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Mec Solos - Aula I

Origem e Formação dos Solos


Índices Físicos dos Solos
Caract. e Propriedade dos Solos

Prof. Luisa Carla de Alencar


Menezes, M.Sc.
(Adap. aula Prof. José Renato M. S. Oliveira)
Conceito Geral de Solo
n O conceito da palavra solo é diferente
dependendo da área de conhecimento. O
significado mais comum dado a esta palavra
na língua portuguesa é o de "chão" ou
"superfície".

n A ABNT (NBR 6502) define solo como :


"Material proveniente da decomposição das
rochas pela ação de agentes físicos ou
químicos, podendo ou não ter matéria
orgânica."
Conceito de Solo para o
Agrônomo e para o Geólogo
n Entre os agrônomos, solo é a parte agriculturável da
crosta terrestre

n Para o geólogo este conceito de fácil ou não


desmonte para caracterizar solo ou rocha não é
aceito. Para ele tanto são rochas o granito e o basalto
quanto a areia, o pedregulho e a argila (Rodrigues,
1976). Vargas (1978) cita o caso de escavações para
a construção do Metrô de São Paulo executadas em
solo argiloso, sem o auxílio de explosivos. Entretanto,
os geólogos que lá trabalhavam se referiam a estas
argilas como uma rocha sedimentar perfeitamente
definida
Conceito de Solo para o
Engenheiro Civil
n Na Engenharia Civil é o material natural
que forma a crosta terrestre porém de
fácil desmonte, especialmente após
submersão em água. O material mais
resistente da crosta terrestre, onde é
necessário explosivos para seu
desmonte é chamado de rocha pelos
engenheiros civis
Classificação dos solos
Com relação ao tamanho dos grãos (ABNT / NBR 6502)

TAMANHO DOS GRÃOS


TEXTURA NOME (mm)
Maior que Menor que
Solos Pedregulho 4,8 76,0
grossos Areias 0,05 4,8
Solos Finos Siltes 0,005 0,05
Argilas - 0,005
O ciclo geológico
Deposição

Formação de
Sedimentos
Denudation

Crustal
Movements
Origem dos Solos
n A origem imediata ou remota de um solo é
sempre a decomposição das rochas por
intemperismo. Entende-se por intemperismo o
conjunto de processos que ocorrem na
superfície terrestre que ocasionam
decomposição dos minerais das rochas pela
ação de agentes atmosféricos e biológicos.
Pode ocorrer que um solo retorne à condição
de rocha, em um processo chamado de
litificação, que, se for muito intenso, formará
rochas metamórficas
Mecanismos de Formação
n Os fatores que mais influenciam na formação dos
solos são: clima, o tipo de rocha, a vegetação, o
relevo e o tempo de atuação destes fatores. Dentre
estes destaca-se o clima. A mesma rocha poderá
formar solos completamente diferentes se a
decomposição ocorre sob clima diferente. Por outro
lado, diferentes rochas podem formar solos
semelhantes quando a decomposição ocorre em
clima semelhante. Pode-se dizer que, sob o mesmo
clima, a tendência é formar-se o mesmo tipo de solo
ainda que as rochas sejam diferentes
Desintegração Mecânica
(Intemperismo Físico)

n Variação periódica de temperatura - que


provoca a expansão e contração das rochas e
por conseqüência, fraturas que aumentam
com o tempo
n Congelamento da água nas juntas e gretas -
como a água dilata quando congela, este
processo amplia as fraturas
n Efeito de raízes - é visível em calçadas
quando estas se quebram em função do
crescimento das raízes
Decomposição Química
(Intemperismo Químico)

n A desintegração mecânica quase sempre chega a formar areias


(excepcionalmente chega a formar siltes). A decomposição
química geralmente forma argila como último produto.

