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TOMO I

1ª LIÇÃO

ACUPUNTURA BIOENERGÉTICA

CAPÍTULO I: Fundamentos da Medicina Energética


CAPÍTULO II: Princípios de Fisiologia Energética
CAPÍTULO III: Exposição Dialética da Enfermidade
CAPÍTULO IV: Wu-Xing: Lei dos Cinco Movimentos (A Grande Regra)
CAPÍTULO I
Fundamentos da Medicina Energética

— O homem responde ao Céu e à Terra


— As energias humanas
• Yuan – Sopro original (A espécie)
• Zhong – Jing inato (A raça)
• Rong – Jing adquirido (O trofismo)
• Wei – Halo energético (A homeostase)
Para um paralelo com a lição da teoria atô-
mica... devemos nos voltar para essa classe de pro-
blemas epistemológicos com os quais pensadores tais
como Buda ou Lao Tzé já se enfrentaram...

NIELS BOHR
Capítulo I: Fundamentos da Medicina Energética

SIGNIFICADO DO PRINCÍPIO «O HOMEM RESPONDE AO


CÉU E À TERRA»
«A energia é a causa de toda produção e de toda destruição». Nei
Jing Su Wen.
A tese oriental sustenta que a matéria é um estado de condensação
da energia e que esta, ao dispersar-se, retorna ao seu estado inicial de
energia.
O Princípio está representado ideograficamente por:

O T’CHI

Este símbolo é composto de duas partes:

A primeira representa um movimento de ascensão em


direção ao céu como em forma de vapor, imaterial,
intangível

A segunda representa um grão de arroz que simbo-


liza o elemento material, tangível; a forma física que
sustenta a vida material.

ESQUEMA I

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TOMO I. 1ª Lição: Acupuntura Bioenergética

É o Princípio Primário que parte do Tao e do qual diria Lao Tze:


«Parece a origem de todas as coisas, se manifesta como antepassado dos deu-
ses, não sei de quem é filho».
Vemos que o Princípio Primário, o T’CHI, contém a cifra 2 em seu
simbolismo:
Este dois, como veremos mais tarde, é a origem do 3, e do 3 partirão
todas as coisas: «os 10.000 seres».
No Ocidente, quando se fala de energia, nos referimos a ela com um
conceito mecanicista; como «uma capacidade para realizar um trabalho,
por definição física; com relação ao ser humano, como uma força que nos in-
dicará a maior ou menor capacidade de ação e de reação deste». Essa força
denominamos de diferentes maneiras de acordo com sua origem e ma-
nifestações, e assim teremos; energia elétrica, química, nuclear, cinética,
térmica, eólica, etc.
Nossa civilização tende hoje a manter e desenvolver a chamada so-
ciedade tecnológica, buscando em tudo uma aplicacão prática que aju-
de a sustentar o sistema de pseudo bem-estar moderno. Assim se ex-
ploram os recursos energéticos em função de possíveis benefícios ime-
diatos, sem levar em conta a dinâmica própria do universo, origem co-
mum de toda a manifestação energética.
Em resumo, o T’CHI ou Princípio é a origem de tudo e para os ori-
entais constitui o objeto primordial de seu estudo, independente de suas
múltiplas formas de apresentação. Dominar este Princípio supõe con-
trolar suas manifestações em proveito do ser humano e de seu desen-
volvimento harmônico e saudável.
As últimas investigações em física quântica vislumbram a utilidade
das teorias holísticas. Eruditos e cientistas de diversos ramos (como a
física, a filosofia, a sociologia, a neurofisiologia, etc.) se interessam por
uma nova tese acerca da formação do Universo a partir de sistemas
energéticos microfísicos, que se combinariam formando estruturas cada
vez mais amplas. Alguns, como L. Domash, opinam que a consciência
pura é a essência do Universo. Essa idéia se aproxima à dos postulados
taoístas de há 2.500 anos. Tratar de entender o Tao e sua manifestação
primordial, o T’CHI, é vital para o ser humano. As idéias básicas do
taoísmo não chegam a se dispersar em complicadas exposições teóri-
cas, mas se limitam em propor uma série de conceitos mediante os quais
se possa compreender a ação do T’CHI. Essa doutrina pragmática, que
os chineses não analisam a não ser sob a ótica dos resultados obtidos,
cruzará as fronteiras do mero filosofar para se impor no campo médico
e no âmbito de toda sociedade chinesa em geral.

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Capítulo I: Fundamentos da Medicina Energética

Portanto o esforço dos filósofos, médicos, etc. não se dirigirá no iní-


cio tanto para a explicação ou compreensão total dos princípios uni-
versais mas à sua aplicação na vida diária, o que levará a um estado
harmonioso com relação ao Tao de uma maneira eminentemente prá-
tica. A análise profunda e científica é considerada uma etapa posterior
de entendimento, que só será possível através de um desenvolvimento
prático e da observação constante dos efeitos.
Impregnando toda a dialética da energia humana está sempre a
noção de T’CHI como impulso motor que se manifesta em diversos es-
tados e formas de comportamento, conservando em todo momento sua
característica essencial: ser uma, e ao mesmo tempo múltipla em fun-
ção do Yin e do Yang, seus dois componentes básicos.
Assim ficou superado nosso conceito dualista ocidental e eliminadas
as grandes contradições a que leva. Para o Taoísmo os conceitos dualistas
clássicos de bem e mal, corpo e alma, espírito e matéria, homem e mu-
lher (que no Ocidente são concebidos como entes opostos e indepen-
dentes) não são mais do que manifestações complementares do Princí-
pio Primordial ou T’CHI, sem cuja alternância não existiria a vibração
ou movimento e, em conseqüência, e própria vida.
Numerosas investigações em física quântica (para além dos quarks,
que considera o 2 como a última possibilidade de redução subatômica)
indicam a existência de partículas primordiais no limite entre o mate-
rial e o imaterial, de cujo estado quântico dependeria a essência das
coisas.
Nos meios científicos modernos já há tempos que se conhece a de-
composição atômica da matéria, cujos efeitos de fissão e fusão acarretam
uma enorme liberação de energia. A sofrida humanidade teve ocasião
de comprová-lo por motivo da II Guerra Mundial. A partir de então já
não houve a menor dúvida de que matéria e energia eram o mesmo. O
mestre Zen, Deshimaru, escreve a respeito: «Os chineses, muito antes da
física moderna, haviam compreendido que matéria e energia eram uma única
e mesma coisa». E mais ainda, em épocas remotas os chineses sustenta-
vam que a energia faz se mover e transforma à forma física e que o
T’CHI ou energia é a conseqüência do Tao, origem de todas as coisas.
Soulié de Morant definiu a acupuntura como «Filosofia total da ener-
gia». Dessa maneira nos ofereceu a pedra angular sobre a qual cons-
truir todo o enorme emaranhado que constitui a bioenergética, poden-
do acessar assim a sua compreensão, a fim de projetar de uma forma
terapêutica toda a sabedoria que isso implica.
O princípio básico da Medicina Tradicional Chinesa nos fala da ener-
gia como fonte integradora e reguladora da forma físico-química. Por-

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TOMO I. 1ª Lição: Acupuntura Bioenergética

tanto podemos deduzir que, em termos gerais, as doenças que se de-


senvolvem com alterações de estruturas orgânicas experimentaram pre-
viamente uma fase de desordem energética acompanhada de uma
sintomatologia muito variada, algumas vezes sutil, outras claramente
manifesta. Esses quadros energéticos não foram compreendidos nem
estudados pela medicina alopática, desligada em grande medida destes
conceitos. No entanto os serviços médicos modernos contam com ele-
mentos técnicos graças aos quais se põem em evidência determinadas
formas de energia (eletrocardiogramas, eletroencefalogramas, etc...).
Há que referir-se a Empédocles, com a teoria dos quatro elementos
(ar, fogo, terra, água) para encontrar uma linha convergente com a
cultura chinesa. Hipócrates, considerado o pai da medicina ocidental,
seguiu o caminho traçado por Empédocles elaborando os quatro tipos
morfológicos assim como os conceitos de apresentação e combina-
ções do frio e do calor, da umidade e da secura. Essa doutrina foi desen-
volvida posteriormente em sua vertente puramente filosófica por
Aristóteles. A obra hipocrática não foi continuada. Depois da queda do
Império Romano se perdeu para o Ocidente essa primeira tradição filo-
sófico-terapêutica, que relacionava ao homem com seu meio telúrico e
cósmico.
No entanto na China continuou desenvolvendo-se em profundidade
este maravilhoso legado da tradição, que concebe ao homem como um
ente submetido a todo momento às influências cosmológicas e telúricas,
dando lugar a um princípio que desafortunadamente nossa avançada
civilização não tem considerado na medida certa: «O homem responde ao
céu e à terra. O homem é um microcosmo inserido no macrocosmo. O ho-
mem é um ser bipolar alternante, sujeito de forma determinante às influênci-
as de duas forças antagônicas e complementares».
Essas duas forças são a do cosmos (Yang) e a da terra (Yin).
Resumidamente, o homem é um transformador de energia, diferen-
ciando-se do resto dos seres vivos no sentido que é capaz de produzir e
responder a certas manifestações específicas que formam os planos psí-
quicos de atuação, ou nível Shen, como explicam as teorias energéticas
chinesas.
O tempo é uma testemunha muda da verdade e, coincidindo com os
grandes avanços técnico-centíficos de nosso século, paradoxalmente nos
encontramos com o fenômeno do crescente interesse por essas culturas
milenares e ancestrais, que surpreendem a todos com um legado que
parece antecipar-se em muitos aspectos aos mais revolucionários des-
cobrimentos e teorias atuais. As 12 proposições axiomáticas de Fu-Shi,
a Lei da Relatividade (Yin-Yang), o feedback ou retroalimentação orgâ-

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Capítulo I: Fundamentos da Medicina Energética

nico-visceral, a circulação sanguínea e muito mais, fazem empalidecer


aos mais ortodoxos e ilustres homens da ciência quando têm a humil-
dade suficiente para interessar-se pela Tradição Chinesa e interpretar
as enormes cargas científicas e filosóficas encerradas em seus princípi-
os, expressadas numa linguagem simples como a própria natureza da
qual partem.
Não creio que exista ninguém que ignore as grandes descobertas
chinesas que nos precederam em milênios ou que, na atualidade, du-
vide da grande cultura oriental em todas as suas manifestações.
Portanto não devemos questionar sua medicina que por fim é uma par-
te de toda sua filosofia e forma de vida (talvez para nós a mais impor-
tante).
Desafortunadamente a história do homem tem sido governada por
sistemas políticos e por influências materialistas, onde tem dominado
indiscutivelmente o poder e a cobiça e isso não tem permitido um de-
senvolvimento harmônico da ciência e sua aplicação humanística.
A Medicina Chinesa, da qual faz parte a Acupuntura, é um método
terapêutico baseado em um enfoque distinto do ocidental; parte-se do
princípio da existência de uma substância imaterial, invisível para nós,
que chamamos energia e que é a responsável em primeira instância por
qualquer mudança biológica.
Este conceito «Vitalista» não é exclusivo da Medicina Tradicional
Chinesa. No Oriente e no Ocidente há outras medicinas que seguem essa
linha de atuação. Contrapondo-se a essa corrente surgiu a medicina
«Mecanicista» que contempla ao ser humano como uma mera máqui-
na formada pela soma de vários mecanismos.
A corrente Mecanicista que nasceu, como falado, após a queda do
Império Romano, teve etapas de evolução graças a importantes perso-
nagens como Galeno e Diego, a fenômenos sociais como o Renascimento
e o decisivo modernismo de Pasteur. Tudo isso configurou duas claras
bases de atuação; a primeira foi a necessidade de estudar a causa da
enfermidade como sendo um agente exógeno ou de fora do indivíduo; a
segunda foi a implantação de um método indutivo, mediante o qual se
recolhem casos de diferentes tipos e a partir daí se fazem generaliza-
ções globais. Esses princípios conformaram a atualmente denominada
Medicina Analítica.
A corrente «Vitalista», a única existente até a época citada, se
corresponde com a chamada medicina mágico-religiosa de princípios
invariáveis à qual talvez nós, com uma crítica fácil e uma ciência em-
brionária, desprezamos como sendo esotérica. No entanto teve também
importantes seguidores como Paracelso, as correntes progressistas (du-

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TOMO I. 1ª Lição: Acupuntura Bioenergética

ramente perseguidas pelos poderes religiosos da Idade Média e Moder-


na), os homeopatas de Hanneman posteriormente e, na atualidade, uma
multidão de acupunturistas e profissionais de outras ciências médicas.
Todo este fenômeno deu origem a dois princípios básicos. O primeiro
foi o chamado método dedutivo; parte-se do princípio do T’CHI (ener-
gia) como verdade inquestionável ou axioma fundamental e na seqüência
efetuam-se deduções. Este princípio é similar ao que rege nossas ciênci-
as matemáticas. O segundo é o que considera que a enfermidade tem
gênese interna e que as causas externas não poderiam influir senão di-
ante da existência de certas predisposições, o que se denomina em
energética de «fator hereditário» da energia Ancestral (Zhongqi). Essa
maneira de ver a questão da enfermidade deu origem à chamada Me-
dicina Sintética, em oposição à Analítica que vimos antes.
A Analítica tem aprofundado seu estudo nas causas externas, o que
possibilitou a especialização cada vez mais diversificada, dado que o
conhecimento das partes pode estender-se até o infinito.
Na Sintética se negam os parcelamentos, considerando ao ser humano
como um todo integrado e não um mecanismo de diferentes órgãos ou
peças. Isso explica perfeitamente a presença dos Ciclos de Geração,
Regulação, Usurpação e Menosprezo, como veremos na lei dos cinco
movimentos, mediante a qual observaremos que uma enfermidade com
uma determinada sintomatologia orgânica pode ter uma causa etiológica
distinta da aparente, relação que em nossa medicina não conseguimos
estabelecer.
Por exemplo: uma litíase renal, que vai cursar com um quadro típico
em relação com o Rim ou vias renais, segundo a Medicina Tradicional
Chinesa (M.T.C.) na maioria das vezes seria produzida por uma alte-
ração no Yin do Baço-Pâncreas, que haveria originado um excesso de
matérias nutritivas insuficientemente metabolizadas às quais posterior-
mente transbordariam o poder purificante do Rim, com o conseqüente
depósito de matéria ( - ) Yin em seu nível. Isso explicaria o efeito que,
no ciclo regulador Ke, o Baço exerce sobre o Rim.
Por tudo isso podemos expor, em termos gerais, os grandes axiomas
das Medicinas Sintéticas e concretamente da Acupuntura:

a) Não há enfermidades, há enfermos. Portanto há que se indivi-


dualizar o tratamento. Isso implica aplicar uma terapia adequada a cada
modalidade de sintomas, tendo em conta os componentes psicossomá-
ticos. Isso pressupõe que podem existir dois pacientes com sintomato-
logias distintas e aplicar-lhes o mesmo tratamento, ou apresentarem-se

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Capítulo I: Fundamentos da Medicina Energética

duas sintomatologias aparentemente iguais que precisem de tratamen-


tos diferentes.
b) A enfermidade uma vez instaurada leva a um processo evolutivo
que por seguir leis pré-estabelecidas se pode determinar e prever.
c) A acupuntura baseia-se na existência da energia como fonte
integradora e reguladora de toda forma físico-química.
Essa energia não é exclusiva dos seres vivos, mas sim todas as situa-
ções que se produzem no Universo se processam por sua existência. Essa
energia denominada T’CHI, «energia cósmica primária», «Tudo», ou Tao,
ou «Origem dos 10.000 seres», tem diversas formas de manifestação,
podendo mover os astros, modificar o tempo, fazer circular o sangue,
criar os campos de atuação psíquicos, gerar calor ou frio, etc.
Isso nos permite assentar uma característica muito importante da
Medicina Tradicional Chinesa: de ser a única que vai estabelecer uma
relação absolutamente direta entre a enfermidade, as manifestações
energético-cósmicas (fatores climáticos) e os fatores do meio exógeno em
geral.
d) A enfermidade não tem nome, é um estado de desequilíbrio
energético que se pode manifestar por uma carência ou um excesso, o
que significa o mesmo que: Síndrome Yang ou plenitude (SHI) e
Síndrome Yin ou Vazio (XU).
e) O desequilíbrio energético que é sempre a causa etiológica pri-
mária de qualquer manifestação física, vai se desenvolver com uma
sintomatologia perfeitamente definida de cujo conhecimento depende-
rá em grande medida o êxito do tratamento e a profilaxia.
f) O homem é um ser bipolar alternante, e como toda manifesta-
ção no Universo essa alternância de positivo a negativo (de Yang a Yin
ou vice-versa) de uma maneira harmônica permite a vibração, o movi-
mento, a mutação permanente e contínua, o que é o mesmo que: a vida.
Logicamente, essa mutação ou vibração permanente precisa de uns
aportes energéticos que a mantenham. O homem adquire a partir do
meio essas energias, fazendo-o por duas vias:

1) Através da respiração, recebe energia do cosmos, Yang (+), isso


é o oxigênio e outros fatores de mais profunda reflexão filosófica
(pneuma, prana, etc.).
2) Através da digestão recebe a energia dos alimentos da Terra, Yin
(–).

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TOMO I. 1ª Lição: Acupuntura Bioenergética

Disso se desprende em parte o princípio básico das medicinas vitalistas


e da filosofia taoísta:

«O HOMEM RESPONDE AO CÉU E À TERRA»

O homem é representado energeticamente pelo ideograma:

Com as extremidades superiores vol-


tadas para o cosmos, recebendo suas
energias (energia yang ou cósmica).
(Círculo, infinito, ilimitado)

Com as extremidades inferiores vol-


tadas para a terra, recebendo suas
energias (energia yin ou telúrica).
(Quadrado, finito, mensurável)

Representa uma balança em


equilíbrio dinâmico (+ –).

ESQUEMA 2

O esquema representa, como temos visto, um ente que recebe a ener-


gia necessária para sua mutação ou movimento permanente de duas
fontes: a cósmica e a telúrica.
As variações para cima ou para baixo representam respectivamente
ao «místico» ou homem desapegado das energias terrenas, que sobrevive
em perfeito estado energético apenas com aportes alimentícios e ao
homem «mau ou inculto» que se inclina ante a Terra e seus valores, pres-
cindindo dos aportes cósmicos em grande medida.

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Capítulo I: Fundamentos da Medicina Energética

Elevado ao plano de interpretação filosófica, as energias cósmicas


representariam os valores religiosos, elevados, éticos, etc. e as telúricas
os do meio-ambiente, ecológicos, materiais, terrenos, etc.
A conseqüência imediata que nos ocorre pensar é que o homem está
enfermo ou desequilibrado energeticamente quando assim estão suas
duas forças geradoras. Os aportes telúricos estão em constante degradação
e os cósmicos tem perdido, em grande medida, seu ser e essência.
O homem segundo a concepção oriental ocupa como temos visto o
lugar central entre o Céu e a Terra, respondendo ao princípio cosmo-
lógico supracitado. Isso choca-se com o conceito antropocêntrico oci-
dental, manifestado na frase pitagórica: «O homem é a medida de to-
das as coisas». Essa divergência de princípios explica porque para o
ocidental resulta difícil entender os postulados médicos chineses que
relacionam o homem com os elementos constituintes da Terra (Penta-
coordenação) e com a realidade cosmológica da Terra e do Cosmos,
dialética que explica a dualidade integracionista do Yin e do Yang.
É necessário, se queremos entender profundamente a essência da M.T.C.
tratar de chegar ao conceito de T’CHI como princípio universal deixando
para etapas posteriores as traduções para conceitos que nos resultem mais
lógicos à nossa mentalidade ocidental ou alopática médica.

AS ENERGIAS HUMANAS: (YUAN – ZHONG – RONG –


WEI)
As energias humanas se dividem em dois grandes grupos:
A) As do céu anterior (Yuan e Zhong) (congênitas)
B) As do céu posterior (Rong e Wei) (adquiridas)

AS ENERGIAS DO CÉU ANTERIOR

São aquelas que o indivíduo possui antes do nascimento e que deter-


minam sua espécie e raça.
A Yuan é anterior ao ser humano e portanto é um fator imutável e
invariável, a Zhong é o fator variável ou mutável. A Yuan determina a
espécie, a Zhong determina a raça.
No ser humano seu Yuan ou sopro de vida se denomina Thân1 (cons-
ciência da existência, conhecimento e palavra). Isso é, o ser humano
1
Ver teoria Thin-Qi-Shen.

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TOMO I. 1ª Lição: Acupuntura Bioenergética

mediante este tipo específico de energia produz uma série de reações


bioquímicas que lhe permitem desenvolver o intelecto, a comunicação
oral e a consciência da existência. As reações bioquímicas de cada ser
estão em função da vibração do sopro original, dotando-lhes de deter-
minadas aptidões que lhes permitam a sobrevivência. Assim como o
sopro original dos cães lhes permite desenvolver o olfato, as aves a vi-
são, os roedores o ouvido, etc.
A Zhong é o fator mutável que depende dos antepassados e que dará
lugar ao aporte variável que lhes permitirá a adaptação ao meio onde
desenvolvem sua atividade vital.

AS ENERGIAS DO CÉU POSTERIOR

São aquelas que o indivíduo adquire através de duas fontes funda-


mentais: a dieta e a respiração.
A energia primária ancestral é como um capital herdado, não suscep-
tível de ser ampliado nem revalorizado mas sim de diminuir a impul-
sos periódicos como temos visto.
Esse potencial energético, que vamos gastando inevitavelmente e que
não pode ser retido foi motivo de estudos profundos por parte dos gran-
des mestres taoístas na antiga civilização chinesa, que pretendiam através
de técnicas de auto-regulação, psicossomáticas, fórmulas e ações quí-
micas conseguir o Qi necessário que permitisse reter a energia ances-
tral evitando seu desgaste. Os possíveis achados neste campo se manti-
veram em círculos herméticos e não transcenderam mais que em forma
de lendas populares sobre os denominados «imortais». Historicamente
inclusive se descreve a submissão de alguns imperadores à prova de
ingerir fórmulas de imortalidade preparadas pelos mestres taoístas. In-
discutivelmente, e deixando de lado conjecturas esotéricas, os estudos
estatísticos sobre expectativa de vida em relação com a idade dos
antecessores confirmam, de alguma maneira, essa peculiaridade do
potencial hereditário.
A partir desse conceito primário veremos que um objetivo permanente
do ser humano e seus sistemas energéticos será evitar o desgaste fisio-
lógico do capital herdado (energia ancestral), aportando para isso energias
complementares ou de apoio que resguardem a energia «Tesouro». Do
êxito desse empreendimento dependerá a duração da vida e a pureza e
potência das mudanças fisiológicas periódicas, em uma palavra, «o belo
florescer da vida».

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Capítulo I: Fundamentos da Medicina Energética

O CÉU ANTERIOR (JING INATO). A CRIAÇÃO E A EVO-


LUÇÃO
A energia Yuan (o sopro original) – A espécie
A única diferença que existe entre a matéria orgânica e a inorgânica
é que na primeira existe vibração (não há química sem energia, já que
para que se produza um enlace químico é preciso um determinado e
específico aporte energético) e na segunda seus componentes não
interatuam bioquimicamente. Por isso todos os seres vivos estão com-
postos pelos mesmos elementos básicos que podem existir, por exem-
plo, no barro. Os componentes bio-geradores são comuns em maior ou
menor parte em todos os reinos. Modernas investigações concluem que
é possível obter matéria viva a partir de uma matriz biológica (meio
aquoso como solvente) e uma fonte energética com a qual interatue (so-
pro de vida?). Há que se levar em conta que as interações energo-quí-
micas somente são possíveis através da água.
Os diferentes aportes energéticos provocariam reações bioquímicas
diferenciadas que ocasionam, no ente resultante, uma sequência de
processos bioquímicos que implicariam atitudes hierarquizadas no de-
senvolvimento dos cinco sentidos, como meio de sobrevivência em um
meio plural e competitivo.
Por isso cada espécie tem sua própria vibração celular, seu peculiar
sopro de vida, que se manifesta pelo desenvolvimento de um sentido
prioritário.
Isso dá lugar a cinco entes básicos segundo a Medicina Tradicional
Chinesa:

Os entes madeira (aves) que desenvolvem a visão (F.)


Os entes fogo (ser humano) que desenvolvem a palavra (C.)
Os entes terra (insetos) que desenvolvem o paladar (BP.)
Os entes metal (cães) que desenvolvem o olfato (P.)
Os entes água (roedores) que desenvolvem a audição (R.)

E múltiplos subtipos que originam a infinidade de espécies que for-


mam toda a gama de vibrações de vida, a sinfonia vital que é nosso meio
natural.

A energia Zhong (O código genético) – A raça

O homem recebe no momento de sua concepção, como aporte gené-


tico através da união do óvulo e do espermatozóide, um «legado

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TOMO I. 1ª Lição: Acupuntura Bioenergética

energético». Essa energia (qualitativamente a mais importante do ser


humano) leva o nome de energia ancestral, herdada, genética, cro-
mossômica ou zhongqi e vai ser a responsável por todas as mudanças
bioenergéticas e bioquímicas do organismo ao longo da formação do feto
e posteriormente (com a colaboração de outras energias) de todas as
modificações biofísicas do ser.
Essa energia vai se manifestar de uma maneira periódica, uma vez
produzido o nascimento, em ciclos que implicam um desgaste de sete
em sete anos para a mulher e de oito em oito anos para o homem. Esses
impulsos periódicos são os responsáveis pelas mudanças mais aparen-
tes: bebê, menino, púbere, adolescente e adulto, segundo descreve o Nei
Jing Su Wen.
A Zhong é a energia do ancestral, a energia herdada, é o componen-
te variável, o que pode modificar-se, adaptando-se às condições do meio
onde se desenvolve o ser.
A Zhong é a energia produzida pela união do Yang (espermatozóide)
com o Yin (óvulo) e cuja intensidade dependerá da carga eletrostática
do óvulo (próton) e eletrodinâmica do espermatozóide (elétron), isso é,
da união da energia potencial (óvulo) e da energia cinética (esperma-
tozóide).
Essa faísca de vida contém em si mesma todos os códigos necessá-
rios para que se desenvolvam em uma determinada ordem e sequência
os enlaces nitrogenados das cadeias nucléicas e portanto a estrutura física
(Renqi), assim como a personalidade essencial (Jingshen).
O raio de vida da Tradição ou Huoqi (Hwo chi) não é nem mais
nem menos que a energia produzida pela eclosão entre o óvulo e o
espermatozóide que se replica a cada mitose. A mitose é a replicação
integral do gameta, incluída sua característica energética. Por isso e depois
de nove meses se produz 6 x 1018 (sessenta trilhões) de células e outros
tantos desprendimentos energéticos que formam um «Quantum» que
se materializa na medula supra-renal (a energia excedente sempre se
consolida em matéria na forma de glicídios, glicogênio, etc.).
Após formar-se a medula supra-renal (urânio biológico) se forma a
medula espinhal que, uma vez estabelecida, origina o «mar das medu-
las», cérebro ou Nao. Ou seja, todo o sistema neuroendócrino (ponte entre
o Qi e o Xue). São os denominados tecidos do céu anterior e por isso
não se reproduzem quantitativamente depois do nascimento.
Modernas biomedições determinam que essa energia (Huoqi ou fogo
vital, traduzido literalmente) está compreendida entre uma banda de
0,2 a 0,09 eV (elétron-volts) que é a energia dos raios bioinfravermelhos
(calor da vida). Estes bioinfravermelhos são responsáveis, entre outras

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Capítulo I: Fundamentos da Medicina Energética

funções primordiais, pela fotossíntese e estão compreendidos em uma


longitude de onda de 4-14 μ, com um pico de 9 μ. Que se corresponde
com o diâmetro médio das células humanas e daí a possível ressonân-
cia entre o diâmetro e a onda.
Seguindo a equação de Planck coincide uma radiação de 4 μ de lon-
gitude de onda com uma emitância energética de 0,2 eV e uma de 14 μ
com uma emitância de 0,09 eV.

h×c
E = ——————
λ

E = emitância
h = constante universal de Plank
c = constante velocidade da luz
λ = longitude de onda

A Zhong, portanto, é variável, e de acordo com este critério existe a


raça (Zhong) dentro da espécie (Yuan), sendo este fator variável o que
justificaria até certo ponto a evolução.
Este enfoque dualista permitiria o entendimento dos seguidores do
criacionismo (Yuan) e do evolucionismo (Zhong) e portanto, como sem-
pre na M.T.C., a harmonia. Há criação dado que há «sopro de vida»
entendido como a energia que permitiu a mutação de matéria inerte (bar-
ro) em matéria animada (plantas, animais e ser humano) e há evolução
dado que o Zhong depende dos ancestrais e estes, definitivamente, de
seu meio.
Essa hipótese eliminaria o grande confronto entre fundamentalismo
religioso e cientificismo laico e tornaria possível verdadeiramente o en-
tendimento de culturas. Há que se compreender o Tao: «peculiaridade
sem predomínio»; por isso não é mais o Yang ou o Yin ou viceversa, e
sim uma situação na qual se complementam e potencializam entre si.

O CÉU POSTERIOR (JING ADQUIRIDO)

A energia Rong (O trofismo energético)

Essas energias complementares, que tratarão de salvaguardar a ener-


gia «Tesouro», são as denominadas energias adquiridas, procedentes da
respiração e da alimentação, e que a M.T.C. denomina energia Rong
ou Nutrícia e energia Wei ou Defensiva. A energia Rong vai se formar
através da combinação dos componentes energéticos dos alimentos (que

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TOMO I. 1ª Lição: Acupuntura Bioenergética

se desprenderão pela ação bioquímica das enzimas orgânicas no curso


da digestão gástrica) e o oxigênio do cosmos, fornecido através da res-
piração.
O alimento é fermentado no estômago mediante os processos
bioquímicos digestivos e como em toda combustão se produzem três
substâncias: uma sutil, etérea (elétrons, liberados da matéria) ou com-
ponente Thin; outra semimatéria-semienergia (vapor) ou componente
Tinh e outra densa (resíduos) ou Jing.
O Thin vai ao pericárdio como ocorre no resto das unidades
energéticas, o Tinh vai ao Baço-Pâncreas que faz a função de serpenti-
na para originar um processo de destilação e o Jing vai ao duodeno para
sofrer consecutivos processos de degradação no denominado TA Infe-
rior a fim de obter a energia Wei.
Segundo a tradição o vapor (Tinh) que não se destilou no BP con-
tém menos substrato material e se eleva infiltrando-se através do dia-
fragma e dos sacos pleurais até alcançar o pulmão onde sofre uma
definitiva oxidação mediante o oxigênio inspirado.
O vapor gástrico, que tem um alto componente de glicose e água, é
transformado em parte através das rotas oxidativas espleno-pancreáti-
cas em insulina e sucos pancreáticos e parte alcança o pulmão.
No pulmão se juntam, então, os componentes sutis da terra (glicose
e água) e os componentes etéreos do céu (oxigênio, pneuma, éter, etc.)
produzindo-se como resultado uma glicólise aeróbica que, diferentemente
da glicólise aeróbica ou anaeróbica sanguínea é exógena, isso é,
diretamente no pulmão.
Consequentemente no pulmão se forma energia livre (Thin) que cir-
cula pelos meridianos de acupuntura; vapor (Tinh) que em forma de
CO2 expulsamos ao exterior, e Água (Jing) que fluidifica toda a árvore
respiratória, a pele e o sangue através do emaranhado arteriovenoso
cardio-respiratório.

Portanto: energia Rong (Yong Qi, Rong Qi ou Ying Qi) = Tinh2 ali-
mentício ou Tinh dos cereais ou Jing Qi nutrício + Thin respiratório
ou Qing Qi ou Tian Qi.
Vemos de uma maneira imediata o Estômago e o Pulmão como ba-
ses fisiológicas na formação desta energia. E assim a Medicina Tradici-
onal Chinesa (M.T.C.) dá um grande valor a ambos por seus aspectos
de geradores, chegando ao ponto de manifestar que o Estômago é a

2
A palavra Tinh representa mudança ou mutação. A veremos com freqüência nos
textos antigos, sobretudo vietnamitas, o que pode dar lugar a erros de interpretação.

38
Capítulo I: Fundamentos da Medicina Energética

«fábrica da saúde», e inclusive existe um sistema terapêutico de ampla


aplicação no Oriente baseado em exercícios respiratórios, cujos resulta-
dos são realmente surpreendentes. Os exercícios respiratórios e sua
metodologia compõem uma parte importante de todos os sistemas mé-
dicos, inclusive os alopáticos.
Podemos esquematizar aquele processo da seguinte maneira:

Essa energia será a que circula pelas chamadas Vias Principais (Jing
Mai) a partir do Pulmão, seguindo um ciclo nictemeral perfeitamente
definido, alimentando ou nutrindo energeticamente a todos os sistemas.

A energia Wei (defesa e homeostase)

A segunda energia, chamada Wei, tem uma missão eminentemente


defensiva e por isso deve se manifestar em direção ao exterior de uma
maneira contínua.
Se acreditamos no princípio de que o homem é um ente energético,
temos que aceitar que nele podem influir «energias perversas»3 que são
as variações climáticas ou elementos cósmicos que induzem enfermida-
3
Os chineses denominaram com grande propriedade, numa linguagem sempre
simples, aos componentes climáticos desorganizados de energias perversas, pois perverso
é tudo aquilo que é capaz de produzir dano.

39
TOMO I. 1ª Lição: Acupuntura Bioenergética

des e que poderão se manifestar em seis variedades: calor (Re), vento


(Feng), Frio (Han), umidade (Shi), secura (Zao) e fogo (Huo) (como ex-
pressão máxima do calor).
Essas energias cósmicas destruiriam de uma maneira fulminante a
economia energética humana se não existisse a denominada energia Wei,
à qual em sua constante exteriorização vai criar campos de neutralização
que impeçam a ação do agente cósmico.
Se poderia esquematizar da seguinte maneira:

Vemos no esquema que as agressões constantes do meio são repelidas


pela energia defensiva, neutralizando-se em nível não físico, isso é, fora
da epiderme, graças a uma barreira defensiva ou «halo energético» cuja
existência apresentada em todas as culturas e religiões do mundo anti-
go se está investigando cientificamente na atualidade através da foto-
grafia do espectro energético da câmara Kirlian e outros métodos. Sua
objetivação elimina o caráter esotérico e mágico de um conceito básico
e elementar em bioenergética.
Essa energia defensiva, que devido à sua essência etérea máxima os
chineses denominaram «purificada», segue um processo de formação
que se pode comparar com as sucessivas etapas de purificação de uma
refinaria. Vemos que na refinaria, através de diversos aquecimentos e
complexos processos de evaporação, condensação, etc., se vão forman-
do substâncias cada vez mais puras e a cada vez de menor peso espe-
cífico, até chegar ao éter ou substância volátil em cuja essência está a
tendência à expansão.
Com um critério que nos surpreende por sua simplicidade e ao mes-
mo tempo por seu profundo significado, os textos de Medicina Tradici-

40
Capítulo I: Fundamentos da Medicina Energética

onal Chinesa nos explicam desde há milênios que a energia Wei se for-
ma no Aquecedor Inferior depois de sucessivas etapas de purificação que
ocorrem no mesmo. Como veremos mais adiante quando explicaremos
um pouco mais extensamente o conceito de Triplo Aquecedor; o Aque-
cedor Inferior está formado por Intestino Delgado, Intestino Grosso, Rins,
Cápsulas supra-renais, Bexiga, Fígado e Vesícula Biliar ou como diz o
Nang King: «o aquecedor inferior começa no piloro e termina no meato
uretral». Este conjunto de órgãos e vísceras seriam, de acordo com a
comparação anterior, as diferentes estações de purificação do «projeto
de refinaria» orgânico. Vimos no esquema de formação da energia Rong
ou nutrícia que no Estômago se desprendia energia Yang (+) até o Pul-
mão e matéria Yin (–) para o Intestino Delgado; pois bem, essa matéria
denominada de líquido impuro ainda contém elementos energéticos
susceptíveis de serem extraídos, já que não existe nunca a matéria pura,
pois em essência ela mesma é energia. Na metáfora da refinaria o
petróleo, que é igual ao alimento em sua primeira purificação (E), vai
gerar um produto utilizável energeticamente, por exemplo petróleo co-
mercial, e outra substância que passará em sucessivas etapas de puri-
ficação.
Em fisiologia energética: [Yang (+) (petróleo comercial)] ao Pulmão
(P) e o resto das substâncias [Yin (–)] ao Intestino Delgado (ID). No ID
sofrerão uma segunda purificação que vai gerar por um lado uma ener-
gia útil ou pura (+) que vai se depositar no «Rim energético» e uma
impura (–) que vai se dirigir ao Intestino Grosso (IG).
No IG irá se realizar a terceira purificação que vai originar, como em
etapas posteriores, uma substância energética pura (+) que também vai
se depositar no Rim (R) (o qual, como veremos, é o armazém energético
humano), e outra impura (–) que vai ser expulsa ao exterior na forma
de fezes. As energias depositadas no Rim através da segunda e terceira
purificação sofrerão neste órgão uma quarta purificação, de onde o puro
(+) irá ao Fígado (F) e o impuro (–) à Bexiga (B). Na Bexiga se realizará
a quinta purificação, de novo o puro (+) vai a Vesícula Biliar (VB) e o
impuro (–) se expulsará ao exterior na forma de urina.
No F se realizará a sexta purificação. Daqui o puro (+) através do
canal interno do F, se elevará até a parte mais Yang do corpo, ou po-
tência cósmica, o ponto centro do vértex ou centro de reunião de todas
as energias Yang, ou VG20 (Baihui), passando previamente pelos olhos,
e o impuro (–) irá à VB4.

4
A Vesícula Biliar recebe, pois, o puro da Bexiga e os impuros do Fígado.

41
TOMO I. 1ª Lição: Acupuntura Bioenergética

Na VB efetua-se a última purificação, a sétima, indo o puro (+) tam-


bém para nível cefálico e o impuro (matéria) retornando ao início do
circuito para efetuar uma nova reciclagem5. Observamos que essa últi-
ma substância será praticamente pura, e de fato os textos antigos ma-
nifestam que a bile é o mais puro dos humores orgânicos.
Essa energia da sexta e sétima purificação é uma energia volátil, que
tende à expansão em direção ao exterior. Uma energia que será Yang
com relação à nutrícia, que será Yin, e segundo os textos chineses se
acumulará em nível dos globos oculares durante a noite, para durante
o dia e ajudada pela ação das piscadas (que realizam função impulsora)
transmitir-se aos primeiros pontos dos três canais energéticos mais lon-
gos do organismo: B, VB e E (Zu Tai Yang, Zu Shao Yang, Zu Yang Ming),
que desde os olhos atravessam o crânio e descendem até os dedos dos
pés, passando pela parte posterior, lateral e anterior do corpo. Os mem-
bros superiores se conectarão em nível cefálico com essas vias descritas
através dos três canais energéticos Yang Shou: ID, TA e IG (Shou Tai
Yang, Shou Shao Yang, Shou Yang Ming), os quais formam planos
energéticos com aqueles.
Portanto, todo o corpo fica coberto (por transmissão através dessas
vias) de um manto protetor que o separa ou isola do meio. Este «halo
energético» (o veremos mais tarde) tem suas próprias vias de circulação
e alimentação contínua, que são os denominados Canais Tendino-
musculares.
Porém essa energia Wei não só virá a ser um manto protetor exter-
no, mas também (quando estudarmos as vias secundárias veremos) cir-
cula no interior do organismo, desempenhando o papel defensivo
endógeno ou imunitário-energético, através de outras vias como os ca-
nais Distintos, Luo Longitudinais e os próprios Vasos Curiosos ou
Reguladores.
Ao ser a energia do F de sexta fase é, por lógica, menos refinada que
a da VB que é a de sétima fase. Por isso o Wei do F circula pelos me-
ridianos distintos (Wei Yin) e a da VB pelos meridianos tendino-muscu-
lares. (Wei Yang).
Resumindo, já temos os três tipos de energias básicas do organismo,
mais tarde veremos outros tipos de energias mais elaboradas, e outras
que tomarão nome por sua ação mais concreta (como energias cardía-
cas, energias renais, etc.). A união destas três energias vai formar a

5
Para a M.T.C. o conceito de estômago inclui o segmento duodenal do intestino.

42
Capítulo I: Fundamentos da Medicina Energética

ENERGIA ESSENCIAL, conceito que desenvolveremos mais amplamente


em outros capítulos. Portanto:

E.E. = E.A. + E.D. + E.N.

ZHENG = ZHONG + WEI + RONG


(Denominação convencional)
ZHENG = JING Innato + WEI + JING Adquirido
(Denominação original)

E.E. (Energía Esencial) ou Zheng ou Jing Geral ou soma de:


— E.A. (Energia Ancestral) ou Jing inato ou do Céu Anterior, ou Zhong
— E.D. (Energia Defensiva) ou Wei
— E.N. (Energia Nutrícia) ou Zong ou Rong ou Jing do Céu Posterior.

Se pode representar graficamente segundo os esquemas adjuntos: 5A


– 5B – 5C e 5D.
O YUAN
O SOPRO ORIGINAL

O T’CHI WU O um

O YUAN O sopro

A matriz
O SHENSHUI biológica
H2O+ –

OS QI HUA A resultante
AS BIOTRANSFORMAÇÕES (Eletrólise)
OS 10.000 SERES

ESQUEMA 5A

43
TOMO I. 1ª Lição: Acupuntura Bioenergética

FORMAÇÃO DA ENERGIA ZHONG O JING


«A ALQUIMIA DO EMBRIÃO»

Explicação: a união do óvulo e do espermatozóide produz «a faísca de vida» que va-


riará de acordo com a intensidade de eclosão, originando a freqüência intrínseca própria do
indivíduo (sua impressão energética) ou código biológico que induzirá a sequência e inten-
sidade de seus processos bioquímicos. Em cada mitose se desprende a mesma quantidade
de energia original, desta forma podemos estabelecer a seguinte equação:

(E) Energia liberada no processo embrionário = (e) Energia liberada


na 1ª célula x nº de células humanas.

E = e (6x10) 18

Essa desmedida quantidade de energia se materializa (alquimia) em substância que pro-


duz as glândulas endócrinas, que se estende à medula espinhal e termina no cérebro ou «mar
das medulas» formando os denominados tecidos «do céu anterior» (não se reproduzem depois
do nascimento) e que supõem o substrato energético que dota o indivíduo de seu nível de
vitalidade intrínseca. A substância supra-renal virá a ser o «urânio biológico» utilizável em
situações de gasto imprevisto ou não usual. Seria o que a tradição chinesa denomina Rim
Yang. Algo similar à reserva de glicogênio hepático e muscular ou às respostas aos corticóides
supra-renais, porém em maior proporção.

ESQUEMA 5B

44
Capítulo I: Fundamentos da Medicina Energética

FORMAÇÃO DA ENERGIA RONG OU ZONG


«GLICÓLISE AERÓBICA EXÓGENA»
C6 H12 O6 + O2 = E+ + CO2 + H2O

Explicação: O alimento se «oxida» no E formando três substâncias: Thin (+) energia li-
vre que vai ao Pericárdio (MC), Tinh (+ -), «vapor» que vai ao BP e Jing (-), matéria que
vai ao ID.
O «vapor do E» destilado pelo BP (rotas oxidativas) forma três substâncias: (+) ener-
gia livre que vai ao Pericárdio, (+ -) «vapor» que ascende ao P e (-) matéria que vai ao
duodeno e ao sangue (insulina).
O «vapor do BP» é oxidado pelo O 2 no TA superior formando três substâncias: (+) que
circula pelos Meridianos (Rong), (+ -) «vapor» que expulsamos (CO 2) e (-) matéria (H 2O) que
fluidifica e hidrata a pele, o pulmão, as vias respiratórias e o sangue.
Se trata então de uma espécie de «glicólise aeróbica exógena», já que o vapor que vai
do BP ao P são partículas de glicose provenientes do E.

ESQUEMA 5C

45
TOMO I. 1ª Lição: Acupuntura Bioenergética

FORMAÇÃO DA ENERGIA WEI


«SUBLIMAÇÃO DO ALIMENTO»

RESIDUOS: SÓLIDOS RESIDUOS: LÍQUIDOS RESIDUOS: GASOSOS

Explicação: As diversas fases de depuração do alimento têm como objetivo obter a ener-
gia Wei a partir da diminuição de substrato material (fezes ou urina). Aproveitando a energia
desprendida que será captada pelo Xin Bao (Mestre do Coração, Pericárdio, ou Regulador
Geral da Energia), expulsando o inútil e gerando uma energia muito sutil, capaz de expan-
dir-se em direção ao exterior (éter energético), dotando assim o organismo de uma radiação
infravermelha que permite a homeostase com o meio.

(+) Qing (+ -) Qihua (-) Zhuo Nome Original.


L L

(+) Thin (+ -) Tinh (-) Jing Nome Convencional.

ESQUEMA 5D

46
CAPÍTULO II
Princípios de Fisiologia Energética

— O equilíbrio vital
— O correlativo energo-holístico
— A auto-reparação
Capítulo II: Princípios de Fisiologia Energética

INTRODUÇÃO

Vamos desenvolver uma série de princípios ou hipóteses através das


quais poderemos raciocinar, seguindo o método científico clássico da
medicina ocidental, acerca dos postulados tradicionais da medicina
oriental.
É uma árdua tarefa que provavelmente não satisfaça nem a uns nem
a outros, porém no nosso modesto entender é a única maneira de po-
der aproximar conceitos tão díspares com relação ao enfoque fisiopa-
tológico da enfermidade.
Podem ser considerados um complemento da matéria que desenvol-
veremos neste primeiro tomo de Fundamentos de Bioenergética e, por
sua vez, será o degrau necessário para o estudo e compreensão das
patologias desenvolvidas em tratados posteriores.
Estes princípios podem ser resumidos em três partes:
— O EQUILÍBRIO VITAL
— O CORRELATIVO ENERGO-HOLÍSTICO
— E A AUTOREPARAÇÃO

O EQUILÍBRIO VITAL

A medicina alopática, assim como é aplicada e ensinada, se desen-


volve em um contexto prototípico ou normotípico anatomo-fisiológico
atribuído ao corpo humano vivo e adulto e, portanto, de acordo com
sua ortodoxia, a enfermidade é considerada como alteração anatomo-
fisiológica.
No entanto a medicina oficial, cujo objetivo principal é a cura da
enfermidade e a preservação da saúde, não ignora e cada vez se mos-
tra mais interessada na existência de outras práticas ou métodos hete-
rodoxos que partem de conceitos vitalistas ou bioenergéticos dando lu-

49
TOMO I. 1ª Lição: Acupuntura Bioenergética

gar a uma multiplicidade de métodos terapêuticos não integrados no


contexto acadêmico oficial, como por exemplo: a magnetoterapia,
fotonterapia, laserterapia, acupuntura, musicoterapia, cromoterapia, etc.
Por isso, dentro dos ambientes médico-científicos modernos estão
sendo considerados cada vez com mais interesse os princípios vitalistas
da antiga tradição médica oriental.
Estes princípios podem ser resumidos em três postulados básicos que
dão origem a toda uma complexa estrutura sobre a qual se fundamen-
ta a prática das medicinas bioenergéticas:
1º) A energia é o princípio integrador e regulador de todo ente fí-
sico-químico.
2º) Todo ente vital «responde ao Céu e à Terra», isso é, ao influxo
de duas forças opostas e complementares, o que forma a dialética cós-
mico-telúrica ou Yin-Yang, em termos tradicionais.
3º) O Universo, suas manifestações e seus entes, estão regidos pela
«Grande Regra», ou princípio de inter-relação ou interdependência,
descrito pela denominada Lei dos Cinco Movimentos e que, referindo-
se ao ser humano, proporciona uma importante base de estudo que nos
permite compreender as relações de estímulo e inibição que os órgãos
e os diversos sistemas mantém entre si.
Por isso na antiga Tradição Vitalista se define ao ser humano como
UM ENTE ENERGÉTICO SUBMETIDO AO INFLUXO DE DUAS FOR-
ÇAS OPOSTAS E COMPLEMENTARES E REGIDO PELA LEI UNIVER-
SAL DA INTERDEPENDÊNCIA.
Isso nos permite assentar os princípios básicos da bioenergética:
— A enfermidade, considerada como uma alteração anatomo-fisio-
lógica, tem como causa etiológica habitual um desequilíbrio
energético.
— Existe um sistema capaz de transmitir e receber toda a bioinfor-
mação energética que constantemente é enviada pelo meio vital.
Esse sistema denomina-se sistema energético de meridianos ou ca-
nais energéticos, que por sua vez ligam-se no denominado Pericár-
dio Energético ou Mestre do Coração, que viria a ser o equiva-
lente ao cérebro no sistema nervoso.
— Todos os nossos órgãos e sistemas estão relacionados entre si de
tal forma que a alteração de um deles pode se repercutir em qual-
quer outro, de acordo com a predisposição genética ou adquiri-
da (conceito de diátese). Ou seja, um mesmo distúrbio como cau-
sa etiológica pode originar quadros patológicos em diversos ór-
gãos ou sistemas.

50
Capítulo II: Princípios de Fisiologia Energética

— Deve existir uma relação justa e equilibrada entre a energia


circulante no organismo e a matéria circulante, ou sangue (como
base de alimentação e desenvolvimento tissular).
— Todo estímulo bioenergético provoca uma reação de hiperemia,
de acordo ao princípio anteriormente exposto.
— Essa ação de tropismo justifica a existência de antigas técnicas
terapêuticas como a cromoterapia, musicoterapia, aromaterapia,
terapia através dos sabores, etc.
— O sistema nervoso não é nem mais nem menos que o meio atra-
vés do qual a energia desencadeia um efeito bioquímico ou bioló-
gico, daí sua estrutura mista (energo-física).

Baseados no anteriormente exposto podemos concluir que atuando


sobre os campos bioenergéticos pode-se prevenir as alterações bioquí-
micas conseqüentes a um desequilíbrio de polaridades e, mais ainda, a
verdadeira cura de todo processo patológico passará pela regulariza-
ção e harmonização da energia humana, veiculada através dos canais
energéticos e transmitida através do sistema nervoso.
Esse princípio neurotrófico poderia estender uma ponte entre a or-
todoxia médica ocidental de corte cartesiano e a heterodoxia bioener-
gética, mais empírica.
Nossa medicina ocidental tem dificuldade quando trata-se de expli-
car as relações hemoneurotróficas; para isso deve recorrer à teoria
correlativista que nos indica que todo nervo é um condutor biológico
de diversos «quantuns» ou partículas elementares de energia.
Segundo a «medicina quântica», as partículas subatômicas implicadas
em todo processo bioquímico só podem dar ou receber influxos energé-
ticos de tipo foto-elétrico-magnético e, portanto, isso demonstraria a in-
dissolúvel relação cosmo-telúrica ou cosmogênica existente entre o ser
humano e seu meio vital.
Isso nos leva a considerar que a nutrição ou processo de assimilação
e desassimilação de qualquer zona corporal se realiza pela conjunção
de duas fontes: aportes físicos através do sistema vascular, e aportes
energéticos ou «quantuns» através do sistema nervoso.
Se conclui que atuando sobre a energia afluente ou efluente em uma
determinada zona física podemos variar os aportes sanguíneos (átomos,
moléculas, enzimas, células, etc.), modificando todas as reações bioquími-
cas que se realizam constantemente em qualquer zona do organismo.
A dualidade (energia e sangue) está representada em bioenergética
pelo denominado TAO VITAL, ou relação íntima do YANG (energia)
e do YIN (sangue ou matéria).

51
TOMO I. 1ª Lição: Acupuntura Bioenergética

O Qi representa o «quantum» de energia humana, é o Yang da filo-


sofia taoísta; o Xue representa o sangue, a volemia ou o conjunto de
matéria orgânica já que essa precisa do sangue para sua nutrição, é o
Yin. Em sua harmonia está o equilíbrio.

+
Qi = energia

Xue = sangue

Qi e Xue são as duas substâncias fundamentais da vida

Entre elas se estabelece uma interdependência que, sendo harmônica


sem predomínio, é a base da saúde. Se predomina o Qi aparecerão si-
nais de plenitude (hipertermia, hipertensão, cefaléia, tensão muscular,
rubor, opressão torácica, etc.); se predomina o Xue (de forma relativa)
aparecerão sinais de acúmulo e de descida (edema, varizes, hipotermia,
hipotensão, lassidão, atonia muscular, etc.).
Portanto a energia, seguindo o critério vitalista, dinamiza o sangue,
e este por sua vez alimenta os órgãos geradores de energia.
Esse princípio é facilmente compreendido quando observamos a ação
de qualquer estímulo energético (luz, calor, magnetismo, etc.). Quan-
do aplicamos estes estímulos se provoca uma hiperemia e, por sua vez,
esse incremento na vascularização nutre os sistemas físicos, orgânicos
e viscerais.
Se deduz então que para manter uma boa saúde física é preciso
manter um estado energético harmônico.
De acordo com isso o sistema nervoso em seu conjunto é, nem mais
nem menos, que a via de passagem ou o meio que a energia precisa
para projetar-se na matéria, sendo por sua vez o transmissor dos estí-
mulos do meio ao sistema energético central (conceito oriental de Xin
Bao, Pericárdio Energético ou Mestre do Coração).
Esses estímulos energéticos (bioinformação) que constantemente re-
cebemos são capazes de influir em nossa estrutura podendo ser repre-
sentados através do ideograma chinês que identifica ao ser humano.

52
Capítulo II: Princípios de Fisiologia Energética

53
TOMO I. 1ª Lição: Acupuntura Bioenergética

Neste esquema se podem observar:

A) INFLUXOS CÓSMICOS

A1) Influxos universais ou vitalistas


A2) Influxos gravitacionais (campo gravitacional solar e lunar)
A3) Influxos bioclimáticos

A1) Se refere às leis supremas que regem toda a estrutura univer-


sal e que se intuem, como: a Lei Universal do Ritmo ou Sequência
Harmônica e sua manifestação; a lei do material e integração no Uno
(Zen, Misticismo, Escolas Herméticas, etc.).
A2) As influencias astrológicas se dividem em:
Solares (+) – radiação eletromagnética solar (IV, UV, etc.).
Planetárias (+ -) – Campo gravitacional.
Lunares (-) – Influências telúricas na psique, nas fêmeas, nas marés,
etc.
Estes conceitos sustentam a base de métodos terapêuticos como a
fotonterapia, telurismo, etc.
A3) Os influxos bioclimáticos ou manifestações seqüenciais térmi-
ca, dinâmica e hídrica que originam as cinco energias cósmicas: calor
(+), frio (-), vento (+-), humidade (-), secura (+).
Isso dá origem a múltiplas terapias de tipo naturista em relação ao
sol, ao ar, à água, ao calor, ao frio, etc.

B) INFLUXOS TELÚRICOS

B1) Agentes biodietéticos.


B2) Agentes bioecológicos.
B3) Agentes biorrespiratórios.
B4) Agentes biopsicossomáticos.
B5) Agentes bioenergéticos frequenciais.
B6) Agentes biodinâmicos.
B7) Agentes biomagnéticos.

B1) Agentes biodietéticos. Se refere à energia dos alimentos. Esta se


obtém através de três fontes: a energia alimentícia proveniente do pro-
cesso digestivo-metabólico, a energia biótica (energia do alimento como
ser vivo), e a energia específica dos sabores [ácido e acre (Fígado), amargo
(Coração), doce (Baço-Pâncreas), picante (Pulmão) e salgado (Rim)]
segundo a Lei dos Cinco Movimentos.

54
Capítulo II: Princípios de Fisiologia Energética

Isto por sua vez fundamentou terapias antigas e modernas, como as


dietas tradicionais, a dietética aplicada e a novíssima terapêutica com
alimentos biológicos que ainda conservam sua energia biótica.
B2) Agentes bioecológicos. Nos referimos às influências que têm sobre
o organismo seu local geográfico de habitação e que dependem da lon-
gitude, da latitude e da altitude.
Existem múltiplas terapias ligadas a este conceito e que vulgarmente
são conhecidas como «mudança de ares».
B3) Agentes respiratórios. Se referem às energias obtidas por inter-
médio da respiração, que segundo o conceito tradicional são algo além
do oxigênio inalado, sendo denominado por diversas culturas como
Pneuma, Prana, etc.
Este conceito dá lugar a diversas terapias respiratórias, tanto tradi-
cionais (Tai Chi, Yoga, etc.) como modernas (sistemas de reabilitação e
controle respiratório).
B4) Agentes biopsicossomáticos. Nos referimos às energias de trans-
missão ou influxo humano, assim como os fatores afetivos ou emocio-
nais que originam métodos psicoterápicos diversos como são a sofrologia,
hipnose, indução mental, psicoterapia vitalista, etc.
B5) Agentes bioenergéticos frequenciais. Nos referimos às energias
vibracionais, como os odores, sons, cores, sensações táteis, que deram
lugar ao redescobrimento de antigas terapias como a aromaterapia, a
musicoterapia, a cromoterapia, fotonterapia, etc.
B6) Agentes biodinâmicos. Nos referimos aos influxos desencadea-
dos por movimentos naturais de tipo terrestre que dão lugar a compli-
cados parâmetros, e que alguns investigadores como Hartman tem de-
senvolvido, assentando as bases de modernas terapias em relação com
as zonas positivas ou negativas de nosso habitat imediato (Fengshui).
B7) Agentes biomagnéticos. Nos referimos a uma energia biodi-
nâmica muito particular, que percebemos a partir de diversas fontes de
origem:
— Campo magnético terrestre.
— Campos magnéticos locais (solo e subsolo).
— Campos magnéticos provocados:
• PATOLÓGICOS ou descontrolados (redes de alta tensão, centrais
térmicas, construções paramagnéticas ou excessivamente diama-
gnéticas, aparelhos eletrodomésticos, etc.)
• FISIOLÓGICOS ou controlados:
* Magnetoterapia natural ou preventiva.
* Magnetoterapia clínica.

55
TOMO I. 1ª Lição: Acupuntura Bioenergética

O CORRELATIVO ENERGO-HOLÍSTICO
Uma vez estabelecido o princípio fundamental de que nossa existên-
cia é conseqüência da dualidade energético-física, na qual intervêm os
influxos energéticos veiculados ou transmitidos pelo sistema nervoso ao
«magma» físico ou sangue, poderemos concluir que a saúde depende
como conseqüência imediata de uma equilibrada ação neurotrófica (de
neuro – nervo, e trofo – nutrição), porém dos influxos energéticos como
causa primária; e daí que se considere a energia como princípio
integrador e regulador de toda estrutura físico-química.
Esse princípio nos leva a considerar o fato de que o ser vivo é uma
unidade integrada e a desenvolver o conceito holístico, no qual até o
mais recôndito espaço ou função responde relacionando-se com todo o
conjunto.
Todo ser pluricelular diverso, cujo máximo expoente é o homem, não
é uma associação de células normotípicas, e sim de celulas heterotípicas,
adequadas à sua função específica, que se compensam gerando uma
organicidade. Por exemplo, o neurônio é o máximo representante da
capacidade funcional, no entanto é o mínimo de capacidade reprodutiva,
circunstância completamente inversa ao gameta.
Por isso a organicidade ou conjunto holístico, ou conjunto de fun-
ções individuais, se epicentram no sangue (Xue) e se transmitem ou
dinamizam pela energia (Qi), através da função neuronal.
Mas o sistema nervoso não somente é responsável pela vida vegeta-
tiva, mas também pela vida de relação, portanto devem participar nes-
ta simbiose outra série de fatores que justifiquem o conceito holístico de
integração neurotrófica.
Para isso é preciso desenvolver a teoria da integração neuro-endó-
crino-humoral como uma circunstância de equilíbrio entre o rápido re-
flexo nervoso e o lento reflexo bioquímico humoral.
O sangue circulante, como conceito de organicidade, é um sistema
de inter-relação relativamente lento, que por si só não garante a
homeostase, entendida como ação de sobrevivência. Precisa-se, em nossa
economia vital, de uma reação rápida diante de qualquer estímulo do
meio no qual desenvolvemos nossa atividade biológica.
O desenvolvimento temporal-espacial das reações bioquímicas atra-
vés do «magma nutrício» deve ser acelerado através da função neuronal,
garantindo assim a reatividade necessária diante de qualquer fator de
estímulo.
Agora então, este sistema de ação e reação vital humoro-celular-
tissular-visceral tem que estar controlado e sustentado no espaço e tempo

56
Capítulo II: Princípios de Fisiologia Energética

por um sistema que harmonize o rápido reflexo neurológico e o lento


reflexo hematotrófico.
Dito mediador é o sistema endócrino, capaz de regular a intensida-
de e tempo de reação de acordo com as funções de sobrevivência e pro-
criação. Assim, por exemplo, a mediação deverá ser rápida na libera-
ção de adrenalina ou insulina e lenta e persistente na função ovariana
ou testicular; quer dizer, rápida na sobrevivência e relativamente lenta
na procriação.
Este conjunto de funções e inter-relações configuram a chamada
medicina holística ou integradora, onde se entremeiam os sistemas através
de uma organicidade, tornando-os extensivos a qualquer parte do cor-
po humano.
A neurotrófica e a endocrinotrófica são consideradas, portanto, fun-
ções reguladoras ou complementares à hematotrófica.
Com base em tudo isso a teoria correlativista, tão usada na medici-
na ortodoxa para explicar feitos biológicos não concordantes com as
explicações fisiológicas, somente é possível admitindo-se que o epicentro
integrador em toda a estrutura é constituído pelo sangue circulante.
Todo ente vital se define como uma circunstância física resultante do
intercâmbio material-energético com o meio externo, ou também como
uma condensação biocósmica obtida através do que em ciências físicas
se costuma chamar de Energia Universal Primária ou Singularidade Inicial
e ao que as medicinas bioenergéticas denominam T’Chi Wu ou o Um
(segundo Lao Tzé).
Segundo essa consideração todo o biológico provém de um princípio
cosmogônico e geomagnético.
Essa teoria que poderia surpreender aos não iniciados em Física nos
indica claramente que as manifestações energéticas comumente deno-
minadas luz, calor, eletricidade, etc. são fluxos de partículas elementa-
res extraídas de matérias animadas por intensos e complexos movimentos.
Portanto são formas protofísicas da energia cinética originada por uma
massa.
Resumindo todo o exposto, devemos sintetizar:
O ser humano é sensível aos influxos ou mensagens da Natureza ou
meio vital mediante uns «receptores externos» que captam bioinfor-
mações, que são posteriormente transmitidas ao sangue através de cor-
rentes nervosas.
Estes «receptores externos» são as complexas redes ou canais de
acupuntura que se convertem, assim, em centros de ressonância
bioenergética e biomagnética, sendo os nervos os mensageiros bioelétricos
e o sangue, a massa ou matéria, a receptora da mensagem.

57
TOMO I. 1ª Lição: Acupuntura Bioenergética

A AUTOREPARAÇÃO

Se partimos das premissas anteriormente estabelecidas poderemos


afirmar que é possível, através de influxos energéticos, atuar sobre o
organismo podendo, portanto, corrigir os desequilíbrios e conse-
quentemente reestabelecer a saúde.
Este tipo de terapia inclui-se num contexto médico-sanitário no qual
precisa-se efetuar um diagnóstico e estabelecer um tratamento adequa-
do à modalidade de sintomas e sua etiologia.
Portanto, igualmente que na medicina ortodoxa, é preciso analisar
os mecanismos produtores da enfermidade e propor um tratamento que
de acordo com o grau de severidade e com os conhecimentos do
terapeuta, poderá ser etiológico, sintomático ou paliativo.
Consideramos, com base no critério holístico, que o tratamento sin-
tomático ou paliativo é incompleto, que só pode ser justificado quando
o paciente tenha sofrido destruição irreparável e irreversível de um ou
vários de seus componentes ou sistemas físicos. Existem muitas técni-
cas, tanto alopáticas como bioenergéticas dirigidas a este tipo de trata-
mento.
O tratamento de fundo deve ser dirigido não somente para eliminar
temporariamente ou paliar os sintomas do doente, senão a principal e
prioritariamente favorecer ou induzir a autoreparação, eliminando o
fator ou os fatores primários do desequilíbrio, o denominado Fuqi (fator
latente) em termos orientais.
A medicina bioenergética dispõe de recursos para poder realizar este
tipo de tratamento já que, como dito anteriormente, entende que exis-
tem agentes de desequilíbrio ou influxos nocivos capazes de provocar
efeitos em cadeia, que vão desde o desequilíbrio bioenergético, manifes-
tado por síndromes típicas como cefaléia, hipertensão, dores idiopáticas,
etc. até enfermidades que implicam destruição de tecidos, passando por
alterações neurológicas, funcionais, bioquímicas e orgânicas.
A maior parte das síndromes enquadradas pela medicina oficial como
idiopáticas, e outras muitas que por sua sutileza ou aparente falta de
interesse se consideram irrelevantes, são distúrbios energéticos que é
preciso conhecer para poder atuar, conseqüentemente eliminando o fator
etiológico ou latente e favorecendo a Auto-reparação do organismo.
Por isso dispomos de um sistema denominado BIAO-LI, que signifi-
ca Interior-Exterior: conjunto de relações que mantém o interior orgâ-
nico com o exterior, que se manifesta através das conexões que a pele
guarda com a função interna através do que a medicina moderna de-
nomina dermátomos (Head, Mackencie, etc.) ou reflexos víscero-cutâ-

58
Capítulo II: Princípios de Fisiologia Energética

neos, ou zonas reflexas (Nogier, Sherrington, etc.) e que já faz 5.000


anos os orientais denominavam vias JING-MAI, meridianos ou canais
de Acupuntura.
No ser vivo existem, portanto, umas comunicações energéticas per-
feitamente descritas pelas medicinas orientais através das quais os in-
fluxos de tipo energético penetram no organismo incidindo, portanto,
sobre todos os processos biológicos.
Esses estímulos, quando aplicados de uma maneira correta, podem
regular os campos bioenergéticos colaborando no processo de auto-re-
paração orgânica.
No entanto para que exista um processo de auto-reparação precisa-
se, previamente, de um processo de regulação que tenda a eliminar todo
o aporte patogênico que esteja interferindo no funcionamento biológi-
co normal.
Qualquer que seja o método terapêutico escolhido, seu grau de
efetividade dependerá do nível de regulação vital ou seja, em termos
orientais, de eliminar o Fuqi ou fator latente de desequilíbrio.
Se a regulação energética é conseguida através de cirurgia, fármacos,
dietas, aportes de calor (crioterapia e termoterapia), de correntes elétricas
(eletroterapia), etc. , estamos diante da prática médica ortodoxa; se a
realizamos com campos magnéticos ou fotônicos, notas musicais, odo-
res, acupuntura, fitoterapia, homeopatia, etc., estamos diante da práti-
ca médica heterodoxa.
Segundo vimos na introdução, e de acordo com a teoria e prática
heterodoxa, a enfermidade é um desequilíbrio que evolui seguindo um
processo que pode-se determinar conhecendo os princípios bioenergéticos.
Exceto nos transtornos genéticos e alterações provocadas por fatores
causais (traumatismos, mordidas, etc.) onde os conhecimentos são pre-
cários (no Taoísmo nada é casual, e sim tem uma causa justificada), todos
os processos patológicos têm uma gênese e evolução explicáveis bioener-
geticamente.
O conhecimento destas será, portanto, imprescindível a fim de apli-
car a fórmula terapêutica apropriada de acordo com a fase evolutiva,
o fator predisponente, o fator desencadeante, ou o conjunto de causas
que podem estar implicadas em um quadro patológico complexo.
Para isso é preciso conhecer a fisiologia e anatomia bioenergética e
portanto os mecanismos de penetração do fator exógeno ou elemento
climatológico, as conseqüências negativas que o distúrbio emocional
origina em nosso equilíbrio homeostático, os transtornos bioenergéticos
originados pelas transgressões dietéticas e as predisposições ou terre-

59
TOMO I. 1ª Lição: Acupuntura Bioenergética

nos mórbidos ocasionados pelas deficiências, alterações ou memórias


genéticas.
A Medicina Chinesa assinala que o aparecimento da enfermidade é
produto do predomínio do fator Xie (patógeno) sobre o Zheng (antipató-
geno ou essencial).
Ainda assim, a M.T.C. indica que, em circunstâncias normais os fa-
tores patógenos precisam associar-se para vencer a resistência do Zheng.
Ou seja, para produzir-se uma enfermidade deve existir influência em
termos gerais e em maior ou menor medida do fator dietético, do fator
emocional, do fator de predisposição herdado e do fator climático-
ambiental.
Para a M.T.C., 80% das enfermidades têm como fator desencadeante
o Liu Yin ou fator epidêmico cósmico, entendido como algo mais que as
denominadas cinco energias do cosmos: frio, calor, vento, umidade e
secura.
Esse algo mais, e que é conseqüente à existência destas energias,
poderia ser o que em nossa cultura denominamos de VÍRUS.

O EQUILÍBRIO VITAL

«TODO ENTE VITAL RESPONDE AO CÉU E À TERRA»


Nei Jing Su Wen – 3000 a.C.

O CÉU-YANG ( + )

A TERRA – YIN ( - )

O SER HUMANO COMO ENTE TRANSFORMADOR DE ENERGIA

60
Capítulo II: Princípios de Fisiologia Energética

FORÇAS YANG (+) OU CÓSMICAS


VITALISMO – ASTROLOGIA – TELURISMO

VITALISMO
ENERGIA SUPREMA QUE REGE A ESTRUTURA UNIVERSAL:
P.U.P. (PRINCÍPIO UNIVERSAL PRIMÁRIO)
S.I. (SINGULARIDADE INICIAL)
O UM (T’CHI)
HERMETISMO – KABALA – TAOÍSMO – VEDISMO – CRISTIANISMO,
ETC.

NO TAOÍSMO: O UM (T’CHI) ORIGINA O DOIS


(OU BIPOLARIZAÇÃO),QUE ORIGINA O TRÊS (OU DINAMIZAÇÃO),
QUE PRODUZ A VIDA, 10.000 SERES (OU TRANSFORMAÇÃO)

NA KABALA: O UNO (BRIAK) OU PODER CRIATIVO ORIGINA O DOIS


(YETZIRAH), PODER ESTRUTURANTE QUE PRODUZ O TRÊS (ASSIYAH)
OU PODER INSTITUCIONAL

NO VEDISMO: O UM (BRAHMA E SARASVATI)


ALENTO E IMPREGNAÇÃO ORIGINAM O DOIS (NA) NÚMERO
QUE ORIGINA O TRÊS (NAMA) MANIFESTAÇÃO QUE
PRODUZ (NAMARUPA) OU FORMA (10.000 SERES)

NO CRISTIANISMO: O UM (DEUS) ORIGINA O DOIS


(CRISTO), PRODUZ O TRÊS (ESPÍRITO SANTO) QUE MODULA
AO HOMEM (10.000 SERES)

ASTROLOGIA:
ENERGIAS EMANANTES DOS CORPOS CELESTES.
ASTROLOGIA MÉDICA

TELURISMO
ENERGIAS TERMO-DINÂMICAS: FRIO, CALOR, VENTO,
UMIDADE E SECURA.CRIOTERAPIA,
MOXABUSTÃO, BALNEOTERAPIA, ETC.

61
TOMO I. 1ª Lição: Acupuntura Bioenergética

ENERGIAS YIN (-) OU TERRESTRES


DIETÉTICAS – RESPIRATÓRIAS
PSÍQUICAS – GEOLÓGICAS - FREQUENCIAIS

DIETÉTICAS
A) ENERGIA DA DEGRADAÇÃO ALIMENTAR:
CATABOLISMO (RONG)
B) ENERGIA BIÓTICA DO ALIMENTO: EM FUNÇÃO DE SEU
FRESCOR (HALO CONSERVADOR) WEI E SUA ESPÉCIE
(CARGA GENÉTICA) ZHONG.
C) ENERGIA DOS SABORES (5 MOVIMENTOS)
DIETÉTICA E FITOTERAPIA ORIENTAL

RESPIRATÓRIAS
ENERGIA INSPIRADA DO MEIO ATMOSFÉRICO
OXIGÊNIO, PNEUMA, PRANA, ETC. QUE SE INTEGRA COM A
CATABÓLICA PARA FORMAR O RONG.
TAI-CHI – YOGA – QIGONG – ETC.

PSÍQUICAS
ENERGIA PROVENIENTE DO MEIO SOCIAL,
SOFROLOGIA, HIPNOSE, INDUÇÃO MENTAL,
PSICOTERAPIA CHINESA, PSICOMOTRICIDADE, ETC.

