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A CONSTITUIÇÃO DA SUPERFÍCIE DA TERRA

A superfície da Terra tem na sua constituição a litosfera, que é a cama da rija, rochosa,
independentemente da sua constituição.
Sobre ela atuam a atmosfera e a hidrosfera (que é uma camada descontínua que cobre mais de
70% da superfície da Terra e que engloba a água armazenada na litosfera - oceanos, rios, lençóis
de água subterrânea - assim como a dissolvida ou suspensa na atmosfera. Interatuando com
estas três definições temos a biosfera que engloba todos os organismos vivos.

A litosfera é constituída por rochas que existem numa variedade de formas, texturas e cores,
mas todas tiveram origem em uma das três maneiras:

• arrefecidas de magma em fusão proveniente do interior da Terra que surge na superfície


através dos vulcões ou no interior de rochas. São chamadas Rochas ígneas (magmáticas ou
eruptivas) e resultam da solidificação e cristalização. Estas rochas têm na sua formação
elevadas temperaturas. O magma liquefeito surge dos vulcões na forma de lava que corre
sobre as rochas da superfície e arrefece, formando cristais que crescem até que todo o magma
se torna uma massa sólida de rocha cristalina. Grande parte da crosta da Terra é rocha ígnea.
Diminuição da temperatura e da pressão origina rochas intrusivas ou plutónicas e extrusivas
ou vulcânicas.

30. EXP – Arrefecer e solidificar


Se acendermos uma vela e deixarmos pingar a cera quente dentro de um recipiente com água
fria, a cera solidifica, exemplificando a formação de rochas ígneas.

• formadas pela deposição de sedimentos da água após compressão até se tornarem sólidos.
São chamadas Rochas sedimentares e surgem devido à ação da hidrosfera, atmosfera e
biosfera sobre a superfície da Terra. Estas rochas formam-se a temperaturas normais. Três
quartos das rochas ígneas da crosta terrestre estão cobertos por rochas sedimentares, camadas
finas de detritos que se depositam no fundo dos oceanos, lagos e rios. Também o vento está
envolvido neste processo transportando partículas pequenas. Temperatura e pressão normais
na superfície da terra

31. EXP – Rochas sedimentares para o lanche


Para demonstrar a formação de rochas sedimentares podes aproveitar a preparação das sandes
de pão de forma, usando geleia e manteiga de amendoim.
Barra uma fatia de pão com manteiga de amendoim, coloca sobre ela uma camada de geleia e
cobre com outra fatia de pão.
Se observares a sandes compreendes que à medida que os materiais são depositados formam
camadas, os estratos, que podem ter diferentes texturas, composição e cores.
O estrato mais antigo é o que está por baixo.
Com o tempo, e devido à pressão as camadas compactam-se o formam estruturas rochosas
sólidas.

32. EXP - Sedimentação e transporte de materiais.


Encher com água uma garrafa de plástico até três quartos da sua capacidade.
Colocar dentro da garrafa areia cascalho e pedras pequenas. Colocar a rolha na garrafa e agitá-la
durante alguns segundos.
Colocar a garrafa sobre uma mesa e aguardar várias horas.

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• O que vos parece que acontece?

Os materiais vão depositar no fundo da garrafa, formando camadas, enquanto as partículas mais
pequenas (menos densas) ficam em suspensão. Para o fundo vão as pedras pequenas seguidas do
cascalho e por fim a areia.

33. EXP - Fabricar rochas sedimentares / Fósseis


Misturar corante alimentar de várias cores com uma mistura de areia húmida e argamassa num
recipiente. Usar recipientes diferentes para cada cor.
Colocá-los em camadas dentro de uma garrafa de plástico, à qual se cortou previamente o
gargalo.
Entre duas camadas pode-se colocar uma concha untada com vaselina.
Deixar a massa secar durante alguns dias.
Quando estiver bem seca, cortar a garrafa de plástico retirando o bloco interior de areia colorida
que corresponde a uma rocha sedimentar estratificada (constituída por camadas, estratos).
Abrindo o bloco vai se encontrar a marca da concha na areia, correspondendo a um fóssil.

