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Origem das células eucarióticas

O aparecimento das células eucarióticas, permitiu a evolução de muitos organismos


ecológica e morfologicamente bem distintos de quaisquer procariontes.

A origem da estrutura eucariótica é indiscutivelmente a transição evolutiva mais


importante durante a evolução da vida unicelular. Uma vez que o registo fóssil é
escasso em evidências sobre as etapas desse processo evolutivo, a sequência de
acontecimentos relativos à evolução das células eucarióticas a partir das células
procarióticas tem de ser inferida, sobretudo, a partir das células atuais.

 Modelo autogénico

O modelo autogénico considera que a evolução das células eucarióticas, resultou


de invaginações sucessivas da membrana celular de células procarióticas
ancestrais.

Atualmente, o modelo autogénico acolhe a aceitação de alguns investigadores. De


acordo com essa perspetiva, a invaginação da membrana celular em organismos
procariontes desprovidos de parede célula rígida permitiu circunscrever o material
genético da célula.

 Modelo endossimbiótico

De acordo com o modelo endossimbiótico, as células eucarióticas terão resultado


da incorporação de células procarióticas por parte de outras células procarióticas.

Apesar da discussão existente acerca de alguns aspetos deste processo evolutivo,


um modelo endossimbiótico pode ser a sumarizado da seguinte forma:
 células procarióticas sem Parede celular e terão englobada, outras células
procarióticas
 as células englobadas persistiram na célula hospedeira e passaram a
estabelecer com ela relações de simbiose
 a vantagem adaptativa resultante da associação determinou o sucesso
evolutivo desses conjuntos, fazendo com que as células simbiontes evoluíssem
para organelos das células hospedeiras, tornando-as células eucarióticas.

 Argumentos a favor do modelo endossimbiótico


O modelo endossimbiótico tem uma aceitação generalizada

 A existência de dimensões semelhantes e de ribossomas igualmente


idênticos nos organelos e nos procariontes
 A presença de moléculas de DNA com uma estrutura circular e não
associado a histonas, quer nos organelos quer nos procariontes
 a divisão autónoma dos organelos, relativamente à divisão das células, por
bipartição, tal como acontece nos procariontes
 as membranas internas dos organelos com enzimas e sistemas de
transporte semelhantes aos que se encontram na membrana dos
procariontes atuais
 A síntese proteica nestes organelos ser inibida por substâncias que
também inibem nos procariontes, mas não por inibidores de eucariontes
 o aminoácido iniciador das cadeias polipeptídicas durante a síntese
proteica, ser a formilmetionina, e não a metionina.
Apesar destes argumentos a favor da hipótese endossimbiótica, alguns
aspetos carecem ainda de clarificação. A explicação da origem do núcleo por
endossimbiose apresenta também vários problemas, sendo o principal o facto
de nenhuma célula procariótica conhecida atualmente ser limitada de forma
semelhante ao invólucro Nuclear, com poros na sua estrutura.
Atualmente, verifica-se uma tendência para conciliação dos 2 modelos,
assumindo-se que o núcleo e o sistema endomembranar poderão ter evoluído
de acordo com o modelo autogénico e as mitocôndrias e os cloroplastos, de
acordo com o modelo endossimbiótico.
Sistemática dos seres vivos
Classificação biológica

 sistemas de classificação
Classificar consiste em agrupar em uma multiplicidade de objetos ou ideias, de
acordo com critérios definidos, de modo a constituírem um sistema coerente e
organizado.

Uma classificação científica, qualquer que seja a perspetiva subjacente,


procura, organizar de modo lógico e coerente os seres vivos atendendo às
semelhanças que apresentam em relação a características objetivas.

 Perspetiva histórica
As primeiras tentativas conhecidas de organização dos seres vivos, com base
nas suas características, remontam a Aristóteles e ao seu discípulo Teofrasto.
Aristóteles descreveu centenas de animais, tendo os dividido em 2 grupos:
animais de sangue vermelho e animais sem sangue vermelho. Por outro lado,
Teofrasto descreveu inúmeras plantas e separou as em ervas, arbustos e
árvores.

As descrições destes autores serviram de alicerce e classificações mais


tardias, o naturalista sueco, lançou as bases da taxonomia.

Lineu, desenvolveu um sistema de classificação hierarquizado, cujos princípios


fundamentais são ainda hoje utilizados.

No seu sistema, organizou os seres vivos em categorias muito abrangentes,


correspondentes aos reinos. Dentro de cada Reino, às classes que incluía a
ordem, o género e a espécie. Posteriormente foram acrescentadas, por outros
autores, as categorias família e filo.

O sistema de classificação de Lineu parte da ideia de que em cada uma


espécie há um exemplar, ou espécie tipo, que possui as características
morfológicas representativas, com o qual qualquer outro organismo pode ser
comparado.

Para além da identificação e classificação dos seres vivos em diferentes


categorias, a taxonomia também engloba a nomenclatura.
Lineu adotou uma nomenclatura mais simples, passando a designar as
espécies por apenas 2 termos nomenclatura binominal.