n A oxidação, hidrólise, dissolução e o ataque por água que


contenha ácidos orgânicos são os principais agentes da
decomposição química. É a falta de água que faz com que, nos
desertos, os fenômenos de decomposição química não se
desenvolvam, motivo pelo qual a areia predomina nestas zonas.
A análise das pedras trazidas da Lua mostra uma composição
semelhante às nossas só que sem a decomposição química uma
vez que não há água na Lua
Exemplo Típico de Formação
n Um exemplo típico de formação é o chamado solo residual de granito
também chamado de solo de alteração de granito e bastante comum
no Brasil: o granito (rocha constituída pelos minerais: quartzo,
feldspato e mica), em um clima tropical úmido, sofre o seguinte
processo de decomposição: depois de formado e trazido à superfície da
crosta terrestre, é fraturado pela alternância de temperatura. Em
seguida começa o ataque químico da água acidulada, geralmente com
gás carbônico proveniente da decomposição de vegetais. Essa
acidulação é proporcional à temperatura e, portanto, bem mais efetiva
nos países tropicais. O feldspato presente é atacado. A rocha
desmancha-se e os grãos de quartzo, que não são decompostos,
soltam-se formando areia e pedregulho. O feldspato decomposto, vai
dar argilas e sais solúveis, que são carreados pela água. Algumas
espécies de mica sofrem processo de alteração semelhante ao do
feldspato, formando argila, enquanto outras resistem e vão formar as
palhetas brilhantes presentes nos solos micáceos.
Outro Exemplo de Formação
n Se a rocha matriz for basalto, resultará,
predominantemente, argila, pois o
basalto não contém quartzo. Como
exemplo pode ser citado a terra roxa da
bacia do rio Paraná, um solo argiloso
com grande fertilidade, produto da
decomposição do maior derrame de
basalto que se tem notícia no planeta
Tipos de Solos

n Solo Residual

n Solo Sedimentar

n Solo Orgânico
Solo Residual

n aquele que permaneceu no local da


rocha de origem. Obedece uma gradual
transição de solo até rocha e por isto
mesmo sua resistência é crescente com
a profundidade
Solo Sedimentar
n Que sofreu a ação de agentes
transportadores. Devido à variação que pode
haver em camadas sobrepostas é neste tipo
de solo que surge a maioria dos problemas
de fundações. Uma camada subjacente pode
ter maior compressibilidade e menor
resistência que a sobrejacente e a sondagem,
por algum motivo, não atingiu a profundidade
suficiente para detectá-la
Solo Orgânico
n Quando mistura-se ao solo de origem
mineral, matéria de origem orgânica. Há
casos onde praticamente não há partículas
minerais, como os solos turfosos. Para o
engenheiro geotécnico o solo orgânico é de
péssima qualidade devido a sua alta
compressibilidade e baixa resistência. Para o
agrônomo, devido a sua fertilidade, o solo
orgânico é ótimo
Formação dos Solos
Sedimentares