• refeitas a partir de rochas preexistentes quer pela ação das altas temperaturas do magma em
fusão, quer por forças destrutivas como por exemplo as forças que constroem montanhas.
São as Rochas metamórficas e na base da sua formação está o ciclo tectónico. As rochas
ígneas, as sedimentares e até as metamórficas podem sofrer alterações por estes processos.
Aumento de temperatura e de pressão.

As rochas são feitas de minerais na forma de pequenos cristais. Um mineral é um elemento


químico que se forma naturalmente na Terra.

Há vários milhares de diferentes minerais, mas 30 são mais comuns, e existem em rochas como
por exemplo: o granito, a ardósia, o mármore etc.

Algumas rochas têm um só mineral, outras são constituídas por vários, dependendo do modo
como a rocha foi formada.

Para identificar os minerais podem se usar algumas das suas caraterísticas como por exemplo o
BRILHO (forma como o mineral reflete a luz), a COR e a dureza.

Por vezes o mesmo mineral pode ser encontrado em mais do que uma cor

Quanto à DUREZA há a escala de MOHS na qual a identificação do mineral depende da


substância que o consegue riscar.
Por exemplo o gesso é riscado com a unha, enquanto para o quartzo é necessário usar uma lima
de aço.

Um importante grupo de minerais é dos silicatos, constituídos por sílica e oxigénio, e que
entram na composição de 98% de todas as rochas da Terra.

Um outro grupo inclui os carbonatos, constituídos por carbono e oxigénio, e que estão na
constituição das conchas marinhas.

EXP - Os carbonatos são facilmente identificados com algumas gotas de um ácido (por exemplo
o vinagre é um ácido fraco). O ácido faz com que os carbonatos se tornem efervescentes e

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borbulhem. A efervescência é provocada pela libertação do dióxido de carbono do carbonato ao
dissolver.

As substâncias dissolvidas na água podem ser retiradas de duas maneiras: por precipitação
direta em certas condições, como acontece nas salinas, ou por uma ação de remoção devida a
certos organismos, como é extraído o carbonato de cálcio par a formação das conchas de alguns
animais como o mexilhão.

34. EXP - Dissolver uma grande quantidade de sal na água, colocá-la num prato e deixar num
sítio quente.
• que vai acontecer?
A água evapora e o sal por ficar em excesso precipita no fundo do prato.

MODELAÇÃO DA TERRA

São vários os agentes da erosão que por um processo gradual mudam a superfície da Terra,
desmoronando montanhas, aplanando planícies e alargando vales.

São agentes de erosão a chuva, a água corrente, as ondas, o gelo em movimento, o vento e
as variações de temperatura.
São dois os fatores que determinam os processos de erosão.

1. A gravidade, que permite a qualquer bloco ou partícula passar dos pontos mais altos para
pontos mais baixos
2. A energia solar, motor principal dos movimentos da água, dos ventos e das correntes à
superfície do globo.

Esta energia é considerável. A título de exemplo, estatisticamente o ciclo de evaporação -


precipitação de uma molécula de água não dura mais de 9 dias.

Estes agentes de erosão vão “destruindo” lentamente o planeta, constituindo um processo que se
chama “desnudação”.

No séc. XVIII perguntava-se como era possível que sendo o Mundo uma criação de Deus,
porque haveria Deus de destruir essa sua criação pelo processo de desnudação.

Em 1795 Hutton resolveu este problema com a teoria dos ciclos de desnudação. Apesar de a
paisagem estar constantemente a ser desgastada, Hutton argumentava que todo esse material era
depositado no mar, onde acabava por entrar no ciclo e voltar a ser transformado em rocha, que
depois surgia para formar nova paisagem. Por isso não era um processo destrutivo, mas
transformante.

