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CONCEITO
O Vitalismo é a doutrina que afirma a existência de um princípio irredutível ao domínio físico-
químico para explicar os fenômenos vitais. Nesta concepção o corpo físico dos seres vivos é
animado e dominado por um princípio imaterial chamado força vital, cuja presença distinguiria o
ser vivo dos corpos inanimados e sua falta ou falência determinaria o fenômeno da morte. A
tendência da medicina moderna é a não aceitação do vitalismo.O paradigma da medicina é
materialista, por excelência. O paradigma da homeopatia é vitalista.
No Vitalismo a força vital é definida como a unidade de ação que rege a vida física,
conferindo-lhe as sensações próprias da vida e da consciência. Este princípio dinâmico, imaterial,
distinto do corpo e do espírito, integra a totalidade do organismo e rege todos os fenômenos
fisiológicos. O seu desequilíbrio gera as sensações desagradáveis e as manifestações físicas a que
chamamos doença. No estado de saúde mantém as partes do organismo em harmonia. Sua natureza
não pôde até hoje ser comprovada, mas admite-se que estaria próxima de outras manifestações
energéticas do ser vivo, como a energia calórica e a bioelétrica. Tal força não seria dotada de uma
inteligência própria e independente, mas funcionaria como um sensor da inteligência espiritual, que
comanda o ser como um todo. A maioria dos vitalistas não distinguiu força, energia e princípio
vital.
SUA EXISTÊNCIA
Em todos os corpos vivos há um princípio vital essencialmente superior às forcas
psico-químicas da matéria e único.
Estado da questão, - Podemos dispor as diferentes teorias em dois qrupos principais: 1° O
mecanismo bio1ógico de Helmholz, Haeckel, Richet, Le Dantec, etc. que atribui as operaçoes
veqetativas às forcas psico-químicas complexas da matéria, ao mesmo tempo que
reconhece que a vida não pode ser explicada pelas teorias atualmente conhecidas.
Todos os defensores desta teoria não são materialistas; alguns a limitam à vida vegetativa e
exigem um princípio de atividade superior para as vidas sensível e intelectual. 2° O
vitalismo afirma pelo contrário, a necessidade de um princípio vital cujos partidários
concebem de maneira diferente. como uma substância ou separada do corpo, ou
distinta da alma, ou múltipla (Vitalismo de Barthez e da Escola de Montpel1ier), etc. A mais
sólida das explicações vitalistas é o o animismo de Arist6teles: qualquer corpo vivo qoza de
uma forma substancial única. essencialmente superior à dos corpos
inanimados, chamada princípio vital ou até alma veqetativa, que forma com a
matéria primeira deste corpo, uma substância viva de tal espécie que nos
animais e no homem, se identifica com a alma sensível e intelectual.(H.
Collin, Manual de Filosofia Tomista).
O Vitalismo influenciou a Medicina até o século XIX, quando a mentalidade mecanicista
ofereceu novas explicações ditas racionais para a compreensão dos fenômenos vitais, banindo-o das
concepções médicas. A partir desses avanços considerados científicos, os postulados vitalistas
sofreram ataques imediatos dos anti-vitalistas, chamados mais tarde de materialistas, que
consideravam um retrocesso científico-ideológico atribuir aos fenômenos da vida as conotações
metafísicas do Vitalismo.
A energia a que os vitalistas se referiam não era apenas aquela medida pelo trabalho
mecânico, nem tampouco a hoje denominada energia potencial da física. Eles evocam a existência
de uma energia essencial que move a vida, que antecede a atividade mecânica e elétrica do
organismo e que, na verdade, é sua mantenedora.
Distinguem-se duas escolas principais na evolução do pensamento vitalista:
VITALISMO DUALISTA: o princípio vital e o corpo, embora unidos, são substâncias separadas –
concepção platônica, parcialmente admitida por Hahnemann no parágrafo 9 do Organon.
VITALISMO UNICISTA: também chamado animista, distingue o princípio vital em ação no
Hahnemann foi sem dúvida alguma o maior pensador médico vitalista depois de Hipócrates, no qual
se inspirou. Graças a ele o Vitalismo sobreviveu até os nossos dias, apesar dos avanços da Medicina
no campo orgânico. Em seu Vitalismo continuou e perpetuou as idéias de Barthez e de Von Haller.
Em oposição a Hipócrates, entretanto, considerou a vis medicatrix nature impotente para curar o
organismo, cujas ações não deveriam ser copiadas. Concebeu a força vital, pela qual somos
governados, como superior à natureza inanimada dos corpos materiais, porém ela seria inacessível
aos nossos sentidos. Selou sua união com o Vitalismo admitindo sua ação primordial na gênese da
enfermidade do homem, dando-lhe expressão terapêutica. Utilizou o termo força vital como
princípio, espírito e poder. Nos parágrafos 9 a 16 de sua obra principal, O Organon da Medicina,
trata do princípio vital imaterial que coordena e anima o corpo, desenvolvendo ora uma concepção
dualista, como a do parágrafo 9, ora unitária, como a do parágrafo 15.