n A gravidade, que forma o solo


coluvionar
n A água, que forma o solo aluvionar
n O vento, que forma o solo eólico
n As geleiras, que formam o solo glacial
Solo Coluvionar
n O solo desprende-se
e cai por gravidade
para o sopé da
montanha. O tálus é
um exemplo de solo
coluvionar embora
seja mais granular
que o colúvio
tradicional
Solo Aluvionar
n A água é o mais efetivo agente transportador. Geralmente o solo é transportado
de montanhas ou regiões mais altas pelos rios e enxurradas. As partículas vão se
depositando de acordo com seu diâmetro a medida que a velocidade de
escoamento da água diminui. Desta forma a água é um agente transportador
bastante seletivo sendo comum nas embocaduras dos rios solos muito finos
cujas partículas (colóides) se depositaram devido a formação de flóculos pela
ação da água do mar.
Solo Eólico
n A força dos ventos
pode transportar
partículas de solo por
centenas de kilômetros
de distância (há
registros de transporte
de grãos de areia pelo
vento do Saara até a
Inglaterra, ± 3200
Km). A deposição Ocupação de Moradias em dunas
deste material pode
acarretar graves
problemas de
soterramento dos
prédios e na fertilidade
do solo.
Solos Eólicos no Brasil
n No Brasil, felizmente as condições não
favorecem ao surgimento de ventos com
grande intensidade, mesmo assim, há o
registro de uma intensa deposição eólica na
vila de Itaúna, no Espírito Santo, que soterrou
cerca de 100 residências, a igreja local e o
cemitério. As dunas da região chegam a 30 m
de altura. A Lagoa dos Patos necessita de um
serviço contínuo de dragagem para evitar seu
assoreamento por partículas trazidas pelo
vento
Solo Glacial
n O gelo é um agente transportador muito importante
uma vez que em eras anteriores, cerca de 30% da
superfície dos continentes era coberta por gelo
perene. Destas regiões, em virtude de desequilíbrio
entre a quantidade de gelo que se forma e a que se
funde, grandes massas se deslocam a uma velocidade
muito pequena (alguns metros por ano, embora as
geleiras da Groelândia possam atingir velocidades de
até 24 m/dia). Quando ocorre o degelo, o material
incorporado nas geleiras durante sua movimentação,
que pode chegar a 50% do volume da geleira, se
deposita no mesmo local, formando um solo
altamente heterogêneo, e por isto mesmo
problemático como terreno de fundação
Formação de Solos Orgânicos
n A formação dá-se ou pela impregnação de matéria
orgânica (húmus) em sedimentos pré-existentes, ou
ainda pela decomposição da matéria orgânica que já
ocorria nos sedimentos.

n Uma parte dos produtos da decomposição da matéria


orgânica é escura e relativamente estável, e
impregna os solos orgânicos: é o húmus. Por ser
facilmente carreado pela água, em suspensão, o
húmus só impregna permanentemente os solos finos
(as argilas, os siltes e, em pequena escala, as areias
finas). Assim, não ocorrem areias grossas orgânicas
ou pedregulhos orgânicos.
Solo Fibroso
n Quando a matéria orgânica provém de decomposição
sobre o solo de grande quantidade de folhas, caules
e troncos de plantas forma-se um solo fibroso,
essencialmente de carbono, de alta compressibilidade
e baixíssima resistência, que se chama turfa.
Provavelmente este é pior tipo de solo para os
propósitos do engenheiro geotécnico
n A diferença entre argilas e siltes orgânicos e a turfa
está no fato de que os primeiros são mais pesados,
pois a turfa, tendo grandes teores de carbono, é de
densidade menor. Por outro lado, a turfa é
combustível quando seca e os outros não o são
Composição Química e
Mineralógica dos Solos

n Os minerais que formam os solos são os


mesmos das rochas de origem, além de
outros que surgem na decomposição
química
Exemplos de fotografias de
areia e silte

(a) Otawa (d) Rio Sacramento Grãos minerais da


(b) Monterey (e) Eliot Lua
Classificação de formas para
partículas de areia e silte
Angular

Subangular

Subarredondada

Arredondada

Bem arredondada
Principais Minerais
n O feldspato forma o grupo mais importante como
constituinte das rochas. São translúcidos ou opacos.
n Os piroxênios e anfibólios são minerais de aparência
muito similar. Com cor quase preta e clivagem segundo
2 planos quase perpendiculares nos piroxênios e
oblíquos nos anfibólios (60%)
n O quartzo tem alta resistência química e física.
Predominantemente, apresenta-se na cor branca ou
incolor. Brilho vítreo, transparente ou opaco. É usado
como matéria prima para fabricação do vidro (12%)
n A mica caracteriza-se pela ótima clivagem laminar e boa
elasticidade. Cor desde incolor, amarelada (moscovita ou
mica branca) a preta (biotita ou mica preta). É usada na
indústria elétrica como isolante (4%)
O que são solos argilosos ?
n Contém mais de 30% de partículas de
tamanho de argila (em peso )
n Parte ou total de partículas de argila
deve ser de argilominerais
n O argilomineral controla o
comportamento do solo
O que são partículas com
tamanho de argila ?
n Partículas que são menores de 5
microns em tamanho (i.e. 0,005mm)
n Contém argila e minerais não argilosos
(e.g. quartzo, feldspato, etc.)
n Os limites de Atteberg auxiliam a
diferenciar uma mineral de argila e de
não argila
O que são argilominerais ?
n Pequenas partículas cristalinas de uma
ou mais membros de grupos
Fotografias de Argilominerais