Com a observação de que o mar também muda a paisagem não há qualquer dúvida de que a
água corrente, como no rio, desempenha um papel primordial na modelação da Terra.

Ao processo de transformação das rochas quando exposta ao ar, ao sol e à água, chama-se
“meteorização”.

Já vimos experiências sobre o efeito erosivo da água nas rochas.

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Após as rochas terem sido fragmentadas, o alterar da paisagem pode ser um processo lento ou
repentino.

1 -Nos processos lentos os fragmentos são atraídos pela força da gravidade, mas existe alguma
fricção entre os fragmentos e a vertente na qual estes se deslocam. A fricção causa forças de
sentido oposto à ação da gravidade e atrasam o desmoronamento. Forças de atrito. O declive
das vertentes depende do material que o constitui.

35. EXP - Encher um recipiente até meio (por exemplo um jarro) com terra e fazê-la cair de
encontro a uma cartolina muito bem segura na vertical.
Desenhar na cartolina a forma do monte que se formou.
Repetir com outros materiais como por exemplo cascalho, areia, ou grãos de pimenta, tendo o
cuidado de usar apenas meio jarro.
Comparar as vertentes desenhadas e pode-se medir o ângulo de declive com um transferidor.

• A terra faz o declive mais íngreme.


• A areia faz um declive íngreme e liso.
• O cascalho faz um declive íngreme, mas irregular.
• Os grãos de pimenta fazem um declive baixo e espalhado.

2 - Um processo repentino pode ser causado por exemplo por um sismo ou pela ação do homem
ao escavar o terreno, pode-se originar um desmoronamento que arrasta toneladas de solo ou
rocha em poucos segundos.

Assim podemos distinguir desabamentos de derrocadas, sendo o desabamento causado pela ação
da gravidade nos blocos rochosos que sofreram desagregação desordenada, e a derrocada por
deslocamentos de massa causados pela erosão de um componente.

Os deslizamentos de terrenos são deslocamentos lentos de uma massa de terra ao longo de uma
superfície.
Os deslizamentos dependem do declive, da natureza do material e do teor de água e
quantidade de ar.

36. EXP - Usando areia molhada em água salgada fazer um bolo de areia com um balde de
praia. Lavar a areia com água doce e fazer outro bolo de areia.
Qual vos parece que se vai desmoronar?

Desmorona-se mais facilmente o bolo de areia em água doce, porque o sal atua como um
cimento mantendo a areia unida.

O teor em água pode reduzir a estabilidade do declive pois a saturação pela água aumenta a
velocidade do movimento de massa, por dissolver algumas substâncias e destruir a coesão entre
os materiais.

Sem água as paisagens pareceriam lunares, como nos desertos onde a água escasseia. Os rios e
as correntes moldam e suavizam os contornos, desgastando e depois depositando. Para os
gregos os rios eram um mistério. Deles dependiam as colheitas e eram as principais vias de
transporte, mas desconheciam porque é que as águas dos rios estavam sempre em movimento.

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Tales (635-550 a.C.) já tinha uma noção correta do ciclo da água, com a evaporação,
condensação e chuva. Mas a água que caia na chuva não parecia suficiente para encher os rios e
por isso achavam que os rios eram alimentados por fontes subterrâneas a partir do mar.

Até ao séc. XVII pensava-se que havia redes de água sob o solo alimentadas por cavernas
subterrâneas.

Em 1674 Perrault, cientista francês, mediu a chuva que caiu na zona da França irrigada pelo
Sena e seus afluentes e verificou que a chuva era suficiente para encher seis vezes o Sena.

Esta verificação não explicava porque as águas do rio corriam também quando não chovia.

