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Sistemática

No nosso planeta existe uma grande diversidade de seres vivos, pelo que o seu estudo
se torna, muitas vezes, difícil.

Os cientistas sentiram, ao longo do tempo, a necessidade de agrupar e classificar os


seres vivos. Assim, ordenar ou classificar os organismos vivos, atribuindo-lhes um
nome (nomenclatura), tornou-se uma tarefa necessária para referenciar os grupos de
seres vivos de forma a melhor se compreender e conhecer a diversidade das espécies
existentes na Terra.

A classificação agrupa os seres vivos de acordo com critérios pré-estabelecidos.


Assim, os grupos de seres vivos formados dependem dos critérios selecionados.

A Taxonomia é o ramo da Biologia que se ocupa da classificação e


da nomenclatura dos diferentes grupos de seres vivos formados. Tem como finalidade
adotar sistemas de classificação uniformes que expressem, da melhor forma, o grau de
semelhança entre os organismos

Também relacionada com a classificação, a Sistemática recorre à Taxonomia e à


Biologia Evolutiva e utiliza todos os conhecimentos disponíveis sobre os seres vivos
para compreender as suas relações de parentesco e a sua história evolutiva,
desenvolvendo sistemas de classificação que refletem essas relações.

Sistemas de classificação

Com os avanços da Ciência e da Tecnologia, os conhecimentos sobre os seres vivos


foram também evoluindo. Assim, os critérios utilizados nas classificações e os próprios
sistemas de classificação também se foram alterando e evoluindo ao longo do tempo
Os reinos da vida

O reino é a categoria taxonómica mais ampla, inclui maior número de espécies que as
restantes categorias e as semelhanças entre elas são menores.

Os sistemas de classificação correspondem a formas de organização de dados


respeitantes aos seres vivos que se pretende classificar. À medida que vão surgindo
novos dados sobre os seres e que os critérios de classificação vão sendo revistos, as
classificações podem ser alteradas. Por exemplo, a classificação dos seres vivos em
reinos sofreu diversas modificações:

Sistema de classificação de Whittaker

O sistema de classificação em cinco reinos é bastante coerente, pois permite


sistematizar as características mais importantes dos principais grupos de organismos.
As modificações propostas por Whittaker verificaram-se, principalmente, no reino
Protista, que passou a incluir os fungos flagelados e as algas, quer sejam unicelulares,
quer sejam multicelulares.

Vários critérios estão subjacentes a esta classificação, sendo os principais o nível de


organização estrutural, os tipos de nutrição e as interacções nos ecossistemas:

 organização estrutural

– diz respeito ao tipo de célula, se é procariótica ou eucariótica, e se os seres são


unicelulares ou pluricelulares.

 tipos de nutrição

– tem como base o processo de obtenção de alimento, os seres podem ser


autotróficos fotossintéticos ou quimiossintéticos ou podem ser heterotróficos,
obtendo o alimento por ingestão ou por absorção.

 interacções nos ecossistemas

– são as interacções alimentares que os organismos estabelecem no ecossistema,


estão relacionadas com o modo de nutrição. Assim, consideram-se:

– os produtores, que são seres autotróficos;

– os macroconsumidores, que são heterotróficos e que obtêm os alimentos por


ingestão;

– os microconsumidores, são heterotróficos decompositores ou saprófitos que obtêm o


alimento por absorção da matéria decomposta.

Sistema de classificação de Whittaker modificado

Devido às limitações do seu sistema de classificação, Whittaker apresentou uma


versão modificada do mesmo – o sistema de classificação de Whittaker modificado:
Outros sistemas de classificação

Apesar da grande aceitação do sistema de classificação de Whittaker, continuam a


realizar-se pesquisas na área da classificação. Foram surgindo novos dados e a
interpretação desses dados tem demonstrado diferentes perspetivas.

Assim, atualmente, há propostas de novos sistemas de classificação:

 um sistema propõe a existência de seis reinos:

– baseia-se no facto de existirem duas linhagens diferentes de organismos


procariontes;

– propõe a extinção do reino Monera e que, em seu lugar, surjam dois novos reinos – o
das Arqueobactérias e o das Eubactérias.
 um sistema de classificação com dois super-reinos:

– foi proposto em 1980 por Margulis e Schwartz;

– basearam-se em dados morfológicos, de desenvolvimento e em dados moleculares;

– agruparam os cinco reinos de Whittaker em dois super-reinos:

 um sistema de classificação em três domínios:

– proposto por Woese e seus colaboradores;

– baseia-se na filogenia molecular, principalmente na comparação de sequências


nucleotídicas de RNA-ribossómico;

– que são:
Sistema de classificação em três domínios.

