 4,0


PCZ = valor de pH no qual a carga liquida na dupla camada é zero (cargas + = cargas -),
ou seja, atividade do íon H+ (IDP) presente na solução que resulte em carga superficial
nula do mineral.
Quando o coloide é de carga reversível (variável) o “sinal” da carga depende do pH do
meio:
- Aumento do pH, aumento das cargas negativas
- Redução do pH, aumento das cargas positivas
Diferentes minerais do solo apresentam PCZ a diferentes concentrações de H +, ou seja,
a diferentes valores de pH. Por definição os minerais apresentam PCZs baixos ou altos
conforme possuam pontos de carga zero a baixo pH (alta atividade de H+) ou a alto pH
(baixa atividade de H+), respectivamente. A variação dos valores de PCZ dos vários
minerais do solo parece depender essencialmente da natureza acídica dos diversos
grupamentos OH (silanol, aluminol e ferrol) que aparecem em suas superfícies.
- Silanol: grupo mais ácido; PCZna faixa de 2
- Aluminol: acidez intermediária; PCZ na faixa de 7 e 8
- Ferrol: grupo de menor acidez; PCZ na faixa de 8 e 0
A partir do quadro pode-se estimar o valor de PCZ do solo de acordo com sua
composição mineralógica. Em um solo caulinítico, com baixo teor de MO e ausência de
minerais 2:1 o PCZ encontra-se na faixa de 3,5 e 4,5 conferindo cargas
predominantemente negativas na faixa de pH dos solos; em um solo altamente
intemperizado espera-se valor mais alto de PCZ entre 7 e 8, o que limita a capacidade
de adsorção de cátions.

Dupla cama difusa (DCD)


A presença das cargas elétricas gera um campo elétrico em volta das partículas capaz de
atrair íons da solução. Na solução do solo, cátions e ânions rodeiam as partículas
eletricamente carregadas, formando uma camada difusa.
Argila com carga negativa – cátions se dispõem em volta da partícula, sendo a
concentração de cátions máxima próximo a partícula, e a concentração ânions mínima
- : A concentração de cátions diminui com a distância, e a de ânions aumenta
com a distância da superfície da partícula.
A uma certa distância, fora do campo elétrico, as concentrações de cátions e ânions se
igualam. Aí define-se duas regiões: uma interna (também chamada micelar) e sob ação
do campo elétrico onde há desequilíbrio de cátions e ânions, e outra externa, fora do
campo elétrico, onde as concentrações de cátions e ânions estão equilibradas.
Essa estrutura define a DCD: duas camadas com cargas opostas, sendo uma carregada
negativamente e outra com cátions adsorvidos.
A existência da DCD favorece o surgimento de um potencial elétrico.
Modelos da DCD
Teoria de Helmhotz
- A caga negativa da partícula é igualmente distribuída pela superfície,
- Os íons na solução micelar estão em plano paralelo à superfície a uma distância fixa;
- O potencial (ψ) é máximo próximo a superfície e decresce linearmente com a distância
da superfície até atingir zero no limite da solução micelar.
Teoria de Gouy-Chapman
Essa teoria não é adequada para altas concentrações salinas.
Uma limitação da teoria é que considera os íons adsorvidos como pontos de carga,
podendo os íons atingir concentrações muito elevadas.
- Carga da partícula igualmente distribuída na superfície;
- Ânions e cátions dispersos em volta da partícula na camada líquida;
- Concentração de íons é máximo próximo a superfície e decresce exponencialmente
com a distância;
- A concentração de íons na solução micelar segue a equação de Boltzmann:
C =Cx.e-(Ze ψ/KT) em que, C = conc íons na solução do solo; Cx = concentração íons a
distância x; Z = valência do íon; e = carga elétrica; Ψ = potencial elétrico; K = constante
de Boltzmann; T = temperatura absoluta.

