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MECÂNICA DOS SOLOS

ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS

I) Características gerais
- Origem, formação, tipos, química e mineralogia dos solos
- Solos residuais e sedimentares
- Classificação dos solos genética
ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS

Conceituação de Solo e de Rocha

A palavra solo está relacionada com a palavra terra; pode ser definida como material
solto, natural da crosta terrestre, usado como material de construção e de fundação de obras.

Uma definição abrangente do termo solo é difícil; depende basicamente do ramo do


conhecimento que o emprega:

Solo para engenharia: material granular composto de rocha decomposta, água, ar e


eventualmente matéria orgânica, que pode ser escavado sem o auxílio de explosivos.

Rocha: material que é impossível escavar manualmente; que necessite de explosivo para
seu desmonte.
ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS

Conceituação de Solo

Solo pode ser entendido como um produto da decomposição das rochas causadas pela
ação contínua de agentes físicos, químicos e biológicos denominados intemperismo.
A primeira característica que diferencia um solo é o tamanho das partículas que o
compõem.

Fração grossa ou grosseira do solo

Fração de finos do solo

Limites das frações de solo pelo tamanho dos grãos


ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS

Intemperismo

As rochas que constituem a crosta terrestre estão em equilíbrio. Mas, quando entram em contato com
a atmosfera ou ficam próximas desta situação, as rochas sofrem a ação de um conjunto de processos
físicos, químicos, físico-químicos e biológicos, que produzem sua destruição.

Intemperismo é o processo que transforma rochas maciças e tenazes em materiais plásticos


e friáveis (solos). O intemperismo pode ser físico ou químico.
ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS

ETAPA 1 - A rocha mãe surge à superfície da


Terra.

ETAPA 2 - Os fatores do ambiente exógeno,


como o vento, a água, a temperatura e os
seres vivos, vão desgastando a rocha,
provocando a sua fragmentação e alteração
química.

ETAPA 3 - Os restos de seres vivos


colonizam a rocha, misturados com as
partículas resultantes da fragmentação
desta, originam um solo pouco espesso -
solo primitivo.
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ETAPA 4 - Depois surgem pequenas


plantas com raízes e aparecem
pequenos animais que facilitam a
desagregação da rocha e a acumulação
de restos de matéria orgânica, tornando
o solo mais espesso e complexo.

ETAPA 5 - Por último, começam a


desenvolver- se plantas e a surgirem
animais de maior porte. Os restos
deste organismo e os materiais
resultantes da sua
decomposição vão enriquecendo o
solo, que acaba por ficar constituído
por diferentes camadas. Este solo é,
então, designado por solo maduro.
ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS
ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS

Intemperismo Físico

É o processo de decomposição da rocha sem a alteração química dos seus componentes,


ou seja, causando desintegração mecânica através de agentes como água, temperatura,
vegetação e vento..

Os principais agentes do intemperismo físico são:

- Variações de temperatura;
-Ciclos gelo/degelo;
- Repuxo coloidal;
- Alívio de tensões.
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Intemperismo Físico- Variação da Temperatura

Todo material varia de volume em função de variações na sua temperatura. Estas variações de
temperatura ocorrem entre o dia e a noite, e durante o ano, e sua intensidade será função do clima local.

Uma rocha é formada de diferentes tipos de minerais, cada qual possuindo uma constante de dilatação
diferente, o que faz a rocha deformar de maneira desigual em seu interior, provocando o aparecimento
de tensões internas do que decorre maior fragmentação dos blocos.
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Intemperismo Físico- Ciclos Gelo/Degelo

As fraturas existentes nas rochas podem se encontrar parcialmente ou totalmente preenchidas com
água.
Esta água em função das condições locais pode vir a congelar, expandindo-se e exercendo esforços
no sentido de abrir ainda mais as fraturas pré-existentes, auxiliando no processo de intemperismo.
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Intemperismo Físico- Alívio de Tensões

Alívio de tensões irá ocorrer em um maciço rochoso sempre que da retirada de material sobre ou ao
lado do maciço, provocando a sua expansão, o que por sua vez, irá contribuir no fraturamento e
formação de juntas nas rochas;

Estes processos, isolados ou combinados (caso mais comum) fraturam as rochas continuamente, o
que permite a entrada de agentes químicos e biológicos, cujos efeitos aumentam a fraturação e tende
reduzir a rocha a blocos cada vez menores.