17µm 2µm

Caolinita Haloisita
Fases do Solo
n Sólida (as partículas)

n Líquida (a água)

n Gasosa (o ar)
Fases do Solo – comentários
importantes
n A ocorrência só das fases sólida e líquida é bastante
comum.
n Neste caso todos os vazios do solo encontram-se
ocupados por água e o solo é chamado saturado.
n Em condição natural não se encontram solos secos
(fase sólida + ar).
n Em laboratório isto pode ser conseguido facilmente
mas torna-se necessário definir o que é solo seco
uma vez que as partículas de argila têm uma película
de água que as envolve, chamada água adsorvida.
Fases do Solo – comentários
importantes (cont.)
n A água adsorvida está submetida a pressões
altíssimas (encontra-se inclusive congelada à
temperatura ambiente) e faz parte da estrutura do
solo.
n Dependendo da temperatura de secagem, parte ou
até toda água adsorvida pode ser removida junto
com a água livre dos vazios o que daria diferentes
pesos secos em função da temperatura da estufa.
n Para resolver isto, convenciona-se em Mecânica dos
Solos que solo seco é aquele que apresenta
constância de peso em duas pesagens consecutivas
após secagem em uma estufa de 105o a 110o
Pesos e volumes das fases
n Vt = volume total da
amostra Volumes Pesos
n Vs = volume da fase sólida
da amostra Va Ar
n Vw = volume da fase líquida
n Va = volume da fase gasosa Água
Vw Ww
n Vv = volume de vazios da Vt
amostra = Va + Vw Wt
n Wt = peso total da amostra
Partículas
n Wa = peso da fase gasosa Vs Sólidas Ws
da amostra (considerado
nulo)
n Ws = peso da fase sólida da
amostra
n Ww = peso da fase líquida
Peso específico das Partículas
n É o peso da fase sólida
por unidade de volume.
Por termos uma relação
de força por volume a
unidade correta é o kN/m3
ou um seu (sub) múltiplo Ws
gg =
n A massa específica dos
grãos usada no ensaio de
Vs
granulometria por
sedimentação é uma
relação de massa por
volume, logo a unidade é
t/m3 ou um seu
(sub)múltiplo.
Densidade Relativa dos Grãos
n É a razão entre o peso (ou a
massa) específico da parte
sólida e o peso (ou a massa)
específico de igual volume
de água pura a 4o C gg
Como é uma relação de
Gs =
g w (a 4 C )
n
pesos (ou de massas) o
específicos, Gs é
adimensional.
n O valor de Gs pode ser uma
indicação do tipo de solo.
Se:
n Gs < 2.5 solo orgânico
n 2,6 < Gs < 2,8 solo inorgânico
n Gs > 2,9 solo contendo ferro.
Teor de Umidade
n É a relação entre o peso
(ou massa) da água
contida no solo e o peso
(ou massa) de sua fase
Ww
w=
sólida, expressa em
percentagem. 100
n A umidade varia
teoricamente de 0 a .
Ws
Os maiores valores
conhecidos são os de
algumas argilas
japonesas que chegam
a 1400%.
Índice de Vazios
n É a relação entre o volume
de vazios e o volume de
sólidos
Vv
n Embora possa variar e=
teoricamente de 0 a , o
menor valor encontrado
VS
para o índice de vazios é
de 0.25 (para uma areia
muito compacta com
finos) e o maior de 15 Vv = Vw + Va
(para uma argila altamente
compressível).
Porosidade
n É a relação entre o
volume de vazios e o
volume total da
amostra, expressa em
percentagem Vv
n Teoricamente varia de 0 n = 100
a 100%. Na prática
varia de 20 a 90% Vt
n Embora o índice de
vazios e a porosidade
sejam análogos, o
primeiro tem a
vantagem de envolver
apenas uma variável Vv
Grau de Saturação
n É a relação entre o
volume de água e o
volume de vazios de
um solo, expressa Vw
em percentagem S r = 100
Vv
n Varia de 0% para
um solo seco a
100% para um solo
saturado.
Peso específico aparente ou
natural (gnat)
n É a relação entre o Wt
peso total e volume g nat =
total da amostra. Vt
Peso específico aparente seco (gd)
Ws
É a situação de
gd =
n
umidade nula
Vt
Peso específico aparente
saturado