FREQUENCIAIS
ENERGIAS QUE O ORGANISMO CAPTA DE DETERMINADAS
MANIFESTAÇÕES FOTO-ELETRO-MAGNÉTICAS
AROMATERAPIA – CROMOTERAPIA – MUSICOTERAPIA, ETC.

GEOLÓGICAS
ENERGIA QUE PROVÉM DOS CAMPOS MAGNÉTICOS,
CORRENTES FREÁTICAS E OUTRAS FORÇAS DINÂMICAS TERRESTRES,
MAGNETISMO – FENG SHUI, ETC.

62
Capítulo II: Princípios de Fisiologia Energética

O TAO VITAL

AS FORÇAS YANG E YIN COMPÕEM O QI


OU ENERGIA INTERATIVA DO SER HUMANO

O CONJUNTO FÍSICO OU ORGÂNICO SÓ É


POSSÍVEL ATRAVÉS DA AÇÃO AGLUTINANTE
DO SANGUE (XUE)

O QI E O XUE – O YANG (QI) E O YIN (XUE), A


ENERGIA (QI) E A MATÉRIA (XUE),
FORMAM O TAO-VITAL

YANG
QI ( + )
ENERGIA

YIN
XUE ( - )
MATÉRIA

O QI IMPULSIONA O SANGUE, O SANGUE NUTRE O QI,


A ENERGIA ATRAI O SANGUE, O SANGUE NUTRE
A ENTIDADE FÍSICA QUE PRODUZ O QI.
«A ENERGIA É O GOLPE DE ESPORA DO SANGUE. E O SANGUE É
A MÃE DA ENERGIA.»

A DESCOMPENSAÇÃO ORIGINA:
SÍNDROMES DE ELEVAÇÃO DO QI
SÍNDROMES DE QUEDA DO XUE

63
TOMO I. 1ª Lição: Acupuntura Bioenergética

O CORRELATIVO ENERGO – HOLÍSTICO


O QUARTO SISTEMA

64
Capítulo II: Princípios de Fisiologia Energética

PROPUESTA TERAPÊUTICA

Acupuntura, HomeopatIa
E Técnicas Energéticas Energética

Farmacopéia e
Fitoterapia
Bioquímica

Medicina funcional
e Fisioterapia Funcional

Cirurgia Orgânica

EVOLUÇÃO DA ENFERMIDADE

A PIRÂMIDE BIOLÓGICA

65
TOMO I. 1ª Lição: Acupuntura Bioenergética

A AUTO-REPARAÇÃO

O CORPO FÍSICO PODE REGENERAR-SE ENQUANTO


EXISTIR RENOVAÇÃO CELULAR

HÁ MÚLTIPLOS EXEMPLOS DENTRO DOS


PROCESSOS BIOLÓGICOS (LAGARTIXA, ESTRELA-DO-MAR, ETC.)
QUE O EVIDENCIAM

PARA CONSEGUÍ-LO É PRECISO ELIMINAR O FATOR DE


DESEQUILÍBRIO, QUE EM SUA GÊNESE É
BIOENERGÉTICO

A REGULAÇÃO DE POLARIDADES É, POIS


PROTOCOLÁRIA EM QUALQUER TIPO DE TERAPÊUTICA
ESCOLHIDA (EQUILÍBRIO YIN-YANG)

PARA ISSO É PRECISO ATUAR NO VÉRTICE DA


PIRÂMIDE BIOLÓGICA, OU QUARTO SISTEMA

O QUARTO SISTEMA É COMPOSTO PELA EXTENSA REDE DE


CANAIS ENERGÉTICOS OU VIAS JINGLUOMAI

ESTE ENFOQUE TERAPÊUTICO É O QUE SE COSTUMA CHAMAR


MEDICINAS VITALISTAS, E ENTRE ELAS A ACUPUNTURA

66
Capítulo II: Princípios de Fisiologia Energética

CONCLUSÕES

A) AS PARTÍCULAS SUBATÔMICAS IMPLICADAS EM


TODO PROCESSO BIOQUÍMICO SÓ PODEM DAR OU
RECEBER INFLUXOS ENERGÉTICOS DE TIPO FOTO-ELETRO-
MAGNÉTICO.ISSO DEMONSTRA A INDISSOLÚVEL
RELAÇÃO COSMOTELÚRICA OU COSMOGÊNICA ENTRE
O SER HUMANO E SEU MEIO

B) ATUANDO SOBRE OS CAMPOS ENERGÉTICOS


PODEMOS PREVENIR AS ALTERAÇÕES BIOQUÍMICAS
CONSEQUENTES A UM DESEQUILÍBRIO DE POLARIDADES.
E ALÉM DISSO A VERDADEIRA CURA DE QUALQUER
PROCESSO PATOLÓGICO PASSARÁ PELA REGULAÇÃO E
HARMONIZAÇÃO DA ENERGIA HUMANA, VEICULADA
ATRAVÉS DOS CANAIS ENERGÉTICOS E
TRANSMITIDA ATRAVÉS DOS SISTEMA NERVOSO

ESTE É O FUNDAMENTO DE TODA TERAPÊUTICA


ACUPUNTURAL E DE TODAS AS MEDICINAS QUE
CONSIDERAM A ENERGIA COMO PRINCÍPIO
INTEGRADOR E GÊNESE DE TODA ESTRUTURA FÍSICO-
QUÍMICA (VITALISMO)

67
TOMO I. 1ª Lição: Acupuntura Bioenergética

PRINCÍPIOS BÁSICOS DAS MEDICINAS BIOENERGÉTICAS

1. A ENFERMIDADE TEM COMO CAUSA ETIOLÓGICA


HABITUAL UM DESEQUILÍBRIO ENERGÉTICO.

2. EXISTE UM SISTEMA CAPAZ DE CAPTAR E TRANSMITIR A


BIOINFORMAÇÃO ENERGÉTICA DO MEIO E QUE SE
DENOMINA SISTEMA JINGLUOMAI (REDE DE CANAIS OU
MERIDIANOS DE ACUPUNTURA).

3. UM MESMO DISTÚRBIO, COMO CAUSA ETIOLÓGICA, PODE


ORIGINAR QUADROS PATOLÓGICOS EM DIVERSOS ÓRGÃOS
E SISTEMAS (CONCEITO DE DIÁTESE).

4. DEVE EXISTIR UM EQUILÍBRIO EXATO ENTRE A


ENERGIA CIRCULANTE (QI) E O SANGUE CIRCULANTE
(XUE).

5. TODO ESTÍMULO BIOENERGÉTICO PROVOCA UMA


REAÇÃO HIPERÊMICA.

6. OS ESTÍMULOS BIOENERGÉTICOS DO MEIO INDUZEM


REAÇÕES SELETIVAS (TROPISMO) SOBRE OS ÓRGÃOS
E SISTEMAS DE ACORDO COM SUA FREQUÊNCIA, INTENSIDADE
E LONGITUDE DE ONDA.

7. O SISTEMA NERVOSO É A PONTE DE PASSAGEM OU


MEDIADOR ATRAVÉS DO QUAL A ENERGIA ATUA A
NÍVEL BIOQUÍMICO, DAÍ SUA ESTRUTURA MISTA
(ELETROFÍSICA).

68
CAPÍTULO III
Exposição Dialética da Enfermidade

— Lei de relatividade Yin-Yang


— Yin-Yang e Zang-Fu
Todas as mudanças do mundo se produzem pela
interação dinâmica e cíclica de antagonismos.
Os antagonismos formam a unidade que contém
e transcende a todas as forças opostas.

HERÁCLITO - Grecia Antigua


Capítulo III: Exposição Dialética da Enfermidade

LEI DA RELATIVIDADE YIN-YANG

Consideramos necessário não iniciar por este conceito no primeiro


capítulo e dar prioridade às noções básicas de energética humana, pois
agora já sabemos que nossa missão como acupuntores vai ser a de tra-
tar de atuar sobre ela através da agulhas e outros métodos. No entan-
to, não seria possível dar nem um só passo sem estudar os dois pilares
básicos nos quais iremos nos apoiar para realizar toda a nossa tera-
pêutica:

a) Lei Yin-Yang
b) Teoria dos Cinco Movimentos

Consideração bipolar da energia. Lei Yin Yang

Lao-Tzé, o filósofo e grande sábio da antiguidade, explicava em seu


célebre «Tao Te King»: o Um gera o Dois, o Dois gera o Três, o Três é a
origem dos 10.000 seres.
O Um é o T’Chiwu (a origem das cinco energias), é a causa não causa-
da, a Energia Universal Primária (E.U.P.) que denominavam os primei-
ros atomistas modernos a partir de Einstein. Do ponto de vista Ociden-
tal o T’Chiwu poderia ser comparado com o conceito físico cosmogônico
chamado de Singularidade Inicial (S.I.) onde, segundo as teorias em voga,
se encontrava acumulada toda a matéria e toda a energia em uma zona
de densidade infinita.
Essa Singularidade em um momento determinado se expande e apa-
rece o que Lao-Tzé chamou de Dois (teoria do Big-Bang).
Aparecem, por um lado, manifestações de tipo Yin (matéria) e, por
outro lado, manifestações de tipo Yang (energia). Os físicos modernos
consideram que após o Big Bang começam a aparecer por um lado
partículas materiais, prótons, nêutrons, anti-prótons, neutrinos, etc.; por

71
TOMO I. 1ª Lição: Acupuntura Bioenergética

outro lado as manifestações energéticas ligadas a essas partículas: a


gravidade, a força eletromagnética, a força elétrodébil, a interação nu-
clear, etc.
Yin é tudo aquilo que tem tendência à imobilidade, à quietude, à
materialização, à interiorização, a depositar-se, a permanecer, etc., Yang
é tudo aquilo que tende à projeção, à exteriorização, à ação, a mover-
se, a voar, etc.
O Dois dá lugar ao Três. A matéria e a energia não estão isoladas,
já que uma não pode existir sem a outra. Não há matéria sem energia,
assim como não há energia sem matéria. O Três é o Tao ou Dao. A inter-
relação, a interdependência entre o Yin e o Yang. O Tao é yang (ener-
gia) que gera matéria. Essa matéria é consumida na geração de
atividades energéticas. Este é o mecanismo de reforço entre o yin e o
yang. O Três é o Yin que cresce até que não pode ser mais Yin, onde já
aparece o broto do Yang; e o Yang que cresce até que não possa mais
ser Yang, onde já aparece o broto do Yin. O Tao é a relação de cresci-
mento e desvanecimento do Yang e do Yin. O desvanecimento do Yin
conduz ao Yang, enquanto que o desvanecimento do Yang conduz ao
Yin. Como exemplo, às doze horas do meio-dia já não pode mais ser
dia, e neste momento em que o dia começa a decrescer já aparece o
germe da noite. Este conceito impregna profundamente o pensamento
chinês.
O Três dá origem aos 10.000 seres, para os chineses antigos 10.000
era um número equivalente ao absoluto. Todos os seres e todos os fe-
nômenos do universo são agregados, com distintas proporções, de Yang
e Yin. De todos esses seres, do ponto de vista da saúde, nos interessa
o homem. O homem é um dos 10.000 seres. O homem é um agregado
de Yang e Yin em profunda interdependência. O Yang do homem é o
Qi, energia, enquanto que o Yin do homem é o Xue, sangue, matéria.
Portanto o homem forma um Tao no qual a matéria, o sangue, é utili-
zado para gerar atividades energéticas e o Qi, energia, é gasto na ma-
nutenção dessas atividades biológicas.
Este conceito de homem Qi-Xue é muito importante. A medicina oci-
dental sabe que o homem vive graças ao fato de que em suas reações
químicas há um aporte energético. Este aporte energético são elétrons
em movimento que são produzidos no processo de combustão da glicose
(glicólise e ciclo de Krebs). Sabemos que todas as nossas células têm
mecanismos de funcionamento elétrico. Sabemos que todas as nossas
membranas celulares possuem uma espécie de antena, as quinonas,
proteínas que são capazes de detectar mudanças eletromagnéticas no
meio. Sabemos que nosso coração tem uma atividade elétrica. Sabemos

72
Capítulo III: Exposição Dialética da Enfermidade

que o sistema nervoso tem uma atividade elétrica. A medicina ociden-


tal tende a não considerar em absoluto o conceito de Qi, embora co-
nheça a sua existência. A medicina ocidental considera o homem como
um conjunto de sistemas formado por órgãos, que por sua vez estari-
am formados por tecidos que são conjuntos de células. O homem se-
gundo a medicina ocidental é um conjunto de sistemas, a soma do
aparelho digestivo, circulatório, cardiorrespiratório, endócrino, locomo-
tor e nervoso. O conceito ocidental de enfermidade surge a partir do
conceito de lesão celular.
No conceito de saúde e doença é muito importante o Tao, já que o
homem é um Tao.
A medicina ocidental tem definido durante muitos anos a saúde como
o bem estar físico, psíquico e social. A OMS define atualmente a saúde
como um estado de equilíbrio interno que nos permite manter equilí-
brio com o meio. Essa definição coincide com uma definição relatada
4.000 anos antes no Neijing.
A M.T.C. que conhecemos está relatada em dois grandes tratados
clássicos de acupuntura: o Su Wen e o Ling Shu (denominadas as duas
partes de Neijing). O Suwen fala sobre a energia e sua circulação, e sobre
saúde e enfermidade. O Ling Shu é um livro de terapêutica, fala sobre
o tratamento das enfermidades.
Segundo o Neijing saúde é o estado de equilíbrio do Yin-Yang inter-
no que permite uma interação favorável com o meio. Devemos consi-
derar que o equilíbrio Yin-Yang, necessário para manter a homeostase
do homem com o meio, difere de acordo com o meio onde vive.
A enfermidade é o desequilíbrio. A M.T.C. distingue dois tipos de
enfermidade: as enfermidades Yang (+) ou síndrome Yang, e as enfer-
midades Yin (-) ou síndrome Yin. Dentro das enfermidades Yang en-
contram-se excessos de Yang e deficiências de Yin, enquanto dentro das
enfermidades Yin encontram-se excessos de Yin e deficiências de Yang.
Por exemplo, em um traumatismo a área imediatamente se aquece,
avermelha, inflama, etc.; isso indica uma penetração de algo que esta-
va fora do indivíduo, é uma síndrome de calor externo, é uma síndrome
Yang por excesso de Yang. No entanto, pode acontecer de que um in-
divíduo se encontre rubro de indignação, neste caso há um bloqueio
do Yin do Fígado e o Yang do Fígado se manifesta, há uma diminuição
de algo interno que faz com que se manifeste o desequilíbrio a partir
do interior; isso seria uma síndrome Yang por deficiência de Yin. Por
exemplo, depois de uma temporada imobilizado com gesso o indivíduo
perde a mobilidade da articulação. Depois de retirar o gesso encontra-

73
TOMO I. 1ª Lição: Acupuntura Bioenergética

mos a articulação inflamada, a pele grossa, etc., isso é uma síndrome


Yin produzida por um bloqueio de Yang, da mobilidade.
Todas as enfermidades são explicáveis através dos conceitos de Yin-
Yang.

SAÚDE
YANG YIN

+ –

M
M

+ – + –

ENFERMIDADE

+ – + –
Plenitude de Yang Plenitude de Yin

+ – + –
Vazio de Yin Vazio de Yang

Quando, no primeiro capítulo, estabelecemos as características da


acupuntura dizendo que «não há enfermidades, há enfermos» e que o
organismo é um ente indivisível (estando intimamente relacionadas todas
as suas partes, de tal maneira que a ação em uma vai provocar reação
no resto através da pentacoordenação) estávamos nos encaminhando
em direção ao conceito de individualização estrita do paciente.
Também dissemos no primeiro capítulo que o ser humano está sub-
metido aos influxos de duas energias: a cósmica e a telúrica. A harmo-
nia destas energias é o que vai permitir o desenvolvimento da vida numa
ordem estável chamada de «princípio único» ou Tao.
Essa dualidade de influências, que no campo filosófico está conven-
cido o Taoísmo, nos explica o conceito de Deus e Natureza como fato-
res indivisíveis do «princípio único», o T’Chi. Isso é, a expansão de Yang
ou Primeiro Princípio e a concretização de Yin ou Segundo Princípio.

74
Capítulo III: Exposição Dialética da Enfermidade

Deus e Natureza como partes de um mesmo princípio em contínuo


movimento e mutação que gera a vida ou manifestação do Três, do qual
partem os 10.000 seres.
Lao-Tzé (Lao Zi) nos diz: «O TAO produz o UM, UM compreende
ao DOIS e se manifesta como TRÊS, o TRÊS produz os 10.000 seres».
A energia única (o Um) T’Chiwu, produzida pelo Tao, dá nascimento
a uma manifestação existencial que se transformará, seguindo a Lei de
bipolaridade, em duas forças opostas e complementares (o Dois); essas
duas forças são as denominadas Yin e Yang, e são dois aspectos
antagônicos porém complementares, não sendo possível conceber a um
sem o outro.
E assim, a toda elevação corresponde uma depressão, a todo o ver-
so um reverso, a toda aceleração uma desaceleração, a toda força cen-
trífuga se oporá uma centrípeta, a toda produção uma destruição, etc.
Esses dois aspectos ou forças formam parte íntima da matéria, e os
podemos observar nas energias eletromagnéticas: por mais que divida-
mos um imã sempre se manifestam os dois pólos, um (+) e um (-), até
chegar à própria estrutura atômica, onde encontraremos um equilíbrio
entre as forças centrífugas de expansão (elétrons) e uma força centrípeta
de coesão (nêutrons e prótons).
Desta estrutura atômica da matéria parte toda a fisiopatogenia do
organismo humano. «O Yin retém ao Yang, não o deixa expandir-se; o
Yang protege ao Yin, alimentando-o». Note-se a tremenda carga cien-
tífica que encerra a linguagem simples dos textos escritos há milhares
de anos.
Em fisiologia observaremos esses dois princípios, pois toda ação fisi-
ológica se realizará pela ação de sistemas antagônicos: de uma forma
macrofísica pelo Simpático e Parassimpático; de forma parcial pela ação
de feed-back no sistema endócrino, por sístole e diástole cardíaca, pe-
los antagonismos de sódio e potássio no S.N.C, pelos equilíbrios ácido-
básicos, etc.
Se pode então definir ao Yin como o representante de um estado de
inércia relativa, de energia potencial em repouso. Por exemplo, a ma-
téria que ao desintegrar-se produz a energia ou Yang.

Transformação ou mutação do Yin = Yang.

O Yang representa o estado de movimento, de expansão, de uma


força que dá forma à matéria. A energia por condensação nos dá a
matéria (ver esquema 6).

75
TOMO I. 1ª Lição: Acupuntura Bioenergética

Transformação ou mutação de Yang = Yin.

O Su Wen define assim este conceito dualista:


«O Yin-Yang é a lei do universo, a regra geral de todos os seres, a ori-
gem da transformação, a causa da vida e da morte, a ‘residência da Provi-
dência’. Para curar as enfermidades há que saber as causas Yin-Yang».
Em Medicina Tradicional Chinesa as atividades orgânicas, o apare-
cimento e o desaparecimento da enfermidade, também estão ligados aos
fenômenos de mutação de Yin-Yang, cujas características essenciais são
a oposição e a complementaridade. Por conseguinte, ainda que as no-
ções de Yin e Yang sejam abstratas, têm uma base material que abarca
de uma maneira geral tudo o que é oposto porém complementar. É por
isso que o Nei Jing diz:
«O Yin e o Yang tem o nome e não a forma; contar cem, porém julgar
mil; contar mil, porém julgar cem mil».
Logicamente tudo não é tão simples. Cada ser ou objeto é revestido
por um dos dois grandes aspectos, Yin ou Yang, porém em cada um
destes aspectos está presente a semente do outro. Não existem o Yang
nem o Yin absolutos. O dia é Yang, a noite Yin. Porém se distingue no
dia o «Yang no Yang», e o «Yin no Yang», e na noite o «Yang no Yin»
e o «Yin no Yin».

O Su Wen descreve assim a evolução Yin-Yang do dia e da noite:


«No Yang há Yin, no Yin há Yang. Do amanhecer ao meio dia é a parte
Yang da jornada, correspondendo ao «Yang no Yang»; do meio-dia ao cre-
púsculo é também a parte Yang da jornada, porém correspondendo ao «Yin

76
Capítulo III: Exposição Dialética da Enfermidade

no Yang»; do crepúsculo ao canto do galo é a parte Yin da jornada,


correspondendo ao «Yin no Yin» e desde a meia-noite ao amanhecer é tam-
bém a parte Yang da jornada, porém corresponde a «Yang no Yin».
Compreende-se por isso que no Yin e no Yang existem outros Yin-
Yang. Assim se explica a complexidade das noções de Yin e de Yang
nos seres e nas coisas.
O Yin e o Yang não são critérios de oposição absoluta, são critérios
de oposição relativa. Não representam um ser ou uma coisa de manei-
ra estável, senão que evolucionam de acordo com as transformações dos
seres e das coisas. Não somente representam pares de seres ou coisas
opostas, mas também fenômenos de oposição existentes no interior da
cada ser ou de cada coisa.
Em fisiologia humana, as atividades orgânicas não podem manifes-
tar-se corretamente a não ser sob a ação das matérias nutritivas. No
entanto, os alimentos têm necessidade da ação dos órgãos para serem
transformados em matéria nutritiva que, por sua vez, ajuda os mesmos
a desempenhar suas funções.
Assim se pode dizer que a «matéria» produz a «atividade» que por
sua vez transforma a «matéria» e isso indefinidamente. Logo a maté-
ria (repouso) é Yin e a atividade (movimento) é Yang.

YIN ® ® YANG

Como vemos no símbolo do Tao não existem um Yang e um Yin


absolutos. Observamos que no momento de máximo Yang está a semente
do Yin e no momento do máximo Yin está a semente do Yang. Não
existe a escuridão absoluta na noite, nem a luminosidade absoluta no
dia. No momento de máxima escuridão destaca-se a luz da lua e das
estrelas, no momento do máximo sol inicia-se o declive da tarde. O
homem não possui somente andrógenos e os demais hormônios mas-
culinos, também há estrógenos na corrente sanguínea. O mesmo fenô-
meno, porém de caráter oposto, acontece na mulher.
De uma maneira geral, o Yin conserva ao Yang, porém o Yang exerce
sua ação sobre o Yin. Simultaneamente se estimulam, e se ajudam mutua-
mente ao mesmo tempo que se opõem.
É por isso que o Su Wen afirma:
«O Yin que se encontra no interior do corpo conserva ao Yang. O Yang
que se encontra no exterior ajuda ao Yin».
Essa noção apela para a fisiologia para explicar a importância das
relações Yin-Yang. A energia Yin (no sentido de matéria, sangue, líquido

77
TOMO I. 1ª Lição: Acupuntura Bioenergética

orgânico...) está conservada no interior do corpo para ajudar as neces-


sidades da energia Yang (funcionamento e atividade de defesa contra
o mundo exterior). O Yang circula no exterior para defender ao Yin
que se encontra no interior. O Yin e o Yang não podem existir um sem
o outro. Assim, o Yin sem o Yang não pode produzir; o Yang sem o
Yin não pode prosperar. Se não fosse por isso os seres e as coisas para-
riam de mover-se, de produzir e de transformar-se. Seria a aniquilação
do Universo.

A oposição de Yin e de Yang não implica a idéia de parada, mas de


transformação. Ainda que se opondo, se sustentam provocando de modo
contínuo fenômenos de alternância. Esse lado é débil, o outro é forte...
Esse lado progride, o outro regride... É neste quadro de alternância de
Yin e de Yang onde se desenvolvem e evolucionam os seres e as coisas.
Segundo o Su Wen: se produz a transformação (Qi Hua).
«O Yin e o Yang são as duas energias, são a origem de todos os seres e
de todas as coisas...
O Yin e o Yang, intercalando-se, produzem e se transformam...».
No estado normal essa transformação não produz desequilíbrio graças
às ações inibidoras e estimulantes do Yin e do Yang. O Yang, ajudado
pelo Yin, não será demasiado «valente e aplicado» (em plenitude); o
Yin, regulado pelo Yang, não será demasiado «fraco» (em vazio). A
evolução do Yin e do Yang está constantemente mantida enquanto
«oposição equilibrada».
A evolução dos fenômenos naturais cósmicos, como as estações (pri-
mavera morna, verão quente, outono fresco, inverno frio) é também um
aspecto clássico da evolução do Yin e do Yang. Su Wen:

78
Capítulo III: Exposição Dialética da Enfermidade

«45 dias depois do solstício de inverno, a energia Yang começa a crescer


e a energia Yin começa a decrescer. 45 dias depois do solstício de verão a
energia Yin começa a crescer e a energia Yang começa a decrescer».
Isso significa que quando a energia Yang «se expande» e se torna
forte, a energia Yin «se encolhe» e se torna fraca, e vice-versa; o Yang
se transforma em Yin e o Yin em Yang. Essa é a razão pela qual o frio
e o calor se sucedem. Normalmente as estações se seguem conforme um
«esquema» determinado. A anomalia nessa sucessão se traduz geral-
mente em catástrofes. Assim todas as coisas e todos os seres têm sua
evolução Yin-Yang, sem a qual não haveria atividade, nem desenvolvi-
mento; porém essa evolução deve ser sobretudo harmoniosa e equili-
brada. O corpo humano tem também necessidade de conservar este
equilíbrio. Porém não se trata de um equilíbrio absoluto e imóvel, e sim
de um equilíbrio de oposição e de conservação.
Assim, no transcurso das atividades (Yang), ao consumir o organis-
mo uma certa quantidade de líquido orgânico Yin e de energia, haverá
aumento de Yang e diminuição de Yin. (Se diz: «O Yang cresce, o Yin
decresce»). Ao contrário, a matéria (partes nutritivas do corpo = Yin)
necessita da atividade (energia = Yang) para transformar-se, de onde
haverá diminuição de Yang e aumento de Yin. (Se diz: «O Yang de-
cresce, o Yin cresce»). Por exemplo, em estados de digestão e de sono.
Esses feitos (transformação, desenvolvimento, diminuição de Yin e de
Yang) são condições essenciais do desenvolvimento contínuo do corpo
humano, no curso da qual o equilíbrio fisiológico deve ser constante-
mente conservado.
Concluindo, a oposição e a união, o desenvolvimento e a diminui-
ção, o equilíbrio e o desequilíbrio do Yin e do Yang podem explicar as
relações internas dos seres e das coisas, assim como sua evolução e trans-
formação (Qi Hua).
A M.T.C. utiliza essas noções fundamentais de Yin e de Yang para
resolver os problemas da patologia e da fisiologia humana e se serve
delas como guia para estabelecer o diagnóstico e buscar o tratamento.
Como temos explicado anteriormente, o corpo deve conservar per-
manentemente o equilíbrio da oposição entre Yin e Yang. Em caso con-
trário se produzirão fenômenos chamados de «vitória» ou de «derro-
ta» que não são mais do que manifestações patológicas. Assim qual-
quer que seja a complexidade da enfermidade, pode-se sempre extrair
uma mesma conclusão:
A enfermidade não pode estar fora do quadro traçado pelos fenô-
menos de «vitória» e «derrota» do Yin ou do Yang, isso é, de um pre-
domínio excessivo de um dos dois planos alternantes. O Su Wen expli-
ca assim:

79
TOMO I. 1ª Lição: Acupuntura Bioenergética

«Sendo vitorioso o Yin, o Yang está enfermo; sendo vitorioso o Yang


provoca sinais de calor (febre), vitorioso o Yin provoca sinais de frio
(calafrios). Muito frio (frio em grande plenitude) se transforma em ca-
lor, muito calor (calor em grande plenitude) se transforma em frio...»
Tal é a explicação clássica dos fenômenos de vitória e derrota, ori-
gem de todas as enfermidades. Esse desequilíbrio provoca primeiramente
sinais próprios do Yin (frio) ou do Yang (calor), ainda que às vezes, em
um período mais adiantado, o grau máximo de frio ou calor pode pro-
vocar as denominadas enfermidades de falso calor ou falso frio.
O equilíbrio do Yin e do Yang é a condição essencial para a conser-
vação da saúde, e seu desequilíbrio é a primeira causa da enfermida-
de. O Su Wen conclui:
«A energia Yang estando em paz, a energia Yin está bem escondida; o
homem guarda sua moral. Se o Yang e o Yin se separam, isso será a morte».
Se o desequilíbrio do Yin e do Yang é a causa da enfermidade, é
evidente que o diagnóstico deve basear-se sobre os fenômenos de trans-
formação do Yin e do Yang. Ainda que a medicina chinesa tenha seus
métodos particulares de diagnóstico, baseados nas «OITO REGRAS» (Yin
- Yang, Interior [Li] – Exterior [Biao], Frio [Han] – Calor [Re], Vazio
[Xu] – Plenitude [Shi]), é sempre o princípio Yin-Yang que constitui a
base porque: o exterior, o calor e a plenitude são Yang; o interior, o
frio e o vazio são Yin. Qualquer que seja a evolução da enfermidade,
não pode sair da esfera Yin-Yang. Assim, o conhecimento do Yin e do
Yang é o primeiro princípio do diagnóstico. Estabelecer um diag-
nóstico é identificar a enfermidade a fim de aplicar uma terapêutica
correta; é também estimar justamente os fenômenos de «derrota e vitó-
ria» do Yin e do Yang; ou seja, os fenômenos de vazio e plenitude, a
fim de eleger convenientemente a técnica de regulação da energia. Su
Wen:
«Há que examinar-se minuciosamente o Yin e o Yang e regulá-los».
Isso confirma que a regularização do Yin e do Yang é a base da te-
rapêutica.
Baseando-se no Nei Jing, Wang Ping expõe sua tese:
«Potenciar a fonte de Água para dominar o Yang em plenitude (Fogo).
Tonificar a origem do Fogo para digerir a Água em grande plenitude Yin.
(Água se transforma em frio).»
Definitivamente toda iniciativa terapêutica pode resumir-se em uma
só regra: recuperação do equilíbrio Yin Yang.
O homem tem relações muito estreitas com o meio no qual evolui. É
por isso que deve adaptar-se às evoluções do Yin e do Yang do mundo
exterior para conservar seu próprio equilíbrio.

80
Capítulo III: Exposição Dialética da Enfermidade

Su Wen: «Há que seguir harmoniosamente as quatro estações. As quatro


estações (Yin e Yang) são a origem de todos os seres e de todas as coisas. Na
primavera e verão o prudente (ajuizado) conserva cuidadosamente seu Yang;
no outono e no inverno, seu Yin. Segue assim sua origem. Compartilha com
todos os seres e todas as coisas as vicissitudes da lei da natureza. Sem isso,
sua vida seria prejudicada e sua energia arruinada. O Yin e o Yang são, então,
a origem de todas as coisas e de todos os seres, a causa da vida e da morte.
Não seguir as quatro estações é correr o risco de que cheguem as desgraças;
ao seguir, a enfermidade não poderá manifestar-se. Seguir as quatro estações
é a vida, a paz, a saúde; não segui-las é a enfermidade e a morte».
Assim, a adaptação ao meio Yin-Yang cósmico é a arte de saber
conservar a harmonia entre os fenômenos do interior (Yin e Yang do
homem) e os fenômenos do exterior (Yin e Yang cósmicos). Este é o
princípio da eugenia e da profilaxia. Desconhecer essa arte é entregar-
se aos ataques de energias cósmicas perversas, a todas as enfermida-
des. Os elementos psíquicos internos, a alimentação e a promiscuidade
também podem provocar fenômenos de «vitória e derrota» do Yin ou
do Yang, causando assim enfermidades de origem interna. Para man-
ter o equilíbrio interno do Yin e do Yang, o homem deve saber domi-
nar suas paixões.
Neste conceito dualista todas as coisas ocupam um lugar de uma
maneira dinâmica, em perpétua mudança ou mutação; por isso não
existe o conceito polar absoluto. Não podemos dizer que algo é Yin ou
Yang senão em função de um referencial que nos sirva de compara-
ção. Assim nasce o conceito básico da relatividade: a um estado Yin
sempre lhe corresponderá outro mais Yin por comparação, pelo qual o
primeiro é Yang com relação ao segundo. A mulher é Yin com relação
ao homem, que é Yang. Essa diferença marcará os atributos e caracte-
rísticas de cada um deles; e assim é efetivamente posto que o Yang é
exterior, criativo, espiritual, convexo, ativo, forte... e o Yin é material,
côncavo, interior, frio, receptivo, débil, intuitivo... E, no entanto, por
suas características se atraem mutuamente para complementar-se, en-
laçando-se em uma íntima alternância neutralizante, da qual partirá o
movimento, a vibração, a vida. «o Yin retém o Yang não deixando elevar-
se, o Yang retém ao Yin não permitindo-lhe descender». Deste equilíbrio
surge, em seu lugar exato, o ser humano, homem ou mulher, a única
resposta possível para um ente que se desenvolve sob o signo da pola-
ridade mutante do Cosmos e da Terra, da qual depende.
Essa macrodivisão, referida ao ser humano enquanto resultante úl-
timo de todo processo criativo e que lhe dá a particularidade do sexo,
se estende até o Princípio ou T’Chi e assim, dentro da fisiologia huma-

81
TOMO I. 1ª Lição: Acupuntura Bioenergética

na, observaremos que os componentes de sua economia se vão dividir


em dois grandes grupos: FU e ZANG.

RELAÇÃO YIN-YANG COM OS ÓRGÃOS E VÍSCERAS.


SISTEMA ZANG FU

Grupo Yang, víscera, ou Fu


Grupo Yin, órgão, ou Zang

Ao primeiro pertencem, seguindo o ciclo generativo dos cinco movi-


mentos: a Vesícula Biliar (VB), o Intestino Delgado (ID), o Triplo Aque-
cedor (TA), o Estômago (E), o Intestino Grosso (IG) e a Bexiga (B).
Ao grupo Yin, seguindo o mesmo ciclo, pertencem: o Fígado (F), o
Coração (C), o Mestre do Coração (MC), o Baço-Pâncreas (BP), o Pul-
mão (P) e o Rim (R).
A função dos primeiros Yang terá características Yang. Portanto são
chamados «oficinas», onde se fabrica ou se cria a energia, como vere-
mos em fisiologia energética.
A função dos segundos, Yin, terá características Yin. Portanto são
os chamados «órgãos tesouro», onde a energia produzida por seus res-
pectivos Yang é recepcionada, administrada e metabolizada para a
função que lhes é própria.
Cada um deles (6 Yang e 6 Yin) têm ao longo do corpo humano uns
trajetos energéticos aos quais regem e dão nome. São os chamados
Meridianos, que mais tarde estudaremos.
Temos visto que não é possível o movimento sem a união do Yin e
do Yang. Portanto, a todo Yang lhe corresponde um Yin com o qual
realiza a mutação. Assim se formam os chamados Movimentos, que
estudaremos no segundo capítulo.

O F (—) SE COMPLEMENTA COM A VB (+).


O C (—) COM ID (+).
O MC (—) COM TA (+).
O BP (—) COM E (+).
O P (—) COM IG (+).
O R (—) COM B (+).

A circulação energética, portanto, seguirá a ordem de um a outro,


de um Yin ao seu Yang complementar, e daí a outro movimento, cum-
prindo os princípios de alternância energética que mais tarde veremos.

82
Capítulo III: Exposição Dialética da Enfermidade

Quando chegarmos a conhecer e interpretar a alternância Yin-Yang


na circulação, aí possuiremos os dados necessários para tratar de esta-
belecer um equilíbrio básico e primário que nos permita um harmonio-
so fluir entre órgãos e vísceras. E assim o Nei Jing nos especifica como
primeiro princípio de tratamento: «se a enfermidade pertence ao Yang,
tratar o Yin. Se a enfermidade pertence ao Yin, tratar o Yang».
Todas as situações podem ser relacionadas com este sistema dual.
Isso é o que poderíamos sintetizar sob a forma de «Exposição
dialética».
Individualizar uma situação muito concreta graças à informação que
nos proporciona o diálogo e os múltiplos sistemas de diagnóstico
energético é assentar o princípio de tratamento já que, como vimos, em
M.T.C. só existem duas enfermidades: síndromes Yang e síndromes Yin.

83
CAPÍTULO IV
Lei de auto-regulação
dos Cinco Movimentos (A Grande regra)
Wu Xing
— Fenômenos de geração e inibição Sheng-Ke
— Ciclos patológicos
• T’cheng-Wu
• Muzi-Zimu
A grande tensão de nossa experiência nos últi-
mos anos têm trazido à luz a insuficiência de nossas
simples concepções mecânicas e, como consequência,
tem feito oscilar o cimento no qual a acostumada
interpretação da observação estava baseada.
NIELS BOHR
Capítulo IV: Wu-Xing: Lei dos Cinco Movimentos (A Grande Regra)

A GRANDE REGRA – WU XING

Não é possível explicar de uma maneira profunda muitas das leis


de Acupuntura que vamos expor ao longo desde primeiro ciclo básico.
Estes primeiros conceitos, como o que agora vamos desenvolver, tere-
mos que aceitar de uma forma mais ou menos empírica, até ter a quan-
tidade de conhecimentos necessários para poder, a posteriori, garantir
uma compreensão mais profunda e coordenada, que nos permita obter
a essência da linguagem simbólica que encerram muitos dos termos tra-
dicionais chineses.
Quando adentramos nestes conceitos e vamos adquirindo mais co-
nhecimentos começamos a inter-relacionar as leis, os efeitos, a compre-
ender significados e, ao final, parafraseando o mestre Van Nghi: «Se-
gundo avançamos nos conhecimentos sobre acupuntura, observamos em mui-
tos aspectos uma convergência com a medicina ocidental, vemos que em es-
sência são iguais, ainda que a terminologia e os mecanismos difiram».
Muitos dos conceitos e leis fundamentais que exporemos neste pri-
meiro livro, e que poderiam dar a sensação de esquemáticos ou pouco
desenvolvidos, serão ampliados posteriormente quando se tiver um
conhecimento geral da matéria pois, como veremos, não é possível o
parcelamento exclusivo de um tema, já que os conceitos se inter-relaci-
onam e amalgamam formando um conjunto de princípios indissolúveis.
A explicação extensa de qualquer conceito implica realizar uma multi-
plicidade de citações e apartados que acarretam dificuldades. É prefe-
rível, sob meu ponto de vista, compreender as noções fundamentais para,
mais tarde, ampliar conhecimentos sobre uma base firme.

Lei dos Cinco Movimentos


A Grande Regra, Lei dos cinco movimentos, também chamada im-
propriamente de cinco elementos, ou auto-regulação em um sentido
mais real ou penta-coordenação como gostam de lhe chamar algumas

87
TOMO I. Lección 1.ª: Acupuntura Bioenergética

tendências modernas, parece ser anterior à Lei Yin-Yang1, segundo


especificam os sinólogos baseando-se nos legados antigos. Parece de-
senvolver-se na aurora da civilização chinesa mediante a atenta obser-
vação da Natureza.
Esta lei vai nos proporcionar esquemas nos quais classificar todos os
fatos que ocorrem na Natureza, todos os fatores que regem nossa exis-
tência (relacionado com a fisiologia: todas as relações orgânicas,
viscerais, psíquicas, etc.). Ela vai reger as regras de ação mútua, de ajuda
e de neutralização, de dominância ou inibição relativas, e resumidamen-
te, de equilíbrio e harmonia. Vai-nos permitir conhecer as causas favo-
ráveis e desfavoráveis que possam influir em cada sistema, o que lhes
pode tonificar ou dispersar, o que será preciso estimular ou acelerar,
ou ao contrário o que terá de inibir ou desacelerar para conseguir o
equilíbrio energético que impeça a enfermidade.
Esses cinco movimentos que os textos antigos denominaram como
MADEIRA, FOGO, TERRA, METAL e ÁGUA são símbolos tomados
da Natureza e que, em essência, como teremos oportunidade de desco-
brir, representam o equilíbrio dinâmico e a inter-relação entre os órgãos,
as vísceras, os sabores, as cores, as estações do ano, os planetas, os sen-
tidos, os sentimentos, os alimentos, etc. Tudo aquilo que forma parte
do próprio ser e seu entorno.
Segundo essa teoria «o Universo em seu conjunto e todo ser vivo estão
individualmente compostos dos mesmos movimentos e dispostos numa mes-
ma ordem, o que gera uma similitude, no sentido da palavra, entre o homem
e o cosmos».
Essa teoria em seus primórdios se representava com a Terra no cen-
tro de um quadrado. Assim teríamos:

1
Minha opinião particular sobre o tema difere quanto a que ambas as teorias teriam
tido diferentes origens. Considero que sua relação e desenvolvimento é indissolúvel e
que fazem parte de uma cultura de elevados e profundos conhecimentos, da qual o
desaparecimento por causas ignoradas nos tem impedido de conhecer cientificamente
suas origens. O legado herdado de uma maneira empírica tem se transmitido nestes
termos até a atualidade onde estamos assistindo, paradoxalmente, a uma etapa de
cientificismo que sanciona a Tradição.

88
Capítulo IV: Wu-Xing: Lei dos Cinco Movimentos (A Grande Regra)

Os quatro elementos saem da Terra, e o que eles representam influi


reciprocamente sobre a mesma. Levado ao plano humano significa que
a Terra tem em seu seio à Madeira, ao Fogo, ao Metal e à Água. Agora
bem, o que representam estes elementos (as estações, os pontos carde-
ais, as cores, os sabores, os humores, os sentidos, etc.) atua sobre o cen-
tro do quadrado. Todas as ações vão ser dirigidas ao centro: a Terra.
Portanto toda ação dos quatro movimentos vai influir de uma maneira
determinante no homem.
Vemos assim que a Madeira é o Leste, o Fogo o Sul, o Metal o Oeste
e a Água, o Norte.
Essa disposição logicamente se refletirá na Terra e no Homem seguin-
do o ciclo dextrógiro das agulhas do relógio ou movimento de expan-
são cósmico.
Os elementos climáticos seguirão uma mesma ordem, e assim ao Leste
lhe corresponderá um clima ventoso; ao Sul, um clima quente; a Oes-
te, um clima seco; e ao Norte, um clima frio.
As estações seguirão o mesmo modelo, sendo o Leste a primavera; o
Sul, o verão; o Oeste, o outono e ao Norte, o inverno.
Assim já começamos a encaixar em um movimento várias situações
ou fenômenos naturais que têm uma certa correspondência:

— MADEIRA — LESTE — VENTO — PRIMAVERA


— FOGO — SUL — CALOR — VERÃO
— METAL — OESTE — SECURA — OUTONO
— ÁGUA — NORTE — FRIO — INVERNO

As cores correspondentes a cada movimento guardarão certa rela-


ção cosmológica. E assim, o verde corresponde ao elemento madeira –
primavera, de lógica interpretação; o vermelho é a representação da
cor do fogo (máximo yang) e corresponde ao verão-sul; o branco re-
presenta o poente, a queda das folhas, o pratear do cabelo, a etapa de
declive em direção ao êxtase, corresponde, portanto, ao outono; o ne-
gro representa ao máximo Yin, à escuridão, ao frio, à noite, tudo o re-
lacionado com o norte-frio. Assim teremos:

— MADEIRA — PRIMAVERA — VERDE


— FOGO — VERÃO — VERMELHO
— METAL — OUTONO — BRANCO
— ÁGUA — INVERNO — NEGRO

O curso do dia com a manhã, o meio-dia, a tarde e a noite.

89
TOMO I. Lección 1.ª: Acupuntura Bioenergética

O ciclo vegetal com a germinação, maturação, queda e degradação.


O ciclo vital com nascimento, crescimento, declive e morte, etc.
Vemos que sob o aspecto cosmológico estão perfeitamente determi-
nados os movimentos e que guardam uma relação concordante.
Todos estes ciclos, manifestações ou fenômenos se projetam sobre o
elemento Terra, que é o que vai receber e coordenar suas ações.
O movimento de mutação do máximo Yin (Movimento Água) ao
máximo Yang (Movimento Fogo) passará pela etapa intermediária do
Yin ascendente ou dobradiça de mutação (Movimento Madeira), e as-
sim teremos que a Madeira, em certa medida, é Água Yin em forma
orgânica e Fogo Yang em forma de matéria-combustível. O Yang Máxi-
mo (Fogo), para chegar ao máximo Yin (Água) precisará também de
um elemento intermediário, ou dobradiça, que será o elemento Metal
ou Yang descendente.
Todo movimento mutante ou toda alternância gera uma conseqüên-
cia, que vai se projetar precisamente no elemento Terra. Assim teremos
que a Terra será a estação aonde se receberão as conseqüências da or-
dem cíclica das estações, sendo seu ponto cardeal o Centro, sua esta-
ção o Estio (que é quando se recebe o fruto das colheitas de todo o
movimento anual), sua cor o amarelo (como corresponde ao fruto ma-
duro dos cereais)2, seu clima será o úmido (como situação mais própria
ao desenvolvimento da vida e da natureza). No ciclo vegetal lhe
corresponde a colheita, o aproveitamento de todos os movimentos anu-
ais. No ciclo de vida será o ponto de equilíbrio do desenvolvimento psico-
físico, a época ideal dos seres, onde se desenvolvem suas funções, se
aproveita em máximo grau a influência do resto dos elementos e se al-
cança a maturidade e a criatividade.

TERRA, CENTRO, UMIDADE, ESTIO, AMARELO, COLHEITA,


CRIAÇÃO

Até aqui temos visto as relações cosmológicas dos quatro movimen-


tos «periféricos» com o movimento central ou centro reflexo de toda
ação.
Do ponto de vista energético, o elemento Terra (como veremos mais
tarde) se corresponde exatamente com o Aquecedor Central ou Médio,
o qual vai ser a origem e a causa do Aquecedor Superior e do Aquece-
dor Inferior.
2
Para os orientais, os cereais são a base de toda a alimentação, assim nomeiam a
energia desprendida no Aquecedor Médio como o «THIN dos cereais».

90
Capítulo IV: Wu-Xing: Lei dos Cinco Movimentos (A Grande Regra)

Essa circunstância fisiológica de relação direta com o resto dos ele-


mentos aos quais vai alimentar (porém também dos quais vai depen-
der), junto com as prováveis teorias de formação fetal e outras de pro-
funda reflexão filosófica foi talvez o que fez projetar o quinto elemento
ou movimento central para a periferia, a fim de representar de uma
maneira gráfica as possíveis inter-relações fisiológico-energéticas que se
desprendem dos ciclos generativo (Sheng) e equilibrador (Ke) que de-
senvolveremos a seguir.
Assim o quadro geral ficará estabelecido conforme o seguinte esque-
ma, representando a penta-coordenação (que junto com a lei Yin-Yang
formará os dois pilares fundamentais da M.T.C.). (Ver esquema 9).

Uma vez vistas as relações puramente naturais dos cinco movimen-


tos, vamos tratar de relacioná-los agora com o homem: sua fisiologia
orgânica, seus fatores psicoafetivos, sua alimentação, etc.
Para isso, primeiro faremos a observação de que só existem 12 uni-
dades energéticas (como já vimos na classificação Yin-Yang) capazes
de gerar energia e metabolizá-la, que englobávamos como seis Yang e
seis Yin. Os Yin eram os denominados órgãos Zang e os Yang eram
vísceras Fu. O resto dos componentes e sistemas do corpo humano são
englobadas sob a denominação de «vísceras curiosas», por exemplo, o
sistema nervoso, útero, gônadas, etc.
Se partirmos da teoria do Triplo Aquecedor (unidade que vai reger
através de seus três componentes toda a função energética humana)
vemos que este macrossistema (Triplo Aquecedor), de polaridade Yang,

91
TOMO I. Lección 1.ª: Acupuntura Bioenergética

engloba aos cinco Yin e aos cinco Yang. O Yin restante é o relativo a
outro conceito ou sistema que veremos mais tarde, e que se corresponde
com o Mestre do Coração, cuja polaridade Yin (-) se complementa pre-
cisamente com o Triplo Aquecedor Yang (+), com o qual vai formar um
movimento.
Essas 12 unidades formam, portanto, seis conjuntos compostos por
um elemento Yang e um elemento Yin, que guardam entre si uma rela-
ção de alternância no ciclo de circulação energética, e cujas funções fisio-
lógicas se complementam formando um movimento que vai responder
a influências dos ciclos naturais que temos visto. E assim se formarão
os conjuntos Yin-Yang ou sistemas Zang-Fu seguintes: (ver esquema 10)

Cada um deles ocupará um lugar no pentágono dos cinco movimen-


tos; e responderá às ações cosmológicas antes relacionadas.
O primeiro conjunto F-VB corresponderá ao movimento Madeira; o
segundo C-ID ao movimento Fogo; o terceiro E-BP, à Terra; o quarto P-
IG, ao Metal e o quinto B-R, à Água.
Nos resta enquadrar o sistema TA-MC que não são nem órgãos nem
vísceras, são funções de coordenação e proteção do resto dos elemen-
tos. Poderiam ser comparados em certa medida à função simpático-

92
Capítulo IV: Wu-Xing: Lei dos Cinco Movimentos (A Grande Regra)

parassimpático da nossa medicina. Um, o TA (San Jiao), vai regular e


coordenar toda a função Yang (geradora). O outro, o MC (Xin Bao) vai
realizar uma função reguladora sobre a ação metabólica e conservado-
ra dos Yin.
Como veremos mais tarde, para a M.T.C. a essência energética em
seu estado mais elaborado corresponde-se ao termo «Mental», que es-
tará regido pelo Mestre do Coração (Xin Bao). A economia energética,
tanto em suas vias principais como secundárias, tratará de defender
como última instância ao Coração, e para isso vai se servir de uma
proteção ou escudo que o envolve, evitando assim sua alteração ou
desequilíbrio. Dessa maneira se forma uma espécie de «pericárdio
energético» que será o responsável pela «segurança» do Coração e, como
conseqüência, o regulador da função psico-afetiva (o Coração rege a
função psíquica, ver teoria Thin-Qi-Shen).
Essa importantíssima função terá que ser desenvolvida por um Yin,
pois como temos dito os Yang são meros produtores de energia e os Yin
os encarregados de metabolizá-la e modificá-la, criando diversos tipos
de energia com funções específicas.
Este Yin ou função de coordenação do restante dos Yin é conhecido
pelos termos Mestre do Coração, Circulação-Sexualidade ou Pericárdio
Energético (Xin Bao).
Sua relação com o Coração, «o Fogo Imperial», ao qual protege e ao
qual está indissoluvelmente unido, faz com que ele se projete na rela-
ção dos cinco movimentos também no elemento Fogo, como «Fogo Mi-
nisterial», igualmente que ao seu par Yang, o Triplo Aquecedor (San
Jiao).
Portanto, o ciclo dos cinco movimentos, com relação às 12 unidades
energéticas básicas, fica da seguinte maneira:

93
TOMO I. Lección 1.ª: Acupuntura Bioenergética

Já temos aos órgãos e vísceras projetados nos cinco movimentos com


suas relações cósmicas. Assim:

— MADEIRA – LESTE – PRIMAVERA – VERDE – GERMINA-


ÇÃO – NASCIMENTO – FÍGADO – VESÍCULA BILIAR.
— FOGO – SUL – VERÃO – VERMELHO - CALOR – MATU-
RAÇÃO – CRESCIMENTO - CORAÇÃO – MESTRE DO CO-
RAÇÃO – INTESTINO DELGADO – TRIPLO AQUECEDOR.
— TERRA – CENTRO – ESTIO – AMARELO - UMIDADE – CO-
LHEITA – MATURIDADE - BAÇO PÂNCREAS – ESTÔ-
MAGO.
— METAL – OESTE – OUTONO - BRANCO - SECURA – QUE-
DA – DECLIVE - PULMÃO – INTESTINO GROSSO.
— ÁGUA – NORTE – INVERNO - PRETO – FRIO – DEGRADA-
ÇÃO – ÊXTASE - RIM – BEXIGA.

Observamos dessa forma que irá existir uma série de fatores que in-
fluirão sobre esses conjuntos de uma maneira direta e que, portanto,

94
Capítulo IV: Wu-Xing: Lei dos Cinco Movimentos (A Grande Regra)

terão seu lugar no ciclo pentagonal. Assim, por exemplo, os sabores serão
capazes de influir energeticamente nos órgãos3.
Ao Fígado – Madeira, lhe vai influenciar o sabor ácido e acre (aver-
são a sabores ácidos e acres em enfermidades hepático-biliares). Ao
Coração – Fogo o amargo (tônico cardíaco). O doce (influência do doce
na obesidade) exercerá uma ação direta sobre o Baço-Pâncreas – Terra.
O picante (transpiração imediata, pelo domínio do P sobre a pele) atuará
sobre o Pulmão – Metal. E o salgado (ação initória do R sobre o C na
hipertensão) sobre o Rim – Água.
Também, os odores vão realizar uma função direta sobre o órgão
correspondente no ciclo pentagonal. E assim teremos: o odor rançoso
corresponde ao Fígado; o queimado ao Coração; o perfumado ao Baço-
Pâncreas; o odor de carne ao Pulmão e o pútrido ao Rim.
Os cinco sentidos guardam uma relação direta com os movimentos
correspondentes. E assim os olhos e a visão estarão regidos de uma
maneira direta pelo elemento Madeira (os condutos energéticos internos
do Fígado se comunicam com o exterior a nível dos olhos, segundo vimos
no processo de formação da energia Wei). Por outro lado, o Fígado rege
músculos e unhas, provavelmente através da função glucogênica he-
pática (ação bioquímica provocada por uma função energética).
O movimento Fogo regerá, por um lado, a língua e a palavra. A lín-
gua por conduto energético interno e a palavra como expressão do Thân
(para as civilizações antigas, o verbo ou palavra encerra um sentido
sublime de aproximação ao Ser Supremo, é a projeção da mais impor-
tante e elaborada das energias: o Shen Thân. Por outro lado regerá vasos
e artérias, como impulsor da energia do sangue, e como conseqüência
comanda o pulso. Além disso vai reger a tez, conceito este ligado às
expressões: «Uma equilibrada energia do Thân refletirá uma tez lumi-
nosa com a cor específica do ser em equilíbrio psico-físico» (a face é o
espelho da alma).
O movimento Terra rege o paladar. Vemos que neste movimento,
reflexo da qualidade humana, está o paladar, o odor perfumado, a co-
lheita, tudo aquilo que supõe um efeito gratificante em relação ao ser
humano, como conseqüência do aporte de todos os ciclos naturais. Tam-
bém regerá o tecido celular subcutâneo e tecido conjuntivo, encarre-
gados de modelar, embelezar e dar tônus ao ser humano. E por último
comandará os lábios (manifestação sensitiva primária).
O movimento Metal regerá o olfato e o nariz, como conseqüência
de sua relação direta com o Meridiano Principal do Pulmão. Por outro
lado, comanda a pele e os pêlos, ambas estruturas dependerão deste
3
Ver fisiopatologia no Tomo II.

95
TOMO I. Lección 1.ª: Acupuntura Bioenergética

movimento como conseqüência das relações energéticas através do pla-


no mais superficial dos Yin, o Tai Yin.
O movimento Água regerá a audição, graças a seu domínio sobre os
líquidos e suas relações energéticas. Também rege a orelha e suas rela-
ções reflexológicas4, e também comanda medula, ossos e cabelos, cuja
formação está intimamente ligada a ele5.
Igualmente, os líquidos orgânicos dependerão dos cinco movimen-
tos: as lágrimas correspondem à Madeira; o suor ao Fogo; a saliva à
Terra; o muco ao Metal, e os esputos à Água.
Portanto, podemos estabelecer a seguinte relação:

— MADEIRA: VISÃO – OLHOS – MÚSCULOS – UNHAS – LÁ-


GRIMAS.
— FOGO: PALAVRA – LÍNGUA – VASOS – ARTÉRIAS – TEZ –
SUOR.
— TERRA: PALADAR – LÁBIOS – TECIDO CONJUNTIVO –
SALIVA.
— METAL: OLFATO – NARIZ – PELE E PELOS – MUCO.
— ÁGUA: OUVIDO – ORELHAS – MEDULA – OSSOS – CABE-
LOS – ESPUTOS.

Os sentidos e os órgãos dos sentidos, assim como sua ação direta sobre
a arquitetura física, ficam relacionados na penta-coordenação. Vemos,
portanto, que as 12 unidades energéticas básicas vão ter influência so-
bre sistemas com os que aparentemente não guardam relação e que, no
entanto, dependem delas.
Dentro dos aspectos psíquicos (questão muito importante, pois para
a M.T.C. as emoções e os fatores mentais podem ser os grandes
desequilibradores e consumidores de energia) teremos o conceito de
emoções correspondentes: raiva à Madeira, euforia ou alegria ao Fogo,
obsessão ou preocupação à Terra, tristeza ao Metal e medo à Água.
Também dentro dos aspectos psíquicos enquadram-se os termos Houn
ou alma vegetativa ou imaginação (em Madeira), Thân ou consciên-
cia (em Fogo), Yi ou idéias e reflexão (em Terra), Po ou alma sensiti-
va (em Metal), e Zi ou força de vontade (em Água)6.
Certas expressões responderão também a estes movimentos. Assim:
o grito à Madeira, o riso ao Fogo, o canto à Terra, o soluço e suspiro
ao Metal e o gemido à Água.
4
Ver Auriculopuntura no Tomo II.
5
Ver Patologia no Tomo II.
6
Ver teoria Thin-Qi-Shen

96
Capítulo IV: Wu-Xing: Lei dos Cinco Movimentos (A Grande Regra)

Podemos portanto estabelecer outro bloco de relações referido às


funções psíquicas e às emoções.

— MADEIRA – CÓLERA – GRITO – «HOUN» – ALMA VEGE-


TATIVA OU IMAGINAÇÃO.
— FOGO – ALEGRIA – RISO – «THÂN» – CONSCIÊNCIA.
— TERRA – OBSESSÃO – CANTO – «YI» – REFLEXÃO E IDÉI-
AS.
— METAL – TRISTEZA – SOLUÇO – «PO» – FLUIDO VITAL –
ESPÍRITO – ALMA SENSITIVA.
— ÁGUA – MEDO – GEMIDO – «ZI» – FORÇA DE VONTADE.

Outras relações com os cinco movimentos descritas pelos textos an-


tigos, são as referentes aos planetas, notas musicais, alimentos vegetais,
alimentos animais e outras de menor interesse. Essas relações são úteis,
pois podem ser empregadas para elaborar complementos terapêuticos
ou, em alguns casos, com interesse diagnóstico.
A musicoterapia, a dietética aplicada, a cromoterapia, fotonterapia,
etc. são alguns dos sistemas ou métodos terapêuticos que estão come-
çando a se desenvolver, fundamentando-se precisamente nesta Lei e seus
ciclos, como veremos a seguir.
Podemos estabelecer o seguinte quadro geral com as relações mais
significativas:

RELAÇÕES MAIS SIGNIFICATIVAS DOS CINCO MOVIMENTOS


1º) RELAÇÕES CÓSMICAS

Movimentos MADEIRA FOGO TERRA METAL ÁGUA

Ponto cardeal Leste Sul Centro Oeste Norte


E. cósmica Vento Calor Umidade Secura Frio
Estação Primavera Verão Estio Outono Inverno
Ciclo vegetal Germinação Maturação Colheita Queda Degradação
Ciclo do dia Amanhecer Manhã Meio-dia Tarde Noite
Planeta Júpiter Marte Saturno Vênus Mercúrio

97
TOMO I. Lección 1.ª: Acupuntura Bioenergética

2º) RELAÇÕES FISIOLÓGICAS

Movimentos MADEIRA FOGO TERRA METAL ÁGUA

Órgão Fígado Coração Baço-Pâncreas Pulmão Rim


Víscera Vesícula biliar I. Delgado Estômago I. Grosso Bexiga
Ciclo Vital Nascimento Crescimento Maturidade Declínio Êxtase
Sentido Visão Tato-Fala Paladar Olfato Audição
Orgão dos Sentidos Olhos Língua Boca e lábios Nariz Orelhas
Energiza e nutre Músculos e Unhas Circulação e Tez T. Conjuntivo Pele e Pelo Ossos e Cabelo
Humor Lágrimas Suor Saliva L. Nasal L. Auditivo
L. Sinovial
L. Raquideano

3º) RELAÇÕES EMOCIONAIS E PSICO-AFETIVAS


FATORES DE RELAÇÃO HUMANA

Movimentos MADEIRA FOGO TERRA METAL ÁGUA

Denominação HOUN THAN YI PO ZI


Valor espiritual Imaginação Consciência Reflexão Otimismo Vontade
Desejo Palavra Ponderação Vitalidade Determinação
Competitividade Conhecimento Seriedade Sensibilidade
Estratégia Alegria Alma sensitiva Carisma
Audácia, valentia
Alma Vegetativa
Perturbação Ira Labilidade Obsessão Tristeza Medo
Cólera Logorréia Ansiedade Melancolia Zelo
Irritabilidade Emotividade Manias Apatia Insegurança
Agressividade descontrolada Preocupações
Tipo de depressão Ansiedade Quadros Ansiedades pela Depressão Autolisis
pela posse depresivos maiores conservação vital Fobia
Expressão Dança Riso Canto Carícia Sexualidade
Perturbação Grito Divagação Choro Soluço Gemido
Nota musical Do La Mi Re Sol

4º) RELAÇÕES TELÚRICAS E ALIMENTARES

Movimentos MADEIRA FOGO TERRA METAL ÁGUA

Vegetais Milho Trigo Centeio Arroz Ervilha


Animais Carneiro Frango Gado Cavalo Porco
Sabores Ácido-acre Amargo Doce Picante Salgado
Odores Rançoso Queimado Perfumado De Carne Pútrido
Cores Verde Vermelho Amarelo Branco Negro e Azul

98
Capítulo IV: Wu-Xing: Lei dos Cinco Movimentos (A Grande Regra)

A penta-coordenação consiste em transformar matéria em energia. Vi-


ver é realizar uma infinidade de ações biológicas a partir de substratos
materiais. Viver é ir do Yin ao Yang, da desordem à ordem. O universo, a
partir da singularidade inicial infinitamente quente, começou a expandir-
se, a desordenar-se e a esfriar. O homem é um ser ordenado num universo
que tende à desordem. O homem pode ordenar-se porque sabe utilizar a
energia que tem disponível. O homem se ordena desde o Yin ao Yang, da
desordem à ordem, através de suas funções biológicas. Desta forma, o
homem se ordena desordenando cada vez mais o universo, extraindo a
energia do mesmo. O trajeto entre a desordem e a ordem é a fase de
ordenamento, uma fase muito consumidora de energia, a fase de cresci-
mento do Yang. A energia que o homem consome para ordenar a desor-
dem é a terra. A repetição deste processo é a vida. Para que este processo,
a função fisiológica, possa repetir-se é preciso reciclar os substratos que nos
permitem o início do mesmo. A função que devolve a energia ao mesmo é
a função da «catalase», o metal. É a fase de repouso da terra, momento
em que se volta a carregar de substâncias minerais que permitam que a
semente cresça de novo para dar-nos o fruto que é a vida. Vivemos graças
à repetição desta penta-coordenação.
Para a M.T.C. viver é transformar a água em fogo, a semente em fruto,
o substrato em energia, ordenar a desordem, fazer funções fisiológicas,
ordenar os substratos graças a uma fase de projeção (Yang, madeira),
a uma fonte de energia (terra) e a uma reciclagem do sistema (metal).
Esses cinco grandes arquétipos, a desordem (água), a fase de ordena-
mento (madeira), a função fisiológica (fogo), a fonte de energia (terra)
e a reciclagem do sistema (metal) são os cinco grandes pacotes onde se
inclui tudo o que tem relação com os substratos, com as funções fisioló-
gicas, com a obtenção de energia, etc. Nesta penta-coordenação entram
os sistemas Zang-Fu.
Entalpia Yang
(ordem) C. Funções
biológicas
Fogo

BP
Terra

Crescimento do Yang H. P. Crescimento do Yin


Madeira Ordenamento Metal
Consumo de
energia do meio
Liberação
de energia
ao meio
Yin
R.
Matéria
Água Entropia (desordem)

99
TOMO I. Lección 1.ª: Acupuntura Bioenergética

FENÔMENOS DE GERAÇÃO E INIBIÇÃO DOS CINCO MO-


VIMENTOS

Ciclo Generativo Sheng e de Equilíbrio Ke

A teoria dos cinco movimentos encontra seu verdadeiro valor e uti-


lidade quando conhecem-se seus ciclos: generativo e inibidor, ou de equi-
líbrio. A partir destes podem ser explicadas as relações existentes entre
os seres e as coisas, e interpretar as leis que vão reger sua evolução e
transformação.
Dentro do campo médico, vão nos proporcionar os conhecimentos
necessários para compreender os mecanismos mediante os quais o ho-
mem se relaciona com seu meio, como as circunstâncias exógenas lhe
afetam, as relações permanentes e os intercâmbios constantes do orga-
nismo com o cosmos. Porém fundamentalmente vão nos indicar as re-
lações diretas que existem entre os órgãos e as vísceras, o que pode nos
proporcionar dados precisos para conhecer a verdadeira causa etiológica
(«a raiz») de uma variedade de processos patológicos que em alopatia
não conseguimos relacionar.

Ciclo Generativo ou Sheng

Observando o esquema dos cinco movimentos, notamos que o sentido


dextrógiro de circulação concorda com as influências cósmicas e naturais.
E assim um movimento vai produzir-se como conseqüência do anterior; se
pode dizer que um gera o seguinte. Depois de amanhecer vem a manhã, o
meio-dia, a tarde, a noite. Depois da primavera, o verão...
Podemos, portanto, representar o sistema da seguinte maneira:

100
Capítulo IV: Wu-Xing: Lei dos Cinco Movimentos (A Grande Regra)

De maneira contínua, em um movimento cíclico:

A Madeira produz o FOGO.


O Fogo produz a TERRA.
A Terra produz o METAL.
O Metal produz a ÁGUA.
A Água produz a MADEIRA.

Vemos que cada movimento apresenta duas características básicas:


— Produzir
— Ser produzido
No primeiro caso, quando produz, se chama «mãe» (num sentido pri-
mitivo), e quando é produzido se chama «filho».
E assim, por exemplo:
O Fogo é «filho» da Madeira, porém por sua vez é a mãe da Terra. De
um nasceu, ao outro alimenta.
O termo «geração» ou Sheng é equivalente em certa medida a ou-
tros que usaremos indistintamente, como estimulação, nutrição, assis-
tência, etc.
Logicamente, não é possível a geração contínua, já que isso levaria a
uma destruição do sistema por expansão. O equilíbrio necessário para
o desenvolvimento estável dos acontecimentos e das coisas implica na
existência de um sistema de compensação que se denomina:

Ciclo de Equilíbrio, Regulador ou Ke

Mal denominado destrutivo. Podemos também dar-lhe o sentido de


inibição, repressão, opressão, controle, etc.
Necessita-se no pentágono dos cinco movimentos de umas forças que
inibam a geração permanente e que mantenham o equilíbrio. E assim:

101
TOMO I. Lección 1.ª: Acupuntura Bioenergética

Da mesma forma que vemos para o ciclo Sheng, neste outro ciclo cada
movimento tem duas características: reprimir ou inibir e ser reprimi-
do ou inibido. Por exemplo: a Água apaga o Fogo, porém por sua vez,
é absorvida pela Terra.
Ambos os fenômenos devem acompanhar-se mutuamente, um implica
ao outro. Sempre que houver uma produção terá que existir uma des-
truição. Esta lei regula os movimentos e as mutações que permitirão a
vibração e a vida.
O equilíbrio entre ambos os sistemas permitirá o fluir harmônico da
Vida, do Universo e das coisas. O organismo humano constitui (ampli-
ando um pouco mais os princípios vistos no primeiro capítulo) um «ente
energético bipolar alternante, auto-regulado». A manutenção desta auto-
regulação dependerá, portanto, do funcionamento das 12 unidades
básicas produtoras de energia e de sua relação de equilíbrio através dos
cinco movimentos.
Vemos que o ciclo Sheng, como tendência à expansão por geração con-
tínua, tem polaridade Yang. Enquanto que o ciclo Ke, por sua ação inibi-
tória de retenção do Yang, pode ser englobado dentro da polaridade Yin.
Com isto vemos que os dois pilares básicos de toda a M.T.C. não podem
ter origens diversas: um depende do outro em mútua relação.
Os elementos patógenos (Xie Qi), tanto de origem externa (energias
perversas) como de origem endógena (alimentação e causas psíquicas,
fundamentalmente), uma vez superados os diversos sistemas energéticos
de neutralização (vias secundárias)7, vão provocar em primeiro lugar
alterações de maior importância na unidade energética que corresponda
ao Meridiano ou canal afetado, o que implicará com o tempo na altera-
ção de seu acoplado Yin ou Yang, no movimento ao qual se dirige. E,
por último, surgirão no resto dos movimentos alterações conseqüentes
aos desequilíbrios provocados nos ciclos Sheng e Ke. Estes desequilíbrios
nas relações de geração e inibição darão lugar ao efeito patológico re-
presentado dentro desta lei pelos termos: Usurpação e Menosprezo, ou
Invasão e Inversão (Cheng – Wu).

Ciclos patológicos maiores: Usurpação (Cheng) e Menosprezo (Wu).

No Su Wen, capítulo 67, vemos descrita esta relação patológica: «O


movimento em excesso invade ao qual reprime em estado normal e se
volta contra o que normalmente o domina. O movimento em insufici-
7
Ver vias secundárias no Tomo II.

102
Capítulo IV: Wu-Xing: Lei dos Cinco Movimentos (A Grande Regra)

ência tem contra si o movimento ao qual domina em estado normal e é


oprimido pelo que o domina em estado normal».
Estes fenômenos são conseqüência de um estado de vazio ou pleni-
tude, que como vimos é a única causa de enfermidade, acarretando um
desequilíbrio nos ciclos normais e, portanto, a enfermidade.

A Usurpação ou Invasão (Cheng) consiste, pois, em uma ação ex-


cessiva da relação de inibição. E o Menosprezo ou Inversão (Wu) con-
siste em uma inversão desta função.
Por exemplo: o movimento Fogo em excesso tratará de destruir ao
Metal, ao qual somente equilibra em estado normal: ciclo patológico de
Usurpação, Invasão ou Agressão e além disso se voltará contra o ele-
mento Água, que lhe equilibra em estado normal: ciclo patológico de
Menosprezo, Inversão ou Contradominância (esquema 15).

103
TOMO I. Lección 1.ª: Acupuntura Bioenergética

O movimento Fogo em carência será destruído pelo movimento Água,


mediante o efeito de Usurpação ou Invasão, e simultaneamente o mo-
vimento Metal se voltará contra o elemento Fogo, constituindo Menos-
prezo ou Inversão (esquema 16).

Ciclos patológicos menores: Sobre-domínio (Mu-Zi), Contradomínio (Zi-Mu)

A enfermidade da mãe alcança o filho (Mu-Zi), por exemplo uma


plenitude de Fígado pode produzir uma plenitude de Coração (hiper-
tensão eventual).
A enfermidade do filho alcança a mãe (Zi-Mu), por exemplo, uma
plenitude de Fígado pode produzir um estancamento de Rim (nefrite
aguda).

Mu-Zi
C.

F.
BP.

Zi-Mu P.
R.

Resumindo, as noções que temos exposto de uma maneira elemen-


tar vão constituir as bases do raciocínio fisiopatológico, assim como as
do diagnóstico e aplicação terapêutica. Desprende-se disto a necessida-

104
Capítulo IV: Wu-Xing: Lei dos Cinco Movimentos (A Grande Regra)

de de dominar perfeitamente os conceitos antes de continuar desenvol-


vendo-os mais profundamente.
Temos que levar em conta, na hora de realizar uma história clínica,
tudo o que se relaciona com o movimento que se suspeita estar patoló-
gico. Assim, quando observamos por exemplo uma enfermidade relati-
va ao Pulmão, tenhamos presente de uma maneira imediata: o outono,
a cor branca, o sabor picante, a tristeza, a pele, os pêlos, etc., assim como
as possíveis relações com o resto da penta-coordenação, através dos ciclos
descritos.
Geralmente a evolução da enfermidade obedece a lei dos cinco mo-
vimentos, e pode manifestar-se através de 6 possibilidades:

1ª) Enfermidades próprias de um movimento sem manifestação no


resto. Por exemplo: enfermidade do Fígado por excesso de raiva ou por
Feng («vento»), etc.
2ª) Enfermidades transmitidas ao acoplado do mesmo movimento.
Por exemplo: enfermidade por plenitude de Fígado, que acarretará uma
enfermidade de vazio da Vesícula Biliar.
3ª) Enfermidades devido ao ciclo de invasão (Cheng). Por exemplo:
enfermidades do Coração que se estendem ao Pulmão.
4ª) Enfermidades devido ao ciclo de inversão (Wu). Por exemplo:
enfermidades do Pulmão que se propagam ao Coração.
5ª) Enfermidades transmitidas através do ciclo Sheng, isto é, «de mãe
a filho». Por exemplo: enfermidades do Coração que se estendem ao Baço-
Pâncreas (Mu-Zi).
6ª) Enfermidades transmitidas «de filho para mãe». Por exemplo:
enfermidades do Baço-Pâncreas que se transmitem ao Coração (Zi-Mu).