Marriote verificou seis anos mais tarde que as fontes deitam mais água depois de ter começado a
chover. Assim percebeu que quando chove intensamente a água da chuva não corre apenas por
cima da terra, mas que também se infiltra no solo antes de voltar à superfície nas fontes.
Como a água demora algum tempo a infiltrar-se no solo, o caudal de água que sai da fonte
aumenta depois das chuvadas terem começado.
Este desacerto explica porque a água subterrânea fornece normalmente uma corrente constante
aos rios, enquanto a água que corre à superfície fornece correntes de cheia quando chove.

O rio Mississipi por exemplo obtém mais de um terço da sua água do subsolo.

A água da chuva infiltra-se nos poros do solo e em fendas das rochas, podendo descer centenas
de metros abaixo da superfície.

37. EXP - Testa a diferente permeabilidade dos solos


Podes usar um funil ou improvisar um cortando a parte de cima de uma garrafa e invertendo-a.
Colocar na saída do funil um pouco de tule bem preso com um elástico.
Pousar o funil num recipiente graduado.
Colocar um pouco de areia no funil. Medir uma quantidade de água e colocar sobre a areia.
Registar o tempo desde que se começa a colocar a água até que toda a água caia no recipiente de
baixo.
Repetir a experiência usando outros materiais como cascalho e terra, tendo o cuidado de colocar
sempre a mesma quantidade de material no funil e a mesma quantidade de água.
Podemos esperar que toda a água caia no recipiente de baixo (volume constante) ou definir um
período de tempo (tempo constante) e determinar que volume de água consegue recuperar de
cada tipo diferente de material.

Quando a água que se infiltra encontra o maciço rochoso acumula-se formando reservatórios.
Os lençóis de água subterrâneos quando encontram a superfície formam as fontes.

38. EXP - Demonstra a infiltração


Usar um recipiente de vidro como um antigo aquário e enche-o de areia. Enterrar um funil junto
ao vidro para se ver bem de fora. Colocar água no funil e observar a água a infiltrar-se na areia
(vertical). Pode-se anotar também o tempo que demora um volume certo de água a descer o
funil, e comparar com o resultado obtido para outros materiais como a terra (radial).

Quando os lençóis de água subterrâneos encontram rocha calcária a água vai dissolvendo a
rocha formando enormes grutas. Nestas grutas o constante pingar da água carregada de sais
origina as estalagmites e estalactites.

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A estalactite fica presa ao teto e forma-se à medida que a água das gotas se vão evaporando e os
minerais cristalizam.
As estalagmites são originadas também pelo processo de evaporação, mas são resultantes da
contínua acumulação de cristais a partir do solo devido à evaporação da água que pinga sempre
no mesmo local.

39. EXP – Estalagmites e Estalactites


Colocar sais de frutos em dois frascos e cobre-os com água.
Usar um cordel de 60 cm e ata uma anilha a cada extremidade, colocar uma em cada frasco, de
modo que mantenham o cordel em contacto com a água.
Aproximar os frascos, o suficiente para que o cordel fique pendurado em forma de V, a cerca de
2,5 cm da mesa, na qual se deve colocar uma folha de papel.
Deixar uma semana e observar que a água vai pingando, formando deposição de cristais no
cordel e acumulação na folha de papel por baixo deste.

Parece haver duas explicações para a água correr na superfície e não se infiltrar em solos
permeáveis:
• quando a quantidade de água que caiu é tanta que o solo não tem tempo de a absorver por
completo antes dela correr;
• quando o solo está completamente saturado de água e não tem capacidade de absorver mais.

Os rios são alimentados por afluentes que próximos da fonte são mais íngremes, mais curtos e
em maior número, e à medida que nos aproximamos da foz são em menor número acabando
num só canal, comprido, de declive suave.