n Se o solo é
saturado: Sr = 1 e g
= gsat, logo

Gs + e
g sat = gw
1+ e
Peso específico aparente
submerso
n Se o solo está
submerso, passa a
atuar nas partículas o
empuxo de água (E)
que é uma força
vertical, de baixo para
cima, igual ao peso do
volume de água
deslocado.

Wsub = Wsat - E
g sub = g sat - g w
g subV = g satV - g wV
Esquema Demonstrativo
Gs Vt Wt Wd

Wt Wt - Wd
gg = Gsgw g= w=
Vt Vt

gg e g
e= -1 n= gd =
gd 1+ e 1+ w

Gs w Gs + Se
S= g= gw g sub = g sat - g w
e 1+ e
Tipos de Estruturas dos
Solos Granulares
n Areia Fofa

n Areia Compacta
Estrutura dos Solos Granulares

Granular fofa

Granular compacta
Estrutura dos Solos Coesivos

Floculada Dispersa

n Em água salgada (com alta concentração iônica, Na+), os grãos


tendem a flocular antes de sendimentarem. Devido a este fato, não
ocorre sendimentação de grãos isolados, mas de flóculos sob ação
de gravidade, dispondo-se ao acaso. Em água doce, os grãos
sendimentam isoladamente, tendendo a se disporem
uniformemente.
Estrutura dos solos coesivos
Ocorrência ou não de floculação

Dispersa

Floculada
Forma das Partículas

n Lamelar: 2 dimensões
n Equidimensional: todas as 3
predominam sobre a
dimensões são equivalentes. terceira. Predomina nas
É o tipo predominante em argilas.
pedregulhos, areias e siltes.
Subdivide-se em:
Arredondada
n
n Fibrilar: 1 dimensão
n Sub-arredondada predomina sobre as outras.
n Angulosa Predomina nos solos
n Sub-angulosa turfosos.

n Obs.:A forma da partícula tem influência decisiva em algumas


propriedades mecânicas importantes, como compressibilidade.
Superfície Específica

n Definição: É a soma das superfícies de


todas as partículas contidas na unidade
de volume ou de massa do solo.
n Imaginando-se uma partícula de forma
cúbica incialmente com 1 centímetro de
aresta e subdividindo-a em cubos cada
vez menores, tem-se na transparência a
seguir
Superfície Específica (cont.)

Aresta Volume Numero de Área de cada Superfície


(cm) (cm3) Partículas Partícula Específica
(cm2/cm3)
1 1 1 6 6

10-1 10-3 103 6 x 10-2 6 x 10

10-2 10-6 106 6 x 10-4 6 x 102

10-4 10-12 1012 6 x 10-8 6 x 104

n Conclui-se que, quanto mais fino o solo, maior sua superfície específica, sendo esta
uma das principais razões da diferença entre as propriedades físicas dos solos
grossos para os solos finos, uma vez que as forças elétricas atuam na superfície das
partículas. Quanto maior a superfície específica maior a influência das forças elétricas
Superfície Específica (cont.)

n Nos solos grossos predominam as forças


gravitacionais, e nos solos finos, por terem
uma grande superfície específica,
predominam as forças elétricas

n Para minerais argílicos:


n Caolinitas - 10 m²/g
n Ilitas - 80 m²/g
n Montmorilonitas - 800 m²/g
Sensibilidade

