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DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E CULTURA
Programa de Extensão “Divulgação das Plantas Medicinais, da Homeopatia e da
Produção de Alimentos Orgânicos”
REPERTÓRIO E REPERTORIZAÇÃO
ÍNDICE
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REPERTORIZAÇÃO
Dr. Luiz Cezar Salama
Dra. Márcia Sampaio1
Definição
Histórico
Todos reconhecem que o homeopata não consegue manter disponível em sua mente
todo o conhecimento homeopático da matéria médica, necessitando, portanto, de
instrumentos que o auxiliem na busca dos sintomas. Desta forma, surgiu a elaboração de
repertórios que facilitam a consulta da Matéria Médica.
São conhecidos aproximadamente 120 repertórios, de autores, características e
métodos diferentes. Esses índices surgiram da necessidade de buscar informações de
maneira fácil e acessível, dada a grande quantidade de sintomas registrados na matéria
médica.
Hahnemann tinha o seu, apesar de nunca tê-lo publicado. Sobre a base da grande
matéria médica de Hering, seu discípulo Kent escreveu extenso repertório. Existem, também,
os de Cipler, Gentry, Boger e outros.
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Homeopatia: princípios, doutrina e farmácia. Carlos Brunini, Mythos, 1993.
Planos do repertório
Terminologia do repertório
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Dificuldades encontradas
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Desta forma, pode-se concluir que o repertório é como um grande amigo que
responde às perguntas que lhe fazemos, mas só é útil se fizermos as perguntas certas, nos
momentos certos.
O repertório, embora usado como um excelente instrumento, tem ainda inúmeras
facetas desconhecidas pela maioria dos homeopatas, que têm uma “intuição” ou vago
conhecimento delas, mas desconhecem seus detalhes e, muitas vezes, se perdem ao usá-lo
com sua lógica pessoal, em vez da lógica em que foi escrito.
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REPERTÓRIO HOMEOPÁTICO
George Vithoulkas2
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seja uma grande inspiração no trabalho. Trata-se de um instrumento indispensável, mas não
é a palavra final.
Descrito de modo simples, o Repertório é um livro maciço, que contém uma relação
detalhada dos sintomas, chamados rubricas, a que se seguem os vários medicamentos que
demonstraram esse sintoma, tanto nos experimentos, como nos casos clínicos curados.
A presença ou ausência de um medicamento numa determinada rubrica, bem como
sua gradação (1, 2 ou 3), está sujeita a atualização, conforme a experiência dos homeopatas
capacitados. O homeopata deve manter, regularmente, um registro dos sintomas que foram
curados no processo total de restabelecimento do paciente. Quando ocorrer uma dessas
curas, o homeopata deve rever cada sintoma curado, nos seus mínimos detalhes, incluindo
todas as modalidades, sensações e circunstâncias concomitantes de que o paciente se
lembre – exatamente como é feito na experimentação. Uma vez observado que um sintoma
particular foi curado deste modo três vezes, é justificável que o homeopata inclua o
medicamento no Repertório. Ou se o medicamento já constar na lista, mas num grau inferior,
poderá fazê-lo subir de grau, de acordo com sua experiência.
No Repertório de Kent, as rubricas são ordenadas, em primeiro lugar, de cima para
baixo e do geral para o particular. São 31 tópicos no total. Cada capítulo está, então,
subdividido em categorias principais, onde estão descritas as várias condições, sintomas,
estados patológicos, etc. Os tópicos mais importantes que estão em “mente”, por exemplo,
incluem ansiedade, medo, embotamento da mente, delírio, irritabilidade, inquietação. Nas
partes físicas, essas condições vêm relacionadas como congestão, erupções, calor,
insensibilidade, dor, paralisia, fraqueza, etc. Esses tópicos mais importantes são
relacionados em ordem alfabética dentro do capítulo.
Tomemos um exemplo a fim de esclarecer a organização do Repertório. Suponhamos
que uma pessoa descreva uma dor de cabeça “explosiva”, localizada na testa, que piora pela
manhã, às dez horas, e melhora à hora de se deitar. Esse sintoma pode ser percebido de
várias maneiras, tornando-se cada vez mais específico em cada nível.
Primeiro, abrimos o Repertório no capítulo “Cabeça”. Em seguida, localizamos,
alfabeticamente, o tópico geral “Dor” (que tem 88 páginas). Imediatamente, encontramos os
períodos de agravamento relacionados com as dores de cabeça, em geral, e existem
diversas rubricas que podem ser de grande ajuda: durante o dia, manhã, ao levantar-se, ao
andar, até às dez horas da manhã, antes do meio-dia e, até mesmo, às dez horas da manhã
(este agrupa sete medicamentos). Isso é vago para o nosso propósito.
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Em seguida, vemos as modalidades para a dor de cabeça em geral e notamos que
“deitado, Mel.”, isto é, melhora quando deitado – que relaciona 61 medicamentos. Ainda é
muito geral.
Vamos, então, para a localização: testa. Esta é uma seção bem grande; então,
procuramos, também, em “Cabeça”, “Dor”, “Testa”, “Dez horas da manhã”, que agrupa
apenas dois remédios. Neste ponto, incluímos a dor em geral, sua localização, uma
modalidade, hora do agravamento, havendo, assim, possibilidade de que o medicamento
seja um desses dois.