Embora numa primeira observação possa parecer que nos rios das zonas montanhosas (a
montante) as correntes são mais rápidas e junto ao mar mais lentas, parecendo estar de acordo
com o desgaste energético dos leitos nas regiões íngremes e deposição dos detritos nas regiões
mais planas (a jusante), a partir dos anos 60 foi possível começar a medir os fluxos dos rios e
mostrou-se que alguns rios tem correntes muito mais fortes junto à foz, a jusante, por haver
menos forças de atrito das margens e do leito.

A montante o atrito é muito grande por a água ser pouco profunda e correr em leitos de blocos e
cascalho.
Se em zonas mais íngremes a corrente pode ser muito rápida, em locais mais planas a água pode
estar quase parada, porque o atrito dificulta o movimento das águas.

Nos locais mais baixos a jusante o caudal do rio é maior, os leitos dos rios são menos irregulares
e normalmente forrados por um lodo fino, que facilita o deslizar das águas sendo a corrente
mais regular nestes locais.

Se olharmos a superfície de um rio podemos ver que a água não corre toda à mesma velocidade
No centro do rio a água corre com mais velocidade, mas junto ao fundo, e junto às margens as
águas sofrem o atrito do leito e das margens, respetivamente, o que reduz a velocidade das
águas.

Um curso de água gasta cerca de 95% da sua energia a vencer o atrito.

A carga de um rio é todo o tipo de material que o rio consegue transportar no seu percurso.
Este material pode ser deslocado de três maneiras:

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• dissolvido na água
• em suspensão
• rolando ou em pequenos saltos sobre o leito do rio

Os rios não têm um percurso linear, mas tendem a formar um rendilhado de curvas a que se
chama meandros. Se observarmos um rio de cima, por exemplo de avião, podemos ver uma
série de curvas regulares em forma de ferradura que o rio faz ao dirigir-se para a foz.

Várias teorias tentam explicar a formação dos meandros, mas não há uma única explicação. A
forma como a água cria remoinhos entre as margens e a maneira como desgasta as margens em
alguns locais e deposita posteriormente são fatores importantes.
Também são fatores importantes o material que compõe as margens e o leito do rio e a
quantidade de água que o rio transporta.

40. EXP - Num dia na praia podem observar, na maré baixa, que a água das poças tende a
dirigir-se para o mar e formar como pequenos rios, que se ramificam parecendo os meandros.

O SOLO
O solo é uma camada de materiais soltos que cobre a maior parte da Terra. A profundidade do
solo pode ser de alguns metros a vários quilómetros.

Na sua constituição estão rochas alteradas, água, ar e matéria orgânica proveniente da


decomposição dos seres vivos. É indispensável para a sobrevivência de plantas e de animais que
dependem das plantas na sua alimentação

O solo é um sistema vivo e dinâmico porque sofre constantes alterações devido a complexos
processos físicos, químicos e biológicos.

A alteração das rochas por desagregação de origem química e/ou mecânica conduz à formação
de elementos dissociados pelos agentes da erosão.

O transporte efetua-se na atmosfera ou na hidrosfera.

São cinco os fatores que afetam a natureza dos solos:

1. o substrato rochoso
2. a atividade orgânica
3. o clima
4. o tempo
5. a situação geográfica

1 - O substrato rochoso
Os solos têm na sua composição matéria rochosa que é oriunda principalmente do
próprio substrato rochoso que sofreu fragmentações e alterações químicas. Porém alguns
fragmentos de rocha podem ser transportados pelos agentes de erosão, o vento, as águas
correntes, ondas e glaciares.
Por essa razão normalmente os solos não são iguais à camada rochosa que os suporta.

2 - A atividade orgânica
A atividade orgânica afeta o solo de várias maneiras: as folhas, as cascas, os ramos e as raízes
das plantas mortas decompõem-se transformando-se numa substância gelatinosa, o húmus.

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Nesta decomposição participam bactérias e fungos que decompõem a matéria orgânica
produzindo novos compostos orgânicos e matéria inorgânica.