De entre as regras de nomenclatura estabelecidas, salientam se:


 a designação dos taxa correspondentes às diferentes categorias taxonómicas é
feita em latim ou em termos latinizados, uma vez que era a língua utilizada
NOS trabalhos científicos
 na designação binominal da espécie, o primeiro termo refere-se ao género,
sendo escrito com inicial maiúscula. O segundo termo, escrito com inicial
minúscula, constitui o epiteto ou restritiva específico, que identifica a espécie
dentro do género
 o nome da espécie pode ser complementado com o nome do autor, ou a sua
abreviatura, podendo ou ainda ser acompanhada da data da sua primeira
identificação
 os taxa superiores à espécie são designados apenas por uma palavra, escrita
com inicial maiúscula, o que corresponde, neste caso, há uma designação
uninominal
 sempre que considera que uma espécie está subdividida em subespécies,
utiliza-se uma nomenclatura Trinominal para as designar, acrescentando, ao
nome da espécie, um terceiro termo denominado restritivo subespecifico
 O nome científico de um género, de uma espécie ou de uma subespécie deve
ser escrito com uma letra diferente da utilizada no texto envolvente,
frequentemente em Itálico.
Para além do Reino mineral, Lineu considerava a existência de 2 reinos de ser
vivos: animal e vegetal. À semelhança do que acontecia com sistemas anteriores,
usava como critério um reduzido número de características para organizar os
seres vivos dentro de cada um dos reinos, o que dava origem a classificações
artificiais.
Depois de Lineu, os taxonomistas passaram a considerar, como critérios de
classificação, um número mais elevado de características, que conduziu a
classificações naturais. Ao longo do século 20, emergiram 2 perspetivas de
classificação: uma que atribui maior valor às relações evolutivas-sistemas de
classificação filogenéticos-e outra que privilegia a comparação de um grande
número de características dos organismos-sistemas de classificação fonéticos.

 Sistemas de classificação fenéticos


A taxonomia fenética, surgida no início dos anos 60 do século 20, propunha o
uso de métodos quantitativos, com recurso a computadores, para classificar os
organismos. Neste tipo de classificações, a formação dos diferentes grupos
resulta da análise de diagramas, designados por fenogramas, que ilustram o
grau de similaridade entre os taxa estudados.
Os sistemas de classificação fenéticos refletem as semelhanças e as
diferenças entre os grupos, atendendo a uma multiplicidade de características
de natureza morfológica, bioquímica, genética, fisiológica ou comportamental,
entre outras. São sistemas horizontais.
 Sistemas de classificação filogenética
A tarefa de classificar deixou de se relacionar apenas com a formação de
grupos afins e com a sua nomeação, numa perspetiva horizontal, para passar a
refletir também a evolução dos diferentes taxa ao longo do tempo, verificando-
se assim o desenvolvimento da sistemática, na qual as classificações são
feitas tendo em conta a filogenia.
Estas classificações, atualmente baseadas, sobretudo, em homologias
moleculares revelantes, traduzem, por vezes, uma afinidade entre os diferentes
grupos, distinta da qual é considerada nas classificações fenéticas.
Nos sistemas de classificação filogenéticos, a ilustração das relações
evolutivas entre os diferentes grupos é feita com recurso a cladogramas, ou a
árvores filogenéticas.
Uma árvore filogenética pode representar a história evolutiva de um conjunto
de dimensão muito variável.
Num cladograma, os taxa são apresentados, geralmente, nas extremidades
dos ramos que os constituem. A conexão entre os ramos apresenta o ancestral
comum a partir do qual esses taxas evoluíram.
As características herdadas do astral comum são designadas por
características ancestrais. Já as características derivadas são características
que surgiram após a separação do ancestral comum.
Os sistemas de classificação fenéticos, nomeadamente os que estão
associados à taxonomia numérica, bem como os sistemas de classificação
filogenéticos apresentam vantagens e limitações.

 Sistema de classificação de Whittaker modificado


Organização dos seres vivos em reinos constituiu um dos grandes desafios da
taxonomia. Desde o final do século 19, foram sendo propostos sistemas de
classificação com um número crescente de reinos. O sistema de classificação
em 5 reinos, apresentada em 1969 divide os seres vivos em 5 reinos: Monera,
Protista, Animalia, Fungi e Plantae.

 Critérios de classificação de Whittaker


A organização dos seres vivos em 5 reinos, baseia-se na aplicação dos
seguintes critérios de classificação:
 Nível de organização
o nível de organização refere-se ao tipo de células que constituem os
organismos. Em termos estruturais, os seres vivos eucariontes podem ser
divididos em unicelulares ou multicelulares, podendo estes ainda ser
divididos quanto ao seu grau de diferenciação celular.
 Modo de nutrição
o modo de nutrição refere-se à forma como os organismos obtém a
matéria orgânica de que necessitam. Distinguem-se os seres autotróficos
dos seres heterotróficos. Os heterotróficos podem ainda ser classificados
em heterotróficos por ingestão ou absorção.
 Interações nos ecossistemas
este critério refere-se ao papel funcional dos organismos nas cadeias
alimentares, sendo possível distinguir os seres produtores dos seres
consumidores. Estes podem ser subdivididos em macroconsumidores e
microconsumidores habitualmente é referido como decompositores.

 Novas perspetivas de classificação


A classificação está dependente dos métodos de análise de que os
investigadores dispõem para observar e compararem as características dos
organismos. A possibilidade de distinguir sequências de ácidos nucleicos,
permitiu uma nova forma de deduzir as relações evolutivas e classificar os
organismos. Estes dados levaram à divisão deste grupo em eubacteria e
Archaebacteria, um grupo de procariontes extremófilos que apresentam
maiores semelhanças com os eucariontes do que com o grupo eubacteria. Esta
diversidade evolutiva justificou a criação de uma categoria taxonómica superior
ao Reino, o domínio, tendo sido proposta a divisão dos seres vivos em 3
domínios.
 Eukarya- do qual fazem parte todos os eucariontes
 Archaebacteria- do qual fazem parte os procariontes conhecidos com
arqueas
 Eubacteria- onde se integram as bactérias.

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