– este sistema tem sido muito criticado porque se baseia apenas em dados
moleculares como critério de classificação.

Conclui-se que a Taxonomia é uma ciência em constante evolução. Mas, apesar das
novas propostas apresentadas, o sistema de classificação de Whittaker em cinco
reinos continua a ser um dos mais consensuais.

Categorias taxonómicas

À medida que o conhecimento biológico se foi desenvolvendo, aumentou


também a variedade de características utilizadas em Taxonomia.

Estabeleceu-se, assim, uma hierarquia taxonómica – o sistema hierárquico de


classificação:

 foi proposto por Lineu que, pelo seu contributo nesta área, foi
considerado o “pai da Taxonomia”;

 corresponde a um modo de ordenação dos seres vivos, numa série


ascendente;

 a espécie é a unidade básica de classificação;


 as espécies semelhantes agrupam-se em géneros, os géneros
agrupam-se em famílias, as famílias em ordens e as ordens em
classes.

Posteriormente, foram criados grupos taxonómicos superiores à classe como:

– o filo – na Zoologia

– a divisão – na Botânica

– o reino.

Cada categoria taxonómica é um táxon e os taxa principais são


sete: Espécie, Género, Família, Ordem, Classe, Filo, Reino.

Podem existir categorias intermédias que são indicadas com os


prefixos: super, sub e infra.

Da espécie para o reino vai aumentando o número de organismos incluídos em


cada nível, mas vai diminuindo o grau de parentesco entre eles.

De acordo com o conceito biológico, a espécie é um grupo natural constituído


por indivíduos com o mesmo fundo genético, morfologicamente semelhantes e
que se podem cruzar entre si originando descendentes férteis. Os organismos
da mesma espécie estão isolados reprodutivamente dos indivíduos de outras
espécies, pelo que é a única categoria taxonómica natural. Todas as outras são
agrupamentos feitos pelo Homem.

Com a aceitação das ideias evolutivas, os agrupamentos taxonómicos formados


passaram a representar linhagens evolutivas. Assim, considera-se que dois
seres vivos são tanto mais próximos quanto maior for o número de taxa comuns
a que pertencem.

Nomenclatura – regras básicas

A nomenclatura:

– consiste na atribuição de um nome científico aos diferentes grupos


taxonómicos;

– surgiu para tentar uniformizar os nomes que eram dados aos seres vivos:
popularmente os organismos são conhecidos por nomes muito diferentes, que
até podem variar de região para região;

– é atribuída de acordo com regras específicas com o objectivo de criar uma


nomenclatura internacional.

As regras básicas de nomenclatura são:

 a designação dos taxa é feita em Latim, porque:

– esta língua já era usada desde a Idade Média havendo já muitos nomes
atribuídos, pelo que não seria necessário alterá-los;

– o Latim é uma língua morta, como não evolui, o significado das palavras
não se altera.

 para designar a espécie utiliza-se um sistema de nomenclatura binomial:

– foi proposto por Lineu;

– são duas palavras em latim: a primeira diz respeito ao género a que a


espécie pertence e é um substantivo escrito com inicial maiúscula; a
segunda corresponde ao restritivo ou epíteto específico, é normalmente
um adjectivo escrito com inicial minúscula e identifica uma espécie dentro
do género a que pertence.

 os grupos superiores à espécie são uninominais, formados por uma só


palavra, que é um substantivo escrito com inicial maiúscula;

 a nomenclatura das famílias constrói-se acrescentando uma terminação à


raiz do nome de um dos géneros: nos animais acrescenta-se idae; nas
plantas a terminação é aceae. Existem excepções;

 quando as espécies têm subespécies, a nomenclatura é trinominal,


consiste no nome da espécie seguido do restritivo ou epíteto
subespecífico;

 os nomes genéricos, específicos e subespecíficos devem ser escritos em


tipo de letra diferente da do texto corrente. Normalmente, utiliza-se o
itálico, nos textos manuscritos sublinham-se estas designações;

 depois da espécie deve escrever-se o nome ou a abreviatura do


taxonomista que, pela primeira vez a partir de 1758, atribuiu o nome
científico;

 a data da publicação do nome da espécie também pode ser citada, neste


caso coloca-se depois do nome do autor, separada por uma vírgula.

Pela utilização das regras de nomenclatura, uniformizaram-se os nomes das


categorias taxonómicas facilitando a comunicação científica, pois estes nomes
são os mesmos no mundo inteiro.

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