Talvez tenha deduzido a realidade do Vitalismo ao se perguntar o que havia em seus
medicamentos altamente diluídos, supondo que eles estivessem tão sutilizados a ponto de se
tornarem apenas energias, por isso chegou a afirmar que seriam apenas essências espirituais (spirit
like). Se o organismo respondia a essa essência era porque possuía a mesma natureza. Passa assim a
apregoar a existência da energia vital e a ver as doenças como alterações dinâmicas dessa força
imaterial, manifestada em nossa maneira de sentir e agir. Ou seja as enfermidades são de natureza
imaterial, as modificações mecânicas e químicas são as conseqüências últimas destas alterações.
Chega, mediante esses raciocínios, a conceber um novo conceito para o homem, como uma unidade
governada por um espírito e animada por uma energia, a qual confere à dualidade corpo e alma uma
unidade indissolúvel.
Constata a presença dessa força vital como uma entidade imaterial, isto é, como um agente
agregado e unido à matéria, porém distinto desta, formando com ela um só organismo, atestando a
veracidade do Vitalismo. Para ele a energia vital comporta-se como elemento capaz de manter a
saúde, mas passível de desequilibrar-se pelas interferências de forças desarmônicas de igual
natureza. Seria capaz de auto-equilibrar-se quando essas desarmonias são agudas, tendo porém ação
limitada na auto-regeneração nas interferências de ação profunda e prolongada, levando ao
aparecimento das doenças crônicas. No entendimento desde autor, seus desequilíbrios se dão a
conhecer pelos sinais e sintomas percebidos no organismo como um todo, objetivos ou subjetivos.
Toda patologia antes que se manifeste no físico se dá a conhecer nestas sutis alterações das
sensações, que ele nos ensinou a perceber no enfermo.
Concebeu uma visão ternária e unitária do homem, composto de espírito, energia e corpo
físico, concepção bastante arrojada para o seu tempo, estabelecendo nele a cabalística trindade
apregoada nas chamadas revelações místicas e religiosas. Unidade vital indissolúvel que não separa
arbitrariamente o fator espiritual do orgânico. O corpo é manifestação do espírito e a energia lhe
mantém a unidade. A doença não é mero distúrbio do corpo do homem, mas um reflexo de sua
própria essência e diz respeito à sua natureza energética e psíquica – conceito arrojado que ainda
consumirá tempo para ser plenamente compreendido e se tornar a única realidade do fenômeno
doença.
Estabeleceu em seus postulados vitalistas as propriedades da força vital, segundo os quais
ela preserva e mantém a vida. É autocrática, onipotente, atuando por leis próprias, com poder
absoluto sobre a constituição material, a qual submete às suas leis. Mantém em ordem os
constituintes materiais do organismo vivente quando equilibrada mas, quando em desordem
estabelece a enfermidade, responsabilizando-se assim pela saúde e pela doença. Não tem
inteligência em seu funcionamento que seria puramente automático. É passível de se auto-equilibrar
e espontaneamente recuperar a sua própria harmonia. E quando desequilibrada torna-se suscetível
de ser influenciada pelo meio.
E, finalmente, postulou que a saúde é um estado de harmonia da mente e do corpo que tem como
única e precípua finalidade favorecer instrumentos sadios para que o espírito possa livremente
conquistar os elevados fins de sua existência.
VITALISMO EM KENT
Kent apresenta uma visão mais elevada e complexa do Vitalismo, baseando-o em conceitos
estruturados no que ele chamou de substância simples (SS). Através deste pensamento a energia
não tem existência independente, mas como tudo no universo, se encadeia em um ciclo de
transformismo. Segundo esse genial pensamento, que seguramente nasceu das concepções
filosóficas de Emanuel Swedenborg (1688-1772), do qual Kent revelou retirar seus conhecimentos,
a criação se configura como uma teia de eventos intercomunicáveis e transmutáveis. Ler O 8 o
capítulo da Filosofia de Kent.
CONCLUSÃO
Vitalismo consiste na apreensão de um PRINCÍPIO VITAL que rege a vida e que percebemos
através de suas manifestações, pois não temos os instrumentos para perceber o imaterial. sem o
critério de Força vital e de Unidade Hierarquizada do Ser Humano não há Homeopatia.
LEITURAS
1. O espírito da doutrina homeopática. Hahnemann.
2. Substância simples. Kent, Lição VIII.
3. Homeopatia e vitalismo. Paulo Rosenbaum. RobeEditorial, SP, 1996.