Intemperismo Físico- Repuxo Coloidal

O repuxo coloidal é caracterizado pela retração da argila devido à diminuição de umidade, o que em
contato com a rocha pode gerar tensões capazes de fraturá-la.
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Intemperismo Químico

O intemperismo químico envolve alteração dos minerais da rocha transformando-os em novos


compostos. Os processos mais comuns que ocorrem na ação do intemperismo químico, provocado
pela água e decomposição de organismos, são:

-hidrólise;
- hidratação;
-carbonatação.

Os diferentes minerais constituintes das rochas originarão solos com características diversas, de
acordo com a resistência que estes tenham ao intemperismo local.

O quartzo, por exemplo, por possuir uma enorme estabilidade física e química é parte predominante
dos solos grossos, como as areias e os pedregulhos.
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Intemperismo Químico - Hidrólise

Dentre os processos de decomposição química do intemperismo, a hidrólise é a que se reveste de


maior importância, porque é o mecanismo que leva à destruição dos silicatos, que são os compostos
químicos mais importantes da litosfera.

Em resumo, os minerais na presença dos íons H+ liberados pela água são atacados, reagindo com os
mesmos. OH+ penetra nas estruturas cristalinas dos minerais desalojando os seus íons originais
(Ca++, K+, Na+, etc.), causando um desequilíbrio na estrutura cristalina do mineral e levando-o a
destruição.
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Intemperismo Químico

HIDRATAÇÃO
Como a própria palavra indica, é a entrada de moléculas de água na estrutura dos minerais. Alguns
minerais quando hidratados (feldspatos, por exemplo) sofrem expansão, levando ao fraturamento da
rocha.
CARBONATAÇÃO
O ácido carbônico é o responsável por este tipo de intemperismo. O intemperismo por carbonatação
é mais acentuado em rochas calcárias por causa da diferença de solubilidade entre o CaCO3 e o
bicarbonato de cálcio formado durante a reação.
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Intemperismo Biológico

Neste caso, a decomposição da rocha se dá graças a esforços mecânicos produzidos por vegetais
através das raízes, por animais através de escavações dos roedores, da atividade de minhocas ou
pela ação do próprio homem, ou por uma combinação destes fatores.

Ou ainda pela liberação de substâncias agressivas quimicamente, intensificando assim o


intemperismo químico, seja pela decomposição de seus corpos ou através de secreções, como é o
caso dos ouriços do mar.
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Influência do Intemperismo no Tipo de Solo

O intemperismo químico possui um poder de desagregação da rocha muito maior do que o


intemperismo físico.

Deste modo, solos gerados em regiões onde há a predominância do intemperismo químico tendem a
ser mais profundos e mais finos do que aqueles solos formados em locais onde há a predominância do
intemperismo físico.

Além disto, obviamente, os solos originados a partir de uma predominância do intemperismo físico
apresentarão uma composição química semelhante a da rocha mãe, ao contrário daqueles formados
em locais onde há predominância do intemperismo químico.
ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS

Influência do Clima no Tipo de Intemperismo

Conforme relatado anteriormente, a água é um fator fundamental no desenvolvimento do


intemperismo químico da rocha.

Deste modo, regiões com altos índices de pluviosidade e altos valores de umidade relativa do ar
tendem a apresentar uma predominância de intemperismo do tipo químico, o contrário ocorrendo em
regiões de clima seco.
ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS
Tipos de Solos com Relação à Origem

Com base na sua origem geológica os solos podem ser divididos em dois grandes grupos:

- RESIDUAIS

- TRANSPORTADOS

Neste sentido o solo é uma


função da rocha-mãe e
dos diferentes agentes de
intemperismo.
Origem e formação dos solos (Editado de Borgatto, 2017)
ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS

Tipos de Solos – Solos Residuais

São aqueles que permanecem no local de deposição da rocha que o originou, observando-se assim
uma gradual transição do solo até a rocha sã.

Para que eles ocorram é necessário que a velocidade de decomposição seja maior do que a
velocidade de remoção do solo por agentes externos (agentes de transporte).