105
TOMO I. Lección 1.ª: Acupuntura Bioenergética

Enfermidade de Plenitude (manifestações)

Por exemplo o Fígado em plenitude, devido ao excesso de fatores


endógenos (emocionais), e/ou endógeno-exógenos (dietéticos), e/ou
exógenos (meio ambientais) que lhe estimulem, pode produzir:

Plenitude de
C. ID (SHI)

Mu-Zi
Cheng Vazio de
Vazio de Plenitude E. BP. (XU)


del Fígado

V.B.
(XU) (SHI)
W
u
Zi-Mu

Estancamento Estancamento de
de R (YÜ) P. IG. (YÜ)

1º) Plenitude de Fígado (GAN SHI)


2º) Vazio de Vesícula Biliar (DAN XU)
3º) Vazio do Baço-Pâncreas (PI XU)
4º) Estancamento de Pulmão (FEI YÜ)
5º) Plenitude de Coração (XIN SHI)
6º) Estancamento de Rim (SHÉN YÜ)

SHI (crônica)

Zi
u-
M
Cheng XU (crônica)

W
u
Zi-
Mu

YÜ (aguda, transitória)
YÜ (aguda, transitória)

Vemos que tanto o contradomínio (Wu) como a contra-assistência (Zi-


Mu) produzem uma síndrome de estancamento (Yü) e portanto não

106
Capítulo IV: Wu-Xing: Lei dos Cinco Movimentos (A Grande Regra)

podem cronificar-se, já que são anomalias pervertidas que ao permane-


cer destruiriam rapidamente o sistema Zang-Fu, por isso são enfermi-
dades geralmente associadas a fatores exógenos (estacionais e clima-
tológicos). Por exemplo, uma asma alérgica primaveril (Wu de Fígado
sobre o Pulmão), que produz um colapso do Qi pulmonar (Yü do Pul-
mão) e que passada a estação recupera novamente a funcionalidade.

Enfermidade de Vazio (manifestações)

Por exemplo um Vazio de Coração devido à falta de estímulos de


tipo Fogo: endógenos (logofobia, falta de atividade intelectual, etc.), e/
ou exógeno-endógenos (dieta fria, saladas, etc.), e/ou exógenos (frio,
ausência da cor vermelha, etc.), podem produzir:

Vazio de C (XU) Plenitude relativa


Zi- de ID. (SHI)
Zi Mu
u-
M

▲ Vazio de
Vazio de
VB-F (XU) E. BP. (XU)

▲ ▲

Plenitude relativa
de P. IG.
SHI (permite Wü)
Plenitude relativa
de R.B.
SHI (permite Cheng)

Vazio de C.

▲ ▲

Vazio de BP-E

Inv

Vazio de VB-F (o filho não é alimentado


pela mãe)
ers

A mãe se esvazia

são
Cheng

ão

ajudando a seu filho


Inva

O metal se volta contra


A água apaga o fogo seu dominante porque está
porque há pouco fogo debilitado
(Plenitude relativa) (Plenitude relativa)

107
TOMO I. Lección 1.ª: Acupuntura Bioenergética

Que uma plenitude seja sentida sobre o resto do sistema depende de


dois fatores:
A) Excessiva plenitude como causa etiológica.
B) Debilidade do afetado (conceito básico de diátese) por predispo-
sição congênita ou herdada.
O elemento opressor pode originar uma patologia distinta sobre o
sistema de acordo com a diátese correspondente («ao cachorro fraco,
tudo são pulgas»), por exemplo, a plenitude de Fígado provoca:

C. em plenitude
(hipertensão)

Zi
u-

BP. em vazio
M

VB. em vazio
(vesicula preguiçosa) Cheng ▲ (diabetes)

F. en plenitude Wü
(contraturas musculares)
u
Zi-M

▲ P. em estancamento
▲ (asma)

R. em estancamento
(nefrite aguda)

O Vazio é sentido sobre o resto do sistema dependendo de três causas:


A) Excessiva debilidade como causa etiológica.
B) Debilidade de mãe ou filho, o que origina o incremento da debi-
lidade.
C) Plenitude do dominante ou dominado, o que origina um incre-
mento de sua atividade (inibidora).
O elemento debilitado permite o contradomínio (Wu) e sobredomínio
(Cheng), ou seja, Menosprezo e Usurpação; não pode alimentar ao seu
filho (Mu-Zi) e esgota sua mãe (Zi-Mu), por exemplo, o vazio de Cora-
ção provocaria:
A) Possível contradomínio do Pulmão.
B) Possível sobre-domínio do Rim.
C) Possível deficiência de Baço-Pâncreas.
D) Possível deficiência de Fígado.

108
Capítulo IV: Wu-Xing: Lei dos Cinco Movimentos (A Grande Regra)

C. em vazio
(hipotensão, bradicardia)

BP. em vazio
H. em vazio
(lendidão metabólica,
(presbiopia e falta
diabete)
de tônus muscular)

P. em plenitude
(polipnéia, tosse)

R. em plenitude relativa
(poliúria hipoconcentrada)

Este exemplo e outros sucessivos que desenvolveremos nos demons-


tram que em patologia de acordo com a acupuntura uma mesma
sintomatologia básica pode relacionar-se com diversos agentes etiológicos.
Disto se deduz:

a) Não existem fórmulas de tratamento, já que os pontos a utili-


zar variarão consideravelmente em função de um ou outro agente
etiológico.
b) Não existe especialização. A intima relação e o intercâmbio cons-
tante nas 12 unidades energéticas, mediante os ciclos da penta-coorde-
nação, exige, quando se deseja aplicar um tratamento correto, estudar
e compreender ao homem como um todo integrado e não como a soma
de suas partes.
c) É necessário conhecer, profundamente, os sistemas de diagnós-
tico e a sintomatologia para realizar uma acupuntura racional, o que
explica que com demasiada freqüência os terapeutas se limitem quase
exclusivamente a tratamentos anti-álgicos ou, no máximo, a atuações
baseadas em fórmulas gerais que, no melhor dos casos, podem conse-
guir alívio sintomático e raras vezes um reequilíbrio real. É preciso, em
primeira instância, ver o bosque (síndrome) e não a árvore (sintoma).

109
TOMO I

2ª LIÇÃO

OS MERIDIANOS PRINCIPAIS
DE ACUPUNTURA
E OS PONTOS DE COMANDO

CAPÍTULO I: Conceito de Meridiano Principal (Jing Mai). Os Planos Energéticos


CAPÍTULO II: Os Pontos de Comando:
Shu Antigos
Yuan
Luo
Luo de Grupo
Chave ou Mestres
Xi
CAPÍTULO I
Conceito de Meridiano Principal.
Os Planos Energéticos
(Jing-Mai)
A física moderna não representa a matéria como
passiva ou inerte, mas como um estado em um
contínuo movimento de dança e vibração cujos
padrões rítmicos são determinados pelas estruturas
moleculares, atômicas e nucleares.

FRITJOT CAPRA
Capítulo I: Conceito de Meridiano Principal (Jing Mai). Os Planos Energéticos

CONCEITO DE MERIDIANO PRINCIPAL (Jing Mai)

As 12 unidades energéticas que foram descritas anteriormente for-


mam a base fisiológica da Acupuntura através de suas propriedades de
mútua alternância (Yin-Yang) e de relação (Cinco Movimentos).
O equilíbrio harmônico nas alternâncias ou mutações de positivo a
negativo e viceversa, e nas ações Sheng e Ke, proporciona um estado
de fluidez energética que permite o desenvolvimento de todas as fun-
ções fisiológicas que dela dependem. Em tais circunstâncias as funções
próprias dos órgãos, tanto em seu aspecto físico-químico como psico-
afetivo se realizarão plenamente e em equilíbrio estável, originando a
saúde.
Este estado de equilíbrio harmônico, no entanto, tem uma variedade
de fatores que podem afetar-lhe, acarretando uma alteração ou disfunção
que seguirá com sintomas típicos, segundo a unidade afetada, e que será
englobada dentro das sintomatologias energéticas. Este processo de
desequilíbrio (que, ao persistir, originará a alteração das funções pró-
prias de órgão e víscera, alterações no sistema de relação dos cinco
movimentos e em última instância alterações propriamente físicas) pode
ser originado, como já dissemos, por diversas causas1, entre as quais se
destacam três fundamentais:

a) Energias perversas.
b) Causas alimentares e respiratórias.
c) Causas psico-afetivas.

Dentro destas três causas as que mais incidência tem sobre o orga-
nismo devido à sua constante relação vão ser as «energias perversas»
ou agentes nocivos de origem externa, já que na M.T.C. são considera-

1
Tomo II. As causas da enfermidade (San Yin Xie).

115
TOMO I. 2ª Lição: Os Meridianos Principais de Acupuntura e os Pontos de Comando

das como desencadeantes da maior parte das enfermidades. Como vi-


mos no primeiro capítulo sobre as energias humanas, o organismo tem
que estar constantemente emitindo energias em direção ao exterior, a
fim de que as energias cósmicas se neutralizem em planos externos, não
físicos, evitando sua progressão a tecidos e vias energéticas.
A energia Wei tem vias de circulação que se estendem do mesmo modo
que o sistema vascular, com seus troncos e múltiplas ramificações, e que
abarcam toda a zona externa do organismo, levando sua energia até a
última célula do mesmo.
Estes sistemas energéticos são vias derivadas dos chamados Meri-
dianos Principais (Jing Mai), dos quais partem e com os quais se relaci-
onam, denominando-se VIAS TENDINOMUCULARES (Jing Jin)2.
Por outro lado, as causas endógenas de tipo dietético ou psico-afetivo
também têm dentro do organismo vias energéticas que tratarão de neu-
tralizar seus efeitos, com objetivo de evitar sua ação negativa.
Essas vias endógenas de ação defensiva e neutralizadora, e que guar-
dam uma estreita relação com a função imunológica, são também deri-
vações dos chamados Meridianos Principais, dos quais nascem e com
os que se relacionam: se denominam VIAS DISTINTAS (Jing Bie)3.
E assim podemos realizar o seguinte esquema elementar explicativo:

2
Ver Tendino-Musculares no Tomo II.
3
Ver Distintos no Tomo II.

116
Capítulo I: Conceito de Meridiano Principal (Jing Mai). Os Planos Energéticos

Vemos, portanto, que os chamados Meridianos Principais são os co-


ordenadores da função defensiva endógena e exógena, permitindo atra-
vés deles a comunicação interior-exterior. E assim, por exemplo, a libe-
ração de energia agressiva por intoxicação alimentar se transmitirá ao
exterior ao M.T.M. onde apareceria manifestação externa (urticária,
eritema, dermatite, eczema, etc.) e de onde poderia ser neutralizada pela
energia cósmica. Resolve-se assim o problema em nível externo, evitan-
do com isso uma alteração profunda que poderia afetar gravemente a
todo o sistema energético endógeno.
O mesmo exemplo é válido para uma alteração psico-afetiva: a energia
liberada por um estado colérico, stress, medo, etc., que criará uma
síndrome de plenitude (segundo vimos nas relações dos cinco movimen-
tos), encontra sua via de liberação em direção às capas externas (M.T.M.),
onde será neutralizada e onde pode provocar também alterações
dermatológicas e musculares.
As energias cósmicas exógenas, que como vimos, podem vencer a
resistência dos M.T.M. e progredir pela via do Meridiano Principal (M.P.)
até zonas endógenas, poderão ser neutralizadas em última instância no
M.D. antes que sua ação crie uma síndrome de plenitude em nível or-
gânico.
De uma maneira muito simplificada, que teremos ocasião de ampli-
ar quando estudarmos o processo de penetração das «energias perver-
sas» e as vias secundárias, vimos o papel desempenhado pelos M.P. na
função defensiva exterior-interior (Biao-Li).
Porém os M.P. cumprem outro papel fundamental na economia
energética que não guarda relação com o sistema defensivo: ser as vias
ou canais pelos quais a energia Rong, ou nutrícia, circulará nutrindo
energeticamente ao organismo humano.
Cada unidade energética, das 12 consideradas, terá uma via ou ca-
nal próprio que servirá para transportar e distribuir a energia às zonas
de domínio e influência segundo o movimento a que pertença, direta-
mente ou através de suas relações com outras vias complementares,
acopladas, secundárias, etc. Essa energia, que circulará de uma forma
ininterrupta 24 horas por dia, tem sua máxima concentração durante
duas horas em cada uma das 12 unidades energéticas. Adquirirá em
seu constante navegar as características inerentes a cada unidade
energética, segundo as relações vistas na penta-coordenação. Essa energia
Rong, portanto, estará composta não só pela energia desprendida dos
alimentos e pela adquirida através da respiração, mas também por to-
dos os aportes específicos inerentes a cada órgão. Assim essa energia
Rong será a resultante de:

117
TOMO I. 2ª Lição: Os Meridianos Principais de Acupuntura e os Pontos de Comando

— «Vento, calor, umidade, secura, frio»,


— «Houn, Thân, Yi, Po, Zi»,
— «ácido, amargo, doce, picante, salgado»,
— «cólera, alegria, obsessão, tristeza, medo», e assim sucessivamente.

O equilíbrio dos aportes, em suas constantes relações, intercâmbios,


comunicações, etc. fazem com que esta energia esteja equilibrada em
suas propriedades e que nenhuma delas se manifeste agressiva nem
predominante, alimentando através do sangue toda a economia humana:
as unhas, ossos, cabelo, tecido celular subcutâneo, tecido conjuntivo, olho,
língua, boca, nariz, ouvido..., etc., segundo as relações descritas.
Observamos, portanto, o papel desempenhado pelos Meridianos Prin-
cipais como meio e suporte de todas as relações vitais. Relacionam o
interior com o exterior e impulsionam o sangue, permitindo que se rea-
lizem todos os intercâmbios bioquímicos necessários, de acordo com sua
influência energética e em relação com a função orgânica correspon-
dente.
Podemos definir o Meridiano Principal, segundo o que foi desenvol-
vido, como um canal ou conduto energético pelo qual circulam as ener-
gias que «alimentam» e regem as zonas e funções de sua área de influ-
ência, coordenando o interior e o exterior através de suas vias secun-
dárias.
A estrutura do Meridiano Principal pode ser representada, em ter-
mos gerais, com o seguinte esquema:

118
Capítulo I: Conceito de Meridiano Principal (Jing Mai). Os Planos Energéticos

Dentro do trajeto externo distinguimos:

Zona A
Trajeto compreendido entre a extremidade dos dedos e as articula-
ções do joelho ou cotovelo, onde estarão os denominados «pontos de
comando».

Zona B
Trajeto compreendido entre estas articulações e as grandes articula-
ções (ombro e bacia) e cujo percorrido é mais profundo que na zona
anterior.

Zona C
Trajeto externo localizado a partir das grandes articulações.

Zona D
Trajeto compreendido entre a pele e o órgão ou víscera ao qual
corresponde.
Através destas vias a energia Rong, ou nutrícia, circulará do interior
até o exterior pelos chamados Centrífugos, ou do exterior para o inte-
rior nos caso dos Centrípetos; portanto o último ponto dos primei-
ros está nos dedos onde, ao contrário, se acha o primeiro ponto dos
últimos.
A estes conceitos desenvolveremos na segunda lição, ainda que ago-
ra seja preciso conhecer sua macroestrutura, com objetivo de compre-
ender o conceito de plano energético.
Essas vias ou canais energéticos vão estar distribuídos no corpo hu-
mano de tal forma que responderão anatomicamente aos conceitos Yin-
Yang e suas relações cosmológicas, como veremos mais adiante nesta
mesma lição.
Anteriormente dissemos que para a M.T.C. a maior parte das altera-
ções energéticas e, conseqüentemente, do aparecimento das enfermida-
des acontece nas alterações provocadas pelas energias cósmicas perver-
sas, isto é, vento, calor, fogo, umidade, secura e frio.
A fim de repeli-las o organismo elabora suas próprias energias que
emite ao exterior para neutralizar seus efeitos. E assim o Fígado e Vesícula
Biliar (elemento madeira) será dominante na primavera com objetivo
de combater o vento, elemento externo predominante nesta época. O

119
TOMO I. 2ª Lição: Os Meridianos Principais de Acupuntura e os Pontos de Comando

Coração e o Intestino Delgado (elemento fogo) será preponderante no


verão a fim de combater o calor...
Para a M.T.C. o equilíbrio fisiológico realiza-se primeiramente atra-
vés da função termogênica, isto é, equilíbrio entre o frio e o calor. Essa
primeira manifestação energética permitirá a função motora, à qual, por
sua vez, permite a função transformadora. Portanto, as energias bási-
cas do organismo serão o frio e o calor, sendo o vento, umidade, secura
e fogo energias derivadas da função frio-calor, com as quais vão se
combinar nos processos patológicos.
Sob este ponto de vista observamos que os movimentos Fogo e Água,
responsáveis pelo calor e frio, vão ser os eixos fundamentais do sistema
energético, isto é, o máximo Yang (fogo) e o máximo Yin (água). O res-
to dos movimentos serão intermediários desta função. E assim a umi-
dade se englobará como Yin «médio» a secura como Yang «médio» e o
vento dentro da esfera Yin-Yang como componente «dobradiça». A
partir deste conceito podemos começar a esquematizar a situação dos
planos energéticos. Assim teremos um primeiro plano externo que res-
ponda ao frio e ao calor na zona Yang e que, portanto, corresponde à
polaridade Yang, e um plano profundo que responda ao frio e calor na
zona Yin, desta mesma polaridade Yin. Podendo-se estabelecer:

O elemento Yang que corresponde ao frio (Han) é a Bexiga, e ao calor


(Re) é o Intestino Delgado.
O elemento Yin que corresponde ao frio é o Rim e ao calor é o
Coração.
Já temos o primeiro e sexto plano em equilíbrio frio-calor, externo e
interno.

120
Capítulo I: Conceito de Meridiano Principal (Jing Mai). Os Planos Energéticos

Continuando com este desenvolvimento, observamos o seguinte esquema:

Observamos nos planos terceiro e quarto os componentes umidade e


secura (Shi e Zao) equilibrado, já que:
— O Intestino Grosso corresponde ao pólo Yang (víscera) do movi-
mento secura e o Estômago ao mesmo pólo do movimento umidade.
— O Pulmão corresponde ao pólo Yin (órgão) do movimento secu-
ra e o Baço-Pâncreas ao mesmo pólo do movimento umidade.
Igualmente, pois, que o primeiro e o sexto planos que equilibram o
Frio e Calor externo e interno, Yang e Yin, aqui se equilibram a umida-
de e a secura externas (IG e E) e internas (P e BP).
Se cumpre, pois, o princípio de equilíbrio e neutralização descrito no
segundo capítulo.
YANG ➤ ➤ YIN
CALOR ➤ ➤ FRIO
SECURA ➤ ➤ UMIDADE
Fica, pois, o esquema:

121
TOMO I. 2ª Lição: Os Meridianos Principais de Acupuntura e os Pontos de Comando

Falta relacionar o segundo e quinto planos que são os denominados


«dobradiças» (dos Yang o segundo, e dos Yin o quinto), e que se corres-
ponderão com as duas energias cósmicas que ficaram pendentes, o Vento4
ou Feng, e o Fogo (como expressão de excessivo calor); sabemos que o
elemento Madeira contém o Vento e o elemento Fogo contém o Fogo
(vale a redundância).
Ambos os planos, em M.T.C., se correspondem com o «Fogo Minis-
terial». São os «eixos dobradiça» através dos quais terão que passar as
energias exógenas antes de alcançar os planos profundos e, também,
as endógenas antes de alcançar o exterior ou plano Tai.
Portanto, o esquema se estabelece da seguinte forma:

4
Ver seu significado em patologia, no segundo Tomo.

122
Capítulo I: Conceito de Meridiano Principal (Jing Mai). Os Planos Energéticos

Observamos, pois, que o segundo e quinto plano correspondem a


Vento e Fogo. No segundo se encontra o Triplo Aquecedor, como Fogo
Yang (víscera), e a Vesícula Biliar, como Vento Yang (víscera). E no
quinto, seus acoplados, isso é, Mestre do Coração e Fígado.
Pode-se estabelecer a relação completa de neutralização e equilíbrio
Yang-Yin nos seis planos energéticos:

YANG ➤ ➤ YIN
CALOR (RE) ➤ ➤ FRIO (HAN)
SECURA (ZAO) ➤ ➤ UMIDADE (SHI)
FOGO (HAN) ➤ ➤ VENTO (FENG)

Como se observa na figura (esquema 31):

Pode-se representar este mesmo esquema sobre uns eixos de coorde-


nadas da seguinte maneira (esquema 32):
Neste esquema observamos, à esquerda do eixo central, os planos
Yang, em contato com o exterior, e com suas correlações correspondentes
entre: calor e frio (ID-B, primeiro plano), fogo e vento ou plano dobra-
diça Yang (TA-VB, segundo plano), secura e umidade (IG-E, terceiro
plano). À direita do citado eixo se situam os planos mais profundos,
começando por umidade e secura (no quarto plano, BP-P), vento e fogo,
ou plano dobradiça dos Yin (F-MC), e no plano mais profundo (R-C) o
equilíbrio entre frio e calor, ou função termogênica, como primeira con-
seqüência da origem da vida.

123
TOMO I. 2ª Lição: Os Meridianos Principais de Acupuntura e os Pontos de Comando

Se representamos o elemento fogo dividido em seus dois componen-


tes obteremos um hexágono, onde observamos as linhas de neutralização
distribuídas da seguinte forma:

Observamos que a mutação de Frio a Calor passa pelo estado de


Vento-Fogo, e a de Calor a Frio pelo de Umidade-Secura. Portanto:

FRIO → VENTO → FOGO → CALOR → UMIDADE


→ SECURA → FRIO

A diagonal do hexágono representa o eixo sobre o qual alternam e


do qual se derivam as diversas manifestações intermediárias (umidade,
vento, fogo, secura) que permitirão a mutação Frio-Calor de uma ma-
neira progressiva, única possibilidade de adaptação do homem com o
meio. Não é viável a mutação de Água em Fogo e vice-versa, a não ser
através de escalas intermediárias que possibilitem esta ação.
Sobre o eixo das ordenadas (esquema 32) observamos os elementos
Fogo (com seus dois componentes) e Secura plenamente identificados
na esfera Yang, estando por baixo umidade, vento e frio nos planos Yin.

124
Capítulo I: Conceito de Meridiano Principal (Jing Mai). Os Planos Energéticos

Vemos, neste eixo, perfeitamente desenvolvida a passagem ou caminho


do Yang máximo ao Yin máximo.
As energias cósmicas por ordem de importância quanto à sua inci-
dência e agressividade vão ser o Frio, Calor, Fogo, Vento, Umidade e
Secura. Portanto, o organismo tem que emitir suas próprias energias
«Frio, Calor, Fogo, Vento, Umidade e Secura» do interior em direção
ao exterior, a fim de neutralizá-las.
Seguindo os conceitos básicos da energética observamos que o Yin é
profundo, é o núcleo, é a zona «tesouro» que deve estar protegida pelo
Yang, que é externo. Esse conceito básico nos permite realizar seguinte
esquema:

Os três Yin, que logicamente corresponderão às seis unidades


energéticas Yin vão ser criadores das energias profundas, especializadas
e metabolizadas, que serão enviadas desde o interior ao exterior («se
abrem em direção ao exterior») a fim de neutralizar os efeitos exógenos.
Assim:

125
TOMO I. 2ª Lição: Os Meridianos Principais de Acupuntura e os Pontos de Comando

Os três Yang corresponderão às seis unidades energéticas Yang, e são


os encarregados de dar sua energia aos Yin. Temos visto que os Yang
são meros criadores de energia, e que os Yin são os que utilizam esta
energia criando funções, metabolizando-a, administrando-a e distribu-
indo-a segundo suas ações. Os Yang que protegem aos Yin, são exter-
nos. Sob este ponto de vista, entregam ou doam suas energias aos Yin
(«se abrem em direção ao interior»).

Como planos externos, os Yang se abrem em direção ao interior, le-


vando sua energia aos Yin. Isso os leva, por sua vez, a serem as vias

126
Capítulo I: Conceito de Meridiano Principal (Jing Mai). Os Planos Energéticos

pelas quais penetrarão as energias do exterior em direção a partes pro-


fundas, em circunstâncias de agressão excessiva ou de diminuição de
seu potencial.
Aqui se estabelece de novo a Lei de Complementaridade do Yin e
do Yang . Este protege e dá sua energia ao Yin, em troca o Yin cede
sua energia especializada ao Yang para sua manutenção e luta com o
exterior.
Toda a economia energética vai estar, pois, regida por esta circuns-
tância. Em condições normais as agressões externas (+) tenderão a pro-
gredir em direção ao Yin (–): lei de atração (+) (–). No entanto, existi-
rão zonas Yang (+) que as repelirão e que logicamente deverão estar
no exterior. A função mais importante do organismo, o núcleo ou eixo
fundamental de toda energética, será o plano mais profundo formado
pelo R e C que, como veremos mais tarde, domina a função termogênica
(frio-calor) endógena e as funções psíquicas fundamentais. Como pla-
nos intermediários teremos o eixo formado pelo MC e F e como plano
externo o do P e BP.
Dentro dos Yang, e como vimos o mais externo, será o plano que se
encarregue de impedir a agressão do frio e calor exógenos, opondo para
isso a energia especializada cedida por seu acoplado profundo. E as-
sim a B lutará contra o frio utilizando a energia de seu acoplado R, e o
ID lutará contra o calor aproveitando a de seu acoplado C. O segundo
plano estará comosto por TA e VB, plano intermediário dos Yang, que
lutarão: o TA com o fogo, através da energia de seu acoplado MC, e a
VB com o vento, graças à energia cedida pelo F. Por último o E e IG
que tratarão de neutralizar à umidade e à secura respectivamente, gra-
ças aos aportes especializados do BP e P.
Visto o anterior, podemos nos aproximar da idéia chinesa original
de Meridiano. Os textos antigos não fazem referência a P, IG, C, R, E,
etc., pois não é este o verdadeiro sentido em energética. Esta denomi-
nação ocidentalizada, admitida já universalmente por uso e divulgação
pode, no entanto, induzir em graves erros, já que nossa mentalidade
ocidental relaciona de maneira imediata os termos Pulmão, Baço ou
Coração, etc. com os órgãos a que fazem referência. E, ainda que sem
dúvida mantenham certa identidade, não é possível se fazer extensiva
à ação do plano energético a que pertence cuja fisiologia diverge enor-
memente da ocidental. Por exemplo, em medicina alopática o Pulmão
é um órgão encarregado fundamentalmente do intercâmbio gasoso e da
oxigenação constante do sangue através de sua morfologia especial. No
entanto, para a M.T.C. o Pulmão será além disso responsável por for-
mar energia Rong, de ativar os mecanismos de estimulação das glân-

127
TOMO I. 2ª Lição: Os Meridianos Principais de Acupuntura e os Pontos de Comando

dulas sudoríparas, de energizar o pêlo, de lutar contra a secura crian-


do uma energia «anti-secura», de atuar conjuntamente com o IG para
evitar transtornos intestinais. Será por outro lado responsável, em pri-
meira instância, pelas afecções que impliquem qualquer segmento res-
piratório: faringite, amigdalite, bronquite, etc.
Portanto, embora o uso tenha imposto a denominação ocidentalizada
dos chamados Meridianos Principais, é bem verdade que devemos co-
nhecer seu verdadeiro significado e assim, segundo o exposto, vemos
que somente existem SEIS MERIDIANOS VERDADEIROS OU SEIS
PLANOS ENERGÉTICOS, e que se denominam do mais externo para o
mais interno:

TAI Yang (Yang no Yang)

SHAO Yang (Yang intermediário)

Yang MING (Yang para o Yin)

TAI Yin (Yin para o Yang)

JUE Yin (Yin intermediárico)

SHAO Yin (Yin no Yin)

Segundo vimos cada plano energético responderá por duas funções,


uma Yang e outra Yin. O plano externo Tai Yang teria que lutar contra
o frio (Yin) e o calor (Yang), portanto podemos dividi-lo em duas fun-
ções, em duas partes, e cada parte corresponderá a uma unidade
energética Yang. O Yang (víscera) encarregado do frio (externo) será a
B, e o Yang encarregado do calor (externo) será ID, já que a B é o pólo
Yang do elemento Água (frio) e ID é o pólo Yang do Fogo (calor). Por-
tanto, Tai Yang estará dividido em dois segmentos totalmente opostos,
porém complementares.

128
Capítulo I: Conceito de Meridiano Principal (Jing Mai). Os Planos Energéticos

O Shao Yang, da mesma forma que o anterior, o dividiremos em dois


segmentos opostos porém complementares.

Estes dois condutos neutralizarão o fogo e o vento externos em sua


esfera Yang. E assim o TA neutralizará o Fogo externo, e a VB o vento
externo. Considera-se ao fogo e ao vento como energias derivadas das
básicas frio-calor; e assim é, já que o fogo é expressão máxima do calor,
e o vento, o movimento, conseqüência imediata da alternância frio-ca-
lor, ou equilíbrio termogênico.
Ambas as energias perversas são as primeiras conseqüências do Frio-
Calor, portanto se corresponderão com o segundo nível energético, ou
segundo plano.
O Yang Ming, como último plano, tratará de neutralizar as energias
perversas umidade-secura como conseqüência última do Frio-Calor e,
portanto, será o último plano energético Yang. Assim:

Vimos que o IG é o pólo Yang do movimento Metal (secura), e o E o


do movimento Terra (umidade).
Temos portanto, em relação às Energias Exógenas Cósmicas, uma série
de planos energéticos que tratariam de opor-se em primeira instância
às duas energias básicas Frio e Calor através do plano Tai Yang e, em
segunda e terceira instância, às suas derivadas através dos planos Shao
Yang e Yang Ming, respectivamente (ver esquema 47C).
Com relação à esfera Yin, formada por Tai Yin, Jue Yin e Shao Yin,
vimos que se corresponderiam com os órgãos em ordem inversa de

129
TOMO I. 2ª Lição: Os Meridianos Principais de Acupuntura e os Pontos de Comando

importância energética, sendo o último plano é mais importante, estando


formado pelos órgãos básicos da economia energética: C e R.
Em termos gerais, em energética as vísceras são meras «operárias».
Ou seja, unidades cuja função básica é a extração do componente
energético dos alimentos. Enquanto isso, os órgãos são administrado-
res, distribuidores e metabolizadores desta energia. Os encarregados de
cobrir todas as necessidades e demandas do organismo, tanto no plano
físico-químico quanto psíquico (ver esquema 47B).
Portanto, sua função é mais importante qualitativamente que a das
vísceras. A energia poderia ser adquirida sem a participação delas, no
entanto as diversas funções especializadas desta energia não são possí-
veis sem a participação orgânica, fundamentalmente no que se refere
ao campo psíquico.
Em termos gerais se poderia dizer que as vísceras geram uma ener-
gia que os órgãos utilizarão em função de sua ação específica e em re-
lação com os atributos do movimento a que pertencem.
Sob este ponto de vista, serão os órgãos os encarregados de criar uma
energia «especializada» que, a partir deles, se manifeste ao exterior («se
abrem em direção ao exterior») através dos Yang, a fim de opor-se às
seis energias cósmicas. Portanto os Yang protegem ao interior, forman-
do a linha de frente defensiva, e os Yin lhes cedem seu potencial espe-
cializado, a fim de que cumpram esta função. Por sua vez os Yin de-
pendem do «alimento» que lhes proporciona os Yang, criando-se uma
interdependência mútua, indispensável para a manutenção das funções
vitais.
Dado que a função Yin ou orgânica é vital, sua distribuição energética
com relação à profundidade do percorrido será mais interna. Assim:
O Tai Yin produzirá uma energia que entregará ao Yang Ming. Isto
é, o Yin em direção a Yang alimentará o Yang em direção ao Yin, e este
evitará que a secura e a umidade penetrem em nível orgânico, isso é,
ao P e BP respectivamente.

130
Capítulo I: Conceito de Meridiano Principal (Jing Mai). Os Planos Energéticos

O Jue Yin , por sua vez, enviará suas energias especializadas a seus
companheiros de movimento TA e VB, que formam o plano intermedi-
ário Yang, assim como este forma o plano intermediário Yin. E assim:

Por último, o Shao Yin gerará umas energias que serão entregues a
seu acoplado Yang, isto é, o Tai Yang e que se oporão a calor e a frio,
respectivamente, segundo explicamos.

Com base no descrito, podemos realizar o seguinte esquema:

TAI YANG ou Yang no Yang POSITIVIDADE + + +


SHAO YANG ou Yang POSITIVIDADE + +
YANG MING ou Yang em direção ao Yin POSITIVIDADE +
TAI YIN ou Yin em direção ao Yang NEGATIVIDADE –
JUE YIN ou Yin NEGATIVIDADE – –
SHAO YIN ou Yin no Yin NEGATIVIDADE – – –

Com relação à situação de cada um dos segmentos do plano, temos


que ter presente que os membros superiores são Yang e os inferiores são
Yin. E além disso dentro do membro superior existe a face Yang e a face
Yin, Yang é a face posterior e Yin a face anterior. E dentro do membro

131
TOMO I. 2ª Lição: Os Meridianos Principais de Acupuntura e os Pontos de Comando

inferior exatamente igual, são Yang a face posterior, latero-externa e


parte da anterior, e Yin a face anterior em parte, e latero-interna.
Dentro do tronco se considera Yang toda espádua e costas e Yin a
zona torácica e abdominal.
A cabeça se considera área de máximo Yang.
Sob este esquema anatômico podemos «positivar» ou «negativar» os
canais energéticos, e assim teremos:

ID + + + (Membro sup. + cara post. e crânio) P + – – (Membro sup., cara anterior e tórax)
B – + + (Membro inf. + cara posterior e crânio) BP – – – (Membro inf., cara interior, abdom. e tórax)
TA + + + (Membro sup. + cara post. e crânio) MC + – – (Membro sup., cara anterior e tórax)
VB – + + (Membro inf. + cara posterior e crânio) F – – – (Membro inf., cara int. e abdômen)
IG + + + (Membro sup. + cara post. e crânio) C + – – (Membro sup., cara anterior e tórax)
E – + + (Membro inf. + cara posterior e crânio) R – – – (Membro inf., cara inter., abdom., tórax)

ESQUEMA 45

Podemos representar por último:

Vemos, pois, que cada órgão e víscera tem uma função estritamente
relacionada com o meio cósmico e que, portanto, a verdadeira essência
e sentido de sua atividade, do ponto de vista energético, não guarda
relação com o conceito ocidentalizado que se atribui à fisiologia dos
mesmos. Portanto, e como temos dito, para evitar erros deveremos de-
nominar aos chamados Meridianos Principais por seu verdadeiro nome,
que está em função de sua relação cósmica ou bioenergética e não de
sua função bioquímica.

132
Capítulo I: Conceito de Meridiano Principal (Jing Mai). Os Planos Energéticos

Os dois segmentos que compõem o plano principal vão ser denomi-


nados, de acordo com o nome do plano, colocando-se diante a palavra
SHOU ou ZU, dependendo se tenham seus pontos de comando em
membros superiores ou inferiores respectivamente. Assim a distribuição
ficaria como segue (esquema 47A):

Esquema gral de neutralização e relações tissulares das unidades


energéticas ZANG

133
TOMO I. 2ª Lição: Os Meridianos Principais de Acupuntura e os Pontos de Comando

OS TRÊS PLANOS Yang E SUA RELAÇÃO ENERGÉTICA


COM O COSMOS

134
Capítulo I: Conceito de Meridiano Principal (Jing Mai). Os Planos Energéticos

DISTRIBUIÇÃO ANATÔMICA DOS JING MAI DO PONTO


DE VISTA COSMOLÓGICO

A posição energética difere com relação à anatômica, os membros


superiores se elevam por cima do crânio, ficando anterior a face palmar
e posterior a face dorsal. Assim teremos esquematizado o homem, em
posição energética, da seguinte maneira (esquemas 48, 51 e 51A).

A cabeça e as costas são Yang, sendo Yin o tórax e o abdômen, como


temos visto.
Os membros superiores são Yang com relação aos inferiores, porém
dentro deles existe uma parte Yin (que corresponde-se com a face palmar,
zona isenta de pêlos) e uma parte Yang (que corresponde-se com a face
dorsal e que é peluda). Nos inferiores serão Yang as faces posterior e
latero-externas (ou seja, da crista tibial para fora) e Yin as faces anteri-
or e latero-interna (da crista tibial para dentro).
Atendendo à posição energética, podemos representar o membro
superior, SHOU, e o inferior, ZU, de acordo com o seguinte esquema:
ID – TA – IG correspondem-se com: 1º) Yang no Yang (ID), na face
posterior e externa, 2º) Yang (TA), na face posterior média ou dobradi-
ça, e 3º) Yang em direção ao Yin (IG), na face posterior, porém em direção
ao interior.
De fato, o ID percorrerá a borda cubital externa (em posição ener-
gética), ou espaço de máximo Yang. O TA, o espaço inter-radio-cubital,
área Yang. E o IG, a borda radial interna (Yang em direção ao Yin). Os

135
TOMO I. 2ª Lição: Os Meridianos Principais de Acupuntura e os Pontos de Comando

três seguirão pelo braço e pescoço e chegarão à cabeça onde, segundo


vimos, se reúnem todos os Yang.
Com relação aos Yang do pé, seus percorridos seguirão da mesma
forma a lei Yin-Yang, sendo o máximo Yang o espaço central da perna
e coxa pela face posterior.

Observamos que o ID nasce no quinto dedo da mão, percorre a par-


te mais yang do membro superior (Yang), chega à cabeça (Yang) e tem
continuidade com a Bexiga que percorre a espádua (Yang) e a parte
mais Yang dos membros inferiores, terminando no quinto dedo do pé.
Vemos também que o TA nasce no quarto dedo da mão, percorre a
parte medial posterior (Yang) do membro superior (Yang) e chega à
cabeça (Yang), onde continua com a VB que percorre a lateral do tron-
co (Yang) a face latero-externa do músculo e panturrilha (Yang), e ter-
mina no quarto dedo do pé.
Por sua vez o IG nasce no segundo dedo da mão, percorre a parte
«Yang em direção ao Yin» do membro superior (Yang) e chega à cabe-
ça (Yang). Daí continua com o E, que percorre a parte externa do tó-
rax e abdome, depois a face externa do músculo e perna, terminando
no segundo dedo do pé.

136
Capítulo I: Conceito de Meridiano Principal (Jing Mai). Os Planos Energéticos

Quanto aos Yin, ainda que seus trajetos não guardem uma relação
tão clara e determinante como os Yang com relação ao esquema
cosmológico, conhecer esta relação nos será de valiosa ajuda para sua
localização anatômica.
E assim, segundo a posição energética, teremos o seguinte esquema:

Tendo em vista o desenvolvido até agora, a verdadeira denomina-


ção das 12 unidades energéticas estará relacionada com sua situação
no plano energético, antepondo as palavras SHOU e ZU dependendo
de seus pontos de comando5 estarem situados no membro superior ou
no inferior, respectivamente. Assim, teremos:

M.P. da B será ZU TAI YANG


M.P. do ID será SHOU TAI YANG
M.P. da VB será ZU SHAO YANG
M.P. do TA será SHOU SHAO YANG
M.P. do E será ZU YANG MING
M.P. do IG será SHOU YANG MING
M.P. do BP será ZU TAI YIN
M.P. do P será SHOU TAI YIN
5
Ver 2ª lição, capítulo 2.

137
TOMO I. 2ª Lição: Os Meridianos Principais de Acupuntura e os Pontos de Comando

M.P. do F será ZU JUE YIN


M.P do MC será SHOU JUE YIN
M.P. do R será ZU SHAO YIN
M.P. do C será SHOU SHAO YIN

Esta é a verdadeira denominação e o significado real dos 12 Canais


Energéticos Principais.

SENTIDO DA CIRCULAÇÃO ENERGÉTICA M. PRINCIPAIS

138
Capítulo I: Conceito de Meridiano Principal (Jing Mai). Os Planos Energéticos

139
CAPÍTULO II
Os Pontos de Comando:
Shu Antigos, Luo, Luo de Grupo,
Yuan, Xi, Chave ou Mestres
O Universo é um ato de projeção perfeito, com
uma intencionalidade perfeita, de um Ser perfeito,
que não necessita de improvisação, de inseguran-
ça, nem de livre arbítrio. Uma análise simples po-
rém profunda da relatividade de Einstein nos faz
compreender cientificamente o que até agora só
havia sido possível viver através do sentimento
intuitivo da mística.

S. VAN NES ZIEGLER


Capítulo II: Os Pontos de Comando

DEDUÇÃO DOS PONTOS: ESTACIONAL, TONIFICANTE E


SEDANTE
A estrutura energética do homem está coordenada pelos seis planos
energéticos descritos, que compreendem as 12 unidades estudadas. Estes
12 canais energéticos são os grandes troncos de onde se derivam o res-
to dos canais secundários. Todo este conjunto de vias se inter-relacio-
nam, se anastomosam, se concentram, formando-se complexas redes
energéticas que estudaremos no segundo ciclo.
Vimos anteriormente a estrutura do denominado Meridiano Princi-
pal. Observamos que um primeiro trajeto deste se achava compreendido
entre os ângulos ungueais e as articulações do cotovelo ou joelho (segun-
do forem Meridianos Shou ou Zu, respectivamente). Pois bem, neste
trajeto se encontram situados uma série de pontos, perfeitamente deter-
minados, em número variável para cada canal, e entre os quais se locali-
zam os denominados «SHU ANTIGOS» ou pontos de reflexo dos cin-
co movimentos.
Partimos de uma base fundamental em energética que nos diz que
os órgãos e as vísceras, assim como todas as propriedades correspon-
dentes a seus movimentos, mantêm uma inter-relação através dos ci-
clos Sheng e Ke. Consequentemente a isto se considera o homem como
uma estrutura energética indivisível, onde uma ação sobre uma parte
pode influir sobre todo o sistema.
Por outro lado, um Canal Principal é uma via através da qual circu-
la a energia nutrícia que se encarrega de estimular as atividades bioló-
gicas e bioquímicas do órgão e da víscera correspondentes.
Sob este ponto de vista, o trajeto externo do M.P. vai ser um lugar
acessível para manipular, a partir do exterior, sua energia; e neste sen-
tido, dentro do trajeto externo o segmento mais distal é o mais apto,
em termos gerais.
Sabemos, graças à física, que existe o denominado fenômeno «das
pontas». As zonas mais distais são as de máxima concentração ener-
gética. É lógico, portanto, que seja neste nível das zonas de maior con-

143
TOMO I. 2ª Lição: Os Meridianos Principais de Acupuntura e os Pontos de Comando

centração e mudança de polaridade aonde se situem os pontos mediante


os quais poderemos modificar os caudais energéticos que pretendamos.
Este segmento distal do M.P. será o «quadro de comando» a partir
de onde o perito pode controlar determinadas ações ou manifestações
à distância.
Cada Canal Principal vai dispor de uma série de pontos ou zonas
de influência sobre as quais podemos atuar, com o objetivo de estimu-
lar ou inibir certa função correspondente à sua relação com o resto dos
cinco movimentos. Assim, por exemplo, o M.P. do P (Shou Tai Yin)
disporá em seu segmento distal (situado entre o cotovelo e o ângulo
ungueal externo do primeiro dedo, em posição anatômica) de um pon-
to que ative ou neutralize sua relação com o movimento Madeira, ou-
tro com o movimento Fogo, outro com a Terra, outro que se corresponda
com o próprio Metal e outro com o movimento Água.
E assim o M.P. do P terá um ponto primavera, verde, vento, ácido,
etc. (elemento Madeira). Terá um ponto verão, vermelho, calor, amar-
go, etc. (elemento Fogo). Outro ponto será estio, amarelo, doce, umida-
de, etc. (elemento Terra). Outro corresponde à sua própria natureza ou
essência, isto é, outono, branco, secura, picante, etc. E por último um
que corresponde ao inverno, negro, frio, salgado, etc. (elemento Água).
Esta propriedade é comum para todos os Meridianos Principais, de
onde deduzimos que as ações energéticas estão representadas, no que
diz respeito à energia Rong ou Nutrícia, em todos e cada um dos
Meridianos Principais.
Esta estrutura de inter-relação vai nos permitir assentar vários pos-
tulados fundamentais:

1º) Cada Meridiano Principal terá cinco pontos, que guardam uma
correspondência inequívoca com os Cinco Movimentos.
2º) Existe portanto um ponto que corresponde ao próprio movimen-
to do Meridiano. Trata-se do ponto Metal do meridiano Metal, do pon-
to Água do Meridiano Água, etc. Este ponto é denominado ESTA-
CIONAL, DOMINANTE ou TRANSMISSOR. Será um ponto através do
qual se realizam conexões com o trajeto de comando dos Meridianos
de mesma polaridade restantes.
3º) Existirá um ponto que responde à ação do Ciclo Sheng. Isto é,
um ponto que estimulado em sentido favorável à corrente, aporta energia
ao Meridiano em questão através do movimento generativo. Quer dizer,
ativando o abastecimento do elemento «MÃE», nutrimos ao «FILHO»
ou como se enuncia na regra básica do método geral de tonificação:
«TONIFICANDO À MÃE, SE TONIFICA AO FILHO».

144
Capítulo II: Os Pontos de Comando

4º) Haverá um ponto sobre o qual, atuando em sentido contrário


ao da circulação, se interrompa o ciclo Sheng, que acarreta uma dimi-
nuição no potencial do Meridiano em questão. Isto se manifesta na regra
fundamental do método geral de dispersão: «DISPERSANDO AO FI-
LHO, DISPERSAMOS À MÃE».
O Rim, com relação ao movimento que se refere, depende energetica-
mente do Pulmão. Portanto o Pulmão elabora parte de sua energia com
objetivo de nutrir ao Rim. Se inibimos a ação energética do Ponto Rim
do Pulmão, através de um mecanismo que interrompa o eixo de trans-
missão, o Pulmão não terá necessidade de nutrir ao Rim, e portanto
diminuirá seu funcionamento ou atividade energética.
5º) Observamos, pois, que em cada M.P. vão se refletir as ações do
resto dos M.P. de sua mesma polaridade. Isso nos leva a dizer que cada
canal principal vai dispor, ao longo do seu trajeto mais distal, de umas
zonas de ressonância ou influxo energético que respondem às influên-
cias de cada órgão ou víscera (segundo o caso) em particular. Em ter-
mos gerais se poderia afirmar que estes trajetos constituem zonas de
reflexo energético.
O seguinte esquema nos será útil para a compreensão destes pos-
tulados:

145
TOMO I. 2ª Lição: Os Meridianos Principais de Acupuntura e os Pontos de Comando

Estes pontos, que em princípio serão 60 (como resultado de multi-


plicar 5 pontos por 12 Canais Principais), tem um nome específico de-
pendendo de como estão situados ao longo do trajeto e do significado
que os textos antigos lhes deram, comparando-os com os acidentes flu-
viais (desde a nascente de um rio até sua desembocadura).
O clássico das dificuldades denomina ao ponto Ting (poço), Iong
(Manancial), Iu (arroio), King (rio), Ho (mar).
E assim o 1º ou mais distal se denomina Ting (Jing-Poço), que signi-
fica ‘poço» ou «manancial», e estará situado nos ângulos ungueais,
exceto o do Rim, que se encontra na face plantar do pé.
O 2º é o Iong (Yong)1, que significa «arroio» e está situado geralmente
nas pregas interdigitais.
O 3º é o ponto Iu (Shu), que significa «embarque», e está situado
geralmente nos espaços intermetacarpianos ou intermetatarsianos.
O 4º é o ponto King (Jíng-Rio), que significa «desembarque», e se situa
próximo das articulações do pulso e tornozelo.
O 5º é o ponto Ho (He) que significa «reunião» e se situa próximo
às articulações do joelho e cotovelo.
De sua parte, os Meridianos Principais Yang possuem um ponto,
denominado Iunn (Yuan), que significa «origem do rio» (cuja função
nos M.P. Yin é cumprida pelo Iu, chamado também por isso de Iu-Iunn),
e que se situa anatomicamente entre os Iu (Shu) e os King (Jíng). Este
ponto Iunn (Yuan) não diz respeito à penta-coordenação, embora te-
nha um papel importante na regulação energética, e por isso se inclui
dentro dos pontos de comando, ou «Shu Antigos».
Portanto os pontos «Shu Antigos» são 66 e se distribuem da seguin-
te maneira:

— M.P. YIN = 6 (P, R, F, C, MC e BP)


— Pontos «SHU ANTIGOS» = 5 (TING ou JING, IONG ou YING
ou RONG, IU ou SHU, KING ou JÍNG, e HO ou HE).
— TOTAL = 6 × 5 = 30 pontos
— M.P. YANG = 6 (IG, B, VB, ID, TA e E)
— Pontos «SHU ANTIGOS» = 6 (TING ou JING, IONG ou YING
ou RONG, IU ou SHU, IUNN ou YUAN, KING ou JÍNG, HO
ou HE).
— TOTAL: 6 × 6 = 36 pontos.
— TOTAL YIN-YANG = 30 + 36 = 66 pontos

1
Da mesma forma denominaremos a este segundo ponto como Ying ou Rong de
acordo com o verdadeiro significado do ideograma.

146
Capítulo II: Os Pontos de Comando

Os esquemas desenvolvidos nos seriam de utilidade para determi-


nar os pontos dominante, tonificante e sedante pois observamos que,
em todos os casos, o anterior ao Dominante é o tonificante e o poste-
rior é o sedante.
Agora só nos falta situar os pontos de acordo com a numeração
convencional, isto é, o número que corresponde a cada um dentro de
seu próprio movimento, e assim teremos o ponto específico de tonificação
e sedação. Para isso daremos umas normas de caráter geral:

1ª) OS MERIDIANOS YIN SITUAM SEU PONTO TING (JING)


NO MOVIMENTO MADEIRA-PRIMAVERA. Teremos pois:

2ª) OS MERIDIANOS YANG SITUAM SEU PONTO TING (JING)


NO ELEMENTO METAL – OUTONO. Teremos pois:

147
TOMO I. 2ª Lição: Os Meridianos Principais de Acupuntura e os Pontos de Comando

A situação do ponto Ting (Jing) na primavera e outono se explica


pelos câmbios de polaridade. Sabemos que o Yin se transforma em Yang,
e vice-versa, através de estações intermediárias, que serão a origem de
um ou outro ciclo.
Existirá um ponto mais ou menos neutro no câmbio de polaridade,
ou transformação de Yin a Yang, e vice-versa, e que se localiza, como
vimos, em nível das extremidades das mãos e dos pés (pontos Ting ou
Jing).
O Yin se transformará em Yang através da Madeira. Isto é, o Inver-
no-Água se transforma em Verão-Fogo através da Primavera-Madeira.
E o Yang se transforma em Yin através do Metal. Isto é, o Verão-Fogo
se transforma em Inverno-Água através do Outono-Metal.
Portanto, o momento de equilíbrio e neutralização do Yin e do Yang
se efetuará na PRIMAVERA e OUTONO. É neste momento quando
começa o predomínio de um deles em detrimento do outro, que se pro-
longa até a seguinte estação de neutralidade onde o predomínio se faz
contrário.
Assim, em um momento da primavera, o Yin e o Yang estão equili-
brados. Imediatamente depois começa o progressivo aumento do Yang
até chegar a seu ponto culminante ao final do verão e começo do estio.
Neste instante o Yang começa a descender, embora seja ainda predo-
minante até chegar ao outono. Em um determinado momento deste se
produz o equilíbrio de novo, para imediatamente começar o predomí-
nio progressivo do Yin, que alcançará seu máximo no inverno, em seu
próprio centro. A partir daí o Yin decresce, ainda que todavia seja
predominante até chegar à neutralização da primavera, na qual se
reinicia o ciclo.

148
Capítulo II: Os Pontos de Comando

Uma vez determinada a localização do ponto Ting (Jing) no pentágo-


no dos movimentos, e conhecidas as relações do ponto estação, pode-
mos (sabendo o número que corresponde a cada «Shu Antigo») dedu-
zir o ponto de tonificação, estacional, e sedante, assim como a qualida-
de e característica de cada ponto segundo o elemento a que pertença.
Vimos que os M.P. Yin Shou nascem no tórax e terminam nos de-
dos das mãos, portanto, sabendo o número de pontos de cada um des-
tes meridianos, conhecemos o número de seu ponto Ting (Jing).
O M.P. do P conta com 11 pontos, e os M.P.s do MC e C com 9.
Portanto podemos confeccionar a seguinte tabela:

PONTO TING
M.P. (JING)
P. 11
MC. 9
C. 9

O mesmo raciocínio faremos para os M.P. Yang Shou. Sabemos que


tanto P, como MC e C mudam de polaridade no nível das mãos, dando
origem a seus acoplados, isto é, IG, TA e ID. Portanto, o numeral
correspondente ao ponto Ting (Jing) destes será o 1. Podemos então
ampliar a tabela anterior como segue:

PONTO TING
M.P. (SHOU)
(JING)
P. 11
MC. 9
C. 9
IG. 1
TA. 1
ID. 1

Com os M.P. Zu efetuaremos o mesmo raciocínio: os Yang são B, VB


e E, nascem no crânio e terminam no pé, pelo que seus pontos Ting (Jing)
serão os últimos, isto é, 67, 44 e 45 respectivamente. Mudam sua

149
TOMO I. 2ª Lição: Os Meridianos Principais de Acupuntura e os Pontos de Comando

polaridade neste nível, dando origem aos Yin Zu, cujos pontos Ting
(Jing) serão, em conseqüência, os primeiros. Assim poderemos esta-
belecer:

PONTO TING
M.P. (ZU)
(JING)
B. 67
VB. 44
E. 45
R. 1
F. 1
BP. 1

Os pontos Iong (Ying), Iu (Shu) e Iunn (Yuan) se enumeram por ordem


contínua (crescente ou decrescente) a partir do ponto Ting (Jing), com
a exceção do Iu (Shu) do Zu Shao Yang (VB), distante do Iong (Ying)
em duas unidades:

TING IONG IU IUNN


M.P.
(JING) (YING) (SHU) (YUAN)
P. 11 10 9 9
MC. 9 8 7 7
C. 9 8 7 7
IG. 1 2 3 4
TA. 1 2 3 4
ID. 1 2 3 4
B. 67 66 65 64
VB. 44 43 41 40
E. 45 44 43 42
R. 1 2 3 3
F. 1 2 3 3
BP. 1 2 3 3

150
Capítulo II: Os Pontos de Comando

A numeração dos pontos King (Jíng) não se ajusta a nenhuma regra


aparente. Seu número, assim como o dos pontos Ho, estão relaciona-
dos na tabela a seguir:

TING IONG IU IUNN KING HO


M.P.
(JING) (YING) (SHU) (YUAN) (JING) (HE)
P. 11 10 9 9 8 5
MC. 9 8 7 7 5 3
C. 9 8 7 7 4 3
IG. 1 2 3 4 5 11
TA. 1 2 3 4 6 10
ID. 1 2 3 4 5 8
B. 67 66 65 64 60 40
VB. 44 43 41 40 38 34
E. 45 44 43 42 41 36
R. 1 2 3 3 7 10
F. 1 2 3 3 4 8
BP. 1 2 3 3 5 9

151
TOMO I. 2ª Lição: Os Meridianos Principais de Acupuntura e os Pontos de Comando

Uma vez obtida a sequência dos pontos, e conhecendo a polaridade


dos M.P. podemos situá-los sobre o esquema da penta-coordenação.
Assim teremos:

ESQUEMA 76 (A)

152
Capítulo II: Os Pontos de Comando

ESQUEMA 76 (B)

153
TOMO I. 2ª Lição: Os Meridianos Principais de Acupuntura e os Pontos de Comando

TABELA DE CÁLCULO DOS PONTOS DE TONIFICAÇÃO E SEDAÇÃO,


SEGUINDO A LEI DOS 5 ELEMENTOS EM RELAÇÃO COM AS
ESTAÇÕES E OS VAZIOS OU PLENITUDES DO Yin E DO Yang

ESQUEMA 76 (C)

154
Capítulo II: Os Pontos de Comando

PONTOS HE DOS 12 M. PRINCIPAIS E SUA LOCALIZAÇÃO


ANATÔMICA

P5: Na prega do cotovelo, so- ID8: Face posterior interna do co-


bre a borda externa do tendão tovelo, 1/2 distância da ponta do
do bíceps, em um oco. olécrano, canal ulnar.
MC3: No meio da prega de TA10: A uma distância acima do
flexão do cotovelo, no oco ao olécrano, em uma depressão entre
lado do tendão do bíceps. os tendões.
C3: Face interna do cotovelo, IG11: Na extremidade externa da
1/2 T’SUN da epitróclea, em prega de flexão do cotovelo.
uma depressão da extremidade
da prega de flexão.

R10: Face interna do joelho, parte poste- VB 34: Face externa do joelho, 2 B40: No meio da prega do joelho,
ro-interna da fossa poplítea, no oco entre T’SUN abaixo da interlinha articu- no fossa poplítea.
dois tendões. lar, justo abaixo da cabeça da fíbu-
F8: Na extremidade interna da prega de la, no mesmo nível de BP9.
flexão do joelho, em um oco entre dois E36: Face antero-externa da perna,
tendões. 3 T’SUN abaixo da ponta da patela,
BP9: Abaixo da face interna do joelho, no em un oco entre o tibial anterior e
oco formado pela tuberosidade interna e a extensor comum dos dedos.
aresta da tíbia.

ESQUEMA 76 (D)

155
TOMO I. 2ª Lição: Os Meridianos Principais de Acupuntura e os Pontos de Comando

O desenvolvido até agora evidencia a importância extraordinária que


ocupa o ponto estacional no estudo e compreensão do funcionamento
energético nas vias principais.
No princípio a seguir podemos observar a base sobre a qual desen-
volver a teoria dos pontos de Tonificação e Sedação gerais:

«O PONTO DOMINANTE TRANSMITE A ENERGIA DE SEU


PRÓPRIO MOVIMENTO A TODOS OS PONTOS DE SEU MESMO
NOME E POLARIDADE.»

Segundo este princípio, o Ting ou Jing do F (F1) transmite sua energia


a todos os pontos Ting (Jing) dos meridianos Yin (R1, BP1, P11, MC9,
C9). Idêntico efeito observamos com o ponto estacional do C (C8), que
é o Iong (Ying), e transmite a todos os Iong (Ying) dos Yin (R2, BP2, F2,
MC8, P10). O mesmo passa com o dominante do BP (BP3), que é Iu
(Shu), etc.

156
Capítulo II: Os Pontos de Comando

Vemos, portanto, que os movimentos se inter-relacionam formando


uma rede de conexões, onde um movimento influi sobre os demais,
aportando suas energias específicas e, por sua vez, é influenciado pelos
aportes do restante dos movimentos.
As energias circulam nos meridianos seguindo os ritmos cíclicos da
natureza, isto é:

— nos Yin, primavera – verão – estio – outono – inverno;


— nos Yang, outono – inverno – primavera – verão – estio.

Ajustando-se ao ciclo generativo (que tem sentido do giro das agulhas


do relógio, ou sentido dextrógiro, conforme o movimento constante de
expansão ou geração energética), observamos que a puntura do BP2 (por
exemplo) em sentido favorável à corrente estimularia o ponto anterior
ao transmissor ou dominante (BP3), atraindo do elemento Fogo as
energias que este por sua vez teria recebido da penta-coordenação.
Portanto, estamos alimentando diretamente à Terra com o elemento que
lhe gera (o Fogo). O fato de implantar uma agulha, em sentido favorável
à corrente, supõe precisamente um estímulo que ativa esta circulação.
Além disso, a agulha faz efeito de antena de atração energética com
relação à mãe, que, como sabemos é a que alimenta. E assim pode-se
esquematizar a tonificação direta como segue:

157
TOMO I. 2ª Lição: Os Meridianos Principais de Acupuntura e os Pontos de Comando

Isto é facilmente compreensível tanto para os Yin Zu como para os


Yang Shou, os quais são percorridos pela energia de fora para dentro.
No entanto, nos Yang Zu e Yin Shou a ação tonificante se realiza através
de seu acoplado, segundo o seguinte esquema:
Exemplo: tonificação do M.P. do Pulmão Shou Tai Yin.

A sedação de um meridiano ou canal energético principal é realiza-


da colocando-se a agulha em sentido contrário ao circulatório. Com isso
efetua-se uma ação de obstrução ou bloqueio, a agulha dificulta o livre
fluir da energia, repartindo-a através do ponto transmissor ao resto da
penta-coordenação. Assim, por exemplo, ao punturar o BP5 no sentido
contrário ao circulatório, a energia em seu avanço se detém e se acu-
mula neste ponto, que é seguinte ao transmissor. Essa energia acumu-
lada encontra uma via circulatória alternativa através do ponto
transmissor.

158
Capítulo II: Os Pontos de Comando

A ação sedativa não precisa da participação do M.P. acoplado, já


que a redução do fluir energético tanto nos (+) como nos (-), Shou ou
Zu, implica seu retrocesso e a posterior transmisão ao resto dos Jing Mai
de idêntica polaridade, o que conduz, portanto, a uma redução do
acúmulo na unidade considerada.
Por todo o exposto pode-se afirmar a existência de diversos pontos
denominados propriamente de tonificação e sedação gerais.
Mas existem outros métodos dentro da tonificação e sedação que
seguem critérios e raciocínios particulares, como por exemplo o méto-
do de tonificação de acordo com a estação em que se está realizando o
tratamento.
Exemplo: pretende-se tonificar o M.P. do Fígado no verão. Neste caso
poderia-se utilizar (segundo este método) o ponto F1 como tonificante,
já que é o ponto primavera, prévio ao verão, e não o F8, que é o tonifi-
cante geral. Se quiséssemos sedar o Fígado nesta mesma estação
punturaríamos o F3 como sedante, pois é o ponto estio (filho do verão),
ao invés de F2 como ponto de sedação geral.
Outros métodos (usados preferencialmente na Coréia) consistem na
utilização dos pontos inibidores do ciclo Ke. E assim, por exemplo, na
sedação do Pulmão, além de dispersar o ponto P5, tonifica-se o P10 ou
ponto Fogo, que incide sobre o transmissor e, além disso, estimularía-
mos o tonificante geral P9.
Existem ainda outros métodos para a tonificação e sedação funda-
mentados em raciocínios diversos. No entanto o método geral é o mais
utilizado, sem que isso signifique que em determinadas circunstâncias
não convenha utilizar outros.

159
TOMO I. 2ª Lição: Os Meridianos Principais de Acupuntura e os Pontos de Comando

OS PONTOS YUAN E OS PONTOS LUO

No capítulo sobre colaterais adentraremos na controvertida existência


de uns vasos que unem um Meridiano com seu acoplado de tal forma
que se possam utilizar terapeuticamente em caso de disfunção do Zang-
Fu.
Em uma determinada fase de evolução da enfermidade de uma
unidade energética, tanto por plenitude como por vazio, pode produzir-
se o efeito contrário em seu acoplado, seguindo a lei de que plenitude
do Yang leva a vazio de Yin e vice-versa.
Esta técnica terapêutica se chama técnica Luo-Yuan e serve para
harmonizar um Movimento; por exemplo, a plenitude de P pode se
associar ao vazio de IG. Neste caso estabelecer uma relação através de
um vaso comunicante viria a resolver ambas as situações de uma maneira
simples.
Por isso, basta punturar o ponto Luo da U.E. em plenitude e o pon-
to Yuan da U.E. em vazio, com isso abre-se um canal comunicador e se
restabelece o equilíbrio Yin-Yang.
O Luo transversal é um segmento colateral de um Meridiano Princi-
pal que o une com seu acoplado, é uma via não-fisiológica, isto é, não
funciona a não ser que seja aberta através da técnica Luo-Yuan; é
portanto uma via terapêutica. Em circunstâncias fisiológicas normais esta
via está fechada para impedir a contaminação do acoplado em caso de
penetração da energia perversa, segundo explicaremos na lição seguinte.

160
ESQUEMA DE LUO TRANSVERSAIS DO MEMBRO SUPERIOR - FACE DORSAL DA MÃO
(D) DISTÂNCIAS - NOME DO PONTO LUO

161
Capítulo II: Os Pontos de Comando
TOMO I. 2ª Lição: Os Meridianos Principais de Acupuntura e os Pontos de Comando
ESQUEMA LUO TRANSVERSAIS DO MEMBRO INFERIOR (Zu)

162
Capítulo II: Os Pontos de Comando

OS LUO DE GRUPO

Segundo vimos no capítulo anterior, existem uns pontos onde se


juntam os quatro grupos de meridianos, que se chamam Luo de
Grupo.

Grupo Nome chinês Nome ocidental Luo de Grupo

1.º San Yin Tsou (Shou) Três Yin do Braço MC 5


2.º San Yang Tsou (Shou) Três Yang do Braço TA 8
3.º San Yin Zu Três Yin do Pé BP 6
4.º San Yang Zu Três Yang do Pé VB 39

Utilizam-se com muita freqüência na regulação energética, já que se


alteram em grupos de três, com o qual um só ponto exerceria um efeito
múltiplo (ver capítulo de regulação energética).
É preciso advertir que nunca se deve dispersar nem sedar um Luo
de Grupo dos Yin; quando o Yin está alto com relação ao Yang se esti-
mula o Luo do Grupo dos Yang. Os Yin (órgãos) produzem o Xue e o
Shen, por isso não devem ser dispersados em grupo.

OS PONTOS XI

Dentro do segmento «A» (esquema 26) do Meridiano Principal, onde


estão localizados os pontos de comando (Shu Antigos, Luo, Luo de grupo
e pontos chave dos vasos reguladores), encontram-se também os
chamados pontos XI ou GEKI (em japonês). São pontos profundos, «lu-
gar de reunião da energia e do sangue». Sua função está ainda por definir
exatamente. Há diversas teorias sobre sua utilização e efeitos, sendo a
mais difundida a referente ao desbloqueio de acúmulos energéticos na
própria U.E.
Nossa experiência na utilização deste tipo de pontos tem sido positi-
va na dor orgânica ou visceral, que em termos gerais melhora de uma
maneira rápida quando é aplicada uma agulha com forte estimulação
e chegada do Chi ou Zhi (Deqi). (Método de tonificação rápido). Também
utilizam-se de uma maneira habitual nos transtornos funcionais e
sobretudo na alteração do Shen (psíquica), que está associada em M.T.C.
com os órgãos Yin.
Conhecendo a equação básica já descrita, de que plenitude é igual a

163
TOMO I. 2ª Lição: Os Meridianos Principais de Acupuntura e os Pontos de Comando

dor, fica óbvio que o ponto Xi possui esta ação anti-álgica graças a seu
efeito de desbloqueio sobre a U.E.
No entanto, este ponto por si só não realizaria em muitas ocasiões
nada mais do que uma ação sintomática, pois as plenitudes das U.E.
respondem geralmente a fatores etiológicos relativos às relações que
guardam com o restante das U.E., segundo a penta-coordenação.
É imperioso portanto um tratamento de caráter global e que alcance
a raiz do problema. Contudo não podemos descartar sua utilização em
alguns processos agudos ou inclusive crônicos aonde se necessite nor-
malizar ou liberar a concentração energética como medida prévia a um
tratamento de fundo.
Os pontos Xi são os seguintes:

P6, Kongzui
MC4, Ximén
C6, Yinxi
ID6, Yanglao
TA7, Huizong
IG7, Wênliû
B63, Jínmén
VB36, Waiqiu
E34, Liángqiu2
R5, Shuiquán
BP8, Diji
F6, Zhongdu

A obra «Précis d’acupunture chinoise» da Academia de Medicina


Tradicional Chinesa de Pequim (Edições Dangles, St. Jean de Braye –
França, 1977) menciona além destes como pontos Xi:

R8, Jiaoxin, Xi do vaso regulador Yin Qiao


R9, Zhubin, Xi do vaso regulador Yin Wei
B59, Fuyán, Xi do vaso regulador Yang Qiao
VB35, Yángjiao, Xi do vaso regulador Yang Wei.

2
Única exceção de ponto Xi situado fora do segmento «A»do Meridiano, ainda que
muito próximo a ele.

164
Capítulo II: Os Pontos de Comando

OS PONTOS CHAVE (MESTRES, ABERTURA DOS VASOS


CURIOSOS, MARAVILHOSOS OU REGULADORES)

Estes importantes pontos de acupuntura tem a função de prover


energia Zheng (conjunto da energia humana) a uma das oito atividades
biológicas básicas de nossa economia energética.
Sua eficácia terapêutica levou o franceses a denominá-los pontos
Maravilhosos. Podem ser considerados os pontos «corticóides» da
acupuntura e como no caso destes devem ser utilizados de uma maneira
ponderada.
Desenvolveremos amplamente este conceito no capítulo dedicado aos
Vasos Reguladores.
Os oito pontos Mestres são:

BP4, Gongzun, abre o T’Chong


P7, Liquè, abre o Ren
MC6, Neiguan, abre o Yinwei
R6, Zhaohai, abre o Yinqiao
ID3, Houxi, abre o Du
TA5, Waiguan, abre Yangwei
B62, Shenmai, abre o Yangqiao
VB41, Zulinqi, abre o Dai

165
TOMO I

3.ª LIÇÃO

BIORRITMOS, COLATERAIS, AS
QUATRO CAPAS, PONTOS ESPECIAIS
E TÉCNICA DE PLANOS

CAPÍTULO I: Circulação da energia Rong e Wei (Generalidades)


Biorritmos, esquema circulatório da energia Rong e introdução aos colaterais
CAPÍTULO II: A digestão da energia exógena ou processo de penetração do fator
Waiqi, ou síndrome das quatro capas
CAPÍTULO III: Os pontos especiais Roe e outros. A técnica de planos
CAPÍTULO I
Circulação das energias Rong e Wei
(Generalidades), esquema circulatório
da energia Rong e introdução
aos colaterais
La física moderna no representa la materia como
pasiva o inerte, sino como estando en un continuo
movimiento de danza y vibración cuyos patrones
rítmicos son determinados por las estructuras mo-
leculares, atómicas y nucleares.