Área mais concentrada = solução interna

Área menos concentrada = solução


externa

A distribuição dos íons ao redor da partícula é resultado de duas forças opostas:


- Força de atração das cargas elétricas sobre os íons
- Tendência de difusão dos íons em razão da diferença de concentração entre a solução
micelar e intermicelar (externa). Quanto maior a concentração salina da solução externa,
menor a tendência de difusão e menor a espessura d DCD, ou seja,
o aumento da salinidade da solução externa  reduz gradiente de concentração 
reduz a tendência a difusão  reduz a espessura da DCD
*Em solos salinos a força de atração não muda, mas a força de difusão reduz
aproximando as partículas e reduzindo a espessura da DCD, o que favorece a
floculação.
Teoria de Stern
Stern definiu que íons de tamanho finito não podem se aproximar da superfície do
coloide mais do que seu raio iônico. Dessa forma, há influencia sobre a concentração e
o potencial próximo a superfície coloidal.
Ele dividiu a superfície da partícula em duas partes (subcamadas):
1. Camada de Stern (interna) – íons estão empacotados próximo a superfície
2. Íons distribuídos difusamente (Helmholtz e Gouy-Chapman)

- Na camada interna, o ψ diminui linearmente com a


distância
-Na camada difusa, o ψ diminui exponencialmente com
a distância
- O valor do potencial de delimita a camada de Stern é
chamado Potencial de Stern

Potencial Zeta
É o potencial no plano de ruptura da DCD
O Plano de ruptura está a uma distância fixa da superfície
A espessura da DCD afeta o valor do potencial zeta

A espessura da DCD varia inversamente com:


 Concentração: reduzindo a concentração da solução, aumenta-se a difusão, aumenta-se
a espessura, aumenta o potencial zeta – DISPERSSÃO; aumentando a concentração da
solução, diminui-se a difusão, diminui a espessura, reduz o potencial zeta –
FLOCULAÇÃO
*Quanto menor a espessura, maior a tendência a floculação
*Quanto maior a espessura, maior a tendência a difusão
 Valência do íon: íon de maior valência reduz a difusão, reduz a espessura
 Constante dielétrica: reduzindo a constante dielétrica aumenta-se a força de atração
entre íons e superfície, reduz-se a espessura.

Na+ (dispersante)  Ca2+ (??)  Al3+ (floculante)


O Ca2+ é floculante em relação ao sódio, o Al3+ é floculante em relação ao Ca2+. Quando
no ambiente há predomino de alumínio o Ca2+ e Na+ serão dispersantes. Isso se deve .....
Diferenças de pH determinados em H2O e em soluções salinas indica se o solo é
eletropositivo oou eletronegativo (ΔpH = pHKCl – pHH2O)
ΔpH positivo = predomina cargas positivas
ΔpH negativo = predomina cargas negativas
ΔpH zero = solo está no PCZ

Adsorção
Processo no qual uma substância é acumulada na interface entre fases. Em um sistema
sólido-líquido, é a remoção de solutos da solução e sua acumulação na superfície do
sólido. Ocorre quando a substância a ser adsorvida é atraída à superfície do adsorvente.

- Adsorção específica: substituição de grupos OH e OH 2 por alguns componentes


aniônicos, por exemplo o P.

Complexo de esfera interna

Complexo de esfera externa

Solos Halomórficos

1. Termo geral para solos afetados por sais (solos salinos e sódicos)
2. São solos desenvolvidos em condições imperfeitas de drenagem, caracterizados pela
presença de sai solúveis, sódio trocável ou ambos, em horizontes ou camadas próximas
a superfície.