A velocidade de decomposição depende de vários fatores, entre os quais a temperatura, o regime de


chuvas e a vegetação.
ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS

Tipos de Solos – Solos Residuais


As condições existentes nas regiões tropicais são favoráveis a degradações mais rápidas da rocha,
razão pela qual há uma predominância de solos residuais nestas regiões (Ex : Centro Sul do Brasil)

Como a ação das intempéries se dá, em geral, de cima para baixo, as camadas superiores são, via
de regra, mais trabalhadas que as inferiores. Possuindo camadas com espessuras variaveis e
dependentes das condições climáticas locais e das características da rocha mãe.

Perfil do maciço terroso de formação de um solo residual (Borgatto, 2017)


ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS
LATERITAS

– Nas regiões tropicais são formados solos residuais


chamados de LATERITAS formados por uma alternância de
saturação e secagem do solo original, aumentando a
concentração de óxidos de ferro e alumina na parte superior.
São solos vermelhos, moles quando úmidos, porém duros
quando expostos ao sol.
ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS

Tipos de Solos – Solos Transportados ou sedimentares

São aqueles que, originados em um local, foram transportados para outro, através de um agente
qualquer.

Os principais agentes de transporte são o vento, a água, a gravidade e as geleiras.

Perfil de solo com formação por agentes de transportes – Solo Sedimentar – (Borgatto, 2017)
ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS

Tipos de Solos – Solos Transportados ou sedimentares

SOLOS EÓLICOS
São resultantes da ação do vento como agente de transporte. Têm em geral uma textura fina e
uniforme.
ex.: dunas

Características
-Grãos arredondados  atrito constante entre partículas;
- Depositado em zona de calmaria;
- Tipo de transporte mais seletivo  areias finas ou silte;
-Grãos de mesmo diâmetro  curva granulométrica uniforme.
ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS
Tipos de Solos – Solos Transportados ou sedimentares

SOLOS SEDIMENTARES ALUVIONARES


Estes solos originados pelo transporte através da água. Apresentam uma textura condizente com a
velocidade de arrasto e a distância de transporte dos mesmos. Ex.: seixo rolado.

Característica deste solos:


- Textura depende da velocidade da água;
- Ocorrência de camadas de granulometria distinta;
ƒTextura diferenciada:
- Maior capacidade de transporte;
- Mais grossos que os eólicos.
ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS

Tipos de Solos – Solos Transportados ou sedimentares

SOLOS SEDIMENTARES COLUVIONARES


- Originam-se pela ação da gravidade, sendo formados nos pés das elevações, sendo em geral de
textura grossa, granulometria heterogênea e não coesivos. Pode ser exemplificado pelos deslizamentos
de terras nos taludes.
ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS
Tipos de Solos – Solos Orgânicos

SOLOS ORGÂNICOS (EX.:TURFAS)


Também são originados “in situ”, formados pela acumulação de restos de organismos:
Vegetal – Plantas raízes etc ;
Animal – Conchas, carapaças etc.
São chamados solos orgânicos aqueles que contém uma quantidade apreciável de matéria decorrente
da decomposição de origem vegetal ou animal, em vários estágios de decomposição.
ƒGeralmente argilas ou areias finas, os solos orgânicos são de fácil identificação, pela cor escura.

Solos orgânicos – (Borgatto, 2017)


ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS

Tipos de Solos – Solos Orgânicos

Solos orgânicos geralmente são problemáticos devido a sua alta compressibilidade e baixa
resistência. Eles são encontrados no Brasil principalmente nos depósitos litorâneos, em espessuras de
dezenas de metros, e nas várzeas dos rios e córregos, em camadas com 3 a 10 m de espessura.

O teor de matéria orgânica em peso tem variado de 4 a 20%. Por sua característica orgânica
apresentam elevados índices de vazios e por característica orgânica, apresentam elevados índices de
vazios, e por serem de sedimentação recente, normalmente adensados, possuem baixa capacidade de
suporte e considerável compressibilidade.

Em algumas formações, ocorre uma importante concentração de folhas e caules em processo


incipiente de decomposição formando as turfas e caules em processo incipiente de decomposição,
formando as turfas. São materiais extremamente deformáveis, mas muito permeáveis, permitindo que
os recalques, devidos a carregamentos externos, ocorram rapidamente.
Composição Química e Mineralógica dos Solos

Minerais Constituintes dos Solos Grossos

MINERAL: Substância inorgânica e natural, que tem uma estrutura interna característica
determinada por um certo arranjo específico de seus átomos e íons.