Rc
Is = '
Rc

Resistência a compressão (kPa)


Rc
n Is < 1 = insensível
Rc’
n 1 < Is 2 = baixa sensibilidade
n 2 < Is 4 = média sensibilidade
n 4 < Is 8 = sensível
n Is > 8 = extra sensível

e (%)
Sensibilidade
Caso real de laboratório

n Perda de resistência
de uma argila que é
extremamente
sensível a
amolgamento
n Uma argila que
torna-se fluida após
amolgamento é
denominada de
quick clay
Tixotropia

n É a recuperação, com o tempo, da resistência do solo


amolgado. Deve-se a gradual reorientação das partículas
de uma estrutura dispersa para uma floculada,
acompanhada de uma reorientação das moléculas de
água da camada adsorvida para uma estrutura mais
ordenada (MITCHELL, 1960)

n Um exemplo de argila com propriedades tixotrópicas é a


BENTONITA, argila do grupo das montmorilonitas, muito
usada em serviços de engenharia que envolvam
escavações em solos (paredes diafragmas, sondagens,
etc...).
Solos Arenosos
n Bem definidos pela granulometria
n Comportam-se de maneira semelhante
(com mesma compacidade)
n Solos Finos podem ter mesmo Índice de
Vazios e comportamentos diferenciados
Definição de Plasticidade
n Propriedade de certos solos serem
moldados sem variação de volume. Isto
ocorre porque, a forma lamelar das
partículas permite um deslocamento
relativo entre elas, sem necessidade de
variação de volume.
n Esta plasticidade dependerá também do
teor de umidade da argila.
Plasticidade dos Solos
n A forma dos grãos possibilita que eles
deslizem uns sobre os outros
n A água intersticial deve funcionar como
uma partícula lubrificante
n Se existir água em demasia, as
partículas como que estarão em
suspensão e o corpo não será mais
plástico e sim um líquido viscoso
Plasticidade dos Solos
n Se existir pouca água, as forças
capilares serão muito grandes e os
grãos se aglutinarão, formando torrões
quase sólidos, que não poderão ser
moldados e, ao sofrerem esforços de
deformação, se quebrarão.
Limites de Consistência

wS = Limite de Contração
wP = Limite de Plasticidade
wL = Limite de Liquidez
Fatores que Influenciam os
Limites de Consistência
n Espécie mineralógica da fração argilosa;
n Estrutura;
n Forma e tamanho dos grãos;
n Umidade.
Limite de Liquidez
Aparelhagem utilizada no ensaio

Balança sensível a 0,01g


Aparelho Casagrande
Balança sensível a 0,01g

Cinzel
Limite de Liquidez
Aparelhagem utilizada no ensaio

8 cm
2 cm

Espátula

Recipiente para guardar amostras

Cápsula de Porcelana Pinça para retirar objetos da estufa


Determinação do Limite de
Liquidez

Seqüência do Ensaio
Determinação do Limite de
Liquidez (wL)
n O wL é admitido como a
umidade que um sulco
previamente feito em uma
amostra colocada em um
aparelho especialmente
projetado para este ensaio por
Casagrande, fecha com 25
"golpes", na extensão de 1/2".
No ensaio, obtém-se em torno
de 5 pares de valores umidade
x número de golpes para fechar
o sulco e plota-se em um
gráfico semilogarítmico.
Interpola-se uma reta por estes
pontos. O wL é a umidade
correspondente à 25 golpes.
Determinação do Limite de
Plasticidade (wp)
n O wP é a umidade para a qual um cilindro de
solo rompe com diâmetro de 3 mm quando
"rolado" em uma superfície lisa, com a palma
da mão exercendo uma suave e constante
pressão. Para reduzir a influência do
operador, a norma brasileira (NBR 7180)
exige que o wP seja a média aritmética de no
mínimo 3 valores sendo que estes não podem
estar fora de uma faixa de ± 5% desta
mesma média.
Determinação do Limite de
Contração (ws)
n O wS é a umidade para a Fórmula
qual a amostra deixa de
reduzir de volume quando
em processo de secagem. É
determinado colocando-se
uma pastilha de solo ¬ onde:
saturado para secar em uma § w1 = umidade da amostra
estufa de 105º a 110º C. saturada;
Posteriormente mede-se o
§ V1 = volume da amostra
volume da pastilha seca
utilizando-se uma cuba com saturada;
mercúrio e através da § Vd = volume da amostra
fórmula apresentada a seca;
seguir.chega-se ao limite de § Wd = peso da amostra seca.
contração
Índice de Plasticidade (IP)