Finalmente, lembramos a descrição do paciente, “explosiva”, e avançamos para o
capítulo cuja seção descreve as sensações específicas da dor. “Explosiva” possui algumas
horas de agravamento, algumas modalidades, e finalmente “testa”. Em “testa” existe apenas
um medicamento classificado para as dez horas da manhã e, também, apenas um “ao
deitar”. Felizmente, é o mesmo medicamento, o que aumenta nossa confiança de que ele
possa ser o medicamento de que o paciente necessita. Desse modo, a rubrica que cobre
toda a informação fornecida pelo paciente se encontra em “Cabeça”, “Dor”, “Explosiva”,
“Testa”, “às dez horas da manhã” e, também, “ao deitar”. Para esse sintoma particular, então,
levaríamos em consideração, sem dúvida alguma, o Gelsemium.
Esse processo parece um tanto estereotipado, mas, na prática, é muito mais
complexo. É raro um medicamento se apresentar em tantas rubricas, em todo o processo. À
medida que encontramos rubricas cada vez menores, passamos a dar mais atenção aos
medicamentos ali contidos. Por outro lado, devemos também estar constantemente atentos
às extravagâncias do processo todo. Muitas perguntas são mantidas sempre presentes ao
espírito: será que a descrição de “explosiva” feita pelo paciente é exata? Ela não poderia ser
mais bem descrita como “lancinante”, “pontada”, ou “dilacerante”? Será mesmo na testa ou é
localizada mais nas têmporas, em cima dos olhos ou no rosto? O agravamento às dez horas
da manhã é confiável? Deveríamos usar “manhã”, “ao se levantar” ou “ao caminhar”?
É interessante, também, ter sempre em mente as incertezas do próprio Repertório.
Quando chegamos às rubricas menores, devemos imaginar continuamente: terá Kent
incluído todos os medicamentos possíveis? Existem medicamentos novos, cujos
experimentos, talvez, pudessem incluir o sintoma? Existem medicamentos antigos que
podem incluir o sintoma, mas que ainda não foram registrados?
Em razão de todas essas incertezas, temos de nos manter bem atentos a todas as
rubricas intermediárias até a última, que inclui todas as características dadas pelo paciente.
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No exemplo dado, deveríamos levar em alta consideração o Gelsemium, pois ele foi incluído
na maioria das rubricas intermediárias.
Esse processo cuidadoso continua válido em cada sintoma importante comunicado
pela pessoa. É necessário estudar e refletir muito. O Gelsemium pode aparecer bem
indicado nesse sintoma; por outro lado, pode não ser para outros sintomas comunicados pela
pessoa. É nesse ponto que entram em ação a habilidade, a experiência, o julgamento e um
bom conhecimento da Matéria Médica.
São todas essas incertezas que tornam ineficaz a prescrição regular feita por
computador. O caso inicial deve ser tomado de modo acurado e cuidadoso; a totalidade dos
sintomas, então, será ajustada corretamente e com ênfase própria, de acordo com a
intensidade, a peculiaridade e a generalidade mental/física; finalmente, a seleção real das
rubricas deve ser feita de modo correto.
Uma vez mais, é preciso lembrar que a repertorização é meramente um indício, uma
sugestão. Está destinada apenas a nos “por em campo”. Em última análise, os resultados da
repertorização devem ser esquecidos enquanto toda a atenção do homeopata se focaliza
num estudo das Matérias Médicas. O objetivo, afinal, é combinar a “essência” e a totalidade
dos sintomas do paciente com os do medicamento. O medicamento é mais bem descrito nas
Matérias Médicas e não no repertório; desse modo indagador, tentando sempre perceber se
a imagem que temos da pessoa combina com a imagem do medicamento. Quando, enfim,
estivermos satisfeitos, achando que a combinação é a melhor possível, podemos então, com
cautela, apresentá-la como prescrição.
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REPERTÓRIO E REPERTORIZAÇÃO
Vicente Wagner Dias Casali3
Repertório
Sub-rubricas
2a sub-rubrica
3a sub-rubrica
Exemplos:
PELE
ADORMECIMENTO (Rubrica)
PELE
COLORAÇÃO (Rubrica)
Vermelha
Pontos
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Material Utilizado na Disciplina FIT 465 – Homeopatia, 2002 - UFV
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O repertório é a Matéria Médica invertida.
Como é estruturado?
1) Ordem alfabética das Rubricas (dentro dos capítulos)
2) Capítulos (42 capítulos)
Mental
Ilusões
Vertigem
3) As modulações vão do geral ao particular
4) As indicações dos medicamentos são: Negrito (3 pontos); Itálico (2 pontos);
Normal (1 ponto).
AGR = AGRAVAÇÃO
AV = AVERSÃO
MELH = MELHORA
DES = DESEJO
N.A.= NOTA DO AUTOR
N.E. = NOTA DO ESPECIALISTA
N.T. = NOTA DO TRADUTOR
Caracteres utilizados
Primeira sub-rubrica
Segunda sub-rubrica
Terceira sub-rubrica
Referência cruzada
(=) Sinonímia
(+) Rubrica de referência cruzada
Pontuações
Valor 3 – negrito – quando o sintoma foi anotado pela maioria dos experimentadores. É
comprovado clinicamente em vários relatos.
Valor 2 – itálico – quando o sintoma foi anotado por apenas parte dos experimentadores,
mas foi comprovado clinicamente em alguns relatos.
Valor 1 – comum – quando o sintoma foi registrado pelos experimentadores nas
patogenesias, mas não foi comprovado clinicamente.
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