FRITJOT CAPRA
Capítulo I: Circulação da energia Rong e Wei (Generalidades)

1. CIRCULAÇÃO DA ENERGIA RONG E DA ENERGIA WEI


(GENERALIDADES)

A energia Rong é gerada no TA Superior. Quando o TA Médio (E-


BP) recebe os alimentos forma-se o primeiro Qi que ascende ao TA Su-
perior (P-C) para que seja transformado em Rong. Este Rong circula pelos
meridianos principais no sentido da circulação energética: P, IG, E, BP,
C, ID, B, R, MC, TA, VB, F. O objetivo desta circulação é levar energia
às unidades energéticas Zang-Fu (Movimentos). Esta energia é indispen-
sável para seu funcionamento.
A energia Rong vai ao P-IG para que possa ser formado o Qi Metal.
No E-BP se forma o Qi Terra. No C-ID se forma o Qi Fogo. No R-B se
forma o Qi Água. Na VB-F se forma o Qi Madeira.
Os meridianos principais tem duas partes: um trajeto superficial, que
circula em um determinado sentido ou em outro, e outro trajeto pro-
fundo, ou interno, que chega à unidade energética.
O trajeto superficial dos meridianos principais tem projeções em
direção ao exterior, os pontos de acupuntura. Estes pontos só existem
nos trajetos superficiais. São concentrações extraordinárias de Qi, que
também coincidem com concentrações extraordinárias de Xue. Geral-
mente debaixo dos pontos de acupuntura há concentração de capilares
arteriais ou venosos, ou de fibras nervosas, ou seja, uma maior concen-
tração de líquidos. Os pontos de acupuntura apresentam uma menor
resistência à passagem de corrente elétrica. Os pontos de acupuntura
são visíveis em alguns exames pela maior presença de vasos nesta zona
e o depósito de contraste nestes vasos.
Os trajetos internos dos meridianos principais que tem que chegar
até as unidades energéticas, ou seja, todas e cada uma das células, co-
incidem com toda a circulação capilar.
A energia Rong sempre circula do tórax, lugar onde brota a energia,
até a ponta dos dedos das mãos. Dos dedos das mãos percorre até a

171
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

cabeça. Da cabeça chega até a ponta dos dedos dos pés. Deste lugar
volta a subir de novo ao tórax, fechando o circuito.
Os três meridianos Yin do braço, o P, C e MC, vão ter um trajeto
torácico mais ou menos longo e outro trajeto sobre o lado interno, a face
anterior, Yin, dos membros superiores.
Os três Yang do braço, IG, ID e TA, vão ter um trajeto sobre o lado
externo, a face posterior, Yang, dos membros superiores, e irão termi-
nar na cabeça.
Os três Yang da perna, o E, B, VB, são os meridianos mais longos do
corpo. Descendem desde a zona médio-lateral da cabeça até o dedos dos
pés, passando pelo lado postero-externo Yang dos membros inferiores.
Os três Yin da perna, o BP, R e F, sobem pelo lado antero-interno,
Yin, dos membros inferiores, até o tórax.
Os pontos dos meridianos principais que se encontram nas proximi-
dades de uma grande articulação, ou seja, próximo do quadril e dos
ombros, são Pontos de Partida dos Meridianos Distintos (PPMD). Estes
pontos vão permitir separar um trajeto duplo na parte externa do
meridiano principal: o trajeto da extremidade e o trajeto fora da extre-
midade. Os Pontos de Partida dos Meridianos Distintos tem conexão
com os Meridianos Distintos, que são as vias que conduzem a energia
Wei endógena.
Ao lado do TA Superior fazendo circular Rong, há o TA Inferior
gerando Wei.
O Wei que é gerado pelo TA Inferior divide-se em dois tipos: o Wei
interno, produzido pelo Fígado, que circula pelos Meridianos Distintos,
e o Wei externo produzido pela Vesícula Biliar, que circula pelos
meridianos Tendino-musculares.
O Wei endógeno busca uma canalização endógena através de zonas
de pouca resistência. Esta primeira canalização interna, os Meridianos
Distintos, terminam na proximidade das grandes articulações. O ponto
de contato entre a canalização endógena do Wei (Meridiano Distinto)
e do meridiano principal é o PPMD. O PPMD é o ponto a partir do qual
a energia Wei interna se conecta com a Rong circulante. Na realidade, o
PPMD é o ponto de chegada do Meridiano Distinto porque aí chega (e não
parte) a energia Wei para conectar-se com a Rong e a Wei externa.
A energia Wei externa sofre um processo de ascensão, sai do corpo
através do VG20 para chegar até os pontos Ting, zona de pouca resis-
tência, atraída pela energia Rong. Introduz-se novamente no corpo atra-
vés dos pontos Ting canalizando-se para dentro através do meridiano
tendino-muscular (MTM). Este MTM começa no ponto Ting – Poço e
chega até onde acaba o meridiano principal, conectando-se novamente

172
Capítulo I: Circulação da energia Rong e Wei (Generalidades)

com a energia Rong e a Wei interna no PPMD, também chamado «Ponto


Shu da Grande Articulação».
O TA Inferior produz energia Wei que em seu processo de expansão
vai buscar uma via de canalização rápida do interior para fora. Esta
via sempre termina no PPMD, ponto de muito baixa resistência do
meridiano denominado Distinto. Por outro lado, esta energia Wei, já que
é muito Yang, vai ascender até o VG20 graças ao efeito chaminé (não
há um meridiano concreto). A partir deste ponto sai do corpo para in-
troduzir-se de novo ao encontrar outra zona de baixa resistência para
circular, os MTM, que chegariam até onde acaba ou começa o Meridiano
Principal. A partir daí a energia Wei tem tendência a sair do corpo
novamente para recomeçar o circuito. O Wei que se utiliza na
neutralização de fatores exógenos é continuamente reposto, e o Wei que
não se utiliza volta a circular.
O trajeto do Meridiano Distinto não é conhecido em sua totalidade.
É um trajeto endógeno que tem três partes: a supra-orgânica, a orgâni-
ca, e a infra-orgânica. Também sabe-se que se conectam no Xin Bao (MC),
chamado Mestre do Coração ou Circulação-Sexualidade.
No trajeto das extremidades há um ponto do Meridiano Principal que
se situa nas proximidades das articulações médias, entre o joelho e os
cotovelos e os Ting-Poço que se denomina ponto He. Entre os pontos
He e os pontos Ting-Poço se encontram os pontos de comando de cada
meridiano. Os pontos de comando vão nos permitir atuar à distância
sobre a unidade energética.

VIAS PRINCIPAIS: RONG

a) Diagrama horário (Biorritmo)


b) Quadro circulatório dos MERIDIANOS PRINCIPAIS (Jing Mai)

As energias humanas (isto é, as produzidas pelo homem graças ao


aporte alimentar e cósmico e as adquiridas geneticamente) seguem um
ritmo descrito nos textos chineses que, na atualidade, parecem certifi-
car-se através dos chamados biorritmos ou ciclos periódicos de circulação.
Não há dúvida de que o homem deve estar em harmonia com as
situações de causa e efeito que se desprendem do seu meio e de que, ao
ser uma unidade energética, uma concretização particular da energia,
responderá às diversas variáveis de manifestação do T’Chi ou Energia
Universal Primária.

173
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

Sob este ponto de vista, base sólida da bioenergética, não há dúvida


de que em nosso organismo se produzirão de uma maneira cíclica e
periódica uma série de manifestações que terão relação com as influên-
cias cosmológicas e telúricas, meio no qual o homem desenvolve seu
processo vital.
O dia, manifestação Yang, será o período Yang do homem, no qual
desenvolverá suas atividades. É o período apropriado para realizar o
trabalho e tem que começar com uma grande carga de energia Rong.
Assim, o momento apropriado para começar esta atividade será o es-
paço compreendido entre as 3 e as 7 horas1, período onde o P e IG es-
tarão em plenitude. É o momento ótimo para a evacuação dos dejetos
alimentares. Será também o momento de inspirar profundamente as
energias cósmicas, de adquirir o Thin cósmico (respiração), que vai se
combinar com o Thin telúrico (alimentação). Em resumo, o momento
de iniciar a atividade, de preparar o dia. Para isso se precisa de Thin
telúrico, que nos dá a energia necessária. Assim, o TA médio (E + BP),
origem da energia dos alimentos, se prepara e entra então em plenitu-
de (das 7 às 9 o Estômago, e das 9 às 11 o Baço-Pâncreas) a fim de
aproveitar ao máximo os aportes alimentares. Será o momento ideal para
a ingestão de alimentos; o E em plenitude de funcionamento separa a
energia da matéria, aproveitando ao máximo o componente energético.
É também o momento em que o BP tomará este aporte e o enviará ao
órgão «mestre das energias», o P, formando-se uma energia nutrícia
(Rong) necessária para o desenvolvimento da atividade. Esta energia deve
estender-se até a última célula do organismo, impulsionando o sangue.
Portanto, o C estará em plenitude de 11 a 13 horas. Às 12 horas o Cora-
ção está no auge, assim como o sol no zênite. É o momento de máxima
atividade, de máxima energia. O ID estará na sua máxima plenitude
imediatamente depois, a fim de absorver a maior quantidade de nutri-
entes do «líquido impuro» ou matéria proveniente do E.
A B e o R entram em plenitude posteriormente (de 15 a 17 horas a
B, de 17 às 19 horas o R), fazendo sua obrigação fundamental na for-
mação de energia defensiva. É o momento do declive, do final da
atividade, o momento em que as energias não utilizadas retornam ao
seu armazém energético: o R. É o momento em que se inicia o período
Yin, o entardecer (a água começa a neutralizar o fogo), quando as ener-
gias, uma vez passado o período ativo, retornam para iniciar o período
de descanso e preparar a plenitude do MC.

1
Horário solar médio anual. Na realidade o limite é marcado pelo amanhecer.

174
Capítulo I: Circulação da energia Rong e Wei (Generalidades)

O MC se ativa das 19 às 21 horas. É o ocaso do dia, momento de


meditação, hora da sublimação, da atividade psico-afetiva (veremos a
função do MC relacionada com o conceito de sexualidade, de manifes-
tação afetiva, do balanço, da oração, de tudo aquilo que signifique fun-
ção ou atividade do Shen).
Imediatamente depois do MC entrará em máxima atividade o TA,
conceito que abarca a atividade restauradora e formadora de energia.
É o momento no qual o homem, já em período de descanso, é vistoria-
do nos três níveis pelo TA, o qual repassará toda a função energética,
tanto cardio-respiratória (TA superior), como digestiva (TA Médio), como
gênito-urinária (TA inferior, que se prepara agora com o objetivo de gerar
energia Wei através da VB e F, que têm seu apogeu energético de 23 às
3 horas). É na VB e F onde depositam-se as diferentes purificações rea-
lizadas ao longo do dia. É o último estágio onde estas se metabolizam
para serem levadas durante o sono para a região das pálpebras em for-
ma de Wei. É o momento da reposição muscular, onde a energia do F e
VB restabelecem esta função, preparando o sistema para uma nova
atividade que se desenvolverá. Período de total relaxamento e descan-
so, onde o Houn (Hun) ativa a imaginação dos sonhos.
As 12 unidades energéticas respondem, pois, a uma ordem cíclica e
regular segundo a qual a energia passará de uma a outra nas 24 horas
do dia, conforme o seguinte horário:

a) Diagrama horário:

De 3 às 5 h: o M.P. do P (Fei) estará em plenitude.


De 5 às 7 h: o M.P. do IG (Da Chang) estará em plenitude.
De 7 às 9 h: o M.P. do E (Wei) estará em plenitude.
De 9 às 11 h: o M.P. do BP (Pi) estará em plenitude.
De 11 às 13 h: o M.P. do C (Xin) estará em plenitude.
De 13 às 15 h: o M.P. do ID (Xiao Chang) estará em plenitude.
De 15 às 17 h: o M.P. da B (Pang Guang) estará em plenitude.
De 17 às 19 h: o M.P. do R (Shen) estará em plenitude.
De 19 às 21 h: o M.P. do MC (Xin Bao) estará em plenitude.
De 21 às 23 h: o M.P. do TA (San Jiao) estará em plenitude.
De 23 à 1 h: o M.P. da VB (Dan) estará em plenitude.
De 1 às 3 h: o M.P. do F (Gan) estará em plenitude.

175
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

Este fato tem permitido dispor de um valioso princípio para o diag-


nóstico, que em muitos casos poderá ser útil. Assim, em termos gerais,
podemos anunciar:

TODA SÍNDROME DE PLENITUDE DE UM ÓRGÃO OU VÍS-


CERA PIORARÁ NO MOMENTO DE SUA MÁXIMA ATIVIDADE.
PELO CONTRÁRIO, TODA SÍNDROME DE VAZIO MELHORARÁ
NESTE MOMENTO.
Vemos no esquema 52 que ao máximo energético de uma unidade
energética (U.E.) corresponderá um mínimo no horário oposto, isto é,
transcorridas 12 horas. Isso nos dá base para afirmar:
TODA SÍNDROME DE PLENITUDE MELHORARÁ NO HORÁRIO
OPOSTO AO DE MÁXIMA ATIVIDADE E TODO VAZIO PIORARÁ.
Este princípio englobado dentro da «Lei Meio-dia/Meia-noite», será
desenvolvido no capítulo que dedicaremos a esta técnica, no segundo
ciclo.
A prática clínica e a estatística confirmam, em termos gerais, os ho-
rários de máxima energética dos M.P. A tomada dos níveis energéticos,
tanto através da pulsologia radial como de outros métodos (como pode

176
Capítulo I: Circulação da energia Rong e Wei (Generalidades)

ser o Ryodoraku), vão confirmar os horários dos órgãos e vísceras. As


crises dispnéicas matutinas e outonais, os acidentes cardíacos ao meio-
dia e no verão, o aparecimento de cólicas renais ao entardecer e no
inverno, as alterações hepáticas noturnas e primaveris, etc., confirmam
e sancionam estatisticamente estes princípios energéticos.
Uma vez vistos os conceitos de plano energético e circulação da energia
Rong através dos Meridianos Principais, podemos realizar o seguinte
esquema explicativo sobre a circulação energética no organismo:

b) Quadro circulatório dos M.P.

Vimos que a posição energética era com os braços no alto, acima do


crânio, sendo o quinto dedo externo e o primeiro interno.
Para um estudo e explicação do quadro geral nos serviremos de uma
série de esquemas. Vamos representar com o círculo «A» os dedos da
mão; com o «B» a cabeça; com o «C» o tronco, e com o «D» os dedos
do pé.
Comecemos pelo P, como primeiro da circulação de energia Rong.

Situamos a origem de seu M.P. no tórax. Daí ascenderá pelo braço e


antebraço até o último ponto, o número 11, situado no ângulo ungueal
interno (posição energética) do primeiro dedo.

177
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

Na região dos dedos emite um ramo (mudança de polaridade)2 que


dá origem ao ponto de número 1 do seguinte no ciclo horário, portanto
o IG. E assim então este último descende pelo membro superior, chega
o pescoço e termina na cabeça, no ponto IG20 (último ponto deste
meridiano) próximo à asa nasal.

Na face, o IG20 emite um ramo interno que ascende até a borda da


arcada infraorbitária para dar origem ao primeiro ponto do Meridiano
seguinte na circulação energética, ou seja, do M.P. do E. Daí este Jing
Mai descenderá ao longo do tronco, coxa e panturrilha, até os dedos
do pé, onde dará o último ponto: E45 (no ângulo ungueal externo do
segundo dedo).

A partir do trajeto no pé o M.P. do E emite um ramo de mudança


de polaridade que dará origem ao primeiro ponto do Meridiano seguinte:
o BP1. O M.P. do BP nasce no ângulo ungueal interno do primeiro dedo
2
O ramo vai de P7 a IG11.

178
Capítulo I: Circulação da energia Rong e Wei (Generalidades)

do pé, ascende continuando pela perna e coxa e chega ao tórax no ponto


BP21 (último de seu percorrido externo) no nível da linha axilar, na
horizontal da apófise xifóide.

Este esquema dos quatro primeiros meridianos já nos mostra algu-


mas particularidades dignas de estudo:
1ª) As mudanças de polaridade se realizam na região dos dedos
da mão e do pé: chega um Yin (-) e sai um Yang (+) ou vice-versa.
2ª) A formação de dois planos energéticos: o Yang Ming (E e IG) e
o Tai Yin (P e BP) em estreita relação e equilíbrio, umidade e secura
exógena (o primeiro), com umidade e secura endógena (o segundo).
Quando o meridiano principal do BP acaba no BP21, emite um ramo
interno que dá origem ao ponto C1 situado no centro axilar. Daí as-
cenderá o M.P. do C, da mesma forma que o fez o M.P. do P, até che-
gar aos dedos da mão, onde terminará no ângulo ungueal interno do
quinto dedo no ponto C9.

Na mão o M.P. do C mudará de polaridade para dar origem ao M.P.


do ID, que descreverá um caminho um tanto semelhante ao já citado
no IG, para terminar na face, no ID19, em frente ao trago.

179
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

Continuar-se-á com o meridiano seguinte no ciclo horário, isto é, com


o M.P. da B. Este, da mesma forma que antes o M.P. do E, terminará
nos dedos do pé, concretamente no ângulo ungueal externo do quinto
dedo, no ponto B67. Aí mudará de polaridade para dar origem ao se-
guinte no ciclo horário, no M.P. do R, que ascenderá até o tórax, assim
como o fez anteriormente o M.P. do BP, sendo o R27 seu último ponto.

O R27 emite um ramo que dá origem ao ponto 1 do M.P. do MC


(seguinte no ciclo horário), no nível da linha dos mamilos. Igualmente
que os M.P.s do P e C, o do MC ascenderá até os dedos da mão, onde
termina no ponto MC9 (ângulo ungueal interno do terceiro dedo, em
posição energética). No nível do MC8 muda de polaridade dando ori-
gem ao primeiro ponto do meridiano seguinte: o M.P. do TA que des-
cende assim como o IG e o ID até a face para dar origem ao seu último
ponto (TA23) na extremidade da sobrancelha.
O M.P. do TA conecta-se na cabeça com o primeiro ponto do M.P.
da VB que, da mesma forma que os meridianos do E e B, irá aos dedos
do pé dando o último ponto (VB44) no ângulo ungueal externo do quarto
dedo, mudando de polaridade3 com o meridiano principal do F que tem
seu primeiro ponto no ângulo ungueal externo do primeiro dedo e que,
3
A mudança de polaridade, na realidade, se efetua através de um pequeno vaso que
une o VB41 com o F1.

180
Capítulo I: Circulação da energia Rong e Wei (Generalidades)

da mesma maneira que nos M.P. do BP e R, ascenderá ao tórax onde


dará um último ponto (F14) na vertical do mamilo. Finalmente emitirá
um ramo do F14 que dará origem ao P1, fechando-se o ciclo diário de
circulação da energia Rong. O esquema geral adjunto nos mostra estes
conceitos de uma maneira gráfica.

SENTIDO DA CIRCULAÇÃO DOS M. PRINCIPAIS SEGUINDO


OS PLANOS ENERGÉTICOS E A CIRCULAÇÃO HORÁRIA.
UNIÕES Ying-Yang. LOCALIZAÇÃO E CONEXÕES DOS Luo
DE GRUPO E REFERÊNCIAS ANATÔMICAS DOS MESMOS

181
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

COLATERAIS: WEI

a) Ciclo diário
b) Ciclo mensal
c) Ciclo anual

Uma vez descritas as vias energéticas principais e secundárias, e a


circulação da energia Rong em seu ciclo diário, faremos uma breve ex-
posição sobre os ritmos de circulação das energias Wei e Zong.
A energia Wei possui vários ritmos de circulação que se ajustarão
aos biológicos, o primeiro será diário, o segundo mensal e um terceiro
anual.

A) CICLO DIÁRIO

A energia Wei circulará durante as 24 horas do dia, protegendo o


exterior (Yang) durante o período de atividade e vigília e protegendo o
interior (Yin) durante o período inativo e de sono. Isso poderia nos dar
a chave da citação do Neijing que manifesta: «A energia Wei circula
pelos meridianos Yang durante o dia e pelos Yin durante a noite».
Sob nosso ponto de vista, essa citação deve ser interpretada tendo
em conta os conceitos até agora desenvolvidos.
Em primeiro lugar, ao referir-se aos meridianos Yang, e dada a rela-
tividade do conceito Yin-Yang, é de se supor que se refere aos meri-
dianos externos portadores da energia Wei, ou seja, os Tendino-mus-
culares.
Isso é lógico. Se considerarmos que durante o dia o homem (em es-
tado natural) mantém contato com o meio, trabalha e está fora de seu
lugar de proteção e descanso, sua economia energética terá que ajus-
tar-se às circunstâncias e, portanto, existirá um predomínio de energia
defensiva no nível exógeno que neutralize os elementos climatológicos.
Durante a noite, no entanto, o homem por tendência biológica natural
se encontrará protegido do vento, do frio, da umidade... Estará em um
lugar abrigado das influências climatológicas. É um período Yin e o mo-
mento de manifestação interna, do desenvolvimento e utilização de suas
funções psico-afetivas, da comunicação e dos relacionamentos. É pela
noite quando entram em jogo suas energias orgânicas elaboradas, Yin.
É o momento em que a energia defensiva baixará sua guarda externa.
No interior começará a elaboração da energia Wei, graças aos «impuros»
depositados no nível renal (17 a 19 horas) que, sob a ação do F e VB

182
Capítulo I: Circulação da energia Rong e Wei (Generalidades)

(23 às 3 horas) circularão até os globos oculares onde vão se armaze-


nando para fazer frente ao novo período de atividade que se avizinha.
Neste período noturno as agressões climáticas, portanto, serão mui-
to mais incidentes em relação à diminuição da função defensiva exter-
na. No entanto é quando a função psico-afetiva Yin se encontra em sua
plenitude de atuação, e as energias defensivas endógenas efetuarão uma
ação reparadora de todo o desgaste diurno através dos Meridianos Dis-
tintos. De acordo com a teoria chinesa: «expulsarão ao exterior os agentes
estranhos e patógenos que tenham se introduzido», supomos que isso
ocorre seguindo a via reversa: Distinto – Luo – M.P. – MTM e pele. A
mesma via drenará ao exterior as plenitudes orgânicas que podem ter
sido originadas por fatores psico-afetivos e alimentares, fundamental-
mente.
Por outro lado não é possível a circulação de Wei pelos M.P. já que
como vimos por eles circula a energia nutrícia Rong (ou impulsora do
sangue).
Portanto, a citação do Nei King (Neijing) à qual fazíamos referência
no começo deste apartado pode ser interpretada como segue: A ener-
gia Wei circula pelo dia preferencialmente nos Meridianos Yang (Tendino-
musculares) e pela noite preferencialmente nos Yin (Distintos).
Esta energia parece ser, interpretando os textos antigos, a que circu-
la em ciclos periódicos de 25 vezes no interior e 25 vezes no exterior, o
que daria um ritmo aproximado de um ciclo a cada 29 minutos. Estes
conceitos que se desenvolvem no capítulo referente à «Lei Meio-dia/Meia-
noite» são muito complexos, saindo assim do contexto desta primeira
parte.
Nossa teoria sobre como se distribui ao longo do corpo esta energia,
a partir do seu armazenamento nos globos oculares, pode ser resumida
da seguinte maneira:
Rodeando o olho estão os três primeiros pontos dos meridianos prin-
cipais Zu Yang (B1, E1 e VB1) e, conectados com estes, os últimos pon-
tos dos Shou Yang (ID19, IG20, TA23) com os quais formam os planos
energéticos Yang.
Existe um ponto em cima do crânio que é o VG20 (Baihui, potência
cósmica), denominado «Cem reuniões». Como seu nome indica, nele se
anastomosam todas as vias energéticas Yang do organismo, e além dis-
so, recebe um vaso interno proveniente do F.
A energia Wei acumulada na região dos olhos durante seu processo
de formação noturna é impulsionada ao exterior como efeito do bom-
beamento (piscadas) das pálpebras e transmitida aos pontos próximos
ao olho. Através destes últimos se eleva até o VG20 e deste se estende-

183
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

rá como um «manto vaporoso» ao longo de todo corpo, sobretudo na


zona Yang do mesmo, chegando até os dedos das mãos e dos pés. Aí
entrará no ponto Ting ou Jing (única via de penetração natural das
energias ao interior) e se estenderá pelos MTM e ao longo de todo o
sistema defensivo que temos explicado. Esta conexão não vai ser somente
realizada através dos pontos Ting (Jing) dos meridianos Yang, mas tam-
bém dos de todos os Meridianos Principais.

Portanto, todos os MTM serão centrípetos. Irão desde os dedos até o


tronco ou a cabeça, onde de novo a energia Wei será reciclada a partir
do VG20, em impulsos periódicos de 29 minutos aproximadamente.
Provavelmente este impulsos serão provocados endogenamente pelo F
(última purificação, junto com a VB), que é o encarregado de armaze-
nar e metabolizar estas energias, em última instância, e que possui uma
rama interna (muito importante sob este ponto de vista) que vai
diretamente ao olho e vértex. Talvez seja esta a explicação da ação do
F sobre olhos e visão, assim como nas plenitudes e cefaléias do vértex.
A energia Wei (formada ao longo de todo o TA inferior através de
diversas «purificações») tem seu último escalão no plano «dobradiça»
dos Yin e dos Yang, isto é, o Jueyin (F) e o Shaoyang (VB), sendo que
não seria disparatada a teoria de acúmulo em seu nível, dado o caráter

184
Capítulo I: Circulação da energia Rong e Wei (Generalidades)

de regulação interior-exterior (Biao-Li) dos planos intermediários (do-


bradiça).
Esta energia, sendo livre (etérea) tende à expansão ou manifestação
energética pura. Sua polaridade com relação à Rong é Yang (+). Será
então conduzida em direção à Rong ou energia nutrícia por efeito de
atração polar (+ -); cumprindo-se a máxima energética: «O Yang tende
a subir, à expansão; o Yin o retém. O Yin tende a baixar, a concentrar-
se, o Yang o retém».
Essa ação de atração dá origem ao chamado HALO INDUTIVO.
Esta atração de polaridade explicaria por que a Wei não se estende
ao exterior, segundo sua tendência, dispersando-se, já que é atraída pelo
Rong dos M.P. e conduzida aos pontos Ting ou Jing (poços), onde será
canalizada pelos meridianos defensivos, efetuando-se o ciclo descrito.
A energia Wei que penetrou no MTM (Meridiano tendino-muscular)
através do ponto Ting (Jing-poço) se irradiará ao exterior através dos
Sun-Luo (Ramificações dos tendino-musculares) formando o HALO
RADIOATIVO.

185
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

Com relação à Wei endógena, esta vai circular pelos Meridianos


Distintos. Observaremos na segunda parte, quando trataremos dos M.D.,
que todos eles se anastomosam em nível mediastínico, isto é, no Xin Bao
ou MC, autêntico regulador e coordenador do sistema imunológico
endógeno, incluído claramente na função parassimpática (Yin).
O M.C. forma um plano com o F, e movimento com o TA (sistema
nervoso simpático, em certa medida) com o qual se neutraliza, sendo
seu pólo (–). Observamos que F, VB, TA e MC formam os planos do-
bradiça dos Yang e dos Yin, assim sendo sua função em energética está
claramente definida como coordenadores do interior e do exterior, tan-
to numa esfera como na outra.
O Jueyin que, como veremos, representa o Fogo ministerial, vai res-
ponder às ações de neutralização endógenas, sobretudo dos elementos
psico-afetivos, pois sob o ponto de vista das energias «Shen», o Fogo
Imperial (C), não deve ser afetado. Por ser o supremo responsável pe-
los fatores emocionais, o C deve estar livre de influências desequilibra-
doras ou perturbações energéticas.
A energia Wei acumulada no F durante o período Yang é transmiti-
da ao vértex sob a influência ativa da VB (Yang), que forma plano com
o TA (Simpático) ou atividade externa (ciclo Sheng de VB a TA). No
entanto, em período Yin a energia Wei é transmitida ao MC (em certa
medida semelhante ao Parassimpático) para realizar seu trabalho
endógeno (seguindo o ciclo Sheng de F a MC).
Disto se deduz que no MC a energia Wei (Yang) é transmitida a to-
dos os MD durante a noite ou período de descanso, a fim de realizar
sua tarefa defensiva interna, seguindo os impulsos de circulação des-
critos, de um ciclo a cada 29 minutos ou 50 ciclos a cada 24 horas.
Esta energia defensiva endógena segue dentro do organismo uma
circulação análoga à do sistema linfático, com seu sistema de expansão
através do MC, «impulsor» ou «coração» do Wei endógeno. Assim como
o Tong impulsiona o sangue, o Wei impulsionará a linfa. Os impulsos
desta energia, que partem do MC, se manifestarão seguindo o ciclo Ke,
isto é, do C e MC ao P, deste ao F, do F ao BP, de BP a R e de R a C,
segundo descrito pelos textos antigos.
Logicamente temos que partir do conceito básico de T’CHI ou ener-
gia, e observar que em essência esta é sempre a mesma, e que tomará
um ou outro nome segundo sua ação específica. Portanto, os esquemas
ou teorias desenvolvidas são, em todo caso, ilustrativas, pretendendo
fixar as bases de uma bioenergética que na atualidade tem múltiplas
lacunas com relação à sua fisiologia ou formas de atuação.

186
Capítulo I: Circulação da energia Rong e Wei (Generalidades)

Todas as vias energéticas, tanto principais como secundárias, man-


têm múltiplas ramificações e interconexões de extrema complexidade e
difícil interpretação, onde a causa e efeito se inter-relacionam, originando
situações aparentemente contraditórias. Provavelmente a investigação
e o estudo possam aprovar as teorias que estamos desenvolvendo atra-
vés de princípios que ainda se mantêm em um estado de empirismo,
ainda que seja racional e metódico.

B) CICLO MENSAL

Veremos, quando se estudem na segunda parte os vasos regulado-


res, que existe um «vaso curioso» denominado Chong Mai, que é um
grande tronco energético do organismo e vai ser encarregado de trans-
mitir ao resto das vias principais e secundárias as energias acumuladas
no rim energético, isto é, nas cápsulas supra-renais.
Este vaso, que tem vários trajetos bem definidos, transportará a energia
Essencial composta de Qi (essência do Rong), Wei (depositado neste nível
através da 2ª, 3ª, 4ª e 5ª purificação) e a energia Zong qi.
O Wei depositado seguirá um certo ritmo que se descreve da seguin-
te maneira:
Desde o ponto VC1 a energia Wei, através de suas conexões com o
R11 (barreira pubiana), subirá pelo ramo anterior ascendente do
Chongmai até o R27. Daí, e através da união com o VC23 (ponto nó
do Shaoyin), se transmitirá ao ponto VG14 (7ª cervical). Deste ponto
baixará, através do canal interno descendente do Chong mai (que se-
gue a coluna pela sua parte interna) até o VC1, onde reinicia o ciclo.
Os textos assinalam que a energia Wei toma 30 dias para fazer este
percurso, demorando 8 dias no trajeto ascendente (do VC1 ao VG14) e
22 no descendente e posterior, percorrendo uma vértebra por dia. No
total: 1 cervical, 12 dorsais, 5 lombares e 4 coxígeas, até conectar-se de
novo com o VC1 através do VG1 localizado na ponta do cóxis.
Isso poderia explicar certas patologias de periodicidade mensal, e
também o porque de determinadas freqüências em certas enfermidades
orgânicas e viscerais que seguem uma sequência mensal. Veremos mais
tarde que os órgãos e vísceras tem pontos muito importantes na zona
dorsal e ventral que formarão o sistema de inter-relação antero-posteri-
or, Yin-Yang, conhecido por sistema SHU-MU.

187
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

C) CICLO ANUAL

A energia defensiva, adaptando-se aos ritmos cósmicos, terá que res-


ponder às influências climatológicas predominantes em cada estação.
Assim, a energia Wei será predominante na primavera no movimento
Madeira, com objetivo de neutralizar o elemento climatológico próprio
da estação: o vento.
É por isso que nesta época se encontra em estado ativo o F, e nas
tomadas de níveis energéticos este dado deve entrar em consideração
ao existir uma plenitude relativa.
O mesmo ocorrerá no elemento fogo, no verão, quando a energia
defensiva se mostrará predominantemente em nível do C, tratando de
neutralizar o calor, energia própria da estação. Idêntico fenômeno se
produz no BP com a umidade, no P com a secura e no R com o frio.

ANCESTRAL, ZONG

A energia Zong genética ou herdada, como temos visto, é a energia


mais pura e elaborada. Vai ser responsável por mudanças bioenergéticas
mais transcedentais, que marcarão etapas críticas na evolução fisioló-
gica do ser humano, seguindo uma sequência de 7 anos e seus múlti-
plos na mulher, e de 8 anos e seus múltiplos no homem (Suwen, capí-

188
Capítulo I: Circulação da energia Rong e Wei (Generalidades)

tulo 1). Circula irrigando as chamadas vísceras curiosas, isto é, sistema


endócrino, cérebro, medula, etc.
Esta energia depositada no rim (e cuja característica fundamental é
a de ser irrecuperável) tem que estar apoiada e protegida por um con-
junto de energias que impeçam seu desgaste prematuro, pois disso de-
penderá a esperança de vida.
Vai circular pelas chamadas vias curiosas, vasos maravilhosos ou vasos
reguladores, de uma maneira contínua e cíclica, efetuando um percor-
rido comandado pelo Chong Mai.
De uma maneira resumida podemos dizer: o Chong mai dá origem
ao Ren mai e ao Du mai através de seu tronco endógeno; ao Yin Qiao
e ao Yin Wei através de seu ramo descendente, e ao Dai mai através de
sua conexão num ramo anterior ascendente (M.P. do R).
A energia nestes seis vasos curiosos circulará de forma ascendente
(exceto no Dai Mai) até o ponto B1, situado no ângulo interno do olho.
Daí a energia Zong (depois de distribuir seu conjunto acompanhante,
se for preciso) retornará ao R através do Yang qiao e do Yang wei, onde
de novo iniciará o ciclo circulatório, depois de recolher no próprio R as
essências energéticas que formou, em seu conjunto, a Energia Essencial
(Zheng).
Estes vasos curiosos (sobretudo o Chong Mai) irrigarão as glândulas
de secreção interna, útero, sistema ósseo, cérebro e medula, de uma
maneira permanente. Estas vísceras curiosas (Suwen, capítulo 11) man-
tém uma atividade energética que exige um grande consumo de ener-
gias muito elaboradas. Precisam de aportes específicos, que tem que ser
extraídos do «Rim energético», centro de acumulação e reservatório das
energias mais purificadas.
Do ponto de vista energético vemos então que as cápsulas supra-re-
nais e os rins (rim energético) serão o conjunto energético que coman-
dará todo o sistema endócrino, medular e ósseo.
Resumindo o já descrito, a energia Zong circulará pelos chamados
vasos reguladores ou curiosos, manifestando-se através de impulsos bi-
ológicos genéticos e codificados, em períodos de sete ou oito anos. Tam-
bém, seguindo os ritmos biológicos naturais, irriga as «vísceras curio-
sas» de uma maneira contínua. Está apoiada a todo momento pelas essên-
cias energéticas, que tratarão de impedir seu desgaste (céu posterior).

189
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

VIAS SECUNDÁRIAS

a) Conceito de Meridiano tendino-muscular (MTM) (Jing Jin)


b) Conceito de Meridiano Distinto (MD) (Jing Bie)
c) Conceito de Meridianos Luo (Bie Luo) (Fu Luo)
d) Conceito de Meridianos Curiosos ou Reguladores (VM ou VR) (Qi
Jing Mai)
— Esquema geral da circulação nas vias Jing Luo

A) CONCEITO DE MERIDIANO TENDINO-MUSCULAR (MTM)


(Jing jin)

Acabamos de ver a circulação das energias Rong ou Nutrícia atra-


vés das 12 vias correspondentes às 12 unidades energéticas. Pois exis-
tem outros tipos de energia, como a Wei e a Zongqi, que mantém seus
próprios circuitos, ainda que sustentem uma constante relação com as
demais.
A energia Wei circula no organismo através de vias que descreve-
mos anteriormente e que denominamos Meridianos Tendino-Muscula-
res e Meridianos Distintos (também o faz através dos Luo Longitudi-
nais, ainda que em menor grau). Pelos primeiros a energia Wei circula
no exterior do corpo, protegendo-o das agressões exógenas. Pelos segun-
dos, no interior, neutralizando as noxas endógenas.
No exterior, os Tendino-Musculares, vias derivadas dos M.P., emi-
tem múltiplas ramificações subcutâneas (Sun Luo) que energizam à
estrutura externa (pele, tecido conjuntivo subcutâneo, tecidos musculares,
conjuntivos e tendões) formando uma extensa rede ao longo do organis-
mo. Por sua vez, estas ramificações múltiplas irradiam em direção ao
exterior sua energia, criando um campo energético extra-corpóreo. Po-
demos assim realizar o seguinte esquema:

190
Capítulo I: Circulação da energia Rong e Wei (Generalidades)

Cada M.P. terá, assim, um Tendino-Muscular que se extende pela


superfície corporal, de forma mais ou menos paralela a este, seguindo
até as grandes articulações. A partir daí seu percorrido difere do M.P.,
como teremos ocasião de comprovar no capítulo correspondente do
Tomo II.

B) CONCEITO DE MERIDIANO DISTINTO (JING BIE)

Os Meridianos Distintos são descritos como vias defensivas endógenas,


que se derivam do Meridiano Principal, da mesma forma que os M.T.M..
Se diferenciam dos anteriores porque seus percorridos externos são ge-
ralmente breves e porque se reúnem em profundidade com o órgão ou
víscera correspondentes. Podemos representá-los segundo o seguinte
esquema:

Neste esquema observamos que de um ponto do M.P., situado geral-


mente nas grandes articulações, parte esta via defensiva que progredi-
rá em direção ao órgão ou víscera correspondente, e depois ao órgão
ou víscera acoplada.

C) CONCEITO DE VASOS LUO (BIE LUO) (FU LUO)

Existem outras vias energéticas, além das descritas, que se chamam


Vias Luo. Se dividem em dois grupos: Vias Luo Transversais (Fu Luo
ou Xue Luo) e Vias Luo Longitudinais (Bie Luo).
Os Luo Transversais vão realizar a função de regularizar as energi-
as do órgão e da víscera de um mesmo movimento, efetuando uma missão
de intercomunicação que possibilita o equilíbrio Yin/Yang. Assim, por

191
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

exemplo, o movimento Terra que engloba E (+) e BP (-) conta com dois
canais Luo Transversais: um que parte do M.P. do E e alcança o M.P.
do BP, e outro que vai no sentido inverso. O trajeto do Luo Transversal
parte de um ponto situado no primeiro segmento do M.P. (que vai do
ponto Ting ou Jing ao Ho ou He, como vimos), e que se denomina pon-
to Luo. Daí se projeta para efetuar sua conexão com outro ponto, situ-
ado no mesmo segmento do Meridiano acoplado que se denomina ponto
Yuan. Assim temos o seguinte esquema:

Os Luo Longitudinais (Bie Luo) tem uma função de inter-relação e


comunicação entre as vias principais e secundárias. São trajetos que,
como vias derivativas, tratarão de preservar a maior parte do M.P., e o
órgão ou víscera correspondente, das agressões e contaminação a par-
tir das noxas exógenas. Seu trajeto geralmente segue um percorrido si-
milar ao do M.P. do qual partem, dirigindo-se ao ponto de nascimento
do Meridiano Distinto (PPMD4), com o qual se anastomosam. Daí, as-
sim como os Distintos, seguirão trajetos diversos, de acordo com o caso.
Para a cabeça irão os Yang, ao tórax os Yin. Conectando-se, além dis-
so, com sua respectiva U.E5.
Assim como o Luo Transversal, partem do ponto Luo e tanto um como
o outro levam o nome do M.P. do qual partem, ainda que alguns textos
clássicos antigos lhes dêem o mesmo nome do Ponto Luo do qual
partem.

4
PPMD = Ponto de Partida do Meridiano Distinto
5
Unidade Energética

192
Capítulo I: Circulação da energia Rong e Wei (Generalidades)

Podemos esquematizá-lo da seguinte maneira:

Portanto, existem 12 Luo Longitudinais, um para cada M.P. A estes


12 é preciso somar 4 Luo Longitudinais descritos como: Grande Luo do
BP, Grande Luo do E, Luo do Ren Mai e Luo do Du Mai.
Sua função será explicada no capítulo correspondente ao tema, no
Tomo II.
Os MTM e os MD se denominarão com o mesmo nome do M.P. do
qual partem e com o qual se relacionam, antepondo-se a palavra
«Tendino-Muscular» ou «Distinto», de acordo com o caso. Assim, por
exemplo, o Tendino-muscular do E será denominado MERIDIANO
TENDINO MUSCULAR ZU YANG MING; e o Distinto, MERIDIANO
DISTINTO ZU YANG MING.
Os Luo Transversais e Longitudinais levarão o nome do M.P. ao qual
pertencem ou do ponto Luo do qual partem. E assim: os Luo Transver-
sal e Longitudinal do Pulmão, que partem do P7, serão denominados:
Liequé, por este ser o nome do ponto P7, ou então Luo Longitudinal ou
Transversal Shou Tai Yin.
Os do IG partem do IG6 (Pianli)
Os do E partem do E40 (Fenglong)
Os do BP partem do BP4 (Gongsun)
Os do C partem do C5 (Tongli)
Os do ID partem do ID7 (Zhizheng)
Os da B partem do B58 (Feiyang)
Os do R partem do R4 (Dazhong)
Os do MC partem do MC6 (Neiguan)
Os do TA partem do TA5 (Waiguan)
Os da VB partem do VB37 (Guangming)
Os do F partem do F5 (Ligou)

193
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

O Luo Longitudinal do Ren Mai parte do VC15 (Jiuwei).


O Luo Longitudinal do Du Mai parte do VG1 (Chang Giang).
O Grande Luo do BP parte do BP21 (Dabao).
O Grande Luo do E parte do VC17 (Shanzhong) e se conecta ao E18
(Rugen).

Temos visto que tanto pelos MTM como pelos MD circula energia Wei,
nos primeiros 100% de Wei, nos segundos com um pouco de Rong. Nos
Luo Transversais, logicamente, circula 100% de Rong, assim como nos
MP. E nos Luo Longitudinais, ao serem vias que inter-relacionam e co-
ordenam o Rong (M.P. e Luo Transversais) e o Wei (MTM e MD),
circula um componente misto que estudaremos.

D) CONCEITO DE MERIDIANOS CURIOSOS OU REGULADORES


(QI JING MAI)

Ficam por estudar os chamados Vasos Curiosos, também denomina-


dos MARAVILHOSOS ou CARDINAIS, ainda que pessoalmente consi-
dero que sua verdadeira denominação, em função de sua ação, deveria
ser VASOS REGULADORES.
O estudo destes vasos é complexo e se tratará com amplitude no
capítulo correspondente do Tomo II.
Sua missão básica na economia energética vai ser a de transportar a
energia essencial para irrigar as chamadas «vísceras curiosas» (Qi Heng
Zhi Fu); termo com o qual se denominam em Medicina Chinesa o cére-
bro, medula, útero, gônadas, sistema ósseo, etc. Daí seu nome de «Cu-
riosos». Além desta missão vão ser estes vasos que regularão os siste-
mas Principal e Secundário, cedendo sua energia nos vazios e receben-
do o que sobra das plenitudes.
São oito e se denominam como segue:

Chongmai
Yinwei
Dumai
Yangqiao
Daimai
Yangwei
Renmai
Yinqiao

194
Capítulo I: Circulação da energia Rong e Wei (Generalidades)

195
CAPÍTULO II
A digestão das energias exógenas
(fator Liuqi) ou síndrome das 4 capas
e das 12 portas
La física moderna no representa la materia como
pasiva o inerte, sino como estando en un continuo
movimiento de danza y vibración cuyos patrones
rítmicos son determinados por las estructuras mo-
leculares, atómicas y nucleares.

FRITJOT CAPRA
Capítulo II: A digestão das energias exógenas (fator Liuqi)

LIUXIE. SÍNDROME DAS 4 CAPAS (INTRODUÇÃO)

Quando, no 1° capítulo, assentamos os princípios que regem a me-


dicina energética, indicamos que só existem dois tipos de enfermidade,
que são a síndrome Yang ou plenitude (Shi) e a síndrome Yin ou vazio
(Xu). Disso se deduz que nosso objetivo primordial será conhecer onde
se localizam essas síndromes dentro das 12 unidades e tratar de regulá-
las, utilizando os métodos de dispersão (Xie) em caso de plenitude, ou
de tonificação (Bu) em caso de vazio.
Para isso, logicamente deveremos conhecer os sistemas diagnósticos
próprios da Medicina Tradicional Chinesa que, como veremos no II
Tomo, são de grande riqueza e variedade. Entre eles se destacam fun-
damentalmente a interrogação (sintomatologias acompanhantes) e a
palpação. E dentro desta última cabe assinalar a pulsologia, a tomada
de níveis energéticos e a busca de pontos reativos (tanto gerais, ou pontos
Mu, quanto os derivados da ação reflexológica na orelha, nariz, face,
língua, olhos, etc.). Contudo, não devemos nos esquecer de outras téc-
nicas como a observação, olfação, etc.
Geralmente a formação alopática ocidental vai dar prioridade ao
interrogatório, porém nunca poderemos realizar um diagnóstico
energético se não conhecemos as particularidades próprias do diagnóstico
oriental.
A fim de conhecer os mecanismos através dos quais se pode produ-
zir uma síndrome Yang ou Yin daremos na continuação umas breves
noções que serão ampliadas posteriormente.
A MTC considera entre as principais causas da enfermidade ou fa-
tores patológicos (Xieqi):

A) CAUSAS EXÓGENAS
Desequilíbrios produzidos pelas «energias perversas».

199
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

B) CAUSAS ENDÓGENAS
b1) Desequilíbrios produzidos pelas alterações alimentares.
b2) Desequilíbrios produzidos por fatores psico-afetivos.

Dentro destes dois apartados gerais a MTC dá uma particular im-


portância ao primeiro, chegando ao ponto de especificar que a maior
parte dos desequilíbrios são produzidos pelas noxas exógenas. Por este
motivo, é necessário conhecer bem o processo de penetração ou de
atuação destas energias exógenas, a fim de realizar uma ação terapêu-
tica eficaz. Isso irá ao encontro do princípio indicado de que a en-
fermidade seguirá um processo e uma evolução que poderão ser pre-
vistos.

PRINCÍPIOS

a) O organismo emite constantemente ao exterior radiações ener-


géticas que tratam de neutralizar as agressões do meio.
b) As energias cósmicas são de polaridade Yang (+) (como todo o
exterior) e sua tendência é a neutralização ou atração em direção à
matéria Yin (–) (lei de atração ou polarização), sendo que, vencida a
resistência energética avançarão em direção ao sangue Yin, ou energia
material. Portanto sua trajetória e sentido será em direção ao órgão ou
à víscera.
c) O organismo mantém em seu interior uma série de sistemas de-
fensivos, ou vias derivativas, que tratarão de evitar esta progressão,
neutralizando-a (fatores zhengqi): vias Tendino-Musculares, vias Luo
Longitudinais, vias Distintas, vias Reguladoras ou Vasos Curiosos.
d) A energia Rong ou nutrícia é denominada energia «pesada» ou
«de primeira purificação». Sua missão é impulsionar as ações biológi-
cas orgânicas e não tem caráter defensivo. No entanto apresentará maior
resistência que a energia defensiva com relação à passagem de energi-
as cósmicas em função de sua maior «densidade».
e) A Wei é uma energia muito purificada (6ª e 7ª purificação). Não
tem função nutrícia e sim defensiva. É uma energia leve, de pouca
«densidade», que oferece uma menor resistência que a anterior à pas-
sagem da energia cósmica, porém possui um grande poder neutra-
lizante.
Com base neste princípios podemos desenvolver a teoria sobre o pro-
cesso de penetração das energias cósmicas. E assim veremos que geral-
mente a primeira manifestação de alteração energética vai ser produ-
zida em planos externos.

200
Capítulo II: A digestão das energias exógenas (fator Liuqi)

A DIGESTÃO DAS ENERGIAS EXÓGENAS (LIUQI)

«Nem somente de pão vive o homem, mas de tudo o que sai da boca
de Deus».
A Palavra de Deus (O Um) vem do exterior na forma de Qi através
de sua manifestação bipolar (O Dois), dinâmica (O Três) e transforma-
da (Os Dez Mil Seres) (Lao Tzé).
Os processos de homeostase ativa que os seres vivos mantém com seu
meio se sustentam e articulam mediante uma complexa rede energética
que cerca nosso organismo. Estas rotas eletro-magnéticas tem a função
de adaptar à economia dos sistemas biológicos todos os influxos que estes
recebem na forma de cores, odores, sabores, notas musicais, espectro
solar, campo eletromagnético terrestre, etc.
As energias que influem no ser humano são as cinco energias cósmi-
cas agrupadas pela tradição sob os nomes de Frio – Calor – Vento –
Umidade – Secura.
Todas elas devem sofrer um processo de adaptação (humanização)
através de diferentes canais ou vias colaterais que vão realizando a
função metabólica de assimilação e desassimilação destes aportes. O
processo pode ser comparado com o processo digestivo dos alimentos
através do estômago, como sistema receptor, o intestino delgado e o
intestino grosso como sistemas encarregados de absorver o útil do ali-
mento e desprezar o resto, eliminando-o através das fezes, urina, respi-
ração e suor.
O fator exógeno de tipo climático (Liuqi) penetra no organismo se-
guindo um «caminho» que se chama em termos tradicionais de cami-
nho das quatro capas (Wei, Qi, Jing, Xue) cujo estudo e compreensão
pelo pensamento médico ocidental é complexo e muito empírico.
Por isso, e intentando clarear estes conceitos, desenvolvemos alguns
destes princípios sob a denominação de «A digestão das energias exó-
genas».
Assim como o corpo físico assimila alimento através do processo di-
gestivo e absortivo, o corpo energético deve realizar as mesmas funções
através de distintas vias energéticas. Do alimento que é ingerido, somente
uma pequena parte dos elementos essenciais vai passar a fazer parte
do sangue e portanto do espírito. O resto é eliminado para não pertur-
bar a identidade psico-física.
Do «alimento cósmico» (radiações eletromagnéticas do meio, vibra-
ções, elementos climáticos, etc.) que incidem nos processos biológicos,
somente uma pequena parte se integra e influi nestes, sendo o restante

201
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

eliminado. Ao contrário afetariam ao Xue e ao Shen, ou seja, o sangue


e o espírito, a entidade psico-física.

A primeira barreira que encontra o fator Liuqi (frio-calor-vento-umi-


dade-secura) é o «halo energético humano», relacionado com a radia-
ção infra-vermelha (4-40 μ) com o pH cutâneo e com o suor. Este halo
é o que a MTC denomina energia Wei, e poderíamos encontrar uma
semelhança com a camada de ozônio terrestre.

WAIQI = Energia exógena, em geral.


LIUQI = Energias climáticas (Frío-Calor-Vento-Umidade-Secura).
BARREIRA = Campo de neutralização extracorpórea ou «local onde reside a providência
da saúde».
WEI = Energia defensiva, infravermelho distal.
XUE = Sangue ou conjunto de matéria orgânica.
+ = Energia que vem do exterior e vai em direção a un núcleo.
- = Energia que sai de um núcleo e vai ao exterior.

202
Capítulo II: A digestão das energias exógenas (fator Liuqi)

Se o fator Liuqi é muito intenso e dinâmico e/ou o Wei está fraco,


rompe-se a barreira de neutralização e o Liuqi passa a converter-se em
um fator estranho para a economia energética endógena, então deve
ser digerida pelo «sistema gastrintestinal energético» que é composto por:

— MERIDIANOS TENDINO MUSCULARES (JINGJIN) – «ESTÔMA-


GO»
— MERIDIANOS LUO LONGITUDINAIS (FU LUO OU XUE LUO)
– «INTESTINO DELGADO»
— MERIDIANOS DISTINTOS (JINGBIE) – «INTESTINO GROSSO»

Todas essas rotas eletromagnéticas, com diferentes níveis de resisti-


vidade, que vão desde a superfície cutânea até o periósteo, de um pH
ligeiramente ácido (externo) até um ligeiramente alcalino (interno), são
as encarregadas de realizar os processos de assimilação ou expulsão das
energias exógenas. A MTC as engloba com o nome de vias Luomai, o
que se traduz por Luo (colateral) e Mai (vaso).

A CAPA WEI

Os MTM (Jingji) cumprem a função de Estômago. São os receptores


do «alimento energético» por isso se estendem com uma malha por toda
a superfície do corpo através de uns pequenos canais que são ramifica-
ções do canal central e que se denominam vasos Sunluo ou colaterais
de quarta magnitude.

Essa rota eletromagnética oferece baixa resistência à passagem de


corrente de baixa voltagem, já que segundo a lei de Ohm quanto me-
nor a resistência maior a intensidade de passagem. O MTM oferece menos
resistência que o resto das rotas já que sua carga energética é composta
exclusivamente de energia Wei e sabemos que a Wei é a energia mais

203
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

expansiva do organismo (éter energético), isso lhe confere suas caracte-


rísticas de radiação em direção ao exterior1.
A energia Wei cumpre uma clara função neutralizante, reduzindo a
intensidade de penetração do fator patógeno (F.P.) ao ser muito dinâ-
mica e tender ao exterior; enquanto flui em direção ao exterior não
permite a passagem ao interior da energia patógena ou diminui sua
capacidade de entrada.
Quando rompe-se o equilíbrio afetam-se os vasos Sunluo (subdérmicos)
originando-se uma ação reativa com entrada de energia periférica. Isso
provoca plenitude, conforme a equação básica ZHENG + XIE = SHI,
ou seja, fator antipatógeno + fator patógeno = plenitude. Exatamente o
mesmo processo que se fosse um corpo físico estranho ao atravessar a
pele.
A plenitude neste nível é geralmente fraca, com sensação de comi-
chão, descargas elétricas, parestesias, sensação de insetos caminhando,
etc. O ato de coçar face a este prurido espontâneo e fraco é um meca-
nismo de defesa cujo objetivo é incrementar os aportes periféricos de
energia Wei que neutralizem o fator patógeno.

O fator patógeno pode penetrar até afetar o tronco energético ou


MTM (Jingji) produzindo-se uma plenitude reativa mais intensa já que
os MTM se anastomosam em grupos de três, colaborando com o seu
potencial conjunto quando um deles é afetado.
Esta plenitude é muito mais intensa que a afetação Sunluo e portanto
a manifestação será mais aguda, determinando o aparecimento de dor.
Nesta fase podem se produzir três circunstâncias:

A) O conjunto Wei vence ao Xie.


B) Há equilíbrio com estancamento e com fases de avanço e retro-
cesso a partir de um determinado ponto do trajeto.
C) O Xie é superior à Wei.

1
Ver formação de energia Wei.

204
Capítulo II: A digestão das energias exógenas (fator Liuqi)

O caso A é o mais freqüente e desejável já que em circunstâncias


normais a resposta conjunta é muito superior, por área de superfície,
do que a de penetração.
O caso B é muito freqüente nos processos reumáticos exógenos
crônicos já que a igualdade de forças entre o fator invasivo e o defensi-
vo origina uma síndrome de estancamento (Yü) em uma determinada
zona, geralmente nas articulações das extremidades, com avanços e
retrocessos periféricos ao longo do Meridiano o que indica confronto e
retirada na zona estancada.
Essa circunstância é negativa já que o estancamento de energia (Yüqi)
conduz ao estancamento de sangue (Yüxue) com a conseqüente hipóxia
e sofrimento celular. Isso determina o aparecimento de necrose em pe-
quenas superfícies que afetam aos tecidos periféricos (micronecroses).
Esta necrose, quando afeta também ao nervo periférico, propicia o
aparecimento da denominada cicatriz energética, centro de ressonân-
cia onde repercutirão os fatores Xie tanto climáticos como de outro tipo,
mesmo depois da remissão do processo em questão.
Logicamente nem os raios X, por serem tecidos moles, nem as ultra-
sonografias, por serem micro-lesões, detectam esta circunstância que
desorienta os especialistas e muitas vezes é motivo de múltiplas e repe-
tidas consultas.
Este encapsulamento denominado em MTC síndrome Bi ou Pei en-
contra na acupuntura uma rápida, e em muitos casos definitiva, melhoria,
aplicando-se a denominada Técnica dos Tendino-musculares.
Esta circustância de aparecimento de dor mediante a mudança cli-
mática evidente é produzida neste tipo de paciente da mesma forma
que acontece nos que padecem de cicatrizes pós-traumáticas.
O caso C indicaria que a energia perversa pretende seguir seu cami-
nho até alcançar o objetivo final que é o Sangue (o Yang deseja o Yin),
o elétron busca o próton, o espermatozóide busca o óvulo, o macho busca
a fêmea...
O sangue, apesar de ser o mais Yin dentro do organismo como
magma físico, tem dentro de si Yang e Yin. Dentro de sua qualidade
Yin o mais profundo é a parte branca responsável pelo primeiro man-
dato (a sobrevivência). Por isso a enfermidade mais profunda que pode
existir é aquela que afeta a esta parte.
Vencida a resistência conjunta do Wei, o fator patógeno avança via
tendinomusculares (estômago energético) até chegar ao ponto Ting2

2
O ponto Ting é o nome em chinês antigo que é usado habitualmente, já que em
pinyin moderno o nome Jing - Poço pode ser confundido com o King que é Jíng-rio.

205
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

(piloro energético), lugar onde o MTM se une com o Meridiano


Principal.

O ponto Ting situado na extremidade dos dedos (ângulos ungueais)


é a única porta de entrada do fator patógeno, já que é o único ponto
onde se unem o MTM e o MP.
De acordo com os princípios físicos, as partes mais distais são os lu-
gares de máxima concentração da energia (efeito das pontas), isso con-
fere ao ponto Ting suas características de porta fechada (piloro) que só
permite a passagem de uma maneira seletiva ao oferecer mais resistên-
cia à passagem de corrente de baixa voltagem que qualquer outro pon-
to da superfície. Isso é devido à presença, em seu nível, de energia Rong
+ Wei.
A energia Rong é uma energia densa (Yin) com relação à Wei, por
isso o ponto Ting é um freio ou uma porta relacionada a um determi-
nado nível de resistência.
Sabemos que a resistência está em razão direta ao Yin. Por isso a pele
oferece mais resistência que o Meridiano (que possui mais energia), este
por sua vez mais que o ponto (que possui mais energia), este por sua
vez mais que o ponto Ting (que possui mais energia).
Ao haver concentração de Wei (efeito das pontas) o fator perverso
busca a comodidade que lhe permite uma via mais permeável e é atra-
ída em direção ao ponto Ting.
Porém no Ting há Rong em grandes proporções, já que é um ponto
de mudança de polaridade, uma conexão com o meridiano anterior no
ciclo diário.
O ponto Ting é como uma porta que tem uma mola que lhe confere
uma determinada resistência (a intensidade da mola depende do nível
de energia no Meridiano Principal - Rong).
Se o ponto Ting tivesse uma resistência teórica de 100 unidades
antipatógenas (que seria a intensidade de seu Meridiano Principal), seriam
necessária mais de 100 unidades patógenas para poder vencer dita re-

206
Capítulo II: A digestão das energias exógenas (fator Liuqi)

sistência, e se não fosse assim, a energia perversa seria dissipada ou


neutralizada no nível dos dedos.
Por isso ao ponto Ting denomina-se Primeira Barreira (neutralizante)
no processo de penetração do fator patógeno.

A CAPA QI

A partir daí, se a intensidade do fator patógeno supera a primeira


barreira, invade o Meridiano Principal até alcançar os pontos King ou
Luo (duodeno) situados nas articulações dos pulsos e tornozelos.
Se alcança o ponto King (Jing – Rio) se produz um efeito de disper-
são da energia perversa que assim perde grau de concentração. Por isso
ao ponto King denomina-se Segunda Barreira, neste caso dispersante.
A liberação de energia perversa através do ponto King conduz ao
aparecimento de estancamento nos pulsos e tornozelos e, portanto, com
o tempo, ao aparecimento de uma cicatriz energética, um centro de
ressonância mediante o ataque de uma nova carga eletromagnética meio-
ambiental.

As teóricas 100 unidades patógenas que superaram o ponto Ting


perdem intensidade de penetração depois da ação dispersante do pon-
to King restando, por exemplo, 90 unidades patógenas.
O ponto Luo situado próximo ao ponto King é um ponto de onde
partem duas vias muito importantes no entramado de rotas com dife-
rentes níveis de resistividade que constituem os colaterais energéticos.
Estas vias são o Meridiano Luo Transversal (Fu Luo ou Xue Lue) e o
Meridiano Luo Longitudinal (Luo Mai).

207
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

O que nos interessa neste caso é o Luo Longitudinal (MLL), já que o


Luo Transversal (MLT) é um encarregado de conectar o sistema Zang-
Fu, ou seja, comunicar um Meridiano Principal com seu acoplado, sen-
do um vaso virtual só ativado quando fazemos a comunicação através
da técnica de passagem (Luo-Yuan).

O Luo Longitudinal (intestino delgado) é uma via intermediária en-


tre o MTM (ácido) e o MP (alcalino), pelo que pode ser considerada como
neutra e portanto oferece a circunstância de ser mais permeável à pas-
sagem de corrente de baixa voltagem (energia perversa) que o MP.
Sob este ponto de vista, o MLL é considerado uma rota derivativa
neutralizante e que, além disso, tem conexão com o órgão ou víscera
correspondente adquirindo capacidade de assimilação ou desassimilação,
ou seja, possui capacidade de reação energo-química devido à ligação
com o sistema orgânico-visceral.
O Luo Longitudinal já seria o «intestino delgado» energético por sua
capacidade de assimilação e seleção do influxo energético em direção
ao interior orgânico pois, como mais tarde veremos, este vaso se comunica
a partir das grandes articulações com os órgãos ou vísceras internos
através de uma via que se chama Trajeto Interno do Luo Longitudinal.
Das teóricas 90 unidades patógenas que sobrepassaram o ponto King,
o Luo Longitudinal tem teoricamente a capacidade de absorver 40 uni-
dades patógenas. Sendo que ainda continuam 50 unidades patógenas
pelo Meridiano Principal.
A energia perversa que se deriva pelo MLL deverá ser neutralizada
já que a este é conferido certa capacidade neutralizante por ser uma
via mista de Rong (75%) e Wei (25%).
Entretanto as 50 unidades patógenas que continuam pela via princi-

208
Capítulo II: A digestão das energias exógenas (fator Liuqi)

pal tem ainda um lugar possível de dispersão no ponto Ho (He), como


local de desembarque desta energia, com o conseguinte risco de apare-
cimento de estancamento, estase sanguínea, cicatriz energética e por
último de síndrome Bi ou Pei nos joelhos e cotovelos, região onde se
localizam os pontos Ho.

As supostas 40 unidades patógenas que seguem pelo MP depois da


ação dispersante da chamada Terceira Barreira do ponto Ho e as, por
exemplo, 20 unidades patógenas que restam da função neutralizante
do Luo Longitudinal, chegam até um ponto situado nas grandes arti-
culações denominado PPMD (Ponto de Partida do Meridiano Distinto),
ou também chamado ponto de assentimento do ombro (Shu do ombro).
O «íleo» energético ou conexão com o «intestino grosso» que é o
Meridiano Distinto.

Portanto às grandes articulações, ou local de anastomose energética,


chegam as teóricas 40 unidades patógenas pela via do MP e as 20 unida-

209
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

des patógenas que não foram neutralizadas via MLL. Estas 60 unida-
des patógenas que restam depois do primeiro processo exógeno de diges-
tão, se acumulam no Shu do ombro (PPMD) onde se produz a quarta e
última dispersão com o conseguinte risco de aparecimento de síndrome Bi
ou Pei, como pode ocorrer com a 2ª e 3ª barreira dos pontos King e Ho.

A CAPA JING

Para entender como a energia patógena pode formar parte da cons-


tituição físico-psíquica perturbando a atividade bioquímica e a perso-
nalidade, devemos entender ao ser humano como um ente cibernético
constituído por:

A) Periféricos (extremidades)
B) Central de processamento ou CPU (tronco)
C) HD ou Disco Rígido ((Mestre do Coração)
D) Tela ou Monitor (Cabeça)

A) Periféricos (Extremidades) – são constituídas pela rede de Meri-


dianos de Acupuntura com seus pontos de comando (Shu Antigos, Luo,
Yuan, Xi, Luo de Grupo) através dos quais damos informação à central
de processamento.
B) A CPU (Tronco) – são as unidades energéticas capazes de rece-
ber e elaborar uma determinada informação e que em MTC se denomi-
na sistema Zang Fu ou sistema orgânico-visceral.
C) O Disco rígido (Pericárdio) - Local de recepção da bio-informa-
ção elaborada por todo o sistema Zang-Fu e o encarregado de transmi-
tir esta informação ao Coração.
D) Tela (Cabeça) – lugar onde se visualiza o processo interno atra-
vés da observação (diagnóstico pela língua, íris, nariz, orelha, face, etc.).
A face como reflexo e espelho da alma e do espírito, dependente do
Coração que rege o cérebro e, portanto, os órgãos dos sentidos.
O PPMD tem a seguinte estrutura energética:

210
Capítulo II: A digestão das energias exógenas (fator Liuqi)

O ponto PPMD (A conexão Biao-Li)3

Vemos, neste esquema, como no PPMD se anastomosam as três vias


periféricas: o MTM, o MLL e o MP. O primeiro não tem conexão inter-
na com o interior orgânico; no entanto, tanto o MLL como o MP man-
tém conexões (1) e (2) com o órgão ou víscera, independentemente de
que continuem seus trajetos externos ao tórax se são Yin ou à cabeça se
são Yang.
O trajeto (1) denomina-se trajeto interno do Luo Longitudinal
(TIMLL), o trajeto (2) denomina-se trajeto interno do Meridiano Princi-
pal (TIMP).
No esquema aparece um trajeto que não tem percorrido externo, e
que é uma via eferente-aferente denominada pela MTC de Trajeto Infra-
orgânico do Meridiano Distinto (TIMD).
Os Meridianos Distintos tem um papel importantíssimo em Bioener-
gética de tal modo que não seria possível entender a acupuntura sem
estas rotas eletromagnéticas internas.
Os MD (Jingbie) são como os Meridianos Tendino-Musculares, po-
rém internamente; vias, rotas ou centros de ressonância com baixo ní-
vel de resistência, muito permeáveis às energias perversas; por isso po-
dem ser comparados ao «sistema linfático» ou a uma «armadilha» onde
o fator patógeno encontra acesso fácil para então ser neutralizado.
Esta terceira rota em questão seria «o intestino grosso» e, assim como
este, terá trajeto ascendente, transverso e descendente, representados

3
Biao-Li: comunicação do exterior com o interior.

211
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

pelos trajetos infra-orgânico, orgânico e supra-orgânico do Meridiano


Distinto.
Das teóricas 60 unidades patógenas que chegaram ao PPMD, são
dispersadas 10 unidades patógenas, restando 50 unidades patógenas das
100 que iniciaram o processo no ponto Ting. Isto é, neutralizou-se 50%
do fator patógeno.
As 50 unidades patógenas no PPMD possuem várias possibilidades
de evolução em direção ao interior orgânico, ou três caminhos com di-
ferentes níveis de resistência.

— Rota pouco permeável (Trajeto interno do Meridiano Principal)


– 0 % Wei.
— Rota algo permeável (Trajeto interno do Meridiano Luo Longitu-
dinal) – 25 % Wei.
— Rota muito permeável (Trajeto interno do Meridiano Distinto) –
75 % Wei.

Os sistemas neutralizantes (energia Wei) endógenos do Luo Longi-


tudinal e do Trajeto Infra-orgânico do Meridiano Distinto reduzem a
intensidade a 5 e 20 respectivamente, com o qual chegariam à víscera
ou órgão somente 25 unidades patógenas. A energia perversa alcança
a unidade energética produzindo uma plenitude reativa (XIE + ZHENG
= SHI) que afeta às funções dinâmico-biológicas da mesma. Isso condu-
ziria ao aparecimento de um transtorno ou disfunção que não se
cronifica graças à função liberadora do trajeto orgânico do Meridiano
Distinto.
O trajeto orgânico do Meridiano Distinto é a via de conexão que todas
as unidades energéticas mantêm com o centro coletor da economia e

212
Capítulo II: A digestão das energias exógenas (fator Liuqi)

que é, nem mais nem menos que o Mestre do Coração (Pericárdio), ou


o disco rígido (HD) do teórico ente cibernético4.
O Mestre do Coração recebe este influxo reativo evacuado pela Uni-
dade Energética (chaminé de liberação) e deve neutralizá-lo, já que o
Mestre do Coração contém todos os elementos da penta-coordenação,
ao ser seu centro de encontro (anastomose)5.
O Mestre do Coração é para o sistema energético humano o que o
cérebro é no sistema nervoso, a hipófise no sistema endócrino e o cora-
ção no sanguíneo, o epicentro energético biológico.
A função do pericárdio é neutralizar, em última instância, o fator
patógeno, permitindo a passagem através dele das vibrações biológicas
ao Coração e eliminando o restante para o exterior através do trajeto
supra-orgânico do Meridiano Distinto, que desemboca no ânus energético
que são os pontos Janela-do-Céu (Tianxue), situados na barreira cefálica
do pescoço.

P.P.M.D.: Ponto de partida do M.D.


A) Trajeto infraorgânico do M.D.
U.E.: Unidade Energética
B) Trajeto orgânico do M.D.
M. de C.: Mestre do Coração
C) Trajeto supraorgânico do M.D.
TIANXUE: Janelas do céu

Observamos neste esquema como a estrutura de um Meridiano Dis-


tinto têm similitude com o intestino grosso. Conecta-se com o intestino
delgado no PPMD, um trajeto vai até a Unidade Energética (cólon des-
cendente), um trajeto em direção ao Mestre do Coração (cólon trans-

4
O Mestre do Coração ou Xin Bao (Xin = coração, Bao = envoltório) é o centro de
ressonância de toda nossa economia energética.
5
Ver Meridianos Distintos.

213
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

verso) e um trajeto em direção ao exterior (cólon descendente) que ter-


mina nos pontos Tianxue (ânus).
A energia perversa se interiorizou afetando à função bioquímica or-
gânica, produtora de Jing ou essências, alterando sua produção quali-
tativa e quantitativa.
Até aqui estão representados os processos agudos ou subagudos pro-
duzidos por fatores climáticos que se manifestam com sintomas típicos
como vômitos, tosse, bronquite, cólicas, diarréia, cistite, etc. Geralmen-
te são quadros remissórios já que a plenitude é absorvida pelo Mestre
do Coração através do trajeto orgânico do Meridiano Distinto.

A CAPA XUE
Quando o fator patógeno não é neutralizado pela ação homeostática
do Mestre do Coração, que não tem capacidade para drená-lo através
das Janelas-do-Céu, a carga tóxica ou fator patógeno afeta o sangue
através do Coração, pois o Coração comanda o sangue («reunião dos
100 vasos») produzindo alteração nos humores orgânicos.
Primeiro nos Yin (suor, lágrimas, saliva e líquido nasal), logo dos Ye
(líquido sinovial, céfalo-raquideano, vestíbulo-coclear, seminal e secre-
ção vaginal), para posteriormente afetar aos Jing (bile, plasma, linfa,
insulina e muco), e aos Jinye e Gusui (sêmen e medula óssea) para, por
último, afetar ao sangue (Xue).
O sangue pode ser afetado em diversos níveis, sendo o último redu-
to os glóbulos brancos, que devem responder ao primeiro mandato, o
da sobrevivência. A profundidade da ação patógena depende da carga
tóxica do organismo e da intensidade do fator patógeno. Este processo
é facilmente compreensível quando analisado com os olhos da biologia
moderna que considera a água como a origem de todos os humores do
organismo, o solvente biológico universal capaz de transportar os nu-
trientes até o interior das células. As interações energo-químicas somente
são possíveis através da água, por isso 70 a 75% do sangue é água, já
que a água sanguínea (líquido intersticial) ou «água mãe» formada em
nível renal é o receptor final do estímulo energético capaz de provocar
a ação bioquímica. NÃO HÁ QUÍMICA SEM ENERGIA6.
A célula humana tem uma capa envolvente (capa bilipídica) que a
separa do meio intersticial, ou componente aquoso do sangue, e isso
permite a função osmótica de transporte dos componentes biogeradores
ao interior celular.
6
Ver fisiologia do Rim.

214
Capítulo II: A digestão das energias exógenas (fator Liuqi)

Porém as portas fotovoltáticas da parede celular são extremamente


pequenas (10 Å de diâmetro), sendo que a capa externa de adesão
plasmática deve ser um líquido muito fluido que não contenha nutrien-
tes em forma colóide (soluções químicas) que implicam múltiplos enla-
ces e, portanto, a formação de cluster; e sim uma forma cristalóide (so-
lução iônica) que permita uma menor densidade e uma maior aderên-
cia à membrana plasmática.
É necessário ter-se em conta que 10Å é o equivalente em volume a
3H2O, isto é, a três moléculas de água, sendo que as moléculas maiores
que este diâmetro dificultariam a osmose. É neste líquido iônico ou li-
geiramente polimerizado (pequenos cluster) aonde se produzem as
reações bioquímicas e portanto a interação energo-química tanto da
acupuntura como do restante das técnicas energéticas (cromoterapia,
aromaterapia, musicoterapia, fotonterapia, etc.), bem como dos compos-
tos homeopáticos que conservam suas cargas iônicas e não químicas.
Isto é o denominado líquido mãe (Shenshui) da antiga tradição chi-
nesa e o que nos permite entender ao ser humano como um ente holístico,
por ser a entidade física a soma de 6X1018 micro-entidades ou células
que se desenvolvem em um meio comum (intersticial) ou meio aquoso.
A energia exógena (Waixie), quando é um fator Liuqi ou fator
climatológico pode, ao superar às diversas rotas homeostáticas e deri-
vativas, afetar à água orgânica provocando enlaces químicos alterados,
o que conduz por sua vez a alterações bioquímicas, posteriormente fun-
cionais e orgânicas, para finalmente afetar o sangue. O Liuqi se con-
verteu em Liuyin.