Nos USA, nos anos 30, os agricultores aprenderam de uma maneira desastrosa da importância
da decomposição para o enriquecimento dos solos.
Durante anos, nas pradarias americanas após as colheitas do trigo, ceifavam e queimavam a
palha. Com o decorrer dos anos como mais nenhuma matéria orgânica era adicionada aos solos
estes tornaram-se pobres e secos. Nas épocas de seca o vento desgastou aqueles terrenos
tornando-se impossível voltar a cultivar essas terras.

A quantidade de húmus define a qualidade do terreno.

* O húmus é alimento para os microrganismos, mas também ajuda o solo a formar torrões
mantendo uma estrutura mais homogénea por ligar os grãos dos minerais.
* Além disso mantém a humidade do solo, permitindo a drenagem (não ensopa) sem secar.
Deste modo conserva os minerais no solo superior, onde estes são necessários para as plantas.
* O húmus facilita também a circulação de ar nos solos.

41. EXP - A matéria orgânica dá consistência ao solo


Colocar água em dois recipientes iguais e marcá-los com etiquetas como solo rico e solo pobre.
Arranjar um torrão de solo rico, húmus, e outro de solo pobre.
Colocar os torrões em duas gazes ou redes, com cuidado para não se desfazerem.
Colocar as gazes na boca dos frascos de modo que os torrões contactem a água sem estarem
completamente mergulhados.
Verificar que o solo pobre em contacto com a água desfaz-se começando rapidamente a cair
bocados de terra no fundo do frasco.
O solo rico mantém-se unido no torrão.

42. EXP - Conteúdo orgânico


Colocar em três frascos a mesma quantidade de três solos diferentes - um solo rico de húmus,
um solo seco e pobre onde não cresçam plantas, e outro intermédio, por exemplo de um vaso já
antigo. Juntar a mesma quantidade de água.
Fechar os frascos e agitar vigorosamente.
Deixar algumas horas em repouso.
Os fragmentos maiores, como pedras, irão repousar, mas na água vão ficar a flutuar os
conteúdos orgânicos de cada solo.
Verificar que o húmus contém sem dúvida a maior quantidade de matéria orgânica.

43. EXP - Medir o ar no solo


Colocar um pouco de terra num recipiente graduado. Alisar a superfície e medir o volume que
ocupa.
Medir igual quantidade de água noutro recipiente.
Juntar a água com a amostra de solo.
Espera-se que o volume do solo com água seja igual ao volume da água mais o volume do solo.
Verificar que o volume total é menor do que a soma dos dois volumes medidos.
Isto é possível porque a terra não é um bloco compacto sólido, mas contem ar no seu interior.
Se prestarmos atenção podemos ver algumas bolhas de ar a serem libertadas quando a água
passa a ocupar os espaços do ar.

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Inúmeros seres vivos com as minhocas, as formigas, os roedores, etc., remexem os solos, e
misturam a matéria orgânica dos diferentes locais.
Como fazem isso?
Ao cavarem os seus túneis para construírem as suas tocas.

As minhocas, por exemplo, ingerem solo que ao passar no seu aparelho digestivo sofre
alterações na sua textura e composição química.

Curiosamente Darwin (1809-1882) concluiu que as minhocas dos jardins ingleses produziam
6,5 toneladas de excrementos por hectare.

Um estudo de um campo de pastagens na Nova Zelândia concluiu que o peso das minhocas que
existiam naquele solo era igual ao peso dos carneiros que se alimentavam à superfície.

44. EXP - Um bom solo é um solo vivo


Colocar terra de um solo bom num funil colocado dentro de um frasco.
Colocar um candeeiro a incidir a luz na terra superior dentro do funil.
Verificar que os pequenos animais são animais noturnos e tentam esconder-se da luz tentando
passar para a terra mais funda, acabando por cair dentro do frasco.

3 - O clima / situação geográfica


• O clima é talvez o fator mais importante.