Nos solos grossos os minerais predominantes são:


Silicatos - principalmente Feldspato
Óxidos - hematita, limonita etc.
Carbonatos - principalmente Calcita e Dolomita
Sulfatos - principalmente Anidrita

Nos solos grossos o comportamento mecânico e hidráulico está principalmente condicionado por
sua compacidade e pela orientação de suas partículas, sendo a sua constituição mineralógica, até certo
ponto, secundária.
Composição Química e Mineralógica dos Solos

Minerais Constituintes dos Solos Finos

- Partindo dos numerosos minerais (principalmente silicatos) que se encontram nas rochas ígneas e
metamórficas, os agentes de decomposição química chegam a um produto final: a argila

- Ao contrário com o que ocorre com os solos grossos, o comportamento mecânico das argilas é
decisivamente influído por sua estrutura em geral, e constituição mineralógica em particular.

- As argilas são constituídas basicamente por “silicatos de alumínio hidratados”, podendo também
apresentar silicatos de magnésio, ferro ou outros metais, também hidratados.

- Esses minerais têm, quase sempre, uma estrutura cristalina definida, cujos átomos estão dispostos
em lâminas.

Existem dois tipos de Lâminas


Composição Química e Mineralógica dos Solos

Minerais Constituintes dos Solos Finos

- Os tetraedros agrupam-se em unidades hexagonais, sendo a ligação entre dois tetraedros, feita
pelo vértice (oxigênio). As unidades hexagonais repetem-se indefinidamente, formando uma
retícula laminar.

- As lâminas alumínicas estão formadas por retículas de octaedros, tendo também como ligação
o oxigênio.

- De acordo com a estrutura reticular os principais argilominerais são a:

- Caulinita;
- Montmorilonita;
- Ilita.
Composição Química e Mineralógica dos Solos

Caulinitas

Em conseqüência da estrutura rígida, são relativamente estáveis em presença da água. Sendo


considerada não expansiva em processo de saturação.

É o argilomineral mais comum encontrado nos solos residuais.

É estável e não caracteriza o solo como problemático, principalmente no que se refere a


característica de plasticidade e expansão.

Estrutura de uma camada de caulinita.


a) atômica, b) simbólica.
Composição Química e Mineralógica dos Solos

Montmorilonitas:

A ligação entre as retículas é frágil, possibilitando a entrada de água entre as mesmas (material
expansivo). ex.: bentonita

É utilizada na engenharia civil, principalmente nas escavações e no reparo de fissuras em taludes e


barragens de terra.

Na perfuração de poços de petróleo, as bentonitas melhoram as


propriedades dos fluidos durante a operação de perfuração de poços, desempenhando uma ou
várias das seguintes funções: aumentar a capacidade de limpeza do poço, reduzir as infiltrações nas
formações permeáveis, etc.
Composição Química e Mineralógica dos Solos

Ilitas:

Possuem estrutura análoga à das montmorilonitas não absorvem água entre as camadas, pela
presença de íons de potássio provocando uma ligação mais firme entre elas.

As partículas das ilitas são extremamente pequenas, portanto, sem condições de definir um contorno
ou forma. Todavia, a microscopia eletrônica tem mostrado que as partículas da ilita e montmorilonita
tem a forma de “flocos achatados”

K
TÉCNICAS PARA IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES MINERALÓGICAS

• Difração de Raios-X

450, 0

400, 0

350, 0

300, 0

quartzo
• Análise Térmica Diferencial (ATD)
intensidade

250, 0

200, 0

150, 0

mica quartzo
mica
100, 0

quartzo
50, 0

0, 0

0, 00 5, 00 10, 00 15, 00 20, 00 25, 00 30, 00 35, 00 40, 00 45, 00 50, 00 55, 00 60, 00

2u
TÉCNICAS PARA IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES MINERALÓGICAS

Análise Térmica Diferencial

0 0

-10 5
-20
10
-30

Dm (%)
Dt (ºC) 15 ATD
-40
20 ATG
-50
25
-60

-70 30

-80 35
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura (ºC)
TÉCNICAS PARA IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES MINERALÓGICAS
Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

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