O QUE AFETA À MICRO-ENTIDADE


AFETARÁ AO CONJUNTO

As doze portas

Cada uma das 4 capas têm três portas ou níveis de profundidade


que indicam a gravidade ou o prognóstico da enfermidade e assim:

A capa Wei têm três portas (Yi, Re e San Men):


1ª) Os Meridianos Tendino-Musculares (Jing-Jin)
2ª) Os Luo Longitudinais (Jing-Luo)
3ª) Os Meridianos Distintos (Jing-Bie)

215
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

A capa Qi têm três portas (Si, Wu e Liu Men):


4ª) Tai Yang (equilíbrio térmico)
5ª) Shao Yang (equilíbrio dinâmico)
6ª) Yang Ming (equilíbrio hídrico)

A capa Jing têm três portas:


7ª) Tai Yin (estrutura externa)
8ª) Shao Yin (estrutura média)
9ª) Shao Yin (estrutura profunda)

A capa Xue têm três portas:


10ª) Os glóbulos vermelhos (trofismo)
11ª) As plaquetas (homeostase)
12ª) Os glóbulos brancos (sobrevivência)

A sobrevivência é o primeiro mandato na energia humana7.

7
Ver livro «El SIDA-Síndrome Huo Kang Xue» do autor.

216
CAPÍTULO III
Os pontos Roe (Xia He Xue)
E os pontos de ação especial.
Os pontos janela-do-céu (Tian Xue).
Técnica de planos
(nó-raiz-aceleração-arraste) (Jie-Gen)
La física moderna no representa la materia como
pasiva o inerte, sino como estando en un continuo
movimiento de danza y vibración cuyos patrones
rítmicos son determinados por las estructuras mo-
leculares, atómicas y nucleares.

FRITJOT CAPRA
Capítulo III: Os pontos Roe (Xia He Xue) e os pontos de ação especial.

PONTOS HE DE AÇÃO ESPECIAL OU PONTOS ROE (XIA


HE XUE) (BA HUI XUE)

Estes pontos, descritos já em textos antigos, utilizam-se frequente-


mente na prática por acupuntura, pois independentemente da causa
etiológica primária têm um efeito constatado sobre determinadas
afecções. Esta ação responde a raciocínios que em alguns casos são de
difícil interpretação, pelo menos nos atuais níveis de conhecimento
bioenergético.
Como pontos mais importantes mencionaremos os seguintes:

B11, DAZHU:
Ponto He de ação especial dos ossos; portanto, ponto básico em to-
dos os processos relacionados com este tecido. Alguns autores comple-
mentam sua ação com o B62, Shenmai (ação do movimento água so-
bre os ossos).

P9, TAIYUAN:
Ponto He de ação especial das artérias e circulação. O P9, Taiyuan,
tonifica a energia Tong, que impulsiona o sangue. Alguns autores o
complementam com P7, Lieque.

VB34, YÁNGLÍNGQUÁN
Ponto He de ação especial dos músculos (ação do movimento ma-
deira na função muscular).

VC17, SHANZHONG
Ponto He de ação especial da energia humana. O VC17, Shanzhong,
como Mu do Mestre do Coração, corresponde à ação Yin desta unida-
de energética. A função Yin do regulador de todas as energias endógenas

219
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

(MC) está relacionada com a energia Shen, ou conjunto de energias


específicas humanas, pelo menos em certos níveis de manifestação. É
por isso que o VC17, Shanzhong, é denominado PONTO POTÊNCIA
HOMEM.

B17, GESHU
Ponto He de ação especial do sangue. O diafragma, sob o ponto de
vista da MTC, ocupa um importante papel de regulação energética entre
o TA Superior ou Shangjiao (energia) e o médio ou Zhongjiao e inferi-
or ou Xiajiao (matéria). Como vimos no capítulo correspondente ao
sangue, esta é a resultante da convergência entre energia e matéria (Xue).

F13, SHANGMEN
Ponto He de ação especial dos órgãos. Vimos como o conjunto E-BP
formava o TA Médio e como que de sua energia dependem o restante
das unidades energéticas. Do E parte o «impuro» que origina Wei. Do
BP parte o «puro» que origina Rong. O ponto Mu do BP será, portan-
to, o ponto de reunião (He) dos órgãos, e que dele dependem energe-
ticamente.

VC12, ZHONGWAN
Ponto He de ação especial das vísceras. Seguimos o mesmo raciocí-
nio que no caso anterior e concluímos que o VC12, Zhongwan, é o Mu
do Estômago.

E36, ZÚSANLI
Ponto He de ação especial sobre o Estômago. Além de ser um ponto
«He Antigo», tem uma ação constatada na regulação energética do
«centro». Sua utilização é quase contínua em acupuntura, por ser o
Estômago o gerador energético primário.

E37, SHANGJUXU
Ponto He de ação especial sobre o Intestino Grosso. O trajeto inter-
no do IG emite um ramo que desemboca neste ponto e através do qual
podemos exercer uma ação energética sobre esta víscera. Será, portan-
to, um ponto imprescindível na constipação, diarréia, colite, etc.

220
Capítulo III: Os pontos Roe (Xia He Xue) e os pontos de ação especial.

E39, XIAJUXU
Ponto He de ação especial do Intestino Delgado. Igualmente que no
caso anterior, o ID emite um ramo direto a este ponto.

B39, WEIYÁNG
Ponto He de ação especial sobre o Triplo Aquecedor.

IG16, JUGU
Ponto He de ação especial sobre a medula óssea, relação energética
que ainda não está bem esclarecida.
Estes pontos que relacionamos formam o conjunto de pontos «He
de ação especial» mais utilizados. No entanto, esta relação pode esten-
der-se a outros pontos não descritos sob esta denominação e de
indubitável interesse terapêutico, como os mencionados por Niboyet, dos
quais destacamos com base em nossa experiência clínica os seguintes:

BP5, SHANGQIU
Ação venosa, sobretudo nas safenas.

VB20, FENGCHÍ
Ação parassimpática.

VB10, FÚBÁI
Ação parassimpática.

B60, KUNLÚN
Ação relaxante do Sistema Nervoso e ponto anti-álgico geral.

R24, LÍNGXU
Ação relaxante, utilizado com êxito em estados depressivos femini-
nos, associado a outros.

B40, WEIZHONG
Ponto que comanda a região lombar e de constatada ação derma-
tológica.

221
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

IG4, HEGU
Ponto que comanda a face.

VB39, XUÁNZHONG
Ação específica sobre as alterações medulares.

E30, QUCHONG
Alterações na assimilação e aproveitamento dos alimentos.
Também Borsarello menciona certos pontos interessantes na prática
clínica e cuja eficácia temos constatado, por exemplo:

VC9, SHUIFEN
Separação dos líquidos, de interessante ação em afecções intestinais
e dermatológicas.

ID3, HOUXI
Como ponto de abertura do Du Mai e de comprovada ação no pes-
coço e cervical.

BP6, SANYINJIAO
Luo de Grupo dos 3 Yin Zu e, portanto, de ação sobre o sangue (Yin)
e sua circulação de retorno.

P7, LIEQUE
Igualmente que o IG4, Hégu, Exerce uma especial influência na ca-
beça e face.

R6, ZHAOHAI
Como ponto de partida do Yin Qiao tem influência sobre o Yin em
nível cerebral (insônia).

E44, NEITING
Como ponto água do Zu Yang Ming, útil em odontalgias.

VG4, MINGMEN
Como ponto «Porta da vida» ativará o «Yang essencial» do Chong
Mai em impotências, astenias, etc.

222
Capítulo III: Os pontos Roe (Xia He Xue) e os pontos de ação especial.

Também estudaremos em patologia, no terceiro ciclo, uma série de


pontos que foram descritos pelos mestres chineses, e outros frequente-
mente usados na prática clínica e que foram descritos por seu efeito
particular, por exemplo:

BP10, XUEHAI
Denominado «Mar de sangue», utilizado em problemas ginecológi-
cos e sanguíneos.

VB37, GUANGMÍNG
«Ponto da Luz», utilizado em enfermidades oftamológicas.

VG26, RÉNZHONG
«Separação da água», em problemas de absorção e transpiração.

E32, FÚTU
Reunião de artérias e veias.

VG20, BAIHUI
Reunião dos 6 Yang (Potência cósmica).

R1, YONGQUÁN
«Potência telúrica».

VC14, JUQUE
Reunião dos 6 Yin.

VB38, YÁNGFU
Aconselhável, com moxabustão, nos casos de anemia e debilidade.

R2, RÁNGU
Ação supra-renal, útil em estados de excitação e hipertensos.

BP21, DABAO
Facilita a aceleração da circulação sanguínea.

223
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

VC22, TIANTU
Ponto dispersante das plenitudes torácicas.

VC15, JIUWEI
Reunião dos centros vitais.

VC6, QIHAI
Reunião das energias do TA Inferior (Xiajiao).
Nos textos correspondentes ao 2º e 3° ciclo veremos outra série de
pontos especiais relacionados com determinadas vias secundárias como,
por exemplo: pontos de reunião dos MTM (Tendino-Musculares), pon-
tos de reunião dos MD (Distintos), etc., bem como pontos ou combina-
ções ligadas a patologias concretas ou ações específicas.

PONTOS JANELA DO CÉU (TIAN XUE)

Esta série de pontos faz parte da barreira cefálica, exceto dois: o P3


(Tianfu) e o MC1 (Tianchí), situados no braço e tórax, respectivamente.
São os mais utilizados em funções descongestivas e seu nome faz
referência à sua comunicação com o crânio («O Céu do homem, a parte
mais nobre»).
Usualmente, e seguindo a linha descrita por Chamfraut e Van Nghi,
os pontos Janela-do-Céu são 10, dos quais já mencionamos o P3 (Tianfu)
e o MC1 (Tianchí); os oito restantes descritos são: ID16 (Tianchuang),
ID17 (Tianrong), TA16 (Tianyou), IG18 (Fútu), B10 (Tianzhu), E9
(Rényíng), VC22 (Tiantu) e VG16 (Fengfu).
A tradição divide estes pontos em dois grandes grupos chamados
(em correspondência com sua atividade terapêutica):

a) Grandes Janelas-do-Céu:
E9 (Rényíng), IG18 (Fútu), TA16 (Tianyou), B10 (Tianzhu), P3
(Tianfu).
b) Pequenas Janelas-do-Céu:
VC22 (Tiantu), ID16 (Tianchuang), ID17 (Tianrong), VG16 (Fengfu),
MC1 (Tianchí).
Nossa opinião, baseada na experiência clínica e de acordo com a
interpretação das teorias energéticas, é que independentemente da fun-

224
Capítulo III: Os pontos Roe (Xia He Xue) e os pontos de ação especial.

ção descrita para estes pontos pelos autores já citados consideramos


como mais efetivos dentro dos Janela-do-Céu os seguintes:

E9 (Rényíng), IG18 (Fútu), ID17 (Tianrong), B10 (Tianzhu), VB20


(Fengchí).

Estes pontos mantém uma relação direta com o trajeto supra-orgâ-


nico dos Meridianos Distintos, constituindo-se como pontos de reunião
superiores principais ou secundários destas vias. Portanto, são zonas
de passagem obrigatória para que as energias endógenas alcancem a
região cefálica através dos mesmos, e assim:

O E9 (Rényíng), reunião do sistema E-BP.


O IG18 (Fútu), reunião do sistema P-IG.
O ID17 (Tianrong), reunião do sistema C-ID.
O B10 (Tianzhu), reunião do sistema R-B.
O VB20 (Féngchí), reunião do sistema F-VB.
os

Calota Polar (barreira cefálica)


ian
id
er
M

Trópico (barreira diafragmática)

Equador (Daimai)

Trópico (barreira pélvica)

Calota Polar (barreira dos joelhos)

TÉCNICA DOS PLANOS. UTILIZAÇÃO DA TÉCNICA NÓ-


RAIZ (JIE-GEN). PONTO ACELERADOR E PONTO DE
ARRASTE

Segundo vimos no capítulo 4º da 1ª lição, o plano energético está


composto de dois segmentos, Shou e Zu, que percorrem o membro su-
perior e inferior respectivamente.
No entanto estes segmentos ou partes do plano (que dão nome aos
12 Meridianos Principais) não apresentam uma linha externa contínua,
isto é, o final de um deles não coincide imediatamente com o início do

225
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

outro no exterior, porém este enlace se efetua através de ramos inter-


nos que, às vezes, se interconectam também com outras vias energéticas.
Exemplos:
O Shou Yang Ming (IG) termina no ponto Yingxiang (IG20), próxi-
mo ao sulco nasal e o primeiro ponto do Zu Yang Ming, Chéngqi (E1)
se localiza na borda inferior da arcada orbicular.
O Zu Shai Yin (R) termina seu trajeto externo no nível da clavícula,
próximo à fosseta esternal e, no entanto, o Shou Shao Yin tem seu pri-
meiro ponto no centro da axila.
Existem zonas de máxima concentração onde se realizam aglome-
rados de diversas ramificações tanto principais como secundárias, bem
como zonas de acúmulo no intercâmbio ou relação entre os ramos Shou
e Zu e que se localizam geralmente em áreas próximas às uniões inter-
nas «término-iniciais».
Estas áreas de conexões múltiplas denominam-se «ZONAS NÓ»,
fazendo referência às ligações de vias que se realizam em seu nível, e
mais concretamente àquelas de máxima concentração dos segmentos
do plano.
O termo «RAIZ» se refere ao ponto mais inferior do plano, situado
logicamente nos dedos do pé. Este ponto, como é obvio, corresponderá
ao último dos Yang e ao primeiro dos Yin.
Os Nó dos Yang se situarão no nível cefálico, enquanto que os dos
Yin se situarão no tórax e abdome, em consonância com seus percorri-
dos.
Com relação à sua situação exata há diversos critérios. Por nossa
parte, e dado que os textos clássicos não indicam com precisão a zona
anatômica, seguimos os critérios do Dr. Van Nghi.

NÓ DO TAI YANG: B1, Jingming


NÓ DO SHAO YANG: VB2, Tinghui
NÓ DO YANG MING: E7, Xiaguan
NO DO TAI YIN: VC12, Zhongwan
NÓ DO JUE YIN: VC18, Yutáng
NÓ DO SHAO YIN: VC23, Liánquán

Nossa experiência pessoal nos indica também como pontos de má-


xima concentração os seguintes:

PC9 (Ponto curioso), Taiyang


VB8, Shuaigu
E8, Tóuwéi

226
Capítulo III: Os pontos Roe (Xia He Xue) e os pontos de ação especial.

VG20, Baihui

Isso não implica, porém, que estes pontos sejam considerados como
Nó nos termos descritos tradicionalmente.
Os pontos Raiz são:

B67, Zhiyín
E45, Lidui
VB44, Qiaoyín
BP1, Yinbái
F1, Dadun
R1, Yongquán

Pode-se realizar os seguintes esquemas dos pontos Nó-Raiz; atendendo


à posição energética (A) ou anatômica (B).

227
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

228
Capítulo III: Os pontos Roe (Xia He Xue) e os pontos de ação especial.

Múltiplos quadros dolorosos em nível cefálico, como certas enxaque-


cas, neuralgias faciais, neuralgias do trigêmeo, etc. assim como deter-
minadas algias torácicas e abdominais encontram na utilização técni-
ca nó-raiz um importante método terapêutico, seja usado isoladamen-
te, ou acompanhado de outras técnicas.
Se partimos da equação básica: PLENITUDE = DOR, e de que pre-
cisamente nas zonas de enlace, como são os pontos Nó, existem
freqüentes concentrações energéticas, deduzimos que a liberação ou
dispersão destes acúmulos podem normalizar a livre comunicação do
plano afetado e eliminar, consequentemente, a dor.
A inserção da agulha nas zonas de concentração, pontos Nó e pon-
tos A’Shi 1 produz o efeito de liberação ou descongestão da zona
punturada com a conseqüente ação anti-álgica, por radiação ao exteri-
or através da própria agulha.
No entanto, normalmente estes acúmulos são conseqüência de alte-
rações gerais do plano, sendo que a utilização exclusiva destes pontos
será uma técnica simplesmente anti-álgica e de efeitos passageiros.
Com objetivo de obter um desbloqueio do plano que permita a res-
tauração do livre fluir, utilizamos o ponto de ARRASTE e o ponto
ACELERADOR, com base nos seguintes critérios:

a) O ponto Raiz ou ponto Ting (Jing-Poço) será nesta circunstân-


cia (esquema 131) ponto de Arraste, já que o fato de punturar uma agu-
lha no ponto mais distal de um plano energético provoca um prolon-
gamento do «efeito das pontas», o que leva a uma ação de sucção atra-
indo em direção ao cabo da agulha as energias do plano, logicamente,
quando o sentido da circulação energética for favorável, isto é, nos
planos Yang.

1
A’shi. Ponto espontaneamente doloroso ou doloroso à palpação, correspondente ou
não a pontos de vias Principais ou Secundárias ou a outros pontos descritos.

229
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

b) Com relação aos planos Yin, o ponto Raiz não é local de atração
energética do plano, como se deduz do fato de que a energia não pode
ir contra seu próprio sentido circulatório.
Tendo em conta o sentido ascendente dos planos yin (dedos do pé
ou os da mão), o ponto de Arraste não será a Raiz do plano, e sim o
Ting (Jing-Poço) do ramo Shou, isto é, os pontos P11 (Shaoshang), MC9
(Zhongchong) ou C9 (Shaochong), no 4º, 5º e 6º plano respectivamente.

c) O ponto acelerador do plano será o ponto «Shu Antigo» corres-


pondente ao movimento Fogo (dilatação, movimento, energia, empuxo,
calor, Yang, etc.). Assim então nos planos Yin o ponto acelerador será
o Iong (Rong) do ramo Zu, isto é, BP2 (Dadu), F2 (Zinjian), R2 (Rángu).

230
Capítulo III: Os pontos Roe (Xia He Xue) e os pontos de ação especial.

No entanto nos planos Yang corresponde, obviamente, ao ponto King


(Jíng-Rio) do ramo Shou, pois o King (Jíng-Rio) é o Fogo.
Baseado nestes princípios a aplicação da técnica Nó-Raiz será acom-
panhada dos pontos de Aceleração e Arraste a fim de obter efeitos
desbloqueantes.

Os planos Yang seguem na zona cefálica uns percorridos que dão


nome próprio a certas algias e que, na linguagem da acupuntura, se
denominam: cefaléias do Tai Yang às frontais, de vértex e occipitais;
cefaléias Shao Yang às temporais; e neuralgias faciais às do Yang Ming.
A extremidade cefálica está coberta externamente somente pelos
planos Yang, de forma que os acúmulos nesta zona são sempre de ener-
gia Yang. O fato de incrementar o Yang cefálico com a aplicação de
pontos Fogo no ramo Shou pode provocar incremento da dor na região
nó caso não se consiga o desbloqueio, é por isso que adicionamos no
caso concreto dos planos Yang o ponto Iong (Rong) a fim de neutrali-
zar o excesso de Fogo do ponto King (Jíng-Rio), tendo em conta que o
ponto Iong (Rong-Rio) dos Yang é o ponto Frio. Pretendemos com isto
acelerar a circulação sem ocasionar uma maior plenitude de Yang.
Com base no desenvolvido até agora se estabelece as seguintes fór-
mulas de desbloqueio:

Planos Yang

A: Ponto King (Jíng-Rio) (Fogo) do ramo Shou, Acelerador


B: Ponto Nó tradicional
C: Ponto Nó dos Nós

231
TOMO I. 3.ª Lição: Biorritmos, Colaterais, as quatro capas, Pontos especiais...

D: Pontos Dolorosos à palpação ou espontaneamente, relativamen-


te próximos à zona afetada.
E: Pontos Ting (Jing-Poço) do ramo Zu, Arraste.
F: Pontos Iong (Rong) do ramo Shou, a fim de neutralizar o excesso
de Yang provocada pela puntura do King (Jíng-Poço).

Quanto aos planos Yin, não precisamos da utilização do ponto Ho,


ou He (Frio) para neutralizar o efeito do calor do Iong (Rong), posto
que as plenitudes toraco-abdominais são essencialmente Yin, portanto,
fica estabelecida a fórmula:

A: Ponto Iong (Rong) do ramo Zu, Fogo, Acelerador.


B: Ponto Nó.
C: Pontos Dolorosos (A’Shi) à palpação ou espontaneamente, pró-
ximos à zona afetada.
D: Ponto Ting (Jing-Poço) do ramo Shou, Arraste.

232
TOMO I

4.ª LIÇÃO

BIOMEDIÇÕES
(A REGULAÇÃO ENERGÉTICA)
PRÁTICA CLÍNICA
(CONCEITOS BÁSICOS)

CAPÍTULO I: Regulação energética


CAPÍTULO II: Prática Clínica (Conceitos básicos)
CAPÍTULO I
Regulação energética

VII. PREFÁCIO
VII. HISTÓRIA DO RYODORAKU
IIII. GRÁFICO RYODORAKU
IIV. DIAGNÓSTICO RYODORAKU
V.1. Preparação da sonda
V.2. Localização dos pontos de medição
V.3. Método de medição
IVI. INTERPRETAÇÃO DO GRÁFICO E REGULAÇÃO ENERGÉTI-
CA COM ACUPUNTURA
VII. REGULAÇÃO ENERGÉTICA COM ELETROACUPUNTURA
RYODORAKU
Capítulo I: Regulação energética

I. PREFÁCIO

No campo das biomedições existem vários critérios que foram desen-


volvidos a partir das investigações dos Doutores Yoshio Nakatani e
Kumio Yamashita na década de quarenta e que teriam como antece-
dente o primeiro detector elétrico de pontos, desenvolvido nos anos trinta
no Japão.
O fundamento destes aparelhos é muito simples, já que se baseia na
lei de Ohm: a intensidade está em razão direta à voltagem e inversa à
resistência.

V
I = ——
R

Volts
Amperes = —————
Ohms

A utilização dos biomedidores demonstrou a existência dos Ryodo-


raku (canais, em japonês) ou dos Jingmai (meridianos, em chinês) já que
observou-se que estes canais oferecem menos resistência à passagem de
corrente de baixa voltagem (entre 9 e 12 volts) que o resto da superfície
corporal adjacente. Por sua vez, o ponto de acupuntura (poço energético
ou lugar de concentração da energia) oferece menos resistência que o
canal correspondente. O ponto patológico (zona de estancamento,
traumatismo, etc.) oferece menos resistência, ainda, que o ponto poço.
Tudo isso leva à conclusão de que quanto mais energia (atividade energo-
neurológica) houver em uma determinada zona, menor resistência é
oferecida à passagem de corrente de baixa voltagem.
É fácil concluir que se um sujeito está em contato, através de uma
tomada, com uma fonte de energia que está emitindo uma voltagem

237
TOMO I. 4.ª Lição: Biomedições (A regulação energética)

constante (entre 9 e 21 volts), e com uma sonda medimos a resistividade


no lado contrário, a intensidade que pode ser observada em um micro-
amperímetro ou através de um mecanismo acústico, luminoso, etc.
dependerá da resistência oferecida à passagem desta corrente.

Quanto mais energia menos resistência e mais intensidade

Os doutores Nakatani e Yamashita observaram, através de um ár-


duo trabalho estatístico, como variavam as resistências dos meridianos
de acordo com a patologia específica que apresentavam os pacientes e
que, quando havia alguma disfunção orgânica, esta refletia-se no ca-
nal correspondente. Isso confirmava a teoria energética da Medicina
Tradicional Chinesa e lhes permitiu, com base numa ampla casuística,
elaborar o célebre e mundialmente famoso Gráfico Ryodoraku.
Como neste campo ainda existem ou subjazem conceitos empíricos
que precisam de uma investigação mais profunda, há diversos critérios
e métodos terapêuticos. Nós acrescentamos neste trabalho nossa expe-
riência pessoal, que durante muitos anos de docência fomos transmi-
tindo e melhorando até chegar na atualidade, e através deste texto
queremos fazê-la extensiva a todos os praticantes da acupuntura.
Antigamente, quando não existiam aparelhos eletrônicos de medi-
ção, utilizava-se a pulsologia radial para valorar os aspectos de pleni-
tude e vazio dos órgãos internos e, com base neste critério, utilizar os
pontos de tonificação ou sedação correspondentes a cada um, de acor-
do com a lei mãe-filho e dos cinco movimentos.
O método de palpação do pulso é muito subjetivo e implica um alto
grau de treinamento, bem como uma especial sensibilidade que não é
freqüente no terapeuta ocidental, entre outros fatores que lhe impedem
de ser utilizado com garantia no diagnóstico e tratamento.
A Biomedição é mais objetiva e compreensível para nossa mentali-
dade científica e personalidade cultural e por isso sua prática se esten-
deu nos países ocidentais e no Japão.
Neste trabalho revisamos a obra do Doutor Hirohisa Oda entitulado
Introduction to Japanese Electric Accupunture and Ryodoraku sobre a uti-
lização do aparelho ES-160, aportando critérios pessoais que, em nos-
sa opinião, enriquecem e melhoram a compreensão do tema.
O diagnóstico Ryodoraku é único. A origem do instrumento de diagnós-
tico empregado no Ryodoraku remonta ao «detector de pontos elétricos»
inventado no Japão nos anos trinta para a moxabustão. Era útil e eficaz, porém
seu defeito consistia no fato de requerer a busca de pontos eletro-permeáveis
por todo o corpo, processo no qual se empregava demasiado tempo. Seu uso

238
Capítulo I: Regulação energética

ficava prático somente quando o praticante sabia qual era a zona afetada do
paciente, de maneira que só era necessário encontrar o lugar exato, ou o ponto
sensível ou reativo. Os detectores originais de pontos elétricos não se basea-
vam nem conceito de meridianos, nem na teoria da acupuntura.

II. HISTÓRIA DO RYODORAKU

No final da década de quarenta do século XX o Dr. Nakatani do Japão


observou que a atividade do sistema nervoso simpático poderia estar
correlacionada com a maioria dos sintomas explicados pelo «Qi» na
teoria da acupuntura tradicional. Estudou Ryodoraku nos anos cinqüen-
ta com o também professor Kyuogo Sasagawa do Departamento de
Fisiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Kyoto. O Dr.
Nakatani organizou os pontos eletropermeáveis em «Ryodorakus», isto
é, em rotas condutoras de eletricidade, cujo percorrido resultou ser
bastante similar ao dos meridianos. Também criou um ponto de medi-
ção, chamado Ponto Ryodoraku Represetativo de Medição (PRRM) em
cada Riodoraku (meridiano). A maioria destes pontos estão localizados
nos mesmos lugares que os Pontos Fonte (Shu-Yuan) dos meridianos.
O Dr. Nakatani criou vinte e quatro dos anteriormente mencionados
pontos de medição, doze de cada lado do corpo, baseando-se na idéia
tradicional da presença de doze meridianos em cada lado do corpo.
O reflexo da condição dos órgãos na pele e músculos, especialmente
do tronco, é um fenômeno bem conhecido. O professor Tachio Ishikawa,
do Departamento de Patologia da Universidade Kanazawa de Medici-
na, estudou este tema na década de sessenta. Propôs que as afecções
de órgãos desencadeavam um reflexo nervoso simpático que por sua
vez causava necrose endoarterial, condição que eventualmente culmi-
naria na criação de um ponto eletropermeável em uma zona específica
da pele.
Um bom método para identificar afecções de órgãos é buscar pon-
tos eletropermeáveis no abdome e costas (Técnica Shu-Mu). Combinando
a informação de ambos (abdome e costas) podemos chegar a conclu-
sões acerca da probabilidade de uma determinada enfermidade. Este
método é de especial utilidade para problemas de fígado, vesícula biliar,
estômago, duodeno e pâncreas.
Um dos achados mais significativos na investigação clínica foi a
constatação de que os pontos reativos correlacionados com afecções de
órgãos internos não só são úteis como pontos de diagnóstico, mas tam-
bém como pontos de tratamento. Para este tratamento deve-se empre-

239
TOMO I. 4.ª Lição: Biomedições (A regulação energética)

gar pouca profundidade de agulha, ou então aplicar corrente direta


(DC).

III. GRÁFICO RYODORAKU

Os valores das medições dos Pontos Ryodoraku Representativos de


Medição, ou PRRM, em cada Ryodoraku (meridiano) refletem a média
das medições de todos os pontos Ryodo localizados nas mesma áreas
que os pontos do meridiano. Isso significa que as medições tomadas pelos
PRRM podem descrever o nível de Qi de todos os Ryodoraku (me-
ridianos).
Os valores dos PRRM são representados no Gráfico Bioenergético,
ou Gráfico Ryodoraku, especialmente desenhado para indicar se os níveis
de Qi de cada Ryodoraku (meridiano) estão equilibrados ou não. No
Gráfico Bioenergético pode-se ver que a escala numérica vertical cor-
respondente a cada Ryodoraku (meridiano) é diferente. O Dr. Nakatani
idealizou este gráfico de modo que ao representar os valores PPRM de
cada Ryodoraku (meridiano) de indivíduos com «Qi bem equilibrado»,
estes formariam uma linha horizontal atravessando o gráfico, idealmente
no valor de 40. Desta maneira, tanto o praticante como o paciente
poderiam comparar e entender com maior facilidade o Qi de um
Ryodoraku (meridiano) em relação com o Qi de outro Ryodoraku
(meridiano).
Mesmo no caso de que a escala do Gráfico Ryodoraku fosse perfei-
tamente precisa, erros inevitáveis na medição e variações fisiológicas
do paciente provocariam desvios do valor «ideal» de 40. Em conseqü-
ência, o Dr. Nakatani fixou o «valor permitido» que abarcava um des-
vio nos valores de 1,40 cm, que no gráfico é traduzido como uma vari-
ação de 0,7 cm a partir da linha média. Desta maneira, aqueles valo-
res que ao serem transferidos para o gráfico aparecem dentro do limite
permitido de 1,4 cm são considerados normais; enquanto que aqueles
que sofrem de um desvio acima ou abaixo do limite indicariam que o
Ryodoraku correspondente requer tratamento1.

1
Dado que a medição em cm é relativa e que depende do tamanho do gráfico, se
aceita em geral que a faixa de tolerância está entre 40-60, com uma margem de 10
unidades acima ou abaixo, que nos indicariam uma plenitude ou vazio relativo.

240
Capítulo I: Regulação energética

241
TOMO I. 4.ª Lição: Biomedições (A regulação energética)

242
Capítulo I: Regulação energética

PONTOS DE BIOMEDIÇÃO

4R (Dazhong)

(Chongyang) 42 E

3F (Taichong)

3BP (Taibai)

40VB Qiûxû)

65B (Shugu)

51D (Yanggu)

9P (Taiyuan)

5iG (Yangchi)
4TA (Yangchi)

7MC (Daling) 7C (Shenmen)

243
TOMO I. 4.ª Lição: Biomedições (A regulação energética)

IV. DIAGNÓSTICO RYODORAKU

O objetivo básico de usar o Gráfico Ryodoraku é regular ou equili-


brar o Qi de todo corpo. O valor da medição no Ponto Ryodoraku
Representativo de Medição (PRRM) está relacionado com a média dos
valores de medição de todos os pontos Ryodo (meridiano). O fato de
um valor PRRM ser menor que o restante dos valores PRRM indica que
a quantidade de Qi em um determinado Ryodoraku (meridiano) é com-
parativamente menor que a de outros Ryodoraku. O Qi em um
Rydoraku (meridiano) pode ser aumentado usando os princípios da lei
mãe-filho.
Quando um Ryodoraku mostra valores maiores que outro Ryodoraku
é indicativo de que um ponto Ryodo (ponto do meridiano), neste
meridiano, apresenta uma resistência elétrica mais baixa. Este ponto de
baixa resistência recebe o nome de Ponto de Reação Ryodo, ou «Ponto
Ryodo Hannoo». É possível reduzir o Qi neste Ryodoraku (meridiano),
no entanto é muito mais efetivo dispersar ou reduzir o Qi nos pontos
reativos que mostraram uma resistência marcadamente baixa.

a) Um Ryodoraku (meridiano) que se desvia por baixo do limite per-


mitido deve ser submetido a uma estimulação de Qi.
b) Um Ryodoraku (meridiano) que se desvia por cima do limite per-
mitido mostrará um Ponto Reativo com uma resistência mar-
cadamente baixa, principalmente na área afetada, devendo ser
submetido à dispersão.

O modelo teórico que descreve a parte superior do gráfico como


«Calor» e a inferior como «Frio» torna fácil a compreensão dos sinto-
mas correspondentes segundo a teoria tradicional dos meridianos.
No entanto, este modelo tem certos inconvenientes. Durante a evo-
lução da enfermidade a resistência cutânea varia, podendo despistar o
praticante que se baseie inteiramente no gráfico bioenergético. Duran-
te as fases semi-agudas e agudas da enfermidade a pele mostra uma
baixa resistência, porém com o passar do tempo a resistência cutânea
volta a seus valores normais. Durante a fase crônica da enfermidade,
a resistência cutânea aumenta acima dos valores normais.
Portanto, no caso de afecções crônicas, é conveniente buscar Pontos
Reativos em zonas de alta resistência cutânea. Ainda que se possa ob-
ter informação de grande utilidade no gráfico bioenergético, nem sem-
pre é possível obter um diagnóstico exato baseando-se somente nele. No
entanto, pode-se confirmar com o paciente se este sofre os sintomas que

244
Capítulo I: Regulação energética

correspondem com as medições altas e baixas de cada Ryodoraku. Além


disso, sempre pode-se tonificar o corpo de forma geral tratando áreas
que estejam indicadas segundo o gráfico, fomentando assim o proces-
so de auto-reparação do organismo.
Resumindo, pode-se obter certa informação sintomática a partir do
gráfico Ryodoraku, porém não se pode dizer que detectou-se toda a
informação relativa ao paciente e que nos permita fazer um diagnósti-
co sindrômico, que é o objetivo principal de um bom diagnóstico.
Ainda que o gráfico bioenergético nem sempre localize todos os sin-
tomas relacionados, submeter o paciente a uma tonificação geral seguin-
do o gráfico bioenergético será muito benéfico para sua saúde. No Ja-
pão, alguns praticantes usam o sistema Ryodoraku para avaliar «pres-
crições herbais» ou para avaliar se um tratamento é apropriado ou não
para um paciente.
No mundo todo se utiliza a biomedição Ryodoraku como um proto-
colo terapêutico dirigido a regular o sistema energético e, consequente-
mente, desencadear um efeito benéfico e harmonizador dos sistemas
neuroendócrino e orgânico, seguindo o processo fisiológico representa-
do pela pirâmide biológica.
Este efeito benéfico pode, em alguns casos, ser de tal maneira que
cure as enfermidades energéticas mais comuns (idiopáticas) como
cefaléia, dismenorréia, insônia, gastralgia, etc.
Em outros casos, e usado como técnica protocolar prévia, pode ser
um valioso aliado para qualquer técnica terapêutica que se utilize, in-
cluída a própria cirurgia, pois favorecerá a homeostase e colaborará mais
ativamente no processo de auto-reparação.

245
TOMO I. 4.ª Lição: Biomedições (A regulação energética)

V. METODOLOGIA

V.1. Preparação da sonda de Busca/Estimulação

Use água corrente para umedecer um pouco de algodão e dê-lhe


forma cilíndrica. Insira-o na cabeça da sonda de Busca/Estimulação.
Assegure-se de que a parte superior do algodão esteja ligeiramente ar-
redondada, com uma curvatura similar à criada na água pela tensão
superficial. Não é necessário usar solução salina. Por razões de higie-
ne, convém trocar o algodão a cada paciente.
Uma superfície úmida na sonda pode prevenir que a transpiração
influa nas medições. Em clima seco a pressão da superfície da sonda so-
bre a pele influi nos valores mais do que nos climas úmidos, portanto é
necessário comprovar periodicamente que o algodão permanece úmido.
Para comprovar se o algodão foi umedecido corretamente, coloque
a cabeça da sonda sobre a pele da mão com firmeza, e comprove se sai
um pouco de água. Ao afastar novamente a sonda da pele a água que
havia saído deverá ser reabsorvida pela superfície do algodão.
Se não for usar a sonda por um tempo, é melhor extrair o algodão
para que não se seque. Ainda que a parte superior do algodão esteja
úmida, a parte inferior pode secar demasiadamente, e não absorver água
da parte superior. Se finalmente seca-se o algodão, e não houver mais
algodão para substituir, pode-se submergir o eletrodo em água duran-
te uns cinco minutos.

V.2. Localização dos Pontos de Medição


Mesmo que quase todos os PRRM (Pontos Ryodoraku Representati-
vos de Medição) se encontrem nos pontos Fonte, não é necessário iden-
tificar estes pontos de forma exata, tal e qual se descreve nos textos
clássicos de Medicina Tradicional Chinesa. Ainda que os textos sobre
localização de pontos proporcionem descrições concretas de sua posi-
ção, estas localizações variaram historicamente, de era em era e de
escola em escola, de modo que logicamente cada ponto pode ser trata-
do em um local ligeiramente distinto à localização standard, e ainda
assim conservar sua efetividade.
Em nossa opinião observam-se menos variações ao evitar-se o contato
de nossas mãos com o paciente, ainda que na obra original de Hirohisa
Oda se desenvolva um método segurando a mão do paciente com a mão
do terapeuta.

246
Capítulo I: Regulação energética

VI. INTERPRETAÇÃO DO GRÁFICO E REGULAÇÃO


ENERGÉTICA COM ACUPUNTURA

De acordo com o desenvolvido até agora, podemos afirmar que a


enfermidade sob o ponto de vista da MTC é um desequilíbrio energético,
isto é, uma alteração no harmônico fluir do Yin e do Yang.
O corpo humano, em todas as suas dimensões, está irrigado pelos
fluidos energéticos circulantes nas vias descritas, seguindo ritmos
alternantes de positivo a negativo e vice-versa, em constante e harmônica
mutação.
Estes ritmos dependem das leis da natureza e do cosmos, seguindo
movimentos cíclicos diários, mensais, anuais..., segundo vimos na par-
te de generalidades e teremos oportunidade de ampliar no segundo ciclo.
Para desenvolver este movimento contínuo os seres precisam de
aportes energéticos que extraem da própria natureza e do cosmos através
da alimentação e da respiração.
Nestas circunstâncias o corpo humano terá que manter um equilíbrio
entre o alto e o baixo, a esquerda e a direita, a frente e o verso, o exterior
e o interior, as vísceras e os órgãos, em definitivo o yang e o yin.
Este equilíbrio harmônico, no entanto, é difícil de manter, e mais
ainda quando o ser humano está submetido à influência de múltiplos
parâmetros que podem modificar seus potenciais energéticos.
O componente Zong (ou seja, a capacidade energética herdada), as
circunstâncias alimentares, climáticas, afetivas, educacionais, etc., po-
dem provocar desequilíbrios nas relações do Yin e do Yang. Afortuna-
damente, a MTC dispõe de sistemas baseados na compreensão das leis
fundamentais que regem a natureza (e que por extensão afetam ao ser
humano, como parte integrante da mesma), que podem corrigir estes
desequilíbrios atuando sobre as vias ou canais energéticos que geram a
ação bioquímica.
Logicamente toda transformação precisa de um impulso ou força
capaz de promovê-la e que só é possível através de uma interação de
mútua atração e alternância, ou ação energética entre um ânodo e um
cátodo, isto é, entre um Yin e um Yang.
Com base neste princípio, os fatores Xieqi incidem sobre o sistema
energético antes de manifestar patologia somática, que em todo caso
será a consequência de um processo prévio que implica alteração na
função da Unidade Energética.
Logicamente, existirão mecanismos que permitam uma ampla tole-
rância entre o parâmetro ativador e a resposta observável. Estes meca-
nismos formam todos os sistemas defensivos (Zhengqi) que em uma

247
TOMO I. 4.ª Lição: Biomedições (A regulação energética)

constante atividade preservarão as funções «tesouro» e bioquímicas


importantes. Assim, qualquer fator agressivo, em circunstâncias normais,
não desencadeará alterações profundas que afetem ao equilíbrio víscero-
orgânico, mas será neutralizado nas chamadas vias secundárias ou sis-
tema imunológico Wei.
Esta circunstância permite ao acupunturista, conhecendo os sinto-
mas relativos à afetação deste nível, realizar uma ação terapêutica pre-
ventiva, evitando uma alteração mais profunda que possa comprometer
aos órgãos e vísceras e, portanto, a função bioquímica por eles gerada.
Mesmo quando as noxas tenham criado uma alteração mais profun-
da, afetando à zona Rong, todavia o organismo dispõe de sistemas atra-
vés dos quais se pode atuar, evitando a progressão da enfermidade e a
alteração geral, conseguindo-se inclusive a restauração do equilíbrio
energético em seu conjunto. Esta possibilidade terapêutica nos é dada
pelo conhecimento das leis básicas da energética e de seu desenvolvi-
mento.
Observamos que o equilíbrio energético é a circunstância básica
requerida para a existência de um estado de saúde. Portanto, o desequi-
líbrio irá se manifestar por mais ou menos sobre o considerado normal
ou equilibrado.
Dispomos de sistemas de medição ou sistemas de diagnóstico que
podem enquadrar uma determinada alteração dentro da esfera Yang
(plenitude) ou dentro da esfera Yin (vazio).
A tomada dos níveis energéticos, seja através da pulsologia radial
e/ou reveladora, ou através dos diferentes aparelhos de medição de-
senvolvidos por Nakatani, Voll e outros, nos permitem obter dados
valiosíssimos que somados à história clínica vão nos delimitar uma
patologia determinada, em uma ou outra síndrome geral.
Tanto em um caso (+) como em outro (-) podem-se distinguir três
níveis por síndrome, e representam-se normalmente como segue:

Grande plenitude, pletora

Plenitude

Leve plenitude

Leve vazio

Vazio

Ausência, ou grande vazio

248
Capítulo I: Regulação energética

Todo acupunturista experiente sabe que, independentemente da fór-


mula terapêutica que se aplique para uma determinada afecção (obti-
da através da conjunção de múltiplos fatores diagnósticos), a regulação
energética inicial é imprescindível.
A fim de desenvolver as técnicas de regulação de uma maneira lógi-
ca e compreensível partiremos de hipóteses simples, isto é, os diversos
níveis de plenitude ou vazio relativos a uma só unidade energética.
É preciso levar em conta que o gráfico que se obtém na medição é a
média do lado esquerdo e direito sob pena que exista uma grande
disfunção esquerda/direita.

Hipótese A) Leve plenitude ou leve vazio

Neste caso seria suficiente a aplicação do ponto de sedação ou de


tonificação do Meridiano Próprio, podendo-se estabelecer a seguinte
tabela:

(*) Não se sedará nunca o Fogo Impe-


rial, essa ação se realiza sobre o Fogo Mi-
nisterial do MC. representamos a sedação
e a tonificação colocando abaixo do ponto
corresponde os símbolos — e • respectiva-
mente.

249
TOMO I. 4.ª Lição: Biomedições (A regulação energética)

Hipótese B) Plenitude ou vazio

Neste caso a ação terapêutica se apoiará com a ajuda do ciclo (Sheng),


isto é, com a sedação do movimento «filho» ou a tonificação do movi-
mento «mãe» (elemento generativo) de mesma polaridade, caso tenha-
mos plenitude ou vazio.

Exemplo:
O filho do P é o R. Portanto, na
plenitude de P teremos que sedar o
R (1R).
A mãe do P é o BP. Portanto, no
vazio de P, teremos que tonificar BP
(2BP).

Exemplo:
O filho do ID é o E. Portanto, na
plenitude de ID teremos que sedar
E (45E).
A mãe do ID é a VB. Portanto no
vazio de ID, teremos que tonificar
VB (43VB).

Exemplo:
O filho do BP é o P. Portanto, na
plenitude de BP teremos que sedar
P (5P).
A mãe do BP é o C. Portanto, no
vazio de BP, teremos que tonificar
C (9C).

Exemplo:
O filho da B é o VB. Portanto, em
plenitude de B, teremos que sedar a
VB (38VB).
A mãe da B é o IG. Portanto, no
vazio de B, teremos que tonificar o
IG (11IG).

250
Capítulo I: Regulação energética

Hipótese C) Grande plenitude ou grande vazio

Neste caso a ação se dirigirá, além de tudo, sobre o ciclo Ke, a fim
de ativar todas as relações energéticas diretas do movimento em ques-
tão dentro da pentacoordenação. E assim teremos:

Exemplo:
O elemento dominante do P. é o C. Portanto, em uma
grande plenitude de P, devemos tonificar o C (9C).
O C pode realizar un efeito de invasão sobre P, crian-
dose um vazio. Neste caso, sedaria-se o Fogo (7 MC).

Exemplo:
O elemento dominante do ID é a B. Portanto, em uma
plenitude de ID, poderemos tonificar a B (67B).
A água da B poder estar apagando o fogo do ID, pelo
que, em caso de vazio de ID, será conveniente inibir a
ação da Água (65B).

Exemplo:
O elemento dominante do BP é o F, pelo que o excesso de
terra pode ser contra-arrestado com uma invasão da
Madeira (8F).
No caso contrário, sedaríamos (2F).

Exemplo:
A água em excesso deve ser absorvida pela Terra
(41E).
O defeito da água pode supor um excesso de Terra
(45E).

Esta regra geral não implica que, independentemente do grau de vazio


ou de plenitude, não possam utilizar-se os três passos de uma vez se
desejamos uma ação rápida ou tenhamos dúvidas sobre a intensidade
do desequilíbrio.

251
TOMO I. 4.ª Lição: Biomedições (A regulação energética)

Hipótese D) Plenitude ou vazio contraposto por seu acoplado no movimento

Vimos um exemplo simples onde só há afetação de uma Unidade


Energética, no entanto, sabemos que o desequilíbrio insistente de uma
Unidade acarreta o segundo estágio: a afetação de seu acoplado no
movimento. Desta forma, a plenitude ou vazio de um órgão ou víscera
acabará produzindo um efeito contrário em seu acoplado como neces-
sidade fisiológica de neutralização. O BP, por exemplo, com excesso
energético acabará absorvendo a energia do E, que necessita para o
desenvolvimento de sua hiperatividade. Neste caso não é necessário
atuar sobre o próprio canal nem sobre a penta-coodenação, será sufi-
ciente a utilização da técnica Luo-Yuan para equilibrar o movimento.
Sabemos que o Luo Transversal realiza a função de equilíbrio entre
«o positivo e o negativo» do movimento, portanto somente teremos que
estimular esta ação de vaso comunicante para regular, em princípio, a
alteração.
Neste caso, é preciso ter em conta que no vazio de uma Unidade
acompanhado da plenitude de sua acoplada, se punturará em primei-
ro lugar o ponto Yuan ou absorção da primeira, em seguida o Luo ou
«torneira» da segunda; e vice-versa. Essa atuação será determinada pela
etiologia inicial.
Estes pressupostos desenvolvidos até agora são de simples compre-
ensão e correspondem geralmente a quadros agudos ou também a qua-
dros cronificados em pacientes com reserva importante de Energia es-
sencial (Zeng) que tenham impedido a alteração do conjunto da penta-
coordenação. Na continuação estudaremos os casos de alterações múl-
tiplas e ramificadas.

252
Capítulo I: Regulação energética

Exemplo:
A plenitude de P, acompanhada
de vazio de IG, pode ser equili-
brada com a utilição do LUO de
P (7P, torneira) e o YUAN do IG
(4IG, absorção).

Exemplo:
Plenitude de ID, acompanhada
de vazio de C: LUO do ID (7ID)
e SHU-YUAN do C (7C).

Exemplo:
Plenitude de BP, acompanhada
de vazio de E: LUO do BP (4BP)
e YUAN do E (42E). Vazio de BP
acompanhado de plenitude de
E: SHU-YUAN do BP (3BP) e
LUO do E (40E).

Exemplo:
Plenitude da B, acompanhado
de vazio de R: LUO da B (58B) e
SHU-YUAN do R (3R). Vazio de
B acompanhado de plenitude de
R: YUAN da B (64B) e LUO do
R (4R).

253
TOMO I. 4.ª Lição: Biomedições (A regulação energética)

Regulação em alterações múltiplas

Frequentemente, recorrem à clínica pacientes com alterações antigas,


que tenham afetado ao conjunto dos movimentos, criando transtornos
em órgãos ou vísceras. Neste caso, deve-se regular o paciente seguindo
uma regra distinta da desenvolvida até agora. Em termos gerais essas
regras são:

1º) Independentemente das diversas alterações, regular o movimento


utilizando a técnica Yuan-Luo, quando procede. Isto é, se a plenitude
ou o vazio estiverem acompanhados do vazio ou plenitude de seu
acoplado de movimento.
2º) Utilizar os pontos de tal forma que seja possível realizar vários
efeitos de uma vez. Isto é, procurar utilizar o menor número de pontos
possível.
3º) Quando as alterações de órgãos e vísceras não permitirem uma
regulação global primária (já que a ação sobre um ponto específico, para
produzir um determinado efeito sobre um movimento, pode prejudi-
car outro), se realizará a chamada regulação progressiva.
Este método consiste em atuar sobre uma Unidade determinada,
geralmente a mais sintomática ou que apresenta maior disfunção, através
de todos os métodos até agora desenvolvidos, isto é, os de Meridiano
próprio, Ciclo Sheng e Ciclo Ke, utilizando como primeira medida o
ponto Estacional da Unidade eleita.
A utilização do ponto Estacional, Dominante ou Transmissor esta-
belece a função de antena de captação de todas as ações que realize-
mos na penta-coordenação, canalizando os efeitos em direção ao
meridiano punturado, evitando assim repercussões indesejáveis sobre
os outros movimentos. Uma vez realizada esta operação (que consisti-
ria na primeira regulação), procede-se novamente à comprovação do
estado da Unidade tratada e do resto da penta-coordenação. Geralmente
verifica-se um efeito de normalização, embora possa não ser o sufici-
entemente satisfatório, em cujo caso repete-se o método em uma sessão
de 10-15 minutos, e se procede logo à regulação geral (partindo da hi-
pótese de haver conseguido a completa normalização do movimento
tratado).
4º) Utilização dos «Luo de Grupo»: observa-se com freqüência na
tomada de níveis energéticos variações do conjunto dos Yin ou Yang,
Shou ou Zu, isto é, em uma das polaridades dos movimentos Fogo e
Metal (Yin ou Yang Shou) ou mesmo o conjunto das polaridades dos
movimentos Terra-Água e Madeira (Yin ou Yang Zu). Neste caso pode-

254
Capítulo I: Regulação energética

se utilizar o Luo de Grupo dos Yang Shou (TA8, Sanyangluo), dos Yin
Shou (MC5, Jianshi), dos Yang Zu (VB39, Xuanzhong) ou dos Yin Zu
(BP6, Sanyinjiao).
A utilização dos Luo de Grupo deverá realizar-se sem sedação do
Yin. Atendendo a este princípio, as supostas regularizações se realiza-
riam como segue:

a) Plenitude dos três Yang Shou: sedar o TA8 (Sanyángluo)


b) Plenitude nos três Yin Shou: tonificar TA8 (Sanyángluo)
c) Vazio dos três Yang Shou: tonificar TA8 (Sanyángluo)
d) Vazio dos três Yin Shou: tonificar MC5 (Juanshi)
e) Plenitude dos três Yang Zu: sedar VB39 (Xuánzhong)
f) Plenitude dos três Yin Zu: tonificar VB39 (Xuánzhong)
g) Vazio dos três Yin Zu: tonificar BP6 (Sanyinjiao)
i) Plenitude dos três Yang Shou e Zu: sedar TA8 (Sanyángluo) e
VB39 (Xuánzhong)
j) Plenitude dos três Yin Shou e Zu: tonificar TA8 (Sanyángluo) e
VB30(Xuánzhong)
k) Vazio dos três Yang Shou e Zu: tonificar TA8 (Sanyángluo) e
VB39 (Xuánzhong)
l) Vazio dos três Yin Shou e Zu: tonificar MC5 (Jianshi) e BP6
(Sanyinjiao)

5º) Caso de disfunção esquerda-direita


As variações sensíveis superiores à faixa de tolerância, em caso de
medição elétrica, ou claramente constatáveis através da pulsologia
reveladora se apresentam com certa frequência na prática clínica.
Neste caso, a primeira ação reguladora será dirigida a minimizar esta
anomalia tonificando o vazio ou sedando a plenitude através dos pon-
tos de tonificação e sedação gerais.
6º) Caso de alteração considerável em uma Unidade Energética
acompanhada de variações médias ou pequenas em outras Unidades.
Em tal conjuntura toda nossa ação se centrará inicialmente sobre
aquela Unidade principalmente afetada, desprezando o resto. Neste caso,
como no descrito no 3º passo, deve-se utilizar o ponto dominante.

255
TOMO I. 4.ª Lição: Biomedições (A regulação energética)

EXEMPLOS: REGULAÇÃO SIMPLES

Hipótese A) Leve plenitude ou leve vazio

Esquema pulsológico

Projeção nos cinco movimentos

256
Capítulo I: Regulação energética

Esquema Ryodoraku

Hipótese b) Plenitude ou vazio

Esquema pulsológico

257
TOMO I. 4.ª Lição: Biomedições (A regulação energética)

Projeção nos Cinco Movimentos

Esquema Ryodoraku

258
Capítulo I: Regulação energética

Hipótese C) Pletora ou Vazio Intenso

Esquema pulsológico

Projeção nos Cinco Movimentos

259
TOMO I. 4.ª Lição: Biomedições (A regulação energética)

Esquema Ryodoraku

Hipótese D) Plenitude ou vazio contraposto por seu acoplado de movimento

Esquema pulsológico

260
Capítulo I: Regulação energética

Projeção nos Cinco Movimentos

Esquema Ryodoraku

261
TOMO I. 4.ª Lição: Biomedições (A regulação energética)

EXEMPLOS DE REGULAÇÃO DE ALTERAÇÕES


MÚLTIPLAS

1º caso: Diversas alterações com a possibilidade de efetuar a técnica Yuan-


Luo

Esquema pulsológico

Projeção nos Cinco Movimentos

262
Capítulo I: Regulação energética

Esquema Ryodoraku

2º caso: Utilização do menor número de pontos

Esquema pulsológico:

263
TOMO I. 4.ª Lição: Biomedições (A regulação energética)

Projeção nos Cinco Movimentos

Esquema Ryodoraku

264
Capítulo I: Regulação energética

3º caso: Regularização progressiva

Esquema pulsológico

Projeção nos Cinco Movimentos

265
TOMO I. 4.ª Lição: Biomedições (A regulação energética)

Neste caso hipotético, onde a sintomatologia do paciente apresenta-


se claramente definida pela plenitude do elemento Fogo com: insônia,
palpitações, face vermelha, etc., observamos que a utilização dos mé-
todos desenvolvidos até agora não são válidos, já que para sedar a ple-
nitude do Coração não podemos utilizar nem o ciclo Sheng nem o ci-
clo Ke.
Efetivamente, a sedação do BP implicaria uma diminuição ainda
maior de seu potencial que já está ligeiramente vazio, e a possibilidade
de invasão por parte do Fígado (em plenitude) através do ciclo Ke.
A tonificação do Rim não é aconselhável, já que um possível efeito
inibitório sobre o Coração seria acompanhado de uma maior plenitude
no próprio Rim e no Fígado (ciclo Sheng) que já está em plenitude.
Neste caso concreto é recomendável em primeira instância (e dada
a evidente relação dos níveis observados com a sintomatologia acom-
panhante) a utilização da «antena de captação» ou ponto TRANSMIS-
SOR, cuja ativação consegue dirigir em direção à Unidade punturada
todas as ações exercidas sobre a penta-coordenação.
Colocaríamos então o C8 (Shaufu) como primeiro ponto e depois
atuaríamos sem levar em conta o resto das Unidades. E assim, restaria
a 1ª fórmula de regulação com os pontos C8 (Shaufu), MC7 (Daling)
em sedação, R7 (Fuliu) em tonificação e BP5 em sedação, como corres-
ponderia ao exemplo C ou regulação simples de uma pletora.
Obtido o efeito desejado, isto é, a diminuição da plenitude do Shou
Shao Yin (C), o diagrama ficaria da seguinte forma:

Em cujo caso se procederia:


F2 (Xingjian) em sedação, com o qual sedamos o F, indiretamente
ao R, e diminuímos a incidência sobre o BP.

266
Capítulo I: Regulação energética

BP2 (Dadu) em tonificação, com o que ajudaríamos à ação anterior-


mente iniciada, isto é, tonificaríamos BP a fim de incidir sobre a ligeira
plenitude do R e evitaríamos o possível efeito de invasão do F.
Com relação aos Yang, deveria-se diminuir o Metal (+) sedando o
Meridiano Próprio com o IG2 (Erjian), atuando sobre o ciclo Sheng (B65,
Shugu) e utilizando o ponto de sedação da VB (VB38, Yangfu).
A regulação consistiria, então, em:
Primeiro passo: C8 (Shaofu), MC7 (Daling) em sedação, R7 (Fuliu)
em tonificação, e BP5 (Sanggiu) em sedação.
Segundo passo: F2 (Singjian) em sedação, BP2 (Dadu) em tonificação,
IG2 (Erjian) em sedação, B65 (Shugu) em sedação e VB38 (Yangfu) em
sedação.

4º caso: Utilização dos Luo de Grupo

Esquema pulsológico

267
TOMO I. 4.ª Lição: Biomedições (A regulação energética)

Esquema Ryodoraku

Projeção nos Cinco Movimentos

Dá-se prioridade à ação da Madeira (pois pode estar produzindo um


efeito de invasão sobre a Terra) sedando o meridiano próprio (VB), to-
nificando o dominante (IG) e, depois, reforçando o potencial do Estôma-
go com seu ponto de tonificação E41 (Jiexi). No entanto, não utiliza-
mos o ID3 (Houxi) ou TA3 (Zhongfu), pontos de tonificação do elemento
Fogo, até observar o desenvolvimento da regulação, já que se supõe que
o vazio apresentado pelo E é conseqüente ao domínio pela VB.

268
Capítulo I: Regulação energética

Esquema Ryodoraku

5º caso: Desequilíbrio esquerda-direita

Esquema Ryodoraku e Pulsologia reveladora

269
TOMO I. 4.ª Lição: Biomedições (A regulação energética)

É preciso levar em conta que a disfunção esquerda-direita não per-


mite abordar nenhuma hipótese caso não se tenha regulado previamente
este desequilíbrio.
Considera-se uma disfunção esquerda-direita toda diferença superi-
or a 40 U.N. (Unidades Nakatani) dentro das linhas de normalidade,
podendo ser superior em caso de plenitude (até 60 U.N.) ou inferior
em caso de vazio ( até 20 U.N.). Nestes casos é mais importante o per-
fil do que a diferença real.

6º caso: Variação ostensivamente predominante de uma Unidade, acom-


panhada de variações simples em outras Unidades, sem presença de
sintomatologias relacionadas.
Trata-se de um caso similar ao 3º (pletora de C), no entanto nessas
circunstâncias a plenitude não leva a sinais típicos.

Esquema pulsológico

Projeção dos Cinco Movimentos

270
Capítulo I: Regulação energética

Esquema Ryodoraku

Podem-se realizar, logicamente, múltiplas modificações no estado da


penta-coordenação. O acupunturista deverá atuar segundo seu crité-
rio, conforme as normas gerais expostas. Tudo isso converge com a idéia
de que cada paciente é um conjunto energético particular submetido a
múltiplos fatores incidentes, que o fazem diferente do resto de seus
semelhantes.
Em resumo: os critérios de atuação serão variáveis, segundo circuns-
tâncias específicas que o terapeuta deve ter presentes.
Em termos gerais, nas regulações deverá seguir-se um critério racio-
nal atendendo aos seguintes princípios:

1º Regular a disfunção esquerda-direita da Unidade Energética,


como condição prévia à regulação da Unidade.
2º Regular a Unidade, como condição prévia à regulação do Mo-
vimento.
3º Regular o Movimento, como condição prévia à regularização da
Penta-coordenação.
4º Regular a Penta-coordenação com base nos seguintes critérios
fundamentais:

271
TOMO I. 4.ª Lição: Biomedições (A regulação energética)

a) Utilização do menor número de pontos possível, por exemplo:


ação múltipla de um ponto Luo de Grupo e a possível ação conjunta
do ciclo Sheng e Ke.
b) Utilização do ponto Estacional nos casos onde a sintomatologia
acompanhante coincida com a tomada de níveis, segundo temos de-
senvolvido.
c) No caso hipotético em que não se possa realizar a regulação ge-
ral, inicialmente devido aos possíveis efeitos negativos que possam pro-
duzir-se em algumas Unidades Energéticas, se procederá à regulação
progressiva dos sistema utilizando o ponto dominante da UE que se ma-
nifeste mais afetada.

OUTRAS HIPÓTESES

Todos os níveis estão baixos, em uma média inferior a 30 unidades.


Todos os níveis estão altos, em uma média superior a 60 unidades.
Os níveis dos Tsou (braços) ou Zu (pernas) estão desequilibrados em
uma média superior a 40 unidades.

Níveis baixos

Tratamento:
Tonificar energia.
VG4 (Mingmen), B23 (Shenshu), VC6 (Qihai), E36 (Zusanli), VC12
(Zhongwan), VC17 (Shanzhong).

272
Capítulo I: Regulação energética

Níveis altos

Tratamento:
Tonificar o sangue.
BP6 (Sanyinjiao), BP10 (Xuehai), VC4 (Guanyuan), B17 (Geshu), P9
(Taiyuan), B52 (Zishi), F13 (Zhangmen).

Desequilíbrio alto-baixo

Nestes casos se abrirá o Daimai com VB41 (Zulinqi) e se estimula-


rão os Luo de Grupo dos Zu.

273
TOMO I. 4.ª Lição: Biomedições (A regulação energética)

VII. REGULAÇÃO ENERGÉTICA COM ELETROACUPUN-


TURA RYODORAKU

Independentemente do tratamento descrito até agora, existem uma


série de possibilidades para regular os meridianos que foram desenvol-
vidas ao longo dos anos e que trataremos agora de expor, dado seu nível
de expansão e aceitação.
A expressão «Ryodoraku» refere-se a um sistema de diagnóstico, e
também a um sistema de tratamento, que incorpora a aplicação de cor-
rente negativa direta a uma agulha de acupuntura. Tem sido seu as-
pecto de diagnóstico e sua eficácia na hora de aplicar corrente direta a
uma agulha de acupuntura com fins terapêuticos o causador da expan-
são mundial do Ryodoraku na atualidade. Essa eficácia é a que tem
levado os praticantes a adotarem este sistema de tratamento como prá-
tica habitual. Nos equipamentos modernos de Ryodoraku a sonda pode
ser usada como instrumento terapêutico, bem como medidor/detector
de pontos.

Acupuntura com corrente direta (DC)


a) Acupuntura com DC

O termo Ryodoraku com freqüência é empregado para referir-se a um tra-


tamento de acupuntura com corrente direta. A acupuntura manual, por ou-
tro lado, se baseia na estimulação mecânica. Quando uma corrente muito fraca,
de 50 a 200 microampéres, 12 volts (50 a 200 milionésimas partes de cor-
rente elétrica), é acrescentada à estimulação mecânica geral, se consegue evo-
car uma forte sensação do Qi.
A acupuntura com DC é um método apropriado para reduzir ou disper-
sar uma acumulação excessiva de Qi. Geralmente um ponto que tenha acu-
mulado Qi excessivamente apresenta uma clara resposta eletro permeável
durante a fase aguda ou semi-aguda de problemas musculares e ósseos. A
acupuntura com DC é um potente método de tratamento para dispersar ou
diminuir a quantidade de Qi.
A técnica de acupuntura com DC pode empregar, além de auxiliar, técni-
cas tradicionais de acupuntura manual tais como o «picoteio» e o «girar com
velocidade». A acupuntura DC pode realizar-se de modo que evoque uma
forte sensação de Qi. Além disso, o praticante pode usar uma agulha mais
fina para evocar uma quantidade de Qi igual à que em condições normais
requereria uma agulha relativamente mais grossa e larga.

274
Capítulo I: Regulação energética

b) Processo de estimulação com Corrente Direta (DC)

Lembre ao paciente que este deve segurar de forma contínua o fio terra,
mantendo a mesma pressão durante toda a sessão de medição. Previamente
à aplicação da corrente, insira a agulha de acupuntura na pele do paciente
da mesma maneira que o faria na acupuntura standard. Então deixe que a
agulha penetre no tecido de forma gradual, até que a ponta da agulha alcan-
ce algum endurecimento. Segure a sonda de Busca/Estimulação contra o cor-
po da agulha ou o cabo (sempre que seja feito de material condutor). Pode-se
aplicar a técnica de «Picoteio» habitualmente usada ao aplicar DC.
A acupuntura com DC pode provocar uma clara «sensação evocadora de
Qi». Aplique DC durante 7 segundos, tempo considerado como padrão para
a estimulação com DC. Se você é um perito em acupuntura DC pode aplicar
a corrente durante 30 segundos, ou até 1 minuto se for necessário para que
o tecido se relaxe. Por outro lado, em algumas ocasiões encontrará pacientes
com tecidos demasiado relaxados. Neste caso a estimulação deve ser mantida
até que o tecido abrace o corpo da agulha.
Depois de aplicar a corrente, afaste a sonda da agulha e retire-a lenta-
mente. Lembre-se que deve extrair a agulha mais devagar do que o faria sem
DC, já que os efeitos da estimulação com DC são mais fortes que com agu-
lhas normais – ou seja, a estimulação com DC é similar à estimulação ma-
nual realizada com uma agulha mais grossa.

275
TOMO I. 4.ª Lição: Biomedições (A regulação energética)

Procedimentos de Tratamento em Ryodoraku

1) Meça os 24 PRRM (Pontos Ryodoraku Representativos de Medição)

4R (Dazhong)

(Chongyang) 42 E

3F (Taichong)

3BP (Taibai)

40VB Qiûxû)

65B (Shugu)

51D (Yanggu)

9P (Taiyuan)

4TA (Yangchi)
51G (Yangxi)

7C (Shenmen) 7MC (Daling)

276
Capítulo I: Regulação energética

2) Represente os valores no Gráfico Bioenergético.


3) Trate os Ryodoraku (meridianos) que se desviam por baixo do limite
permitido, ou seja, aqueles cujos valores fiquem mais de 0.7 cm abai-
xo da linha de média no gráfico. Trate os pontos nestes Ryodoraku
para aumentar o Qi, de maneira que fique equilibrado em cada
meridiano.
4) Teoricamente o tratamento clássico para aumentar o Qi nos Ryodoraku
(meridianos) usando os «Pontos dos Cinco Elementos», segundo a «Lei
Mãe-Filho», seria um método apropriado. No entanto, é preciso le-
var em conta que ao estarem localizados na parte periférica das ex-
tremidades, estes pontos são muito sensíveis, e pode ser preferível
estimular um ponto que seja mais confortável para seu paciente. De
fato, qualquer ponto ao longo do Ryodoraku (meridiano) pode ser um
ponto de tratamento, já que o corpo ajusta automaticamente a quan-
tidade de Qi em cada Ryodoraku.
5) Os Ryodoraku (meridianos) que se desviam por cima do limite per-
mitido no gráfico apresentarão pontos com acumulação excessiva de
Qi. Busque com a sonda ou pergunte ao paciente onde tem alguma
zona dolorida ou sensível ao longo do Ryodoraku (meridiano) que se
desviou sobre a linha permitida (0,7 cm da média). Os pontos que
tenham acumulado excessivo Qi mostrarão uma evidente eletro
permeabilidade durante a fase aguda ou semi-aguda da enfermidade.
6) A acupuntura com DC pode diminuir ou dispersar o Qi em pontos
com evidente eletro permeabilidade no Ryodoraku (meridiano) que
apresentou um desvio por cima do limite permitido no Gráfico.
7) Lembre que tanto o grupo de valores de medição da mão, como o grupo
de valores de medição do pé, não podem ser considerados de forma
independente. Por exemplo, se todo o grupo da mão tender a ficar acima
do limite permitido, não deve-se estimular aqueles pontos com valo-
res numéricos mais baixos, que estejam por cima do limite permitido.
Estimular pontos no Ryodoraku que apresentem valores acima dos 0,7
cm da linha de média somente iria contrariamente ao objetivo do Dr.
Nakatani de obter um equilíbrio do corpo inteiro.
8) Trate um total de seis a oito pontos nos Ryodoraku (se tratar um ponto
no lado esquerdo e no direito de um Ryodoraku, haverá tratado dois
pontos). É importante centrar-se em tratar os Ryodoraku cujos valo-
res se desviem por baixo do limite, já que desta maneira os Ryodoraku
do corpo inteiro alcançarão um equilíbrio maior. De fato, é difícil al-
cançar um equilíbrio tratando Ryodoraku com altos valores de PRRM,
já que estes valores não mudam tão facilmente, e inclusive podem chegar
a não mudar em absoluto.

277
TOMO I. 4.ª Lição: Biomedições (A regulação energética)

Quantos Ryodoraku devem ser selecionados?

a) Do ponto de vista clínico dever-se-ia selecionar de três a quatro


Ryodoraku, que se desviem do limite permitido para o tratamento. Deste modo,
quando se esteja ante um tratamento para melhora corporal geral dever-se-
ia selecionar de 6 a 8 pontos da periferia.
b) Os Ryodoraku da esquerda e direita cuja representação gráfica fique
acima ou abaixo do limite permitido têm especial importância. A parte
esquerda ou direita de um Ryodoraku que fique abaixo do limite permitido
deve ser submetida a um aumento de Qi. Quando um Ryodoraku de esquerda
ou direita ficar acima do limite permitido, é provável que se detecte um Pon-
to Ryodo Reativo ao longo de um Ryodoraku determinado na zona corporal
afetada do paciente.
c) Os pontos Shu Dorsais do meridiano da Bexiga, com nome dos órgãos
específicos, são bons para tratar os Ryodoraku destes órgãos que tenham se
desviado abaixo do limite permitido no Gráfico.
d) Em certos casos, quando se representam os valores das medições de
pés e mãos, os valores da mão se agrupam em uma zona do Gráfico, e os do
pé em outra. Não caia na tentação de tratar os valores destes dois grupos de
forma independente, ignorando o conceito de limite permitido que se estabeleceu
como parâmetro para equilibrar o nível de Qi em todos os meridianos. Se,
por exemplo, os valores da mão se agrupam todos no limite permitido, ou
por cima deste, não deve-se tratar os valores comparativamente menores destes
Ryodoraku somente porque estejam baixos com relação aos Ryodoraku da mão.
Se tratá-los para aumentar o Qi, o que estará fazendo na verdade é desequi-
librar o Qi do corpo todo.
e) No Japão, a recomendação clínica para acupuntura DC é de 20 pontos
de tratamento por paciente.
De acordo com o exposto pelo Dr. Hirohisa Oda em seu guia de trata-
mento, pode-se resumir:

1º) Utilizar o menor número de pontos possível (critério já ex-


plicado).
2º) Nos casos de vazio:

a) Seguir a técnica mãe-filho (já explicada).


b) Efetuar estímulo com DC no Shu Dorsal correspondente ao
meridiano.
c) Estimular com ou sem DC o ponto mais doloroso ou sensível den-
tro do trajeto do braço ou perna do meridiano.

278
Capítulo I: Regulação energética

3º) Nos casos de plenitude:


a) Seguir a técnica mãe-filho (já explicada).
b) Localize mediante palpação ou pergunte ao paciente algum ponto
ou zona dolorosa que coincida com o trajeto do meridiano e realize neles
acupuntura DC.
c) Nos casos de plenitude, e seguindo a lógica exposta anteriormente,
nós proporíamos como opção a estimulação com DC dos pontos Mu
correspondentes ao Meridiano em plenitude.