As temperaturas elevadas nos trópicos tendem a fazer diminuir a acumulação de húmus, mas
favorecem as reações químicas decompondo as rochas em maior profundidade.

Com as temperaturas muito baixas a vida animal e vegetal é inibida.

A quantidade de chuva em cada local é também um fator que afeta a constituição dos solos. Em
locais mais secos as plantas não podem crescer.

Porém se chover em demasia os solos não conseguem absorver toda a água, como já falámos,
por estar completamente saturado ou por não ter tempo para absorver a água, e a água ao mover-
se na superfície arrasta minerais.

45. EXP - A chuva arrasta nutrientes da terra


Colocar num funil com filtro de papel um pouco de terra previamente misturada com tinta de
pintura a têmpera.
Deita água no funil com terra corada e verifica que a água que recolhes é corada da mesma cor.

As raízes das plantas facilitam a infiltração da água e ajudam a manter os nutrientes minerais no
solo porque os faz subir através das raízes.

46. EXP – O papel das raízes na infiltração da água


Preparar dois vasos com terra bem calcada, bem compactada. Num deles espetar dois ou três
paus. Regar ambos os vasos com a mesma quantidade de água. Verificar que no vaso com os
paus espetados a água infiltra-se mais depressa e não forma uma poça como no outro.

O declive dos terrenos também é um fator importante para a formação de solo. Nas encostas
íngremes a água escorre facilmente e arrasta o solo que se vai formando.

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4 - O tempo, unidade temporal

As paisagens vulcânicas e as dunas de areia no litoral são solos recentes que não tiveram ainda
tempo para amadurecerem e completarem a sua constituição.

Por outro lado, os solos das planícies de África são solos demasiado velhos que sofrem mais o
efeito do clima.

Se fizermos um corte num terreno podemos definir várias camadas ou horizontes no perfil do
solo:
1. Uma camada fina de húmus (folhas mortas e outras camadas orgânicas)
2. Uma camada escura e rica em húmus onde as raízes das plantas retiram os seus nutrientes
3. Um subsolo mais pobre em húmus, mas rico em minerais do solo superior
4. Um material estéril composto por fragmentos de rocha alterados
5. Um leito rochoso completamente estéril e duro

A água é sem dúvida o agente que mais provoca alterações nos solos.

A água ao penetrar nos solos arrasta minerais e matéria orgânica através do solo tornando o solo
de superfície mais pobre e por vezes torna-o ácido e estéril.
A acidez de um solo pode dever-se ao excesso de matéria orgânica ou à própria respiração dos
animais que libertam dióxido de carbono e este dissolve-se na água e acidifica os solos.

Infelizmente há outro fator que acidifica os solos.

 A chuva ácida (a incluir na Poluição)


Quando a gota da chuva se forma é constituída apenas por água pura. Porém ao atravessar a
atmosfera consegue dissolver algumas substâncias do ar que são uma consequência da poluição
excessiva de dióxido de carbono produzido pelos automóveis e fábricas, nas combustões.
As chuvas ácidas produzem desgastes nos edifícios de pedra por corroerem as rochas, e causam
necrose nas folhas das plantas. Nos animais originam graves problemas respiratórios.

• excesso de acidez do solo torna-o estéril pois nenhuma planta consegue sobreviver com pH
baixos.

O pH é a medida da acidez ou alcalinidade de qualquer solução. O pH neutro é 7,0. Os fluidos


do nosso organismo têm um pH de 7,2. As soluções ácidas têm pH de 0 até 7 enquanto as
alcalinas ou básicas têm pH de 7 até 14.

47. EXP - Determina a acidez do solo


Preparar um indicador de pH com couve roxa. Ferver água destilada e deitá-la quente sobre
couve roxa cortada em bocados pequenos. Deixar arrefecer.
Após filtrar adicionar um pouco da solução a diferentes solos. Verificar que nos solos alcalinos
a solução fica roxo escuro enquanto nos solos ácidos o indicador fica de cor rosa.