IP = wL - wP
n 1 < IP < 7 => fracamente plástico;
n 7 < IP < 15 => medianamente plástico;
n 15 < IP => altamente plástico.

n Assim quanto maior fosse o IP, tanto mais plástico


seria o solo. Entretanto, sabe-se agora que só o IP é
insuficiente para julgar a plasticidade de um solo.
Carta de Plasticidade
n Casagrande propõe a
conhecida carta de
plasticidade, em função
do IP e do wL. Os solos
que se situassem acima
da Linha A seriam
plásticos (argilosos) e
os que se situassem
abaixo da Linha A
seriam pouco ou nada
plásticos (siltosos). O
gráfico ao lado é uma
versão incompleta da
Carta de Plasticidade de
Casagrande
Atividade
n É a propriedade, que algumas argilas têm, de poder transmitir
ao solo, em maior ou menor grau, um comportamento argiloso,
isto é, uma maior ou menor plasticidade e coesão.
n Um solo residual de arenito, cuja granulometria mostrasse 15%
de argila, deveria, em princípio, ser considerado areia.
Entretanto, alguns deste tipo de solo no Brasil mostram
plasticidade e coesão elevada, principalmente quando secos. É
que os 15% de argila foram capazes de conferir-lhe um
comportamento argiloso.
n Skempton propôs um índice que serviria como indicação da
maior ou menor influência da fração argilosa nas propriedades
geotécnicas de um solo:
Índice de Atividade
¬ onde %<2µm é a percentagem
Ip de argila (partículas menores
que 0,002 mm).
Ia =
% < 2 µm
n Ia < 0.75 => inativas
n 0.75 < Ia< 1.25 => normais
n Ia > 1.25 => ativas
Coesão
n É a resistência que a fração argilosa empresta
ao solo, tornando-o capaz de se manter
coeso em forma de torrões ou blocos, ou
capaz de ser cortado em formas diversas e
manter esta forma. Os solos que têm esta
propriedade chamam-se coesivos. Os solos
não coesivos esborroam-se facilmente ao
serem cortados ou escavados.
n Pode-se definir coesão como a resistência ao
cisalhamento de um solo quando sobre ele
não atua pressão externa alguma.
Origens da Coesão
n A existência de um cimento natural ligando os grãos:
são os solos concrecionados tais como o loess (não
existente no Brasil), cujo o cimento é o carbonato de
cálcio e a argila laterítica do DF cujo o cimento é o
óxido de ferro.
n A pressão capilar na água intersticial: é o que
chamamos coesão aparente, que tem efeito
temporário, pois os meniscos tenderão a se
desfazerem à medida que ocorra deformação no solo
ou que este se sature.
n A eventual ligação entre os grãos, muito próximos
uns dos outros, exercida pelo potencial atrativo de
natureza molecular ou coloidal: é o que chamamos
de coesão verdadeira.
Consistência dos Solos
n Refere-se, sempre, a solos
coesivos. É definida como a
wL - w
maior ou menor dureza com
a qual uma argila é IC =
encontrada na natureza. O
Índice de Consistência é
IP
dado por:

n Ic < 0 => argila muito mole;


n 0 < Ic < 0.5 => argila mole;
n 0.5 < Ic < 0.75 => argila média;
n 0.75 < Ic < 1.0 => argila rija;
n 1.0 < Ic => argila dura.

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