279
CAPÍTULO II
Prática Clínica (Conceitos básicos)

— Vazio-Plenitude (Xu-Shi)
— Tonificação-Sedação (Bu-Xie)
— Neutralização (Shu)
— Moxação (Jiu)
«O Universo físico chinês da antiguidade e da
época medieval era um todo perfeitamente contínuo.
O T’Chi em forma de onda ou de maneira vibra-
cional, dependendo da alternância rítmica das duas
forças fundamentais, o Yin e o Yang, integrava os
objetos dentro de um modelo geral de harmonia
Universal.»
JOSEPH NEEDHAM
Capítulo II: Prática Clínica (Conceitos básicos)

CONCEITO BÁSICO DE VAZIO E PLENITUDE

Do ponto de vista da MTC, e segundo expusemos no primeiro capí-


tulo, com relação aos axiomas que regem seus princípios, a enfermida-
de é entendida como um desequilíbrio energético que pode manifestar-
se por um excesso ou uma falta de energia nas UE ou em suas vias prin-
cipais ou secundárias de manifestação. No primeiro caso, se produz uma
síndrome de plenitude Shi (Yang), e no segundo uma síndrome de va-
zio Xu (Yin). Em termos gerais, a síndrome Yang cursa com manifesta-
ções de excesso, isto é, hipertermia, dor, rubor, aceleração, etc.; a
síndrome Yin com hipotermia, constrição, lentificação, etc.
A plenitude manifesta uma luta estabelecida entre fatores patológi-
cos (Xieqi) exógenos (fundamentalmente energias perversas) ou endó-
genos (fundamentalmente elementos dietéticos e psíquicos) e os fatores
defensivos (Zhengqi). Este fenômeno implica um incremento de energi-
as defensivas (Wei), no caso dos fatores exógenos, ou uma hiperatividade
orgânica, no dos endógenos. Na primeira possibilidade, a plenitude se
manifestará seguindo um processo que já estudamos (2ª Lição), nas vias
secundárias, e no segundo provocando sinais de excesso na Unidade
Energética e sua via de manifestação principal que é o Jing Mai (Meridia-
no Principal).
Normalmente, as síndromes de plenitude correspondem a quadros
agudos nos quais a resposta defensiva do organismo é intensa. A ação
persistente de um fator desequilibrador pode provocar com o tempo
esgotamento da função defensiva ou metabolizante de uma Unidade
Energética, com o qual se criaria uma síndrome de vazio ou de insufi-
ciência. Também uma plenitude de Unidade Energética pode provocar
em outra um vazio através dos ciclos de invasão (Cheng) ou inversão
(Wu) e cuja manifestação, por inibição ou bloqueio, pode originar um
efeito patológico mais indesejável que a própria plenitude etiológica.

283
TOMO I. 4.ª Lição: Biomedições (A regulação energética)

É por isso que geralmente as síndromes de plenitude têm melhor


prognóstico e tratamento, já que respondem a alterações meramente
energéticas, enquanto as síndromes de vazio implicam alterações crônicas
e afetação das Unidades Energéticas orgânicas.
Os vazios e as plenitudes se manifestam tanto em níveis energéticos
externos quanto na própria Unidade Energética. No primeiro caso, as
alterações ocasionarão sintomatologias relacionadas com vias secundá-
rias (que teremos ocasião de estudar no segundo tomo), e no segundo
caso, as alterações irão provocar uma série de sintomas que relaciona-
remos com cada um dos Meridianos Principais, analizados na 7ª lição
deste ciclo (e que teremos oportunidade de ampliar e detalhar em pato-
logia, no terceiro ciclo).
Com base nesta breve explicação não há dúvida de que vai ser fun-
damental englobar uma síndrome, ou um conjunto de sintomas, na esfera
Yin-Yang, com objetivo de aplicar o tratamento adequado: tonificação,
sedação, estimulação, dispersão, moxação e neutralização.
Apesar da grande variedade do que se apresenta, que leva à combi-
nação de causas etiológicas e «terrenos» afetados (como veremos nas
«8 regras», as «6 síndromes», os «8 métodos», etc.), devemos expor os
conceitos em termos simples e práticos. Em nossa opinião, o desenvol-
vimento do terapeuta acupunturista em direção a profundos conheci-
mentos que permitam a utilização de leis cosmológicas, filosóficas,
antopológicas, etc., isto é, das leis que regem a natureza, é um processo
de evolução crescente que inicialmente precisa de uns conhecimentos
básicos e compreensíveis que permitam um posterior aperfeiçoamento
através da experiência clínica.

CONCEITO BÁSICO DE TONIFICAÇÃO-SEDAÇÃO (BU-XIE)


E ESTIMULAÇÃO-DISPERSÃO

Denomina-se TONIFICAÇÃO o ato de fornecer energias a uma Uni-


dade Energética, provenientes de seu elemento gerador, através do es-
tímulo do ponto de tonificação de seu Meridiano Principal.
Portanto, o método de tonificação está justificado nos vazios endóge-
nos relacionados com a «grande regra» (cinco movimentos).
O Nei Jing nos indica: «perseguir a energia». Esta citação diz clara-
mente qual deve ser a nossa técnica: «ir atrás», «ir a seu alcance».
Por isso, inseriremos agulha em sentido favorável à circulação da ener-
gia, no ponto de tonificação, provocando através do estímulo manual,
termogênico (moxação), elétrico (eletroestimulação), etc., uma reação que

284
Capítulo II: Prática Clínica (Conceitos básicos)

leve à atração para o ponto em questão dos aportes energéticos do ele-


mento mãe.
Consequentemente, a tonificação poderia ser definida como a ativação
do ciclo Sheng, ou seja, acelerar a ação de alimentação definida na lei
dos cinco movimentos. Deste princípio básico se deduzem as seguintes
regras de atuação:
A) Da estrutura penta-coordenada do Meridiano Principal, represen-
tada pelos «Shu Antigos», escolheremos o ponto correspondente à «mãe»;
por exemplo, se pretendo tonificar ao Meridiano do Pulmão, terei que
escolher o ponto BP do P, que é o que gera no ciclo Sheng, isto é, o P9
(Taiyuan).
B) Se inserirá a agulha no sentido favorável à corrente, com uma
inclinação suficiente para induzir a mobilização energética.
C) A agulha se dirigirá para a chamada capa «homem»1, depois de
haver atravessado a capa «céu» e tocado a capa «terra»; portanto a
manobra consistirá em punturar profundamente de início («capa ter-
ra»), e exteriorizar, logo, ligeiramente a agulha até a «capa homem»
onde devemos realizar o estímulo.
O seguinte esquema (140) ilustra as capas energéticas:

ESQUEMA 140

1
Em termos gerais a capa «céu» compreenderia a epiderme até o estrato basal ou
capa Malpigio; a capa «homem» o estrato basal da epiderme e plano dérmico papilar; e
a capa «Terra» com o plano dérmico vascular até o periósteo ou membranas. Embrio-
logicamente corresponderia-se com Ectoblasto (céu), Mesoblasto (homem) e Endoblasto
(terra).

285
TOMO I. 4.ª Lição: Biomedições (A regulação energética)

D) Se realizará um estímulo que provoque a reação na zona


punturada e, portanto, a atração de energias em direção ao ponto. Este
estímulo se alcança com a manobra de «dar corda ao relógio», ou seja,
girar a agulha no sentido da esquerda para a direita e vice-versa, ao
mesmo tempo em que procuramos realizar esta ação no sentido favo-
rável às agulhas do relógio (sentido dextrógiro), até que «se carregue».
Normalmente o acúmulo energético é tão intenso que impede de seguir
girando a agulha, o que não permite extrair a mesma sem provocar
intensa dor ou até rompimento. A chegada do Qi (Deqi) nos proporci-
onará o efeito desejado.
Este estímulo primário da agulha produz uns aportes que bem po-
derão ser suficientes, no caso de tonificação rápida, ou não, sendo que
neste caso nos encontramos na necessidade de provocar estes estímulos
de maneira periódica. O estímulo periódico pode seguir diversos crité-
rios com relação à freqüência, intensidade, etc., que saem do contexto
deste ciclo, mas em termos gerais vai consistir na mobilização da agu-
lha a fim de manter a eficácia e provocar múltiplos Deqi, e portanto,
maiores aportes. Este efeito se consegue com a manipulação repetida
da agulha conforme o critério de tonificação exposto. Pode-se substi-
tuir o fator manual por um aparelho elétrico que provoque o estímulo
em uma freqüência e intensidade desejadas. Este método moderno de-
nomina-se eletroacupuntura e é motivo de intensas investigações, tan-
to no Oriente como no Ocidente, dando lugar a múltiplas teorias rela-
cionadas com a forma de onda impulsora, sua longitude, freqüência,
intensidade, ação fisiológica, etc.
Nossa experiência clínica nos demonstra que a tonificação deve rea-
lizar-se, com relação à periodicidade de estímulos, com freqüências baixas
(máximo de 2 ciclos por minuto) e alternando o ritmo de impulsos; ou
seja, provocar pausas que não permitam a acomodação ou adaptação
ao impulso. Isto é lógico porque se pressupõe que tonificamos uma
Unidade Energética que está diminuída e, portanto, os impulsos e on-
das que recebe deverão ser espaçadas e alternadas, a fim de permitir
sua captação, ativando-a de uma maneira lenta e progressiva. Frequen-
temente expomos uma semelhança com um indivíduo desidratado ao
que não se pode dar líquidos senão lenta e progressivamente até recu-
perar seu nível hídrico. Uma freqüência alta de impulsos, pretendendo
a tonificação, provocaria a rejeição ou a não captação pela Unidade
Energética em estado de vazio, e a derivação a outra Unidade através
de suas relações internas, o que resultaria numa piora do vazio pelos
possíveis efeitos de Invasão (Cheng) ou Inversão (Wu).
A TONIFICAÇÃO RÁPIDA, utilizada profusamente quando se pre-

286
Capítulo II: Prática Clínica (Conceitos básicos)

tende realizar um efeito prévio a um tratamento geral, por exemplo, nos


Luo de grupo ou na tonificação prévia de uma via principal ou em um
ponto He de ação especial, etc., consiste em provocar a chegada do Qi
(Deqi) e extrair a agulha, ajudando com a pressão do dedo polegar da
mão contrária na zona de puntura para eliminar a dor e facilitar a
extração, tampando o poro imediatamente com o mesmo dedo a fim
de evitar a saída da energia.
Denomina-se SEDAÇÃO ao fato de interromper os aportes energéticos
que, via Meridiano Principal, vão dirigidos a estimular a ação de uma
Unidade Energética. O Nei Jing, referindo-se a isso, fala de: «ir contra
a corrente, ir de encontro». Portanto, no caso da sedação, o que inte-
ressa é provocar um bloqueio na circulação da energia em direção à Uni-
dade receptora, impedindo sua progressão.
Deste ponto de vista, a sedação não pode ser obtida estimulando um
ponto, já que o estímulo implica um aporte, mas sim introduzindo a
agulha em sentido contrário ao circulatório.
Segundo vimos no 3º capítulo, o ponto eleito será o seguinte ao trans-
missor, o que permitirá que a energia seja bloqueada e se distribua à
pentacoordenação através do mesmo, impedindo o estímulo em direção
à Unidade Energética correspondente ao Meridiano Principal punturado.
O fato de impedir a circulação até o órgão ou víscera provocará sua
desnutrição energética e, portanto, sua sedação. Pode-se esquematizar
da seguinte forma:

ESQUEMA 141

Assim como na tonificação, a sedação implica a manipulação dos


pontos «Shu antigos» em razão da interdependência da Unidade
Energética com o resto da penta-coordenação.
Existe um método denominado SEDAÇÃO RÁPIDA que, assim como
no caso da TONIFICAÇÃO RÁPIDA, se utilizará para regulações ge-
rais ou ações prévias a tratamentos gerais (por exemplo, nos Luo de
grupo), onde o método a utilizar consiste em introduzir a agulha

287
TOMO I. 4.ª Lição: Biomedições (A regulação energética)

transfixiante com uma inclinação de aproximadamente 30° sobre o plano


da pele no sentido favorável ao circulatório nos Yang Shou ou Yin Zu
e contrário nos Yin Shou e Yang Zu, e incidir sobre a capa «homem»
retirando seguidamente a agulha ao mesmo tempo que se gira em sen-
tido contrário às agulhas do relógio (realizando um efeito de «saca-ro-
lhas») até sua exteriorização.

ESQUEMA 142

Esta manipulação permite realizar um efeito de «sucção» das ener-


gias do Meridiano Principal, que se evacuarão ao exterior através do
local de puntura, sem dar tempo para que gere estímulo suficiente que
pudesse provocar a chegada de aportes de outras vias.
A Tradição nos mostra que, além dessas ações básicas, é necessário
levar em conta outros fatores como a inspiração e expiração, os horári-
os, as influências cósmicas, etc., e que sem dúvida são de grande inte-
resse na metodologia da acupuntura, porém que são etapas de progres-
sivo aperfeiçoamento com base na investigação e prática clínica.
Desenvolvemos basicamente os conceitos de tonificação e sedação,
agora consideremos os de ESTIMULAÇÃO E DISPERSÃO.
A ESTIMULAÇÃO, como seu nome indica, consiste em exercer uma
ação sobre um ponto de acupuntura, tal que permita a colocação em
funcionamento de suas particularidades energéticas a fim de conseguir
um efeito determinado.
Se poderá estimular, portanto, um ponto Mu, um ponto He de ação
especial, um ponto Xi, etc. com objetivo de provocar sua aceleração, sua
ativação e, portanto, um incremento de sua função específica derivada
de suas relações energéticas.
Por exemplo, a estimulação do BP10 (Xuehai, «Mar de sangue») pro-
voca, através de suas múltiplas relações com o BP e sistema genital fe-
minino, um efeito de constatada incidência sobre as alterações mens-
truais; o estímulo do B11 (Dàzhui), através de suas relações com o R
(acoplado da B) e outras, provoca uma ação imediata sobre os ossos,
acelerando seu processo de formação, etc.
Na estimulação, portanto, mais do que o sentido circulatório ou uma
determinada freqüência, o que interessa é a correta localização do ponto.

288
Capítulo II: Prática Clínica (Conceitos básicos)

A DISPERSÃO consiste em expandir as concentrações energéticas de


tal forma que percam intensidade, seja liberando-as ao exterior, seja
extendendo-as a territórios limítrofes, onde seriam neutralizadas.
Primeiro caso: liberação exterior. Por exemplo, em um ponto de As-
sentimento com o objetivo de dispersar a raiz Yang que estivera em
plenitude. A agulha faz um efeito de «antena de exteriorização» ou de
pólo de atração ao exterior da energia da Unidade Energética conside-
rada. Neste caso não influi o sentido da corrente e, por lógica, a agulha
não deverá ser manipulada.
Segundo caso: extensão a zonas limítrofes. Por exemplo: algia exter-
na. Atendendo à equação básica segundo a qual plenitude = dor, e com
o objetivo de dissolver este acúmulo, a dispersão pode ser realizada
através da técnica de transfixão, com a aplicação de uma freqüência
alta, superior aos 60 ciclos por minuto, e uma intensidade um tanto
agressiva.
Vejamos um exemplo: ombro doloroso por concentração energética
conseqüente a uma noxa climatológica na área do PPMD do Zu Yang
Ming (IG15, Jianyu).

ESQUEMA 143

Indubitavelmente a dispersão pode se realizar com a implantação de


várias agulhas (como no 1º caso) na zona afetada, provocando uma ação
de exteriorização através delas, porém mostra-se muito mais efetivo o
método de dispersão eletroestimulado do que a simples implantação de
agulhas.
Estes princípios básicos podemos resumi-los da seguinte maneira:
TONIFICAÇÃO = Estimulação «favorável» do ponto «shu antigo»
anterior ao dominante (mãe).
SEDAÇÃO = Bloqueio do canal através do ponto «Shu Antigo» pos-
terior ao transmissor (filho).

289
TOMO I. 4.ª Lição: Biomedições (A regulação energética)

ESTIMULAÇÃO = Provocar mediante manipulação a ação específi-


ca de um ponto.
DISPERSÃO = Liberar ao exterior ou dissolver as concentrações
energéticas.

CONCEITO DE NEUTRALIZAÇÃO (SHU)

O TAO VITAL representado pelo Qi e o Xue (isto é, energia-sangue)


está determinado pela lei universal do Yang-Yin. E assim, por exemplo,
na atividade funcional que requer a transformação de nutrientes (Yin)
em energia (Yang) se produz uma descompensação com diminuição de
Yin e incremento de Yang. No entanto, a geração tissular ou concre-
tização em forma física implica um incremento de Yin e uma diminui-
ção de Yang. Esta circunstância de permanente atividade se mantém
em um equilíbrio relativo (dentro de determinadas margens fisiológicas)
que permite a mutação, vibração ou movimento. Ultrapassar a faixa de
tolerância pressupõe um estado patológico proporcional à intensidade
do desequilíbrio.
Por exemplo, o predomínio de Yin absorve o Yang que precisa para
concretizar-se, com o qual o Qi geral diminui provocando síndrome Yin
ou Frio. O predomínio de Yang diminui o Yin, com o qual o Yang se
libera originando uma síndrome Yang ou Calor.
Tanto a síndrome Frio como a síndrome Calor podem ser provocadas
pelos seguintes fatores:

a) Ação excessiva de fatores patológicos (Xieqi).


b) Diminuição dos fatores defensivos (Zhengqi).

No primeiro caso se apresentará uma patologia por excesso (Shi) e


no segundo por insuficiência (Xu).
Portanto, o tratamento deverá diferenciar-se segundo enquadre-se o
problema em uma ou outra classificação. E assim, para uma patologia
Shi usaremos a sedação (Xie) e para uma Xu usaremos a tonificação
(Bu).
Tratar de equilibrar o Yin e o Yang em sua ampla gama de manifes-
tações a partir do Dao Vital será o fim terapêutico e portanto a NEUTRA-
LIZAÇÃO, entendida como a busca do equilíbrio, se convertirá na LEI
DE OURO DA TERAPÊUTICA POR ACUPUNTURA.
Uma enfermidade Xieqi que se desenvolva, por exemplo, com crise
aguda de febre (patologia Shi) evolucionará posteriormente para uma

290
Capítulo II: Prática Clínica (Conceitos básicos)

patologia Xu com queda da temperatura corporal, pulso fraco, palidez,


etc. Nossa ação se dirigirá à terapia Xie no estado agudo e Bu no se-
gundo. Isso nos indica que o método de tratamento varia de acordo com
o estado de predomínio do Yin e do Yang, e que em todo caso devere-
mos buscar o equilíbrio através das Leis de oposição, interdependência
e intertransformação do Qi e do Xue. Desta forma ao Frio neutraliza-
mos com o calor, à umidade com a secura, ao vazio com a plenitude,
ao alto com o baixo, à esquerda com a direita e, em definitivo, ao Yang
com o Yin.
O efeito de neutralização ou obtenção do equilíbrio pode estar diri-
gido à atuação em todas as vias energéticas tanto da circulação princi-
pal (Meridiano Principal e Luo Transversal) como da secundária
(Meridiano Tendino-muscular, Luo Longitudinal, Meridiano Distinto e
Vasos Reguladores).
A neutralização nas vias secundárias em relação com os processos
de penetração das energias perversas recai sobre os «Shu Antigos» cor-
respondentes à via principal à qual pertencem aquelas, a fim de ativar
a energia de polaridade contrária.
Assim, por exemplo, no caso de penetração de frio no nível das vias
secundárias do Meridiano Principal do Pulmão devemos estimular o
ponto P10 (Yuji), que é o ponto calor do meridiano.
A neutralização não se aplicará somente a vias secundárias por al-
terações devido a noxas cósmicas, mas também a vias principais,
atuando sobre os diversos fatores incidentes que podem provocar um
desequilíbrio.
Vimos, nas relações descritas na penta-coordenação, que a modifi-
cação dos potenciais humanos está submetida a múltiplos parâmetros
incidentes que formam os atributos do movimento. Assim, um excesso
da cor verde provoca uma hiperatividade do movimento Madeira (mais
concretamente sua raiz Yin), um excesso de doce no movimento Terra,
um excesso de calor sobre o movimento Fogo, um excesso de nota mu-
sical Ré sobre o movimento Água, um excesso de tristeza sobre o movi-
mento Metal, etc. Portanto, podemos tratar de neutralizar estes predo-
mínios de origem cósmica, dietética, psíquica, etc., através do estímulo
do elemento dominante segundo a penta-coordenação.
Independentemente de que tratemos de eliminar a noxa ou fator
incidente mediante medidas profiláticas, ambientais, dietéticas, psicoafe-
tivas, etc., utilizamos o método de neutralização seguindo a ação inibi-
tória do ciclo Ke (em termos gerais). Por exemplo, em uma circunstân-
cia de excessivo estímulo do BP produzida pelo doce, podemos contra
atacá-la através de uma dieta rica em sabor ácido.

291
TOMO I. 4.ª Lição: Biomedições (A regulação energética)

ESQUEMA 144

Ou mesmo com a estimulação do ponto BP1 (Yinbai), que é o «pon-


to ácido».

ESQUEMA 145

Um hiperfuncionamento do Fígado, produzido por excesso de cor


verde trataria-se com a cor branca, ou seja, com uma estimulação do
«ponto branco» do Meridiano Principal do Fígado, isto é, o F4 (Zongfen).
Um excesso de tristeza que tenha ocasionado um hiperfuncionamento
do Pulmão, se trataria com a alegria, ou seja, com a estimulação do
«ponto alegria» do Meridiano Principal do Pulmão, isto é, o P10 (Yugi),
etc.
Vemos, portanto, que a neutralização é um conceito básico e um
método de ampla aplicação na clínica, que se utilizará frequentemente
dentro da parte «B» da fórmula terapêutica, isto é, a parte relativa aos
pontos escolhidos de acordo com a causa etiológica desencadeante.

292
Capítulo II: Prática Clínica (Conceitos básicos)

CONCEITO DE MOXAÇÃO (JIU)


Denomina-se moxação ao ato de estimular termogenicamente pon-
tos de acupuntura através da «moxa».
A moxa se elabora com as folhas secas da Artemísia Vulgaris, obten-
do-se uma espécie de algodão de cor marrom, que é apresentado no
mercado em diversas formas, como cigarros de moxas, puro, em cones
sobre base isolante e adesiva, etc.
Segundo a teoria da acupuntura, o calor é uma manifestação energé-
tica que tem diversos graus de incidência sobre o equilíbrio da econo-
mia humana em relação não somente com a sua intensidade, mas tam-
bém com a fonte produtora. O calor do sol, o calor produzido por uma
determinada resistência elétrica, por um atrito manual (contato) ou pela
combustão de substâncias físicas diversas não são os mesmos. Cada calor
possui uma particularidade com relação à sua ação fisiológica, e se dis-
tinguem calores não fisiológicos, negativos ou tóxicos, e calores fisioló-
gicos, entre os quais se destaca a moxa como o mais importante depois
do cósmico.
A moxação, portanto, vem a ser um método de neutralizante de am-
pla aplicação, chegando ao ponto de formar parte indissociável do tra-
tamento por acupuntura, e contar com uma maior aplicação que as
próprias agulhas nos processos de vazio-frio. Portanto, a moxa neutra-
liza ao Yin (frio), potencializa ao Yang (calor) e dissolve a fleuma.
A aplicação de moxas em pontos de acupuntura é uma técnica que
no Oriente se efetua diretamente sobre a pele (quando necessário), pro-
vocando cauterizações do ponto, ou mesmo isolando-o através de uma
ligeira capa de sal comum ou rodelas finas de alho ou gengibre, o que
igualmente permite o efeito termogênico. Com o «algodão» de Artemísia
se elaboram cones de diversos tamanhos, aos quais se aplica fogo no
vértice, provocando sua combustão lenta e gradual até obter um efeito
calórico intenso que, logicamente, em caso de aplicação direta, produz
queimadura. No Ocidente esta última técnica não está permitida e, por
isso, se utiliza o bastão de moxa pura que em estado de combustão é
aproximado e afastado do ponto escolhido, numa técnica de «picoteio»,
procurando evitar a queimadura.
Para realizar moxabustão se utilizará exclusivamente preparações de
Artemísia Vulgaris sem mistura com outras ervas ou substâncias, já que
isso modifica sua emitância energética ou sua vibração e, portanto, não
interatuará sinergicamente com o Qi humano.
As misturas se utilizam com fins anti-sépticos (fungicidas, bactericidas,
etc.) nos orifícios, ao desprender-se um óleo essencial que se mistura com
as mucosas quando se utiliza a moxa oca.

293
TOMO I

5.ª LIÇÃO

ENERGIAS - HUMORES - SANGUE.


SISTEMAS ENERGÉTICOS E PONTOS

CAPÍTULO I: Essência, Forma e Espírito (A teoria Thin-Qi-Shen).


Psicossomática Vitalista, A Criação e a Evolução
CAPÍTULO II: Os seis humores (Shénshui Yinye), o sangue (Xue), as fleumas (Tan),
as estases (Yü), a Justaposição (Jiè) e as 14 energias (Shiyi Qi)
CAPÍTULO III: Conceito de Unidade energética (Zhangfu), de Triplo Aquecedor
(Sanjiao), de Mestre do Coração (Xinbao) e de Rim Yang (Mingmen)
CAPÍTULO IV: Os pontos de reunião (Hui), os pontos das barreiras (La Gan), os
pontos janela do céu (Tian Xue), os pontos mestres (Bai Mai Jiao Hui Xue),
técnicas complementares.
CAPÍTULO I
Essência, Forma e Espírito
(A teoria Thin-Qi-Shen)
Psicossomática Vitalista
«O Absoluto, este estado de coisas onde o
Conjunto constitui um todo, é de alguma maneira
o estado primordial, fora do qual, por divisão e
diferenciação, surge a diversidade dos fenômenos
que observamos.»

P. D. OUSPENSKY
Capítulo I: Essência, Forma e Espírito. (A teoria Thin-Qi-Shen)

A interpretação dos textos antigos (como Ling Shu, Tchang Shi, Su


Wen, e outros) é confusa e aparentemente contraditória com relação às
diversas energias que atuam no organismo (e que se formam através de
complexos sistemas de metabolização e combinação com os humores
orgânicos, o sangue e outras substâncias) e, em particular, no que diz
respeito à sua denominação de acordo com a função específica.
O estudo destes textos, junto com o desenvolvido até agora na 1ª
Lição e o método de dedução lógica dos conceitos, nos permite desen-
volver a teoria THIN-QI-SHEN, que será útil na compreensão de certos
princípios energéticos incluindo os relativos ao «sangue» e «líquido or-
gânico».
Vimos a formação da energia Rong através da alimentação e respira-
ção (Ling Shu, capítulo 16-18). Esta energia circula pelas vias princi-
pais impulsionando o sangue, a fim de alimentar o organismo. Trung e
Hoc:
«A energia é o general do sangue. Se o sangue pode circular é graças aos
‘golpes de espora’ da energia».
Essa energia primária que irrigará todo o organismo também vai
ativar as entranhas seguindo o ciclo de geração, de tal forma que have-
rá uma circulação contínua e permanente de Rong nos órgãos e vísceras.
Esta energia, que se denomina energia Fonte, vai se diferenciar do resto
da Rong por sua ação se dirigir exclusivamente aos Zang e aos Fu.
Essa energia Fonte terá diversos nomes, de acordo com a função es-
pecífica que realiza no órgão ou víscera. E assim se denominará: ener-
gia Gástrica a que atua sobre o Estômago; Esplênica sobre o Baço-Pân-
creas; Hepática sobre o Fígado; Grande Energia Pulmonar sobre o Pul-
mão; Renal sobre o Rim; Cardíaca sobre o Coração...
Com relação aos três níveis do Triplo Aquecedor, a energia do Pul-
mão e Coração (TA Superior) se denomina energia Criadora, a energia

299
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

do Estômago e Baço-Pâncreas (TA Médio) energia Central, e a energia


do TA Inferior, energia Original.
Vemos, portanto, que a energia nutrícia recebe diversos nomes, se-
gundo sua função:

— YONG ou RONG em termos gerais.


— FONTE, atendendo à nutrição das próprias unidades energéticas.
— ESPLÊNICA, CARDÍACA, etc., segundo a unidade específica.
— CRIADORA, CENTRAL ou ORIGINAL, segundo o setor do Tri-
plo Aquecedor considerado (superior, médio ou inferior, respectivamente).
Essa energia Fonte deposita seu Rong a nível orgânico de uma ma-
neira cíclica e permanente, segundo horários já assinalados. Nos órgãos
se produz a seguinte particularidade:
Quando o Rong é abundante, seu excesso ou sua essência, «sua nata»,
é vertida no Rim, em forma de energia Thin. Observamos esta circuns-
tância em todas as manifestações energéticas, pois todos os excessos serão
armazenados no «Rim energético», a fim de ajudar e conservar a ener-
gia Zongqi que, sabemos, está depositada neste nível.

ESQUEMA 69

O Rong que fica no próprio órgão ativa a função deste, permitindo


as reações bioquímicas ou enzimáticas que se produzem «in situ», for-
mando glicídeos, lipídeos, protídeos, glicogênio, vitaminas, etc.

300
Capítulo I: Essência, Forma e Espírito. (A teoria Thin-Qi-Shen)

Essa energia, que ativa a formação bioquímica indispensável na fun-


ção fisiológica, se denomina energia Qi1. Portanto, o Qi será o máximo
responsável pela existência vegetativa, a energia animada que vai se ma-
nifestar através de várias ações, sendo seu primeiro efeito a TERMOGÊ-
NESE ou equilíbrio dinâmico entre frio e calor, entre Yin-Yang. Este
princípio de atuação básico para o desenvolvimento vital gerará como
conseqüência a mutação ou alternância, que carrega em sua essência o
dinamismo, ou seja, o movimento, a função motora ou manifestação
dinâmica desta alternância.
O fenômeno derivado de toda ação dinâmica é uma transformação
ou ação QUÍMICA, que se encarregará de relacionar o ser humano com
seu meio.
Toda transformação química gera uma diferença de potencial entre
os pólos (+) e (-), Yang-Yin, que definitivamente dá continuidade às
manifestações que lhe precedem, criando uma ação recíproca nas dife-
rentes escalas de atuação do Qi.
Com relação a esta última etapa, a função BIO-ELÉTRICA, é preci-
samente onde pretende atuar a acupuntura, superando as etapas de
atuação nos níveis Térmico, Dinâmico ou Químico, onde atuam as te-
rapias ocidentais tradicionais.
A atuação sobre a função última, ou primeira ao mesmo tempo, de
todo desenvolvimento fisiológico, incidirá sobre a totalidade das conse-
quências derivadas da mesma. É por isso que toda alteração bioquími-
ca, biofísica ou térmica teria que estar precedida por uma alteração bio-
elétrica, da qual depende em termos gerais.
Este Qi ou energia de transformação, como o restante das energias
consideradas até agora, deposita-se, quando é abundante2, no nível
supra-renal, circunstância que representamos no seguinte esquema:

1
Qi é sinônimo de energia em geral e pode tornar diversos nomes de acordo com
sua função, localização, manifestação, etc. E assim se denomina:
— Yang Qi, Wei Qi ou Oe Qi, a energia exterior ou defensiva.
— Yin Qi a energia do interior.
— Ying Qi, Rong Qi ou Yong Qi a nutrícia.
— Jing Qi ou Thin Qi as essências ou diversas transformações energéticas.
— Qing Qi ou Tian Qi a energia adquirida da respiração.
— Yuan Qi ou Zhen Qi, conjunto dos Jing Qi, à energia essencial.
— Zong Qi ou Trong Qi, ou união dos Thin sexuais, à energia ancestral.
2
Situação dietética, respiratória e psico-afetiva normal, sem grandes desequilíbrios.

301
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

F BP

R P

ESQUEMA 70

O Thin e o Qi, portanto, apoiarão a energia Zongqi que, como vimos


era a responsável em última instância por toda função orgânica.
A energia Zongqi é a energia PRIMÁRIA, que é transmitida geneti-
camente no momento da concepção, e que tem a característica de ser
irrecuperável. Esta energia (que no feto está apoiada pelo sangue, o Thin,
o Qi, o Shen e o Wei maternos, através do Chongmai, Renmai e Dumai,
os três de origem renal) será, portanto, a mais elaborada, já que sua
formação e transformação se estende até a própia raiz do ser humano.
Esta energia é suscetível de modificação em sua raiz Yin, isto é, em
seu componente psico-afetivo, devido aos fatores de relação do meio em
que se desenvolve o homem. E assim, mesmo que as características Yang
desta energia permaneçam estáveis (código genético somático), pode
modificar-se a função Yin (código psíquico), criando campos de com-
portamento sem relação com a herança.
Esta teoria confirmaria a essência Yin-Yang que estivemos desenvol-
vendo, sendo a função Yang (víscera, +) formadora de uma energia única,
sem especializar, e cuja concretização é a forma, a estrutura; e sendo o
Yin (orgânico, -) o que adapta essa estrutura ao meio, às circunstâncias
de todo tipo que rodeiam o ser humano, criando campos psíquicos,
emocionais, de atuação, etc..., em constante evolução e adaptação.
Isso explicaria porque a mutação permanente não é possível, pois
variando o fator Yang (isto é, a forma, a concretização material da
energia) em seu ritmo de alternância codificado, se formam híbridos sem
continuidade possível. E explica também porque, no entanto, variarão
a personalidade e as emoções, ou o campo psíquico, que admitirá todas

302
Capítulo I: Essência, Forma e Espírito. (A teoria Thin-Qi-Shen)

as mudanças possíveis em relação com a quantidade e qualidade dos


aportes energéticos provenientes da função orgânica em forma de Thin
ou Qi, que por sua vez dependerão de todos os estímulos do meio, como
manifestações energéticas que são (ver evolução e criação).
Isso também explica a relação indissolúvel entre psique e soma, de
tal forma que a conduta do indivíduo e suas qualidades psico-afetivas
vão guardar uma estreita relação com a função orgânica e seu desen-
volvimento. E vice-versa, as alterações fisiológicas orgânicas podem atuar
sobre a esfera psíquica e, em conseqüência, sobre o comportamento se-
gundo vimos na Lei dos Cinco Movimentos e desenvolveremos agora
com o conceito de Shen.
O Qi, assim como o Wei (antes de tomar a via do Fígado, para sua
última purificação) assim como o Thin ou essência Rong, assim como a
energia Genética, se depositam e armazenam no «Rim energético» (Rim
e cápsulas supra-renais), formando as energias denominadas «TESOU-
RO», profundas, Yin por excelência (dado seu longo processo de
metabolização e formação). Existirá no nível renal um predomínio da
polaridade negativa (Rim, máximo Yin), já que a raiz Yang da energia
Zong vai se desgastando em ciclos biológicos progressivos, por sua ação
criadora ou impulsora tanto durante a vida intra-uterina como depois
do nascimento (a matéria ou a forma envelhece, o espírito permanece).
Este predomínio de polaridade está apoiado pela essência Yin do Thin
e o Qi.
Segundo as teorias energéticas, o Qi se materializa, formando me-
dula espinhal e cérebro. É por isso que o cérebro coordena os sentidos
e seus órgãos como consequência de ser o resultante material de todas
as influências a que está submetido em seu processo de formação. Em
termos gerais, pode-se definir ao cérebro e medula espinhal como a
materialização do Qi.
O Qi é a energia que interactua com o meio intersticial, isto é, com a
Água Mãe (H2O+-) ou Shénshui produzida pelo Rim-Yin.
A reação eletrolítica estará em função do Qi, para um diferente Qi
uma diferente reação.
Se partimos do princípio de que todo organismo pluricelular está
nutrido por um mesmo e idêntico meio (Shénshui) ou líquido intersticial
e que a diversidade celular apresenta diferentes necessidades nutricio-
nais, é uma conseqüência lógica que as diversas reações eletrolíticas
produzidas pelo Qi estimulem diversos setores tissulares de uma ma-
neira seletiva.
E assim, se o Qi do Pulmão é abundante ou predominante sobre o
resto dos outros órgãos, a reação eletrolítica (Qi Hua) favorecerá o

303
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

trofismo das células metal (pele, pulmões, pêlos, vias respiratórias). Se


o Qi do Rim é predominante se produzirá reação favorável na matriz
biológica (Shénshui ou meio intersticial) que favorecerá a síntese de íons
Ca, e por isso os ossos estarão bem nutridos. O Qi do BP favorece a síntese
de outro ou outros componentes da biogênese que favoreçam o trofismo
dos adipócitos, etc., segundo vimos na lei dos cinco movimentos.
A união de todas essas variedades de elaboradas energias formam a
que se denomina ESSENCIAL (ZHENG) e que, veremos, tem suas pró-
prias vias de circulação, denominadas vias Curiosas ou Reguladoras.
Porém o Qi não é o último escalão energético, existe ainda uma ou-
tra forma energética própria do ser racional, que se denomina Shen, e
que vem a ser a mais pura e especializada das energias. Sobre a forma-
ção do Shen os textos antigos são muito ambíguos e penetram em cam-
pos filosóficos de difícil interpretação e de essência esotérica. Com base
em seu estudo e interpretação podem-se expor diversas teses em rela-
ção com a existência e formação desta energia, uma das quais desen-
volveremos na continuação (Psicossomática Vitalista).
O ser humano é o único ser vivo que tem capacidade de síntese e
análise das influências de seu entorno, dando uma resposta racional ao
estímulo, podendo neutralizar ou modificar esta resposta em função de
sua própria conveniência. Este princípio mostra-se de acordo com cer-
tas definições chinesas, que falam do homem como «um ente energético
voluntarioso».
Ou seja, existirá uma força, uma manifestação energética, capaz de
adaptar (modificando ou neutralizando) os sentimentos e as emoções à
conveniência e interesse da própria pessoa (podendo inclusive modifi-
car os potenciais energéticos e sua ação fisiológica). Esta força é a von-
tade, e se denominará Zi, fazendo referência à energia total.
O Zi, como manifestação psico-afetiva ou energia Shen, se assenta
de acordo com as bases energéticas no nível renal. É lógica esta locali-
zação, já que o Rim é o lugar de concentração das energias humanas
elaboradas, e temos visto que a qualidade dominante no homem é a força
de vontade.
No entanto, as energias Shen não se limitam somente ao aspecto da
força de vontade. Cada órgão vai ser responsável por um elemento psico-
afetivo ou qualidade específica da área emocional. Assim, no Coração
se aloja o Thân, que engloba a capacidade de compreensão, de apren-
dizagem, de análise e inter-relação dos estímulos e sua manifestação
através da palavra.
O Thân vai ser a mais purificada das energias, essência próxima ao
Ser Supremo, alojada no órgão Imperial: o Coração, representante do

304
Capítulo I: Essência, Forma e Espírito. (A teoria Thin-Qi-Shen)

fogo ou função Yang no eixo Shaoyin (que como vimos é o eixo básico
da economia energética).
Todo o sistema energético tratará de preservar o Thân das agressões
tanto endógenas como exógenas. Assim, existirá o Xin Bao, Mestre do
Coração ou FOGO MINISTERIAL, onde se resolverão as incidências
psico-afetivas, a fim de não perturbar o equilíbrio Thân. Ao Mestre do
Coração lhe corresponde o Mental, ou o conjunto de aptidões psíqui-
cas ou comportamentos.
O Thân, portanto, será o elemento psico-afetivo predominante, e
somente a força de vontade alojada no Rim poderá incidir sobre sua
ação. Vemos que a Água limita o Fogo. Daí conclui-se que é do eixo
Shaoyin que dependerá o equilíbrio básico do ser racional com relação
à sua função Shen, assim como do resto das funções energéticas (já vi-
mos a função termogênica, como princípio vital, dependente deste eixo).
O equilíbrio entre o Thân e o Zi, isto é, o conhecimento e a vontade,
é imprescindível no campo psico-afetivo. Um transbordamento da mente
devido a uma ruptura no eixo (Shaoyin) provocará demência ou libe-
ração do «fogo mental» que não está inibido pela ação da «força de
vontade da água».
No Fígado a energia Shen cria um elemento psico-afetivo denomina-
do Houn, alma vegetativa, espírito, imaginação... Este termo, expres-
são de sentimentos nobres, faz referência à audácia, à valentia, à
magnificência, atributos da alma entendida enquanto nexo de relação
entre a força de vontade e a mente. É a denominada alma vegetativa,
expressão da criatividade e da inventividade.
O Fígado, junto com o Mestre do Coração, forma o eixo Jueyin, ou
dobradiça dos Yin (é o Fogo Ministerial), protetor do plano profundo e,
por sua vez, transmissor a zonas externas do mesmo plano. Fígado e
Mestre do Coração são as roldanas transmissoras, através das quais é
possível a conjunção e mutação da força de vontade e da mente. É o
equilíbrio da balança. É a essência do ser humano: «nem água, nem fogo
psíquicos». É por isso que este plano será influenciado preferencialmente
nas alterações psico-afetivas, como veremos em «Patologias da mente»,
no terceiro tomo.
No nível do Baço-Pâncreas o Shen se denomina Yi ou reflexão, pen-
samento, dedução... É fruto da convengência de todos os elementos psico-
afetivos. É o nível Terra, ou movimento resultante das influências dos
outros quatro, como vimos na Lei dos Cinco Movimentos. Portanto es-
tará, segundo o ciclo Ke, submetido à ação da alma, da imaginação do
Fígado, criando-se um equilíbrio estável entre Imaginação – Reflexão,
de grande interesse nos estudo das alterações psico-afetivas.

305
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

Nos falta por considerar, por último, o termo Po, ou Fluido Vital, que
faz referência à forma como se manifesta o Shen do Pulmão. Po pode
ser traduzido por «estado de ânimo», «impulsão», «ativação»... É o ele-
mento que influi decisivamente na potencialização do restante das fun-
ções. É a denominada alma sensitiva, oposta à vegetativa. Devemos
considerar que o Pulmão é o MESTRE DAS ENERGIAS, lugar de for-
mação de Rong, elemento gerador do Qi e do Shen. É um termo de tra-
dução e interpretação confusa. Aquilo ao que se refere é tido especial-
mente presente em determinados métodos de auto-realização e poten-
cialização energética, que através de certas técnicas procuram alcan-
çar o controle máximo da energia Shen (caso, por exemplo, do Hatha e
Raja Yoga).

ZANG SHEN FUNÇÃO NORMAL FUNÇÃO PATOLÓGICA

F Houn Alma vegetativa, imaginação Cólera, irritabilidade


C Thân Consciência, conhecimento Euforia, emotividade excessiva
BP Yi Reflexão, dedução Obsessão, manias
P Po Alma sensitiva, potencialização Tristeza, pessimismo
R Zi Força de vontade Medo, angústia
MC Mental Conjunto de todos Desorientação, inconsciência
ESQUEMA 71

A maior ou menor capacidade psico-afetiva dependerá, em certa


medida, do potencial herdado (energia Zongqi) à qual, como vimos, se
combinava com o Qi e o Wei para produzir a energia Essencial (Zheng).
Esta energia Essencial irriga todo o organismo, através dos vasos Curi-
osos ou Reguladores, coordenando todas as funções energéticas, isto é:
função defensiva interna (Yinwei), função defensiva externa (Yangwei),
função nutritiva orgânica (Renmai), função nutritiva visceral (Dumai),
função térmica (Frio: Yinqiao. Calor: Yangqiao), equilíbrio alto-baixo
(Daimai), e em seu conjunto (Chongmai).
Através destes vasos o Qi e o Wei se redistribuem, colaboram na função
energética geral e, em particular, ativam as funções das vísceras curiosas.
Portanto segundo o Nei Jing Su Wen, a energia Essencial circulará,
assim como a Rong e a Wei, por todo o organismo, irrigando toda a
economia energética e seguindo uns ritmos biológicos determinados.
O Qi depositado no nível renal é uma energia formada pelas influên-
cias próprias de cada movimento, isto é, no nível do Rim se depositará
o Qi do Fígado, do Coração, do Baço-Pâncreas, do Pulmão e do pró-
prio Rim. O Qi, portanto, é a resultante de todas as influências bioener-

306
Capítulo I: Essência, Forma e Espírito. (A teoria Thin-Qi-Shen)

géticas endógenas e de todas as influências do meio. É uma energia


sumamente elaborada, que se combinará com a Zongqi no nível do Rim,
criando-se uma energia capaz de reagir segundo as características ge-
néticas herdadas, formando as aptidões e o caráter do indivíduo, sua
personalidade; em resumo, seu campo Shen (que como vimos se mani-
festará em diversas formas de atuação segundo o órgão no qual se alo-
je). De toda esta teoria desprende-se um princípio de consideração bá-
sica em energética: a função orgânica e os elementos que constituem o
plano psíquico formam um conjunto indissociável, formam o Dao vital
humano, dependente da energia Essencial.
Sob este ponto de vista pode-se afirmar:

NÃO EXISTE A ENFERMIDADE PSÍQUICA PURA. NEM A SOMÁ-


TICA PURA. DADA UMA PATOLOGIA OU DESEQUILÍBRIO ENER-
GÉTICO, HAVERÁ MAIOR OU MENOR ALTERAÇÃO DE UMA OU
OUTRA ESFERA (PSÍQUICA OU YIN, SOMÁTICA OU YANG), EM
FUNÇÃO DA NATUREZA DO FATOR PRINCIPAL DESENCADEANTE
E EM RELAÇÃO AO COMPONENTE GENÉTICO PREDISPONENTE
(NOÇÃO DE DIÁTESE).

Portanto, o Shen se formará graças à combinação do Qi (energia vital)


com a energia Zongqi (Thin sexual)3. Assim, o Ling Shu (Capítulo 8)
especifica: «a união dos dois Thin forma o Shen». Essa citação se refere
ao Thin sexual masculino e feminino. O mesmo texto especifica no ca-
pítulo 32: «o Shen é a energia Thin alimentícia».
Isso confirma a teoria exposta, enquanto o Shen será, a princípio, até
o momento do nascimento, uma energia herdada, submetida logicamente
às influências maternas. Posteriormente, será uma energia influenciada
pelos aportes alimentares e do meio, que como vimos, formavam o Qi
(energia Vital).
No momento da união do óvulo e do espermatozóide, o Thin sexual
(Yin Yang) se combina, se amálgama, criando um Thin pessoal, pró-
prio, essencial ou primário, que dará o caráter ou personalidade psico-
física do indivíduo. Este Thin essencial sofrerá, durante a gravidez, as
modificações conseqüentes aos aportes maternos, dos quais vai depen-
der. Portanto, essa etapa de formação pode modificar o caráter e a for-
ma de ser em consonância com a qualidade e quantidade dos aportes
maternos.

Observe-se que o termo THIN significa quintessência energética. Sempre que existe
3

uma purificação energética se produz um THIN.

307
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

Estes aportes vão chegar ao feto através do Chongmai («tronco da


vida», «vaso estratégico»), grande tronco energético, macro-regulador
de toda a função orgânica e psíquica, que nutre o útero envolvendo-o
como uma espiral. Este vaso, sendo de origem renal, arrasta todos os
componentes energéticos depositados neste nível que, como sabemos, é
o reservatório energético geral e o lugar de formação da energia Essencial.
A dependência fetal do Chongmai é total e absoluta. Assim, desde o
momento do nascimento, o neonato deve eliminar esta relação de uma
maneira progressiva e não bruscamente; deve ir adaptando sua econo-
mia energética independente, de uma maneira paulatina. Isso evitará
transtornos na sua Energia Essencial, isto é, no campo psico-afetivo,
nutrício e defensivo (lembre-se que Energia Essencial = Energia Ances-
tral, Zongqi + Qi + Wei). Para isso, a mãe dispõe de seu sistema de
materialização de energia Essencial no leite materno, que se acumula
nos seios por transmissão direta do Chongmai.
O Chongmai tem descrito um ramo anterior e ascendente toraco-
abdominal que alimenta os seios (Meridiano Principal do Rim: pontos
R11 a R27). Esse ramo explicaria de uma maneira energética a relação
direta que guardam os seios e o útero.
A adaptação progressiva do neonato aos aportes adquiridos deverá
realizar-se, segundo o critério energético, de uma maneira progressiva
e totalmente espontânea por parte do mesmo. Isso explica porque nos
seios circulam também os Meridianos do Estômago e do Baço-Pâncreas,
sobretudo o primeiro, que dá seu ponto número 17 no próprio mamilo.
Deste ponto de vista, o leite materno aporta energia Essencial atra-
vés do Meridiano Principal do Rim, e energia Rong ou nutrícia, através
do Estômago e Baço-Pâncreas.
Num primeiro momento, e até a normalização da atividade do
Chongmai, o aporte predominante será Yin (colostro e líquido orgâni-
co), formado através da influência do Rim energético. Progressivamen-
te, chegará a ser aporte Yang (componente lático), formado no nível do
Estômago e Baço-Pâncreas, no TA Médio, por absorção de nutrientes
alimentares.
Apoiando esta teoria sobre a formação do Shen, o Neijing especifi-
ca: «O Shen provém do Thin e do Qi».
Aqui o termo Thin refere-se ao Thin Ancestral ou Thin Sexual como nos
assinalava o Ling Shu em seu capítulo 8 e confirmava o Trung e Hoc
(tomo1): «os órgãos sexuais dependem dos rins. Sob sua ação, o Thin ali-
mentar, conservado no órgão Rim, se transforma em Thin Sexual».

308
Capítulo I: Essência, Forma e Espírito. (A teoria Thin-Qi-Shen)

A PSICOSSOMÁTICA VITALISTA EM BIOENERGÉTICA

Para compreender certos fenômenos relacionados com a mente, e que


alguns setores enquadram como parapsicológicos, é preciso, sob nosso
ponto de vista, ter conhecimentos de bioenergética humana. Por isso,
vamos desenvolver suscintamente a teoria Psicossomática Vitalista, re-
tomando os conhecimentos transmitidos pela Tradição Chinesa.
Isso nos permitirá compreender as reações psíquicas do indivíduo sob
o ponto de vista energético e, consequentemente, estabelecer algumas
regras de tratamento nas desordens da personalidade, já que o ser hu-
mano não é somente um ente físico ou material é, sobretudo e funda-
mentalmente, um ente energético.
Os fatores que desde o exterior influem em nossa qualidade humana
podem ser físicos ou de origem telúrico-cósmica, como os alimentos e o
meio natural; e também energéticos, como influxos psíquicos, emocio-
nais e derivados do entorno social.
Em todo caso, é preciso conhecer a relação direta que guarda a fun-
ção física com a psíquica para compreender as pautas de comportamento
e os fenômenos do espírito.
Há milênios a MTC outorga aos cinco órgãos capacidade psico-
somática, partindo de uns postulados gerais que nossa ciência médica
atual ainda resiste em aceitar, ainda que, recentemente, reconheça a
indivisibilidade na dualidade Yin (soma) e Yang (psique) ou Dao fun-
damental do equilíbrio humano.
Existe uma energia básica que marcará as etapas de desenvolvimen-
to e involução4 física do ser humano, assim como traços essenciais de
personalidade. Esta energia é a denominada do «céu anterior» ou
Zhongqi5.
O Zhongqi é resultante da potencial soma originada pela energia
desprendida no momento da união do óvulo (-) e do espermatozóide
(+) (faísca de vida ou sopro inicial) multiplicado pelos milhares de mi-
lhões de células (6 x 1018) que se formam durante o desenvolvimento
embrionário até o momento do nascimento.
Isto é, cada divisão celular é considerada como a replicação íntegra
do gameta, incluída a replicação da faísca inicial. Por um processo de

4
Bioenergeticamente o ser humano involuciona em vez de evolucionar, já que o
Zhong decresce.
5
Alguns autores denominam a esta energia Yuanqi, nós consideramos o Yuanqi como
anterior ao próprio Zhongqi, isto é, o sopro vital ou sopro inicial que permitiu a mutação
de matéria inerte (barro) em matéria viva.

309
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

«alquimia» (transformação de energia em matéria), esta energia se con-


cretiza na medula supra-renal ou origem das medulas, que viria a ser
uma espécie de «urânio biológico» capaz de liberar energia, se preciso,
para a economia energética.
Esta energia acumula-se no denominado Mingmen (porta da ener-
gia essencial) ou cápsulas supra-renais, ou sistema neuro-endócrino (te-
cidos que não se regeneram) para depois redistribuir-se a toda a econo-
mia através dos vasos Reguladores ou Curiosos.
Pois bem, esta energia é irrecuperável, gastando-se inelidivelmente com
o passar do tempo em cinco períodos de crise ou de mudança biológica
muito ativa que segue a sequência de 7 anos na mulher e de 8 anos no
homem, até chegar à plenitude psicossomática da mulher (7 x 5 = 35) anos
ou do homem (8 x 5 = 40) anos, segundo o seguinte esquema.

O patamar de estabilidade será tão amplo no tempo, quanto a ener-


gia de reserva que exista.
Para isso, o corpo físico gera umas energias denominadas do «céu
posterior» obtidas da dieta e da respiração, que se denominam Rongqi
(energia impulsora) e Weiqi (energia defensiva).

310
Capítulo I: Essência, Forma e Espírito. (A teoria Thin-Qi-Shen)

Se nossos aportes dietético-respiratórios são abundantes e harmônicos


apoiarão a ação da energia ancestral, evitando seu esgotamento e per-
mitindo maior expectativa de vida.
O conjunto das energias do céu anterior e do céu posterior denomi-
na-se fator Zhengqi ou essencial. O Zhengqi será o responsável pelas
três funções vitais fundamentais (térmica, nutritiva e defensiva); pela
personalidade essencial ou primária (Jing Shen) e, em seu conjunto, pelas
aptidões gerais para a sobrevivência e a procriação do indivíduo.
Como temos dito, essas energias condicionam os traços de persona-
lidade (Jingshen) provocando as tendências de comportamento subcons-
ciente (energia ancestral) ou consciente (energia do céu posterior).
A personalidade essencial ou primária será, pois, em um momento
determinado, dependente da ancestralidade ou relativamente indepen-
dente em função do predomínio da energia do céu anterior ou do céu
posterior.
Na tenra idade predomina a energia do céu anterior, pois está pra-
ticamente intacta, para progressivamente ir tornando-se predominante
a do céu posterior.
Pois bem, a energia acumulada no denominado Mingmen, ou Rim
Yang (cápsulas supra-renais), interage com o Qi próprio de cada órgão
originando os cinco Bershen ou as cinco atitudes básicas. Essa ação é
possível através do Renmai ou o «mar dos órgãos», vaso regulador do
conjunto dos órgãos que transporta o Zhengqi até cada um deles (ver
esquema A).
Cada um dos Bershen, ou atitudes orgânico-psíquicas, pode estar
harmônica ou equilibrada em sua relação com os ciclos de assistência e
controle (geração – inibição), segundo se observa no esquema B.
No entanto essa harmonia ou equilíbrio pode alterar-se, seja por um
processo patológico ou por uma alteração da energia (Qi) do órgão,
originando um distúrbio emocional ou psíquico (Xieshen), como se des-
creve no esquema C.
O desenvolvido neste esquema seria a alteração psíquica conseqüen-
te a uma patologia orgânica. Mas a ação pode ser inversa, de tal forma
que um fator emocional muito incidente, circunstâncias de relação hu-
mana ou influências estranhas de diversos tipos podem originar altera-
ções por insuficiência do órgão correspondente e, portanto, uma pre-
disposição a padecer de transtornos somáticos no dito órgão, como se
explica no esquema D.
Quando fala-se de insuficiência, refere-se à insuficiência da função
somática; no entanto existe uma plenitude na manifestação, como sinal

311
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

premonitório ao posterior processo patológico orgânico. Essa aparente


contradição se explica da seguinte forma:
Por ser o órgão uma unidade psico-somática, como temos visto, é de
fácil aplicação a dialética Yin-Yang; e assim, a psique é Yin e o somático
Yang. Em toda dualidade Yin-Yang, se um cresce o outro descresce.
Portanto, se a energia do órgão está dirigida a neutralizar o impacto
psíquico (Yin) será em detrimento da função somática (Yang) e,
consequentemente, existirá uma predisposição à alteração funcional.
Ao contrário, o fator agressivo do meio de tipo telúrico-cósmico (di-
eta, odores, cores, notas musicais, etc. - Yang) provocaria uma diminuição
da atividade psíquica e consequentemente uma predisposição à altera-
ção da personalidade. Ver esquema E.
Exemplo: o stress, o desejo descontrolado, a competitividade excessi-
va ou a ansiedade pela posse (fatores patógenos psíquicos muito
freqüentes em nossa sociedade), formam o fator Xieshenhoun (patolo-
gia psíquica do Fígado), estimulando a função hepática que tem que
reagir tratando de neutralizar esta ação.
O estímulo produz uma aceleração na manifestação que pode se
projetar nos cinco movimentos e na área tissular correspondente (mús-
culos, tendões, unhas e olhos).

ESQUEMA A

A personalidade essencial
(Jingshen) + a energia (Qi)
do órgão = a atitude
psíquica, emocional ou
afetiva específica.
JINGSHEN + QIGAN =
HOUN
JINGSHEN + QIXIN =
THAN
JINGSHEN + QIPI = YI
JINGSHEN + QIFEI = PO
JINGSHEN + QISHEN = ZI
HOUN + THAN + YI +
PO + ZI = MENTAL
MENTAL, PORTANTO, É
O SHEN DO MESTRE
DE CORAÇÃO

312
Capítulo I: Essência, Forma e Espírito. (A teoria Thin-Qi-Shen)

Portanto, os sinais serão de plenitude no campo do seu terreno físico


com tensão muscular, contraturas, agitação, olhos vermelhos, etc., po-
dendo afetar a função cardíaca por excesso de geração, segundo a teo-
ria dos 5 elementos ao gerar um Mu-Zi (a mãe invade ao filho), provo-
car uma patologia pulmonar por efeito de menosprezo, etc. segundo
vimos na penta-coordenação.
Se o estímulo provém do meio, por exemplo, o abuso do sabor ácido
e acre (álcool) ou de cor verde, de climas muito ventosos, de odor ran-
çoso, da nota musical Dó, etc., se produz o mesmo efeito de aceleração
na manifestação e uma diminuição na capacidade psíquica. Isso origi-
na alterações em relação ao Houn, isto é, perda do equilíbrio na imagi-
nação, no desejo e na competitividade, originando estados coléricos,
personalidade dominante e irrascível, egoísmo, materialismo, etc.
Como podemos observar as medicinas tradicionais, sobretudo as
vitalistas, contém profundos conhecimentos que nós tratamos de reen-
contrar através da dedução lógica e da opinião comum.

ESQUEMA B

SHENHOUN = Capacidade de imaginação e de competência. Desejo harmônico. Força psí-


quica.
SHENTHAN = Capacidade intelectual e de adquirir conhecimento. Capacidade de comu-
nicação oral, verbo ou palavra.
SHENYI = Capacidade para aplicar o conhecimento de uma maneira adequada, pon-
deração.
SHENPO = Capacidade vital. Consciência de vida. Alegria vital, otimismo.
SHENZI = Vontade, fixação do conhecimento e memória.

313
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

Sob o termo parapsicologia os meios científicos englobam tudo aqui-


lo que não entendem em relação com a mente e o comportamento hu-
mano; da mesma forma que com o termo ideopático ou essencial se
englobam as patologias que não são compreendidas e que geralmente
são de tipo bioenergético.
Nós que estudamos as mal denominadas paramedicinas sabemos ou
nos interessamos pela mente e suas manifestações, pelo céu e seus mo-
vimentos, e algumas vezes por intuição e outras mediante o estudo, a
investigação e a prática clínica, podemos compreender o ser humano
como um ente holístico, indivisível, inserido no cosmos e sujeito a leis e
princípios que não são contemplados pela medicina oficial.
Nossa mentalidade ocidental, ligada ao desenvolvimento acadêmico

ESQUEMA C

PERSONALIDADE ESSENCIAL
+
ALTERAÇÃO DO ÓRGÃO
=
PATOLOGIA DA PERSONALIDADE,
DESARMONIA OU PERTURBAÇÃO DO ESPIRITO:

JINGSHEN + XIEQIGAN = XIESHENHOUN


JINGSHEN + XIEQIXIN = XIESHENTHAN
JINGSHEN + XIEQIPI = XIESHENYI
JINGSHEN + XIEQIFEI = XIESHENPO
JINGSHEN + XIEQISHEN = XIESHENZI

(FÍGADO) XIESHENHOUN = Cólera, irritabilidade, irascibilidade, convulsões, espasmos,


olhos vermelhos...
(CORAÇÃO) XIESHENTHAN = Labilidade, euforia, risos e divagações inconsequentes,
logorréia, esquizofrenia...
(BAÇO-PÂNCREAS) XIESHENYI = Obsessão, preocupação excessiva, manias, depressão ob-
sessiva...
(PULMÃO) XIESHENPO = Angústia vital, tristeza, depressão vital, pessimismo...
(RIM) XIESHENZI = Medo, zelos, insegurança, perda da vontade...

314
Capítulo I: Essência, Forma e Espírito. (A teoria Thin-Qi-Shen)

e cultural de traço cartesiano, tem dado origem à ortodoxia científica,


que impede, em muitas ocasiões, compreender os fenômenos do espíri-
to.
É preciso, portanto, estudar e interessar-se pela tradição filosófica e
empírica das civilizações vitalistas que consideravam o ser humano como
um ente energético psicossomático, submetido às leis Universais do
Cosmos, do qual é um reflexo.
O estudo da bioenergética proporciona elementos de julgamento que
nos permitem uma maior compreensão do complexo ser humano, não
somente no campo terapêutico, físico ou químico, mas fundamentalmen-
te na área profunda relativa à personalidade e do espírito.

ESQUEMA D

(Excessiva competitividade, imaginação, (Predisposição a padecer de enfermida-


stress, desejo descontrolado, materialis- des hepatobiliares e de sua área tissular:
mo, irritação, etc.) músculos, tendões e unhas)

(Estados eufóricos, excessivas emoções, (Predisposição a padecer de enfermi-


esforço intelectual e oratória excessiva, dades cardiovasculares, de intestino del-
etc.) gado e de sua área tissular: artérias e
veias)

(Excessiva preocupação, obsessão, fobias, (Predisposição a padecer de enfermida-


manias, etc.) des esplenopancreáticas, gástricas e de
sua área tissular: tecido celular subcutâ-
neo e tecido conjuntivo)

(Ansiedade, angústia, ambientes deprimi- (Predisposição a padecer de enfermida-


dos, etc.) des pulmonares e de intestino grosso e de
sua área tissular: pele e pêlos)

(Medo, zelo, insegurança, uso constante (Predisposição a padecer de enfermida-


da força de vontade, etc.) des renais, vesicais e de sua área tissu-
lar: ossos e dentes, sistema endócrino,
etc.)

315
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

ESQUEMA E

ESQUEMA DE UM ÓRGÃO COMO UNIDADE ENERGÉTICA


PSICO-SOMÁTICA

316
CAPÍTULO II
Os seis humores fundamentais
Shénshui, Yinye, Jing, Jingye, Gusui y Xue

— O sangre (Xue)
— As fleumas (Tan)
— As estases (Yü)
— A justaposição (Jie)
— As 14 energias (Shiyi Qi)
El Absoluto, es decir ese estado de cosas don-
de el Conjunto constituye un todo, es de alguna
manera el estado primordial, fuera del cual, por
división y diferenciación, surge la diversidad de
los fenómenos que observamos.

P. D. OUSPENSKY
Capítulo II: Os seis humores fundamentais

CONCEITO DE LÍQUIDOS ORGÂNICOS (YIN-YE) E SAN-


GUE (XUE)

A teoria dos Yin-Ye, segundo a MTC, colabora com critérios que


consideramos de grande interesse no conhecimento da fisiologia dos
humores orgânicos e sua relação com o sistema orgânico-visceral.
Parte-se da existência de um humor primário chamado Shènshui, «a
água mãe», que em combinação com os diversos compostos químicos
elaborados pelas células, formarão os humores orgânicos necessários
para a hidratação e lubrificação de todo o organismo.
Esta «água mãe» forma-se no nível renal mediante um processo de
separação e depuração (filtragem glomerular) do componente aquoso
do sangue.
De acordo com as teorias da MTC, o Rim Yang (supra-renais) for-
neceria a energia necessária para que o Rim Yin (órgão Rim) realize a
custosa dupla osmose que produzirá água iônica, isto é: H2O± ou líqui-
do cristalóide (sem compostos químicos em solução) necessário para a
nutrição celular ou líquido intersticial.
De fato, sabemos por biologia moderna que a célula nutre-se de com-
postos iônicos que são transportados através da água. Esta água forma
uma capa denominada capa de aderência à membrana plasmática, que
permite o intercâmbio extra-intracelular, já que os poros da membrana
celular são tão sumamente pequenos (10 Å de diâmetro) que impedem
a entrada de compostos coloidais.
Portanto, a água, como solvente biológico universal, transporta os
componentes biogenésicos maiores (Ca, Na, K, Fe, Mg, etc.) em forma
iônica, circunstância necessária para nutrir a célula.
O coração, o lugar de reunião do sangue, mediante o impulso car-
díaco produzido pela energia vital (Tong ou Qing) proveniente do pul-
mão, envia o sangue ao rim, onde se realiza o processo de extração.

319
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

O rim, graças à energia da bexiga, impulsiona a água mãe a todo o


organismo para nutrir as 6 × 1018 células humanas. Por isso 60 % do
organismo é água, por ser o elemento vital necessário para realizar o
primeiro mandato da sobrevivência ou nutrição celular.
O Rim Yang seria a bateria, ou fonte de energia necessária para que
o Rim Yin (instalação depuradora) realize a biotransformação do san-
gue (Qihua).

OS SEIS HUMORES FUNDAMENTAIS (Shènshui, Yinye, Jing,


Gusui e Xue)

De acordo com a MTC, os líquidos orgânicos podem ser classifica-


dos em dois grandes grupos. Os fisiológicos e os patológicos. Sobre os
segundos faremos referência ao falar das fleumas (Tan), das muco-
sidades (Tanyin) e do edema (Tanshui).
Sobre os primeiros é preciso desenvolver uma hipótese inicial que
permita enquadrar estes conceitos de uma forma ordenada, a fim de
compreender o significado dos diferentes termos empregados habitual-
mente nos livros texto.
Desenvolveremos esta hipótese sobre o princípio geral de que todos
os humores orgânicos têm uma origem comum, o Shènshui (água do
rim) e que o restante são sucessivas transformações que se realizam sob
a influência das diversas energias dos órgãos e das vísceras.
Logicamente, com essa hipótese pretendemos somente elaborar uma
estrutura docente que permita compreender de uma maneira racional
e global a interdependência de todas as estruturas energo-químico-físi-
cas desde o Qi até o Xue.
Partimos do fato de que no Rim se produz o grande Qihua, grande
transformação capaz de extrair do sangue as substâncias nocivas (que
se expulsarão através da urina) e o humor primário, ou água mãe, que
se distribui a toda a economia celular a partir do mesmo (conceito ori-
ental de diálise).
Essa ação de separação (dupla osmose) glomerular exige um gasto
importante de energia que é obtida diretamente do Rim-Yang (primei-
ra ação do Zheng, ou função de sobrevivência).
O líquido mãe, ou Shèn (Rim) Shui (água), seria a água pura ou água
energética (com cargas iônicas), elemento nutriente da célula (capaz de
aderir-se à parede plasmática) e único composto químico capaz de
permitir os intercâmbios intra-extracelulares (ver fisiopatologia do R no
tomo III).

320
Capítulo II: Os seis humores fundamentais

+ (R +) –

(R –)

Xue (do coração)
Shénshui
(líquido
intersticial ou
Shénzuo (urina) água mãe)

A ação química das diversas células projeta no líquido extracelular


compostos obtidos a partir de sua ação metabólica, formando-se diver-
sas combinações humorais que têm como componente essencial a água,
seu veículo de transporte e solvente. Sob a ação específica de cada uma
das diferentes atividades celulares de cada órgão se formam determi-
nados humores aquosos, ou pouco densos, que se denominam Yin ou
Jin e que a MTC relaciona com cada um dos cinco órgãos.

O Yin ou Jin do Fígado são as lágrimas (Lei), por isso o Fígado pode
ver.
O Yin ou Jin do Coração é o suor (Han), por isso o Coração pode
sentir.
O Yin ou Jin do Baço-Pâncreas é a saliva (Tuoye), por isso o BP pode
provar.
O Yin ou Jin do Pulmão é o líquido claro nasal (Biti), por isso o Pul-
mão pode cheirar.
El Yin ou Jin do rim é o líquido auditivo (Nei Reshi Zhong), por isso
o Rim pode ouvir.

O Rim obtém, a partir da ação de seu Thin (Qi) específico, uma sé-
rie de humores de maior densidade ou mais biotransformados, que dão
origem ao líquido sinovial, ao líquido célafo-raquideano, à secreção
vaginal, etc., e a estes humores denomina-se líquidos Ye.

321
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

Ainda assim, cada um dos cinco órgãos é capaz de elaborar através


do Thin próprio uns humores específicos que são sua essência (Jing), e
aparecem:

O Jing do Fígado é a bile (Danzhi).


O Jing do Coração é o plasma (Xue Jiang).
O Jing do Mestre do Coração é a linfa (Linba).
O Jing do Baço-Pâncreas é a insulina e os sucos espleno-pancreáti-
cos (Yi Dao Sul).
O Jing do Pulmão é o muco (surfactante pulmonar) (Nongbiti).
O Jing do Rim é o sêmen (Jingye).
O Jing das vísceras produz as diversas secreções elaboradas pelas
paredes internas das mesmas.

Da quintessência do Rim produz-se, como último estágio neste pro-


cesso, a medula óssea (Gusui) que aporta os elementos sólidos ao sangue.
A união dos Yin, Ye, Jing, das medulas (Gusui) e da água mãe
(Shènshui) forma o «magma nutritivo», ou a base físico-psíquica de nossa
economia, que é o sangue (Xue).
O lugar de reunião é o Coração e o lugar de separação é o Rim, órgãos
que formam o eixo básico da economia. O fogo do Coração, represen-
tando o Yang supremo ou luz, e a água do Rim, representando o Yin
máximo ou água. Os dois componentes básicos para que exista vida
orgânica.
A partir deste esquema desprendem-se todas as funções e atividades
dos Yin-Ye, dos Jing e do Xue, ainda que na continuação teremos em
abundância algumas particularidades dignas de serem mencionadas,
que podem nos fornecer dados de valor semiológico e diagnóstico.
Os Yinye e os Jing tem como missão fundamental umedecer (Zi Run),
transportar nutrientes (Ru Yang), fluidificar o sangue (Jua Li Xue) e
manter o equilíbrio frio-calor (He Tiao Han Re), por isso sua insufici-
ência pode acarretar sinais de secura (descamação, constipação, secu-
ra de mucosas, etc.); patologias degenerativas por falta de aportes
(osteoporose, anemia, etc.); estase de sangue por excessiva concentra-
ção ou alterações circulatórias; desidratação, hiperidrose, desequilíbrios
térmicos, etc.
O Xue tem como missão fundamental epicentrar toda a economia
psico-física através das funções de nutrição (aportes), hidratação e su-
porte do Shen. Por isso, quando se altera sua constituição tanto em
qualidade como quantidade, provocam-se múltiplas alterações físicas e
perturbações mentais.

322
Capítulo II: Os seis humores fundamentais

Vemos como o Xue é a resultante final de um longo processo que


começou no T’Chi, ou primeiro Qi. Isto é a verdadeira essência da MTC
e origem do Tao Vital, representado pelo binômio Qi-Xue, entes que
interferem e relacionam-se intimamente. O Qi é o comandante do Xue
(guiando-o e impulsionando-o) e o Xue é a mãe do Qi (gerando-o, ao
nutrir as estruturas que permitem sua elaboração).