48. EXP - Determinar a acidez da chuva


Recolher chuva num recipiente em locais diferentes, por exemplo na cidade industrializada,
perto de uma fábrica que liberte gases para a atmosfera, e num local onde haja menos
automóveis a circular e não haja fábricas.

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Preparar um indicador de couve roxa.
A chuva normalmente já é ligeiramente ácida. Porém em locais poluídos por automóveis e
fábricas pode ser mais ácida. Comparar a mudança de cor quando se adiciona indicador de
couve roxa aos diferentes recipientes com chuva colhida em diferentes locais.

Os fatores que mais provocam alterações nos solos são os agentes de erosão. Porém o Homem
tem um papel muito importante acelerando estes processos.

O devaste de florestas para futuros campos de cultivos tem implicações na vida do planeta
Terra por:

• diminuir a fotossíntese e consequente diminuição do consumo do dióxido de carbono;


• destruir o habitat natural de alguns animais como aves e animais pequenos que habitam as
cascas das árvores;
• aumentar a erosão do solo, tornando-o altamente vulnerável à erosão pelo vento e pela água;
• diminuir a infiltração da água no solo arrastando nutrientes do solo superior e tornando-o
mais pobre.

Sendo a água um forte agente de erosão, sabemos que a chuva ao cair também pode causar
alteração nos solos, principalmente quando não há vegetação.

49. EXP - Erosão pela chuva


Fazer um monte de areia num prato e aplanar um pouco o pico. Pôr algumas moedas nessa
superfície plana.
Colocar o prato num local que apanhe chuva.
Observar que a chuva vai arrastando a areia desfazendo o monte, e enchendo o prato.
Porém debaixo de cada moeda fica um pilar de areia que demora mais tempo a desfazer-se.

A erosão pelo vento ocorre porque o vento desgasta os terrenos, levando partículas maiores e
menores e atirando-as contra a superfície das rochas causando também nelas algum desgaste e
podendo até criar formas estranhas recortadas nas rochas.

Na destruição das grandes planícies na América do Norte que já foi citado, os ventos levantaram
a terra pobre e seca formando uma nuvem de poeira que cobriu carros e estradas. As populações
tinham que usar máscaras para poderem respirar. Algumas áreas chegaram a perder 1 metro de
solo.

50. EXP - O vento na areia


Encostar um bloco de madeira a um dos topos de uma cuvete de gelo (recipiente com divisórias
em plástico ou borracha usado para formar cubos de gelo).
No bloco de madeira colocar um monte de areia a formar uma duna.
Usar um secador de cabelo ou soprar com um sopro constante lateralmente à duna de areia.
Verificar que nos espaços mais próximos da cuvete ficam as partículas de areia maiores e mais
pesados e que a areia, mais fina e mais leve, é transportada para mais longe.

As dunas de areia mais habitual nas nossas praias são dunas transversais porque a areia é
abundante e os ventos constantes.
Voltados para o vento estão os declives suaves, mas do lado contrário do vento formam declives
íngremes.

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51. EXP – Formar dunas de areia
Cobrir um tabuleiro com uma camada fina de farinha (areia).
Soprar com uma palhinha de modo a empurrar a farinha para o fundo do tabuleiro.
As partículas da farinha vão ser arrastadas pelo ar e vão-se amontoar de um modo semelhante às
dunas de areia.

Porém quando o vento é muito forte pode formar dunas parabólicas, com a concavidade virada
para o vento.

Nas regiões desérticas as dunas são diferentes. Os ventos de força e direção variável e a escassa
areia levam à formação de dunas lineares ao longo da direção de vento.

Se o vento soprar só em uma direção nestas regiões de pouca areia as dunas são convexas,
contrariando a estrutura das dunas parabólicas.

A forma das dunas depende da intensidade e direção constante ou variável do vento assim como
da quantidade de areia disponível.

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