Principal característica dos ambientes de ocorrência: menor precipitação em relação a


evapotranspiração, favorecendo o desbalanço hídrico, drenagem imperfeita geralmente
são regiões de baixada.
Possuem relação direta com o balanço hídrico
3. A região do semiárido brasileiro é propensa à formação desses solos devido a:
- Condições climáticas de baixa precipitação (manutenção do sol no solo)
- Profundidade dos solos (solos rasos) ou camadas impermeáveis
- Elevada evapotranspiração (aumento da concentração de sais solúveis na solução do
solo).
4. A gênese pode estar associada a movimentação ascendente da solução do solo, por
capilaridade, que em altas concentrações evapora e precipita os sais nas camadas
superficiais.
5. Afeta o crescimento das plantas devido o aumento da pressão osmótica, reduzindo a
absorção de água pelas culturas.
6. A salinização, solonização e solodização são processos pedogenéticos sequenciais,
relacionados a formação, evolução e degradação de solos salinos e sódicos. Porém, a
sodicidade pode ocorrer independente do estado prévio de salinização, pela passagem
direta do Na para as superfícies dos coloides. A partir do intemperismo dos minerais
ricos em sódio (Na) como a albita (NaAlSi 3O8) quando em condições drenagem
deficiente.
7. Saliziação: processo que envolve a concentração de sais sódicos (mais solúveis que o
gesso) na solução do solo, resultando em solos salinos.
8. Solonização: processo que promove a formação de solos salino-sódico e sódico. É
constituindo por dois processos
- Sodificação = ocorre a passagem do Na+ da solução do solo para o complexo de troca
formando solos salinos-sódicos
- Dessalinização = ocorre a lavagem (saída) de sais solúveis do complexo de troca,
resultando em na formação de solos sódicos
9. Os solos salinos geralmente estão em áreas de baixas, recebendo sais das áreas
circunvizinhas, com restrição de drenagem, lençol freático alto ou baixa permeabilidade
impedindo a lavagem dos sais.
10. os principais sais encontrados em solos salinos são os cloretos, sulfatos e
bicarbonatos de Ca, Na e Mg. Suas principais fontes são os minerais primários
trabalhados pelo intemperismo, sendo a água seu principal agente de transporte.
11. São classificados com base em 2 critérios:
1º conteúdo total de sais
2º porcentagem de sódio trocável.
12. PST = % de sódio trocável - Representa o percentual de Na+ em relação a CTC
Sódiotrocável x 100
PST =
CTC
RAS = razão adsorção de sódio
13. Segundo a SBCS, solos halomórficos são classificados pelo caráter:
- Salino: CE ≥ 4 e < 7 dSm-1
- Sálico: CE ≥ 7 dSm-1
- Solódico: PST entre 6 e < 15%
- Sódico: PST ≥ 15% e CE < 4 dSm-1
Formação desses solos
Solos salinos  salino-sódicos  Sódico  ácido
14. Componentes da salinidade
Efeito osmótico  “perda” de água da planta para o ambiente, ou a incapacidade de
absorção devido este efeito.
Carreamento por capilaridade  precipitação de sais nos horizontes superficiais devido
ao transporte e evaporação ...
Efeito iônico  íons passiveis de toxicidade atingem o limite dada sua concentração e
impossibilidade de serem lixiviados, causando toxidez as plantas.
15. Tipos de salinização
Primária ou natural: devido a efeitos naturais (intemperismo, lixiviação, drenagem
imperfeita, aumento do lençol freático, posição na paisagem, etc)

Evapotrasnpiração

Acúmulo
de sais

Ascenção por capilaridade

Secundária ou Antropogênica: devido ao uso irracional da terra ou práticas de manejo


agrícola inadequadas. O importante é a quantidade de sais que entra no solo; se não
drenagem o teor aumenta; o excesso de irrigação favorece a subida do lençol.
16. Ftorremediação é um método utilizado para tentar corrigir o problema
Planta Atriplex é utilizada, porém o período de remediação é longo.
*Em solos afetados por sais é comum pH > 7; altos teores de Ca 2+, Mg2+, K+ e Na+;
valores nulos de acidez trocável (H+Al) e potencial (Al3+), além de CTC elevada.
O Na+ elevado prejudica a produtividade desses solos ao promover a dispersão da argila,
obstrução de poros (dificultando a infiltração de água), efeitos tóxicos nas plantas.

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