O CONCEITO DE SANGUE

Do ponto de vista oriental, sangue e energia são em última instân-


cia uma mesma coisa. São os componentes do Tao Vital, isto é, o Yang
= energia e o Yin = sangue (ou energia materializada). É o Tao Vital
em sua mais pura expressão. A energia será a Essencial, ou soma de
todas as energias, e o sangue é o componente ou extrato material re-
sultante de todas as funções bioquímicas provocadas sob a influência
dela.
Assim, o sangue será o resultado da soma das ações desencadeadas
pelo Thin, o Qi e o Shen, no nível visceral e orgânico. No sangue estão
as concretizações materiais realizadas por toda a ação bioenergética
essencial, desde, por exemplo, a ação de uma cor até a influência mag-
nética de um astro. Toda, absolutamente toda manifestação energética
endógena ou exógena será um fator de incidência sobre a composição
sanguínea. Os odores, os sabores, os influxos cósmicos, psico-afetivos...,
por fim, qualquer das influências relacionadas a cada movimento são
potenciais que incidem sobre o «líquido vital».
Toda função bioquímica, ativada pela energia essencial, produz ou
concretiza a forma física através de múltiplos componentes que são
veiculados pelo sangue até a última célula orgânica.
Do ponto de vista tradicional, o sangue é a combinação de todos os
humores orgânicos, somado a todos os componentes bioquímicos gera-
dos no organismo sob a ação do Qi e da energia Essencial.
Portanto, o líquido orgânico (Shènshui) tem várias fases de evolu-
ção até chegar a formar o sangue, todas elas dependentes da ação
metabolizadora dos órgãos. No entanto, o sangue é o conjunto de to-
dos estes fatores ou líquidos específicos mais os componentes glucídicos,
proteicos, etc., que elaboraram as unidades energéticas Yin através do
Qi, e as denominadas vísceras curiosas, através da energia Essencial.
A circulação e formação do sangue implica as 12 unidades ener-
géticas.
E assim os textos antigos, como o Suwen, assinalam: «o Coração

323
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

recheia os vasos sanguíneos». É o impulsor de todas as substâncias que


em direção a ele, como máximo Yang, se elevam a toda a função
energética (Nan King, dificuldade n.º 31).
De sua parte, o Ling Shu (capítulo 8) nos especifica: «o Fígado con-
serva o sangue». O papel do Fígado, como componente do TA inferior,
é o de metabolizar as substâncias que a ele chegam a partir dos intes-
tinos e do movimento Água (Rim e Bexiga) e impulsioná-las ao TA
superior, isto é, ao Coração (Ciclo Sheng).
O Baço-Pâncreas desempenha um papel importante na formação do
sangue e em sua regulação circulatória, já que implica o primeiro está-
gio de sua formação a partir dos alimentos. Posteriormente, é o reser-
vatório de onde parte o sangue rumo ao TA superior (função de
oxigenação e impulsão). E assim, o Nei King (capítulo 18) diz: «o TA
médio recebe a energia dos cereais, purifica os resíduos alimentares,
destila as substâncias líquidas1 e as transforma em quintessência (subs-
tâncias puras), para levá-las aos vasos pulmonares, a fim de convertê-
las em sangue». Esta última função corresponde ao Baço-Pâncreas que,
como vimos na Lei dos 5 Movimentos, é o receptor e redistribuidor de
todas as ações orgânicas.
Em outro parágrafo do Suwen (capítulo 2) lemos a respeito do Pul-
mão: «todos os Mai (vasos energéticos e sanguíneos) se dirigem ao
Pulmão».
Vemos, portanto, duas funções diferenciadas: por um lado a relati-
va ao componente energético que o Baço-Pâncreas absorve da alimen-
tação e envia ao Pulmão para formar Rong (que depois ativa ao Rim,
como seguinte no ciclo Sheng). E por outro lado, aquela em relação ao
componente material, ou sanguíneo que, impulsionado pelo Baço-Pân-
creas (reservatório) se dirige ao Pulmão para sua oxigenação e utiliza-
ção fisiológica, através de seu companheiro no TA superior: o Coração
(ciclo Sheng e Ke).
E assim: «A energia é a que comanda o sangue; quando a energia
circula, o sangue circula». «O sangue é a mãe da energia; quando che-
ga, a energia chega».
Vemos nessa citação do Suwen (capítulo 8) como o Tao Vital tem
seu Yang (energia) e seu Yin (sangue), que se inter-relacionam e são
indissolúveis. Pulmão e Coração (TA superior) são os máximos respon-
sáveis pelo sangue e energia.
E com relação ao Rim, que como sabemos é o reservatório energético
geral e além disso pertence ao movimento água, este terá função de
1
Até aqui se faz referência ao estômago.

324
Capítulo II: Os seis humores fundamentais

metabolizar os líquidos orgânicos eliminando as impurezas (que são


excretadas) e elaborando energia que é impulsionada ao Fígado atra-
vés do ciclo Sheng.
O Rim, do ponto de vista energético, é a «fonte essencial». É dele que
tanto o sangue como a energia são impulsionadas a toda circulação. E
assim, Tchang Tsing Yao define que o Ming Men é o «Mar do Thin/
Sangue»; o Ming Men (VG4) é um ponto lombar onde aflora um ramo
interno do Rim através do Chongmai.
O Rim (energético) armazena jing (essência) que posteriormente ge-
rará a medula, que por sua vez gerará os elementos que formam o san-
gue através de sua ação sobre o resto dos Zang.
Portanto, Xue e Qi têm uma estreita relação. O primeiro depende do
segundo com relação à sua circulação, e o segundo do primeiro com
relação à sua distribuição; é o TAO VITAL, origem do princípio: o «Qi
comanda o Xue; o Xue é a mãe do Qi».

325
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

FLEUMAS

Denomina-se fleuma a toda a substância proveniente do alimento


insuficientemente metabolizado ou biodegradado através do complexo
mecanismo biológico implicado no processo digestivo.
As produções patógenas, ou a «perversidade endógena» como
enfatizam os textos clássicos chineses são, pela nossa ótica ocidental, a
chamada carga tóxica que obstrui as sutis rotas metabólicas e circula-
tórias, degradando o meio intersticial, originando o que em termos
modernos se chama «cluster» ou polimerização excessiva dos humores
orgânicos.

Diversas denominações das fleumas

Dentro destas existem vários graus de evolução de acordo com o estado


de fluidez ou concentração da água e das substâncias que a compõem,
indo do acúmulo de água que forma o edema (Shui Zhong) até a
mucosidade espessa (Tan), passando por um meio-termo de fleuma (Yin).
Em termos gerais, costuma-se falar em todo caso de fleuma (Tan) que
se é muito espessa forma fleuma-mucosidade (Tan-Yin) e que se é flui-
da se chama (Tan-Shui).
Outra classificação que se pode fazer é com relação à sua manifes-
tação objetiva ou perceptível ao tato ou à vista, ou não perceptível po-
rém que possui forma. À primeira se chama You Xing e à segunda, que
não se manifesta externamente, se chama Wu Xing.
Outra classificação habitual é com relação a sua localização interna.
Se a fleuma circula no sangue, se chama fleuma quente (Tanre) e quando
se deposita denomina-se fleuma fria (Tanhan).
Ao depositar-se afetará ao organismo de uma maneira seletiva, de
acordo com a diátese prévia ou terreno debilitado. «A fleuma quente»
(circulante) em combinação com uma insuficiência do terreno Madeira
provocará fleuma-frio-madeira, isto é, depósitos no Fígado/Vesícula Biliar
(músculos, tendões, unhas e olhos) que podem se traduzir pela presen-
ça de cistos hepáticos, fibroses, cálculos biliares, fibromialgias, nódulos
em tendões, etc.
Se a fleuma circulante deposita-se na diátese Fogo, transforma-se em
fleuma frio, produzindo depósitos cardiovasculares, arteriosclerose,
diverticulite intestinal, etc. Se fosse uma diátese Terra, produziriam-se
cistos sebáceos, celulites, obstrução nos condutos pancreáticos, gastrite,
dispepsia, etc. Se fosse uma diátese Metal, produziriam-se dermatopatias,

326
Capítulo II: Os seis humores fundamentais

lesões pulmonares, diverticulite no Intestino Grosso, etc. Se fosse uma


diátese Água, produziria-se litíase renal, vesical, cistos uterinos, miomas,
tofos, etc.
Outra classificação é descrita no Jin Kui Yao Lue de acordo com sua
localização e os sintomas que manifesta. A primeira (Tan Yin) é fleuma
no Yangming e canal interno (E, ID e IG), provocando borborigmos,
dilatação abdominal e anorexia ou diminuição do apetite. A segunda
(Xuan Yin), ou fleuma suspensa, produz sinais de dor torácica e distensão
costal, bem como dor ao tossir. A terceira (Zhi Yin), ou fleuma retida
nos brônquios, produz sinais de opressão torácica, tosse, dispnéia e di-
ficuldade para estirar-se estando deitado. A quarta (Yi Yin), ou fleu-
mas transbordantes, produz edema, sensação de peso no corpo e au-
sência de suor.

Etiologia da fleuma

A formação da fleuma tem diversas origens e pode refletir um com-


prometimento de todo o sistema Zang-Fu, no entanto, o órgão mais
implicado na formação de fleumas é o Baço-Pâncreas por ser o primei-
ro que intervém nos processos de transformação dos alimentos (Hua Gu).
Se o Baço-Pâncreas falha nessa função se formam substâncias insufici-
entemente degradadas que posteriormente afetarão aos três metabolismos
(Triplo Aquecedor).
Ao afetar-se o TA Superior (função cardiorrespiratória) através do
ciclo de assistência (BP-P), se produzirão alterações respiratórias e cárdio-
circulatórias. Ao afetar-se o TA Inferior (função intestinal e nefro-vesical),
ciclo de controle (BP-R), se produzem múltiplas patologias ou transtor-
nos que posteriormente descreveremos.
A fleuma, enquanto agente nocivo, pode associar-se com as cinco
energias exógenas e endógenas para provocar patologias de fleumas-
frio, fleumas-calor, fleumas-vento, fleumas-umidade e fleumas-secura.
Pode se associar a uma insuficiência de Qi, provocando sintomas de
fleuma estancada. Pode se associar com um fator emocional que per-
turba ao Yin do Fígado, produzindo Yang do Fígado que aquece e con-
centra a fleuma, etc.
Logicamente o fator dietético, independentemente da disfunção do
BP, será um elemento prioritário na formação de fleumas. A ingestão
abundante ou alterada supera o poder de metabolização normal do Baço-
Pâncreas, originando substâncias semi-degradadas, sobretudo com a
presença adicional de álcool que origina um «fogo hepático» capaz de

327
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

desencadear a indesejável fleuma-fogo que afeta ao Mental e ao Thân.


A ingestão de alimentos que contenham produtos químicos (obtidos por
síntese) provoca transtornos do metabolismo médio, já que estas subs-
tâncias se comportam como elementos estranhos não metabolizáveis.
Apesar de certo empenho no contrário, o homem segue sendo um ente
natural entre o Céu e a Terra e seu organismo só está preparado para
digerir o que eles produzem. Os aditivos, conservantes, adoçantes, etc.,
são causa de formação de abundantes fleumas, que sobretudo na cri-
ança acumulam-se no TA Superior. Daí que muitos processos asmáti-
cos, alérgicos, sejam na realidade fleumas pulmonares que desaparecem
rapidamente no momento em que a criança deixa de ingerir as gulosei-
mas, refrigerantes, produtos refinados, etc., e volta a uma dieta equili-
brada.
Outra causa que pode produzir fleumas é a hiperatividade absortiva
intestinal (incremento do Yin intestinal) associada a uma dieta carente
de algum componente básico para a nutrição, sobretudo sais minerais
e vitaminas. A necessidade de obter estes aportes provoca um incremento
da absorção, arrastando em direção ao sangue outras substâncias (fleu-
mas) que deveriam continuar seu curso de biodegradação através do
restante do trato intestinal.
Consequentemente diminui o Yang intestinal (hipoatividade peris-
táltica ou motriz), o que aumenta o tempo de trânsito, fechando o cír-
culo vicioso onde mais tempo de retenção gera mais absorção.
Vemos, portanto, que a fleuma é um agente patógeno de grande
importância na MTC, e que pode manifestar-se de diversas formas:

A) No incremento do Fuqi Terra, isto é, acúmulo de substâncias não


degradadas e portanto nocivas para os humores orgânicos, sobretudo
do líquido intersticial (Shènshui). Isso ocasiona a formação de agru-
pamentos supramoleculares («cluster») que prejudicam os intercâmbi-
os intra-extracelulares, gerando um nível de toxicidade e fome celular
que resulta numa precariedade mais ou menos intensa em relação com
o grau e tempo de exposição. É o que chama-se em Medicina Natural
de «leito mórbido». É frequente nestes casos o aparecimento de edema
como um sinal manifesto de toxicidade interna.
B) Como consequência do anterior altera-se de uma maneira geral
o Qi e o Xue produzindo uma síndrome Bi ou Pei (estancamento energé-
tico e/ou sanguíneo capaz de produzir dor, parestesias, incapacidade
funcional, abcessos, cistos, nódulos, etc., sobretudo em nível articular).
C) Alterações nos movimentos de subida e descida (Qiji) próprios
de cada unidade energética, por exemplo: vômitos e náuseas no Estô-

328
Capítulo II: Os seis humores fundamentais

mago, tosse, dispnéia e opressão no Pulmão, enfermidades císticas no


Fígado, refluxo na Bexiga, etc.
D) Alterações neuropsíquicas quando afeta-se o Thân (Shen puro)
do Coração ou o Mental (Shen do Mestre do Coração) produzindo ver-
tigem, confusão mental, epilepsia, perda de consciência, etc.
E) As fleumas umidade-calor tem uma peculiaridade de ascender
(calor), as fleumas umidade-frio a de descender (frio). Quando ascen-
dem obstruem os cinco sentidos produzindo vertigem, cefaléia com sen-
sação de cabeça pesada, obnubilação, etc., ou então podem estancar-se
na garganta (lugar de frequente obstrução pela grande atividade circu-
latória – ver meridianos distintos) produzindo uma síndrome de Tanyu,
ou «caroço de ameixa», que é a sensação de bola na garganta que não
pode nem ascender nem descender.

A ESTASE (YÜ)

A estase está diretamente relacionada com as fleumas já que é


consequência do incremento de Yin (matéria) com a conseguinte dimi-
nuição de Yang (energia).
No entanto existe uma síndrome denominada estase de sangue
(Yuxue) que se apresenta frequentemente na clínica diária e que cursa
com sintomas de dor com localização fixa, às vezes severa, que se agrava
com a palpação e a massagem. Observam-se na palpação massas fixas
que, se são externas, manifestam uma mudança de coloração na pele
de cor púrpura-violeta, que à medida que desaparecem tornam-se ama-
reladas (tipo hematoma). Se existem hemorragias, podem aparecer coá-
gulos (na menstruação). A persistência da estase pode produzir a des-
truição do parênquima adjacente, como ocorre nos infartos, úlceras vari-
cosas, gangrena, etc. Como sinais gerais a pele está rachada, escamosa,
desidratada, de cor escura, podendo aparecer petéquias (pontos verme-
lhos) ou até mesmo hematomas; a tez, os lábios e a língua tem cor malva,
violácea ou negra e o pulso é fraco, profundo e intermitente.
Em sua etiologia está implicado fundamentalmente o vazio de Qi (a
energia impulsiona o sangue), sobretudo nas síndromes de Feiqixu (va-
zio de Qi do Pulmão); o frio, tanto externo como interno (vazio de Yang);
o calor excessivo que produz secura e portanto concentração; os fato-
res dietéticos que originam «per se» fleumas (alimentos contaminados,
abundantes ou de natureza excessivamente fria ou quente); e as per-
turbações emocionais ao esgotarem os humores e as essências e densificar
o sangue.

329
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

Dentro das causas orgânicas encontramos como as mais habituais,


além do Feiqixu, a insuficiência conjunta dos 3 órgãos sanguíneos
(Sanyinzuxu). O Rim como origem da água e responsável pela forma-
ção dos elementos concretos do sangue (o Rim rege a medula óssea). O
Baço-Pâncreas como regulador da volemia e o Fígado como depurador,
eliminador e filtrador dos elementos tóxicos do sangue. O Coração jus-
tamente enquanto impulsor do sangue, desempenhará um papel impor-
tante nas síndromes Yuxue, ainda que tanto nele como no Pulmão, se-
ria sua raiz Yang (transporte) a implicada (síndrome de Xinyangxu ou
Feiyangxu).
Os mais frequentes na clínica diária são:

— Os Yuxue do Coração, que se manifestam com precordialgia,


opressão torácica, cianose na face, unhas e lábios. Podem evoluir
para um quadro anginoso de miocárdio ou infarto com dor vio-
lenta que se irradia aos membros superiores, ou então síndromes
psíquicas como coprolalia, síndrome maníaca, etc.
— Os Yuxue do Pulmão, com hemoptise, dor torácica, dispnéia, etc.
— Os Yuxue do Estômago, como hematêmese, gastrite hemorrágica,
etc.
— Os Yuxue do Intestino Delgado e Intestino Grosso, com dor tipo
cólica e melenas.
— Os Yuxue do Baço-Pâncreas e Fígado, com esplenepatomegalia,
proliferação cística subdérmica, massas abdominais e hipocon-
drialgia.
— Os Yuxue de útero, de patologia frequente, com o aparecimento
de massas miomatosas, cistos, etc., dores no baixo ventre, altera-
ções e dor menstrual, sangue menstrual escuro com coágulos,
metrorragia, etc.
— Os Yuxue em membros, sobretudo inferiores, com aparecimento
de massas císticas, celulite, hematomas, varizes, etc.

QUADRO SINÓPTICO DE CLASSIFICAÇÃO


DAS FLEUMAS E ESTASES DE SANGUE
FLEUMAS

Shui Zhong – Fleuma fluida ou pouco densa


Tan Shui – Fleuma semidensa
Tan Yin – Fleuma espessa ou mucosidade

330
Capítulo II: Os seis humores fundamentais

Tan You Xing – Fleuma objetiva ou aparente


Tan Wu Xing – Fleuma interna ou não aparente
Tan Re – Fleuma circulante ou quente
Tan Han – Fleuma depositada ou fria
Tan Feng – Fleuma errática (vento)
Tan Huo – Fleuma ascendente (fogo)
Tan Han – Fleuma descendente (fria)
Tan Shi – Fleuma pesada (umidade)
Tan Zuo – Fleuma concentrada (secura)
Tan Yin Ming – Fleuma no estômago e intenstino
Tan Xuan Yin – Fleuma suspensa
Tan Zhi Yin – Fleuma bronquial
Tan Yi Yin – Fleuma transbordante

ESTASE DE SANGUE

Xin Yu Xue – Estase do coração


Fei Yu Xue – Estase do pulmão
Wei Yu Xue – Estase do estômago
Chang Yu Xue – Estase do intestino
Pigan Yu Xue – Estase do baço-pâncreas e fígado
Nuzibao Yu Xue – Estase de útero

A JUSTAPOSIÇÃO (JIE)

O fator epidêmico ou protovírus pode transformar-se em fator


patógeno cósmico Liuyin ou vírus quando é capaz de vencer a barreira
energética homeostática ou halo radioativo de energia Wei, os sistemas
energéticos colaterais e principais, afetando às vísceras, órgãos, humo-
res e sangue, segundo essa ordem evolutiva.
Até chegar à víscera ou órgão o Liuqi ou protovírus denomina-se
energia perversa Xieqit’chi e é capaz de produzir múltiplos quadros
denominados síndromes Bi ou Pei reumático, alterações de colaterais e
quadros reativos diversos, seguindo o seguinte esquema:

a) Ruptura do equilíbrio: o Liuqi (protovírus) se converte em Xie-


qit’chi ou energia perversa cósmica.
b) Síndrome Bi ou Pei exógena: afetação de colaterais (Meridianos
Tendinomusculares, Meridianos Luo Longitudinais., Meridianos Distin-
tos, Meridianos Principais).

331
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

c) Síndrome Bi ou Pei endógena: alteração funcional de vísceras,


órgãos e tecidos.
d) O Xieqit’chi ou energia perversa se estende aos diversos humo-
res orgânicos e o sangue, convertendo-se em vírus (Liuyin) ou fator
epidêmico cósmico.
e) Se predomina o frio-umidade, ou Liuyin Yin, se afetará priorita-
riamente o sistema Fu (Yang), ou seja, as vísceras; se predomina o ca-
lor-secura, ou Liuyin Yang, se afetará prioritariamente o sistema Zang
(Yin), ou seja, os órgãos.
f) O frio-umidade evolui em direção à materialização, originando
a formação de fleumas (tan), acúmulos (Yu) e neoformações; o calor-
secura evolui para o Fogo (Huo), ou destruição de tecido.
g) Se existir fator latente (Fuqi), o Liuqi ou protovírus pode se con-
verter diretamente em Liuyin ou vírus, afetando de uma forma aguda
aos colaterais, principais e sistema orgânico-visceral.
Para que o Liuqi possa converter-se em Liuyin é preciso, portanto,
que se produzam uma série de circunstâncias próprias, ou seja, que se
somem simultaneamente vários fatores capazes de superar todo o com-
plexo sistema energético, visceral e orgânico e possa afetar aos humo-
res e sangue.
Denomina-se justaposição à conjunção de fatores da mesma polarida-
de ou tendência, que provocam um efeito estimulante e que, se o fazem
em excesso, produzem patologia.

A) De acordo com isso, a conjunção de fatores Yin, como:


— As dietas Yin e excessivamente frias (verduras, frutas, etc.) ou de
natureza fria.
— Os distúrbios emocionais Yin, como o medo, a tristeza, etc.
— A atitude Yin: passividade, frieza, introversão, etc. (vazio congênito
de Rim Yang).
— O frio-umidade exógeno ou endógeno.

Seriam a justaposição de Yin; podendo produzir:


— Síndrome Bi ou Pei, ou reumatismo frio-vento-umidade.
— Alterações viscerais: cólica, diarréia, cistite, alterações biliares,
dispepsia, etc.
— Formação de fleumas frias: cálculos, cistos, acúmulos flemosos, etc.

Se há fator Fuqi, se produzirão as enfermidades víricas Yin (em rela-


ção com o frio), gripe, catarro, etc.

332
Capítulo II: Os seis humores fundamentais

B) A conjunção de fatores Yang (justaposição de Yang), como:


— As dietas Yang e excessivamente quentes (carnes, hidratos de
carbono refinados, etc.) ou de natureza quente.
— Os distúrbios emocionais Yang (competitividade, promiscuidade,
materialismo, desejo exagerado, euforia, etc.).
— A atitude ou personalidade congênita yang (hiperdinamismo,
extroversão, etc.) (predomínio de Rim Yang).
— O calor-secura do meio exógeno ou endógeno.

Seriam a justaposição de Yang, podendo produzir:


— Peis ou reumatismo calor.
— Diminuição dos humores orgânicos (hepatopatias, nefropatias,
etc.).

Se há fator Fuqi, se produziriam as enfermidades que produzem fogo


(Huo) ou destruição de tecidos, ou víricas Yang (em relação com o ca-
lor): herpes, hepatite, hepatopatias diversas, até a afetação da estrutu-
ra mais Yin ou íntima do sangue que é a célula branca.

333
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

AS 14 ENERGIAS BÁSICAS (T’Chi, Tian, Thin, Tinh, Jing, Qi,


Shen, Zhong, Yuan, Rong, Tong, Zheng, Wei e Xie)

É preciso, com o objetivo de uma melhor compreensão da etiologia e


patogenia clássicas da MTC, ampliar os conceitos básicos de energia (Qi),
sangue (Xue) e líquidos orgânicos (Yinye).
O Qi, o Xue e os Yinye são a base substancial do organismo, sendo o
sistema Zang-Fu (órgão-víscera) e o sistema energético (Jing Mai Luo)
sua base estrutural.
Neste trabalho, como em outros onde podem existir diferentes crité-
rios, seguimos os termos aplicados pelo Dr. Van Nghi e a escola france-
sa moderna que representam, essencialmente, o primeiro estudo cientí-
fico comparado de Medicina Tradicional Chinesa.
Dado que a escrita ideográfica (que expressa diferentes idéias em
relação com distintos contextos) é essencialmente relativa, como sua
própria origem; que na China existiam certos dialetos antes da estrutu-
ração linguística de Mao; que os tratados mais importantes de Acupun-
tura foram escritos há mais de 2000 anos, é lógico que existam diferen-
tes critérios interpretativos ainda na própria China.
Em nossa ânsia de ensinar a Acupuntura sob um aspecto metódi-
co, racional e lógico, temos seguido, em caso de dúvida, o que refere a
escola ocidental com relação à terminologia comparada. Por isso pro-
pomos os seguintes termos que são os que utilizaremos no conjunto da
obra.

1.º) T’CHI – A energia

O T’Chi é a denominação geral de energia, sem diferenciar suas ca-


racterísticas e origens. É a energia que impregna todo o Universo, seus
entes e manifestações. Viria a ser o princípio Yang do Tao Universal,
cujo Yin seria a matéria. Dentro do contexto filosófico taoista, funda-
mentado na dualidade oposta, complementar e integradora, o T’Chi faria
a parte dinâmica ou manifesta do UM, sendo o Yin a parte latente, a
não-manifestação. Ambos compõem o DOIS de Lao Tze, ou a bipolari-
zação da Singularidade Inicial. São o ânodo-cátodo, o positivo-negati-
vo, etc., que permitem a existência do TRÊS, ou mutação, como origem
da vida. A vida é uma constante e permanente mutação de Yang a Yin
(inspiração-expiração, sístole-diástole, simpático-parassimpático, etc.).
Devido à dificuldade que se supõe para os ocidentais, sobretudo os

334
Capítulo II: Os seis humores fundamentais

que introduziram a Acupuntura no ocidente no começo do século, com-


preender estes conceitos e já que desde a própria fonte chinesa preten-
deu-se dar um caráter menos esotérico à sua medicina, impôs-se o ter-
mo Qi em substituição ao verdadeito vocábulo T’Chi já que o Qi é uma
energia, como logo veremos, produzida pelos órgãos internos e isso está
mais de acordo com os postulados ocidentais que a comparam com a
energia produzida nos processos metabólico-celulares.

2.º) TIAN – A energia do céu

O Tian pode ser considerado uma parte do T’Chi (Energia Univer-


sal) próprio do entorno meio-ambiental dos seres vivos. No Tian se mis-
turam ou confluem com o T’Chi diversos componentes energéticos e
compostos químicos que moldam o que em medicina chinesa se deno-
mina o componente Yang da energia Rong.

3.º, 4.º e 5.º) THIN, TINH e JING

Para entender os termos THIN, TINH e JING é preciso fazer uma


introdução que nos permita compreender e aplicar estes termos de uma
maneira adequada.
Com frequência são aplicados indiscriminadamente e isso origina
graves confusões na compreensão de princípios bioenergéticos. Através
de uma análise elementar comparada com a fisiologia ocidental estrutu-
ramos uma terminologia que consideramos apropriada para nossos fins
docentes e em consonância com o verdadeio significado original.
Thin, Tinh e Jing são os três componentes derivados da ação biotrans-
formadora (Qihua) da raiz Yin da víscera. Com relação ao órgão, seri-
am Qi, Tinh e Jing, já que no órgão sua quintessência é o Qi.
Em todo processo de combustão lenta ou transformação química se
originam três substâncias básicas:

1.º Uma liberação de energia.


2.º Um componente gasoso, energético-material.
3.º Um resíduo material.

O Thin corresponderia-se com o primeiro. Seria o componente com


menor substrato material e, portanto, utilizável (energia livre) através
da rede energética humana (Meridianos de Acupuntura), permitindo

335
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

os intercâmbios e a mobilização pelas correspondentes rotas eletromag-


néticas do organismo. Seria o componente Yang (+).
Um segundo composto semi-materializado ou semi-energético («va-
por») que origina uma substância facilmente materializável e, portanto,
utilizável tanto pelo sistema energético no momento de sua liberação,
como através das diversas rotas metabólicas do organismo, no momento
de sua condensação ou transformação, trata-se do Tinh. É um compos-
to misto, isto é, energia com abundante substrato material, matéria muito
energética que seria facilmente transformável em energia livre. Este Tinh
será Thin ou Jing em função das necessidades. Ou seja, se fabrica uma
energia (Thin), uma matéria (Jing) ou uma reserva (Tinh) que se trans-
formam em Thin ou Jing dependendo da atividade biológica pontual.
Um terceiro composto materializado que origina substratos físicos a
partir da água, como primeiro resíduo que produz sedimentos cada vez
mais densos até chegar à última essência física específica para determi-
nado órgão ou víscera, denomina-se Jing.
Qualquer deles, por sua vez, manifesta diferentes graus de Yang (ener-
gia) ou Yin (matéria) que levam diversas denominações. Por exemplo,
no Pulmão dentro do Thin (neste caso Qi, por ser órgão) formariam-se
vários tipos de energia. Uma muito expansiva (pouco substrato materi-
al) que se chama Tong ou Qing, que circula conjuntamente com o san-
gue (fogo vital do sangue, também energia pura por seu grande poder
energético). Outra que se chama Qi Fei, menos expansiva (mais estrato
material), que circulará pelos Meridianos Distintos, para ir ao Mestre
do Coração (gasto corrente) e ao Rim-Yang (poupança). Outra denomi-
nada Rong (pouco expansiva, com grande substrato material) que cir-
cula pelas vias Jing Mai ou Meridianos de Acupuntura.
O Tinh do Pulmão, ou vapor que se expele ao exterior, tem diversos
graus de concentração, de acordo com as diversas coesões moleculares
dos gases que expulsamos.
O Jing do Pulmão formará os humores que tomarão diversos nomes
segundo sua intensidade. O primeiro será a água pulmonar, Shui Fei,
passando aos Yin Fei ou fluidos claros pulmonares, os Ye Fei ou fluidos
nasais, e por último o verdadeiro Jing, ou substrato material final, que
seria o surfactante pulmonar.
O Thin é a energia que gera o Jing. O Thin é Yang (energia) e o Jing
é Yin (matéria). Sendo o Tinh um composto misto de energia e matéria,
ou escalão intermediário entre um e outro e que pode se manifestar como
energia ou como matéria em um determinado momento de acordo com
as necessidades biológicas. Portanto, poderíamos definir o Thin ou o Tinh
como as energias capazes de induzir ou provocar todas as reações bio-

336
Capítulo II: Os seis humores fundamentais

químicas e enzimáticas que gerem as essências dos órgãos e das vísceras.


Existirá um Thin do Fígado capaz de elaborar Jing do Fígado (bile), um
Thin do Pulmão capaz de elaborar Jing do Pulmão (surfactante pulmo-
nar), um Thin do Estômago capaz de elaborar o Jing do Estômago (se-
creções gástricas), um Thin do Baço-Pâncreas capaz de elaborar o Jing
do Baço-Pâncreas (insulina, sucos pancreáticos, etc.), um Thin do Rim
capaz de elaborar o Jing do Rim (sêmen), etc.
Para que essas substâncias se formem de uma maneira equilibrada,
tanto quantitativa como qualitativamente e se inter-relacionem, é pre-
ciso que colaborem em sua formação quatro energias diferentes:

1.º A energia própria ou Rong que circula por seu meridiano.


2.º A energia fornecida por seu acoplado, através de sua raiz Yang.
3.º A energia assistencial (ciclo Sheng), através de sua raiz Yang.
4º A energia de controle (ciclo Ke) através de sua raiz Yang.

Essas energias se denominam energias fonte. Por exemplo, o Thin do


Fígado estaria composto por:

1.º A energia fonte hepática (meridiano principal do Fígado) (Rong).


2.º A energia fonte vesicular (raiz Yang da Vesícula Biliar) (Thin).
3.º A energia fonte renal (raiz Yang do Rim) (Qi).
4.º A energia fonte pulmonar (raiz yang do Pulmão) (Qi)

Thin do F (+) M.P. do F

Tinh do F (+ –) C
Jing do F (–)

VB F BP

controle

assistência
R P

337
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

Pode-se expressá-lo fazendo um comparativo com a bioquímica


moderna:
Jing seriam os elementos químicos básicos produtores da vida (C, H,
O, N, P...) que por si mesmos não produzem energia, porém fazem parte
das moléculas básicas produtoras da mesma.
Tinh seriam as moléculas armazenadoras de energia com seu enlace
fosfato. Falamos de ATP, NADP, etc. Ao romper-se o enlace fosfato,
libera-se energia.
Thin é a energia livre liberada pela ruptura do enlace fosfato, são elé-
trons em movimento, uma energia eletromagnética que percorrerá o or-
ganismo por vias de menor resistência que coincidem com os Jing Mai.

6.º) QI – A energia da forma


Em MTC podemos falar de Qi de um maneira global, por exemplo,
quando citamos uma insuficiência de Qi, ou síndrome Qixu, ou pode-
mos fazê-lo de uma forma parcial, por exemplo, vazio de Qi do Baço-
Pâncreas (Piqixu) e não há porque existir contradição nesses termos
sempre e quando estejam suficientemente claros.
O Qi é uma energia elaborada nos órgãos Yin (Zang) (por isso al-
guns autores a chamam Zang Qi), resultante das energias que conflu-
em na raiz Yin de cada um dos órgãos (Thin e Qi) mais os influxos corres-
pondentes do meio exógeno que tenham ação de tropismo sobre o ór-
gão em questão.
Por exemplo, o Qi do Fígado seria igual ao Thin do Fígado, mais a
energia vento, a energia primavera, a energia do sabor ácido-acre, a
energia da cor verde, a energia da nota musical Dó, a energia do odor
rançoso, etc. Ou seja, as energias de relação interna conjuntamente com
as de relação externa.
É esta energia última, considerando o ser humano como um ente
meramente vegetativo, a que se armazena no Mingmen, Rim-Yang ou
acumulador humano (cápsulas supra-renais), com o objetivo primordi-
al de biotransformar o sangue, isto é, extrair deste magma nutrício a
água mãe ou Shènshui (líquido intersticial), fonte de nutrição do micro-
cosmo celular (relação C-R, através da artéria renal). (Ver semiologia
do Rim).
Por isso ao Qi denomina-se também energia da forma. É a energia
capaz de interrelacionar-se com a matéria através do único vínculo possí-
vel que é a água.
É através da água, como elemento químico capaz de servir de meio
de transporte ou solvente biológico, que se produzem as biotranformações

338
Capítulo II: Os seis humores fundamentais

necessárias para a nutrição celular. De acordo com o Qi específico de


cada órgão a reação ou biotransformação (Qihua) determinará um efeito
eletro-químico concreto. Por isso a MTC diz que o Qi do Baço-Pâncreas
se extende à «carne», ou o Qi do Pulmão à pele e ao pêlo, etc.
Dada sua característica de energia que origina a matéria, é a ener-
gia tangível ou aparente e por isso o termo Qi acabou ficando como
sinônimo de energia em geral, agregando-se como sufixo ao resto dos
diferentes tipos de energia, como por exemplo Weiqi, Zhongqi, etc.
O uso deste vocábulo ficou, portanto, estabelecido, e assim se trans-
mite através de todos os textos e tratados de MTC. Isso deu lugar à pro-
dução de enormes contradições entre os diversos autores, e ao fato de
que na própria China tenham dificuldade na hora de falar de Qi como
elemento diferenciado ou como conceito de unidade. Esta dicotomia exis-
tirá enquanto não se levar em conta o verdadeiro sentido do termo Qi.
Não obstante, em nossos textos manteremos o termo Qi como sufi-
xo, ainda que façamos desde aqui esta advertência. O sufixo a aplicar
seria o do T’Chi, como sinônimo de energia originária, ou primeira energia
proveniente do UM.
Tanto o Thin (Quintessência energética dos Fu), como o Qi (Quin-
tessência energética dos Zang) cumprem três funções básicas:

A) Conduzir energia específica (Feedback) a seu acoplado, Thin e


Tinh de víscera a órgão e Qi de órgão a víscera (dinheiro em efetivo).
B) Conduzir energia ao Mestre do Coração através dos Meridianos
Distintos para cobrir as necessidades imediatas (conta corrente) que
exigem a inter-dependência (por isso o ciclo de assistência e controle é
coordenado pelo pericárdio).
C) Enviar a energia excedente através dos vasos reguladores, sobre-
tudo o Du (mar do Thin) e o Ren (mar do Qi), ao Rim-Yang para sua
acumulação (poupança).

7.º) SHEN – A energia psíquica

É a energia resultante da combinação do Jingshen (personalidade


essencial), união do Zhong com o conjunto de todos os Qi, mais o Qi
específico de cada órgão (ver psicossomática vitalista, em fisiopatologia
do Coração, no Tomo III, e a 5ª lição deste Tomo).
Esta tríade: Thin, Qi e Shen forma o que o taoísmo denomina a es-
sência (o Thin gera o Jing), a forma (Qi) e o espírito (Shen).

339
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

8.º) ZHONG – Energia ancestral

O ideograma Zhong faz referência ao conceito básico de «culto ao


ancestral» típico da cultura chinesa e ritualizado como vínculo de união
da família. Indica o papel ou lugar específico (destino) do ser no uni-
verso.
É a resultante da união de duas energias diferentes e complementares,
a energia Yang do espermatozóide (mais dinâmica) e a Yin do óvulo
(com mais potencial de crescimento), marcará as etapas de desenvolvi-
mento e suas características essenciais, primárias ou princípios imutáveis
(código genético).
É a energia fundamental do organismo, enquanto existir, há vida. A
morte biológica implica o esgotamento do Zhong. Esta energia marca o
nível de vitalidade intrínseco de cada indivíduo.
Alguns autores aplicam o termo Zhongqi como energia nutrícia ou
energia que se forma no Pulmão por aportes telúricos (alimentos) e cós-
micos (ar). Nós discordamos desta denominação porque Zhong é a ener-
gia primária prévia ao nascimento (céu anterior) e não a energia pri-
mária depois do nascimento (céu posterior) que circula pelas vias Jingmai
e vasos sanguíneos.

9.º) YUAN – Energia original ou sopro de vida

É a energia Yin do céu anterior, sendo a Yang o Zhong. O Tao pri-


mário está composto pela energia ancestral (Yang) mais o sorpo de vida
da criação (Yin), hálito de vida ou impulso original proveniente do UM
(Princípio Criador) e anterior ao próprio homem. É o sopro original
responsável pela Grande Mutação de matéria inerte em matéria viva.

10.º) RONG – Energia nutrícia

É a primeira energia do céu posterior. É elaborada depois do nasci-


mento pela combinação de duas energias diferentes, a Yin (telúrica) obtida
dos alimentos [(Gu Qi ou Shui Gu) segundo se faça referência à parte
energética (Qi) ou aquosa (Shui) do alimento (Gu)], e a Yang (cósmica)
obtida da respiração (Tian Qi) que se traduz por Qi (energia) e Tian
(Céu). Também pode-se chamar Da (Grande) Qi (Energia).
É a energia que circula pelas vias Jingmai, ou Meridianos Principais
de Acupuntura.

340
Capítulo II: Os seis humores fundamentais

11.º) TONG – Energia torácica ou energia vital

É uma energia elaborada no Pulmão que não integra-se no circuito


energético (Rong), nem condensa-se em muco (Jing do Pulmão). É uma
energia com menor densidade que a Rong (menor substrato material)
que se concentra no Dan Zhong (centro do peito) ou centro torácico,
ou Mestre do Coração (pericárdio), para estimular o ritmo cardíaco e
impulsionar o sangue de uma maneira controlada (ação reguladora do
Mestre do Coração); e também esta energia é a responsável pelo tom
de voz (a voz como manifestação do pericárdio ou do Mental do Mes-
tre do Coração).
Por ser uma energia que circula pelas vias Xue Mai (vasos sanguíne-
os), diferentemente da Rong que circula pelos Jing Mai (vasos energéticos),
a chamamos energia vital.
Pelo fato de acumular-se no tórax, reger o mediastino e dar tom à
voz se denomina energia torácica.
Por ser o componente energético do sangue. Alguns autores a deno-
minam Qingqi ou energia (Qi) pura (Qing).
O Tong ou Qing é uma das três energias tesouro, daí sua importân-
cia em MTC, sendo as outras duas o Zhong e o Shen.

12.º) ZHENG – Energia essencial

Em essência é o sopro correto, em oposição ao sopro perverso (Xie).


Deste princípio se deduz sua origem. Dado que os fatores patógenos
Xie são múltiplos, de acordo com o exposto nas Sanyi (causas patógenas),
e que cada um deles afeta as diversas estruturas energo-físicas (meridia-
nos e órgãos), a energia necessária para manter o fator Xie dentro dos
limites não-agressivos tem que participar do conjunto de todas as ener-
gias elaboradas pelo organismo, tanto as do céu anterior como do pos-
terior.
Se analizamos a estrutura energética humana, observamos que exis-
tem dois grandes centros de reunião de energias: o Xinbao ou Mestre
do Coração e o Mingmen ou Rim-Yang. O primeiro, como conta cor-
rente de gasto contínuo, o segundo como poupança ou reserva energética
que mantém a economia ainda que em casos imprevistos. À semelhan-
ça dos músculos e do Fígado.
O Mingmen se converte, pois, no acumulador das energias elabora-
das antes (Jing inato) e depois (Jing adquirido) de nascer. Teoricamente

341
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

o Mingmen (cápsula supra-renal), ou origem das medulas, tem três


compartimentos físicos resultantes das biotransformações energéticas (Qi
Hua), espécie de alquimia interior capaz de concretizar a energia em
substâncias que logo sejam capazes de degradar-se liberando, por sua
vez, energia biológica.
Existiria um núcleo onde se armazenariam «os sopros originais (Yuan)
e ancestrais (Zong)» (medula supra-renal). Uma capa intermediária onde
se armazenariam as energias elaboradas pelas vísceras (Thin) e pelos
órgãos (Qi). E um córtex externo onde se armazenaria a energia defen-
siva, tanto Yang (E, ID, IG, B e VB) como Yin (BP, R e F).
Todas essas energias são necessárias para manter a homeostase [a
vanguarda (Wei), a retaguarda (Thin e Qi) e a reserva (Zhong)]. Por
isso partem unidas através de um tronco comum (grande condutor ou
vaso estratégico) que se denomina Tchongmai e que vai exteriorizar-se
no períneo, no ponto VC1 (Huiyin), e no VG4 (Mingmen) para dar ori-
gem aos oito vasos reguladores que são, por sua vez, os que coordenam
e regulam todas as vias energéticas principais (Jingmai) e colaterais
(Kingluo).
O Zheng, portanto, é a energia verdadeira e responsável pelo cum-
primento dos «Três Mandatos»: Sobrevivência, Reprodução e Conheci-
mento.

WEI (+)

THIN (+)

YUAN (–)
ZHONG (+)

QI (–)

WEI (–)

342
Capítulo II: Os seis humores fundamentais

O Zheng ou a energia verdadeira é a responsável pelas três funções


básicas da economia humana, premissas necessárias para o desenvolvi-
mento de uma vida harmônica.

A) A função térmica. Permite manter níveis de homeostase quími-


ca (pH estável), homeostase física (isotermia) e energética (equilíbrio Yang-
Yin).
B) A função nutrícia. Permite manter a atividade do sistema Zang-
Fu e, portanto, do Qi, dos Yinye e do Xue.
C) A função defensiva. Permite a homeostase com o meio geocós-
mico (externo ou Yang) e o emocional (interno ou Yin).

Vemos que nestas três funções existem antagonismos Yang-Yin, por


isso cada uma delas está regida por um dos «seis mares», vasos regula-
dores (Qi Jing Mai), da seguinte forma:
Função Térmica Yang (Yangqiaomai). Vaso (Mai) que leva o calor
(Yang) da cabeça aos calcanhares (Qiao) e pelo qual circula Zheng de
retorno.
Função Térmica Yin (Yinqiaomai). Vaso (Mai) que leva o frio (Yin)
dos calcanhares (Qiao) à cabeça e pelo qual circula Zheng ascendente.
Função Nutrícia Yang (Du Mai). Vaso (Mai) governador (Du), ou Mar
dos Meridianos Yang. Sobe a energia Thin + Zhong do cóccix à cabeça
para regular e coordenar o sistema Fu.
Função Nutrícia Yin (Ren Mai). Vaso (Mai) da concepção (Ren), ou
mar dos Meridianos Yin. Sobe a energia Jingshen (Qi + Zhong) do períneo
à cabeça para regular e coordenar o sistema Zang.
Função Defensiva Yang (Yangweimai). Vaso (Mai), defensivo (Wei),
externo (Yang). Baixa a energia Zhong + Wei Yang da cabeça ao Rim
para regular e coordenar todo o sistema de Meridianos Tendino-mus-
culares (MTM).
Função Defensiva Yin (Yinweimai). Vaso (Mai), defensivo (Wei),
interno (Yin). Sobe a energia Zhong + Weiyin do Rim à cabeça para
regular e coordenar todo o sistema de Meridianos Distintos (MD).
O Tchongmai, como oceano ou origem dos seis mares, e o Daimai,
como vaso da cintura que equilibra o alto e o baixo a partir do equa-
dor energético (linha umbilical), completam os denominados oito me-
ridianos reguladores que são, na realidade, o substrato de todo o siste-
ma e que, em síntese, partem todos do Rim-Yang ou Mingmen (origem
do Tchongmai).

343
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

13.º) WEI – Energia defensiva

É uma energia leve, muito elaborada e na qual interfere todo o TA


Médio e Inferior (E, BP, ID, IG, R, B, VB e F). São essências energéticas
cada vez com menos componente Yin (substrato material) até alcançar
tal grau de pureza que se liberam do organismo em direção ao exteri-
or, provocando o halo radiante ou barreira energética humana em con-
frontação com o Liuqi2 ou fator cósmico.
Essa energia se acumula, assim como o resto das energias, no arma-
zém energético humano (Mingmen) (ver processo de formação do Wei)
e deste ponto vai distribuir-se através do Yangwei (mar dos MTM) ao
exterior e mediante o Yinwei (mar dos MD) ao interior.
Pelo Yangwei circula Zhong mais Wei Yang (E, ID, IG, B e VB), para
regular (dar ou tirar) aos MTM, conferindo-lhes as características de
umidade (E), calor (ID), secura (IG), frio (B) e vento (VB), necessários
para manter a homeostase externa (Barreira externa).
Pelo Yinwei circulará Zhong mais Wei Yin (BP, R e F) para regular
(dar ou tirar) os MD, proporcionando a energia necessária para regu-
lar a homeostase interna (Barreira interna).
Por isso a energia Wei é predominante durante o dia nos meridianos
Yang (Tendinomusculares ou externos), período de atividade em rela-
ção com o exterior. Sendo predominante durante a noite nos meridianos
Yin (Distintos ou internos), período de atividade em relação com o in-
terior. Se observamos o processo de formação de Wei, veremos que na
realidade o Wei autêntico se forma no Fígado e Vesícula Biliar como
última fase na «refinaria dos alimentos» e na obtenção do «éter energé-
tico» dada sua capacidade de expansão.
Por isso o Ling Shu, capítulo 76, diz que o Wei emerge, ao desper-
tar, nos olhos para conectar-se com os planos Yang onde começa seu
trabalho de descida. Os olhos estão sob domínio do Fígado através de
um importante ramo, que sobe a energia em direção a eles a partir do
próprio órgão. As pálpebras a acumulam, já que sua elaboração é es-
sencialmente noturna (daí que o Fígado e a Vesícula Biliar sejam os órgãos
do sono – horário madeira de 23 a 3 horas), e logo a enviam para o
VG20 (Baihui), cem reuniões ou ponto nó de todos os meridianos, pla-
nos e colaterais.

2
Deveríamos chamá-la Wu T’Chi de acordo ao anteriormente explicado, e Wu por-
que as energias do cosmos são cinco (Wu) e não seis (Liu), no entanto, continuaremos
com a denominação usual para evitar confusões.

344
Capítulo II: Os seis humores fundamentais

Por isso a energia Wei está composta pela energia do Fígado e Vesícula
Biliar, e as energias aportadas pelo Yangwei ou Yinwei. A primeira seria
somente função quantitativa, ou de choque ante o dinamismo exógeno
ou vento, e as outras seriam as que conferem as características qualita-
tivas (frio-calor-umidade-secura) ao Wei.
O grau de luminosidade ativa dois grandes vasos reguladores que são
o Yangqiaomai (mar da luz ou do calor) e o Yinqiaomai (mar da som-
bra ou do frio), por isso o começo da luz diurna ativa o Yangqiaomai
que sobe o Zheng para a cabeça provocando atividade ou vigília. A falta
de luz ativa o Yinqiaomai que baixa a energia da cabeça para o Rim
(«volta o Yang à sua fonte»)3.
Para ampliar estes princípios, ver o capítulo sobre Vasos Regulado-
res no Tomo II.

14.º) XIE – A energia patógena

A energia perversa, ou «fator mórbido», origina-se devido à ação


excessiva ou escassa das diversas causas que podem potencializar o
funcionamento harmônico da energia humana, tema desenvolvido no
capítulo de etiopatogenia com o título de três causas patógenas (San
Yin).
A enfermidade desencadeia-se por um conflito entre o Zheng, ou
energia verdadeira, e o Xie ou fator patógeno. Isso origina síndromes
de vazio e plenitude, sua evolução e mutação, segundo desenvolvere-
mos em patologia, dentro do capítulo relativo às causas de enfermidade.

3
Deste ponto de vista, tanto o Yangqiao como Yinqiao teriam sentido circulatório
ascendente ou descendente, dependendo se é de dia ou de noite. Isto é, durante o dia
o Yangqiao seria ascendente e pela noite descendente, ao contrário do Yinqiao que pelo
dia seria descendente e pela noite ascendente.

345
CAPÍTULO III
Conceito de unidade energética
(Zhangfu)

Noções de:
— O Triplo Aquecedor (San Jiao)
— O Mestre do Coração (Xinbao)
— O Rim Yang (Mingmen)
El Absoluto, es decir ese estado de cosas don-
de el Conjunto constituye un todo, es de alguna
manera el estado primordial, fuera del cual, por
división y diferenciación, surge la diversidad de
los fenómenos que observamos.

P. D. OUSPENSKY
Capítulo III: Conceito de unidade energética (Zhangfu)

A circunstância do homem como ente microscópico ou reflexo do


meio vem determinada pelo pensamento de Lao Tze: «O UM gera o
DOIS; o DOIS gera o TRÊS, o TRÊS gera os 10.000 seres».
A compreensão da bioenergética parte deste princípio e, portanto,
devemos desenvolver seu significado.
O UM designa o Princípio Primeiro, a Origem, o TAO, a Força Cós-
mica, a energia que é capaz de produzir matéria, de concretizar-se. «Não
há mais que uma energia que é a matéria fundamental constituinte do Uni-
verso, tudo no Mundo é a resultante de seus movimentos e transformação».
A energia como um todo pode polarizar-se em manifestação ou
ausência de manifestação; isto é, produzir ou inibir-se; gerar um esta-
do ativo que alterne com estados latentes sem manifestação, provocar
mudanças ou períodos intermediários de concreção ou expansão. Re-
sumidamente, manifestar-se gerando calor ou permanecer latente não
o gerando.
Esta particularidade do UM gera, portanto, o DOIS: manifestação,
calor, Yang por um lado e não-manifestação, ausência de calor, frio,
Yin por outro lado.
A existência do DOIS (EXPANSÃO-CONCREÇÃO / YANG-YIN /
POSITIVO-NEGATIVO) implica o aparecimento do TRÊS. Este é con-
seqüência, portanto, da polarização do DOIS, o que permitirá a exis-
tência do MOVIMENTO, mutação, vibração, alternância.
Essa mutação ou vibração origina a circunstância de TRANSFOR-
MAÇÃO, que será múltipla (10.000 seres) de acordo com a freqüência,
forma e intensidade da vibração (Esquema 146).
Ao referir-se, portanto, aos dez mil seres, Lao Tse se refere às infini-
tas formas em que pode transformar-se a energia, originando entes ou
criaturas que tratarão de ser causa e efeito dela e, portanto, também
suas manifestações. Se um ente físico tangível, ou uma forma específi-
ca de concreção energética, é capaz de adquirir energias que se libe-
ram de outras formas materiais ou do próprio cosmos e produzir suas

349
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

próprias energias, estamos ante um ser vivo capaz de reagir diante das
manifestações do UM em maior ou menor grau, de acordo com os ní-
veis de especialização e perfeição adquiridos. Essa ação reativa endógena
tratará de manter um estado de equilíbrio entre sua própria circuns-
tância adquirida e as manifestações do UM, pretendendo aproveitá-las
em seu benefício gerando, portanto, sistemas homeostáticos ou regula-
dores dos excessos ou falhas do meio (fatores Zhengqi).
Para que isso seja possível, isto é, para que exista manutenção da
circunstância vital, é preciso adquirir por um lado uma fonte de ali-
mentação material, que permita a manutenção física Yin (Energia
Telúrica) e, por outro, uma fonte cósmica que permita os intercâmbios
e relações com o cosmos imaterial Yang (Energia Cósmica).
Para manter uma circunstância concreta de matéria necessitam-se
sistemas que permitam o aproveitamento dos fatores favoráveis e a
rejeição dos negativos (fatores Xieqi) (Esquema 146).
Com base nesta lógica, o ser vivo físico deve manter um sistema nutri-
cional com aportes concretos (sangue) e um sistema neutralizante mo-
derador das incidências ou progressão da energia cósmica.
Isso nos leva à consideração do TAO VITAL, representado por uma
forma física, concreta, reflexo de toda circunstância endógena, ou pró-
pria, e exógena, ou do meio, e que é a base que sustenta a economia
viva: o sangue.
O sangue (Yin), resultante material, será o meio de manifestação fí-
sico da energia nutrícia (Rong).
O Pulmão forma Rong, o Coração impulsiona o sangue através da
energia Tong que cede ao Pulmão. Vemos claramente a relação da ener-
gia CRIADORA ou TORÁCICA dependente do primeiro núcleo laten-
te, que dá origem ao TA Superior (ação cárdio respiratória)1.
A energia (Yang) será a impulsora do sangue como liberação da
mesma. E assim a energia impulsiona o sangue, o sangue se libera em
energia, gerando-se um movimento ou mutação de cujo equilíbrio de-
pende a saúde.
Este equilíbrio somente é possível através de sistemas que permitam a
neutralização dos efeitos de concreção e liberação, e mantenham uma si-
tuação resultante da própria essência do ser. É preciso a existência de
energias cósmicas que estimulem a circulação endógena neutralizante, ao
mesmo tempo em que é necessário que o sangue libere as energias que
permitam essa neutralização. Portanto, o Yin, a matéria, o sangue2, base
1
Ver noções sobre o TA (Sanjiao).
2
O conceito de sangue sob o ponto de vista da MTC engloba ao conjunto da matéria
orgânica.

350
Capítulo III: Conceito de unidade energética (Zhangfu)

ESQUEMA 146

física do ser vivo, disporá de mecanismos geradores de energia e modu-


ladores da mesma, que permitam uma ação neutralizante; essas estrutu-
ras se denominam UNIDADES ENERGÉTICAS (Ver esquema 148).
Essas UNIDADES ENERGÉTICAS vão cumprir então, com relação ao
ser humano, três funções fundamentais:

351
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

ESQUEMA 147

OS TRÊS PLANOS YIN E SUA RELAÇÃO


BIO-ENERGÉTICA COM OS TECIDOS

PELE

ESQUEMA 148

352
Capítulo III: Conceito de unidade energética (Zhangfu)

1) Gerar energias a partir dos aportes telúricos (alimentos) e dos


cósmicos (respiração).
2) Concretizar energias em formações físicas, isto é, gerar os te-
cidos através do sangue (esquema 149).
3) Determinar o aspecto emocional (Shen).

Assim nascem, portanto, as Unidades Energéticas Yang (geradoras) e


as Yin (concretizadoras), em uma ação mútua de intercâmbio, ou mo-
vimento de alimentação e retroalimentação.
O esquema seguinte pode nos ajudar a compreender este princípio:

YANG
UM COSMOS
DAO PRIMEIRO
Em direção à concreção
PLANOS YANG POLARIZAÇÃO
FUNÇÃO ENERGETICO MOVIMENTO
FISICA MANIFESTAÇÃO

NEUTRALIZAÇÃO
PLANOS YIN
FUNÇÃO ENERGETICO CONCRETIZAÇÃO
QUIMICA

Em direção à liberação

Sangue
10.000

ESQUEMA 149

Pois bem, segundo vimos na teoria THIN-QI-SHEN, os Zang (órgãos)


respondem à circunstância Shen, isto é, à função psico-afetiva, de tal
forma que essa energia (Shen) resultante da união do Qi e do Zongqi
(fenótipo-genótipo?) pode modificar o estado de equilíbrio cósmico-fí-
sico, alterando o desenvolvimento natural da mutação alternante e
cíclica, convertendo-se, portanto, em um fator de possível ação patoló-
gica.
Obviamente, serão também fatores Xieqi todas as circunstâncias
anômalas cósmicas e telúricas (Energias perversas e alterações dietéticas)
e o Zongqi herdado, independentemente de outras menos incidentes
como traumatismos, incisões, etc.
Podemos, então, definir as Unidades Energéticas Zang como UE
PSICOSSOMÁTICAS, isto é, sensíveis a fatores de contribuição em forma

353
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

de Qi (Yang) e aos fatores genéticos em forma de Shen (Yin) e, portan-


to, com capacidade reativa-defensiva (Zhengqi).
Pode-se representar um Zang segundo o seguinte esquema:

METABOLIZAÇÃO MANIFESTAÇÃO

ESQUEMA 150

Essa exposição, que amplia o desenvolvido em capítulos anteriores,


nos permitirá compreender melhor os conceitos de TRIPLO AQUECE-
DOR e de MESTRE DO CORAÇÃO como sistemas energéticos que
englobam as duas funções vitais de GERAÇÃO e de CONCREÇÃO antes
descritas.

354
Capítulo III: Conceito de unidade energética (Zhangfu)

NOÇÕES BÁSICAS SOBRE O TRIPLO AQUECEDOR (SAN


JIAO)

Para fazer compreensíveis os conceitos de Triplo Aquecedor (San Jiao)


e de Mestre do Coração (Xin Bao) realizaremos um esquema compara-
tivo prévio.

TA (SAN JIAO): YANG = SHENG = AÇÃO SIMPÁTICA


MC (XIN BAO): YIN = REGULAÇÃO = KE = AÇÃO PARASSIM-
PÁTICA

Resumindo o esquema:

YANG ® ® YIN

O TA pode ser considerado, então, uma função geral que engloba a


todas as Unidades Energéticas, e que será a encarregada de extrair,
através dos aportes telúricos (Jing Qi) (alimentos) e cósmicos (Qing Qi)
(respiração), as energias necessárias para manter a circunstância vital,
contribuindo com a energia herdada (Zhong Qi) com potenciais que
permitam salvaguardar, no que for possível, seu desgaste.
Como vimos em capítulos anteriores, isso só é possível através de uma
ação de neutralização e adaptação das energias cósmicas através da
energia Wei e uma energia Rong que seja capaz de gerar continuamen-
te uma ação bioquímica ou enzimática, mediante a qual seja possível a
concreção dos diversos tecidos que compõem a entidade física do ser.
Devem então existir mecanismos que permitam elaborar a matéria e a
energia necessárias para o desenvolvimento e manutenção destas ati-
vidades a partir de outros seres vivos.
Nenhum alimento pode gerar um tecido, ou conjunto de células, ou
qualquer parte material do ser vivo, a não ser através da ação especí-
fica da energia desprendida por este alimento e que será por fim o que
provoca a reação enzimática necessária para que a parte material ad-
quirida, e que foi degradada, se converta em substância própria do ser.
Os estados carenciais de qualquer componente básico da economia
física, em pessoas que conservam uma dieta normal, não se soluciona-
rão com aportes massivos de dito componente, e sim com a estimulação
dos mecanismos energéticos que procurem sua metabolização e adap-
tação, o que sabemos ser uma ação própria das Unidades Energéticas.

355
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

Portanto, tem que existir um mecanismo transformador e de adap-


tação dos aportes do meio e dos herdados. Este mecanismo denomina-
se Triplo Aquecedor3.
Pode-se concluir definindo ao TA como o conjunto de complexas
ações bioquímicas e bioelétricas que se desenvolvem através das Uni-
dades Energéticas, e que permitirão ao ser humano obter do meio a
energia suficiente para manter sua circunstância vital.
Como vimos, a circunstância vital vai depender da ação equilibradora
ou neutralizante cósmica (energia Wei ou defensiva) e da ação estimu-
lante circulatória (energia Rong ou nutrícia) que será, em definitivo, o
que provocará a concreção ou circunstância material.
Portanto, o TA será o responsável pela formação de Wei (TA inferi-
or ou Xiajiao) e de Rong (TA Superior ou Shangjiao) a partir do «cen-
tro» – movimento Terra.
E assim podemos esquematizar:

respiração
TA SUPERIOR (SHANGJIAO)

TA MEDIO (ZHONGJIAO)

B F
TA INFERIOR (XIAJIAO)

ESQUEMA 151

Segundo a teoria da embriogênese energética, a união de esperma-


tozóide (+) com o óvulo (-) gera produção de potencial que provoca o
movimento. Esta produção, regida pelo Zhongqi e ajudada pelos aportes
maternos, gera o «primeiro núcleo latente» no nível do que posterior-
mente será a cárdia. O primeiro núcleo latente gera o «segundo» no
nível do fundo e este, por sua vez, o «terceiro» no nível do piloro.
O primeiro se manifesta no nível do Centro torácico (VC17) Shanz-

3
Ver teoria Thin-Qi-Shen.

356
Capítulo III: Conceito de unidade energética (Zhangfu)

gong, o segundo no nível do Centro abdominal (VC12) Zhongwan, e o


terceiro no nível do Centro pélvico (VC6) Qihai.
O primeiro núcleo gera o diafragma, como barreira de separação do
Rong e do Wei e todo sistema conhecido como TA Superior (Shangjiao),
isto é, Coração e Pulmão, bem como Mestre do Coração. O segundo
gerará o TA Médio (Zhongjiao): Estômago e Baço-Pâncreas. E o tercei-
ro o TA Inferior (Xiajiao): Intestino Grosso, Intestino Delgado, Rim,
Bexiga, Fígado e Vesícula Biliar que, como vimos, eram as Unidades
Energéticas implicadas na formação de Wei.
Essa teoria explica o motivo porque muitos autores representam gra-
ficamente o TA como se fosse o Estômago, quando na realidade são os
núcleos genéricos dos quais partem as estruturas físicas das Unidades
Energéticas.

Primeiro núcleo

FUNDO

Terceiro núcleo

ESQUEMA 152

357
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

NOÇÃO BÁSICA DE MESTRE DO CORAÇÃO (XINBAO)

Já designaram a ele diversos nomes de acordo com suas múltiplas


funções, por exemplo: Circulação-sexualidade, em relação com sua fun-
ção coadjuvante do Coração e à sua função de Fogo-Ministerial capaz
de provocar um aumento ou excitação da libido através do Menhoa (calor
na mente).
Denominaram-no Pericárdio-energético, atendendo à sua direta cola-
boração com o Coração, ao qual está intimamente ligado no nível do
TA Superior (Shangjiao) e ao qual protege dos fatores Xieqi.
Também denominam-no Coração-linfático, já que é o principal respon-
sável pela defesa endógena Zhengqi através do Yinwei.
Alguns autores o denominam Constritor do Coração, fazendo referência
à sua ação de controle e regulação.
Sob nosso ponto de vista, o Xin Bao deveria traduzir-se, de acordo
com sua função geral, como equilibrador geral psico-somático ou regu-
lador de gasto energético.
Enquadrado dentro do grupo Zang, terá uma ação predominante-
mente Yin-Zang, isto é, administradora do TA, com o qual forma o
movimento e que, como vimos, teria ação Yang-Fu (geradora).
O Xin Bao vai realizar as seguintes funções vitais na economia
energética:

A) Coletor e neutralizador endógeno das plenitudes dos órgãos e das


vísceras

O Mestre do Coração pode ser representado esquematicamente como


um «centro coletor», no nível mediastínico, ao qual chegam 12 vias pela
esquerda e 12 pela direita, e do qual saem o mesmo número. Afluem
os trajetos orgânicos dos Meridianos Distintos correspondentes às 12
Unidades Energéticas e saem os supra-orgânicos, que elevarão em
direção à cabeça as plenitudes não neutralizadas a fim de liberá-las
através das janelas-do-céu, ou criar alteração de plano por tropismo
energético.
De fato, o trajeto infra-orgânico do Meridiano Distinto, que vai des-
de as grandes articulações (PPMD) até a Unidade Energética, é uma
via de neutralização (Zhengqi) que tratará de evitar a progressão da
energia perversa (Xieqi). Ao não consegui-lo, a noxa origina plenitude
reativa na própria Unidade Energética, que encontrará uma via de li-

358
Capítulo III: Conceito de unidade energética (Zhangfu)

ESQUERDA DIREITA

em direção à cabeça

da U.E.

ESQUEMA 153

beração através do trajeto orgânico do Meridiano Distinto, o qual une


a UE e seu acoplado com o Xin Bao, isto é, faz o efeito de «chaminé de
evacuação».
Este efeito de plenitude no nível da própria Unidade Energética tam-
bém é realizado pelo restante dos fatores Xieqi, como os psico-afetivos
e dietéticos, em maior ou menor proporção segundo a predisposição do
«terreno» [fator Zhongqi e Jing (Energia Essencial)].
O Xin Bao, como regulador de gasto, contém em si mesmo ou é o
resultado dos aportes de todas as UE que, por sua vez, respondem a
todos os parâmetros descritos na relação dos cinco movimentos. Por-
tanto, o Xin Bao contém frio, calor, umidade, doce, amargo, Hun, Yi,
branco, verde, etc.
Deste modo, qualquer que for o fator causador de plenitude, achará
sua neutralização no Mestre do Coração, com o qual pode reduzir sua
influência patógena ou anulá-la totalmente. Se não for assim, o Mestre
do Coração tem a possibilidade de elevar a plenitude reativa através
do trajeto supra-orgânico à zona cefálica, aonde se liberaria ao exteri-
or (Janelas-do-Céu, ou ponto de reunião superior dos Meridianos Dis-
tintos) ou mesmo ao ponto mais elevado do corpo, o VG20 (Baihui), a
partir do qual pode efetuar-se a distribuição do excesso a todos os pla-
nos Yang, segundo a ação de tropismo ou atração de complementares4.

B) Regulador do gasto energético

O Mestre do Coração, como Zang, realizará uma função de «admi-


nistração» e distribuição das energias geradas por seu acoplado TA (Fu)

4
Ver Meridianos Distintos (Jing Bie) no Tomo II.

359
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

em consonância com o descrito para as funções Zang-Fu do resto dos


movimentos.
Dado que o funcionamento do TA implica a formação de diversas
energias humanas, não há dúvida de que o Mestre do Coração será a
UE encarregada de regular o gasto, tornando possível o equilíbrio.

C) Protetor do Fogo Imperial (C) (Mental)

Essa ação é básica e se desprende do fato de que o Coração é o Zang


mais importante da economia energética, o mais profundo, e o respon-
sável pelo Thân, ou Shen máximo, encarregado de toda a função psico-
afetiva. É comparado com o Imperador, que sustenta todos os poderes
e está próximo do Tao. Rege a palavra (o verbo), atributo do Ser Supe-
rior, o que lhe permite desenvolver sua essência.
Para a MTC, as alterações Shen são os fatores Xieqi mais incidentes
e, portanto, o equilíbrio energético dependerá em grande medida da
conservação do Thân.
O MC (Fogo Ministerial) deverá evitar (através de sua ação neutra-
lizante, reguladora, administrativa e potencializadora dos fatores
Zhengqi) a afetação do «Imperador» e sua perturbação, que poderia
originar graves transtornos no conjunto orgânico. Por isso se chama ao
MC de Mental.
O Thân não deve ser perturbado nem por noxas cósmicas, que pos-
sam progredir em direção a ele, nem por noxas Shen. É o Mental (MC)
o que deve responder e neutralizar.
O eixo Jue Yin (F-MC), ou Fogos Ministeriais, cumprirá portanto a
função de salvaguardar a pureza da mente. O Fígado, como base físi-
ca de sustentação (elemento genérico) e modulador do Shen-vontade
do Rim (Yin ascendente), e o MC, como barreira defensiva (pericárdio
energético), com competência autônoma de coordenação geral do sis-
tema.
Se o «Primeiro Ministro» (MC) ou «o Chefe dos Exércitos» (F) (como
último responsável pela energia Wei) não realizam sua função, o Thân
será afetado, provocando-se disfunções profundas que manifestam-se
por alterações psico-afetivas como depressões, insônias, esquizofrenias,
loucuras, etc.

D) Responsável pela libido ou impulso sexual

O ser humano mantém uma circunstância vital muito complexa


devido à predominância de seus fatores Shen, o que provoca uma situ-

360
Capítulo III: Conceito de unidade energética (Zhangfu)

ação de equilíbrio dependente não somente das necessidades vitais pró-


prias de um estado inferior de desenvolvimento, mas também das deri-
vadas do estímulo de relação psico-afetiva.
A tese freudiana encontra certo apoio no conceito oriental dos Fo-
gos Ministeriais e Imperial, já que estes (F – C – MC) são os responsá-
veis pelo tônus muscular (F) e pela vascularização (C), como resposta
Yang ao incremento de sua atividade.
Tanto o Fígado quanto o Coração são coordenados pelo Mestre do
Coração em sua ação de manifestação, o primeiro enquanto acoplado
do plano e o segundo enquanto protetor e mediador.
Sendo o Thân, ou Shen máximo do Coração, o máximo responsável
pela função psico-afetiva, não há dúvida da existência no mais profundo
do ser humano (eixo shao yin) de um predomínio «fogo», que pode
manifestar-se fisicamente ou permanecer em estado latente de acordo
com a ação do MC que o regula.
Os estímulos «Fogo» como a visão, o calor, o tato, a palavra, etc.,
podem provocar uma plenitude nos órgãos correspondentes, Fígado e
Coração, e através da ação coordenadora do MC, um superaquecimento
do mental («Menhoa») que provoca uma resposta geral de aceleração
dos ritmos energéticos e uma excitação da libido.

E) Responsável pela circulação defensiva e coadjuvante na circulação san-


guínea

O MC possui uma relação direta com o Yinwei, inclusive através do


MC6 (Neiguan) estimula-se a atividade do vaso regulador defensivo (Wei)
interno (Yin), portanto tem um papel de impulsor da circulação defen-
siva, o que faz com que mereça o sinônimo de «Coração linfático» como
referência à energia necessária para mobilizar a linfa, igual que a do
Coração com o sangue.
Resumindo, podemos representar suas ações segundo o seguinte
esquema:

361
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

Manifestação e
relação geral
(Potência Homem)
Reunião das energias) B14

F (alimentação)

TA – geração

ESQUEMA 154

362
Capítulo III: Conceito de unidade energética (Zhangfu)

NOÇÕES BÁSICAS SOBRE RIM-YANG (MINGMEN)

Existe uma estrutura energética complexa formada pelo Rim, com


suas duas raízes, mais as cápsulas supra-renais, que denomina-se RIM-
YANG ou «armazém energético» do organismo. No seu nível deposi-
tam-se todas as energias em suas diversas manifestações: Energia An-
cestral, Wei, Thin, Qi, etc., ou seja, a energia Essencial (Zheng).
O primeiro é o encarregado do movimento água – líquido orgânico,
movimento frio; o segundo é o encarregado da regulação energética geral
através dos vasos Reguladores ou Curiosos.
Vemos assim duas ações antagônicas, porém complementares, de cujo
equilíbrio depende toda a economia energética através de sua primeira
manifestação, ou função de regulação termogênica.
Logicamente, ambos os «rins» estão indissoluvelmente unidos, já que
têm o rim órgão como elemento comum.
A Raiz Yin do Rim-Yin atuará em todo o conjunto do movimento
Água metabolizando as energias próprias (Raiz Yin ou metabólica, que
energiza todas as funções dela dependentes - segundo vimos na penta-
coordenação - criando um potencial bioenergético que permite o pro-
cesso bioquímico correspondente à sua área de influência, isto é, for-
mação óssea, medular, neuronal, etc.), e o Rim-Yang atuará como ar-
mazém energético geral
A Raiz Yang do Rim-Yin atuará impulsionando a energia do elemento

RIM RIM

ESQUEMA 155

363
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

água ao Fígado - ciclo Sheng - e ao Coração - ciclo Ke; e o conjunto da


Energia essencial ao Chong Mai, para que depois se ramifique regulan-
do todas as vias principais e secundárias (Ver Vasos Reguladores ou
Curiosos). (Raiz Yang que manifesta ou ativa este movimento - isto é,
sua própria energia Fonte - e que será a encarregada de impulsioná-la
aos diferentes movimentos que com este se relacionam: ciclo Sheng ao
Fígado, ciclo Ke ao Coração).
Essa circunstância energética de «acumulador orgânico» não é for-
tuita e responde ao desgaste irreversível da Energia Ancestral (Zhongqi).
Segundo as teorias energéticas, as cápsulas supra-renais são o depósito
no qual se aloja a Energia Ancestral, convertendo-se, por isso, na glân-
dula mais importante do sistema endócrino, e em estreita relação com
a hipófise através da ação de influência do eixo Shaoyin (esquema 156).
Essa circunstância bioenergética implica que todo o sistema Sanjiao
(formação de energias de aporte) envie seus excedentes para o nível renal
a fim de evitar o desgaste da Energia Ancestral.

FOGO

Hipófise

EIXO-SHAOYIN

Supra-renais

ESQUEMA 156

Seguindo esta mesma linha, os textos Tradicionais indicam: «em uma


circunstância dietética normal, sem grandes alterações psico-afetivas e
ambientais, no adulto o Qi é abundante».
Portanto, este Qi abundante, conjuntamente com as energias Wei
formadas no TA Inferior (Xiajiao), e que vimos se depositavam no ní-
vel renal, virão a ser a vanguarda energética e terão como função pri-
mordial sustentar a circunstância vital, evitando tanto quanto possível
o desgaste da energia mais importante do ser humano: a Zhongqi ou
Energia Ancestral.

364
Capítulo III: Conceito de unidade energética (Zhangfu)

E assim, podemos estimular o Rim (Meridiano Principal) através do


R7, Fuliu, e do P9, Yuji (mãe), conjuntamente. Sua ação Yin mediante
o VB25, Weidao (Mu). Sua ação Yang através do VG4, Mingmen (Porta
da energia essencial), afloramento da energia essencial (Zheng).
Portanto, na tonificação do Rim-Yin se utiliza a seguinte fórmula
abreviada: R7 (Fuliu) – VB25 (Weidao).
Tonifica-se o Rim-Yang com o VG4 (Mingmen) e a raiz yang do Rim,
por meio do B23 (Shenshu).
No entanto, podem se utilizar mais pontos que incrementem este
efeito, e assim, para tonificar o Rim-Yin, além do R7 (Fuliu), se estimu-
la o R3 (Taixi) ou «ponto de absorção» e o R10 (Yingu), ponto água ou
estacional, que como sabemos ativa a função água deste elemento. Isto
costuma ser acompanhado, ainda, pela estimulação do VG4, Guanyuan
(barreira do manancial), devido à sua ação sobre o líquido orgânico, e
do PC46 do lado esquerdo, por sua ação Yin. Resumindo a tonificação
do Rim-Yin: R3 (Taixi) – R7 (Fuliu) – R10 (Yingu) – VB25 (Weidao) –
VC4 (Guanyuan) – PC46 esquerdo.
O Rim-Yang pode ser estimulado combinando o B23 (Shenshu) com
o VG4 (Mingmen) e adicionando os seguintes pontos: R2, Rangu (ponto
Iong – Fogo), para ativar o fogo do Yin a fim de facilitar a mutação do
Yang; VC6 (Qihai), «porta da energia», por ser o regulador energético
do TA Inferior (Xiajiao) e PC46 (direito) por sua ação energética.
Deste modo, a tonificação do Rim-Yang seria: B23 (Shenshu), VG4
(Mingmen), R2 (Rangu), VC6 (Qihai), PC46 (Qimen) direito. Todos eles
em moxação.

365
CAPÍTULO IV
Os pontos de reunião (Hui)
Os pontos das barreiras (La Gan)
Os pontos janela-do-céu (Tian Xue)
Os pontos mestres (Bai Mai Jiao Hui Xue)
Técnicas complementares
El Absoluto, es decir ese estado de cosas don-
de el Conjunto constituye un todo, es de alguna
manera el estado primordial, fuera del cual, por
división y diferenciación, surge la diversidad de
los fenómenos que observamos.

P. D. OUSPENSKY
Capítulo IV: Os pontos de reunião

PONTOS DE REUNIÃO (HUI)

Segundo desenvolvemos na parte sobre a formação das energias de


aporte, o TA médio (Zhongjiao), isto é, o movimento Terra, é o sistema
primário do qual se derivam o TA superior (Zhangjiao) e o TA inferior
(Xiajiao), áreas Rong e Wei respectivamente (esquema 135).

TRIPLO AQUECEDOR INFERIOR

F.
B.

TA.

TRIPLO AQUECEDOR SUPERIOR


ESQUEMA 135

369
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

Deduz-se disso que o conjunto das funções viscerais e orgânicas


dependem em grande parte do E e BP, como centros de gênese energé-
tica e, sobretudo, das raízes Yin dos mesmos.
Assim é efetivamente, já que uma boa primeira purificação (E) e uma
boa metabolização (BP) influirão na produção qualitativa das energias
nutrícias e defensivas.
Podemos realizar uma analogia das funções Fu (visceral) e Zang
(orgânica), comparando-as àquelas de uma central energética (víscera)
que gera um potencial, ou capacidade de trabalho, que posteriormente
se transformará em manifestação diferenciada (luz, calor, energia
cinética, etc.) (função Zang de acordo com o órgão que ative).
Portanto, os pontos Mu dessas Unidades Energéticas, VC12 (Zhong-
wan) como ponto Mu do Estômago e F13 (Zhangmén) como ponto Mu
do BP, vão ser denominados «Centros de Reunião».
O VC12 (Zhongwan) será um ponto a ser considerado em todas as
alterações energéticas das vísceras, convertendo-se por isso e por ser
ponto «Nó» do Taiyin, Mu do TA médio (Zhongjiao) e lugar de concen-
tração da energia do BP, em um dos pontos de acupuntura mais utili-
zados.
O F13 (Zhangmén) é também um ponto muito utilizado na maioria
das alterações orgânicas, fazendo parte dos pontos do Tratamento de
Base.
Mu significa alarme ou mensageiro, isto é, pontos que vão se mani-
festar dolorosos espontaneamente ou à palpação nas alterações ener-
géticas correspondentes à respectiva Unidade.
É por isso que o F13, Zhangmén (reunião dos órgãos) se mostra espon-
taneamente doloroso em situações de hiperatividade de todo o conjun-
to orgânico, circunstância que se manifesta frequentemente na prática
de atividades físicas em pessoas não habituadas. Essa dor denomina-se
vulgarmente como «pontada», e se manifesta no nível da extremidade
livre da última costela, na horizontal com o VC10 (Xiawan), localização
do Zhangmén.
Isso confirma o princípio básico de que plenitude = dor, já que a
hiperatividade dos cinco órgãos, como resposta fisiológica homeostática,
se manifestará em plenitude.

370
Capítulo IV: Os pontos de reunião

PONTOS DAS BARREIRAS (LAN GAN)

Vimos que nas extremidades se situam pontos de comando: «Shu


antigos», Luo, Luo de Grupo, Xi e pontos chave.
Nesta mesma região também existem uma série de barreiras disper-
santes naturais, como os pontos Ting (Jing), Ho (He) e PPMD, que tratam
de diminuir a capacidade de penetração da «noxa cósmica», dispersan-
do-a em áreas adjacentes, o que favorece a resposta defensiva.
No tronco se situam os Shu do Dorso, os Mu, os Centros de Reunião,
os Nós dos Yin, etc.
As relações do tronco com as extremidades e a cabeça são, de certo
modo, reguladas por uma série de pontos que resultam serem pontos
chave no manejo da circulação e intercâmbios energéticos entre essas
zonas. Neste sentido, podemos falar das Grandes Barreiras, que são:
— GRANDE BARREIRA DO DAI MAI (Equador)
— BARREIRA PUBIANA (Trópico)
— BARREIRA DIAFRAGMÁTICA (Trópico)
— BARREIRA CEFÁLICA (Calota Polar Ártica)
— BARREIRA DOS HE INFERIORES (Calota Polar Antártida)

Barreira Pubiana

Consta de uma série de pontos situados no nível pélvico, geralmente


pontos de partida dos Meridianos Distintos (PPMD), que a partir dos
quatro canais energéticos se aprofundam penetrando nas próprias
Unidades Energéticas.
34B 34B
30B 30B
54B 54B

12F 12F

ESQUEMA 136

371
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

Deste fato deduz-se a grande importância que têm estes «lugares de


passagem» entre as energias circulantes nas extremidades inferiores e
as que circulam no tronco, onde se situam as 12 Unidades Energéticas
(ver Meridianos Distintos, no segundo tomo).
Estes pontos se situam em uma linha aproximadamente horizontal
ao VC2 (Qugu), representada no seguinte esquema:

Barreira diafragmática

O diafragma tem uma importância vital em bioenergética ao ser o


elemento limitante entre os «órgãos nobres», Coração e Pulmão (encarre-
gados da formação de energia Rong) e que constituem o TA Superior1
(Shangjiao) e o conjunto de órgãos digestivos e urinários, que constituem
os «Aquecedores» médio e inferior. O TA superior (Shangjiao) é uma função
energética puramente Yang (o Pulmão forma Rong e Tong e os enca-
minha em direção aos Meridianos Principais, o Coração os impulsiona

TAO VITAL EM EQUILÍBRIO

GERA
ENERGIA TA SUPERIOR
QI
DIAFRAGMA
DOBRADIÇA DE EQUILIBRIO
IMPULSIONA
SANGUE TA INFERIOR E MÉDIO
XUE

PREDOMÍNIO DO Yang

Hipertensão, palpitações, dores


precordiais, congestão bronquial,
cefaléia, hipertermia, etc.

PREDOMÍNIO DO Yin

Hipotensão, alterações circulatórias,


metrorragias, prolapsos, hipotermia,
enxaquecas, etc.

ESQUEMA 137

1
A identidade entre elementos orgânicos (matéria) e Triplo Aquecedor está estabe-
lecida aqui com fins meramente simplificadores, na realidade a matéria do Triplo
Aquecedor é muito mais sutil.

372
Capítulo IV: Os pontos de reunião

através do sangue ou Xue) enquanto que o TA inferior (Xiajiao) é por


sua vez uma função energética (Yang) e material (Yin), isto é, forma
Wei e Sangue (Xue).
O TAO VITAL, representado pelo equilíbrio dinâmico da energia ou
Qi (Yang) e do sangue ou Xue (Yin), depende da barreira diafragmática
que tratará de compensar ambos os fatores criando um harmônico
intercâmbio ou mutação.
Estes esquemas ilustram a influência que o diafragma mantém com
relação à geração permanente de energias e sangue. Os clássicos chineses
consideram a este músculo como base do equilíbrio vital, e em relação
direta (parece desprender-se ou pelo menos assim o interpretamos) com
o Xin Bao, isto é, com o grande regulador endógeno e coordenador da
economia energética em geral (função parassimpática).
Isso explicaria o motivo por que o B17 (Géshu), Shu do diafragma, é
o ponto Roé de Ação Especial do Sangue (Xue) e por que o VC17
(Shanzhong), Mu do Xin Bao e ponto específico da barreira diafragmática,
é considerado como ponto Roé de Ação Especial da Energia (Qi).
Devido a isto pode-se esquematizar a barreira diafragmática com os
seguintes pontos, dos quais são básicos os já mencionados:

17B 17B
46B 46B

ESQUEMA 138

Barreira cefálica

No nível do pescoço, e formando uma espécie de colar, encontra-


mos uma série de pontos que podemos dividir em:

373
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

a) Pontos curiosos (PC) e pontos novos (PN)2

b) Pontos Janela-do-Céu

O desenvolvimento das teorias bioenergéticas expostas e nossa


experiência clínica nos indicam que, independentemente da ação própria
do ponto (descrita pelo Nei Jing Su Wen) este conjunto de pontos tem
uma ação descongestiva geral, o que nos permitirá em numerosas
ocasiões reestabelecer o equilíbrio circulatório entre a cabeça e o resto
do corpo.
Para a MTC a cabeça é um grande consumidor de energias, já que
contém o cérebro (víscera curiosa) e todas as essências energéticas,
manifestadas nos órgãos dos sentidos.
O cérebro, em seu conjunto, está alimentado energeticamente pela
Energia Essencial que está composta por Energia Ancestral (Zhongqi),
Qi e Wei. O Qi é a essência do Thin, sendo que o cérebro consome gran-
des aportes de energia primária, Rong, em forma de Qi evitando assim
o consumo excessivo de Energia Ancestral (Zhongqi).

10B 10B

16 TA
17 ID 16 TA

PONTOS JANELA
DO CÉU
OUTROS

ESQUEMA 139 (2)

2
Não se situam no esquema gráfico os Pontos Curiosos (PC) e Pontos Novos a fim
de simplificar o estudo.

374
Capítulo IV: Os pontos de reunião

Por outro lado, a cabeça consome grande quantidade de Thin (essência


Fonte – Rong) devido às manifestações que os Zang mantêm neste nível,
e que são os sentidos, e seus órgãos de projeção reflexológicos (Auriculo-
puntura, Rinopuntura, etc.).
Esses dados concordam perfeitamente com os ocidentais, que assina-
lam o cérebro como consumidor da maior parte do oxigênio circulante.
A desproporção entre matéria (Yin) e energia (Yang) necessária para
sua funcionalidade, com relação ao resto do organismo, implica que a
nível da zona de comunicação, o pescoço, produza-se um incremento
considerável de atividade elétrica (Yang), ressaltada pela diminuição do
diâmetro do mesmo com relação ao tronco.
Nestas circunstâncias, e ao ser o pescoço o «gargalo da garrafa» (vale
a redundância) das circulações energéticas humanas, não é estranho
que se produzam nesta barreira freqüentes alterações e estancamentos
energéticos, que se manifestarão normalmente com sinais de plenitude
Yang cefálica (cefaléias, vermelhidão da face, acúfenos, etc.), já que a
cabeça é lugar de reunião dos Yang (não existe nenhum trajeto externo
de Meridiano Principal Yin). A obstrução dos pontos da barreira cefálica
ocasionará, geralmente, uma diminuição dos aportes orgânicos em
relação aos aportes viscerais.
Tanto neste quadro, que implica uma clara disfunção energética entre
o «alto e o baixo» a favor do Yang, como em outros que serão estudados
em patologia, é de grande ajuda a utilização destes pontos, sobretudo
dos denominados JANELAS-DO-CÉU.

Barreira cefálica

Barreira diafragmática

Daimai

Barreira pélvica

Barreira He inferiores
(joelhos)

375
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

PONTOS JANELA-DO-CÉU

Essa série de pontos faz parte, como indicamos anteriormente, da


barreira cefálica, exceto dois: P3 (Tianfu) e MC1 (Tianchí), situados no
braço e tórax, respectivamente.
São os mais utilizados em funções descongestivas e seu nome faz
referência à comunicação com o crânio («O Céu do homem, a parte
mais nobre»).
Usualmente, e seguindo a linha descrita por Chamfraut e Van Nghi,
os pontos Janela-do-Céu são 10, dos quais já mencionamos o P3 (Tianfu)
e o MC1 (Tianchí). Os oito restantes descritos são: ID16 (Tianchuang),
ID17 (Tianrong), TA16 (Tianyou), IG18 (Fútu), B10 (Tianzhu), E9 (Renyíng),
VC22 (Tiantu) e VG16 (Fengfu).
A Tradição divide estes pontos em dois grupos denominados (em
relação com sua atividade terapêutica):
a) Grandes Janelas-do-Céu:
E9 (Rényíng), IG18 (Fútu), TA16 (Tianyou), B10 (Tianzhu), P3
(Tianfu).
b) Pequenas Janelas-do-Céu:
VC22 (Tiantu), ID16 (Tianchuang), ID17 (Tianrong), VG16 (Fengfu),
MC1 (Tianchí).
Nossa opinião, com base na experiência clínica e de acordo com a
interpretação das teorias energéticas, é que independentemente da
função descrita pelos citados autores para estes pontos, consideramos
como mais efetivos dentro dos Janela-do-Céu, os seguintes:
E9 (Rénying), IG19 (Fútu), ID17 (Tianrong), B10 (Tianzhu), VB20
(Fengchí).
Estes pontos mantêm relação direta com o trajeto supraorgânico dos
Meridianos Distintos, constituindo-se em pontos de reunião superiores
principais ou secundários destas vias. Portanto, são zonas obrigatórias
de passagem para que as energias endógenas alcancem a região cefálica
através dos mesmos, e assim:

O E9 (Rényíng), reunião do sistema BP-E.


O IG18 (Fútu), reunião do sistema P-IG.

376
Capítulo IV: Os pontos de reunião

O ID17 (Tianrong), reunião do sistema C-ID.


O B10 (Tianzhu), reunião do sistema R-B.
O VB20 (Féngchí), reunião do sistema F-VB3.

os
Calota Polar
ian
id
er
M

Trópico

Equador

Trópico

Calota Polar

3
Como referência anedótica, a Europa Mediterrânea corresponderia ao Centro
torácico, aonde o ponto VC17 seria provavelmente Jerusalém (Barreira diafragmática).

377
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

PONTOS MESTRES OU DE ABERTURA DOS VASOS REGU-


LADORES OU CURIOSOS (BAI MAI JIAO HUI XUE)

Os chamados pontos de abertura, pontos chave, pontos mestres ou


pontos cardeais4 são uma série de pontos, um para cada Vaso Regula-
dor ou Curioso, cuja missão fundamental seria a de ativá-lo energe-
ticamente ou estimular sua ação reguladora, de tal forma que esta se
intensifique, acelere ou desbloqueie, o que se traduz em um aumento
da eficácia terapêutica.
De fato, os ritmos bioenergéticos seguem certos esquemas estabelecidos
de acordo com as constantes da Natureza. Estes ritmos são suficientes
para preservar nossa economia em estados não patológicos. No entanto,
estados alterados podem provocar situações de demandas urgentes de
aportes essenciais, que não serão cobertas pela freqüência periódica
normal de dita circulação, ou inclusive pode que se produza o bloqueio
da mesma. Nesta situação não há dúvida de que o uso destes pontos
será realmente efetivo e espetacular.
No mais puro sentido energético estes pontos serão, portanto, os
encarregados de desbloquear as alterações que produzam-se no nível
das conexões que relacionam um Vaso Maravilhoso com os Meridia-
nos Principais e suas vias secundárias, de ativar a função do Vaso Re-
gulador acelerando o processo de atuação das energias essenciais.
Estes pontos de abertura respondem às relações energéticas e interco-
municam o Vaso Regulador com o Meridiano Principal ao qual perten-
cem através de complexos sistemas de caráter cosmológico com difícil
interpretação, cujo estudo sai do objetivo deste primeiro Tomo.
O fato de atuar sobre um destes pontos, no início da sessão, implica
a imediata atuação reguladora do Vaso Curioso correspondente, «abrin-
do suas válvulas de passagem» em direção a outras vias ou ativando
os «coletores de captação» segundo seja a síndrome de vazio ou de
plenitude, respectivamente.
Obviamente a atuação sobre estes pontos nem sempre estará justifi-
cada já que, por exemplo, em um estado de anergia por insuficientes
aportes de energias adquiridas, a Energia Ancestral (Zongqi) conta com
pouca ajuda do Qi e do Wei, sendo que ao utilizá-los esta seria reque-
rida. E ainda que sua ação fosse provavelmente visível, não seria me-
nos real o fato de seu sempre lamentável desgaste (a ação dos pontos
de abertura mantém, neste sentido, certa similaridade com aquela dos
4
Ver a circulação secundária, no segundo Tomo.

378
Capítulo IV: Os pontos de reunião

corticóides na medicina ocidental, estimulando estes à Energia Ances-


tral, Zhongqi, de uma maneira bioquímica).
Portanto, neste caso será necessário estimular a formação de Qi e
Wei, através da alimentação, respiração e eliminação das noxas exógenas
ou endógenas que provoquem essa situação (fundamentalmente as
causas psico-afetivas).
Os Vasos Reguladores se acoplariam de dois em dois, formando quatro
conjuntos, dois Yang e dois Yin, cuja ação terapêutica é complementar
com relação à sua atividade e influência.
Em termos gerais, as duplas Yang atuarão sobre as afecções exter-
nas e as Yin sobre as internas.
Podemos, portanto, estabelecer o seguinte esquema de complemen-
taridade:

1) P7 (Lique) abre Renmai / R6 (Zhaohai) abre Yinqiao.


2) ID3 (Houxi) abre Dumai / B62 (Shenmai) abre Yinwei.
3) BP4 (Gongsun) abre Chongmai / MC6 (Neiguan) abre Yinwei.
4) VB41 (Zulinqi) abre Daimai / TA5 (Waiguan) abre Yangwei.

A ação terapêutica complementar será possível ao utiizar-se um ponto


de abertura ao início da sessão e o de seu acoplado como último ponto.
O campo de atuação terapêutica, em termos gerais, se estende como
segue:

1.ª DUPLA, P7 (Líeque) – R6 (Zhaohai)

Fundamentalmente no campo respiratório, também em afecções


geniturinárias, edemas, etc.

2.ª DUPLA, ID3 (Houxi) – B62 (Shenmai)

Fundamentalmente na área psico-afetiva e em algias da coluna,


apoplexias, transtornos na termogênese, cefaléias, enxaquecas, ciáticas,
hipertonia, taquicardia, congestão cerebral, insônia, epilepsia, convulsões,
agressividade, dermatologia, etc.

3.ª DUPLA, BP4 (Gongsun) – MC6 (Neiguan)

Fundamentalmente em afecções orgânicas e disfunções profundas


(em especial alterações de Estômago e Coração), também em alterações
ginecológicas; possui também uma ação importante em alterações do

379
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

«Shen» (depressões, hiperatividade mental, angústia, etc.) e em problemas


crônicos.

4.ª DUPLA, VB41 (Zúlínqi) – TA5 (Waiguan)

Fundamentalmente em processos reumáticos e algias generalizadas;


também em afecções dermatológicas e em transtornos internos em geral.

380
Capítulo IV: Os pontos de reunião

TÉCNICAS COMPLEMENTARES

Dentro da fórmula básica de tratamento podem fazer parte outras


possibilidades terapêuticas, que dividiremos em três grandes grupos:

A) Utilização dos PONTOS CURIOSOS (PC) e PONTOS NOVOS


(PN)
B) Utilização dos pontos correspondentes aos microssistemas, isto é:

B1) PONTOS AURICULARES (PA)


B2) PONTOS DE RINOPUNTURA (PRn)
B3) PONTOS DE FACIOPUNTURA (PPf)
B4) PONTOS DE MANOPUNTURA (PMn)
B5) PONTOS DE PODOPUNTURA (PPd)
B6) ZONA DE CRANIOPUNTURA (ZCr)

C) Utilização de fórmulas básicas antigas, entre as quais se destacam


aquelas das «100 AFEÇÕES ANTIGAS» e o «CANTO DO DRA-
GÃO DE JADE»; são uma série de fórmulas simples, de 1 ou 2
pontos em sua maioria, sem explicação energética conhecida, e
que se aplicavam para tratar diversas enfermidades. Seu uso em
muitos casos é surpreendente e pode ser útil sua aplicação den-
tro do tratamento de base.

No segundo Tomo serão desenvolvidas detalhadamente estas técni-


cas complementares, assim como a circulação secundária, a metodologia
da acupuntura (eletroestimulação, sangria, moxação, transfixão, etc.)
e o conjunto das regras de diagnóstico.

381
TOMO I. 5.ª Lição: Energias - Humores - Sangue. Sistemas energéticos e pontos

CIRCULAÇÃO
ARTÉRIAS E

382
Capítulo IV: Os pontos de reunião

383
TOMO I

6.ª LIÇÃO

ASSENTIMENTO E ALARME (Shu-Mu)


PONTOS MESTRES
TRATAMENTO DE BASE
LOCALIZAÇÃO E PRECAUÇÕES

CAPÍTULO I: Técnica Shu-Mu (assentimento e alarme) para regular a UE


CAPÍTULO II: Ampliação sobre os pontos Chave ou pontos Mestres
dos 8 Vasos Reguladores
CAPÍTULO III: Desenvolvimento do tratamento de base nas síndromes de Zang-Fu
CAPÍTULO IV: Localização de pontos – Conceito de distância (Cun).
Pontos proibidos
CAPÍTULO I
Técnica Shu-Mu (assentimento e alarme)
para regular a Unidade Energética
El Absoluto, es decir ese estado de cosas don-
de el Conjunto constituye un todo, es de alguna
manera el estado primordial, fuera del cual, por
división y diferenciación, surge la diversidad de
los fenómenos que observamos.

P. D. OUSPENSKY
Capítulo I: Técnica Shu-Mu (assentimento e alarme) para regular a U.E.

TÉCNICA SHU-MU

Para a compreensão da denominada técnica Shu-Mu, temos que de-


senvolver primeiro o conceito de RAÍZES DO ÓRGÃO E DA VÍSCERA.
Quando se englobam com um critério geral os órgãos (Zang) dentro
da esfera Yin e as vísceras (Fu) na Yang, faz falta considerar o princípio
básico do Taoísmo, e recordar que este princípio se manifesta através
da relatividade, isto é, uma expressão, um fato, uma forma, etc., será
Yin ou Yang de acordo com um referencial ou base de comparação.
Com efeito, o Baço-Pâncreas, por exemplo, será Yin com relação ao
Estômago que é Yang, por suas particularidades específicas (o E «gera»,
o BP «administra»). No entanto, o BP será Yang com relação ao F,
atendendo à profundidade do plano. O F, Yin com relação ao BP, será
Yang com relação ao R, seguindo o mesmo princípio, e assim por diante.
Por sua vez, cada órgão ou víscera, independente da sua polaridade
relativa, deve possuir sua parte Yin e sua parte Yang, perfeitamente
dedutíveis em função de sua ação receptora e metabolizadora (função
Yin), e de manifestação, transporte ou impulsão ao resto dos movimentos
e zonas de atuação (função Yang).
Se partirmos do conceito Yin-Yang, e de que a vida é o resultado da
mutação ou alternância permanente de um a outro pólo (não sendo
possível a vibração ou manifestação sem a mutação), não há dúvida
da existência de ambas as funções dentro das unidades energéticas.
Seguindo um princípio geral (que teremos ocasião de concretizar para
cada caso específico) pode-se dizer que todo órgão ou víscera tem uma
Raiz Yin e uma Raiz Yang, com funções precisas e determinadas.
A RAIZ YIN do órgão é a encarregada de receber a energia trans-
mitida, entre outros, por sua víscera acoplada, e de criar manifestações
próprias à essência de seu movimento (segundo assinalamos no capí-
tulo dedicado aos cinco movimentos), gerando as diversas reações
bioquímicas que dependem de sua ação específica.

389
TOMO I. 6.ª Lição: Assentimento e alarme (Shu-Mu)...

Por exemplo, o BP recebe a energia que lhe envia o Estômago (o puro,


Yang), gerando com este potencial «bruto» uma série de ações, manifes-
tações e elementos que lhe são próprios: energia umidade, energia yin
do Rong, energia que ativa a formação do tecido celular subcutâneo e
tecido conjuntivo, etc., conforme os atributos do elemento Terra.
A RAIZ YANG do órgão terá a função de transporte ou transmissão
das resultantes de seu metabolismo ao resto dos movimentos (segundo
o ciclo Sheng e Ke) e aos territórios físicos de seu domínio, assim como
às vias energéticas que dele dependem e que em resumidas contas são
sua manifestação.
Pode-se esquematizar este conceito da seguinte maneira:

ESQUEMA 120

Com relação às vísceras, suas raízes variarão dado que os Fu (ou


órgãos oficina) não têm função de criação de campos energéticos espe-
cíficos.
No entanto, possuem duas funções claramente diferenciadas que
podem se enquadrar, mesmo assim, na esfera Yin ou Yang.
A função Yin ou RAIZ YIN da víscera tem a particularidade de rea-
lizar os processos de degradação alimentar com fim de separar a energia
(que transmitirá a seu órgão acoplado) e a matéria (que será parcial-
mente absorvida, com fins alimentares). Isto é, função de separação do
«puro e impuro» (segundo a terminologia chinesa) e função de absorção.
Podem ser consideradas, segundo o descrito, três funções básicas na
raiz Yin visceral:

a) Recepcionar os impuros.
b) Degradação ou separação do puro (energia) e do impuro
(matéria). Função bioquímica.
c) Absorção seletiva de elementos nutrientes ou líquidos orgânicos.
Função bioelétrica.

390
Capítulo I: Técnica Shu-Mu (assentimento e alarme) para regular a U.E.

A RAIZ YANG visceral vai ser a encarregada:

a) De transmitir «o puro» resultante da ação Yin à raiz Yin de seu


órgão acoplado e «o impuro» à víscera seguinte (ver processo de for-
mação de Wei), onde será novamente degradado.
b) De manter as relações com a penta-coordenação.
c) De manifestar-se através das vias energéticas que dela dependem.

Sob este ponto de vista, a alteração orgânica pode residir tanto nesta
função de metabolização como na de transmissão. O equilíbrio estável
entre ambas implica um estado correto de funcionamento e manifesta-
ção. Pelo contrário, um predomínio excessivo de uma delas acarreta a
diminuição do potencial da outra.
Por exemplo, um hiperfuncionamento na raiz Yin do BP, devido a
uma circunstância endógena (alimentar, psico-afetiva, de relação com
os movimentos) ou exógena (causada pelas energias perversas) acarretará
uma diminuição no potencial de transmissão e manifestação (raiz Yang)
em razão direta à intensidade da ação estimulante, como conseqüência
lógica do aumento de demanda energética por parte da raiz hiperativada.
No entanto, uma diminuição no funcionamento da raiz Yin provo-
cará um incremento de Yang ou função de transporte, como reação
conseqüente à demanda de aportes exigida pela economia energética.
Assim, por exemplo, o intestino grosso absorve o puro e o impuro
proveniente do ID (função Yin), e se encarregará de transmitir a energia
desprendida desta ação por um lado ao seu acoplado, Pulmão, e ao resto
da penta-coordenação por outro (função Yang). Este princípio pode ser
representado como segue:

ÓRGÃO (ZANG)
Absorção selectiva ao Matéria mais energia
sangue. Impuro não fisiológicas
METABOLIZAÇAO
Impulso
Impulsão - vias energéticas

Impuro ao exterior Ação específica


(fezes)
Matéria mais energia Pura à
não fisiológicas Pentacoordenação

ESQUEMA 121

391
TOMO I. 6.ª Lição: Assentimento e alarme (Shu-Mu)...

Nestas circunstâncias observamos que ambas as funções, metabólica


e de transmissão, são fundamentais para o desenvolvimento e inter-
relação do sistema energético. De seu equilíbrio biodinâmico dependem
a estabilidade e harmonia indispensáveis para a manutenção correta
das funções vitais.
Em nosso organismo existem uma série de pontos através dos quais
podemos incidir, estimulando (tonificando) ou inibindo (sedando) cada
uma das funções do sistema independentemente.
Deduz-se deste fato a enorme importância que terá o conhecimento
da localização destes pontos, bem como das patologias relacionadas com
a alteração de uma ou outra raiz, e da metodologia de atuação.
Toda unidade energética, seja Yin ou Yang, incluídos o San Jiao (TA)
e o Xin Bao (MC) emitem duas ramificações diretas ao exterior do corpo,
uma responderá à raiz Yin e outra à raiz Yang. O ramo direto através
do qual se pode ativar a função Yin (Ramo Yin) aflora no denominado
ponto Mu, ponto de alarme ou ponto mensageiro. O ramo através do
qual se pode ativar a função Yang (Ramo Yang) se exterioriza em um
ponto conhecido como Shu Dorsal ou Ponto de Assentimento.
De acordo com os princípios da energética, a emersão do ramo Yin
se realizará na zona Yin do tronco, isto é, tórax e abdome, e a do ramo
Yang na zona Yang, isto é, na parte dorsal.
Esquematicamente, podemos representar este princípio da seguinte
maneira:

PONTO MO RAMO RAMO


PONTO SHU DO
ALARME OU SENTINELA DORSO OU DE ASSENTIMENTO

ZONA DORSAL

TORAX OU ABDOME

RAMO RAMO PONTO SHU DO


PONTO MO DORSO OU DE ASSENTIMENTO
ALARME OU SENTINELA

ESQUEMA 122

392
Capítulo I: Técnica Shu-Mu (assentimento e alarme) para regular a U.E.

Exemplo prático:
A ingestão de produtos refinados resulta numa hiperativação da raiz
Yin do ID e IG (canal interno), pois a necessidade de enviar ao orga-
nismo as substâncias que foram extraídas destes alimentos (sais minerais,
vitaminas, etc.) provoca um aumento na função de absorção, que tra-
tará de compensar esta insuficiência.
À hiperativação da raiz Yin se une uma diminuição da raiz Yang,
como conseqüência do aumento da necessidade energética da primeira
(lei Yin-Yang ou de mútua alternância). Este efeito se incrementa pela
diminuição de resíduos que comporta a alimentação refinada, e que são
necessários para estimular a função Yang (função de transporte,
movimento, ou peristaltismo). Consequentemente a esta alteração Yin-
Yang visceral (com um predomínio na função Yin) se produzirá atonia
intestinal (constipação, por falta de ação Yang).
Além disso se produzirá a absorção intestinal de substâncias «im-
puras» que deveriam degradar-se em purificações posteriores, como
vimos no processo de formação de energia Wei. Esta circunstância
implica um incremento na corrente sanguínea de substâncias «impu-
ras», que se depositarão seguindo o trânsito circulatório.
O excessivo envio de matéria ao sangue provoca sua Yingnificação
(matéria = Yin, em relação à energia = Yang) o que implica uma len-
tificação (Yin) em sua dinâmica (ação Yang) e conseqüentes alterações
circulatórias.
A origem de muitas afecções se encontra neste fato; é o caso de certas
alterações dermatológicas (relação do P com IG, elemento Metal), car-
díacas (relação do C com ID, elemento fogo), ginecológicas (relação com
o TA inferior), etc., segundo veremos em patologia, no terceiro Tomo.
O processo descrito pode produzir um desequilíbrio crônico difícil
de tratar inclusive eliminando a causa etiológica primária de origem
alimentar.
Conhecendo a fisiopatogenia energética poderemos colaborar com
a dietética ativando energeticamente as raízes Yang do IG e ID (função
motora, movimento ou transporte) através da estimulação dos pontos
Shu dorsais (ramo Yang). Utilizaríamos, então, os pontos B25 (Dachang-
shu) e B27 (Xiachangshu) que, como veremos na relação dos pontos de
Assentimento e Alarme, correspondem a estas vísceras.
Pode-se também atuar em dispersão sobre os pontos Mu, a fim de
diminuir a ação de absorção hiperativada. Neste caso, punturaremos o
E25 (Tianshu) e VC4 (Guanyuan), pontos Mu do IG e ID respectiva-
mente.
Temos tido ocasião de observar a grande importância destes pontos

393
TOMO I. 6.ª Lição: Assentimento e alarme (Shu-Mu)...

no tratamento e regulação energética. Porém as ações por acupuntura


não se limitaram a esta técnica exclusivamente.
Os pontos Shu Dorsais ou de Assentimento situam-se todos eles em
um traço paralelo à linha energética sagital posterior ou Vaso Gover-
nador (Dumai), a 1,5 T’sun1 em ambos os lados desta. Este vaso, a partir
da ponta do cóccix (VG1, Changqiang) percorre a linha média verte-
bral passando pelos vértices das apófises espinhosas, rodeia o crânio,
cruza a fronte, nariz e sulco nasolabial, e alcança a mucosa labial su-
perior (VG28, Yinjiao).
Essas linhas em ambos os lados do VG pertencem ao trajeto externo
do Zu Tai Yang (B) e estão compreendidas entre a horizontal do espaço
interarticular D1-D2 (nível do B11, Dazhu) e a do quarto forame sacral
(nível do B30, Baihuanshu) (esquema 123).
Este trajeto pode ser considerado como um dos mais importantes entre
os percorridos dos meridianos, pois nele se manifestam as funções Yang
das 12 Unidades Energéticas.
Partindo ao nível de D1-D2 e em ordem descendente, encontramos
os seguintes pontos Shu Dorsais (correspondentes às 12 UE e níveis do
TA):

Linha média posterior


11B 11B

30B 30B

ESQUEMA 123

1
Ver conceito de T’SUN ou DISTÂNCIA no capítulo IV.

394
Capítulo I: Técnica Shu-Mu (assentimento e alarme) para regular a U.E.

TA SUPERIOR (SHANGJIAO):
— B13, Feishu, Shu dorsal do Shou Tai Yin (P).
— B14, Juéyinshu, Shu dorsal do Shou Jue Yin (MC)
— B15, Xinshu, Shu dorsal do Shou Shao Yin (C).

TA INFERIOR (XIAJIAO):
— B18, Ganshu, Shu dorsal do Zu Jue Yin (F)
— B19, Danshu, Shu dorsal do Zu Shao Yang (VB)

TA MÉDIO (ZHONGJIAO):
— B20, Pishu, Shu dorsal do Zu Tai Yin (BP).
— B21, Weishu, Shu dorsal do Zu Yang Ming (E).

TA INFERIOR (XIAJIAO):
— B22, Sanjiaoshu, Shu dorsal do Shou Shao Yang (TA).
— B23, Shenshu, Shu dorsal do Zu Shao Yin (R).
— B25, Dachangshu, Shu dorsal do Shou Yang Ming (IG).
— B27, Siachangshu, Shu dorsal do shou Tai Yang (ID).
— B28, Pangguangshu, Shu dorsal do Zu Tai Yang (B).

O resto dos pontos não citados e situados na mesma linha que os


anteriores, ou seja: B11 (Dazhu), B12 (Dushu), B17 (Geshu), B24
(Qihaishu), B26 (Guanyuanshu), B29 (Zhonglushu) e B30 (Baihuanshu),
são Shu dorsais em relação a outras funções ou elementos distintos das
12 Unidades Energéticas (ver Meridiano Principal Shou Tai Yang –
Bexiga).
Se observarmos a localização dos pontos de Assentimento, vemos que
guardam uma relação de posição anatômica com a Unidade Energéti-
ca que lhes é própria. Assim, ao Pulmão que é topograficamente mais
elevado, lhe corresponderá também o ponto de assentimento mais ele-
vado: o B13, Feishu. Em um plano logo inferior está o Xin Bao ou MC
(o pericárdio energético), cujo Shu dorsal será o B14, Jueyinshu; logo o
Coração, cujo Shu dorsal é o B15, Xinshu.
Separando o TA Superior (Shangjiao), do Médio (Zhongjiao), e In-
ferior (Xiajiao), encontramos o diafragma cujo Shu dorsal é o B17, Geshu;
abaixo está o Fígado com o B18, Ganshu; na continuação a Vesícula-
Biliar com B19, Danshu; o Baço-Pâncreas com o B20, Pishu; o Estômago
com o B21, Weishu; o TA2 com o B22, Sanjiaoshu e o Rim com o B23,
Shenshu.
2
Na teoria dos Três Aquecedores se indica a cárdia como gênese energética do mesmo
e nascimento do TA Superior.

395
TOMO I. 6.ª Lição: Assentimento e alarme (Shu-Mu)...

Segundo a mesma ordem observamos que o B25, Dachangshu co-


rresponde-se com o Intestino Grosso (na altura do cólon transverso); o
B27, Xiachangshu, ao Intestino delgado e o B28, Pangguangshu, à
unidade energética situada na parte mais baixa do tronco: a própria
Bexiga.
Resumindo:

ESQUEMA 124

Com relação à sua localização anatômica há uma regra mnemônica


de fácil aplicação:
O algarismo da unidade do shu dorsal indica a vértebra dorsal
debaixo da qual se encontra, e isto até o número 17. Assim teríamos:
B13, Feishu, situado 1’5 T’SUN do Dumai, no nível do espaço
intervertebral D3-D4.
B14, Jueyinshu, situado a 1’5 T’SUN do Dumai, no nível do espaço
intervertebral D4-D5.
B15, Xinshu, situado a 1’5 T’SUN do Dumai, no nível do espaço
intervertebral D5-D6.
B16, Dushu, situado a 1’5 T’SUN do Dumai, no nível do espaço
intervertebral D6-D7.
B17, Geshi, situado a 1’5 T’SUN do Dumai, no nível do espaço
intervertebral D7-D8.

No nível do espaço D8-D9 não há shu dorsal. O B18, Ganshu, se


situa entre D9-D10. Desde aí, sem exceção até o 4º forame sacral haverá
um ponto Shu dorsal para cada espaço intervertebral. Assim teremos:

B18, Ganshu, situado a 1’5 T’SUN do Dumai, no nível do espaço


intervertebral D9-D10.

396
Capítulo I: Técnica Shu-Mu (assentimento e alarme) para regular a U.E.

B19, Danshu, situado a 1’5 T’SUN do Dumai, no nível do espaço


intervertebral D10-D11.
B20, Pishu, situado a 1’5 T’SUN do Dumai, no nível do espaço
intervertebral D11-D12.
B21, Weishu, situado a 1’5 T’SUN do Dumai, no nível do espaço
intervertebral D12-L1.
B22, Sanjiaoshu, situado a 1’5 T’SUN do Dumai, no nível do espaço
intervertebral L1-L2.
B23, Shenshu, situado a 1’5 T’SUN do Dumai, no nível do espaço
intervertebral L2-L3.
B24, Qihaishu, situado a 1’5 T’SUN do Dumai, no nível do espaço
intervertebral L3-L4.
B25, Dachangshu, situado a 1’5 T’SUN do Dumai, no nível do espaço
intervertebral L4-L5.
B26, Guanyuanshu, situado a 1’5 T’SUN do Dumai, no nível do espaço
intervertebral L5-S1.
B27, Xiachangshu, situado a 1’5 T’SUN do Dumai, no nível do 1º
forame sacral.
B28, Pangguangshu, situado a 1’5 T’SUN do Dumai, no nível do 2º
forame sacral.
B29, Zhonglushu, situado a 1’5 T’SUN do Dumai, no nível do 3º
forame sacral.
B30, Baihuanshu, situado a 1’5 T’SUN do Dumai, no nível do 4º
forame sacral.

Com relação aos pontos que responderão à função yin da unidade


energética, se situarão logicamente na zona Yin do tronco, isto é, tórax
e abdome, respeitando, assim como os shu dorsais, uma localização
próxima à Unidade correspondente. E assim:

P: ponto Mu, Alarme ou Mensageiro P1, Zhongfu.


MC: ponto Mu, Alarme ou Mensageiro VC17, Shanzhong.
C: ponto Mu, Alarme ou Mensageiro VC14, Juque.
F: ponto Mu, Alarme ou Mensageiro F14, Qimen.
VB: ponto Mu, Alarme ou Mensageiro VB24, Ribue.
BP: ponto Mu, Alarme ou Mensageiro F13, Zhangmén.
E: ponto Mu, Alarme ou Mensageiro VC12, Zhongwan.
TA: ponto Mu, Alarme ou Mensageiro VC5, Shímén.
R: ponto Mu, Alarme ou Mensageiro VB25, Jingmen.
IG: ponto Mu, Alarme ou Mensageiro E25, Tianshu.
ID: ponto Mu, Alarme ou Mensageiro VC4, Guanyuan.
B: ponto Mu, Alarme ou Mensageiro VC3, Zhongjí.

397
TOMO I. 6.ª Lição: Assentimento e alarme (Shu-Mu)...

Observamos que não seguem uma distribuição tão regular como os


Shu dorsais, ainda que a metade se situe no VC, linha energética medial
anterior.
Estes pontos Mu, além da ação direta sobre a função Yin da unidade
energética correspondente, têm a particularidade de mostrarem-se do-
lorosos à palpação nas alterações destas (inclusive se manifestam
espontaneamente dolorosos nos processos agudos). Esta característica
é de indubitável interesse diagnóstico, e por isso se denominam pontos
de Alarme ou Mensageiros.
Segundo dissemos, sua situação anatômica está em relação com a
própria unidade energética, e está descrita no capítulo dedicado aos
Meridianos Principais.

398
CAPÍTULO II
Ampliação sobre os pontos Chave
ou pontos Mestre
dos oito Vasos Reguladores
El Absoluto, es decir ese estado de cosas don-
de el Conjunto constituye un todo, es de alguna
manera el estado primordial, fuera del cual, por
división y diferenciación, surge la diversidad de
los fenómenos que observamos.

P. D. OUSPENSKY
Capítulo II: Ampliação sobre os pontos Chave ou pontos Mestres dos oito Vasos Reguladores

OS PONTOS DE ABERTURA DOS VASOS REGULADORES


(OU PONTOS CHAVE, MESTRES, CURIOSOS, CAR-
DEAIS, MARAVILHOSOS, CORTICÓIDES, ETC.)

Tratam-se indubitavelmente dos pontos mais importantes da práti-


ca por acupuntura, devido ao efeito terapêutico em algumas ocasiões
realmente surpreendente. De tal modo é assim que desde a antiguida-
de se relacionavam com os pontos cardeais, com os hexagramas, com
os planos e, sobretudo, com os Troncos e Ramos da Lei Meio-dia Meia-
noite. Os franceses os chamaram de pontos maravilhosos por sua ação
terapêutica e porque através deles atua-se sobre as vísceras curiosas
(sistema reprodutor e neuro-endócrino).
Podemos ampliar o conhecimento sobre esses vasos no capítulo cor-
respondente na próxima lição, mas de qualquer modo vamos fazer uma
introdução sobre critérios básicos para sua aplicação terapêutica.
Estes grandes vasos, também chamados «mares», partem todos eles
de um tronco comum, «o grande oceano» denominado T’Chong Mai
(Vaso Estratégico), que a partir do acumulador humano (Rim Yang ou
Mingmen) redistribui a energia Zheng (conjunto das energias humanas)
a todo sistema, garantindo a harmonia das três funções biológicas bá-
sicas da economia: ISOTERMIA, HOMEOSTASE E TROFISMO.

A ISOTERMIA

Através dos vasos Yin-qiao (frio-calcanhar) e Yang-qiao (calor-calca-


nhar), encarregados de que haja um justo equilíbrio de frio-calor desde
os pés até a cabeça. O Yang-qiao, ou mar do calor (também chamado
de mar da luz), é o encarregado de subir o calor desde os calcanhares
à cabeça e o Yin-qiao, ou mar do frio (também chamado de mar da
escuridão), é o encarregado de baixar o calor da cabeça para os pés.

401
TOMO I. 6.ª Lição: Assentimiento e alarme (Shu-Mu)...

Entre os dois se mantém o equilíbrio de frio e de calor; ao predominar


o Yang, o calor é excessivo sobretudo na cabeça e o paciente não pode
conciliar o sono; ao predominar o Yin, o frio é excessivo e o paciente
tem sonolência.
O Yangqiao ativa-se quando sai o sol subindo o calor à cabeça (to-
dos os vasos reguladores se anastomosam no ponto B1, para depois
penetrar no cérebro); quando se oculta o sol ativa-se o Yinqiao que sobe
o frio à cabeça neutralizando o excesso de Yang e permitindo dormir.
O equilíbrio entre Yinqiao-Yangqiao é vital, já que muitas reações bi-
oquímicas que acontecem no ser humano precisam de um estrito equi-
líbrio termogênico para realizar-se.
Os pontos mestres que ativam estes vasos são o R6 (Zhaohai) e B62
(Shenmai), portanto sua utilização como ponto imperador se realizará
naqueles processos em que haja disfunção termogênica (ver síndromes
de calor e frio, nas Oito Regras de Diagnóstico).

A HOMEOSTASE

Através dos vasos reguladores Yang-Wei (externo-defensivo) e Yin-


Wei (interno-defensivo) atua-se estimulando a capacidade imunológica
defensiva exógena e/ou endógena.
O Yang-Wei é o chamado mar dos Meridianos Tendino-Musculares
e se ativa com o TA5 (Waiguan, barreira externa) e o Yin-Wei é o cha-
mado mar dos Meridianos Distintos e se ativa com o MC6 (Neiguan,
barreira interna).
Sua utilização está em relação com os problemas de homeostase com
o fator meio-ambiental (Waiqi) externo ou com o fator emocional ou
psicológico (Shenqi) interno, respectivamente.

O TROFISMO

Através dos Vasos Reguladores Ren (Vaso da Concepção) por suas


características Yin), e Du (Vaso Governador) por suas características Yang,
atua-se estimulando a atividade nutricional (energética) do sistema Zang-
Fu, e assim o Ren é o mar dos meridianos Yin, ou mar dos Zang (ór-
gãos), e o Du é o mar dos meridianos Yang, ou mar dos Fu (vísceras).
A utilidade destes pontos é muito simples: o P7 (Liequé) ativa o Ren,
que será utilizado nos problemas dos Zang (F-C-BP-P e R) e o ID3

402
Capítulo II: Ampliação sobre os pontos Chave ou pontos Mestres dos oito Vasos Reguladores

(Houxi) ativa o Du que se utilizará nos problemas dos Fu (VB-ID-E-IG


e B).

Teremos, então, seis mares:

R6 (Zhàohai), Mar do Frio.


B62 (Shenmai), Mar do Calor.
MC6 (Neiguan), Mar dos Meridianos Distintos.
TA5 (Waiguan), Mar dos Meridianos Tendino-Musculares.
P7 (Lièque), Mar dos Órgãos.
ID3 (Houxi), Mar das Vísceras.

Nos restam ainda dois Vasos Reguladores. Um é o Dai, ou vaso da


cintura, cuja função é equilibrar os fluxos ascendentes-descendentes da
energia a partir do «equador energético» humano, e por isso é chama-
do mar do equilíbrio do Yin e do Yang.
Este vaso é aberto com o ponto VB41 (Zúlinqi), com o qual coor-
denamos o alto-baixo a partir da linha do umbigo.
Se utilizará este ponto quando houver disfunção energética alto-
baixo, por exemplo, plenitude cefálica com vazio nos pés, ou hipera-
tividade do TA superior (função cardio-respiratória) com relação ao TA
inferior (função nefro-vesical), etc.
O Dai Mai (cintura-vaso) abarca, como se fosse um cinto, aos
meridianos Yang (descendentes) e Yin (ascendentes) de tal forma que
se o cinto de aperta o Yin não sobe e o Yang não desce. Circunstância
contrária acontece quando se afrouxa, isso origina disfunções gerais alto-
baixo, segundo vimos no capítulo sobre as barreiras.
E por último o grande Vaso Regulador, ou oceano do qual partem o
restante dos Vasos Reguladores, fundamentalmente o Ren, o Du e o Dai,
e que por isso se chama Vaso Estratégico (T’Chong Mai).
Este grande tronco energético parte do Mingmen, Rim-Yang ou su-
pra-renais até chegar ao períneo no ponto VC1 (Hueiyin), ali se separa
em dois ramos principais, o Ren e o Du, e em três secundários: o trajeto
interno ascendente que chega ao ponto VG4 (Mingmen), o trajeto ex-
terno ascendente que vai ao R11 (Hénggu) e sobe até o R27 (Shufu) e
outro que se chama trajeto externo descendente que desce até o ponto
R1 (Yongquán).

403
TOMO I. 6.ª Lição: Assentimiento e alarme (Shu-Mu)...

NAO

▲ 27R

DU REN
R+

C
B A A trajeto interno descendente
4DM ▲ B trajeto interno ascendente
▲ C trajeto externo ascendente
11R D trajeto externo descendente
1RM

▲ D
1R

O T´Chong em sua descida garante o primeiro mandato (Sobrevi-


vência) estimulando a atividade do Rim em sua produção de Água Mãe
(Shénshui) e o segundo mandato (Reprodução) estimulando o sistema
reprodutor. Através do Ren e Du se garante o terceiro mandato (Co-
nhecimento), já que ambos ascendem até o cérebro (Nao), responsável
pela atividade Thân (a Consciência da existência, a Palavra e o Conhe-
cimento) do ser humano.
O ponto chave do T´Chong, BP4 (Gongsun) se utilizará em processos
genito-urinários.
Portanto teremos:

VB41 (Zulinqi), Mar do Equilíbrio.


BP4 (Gongsun), Mar dos Mares.

A utilização dos pontos Chave ou de Abertura, ou Mestres, servem


para atrair a energia Zheng a um determinado setor de nossa econo-
mia de uma maneira imediata sem esperar a ação biorrítmica habitual.
Pode-se explicar tomando como comparação um depósito central de
água para regar oito partes de uma horta. A água rega as partes se-
guindo um ritmo no tempo, através de um mecanismo eletrônico, de
tal forma que se regue uma parte a cada dia. Pois bem, se eu planto
alfaces na parte número cinco, não posso esperar que o biorritmo a regue
dentro de alguns dias, preciso da rega imediata e por isso desconecto o
sistema e abro a comporta manualmente.

404
Capítulo II: Ampliação sobre os pontos Chave ou pontos Mestres dos oito Vasos Reguladores

Exatamente isso é o que faz o acupunturista quando puntura em


primeiro lugar (Ponto Imperador) um ponto chave, está levando a re-
serva energética do Rim-Yang (depósito) às partes da economia ener-
gética descritas, e assim:

Punturando o BP4 (Gongsun), abro o T´Chong e trato as enfermida-


des genito-urinárias.
Punturando o P7 (Lieque), abro o Ren e trato as enfermidades dos
órgãos.
Punturando o ID3 (Houxi), abro o Du e trato as enfermidades das
vísceras.
Punturando o MC6 (Neiguan), abro Yinwei e trato as enfermidades
mentais.
Punturando o TA5 (Waiguan), abro o Yangwei e trato as enfermida-
des em relação com o meio.
Punturando o B62 (Shenmai) e R6 (Zhaohai), abro o Yang e Yin Qiao
e trato as enfermidades calor-frio.
Punturando o VB41 (Zulinqi), abro o Daimai e trato as enfermidades
alto-baixo.

Os pontos mestres se dividem em dois grandes grupos:


Os Yin: T´Chong, Ren, Yinwei e Yinqiao.
Os Yang: Du, Dai, Yangwei e Yangqiao.

Por sua vez, os Yin e os Yang se dividem em grupos que se chamam


duplas de ação terapêutica complementar.
Yin: T´Chong (BP4, Gongsun) com Yinwei (MC6, Neiguan). Ren (P7,
Lieque) com Yinqiao (R6, Zhaohai).
Yang: Du (ID3, Houxi) com Yangqiao (B62, Shenmai). Dai (VB41,
Zulinqi) com Yangwei (TA5, Waiguan).

Segundo alguns autores, e assim o confirma nossa experiência clíni-


ca, se utilizam as duplas como ponto de início e fim no tratamento das
enfermidades internas dos Zang-Fu com êxito, ainda que ocasionalmente
o ponto de fechamento seja reservado para os casos em que não haja
uma boa resposta terapêutica, com objetivo de não sobrecarregar de
pontos a fórmula terapêutica final.
Por exemplo, em uma dismenorréia, a fórmula terapêutica, de acor-
do com este critério, teria como ponto chave o BP4 (Gongsun) e como
ponto de fechamento o MC6 (Neiguan).

405
CAPÍTULO III
Desenvolvimento do tratamento
de base nas síndromes de Zang-Fu
«A origem das enfermidades e sua terapia
vibracional toma consistência como alternativa
médica a curto prazo.»

S. VAN NES ZIEGLER


Capítulo III: Desenvolvimento do tratamento de base nas síndromes de Zang-Fu

O TRATAMENTO DE BASE

A fórmula terapêutica em acupuntura é confeccionada a partir de


critérios tomados pela análise dos sintomas que obtivemos através da
história clínica correspondente.
Previamente à confecção deste diagnóstico e à proposta terapêutica
correspondente, é de grande utilidade a realização do diagnóstico de
situação, ou diagnóstico dos meridianos, que nos permitirá realizar uma
regulação prévia (como já exposto na lição IV), nos permitirá harmo-
nizar o terreno, preparando-o para a aplicação terapêutica posterior.
Essa regulação é, geralmente, protocolar, sendo o primeiro contato do
paciente com as agulhas. A partir dessa sessão o acupunturista reali-
zará o diagnóstico de 1ª e/ou 2ª intenção, que aplicará em sessões su-
cessivas.
Em termos gerais, a fórmula terapêutica (Ft) se baseia em quatro
critérios:

A) Pontos para efetuar a regulação energética (Biomedições).


B) Pontos e técnicas dirigidas a tratar o sintoma doloroso (ver tra-
tamento de dor).
C) Pontos e técnicas eleitos segundo o diagnóstico geral ou de 1ª
intenção (também chamado de tratamento base).
D) Pontos e técnicas eleitos segundo o diagnóstico sindrômico ou
de 2ª intenção (também chamado tratamento etiológico).

Ft = A + B + C + D

A) Pontos para efetuar a regulação energética (nos remetemos à


4ª lição – Biomedições).
B) Pontos e técnicas dirigidas a tratar o sintoma doloroso (nos re-
metemos à 1ª e 2ª lições do Tomo II).

409
TOMO I. 6.ª Lição: Assentimento e alarme (Shu-Mu)...

C) Pontos e técnicas no diagnóstico de 1ª intenção.

O tratamento de base, ou tratamento de 1ª intenção, é o resultado


da análise global, holística ou geral do paciente, que se desenvolve atra-
vés do que se denomina as oito principais diretrizes do diagnóstico (Ba
Gang) e que, como veremos no Tomo II, tem a finalidade de classificar
a enfermidade dentro de oito parâmetros gerais:

YIN-YANG – Predisposição
INTERIOR-EXTERIOR – Localização da enfermidade
FRIO-CALOR – Tipo de enfermidade
VAZIO-PLENITUDE – Estado do paciente

Para cada suposição produzida existe uma resposta terapêutica es-


pecífica, que se chamam as oito regras terapêuticas (Ba Fa).
E assim, por exemplo, um enfermo Yang que tem calor interno em
vazio precisaria de uma técnica terapêutica que se chama Refrigera-
ção-Tonificação.
No entanto, um paciente Yang que tenha frio externo-plenitude, pre-
cisa de uma técnica que se chama Sudoração-Liberação-Dispersão, etc.

D) Pontos e técnicas no diagnóstico de 2ª intenção

Uma vez realizado o diagnóstico de 1ª intenção, precisamos saber


qual é a causa etiológica que o produziu, se foi um fator traumático
(exógeno) ou mesmo endógeno (emocional), se há uma síndrome de
plenitude ou vazio de um órgão interno, etc., isto é o que se denomina
diagnóstico de 2ª intenção ou diagnóstico sindrômico.
Por exemplo, no primeiro caso, um paciente Yang com Calor Inter-
no Vazio, devemos investigar que causa o originou:

Vazio de Rim Yin?


Insuficiência de Yin do Coração?
Vazio de Qi do Pulmão?
Insuficiência de Yin do Fígado?
Vazio de Xue do Útero?
Etc.

Isso é o que se estuda no terceiro ciclo de acupuntura, quando ex-


plicamos os desenvolvimentos sindrômicos dos Zang-Fu, e ao final do

410
Capítulo III: Desenvolvimento do tratamento de base nas síndromes de Zang-Fu

segundo ciclo, quando falamos das síndromes do Qi-Xue, fleuma e


planos.
Existem muitos quadros clínicos funcionais não dolorosos que podem
estar incluídos dentro das síndromes clássicas da MTC e que podem
precisar de um tratamento focado no sintoma clínico específico que
motivou a consulta.
A aplicação prática da acupuntura sintomática estaria justificada
como protocolo com o objetivo de demonstrar ao paciente o efeito das
técnicas da acupuntura, sendo que lhe informamos ser este um trata-
mento sintomático que precisa, se quiser corrigir-se a disfunção, de um
tratamento etiológico (sindrômico), geralmente mais longo no tempo.
Não devemos, se temos consciência e conhecimento disso, limitar-
nos ao tratamento do «ramo» (sintoma) sem buscar o tratamento raiz
(etiologia).
Este tratamento «ramo» junto com o tratamento holístico segundo
as «oito técnicas» é o que vem a denominar-se tratamento de base.
O tratamento de base é desenvolvido seguindo um esquema seme-
lhante ao utilizado na farmacopéia chinesa que classifica a fórmula
através da combinação de erva Imperador, ervas Ministros e ervas Aju-
dantes.
Haverá dentro do tratamento de base, portanto, um ponto Impera-
dor, uns pontos Ministros e uns pontos Ajudantes, a escolher dentro
das técnicas que desenvolvemos ao longo do Tomo I e que agora en-
contram sua utilidade como ferramentas terapêuticas extraídas do co-
nhecimento das aulas anteriores.
Não existem as fórmulas mágicas, nem as empíricas, mas sim as fór-
mulas obtidas através dos critérios expostos, desenvolvidas de uma
maneira metódica e racional.
A fórmula de base para tratar sintomas clínicos englobados nas
síndromes de Vazio e Plenitude dos Zang-Fu a extraímos dos seguintes
critérios:

1) Ponto mestre (Imperador)


2) Técnica Shu-Mu (Ministro)
3) Técnica Mãe-Filho e Cinco Movimentos (Ministro)
4) Pontos Roe e ação especial (Ajudante)
5) Técnica Luo-Yuan (Ajudante)
6) Técnica de planos (Ajudante)
7) Pontos terra do acoplado (Ajudante)
8) Ponto de fechamento (Ajudante)

411
TOMO I. 6.ª Lição: Assentimento e alarme (Shu-Mu)...

Por exemplo, tratamento de base de uma constipação intestinal. Em


princípio a constipação, enquanto sintoma clínico, pode ter diversas
causas etiológicas (está descrita como sintoma clínico em oito ou mais
síndromes), no entanto, independentemente de que seja uma insufici-
ência de Yangming, ou um vazio de Rim-Yin, ou uma insuficiência de
Qi da VB, etc., no fim das contas traduz-se por uma insuficiência de
energia do IG (Dachang Qi Xu), e de acordo com isso propomos:

PONTO MESTRE
1) Ponto Imperador
ID3 (Houxi) porque abre o Dumai que é o vaso regulador das
vísceras e o Intestino Grosso é uma víscera.

TÉCNICA SHU-MU
2) B25 (Dachangshu) e E25 (Tianshu), porque são os Shu (+)e Mu (-)
do Intestino Grosso. Neste caso teríamos que estimular o Shu (+)
por falta de Yang (+) intestinal.

TÉCNICA MÃE FILHO (MUZI) E CINCO MOVIMENTOS


3) IG11 (Quchi), ponto de tonificação ou ponto mãe. O E41 (Jiexi),
ponto de tonificação da mãe (tonificando à mãe eu tonifico ao
filho) e ID8 (Xiaohai), ponto de sedação do dominante a fim de
que o Fogo não destrua ao Metal.

PONTOS AJUDANTES
4) PONTOS ROÉ
E37 (Shangjuxu) como ponto Roé específico do IG. O VC12
(Zhongwan) como ponto de reunião das vísceras.
5) TÉCNICA LUO-YUAN
IG4 (Hégu) conjuntamente com P7 (Lieque). O IG4 (Hégu) é o
ponto de absorção ou ponto Yuan e o P7 (Lieque) é o ponto Luo
ou de drenagem. Isso permite que o Pulmão possa ajudar ao IG
como víscera acoplada.
6) TÉCNICA DE PLANOS
IG5 (Yangxi), ponto acelerador ao ser o ponto fogo do primeiro
ramo do plano e E45 (Lidui) ao ser o ponto de arraste. A fim de
fazer circular a energia do plano e conseqüentemente das vísceras
correspondentes
IG5 (Yangxi) – E45 (Lidui)

412
Capítulo III: Desenvolvimento do tratamento de base nas síndromes de Zang-Fu

7) PONTO TERRA DO ACOPLADO


P9 (Tai Yuan). É o ponto Terra do Pulmão e existe uma regra te-
rapêutica clássica que nos diz que «a Unidade Energética se tra-
ta com o ponto terra da acoplada».
8) PONTO DE FECHAMENTO
B62 (Shenmai). Geralmente se tem o critério de que os Vasos Re-
guladores funcionam por grupos de ação terapêutica complemen-
tar, e assim, a dupla do ID3 (Houxi), enquanto ponto de abertu-
ra, é o B62 (Shenmai).

A fórmula final ficaria estabelecida pelos seguintes pontos:

Como pontos Imperador e Ministros:

ID3 (Houxi) – B25 (Dachangshu) – E25 (Tianshu) –


IG11 (Quchi) – E45 (Lidui) – P9 (Taiyuan) – B62 (Shenmai)

Como pontos ajudantes:

E37 (Shangjuxu) – VC12 (Zhongwan) – IG4 (Hegu) – P7 (Lieque) –


IG5 (Yangxi) – E45 (Lidui) – P9 (Tai Yuan) – B62 (Shenmai).

A classificação dos pontos por ordem descrita se baseia nos seguin-


tes critérios:
A) O ponto Imperador é o que se considere o mais importante no
tratamento de um determinado sintoma e deve ser punturado por pri-
meiro, já que a primeira puntura desencadeia uma série de reações que
condicionam o restante das punturas.
Em termos gerais o ponto Mestre é considerado o mais importante,
já que sua puntura implica a mobilização da energia Zheng e conse-
qüentemente da energia de reserva acumulada no Rim-Yang, incluída
a energia Zhong. É o denominado ponto corticóide da acupuntura.
A técnica Shu-Mu e Mãe-Filho são, sem dúvida, as grandes técnicas
da acupuntura, e daí sua categoria de ministros.
O restante das técnicas serão eleitas de acordo com critérios especí-
ficos, por exemplo, a técnica Luo-Yuan em caso de disfunção orgânico-
visceral descompensada; técnica de planos em caso de disfunção víscera-
víscera ou órgão-órgão; ponto Terra em caso de disfunção orgânico
visceral conjunta; pontos Roe como os primeiros a levar em considera-
ção dentro dos pontos ajudantes.
Esta classificação hierárquica pode variar de acordo com o critério
do acupunturista, de tal forma que possa ser ponto Ministro ou inclu-

413
TOMO I. 6.ª Lição: Assentimento e alarme (Shu-Mu)...

sive Imperador qualquer técnica ou ponto que evidencie uma relação


direta com o sintoma a tratar.
A seleção de pontos é, portanto, um critério personalizado em
função de cada paciente e caso em particular. A diversidade de recur-
sos terapêuticos enriquece a terapêutica, ainda que exija um esforço no
estudo diagnóstico. É a lei do Tao, ao maior esforço a maior satisfação.

414
CAPÍTULO IV
Localização de pontos - Conceito
de distância (Cun). Pontos proibidos
El origen de las enfermedades y su terapia
vibracional toma consistencia como alternativa
médica a corto plazo.

S. VAN NES ZIEGLER


Capítulo IV: Localização de pontos - Conceito de distância (Cun). Pontos proibidos

LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS E CONCEITO DE DISTÂN-


CIA (CUN)

Não é preciso dizer que uma localização mais ou menos precisa do


ponto de acupuntura é requisito necessário para obter resultados
terapêuticos satisfatórios.
Soulie de Morant aponta que a maior parte dos fracassos terapêuticos
acontece devido a uma localização inexata dos pontos. Sob nosso pon-
to de vista, ainda que indubitavelmente respeitemos essa opinião, con-
sideramos de maior incidência nos fracassos terapêuticos um mal
planejamento de base na obtenção da fórmula terapêutica.
O problema, já por si mesmo espinhoso, da localização precisa dos
pontos energéticos se vê agravado pelo fato de que a superfície dos
mesmos é muito reduzida.
A localização não implica em um grande problema quando o ponto
em questão é sensível à pressão. Porém em múltiplas ocasiões isto não
se sucede e então se localiza usando os seguintes métodos:

1) Referências anatômicas
2) Medidas proporcionais
3) Medidas digitais
4) Detecção eletrônica

1) Referências anatômicas

Além das referências concretas que permitem localizar cada ponto


de acupuntura, há umas referências gerais que merecem ser levadas em
conta:

— Nas costas: se tomarão principalmente como referências os pro-


cessos espinhosos e a escápula:

417
TOMO I. 6.ª Lição: Assentimento e alarme (Shu-Mu)...

• O processo espinhoso mais proeminente corresponde à 7ª vér-


tebra cervical.
• O ângulo superior interno na escápula se encontra no nível do
processo espinhoso da segunda vértebra dorsal.
• A extremidade inferior da escápula fica no nível do processo
espinhoso da 7ª vértebra dorsal.

— No peito e abdome se tomarão como referência: o umbigo (se


encontra na altura do processo espinhoso da 2ª vértebra lombar,
os mamilos, o esterno, o púbis, etc.
— Nas costas:
• A borda inferior das costelas está no nível da 2ª lombar, apro-
ximadamente.
• A borda superior da crista ilíaca se encontra no nível da 4ª
vértebra lombar, aproximadamente.
— Nos membros, tanto superiores como inferiores, se escolheriam
como referências fundamentais as pregas de flexão e os côndilos.
— Na cabeça, as referências são as linhas frontal e occipital de im-
plantação dos cabelos, as sobrancelhas, os olhos, etc.

2) Medidas proporcionais

Há pontos que não tem referências anatômicas precisas e que se


encontram longe das referências gerais que citamos.
Para estes casos se idealizou um modelo de corpo humano em que
cada parte ou segmento do mesmo está dividido em certo número de
unidades iguais (ver quadro). Cada uma destas unidades é conhecida
como o nome chinês de CUN ou T’SUN, ou sob o nome ocidental de
polegada ou distância, e seu valor é diferente para cada pessoa.
O número de divisões de cada parte do corpo vai permanecer cons-
tante em todos os indivíduos, o que varia é o valor da distância.
Este método permite respeitar as grandes diferenças morfológicas que
existem entre os diversos sujeitos em função da idade, altura, consti-
tuição, etc.

418
Capítulo IV: Localização de pontos - Conceito de distância (Cun). Pontos proibidos

3) Medidas digitais

Este sistema permite localizar os pontos tomando como referencial


a largura e comprimento dos dedos da mão do paciente (esquema 163).
O acupunturista deverá, na hora de usar este sistema, comparar sua
mão com a do paciente e fazer as oportunas correções.

— A distância entre as duas pregas do dedo médio corresponden-


tes às articulações interfalângicas distal e proximal é considera-
da igual a 1 Cun ou T’sun.
— A largura máxima da 1ª falange do polegar corresponde a 1 Cun
ou T’sun.
— A largura dos dedos indicador, médio, anular e mínimo juntos
tomada na linha da 2ª articulação do indicador é considerada igual
e 3 Cun.

Este método é mais simples de usar do que o das medidas proporci-


onais, porém tem o inconveniente de ser menos preciso.

4) Detecção eletrônica

Este sistema de localização de pontos se fundamenta no fato cons-


tatado da menor resistência que oferecem à passagem da corrente de
baixa voltagem os trajetos dos meridianos principais com relação à pele,
destes com relação aos pontos, e destes últimos com relação aos pon-
tos sensíveis ou reativos a alterações exógenas ou endógenas.

PONTOS PROIBIDOS

No item «modo de emprego» dos pontos de cada meridiano reuni-


mos literalmente as indicações dos autores clássicos chineses no que se
refere à acupuntura-moxabustão. Porém queremos fazer uma série de
explicações.

— Os autores chineses defendem algumas vezes critérios muito di-


ferentes com relação a isso, o que complica bastante o tema.
— Suas observações não devem ser entendidas literalmente; quan-
do especificam «pontos proibidos», em nossa opinião a maior parte
das vezes pretendem simplesmente expressar precaução de uso.

419
TOMO I. 6.ª Lição: Assentimento e alarme (Shu-Mu)...

— Uma boa parte dos pontos que se consideravam proibidos na


puntura ou moxabustão antigamente são usados na atualidade.
Razão pela qual temos acrescentado listas atualizadas de pontos
proibidos na acupuntura e moxabustão.

ACUPUNTURA

Entre uma extensa lista de pontos proibidos para a acupuntura,


mencionados tanto por Yang Chi Chou (no enunciado nº 84 do «Zhen
Jiu Da Cheng») como por outros autores antigos, consideramos opor-
tuno ressaltar os seguintes:

Pontos proibidos

— RUZHONG, E17 – Absolutamente proibida sua puntura.


— SHENQUE, VC8 – Absolutamente proibida sua puntura.
— XIBHUI, VG22 – Proibido punturá-lo em crianças menores de 8
anos, pois a fontanela não está completamente fechada e pode-
ria ser perfurada com risco de morte.
— QIANGJIAN, VG18 – Proibido punturá-lo em crianças menores
de 8 anos, pela mesma razão que o VG22.
— WULI, IG13 – Segundo o Nei Jing ponto de reunião de Sangue e
Energia.

Pontos Proibidos durante a gravidez

— GUANYUAN, VC4 – Segundo Ming Trang é proibido punturar


este ponto na mulher grávida porque provocaria aborto.
— HEGU, IG4 – Não tonificar este ponto pela mesma razão que o
anterior. Por outro lado pode-se sim usá-lo em dispersão.
— SANYINJIAO, BP6 – Não dispersar este ponto na mulher grávi-
da, pois pode provocar aborto.
— JIANJING, VB21 – É um ponto favorecedor do parto.
— KUNLUN, B60 – É um ponto favorecedor do parto.
— TAICHONG, F3 – Segundo Hoa Tao, quando punturado ao mes-
mo tempo que o BP6 pode ocasionar aborto.

Pontos a usar com precaução

— CHENGQI, E1 – Punturar com precaução, pela sua proximidade


com o globo ocular.

420
Capítulo IV: Localização de pontos - Conceito de distância (Cun). Pontos proibidos

LINHA

PROCESSOS

ESQUEMA 157 ESQUEMA 158

LINHA
INSERÇÃO DO CABELO

LINHA
BORDA INS ERÇ ÃO DO CAB
ELO
DA

ESQUEMA 159

421
TOMO I. 6.ª Lição: Assentimento e alarme (Shu-Mu)...

ARTICULAÇÃO

PR EG A

PREGA DO COTOVELO

BORDA SUP. DA
PREGA DE SÍNFISE PÚBICA
FLEXÃO DO PULSO

ESPINHA

ESQUEMA 160

INSERÇÃO DO CABELO

BORDA
ESPINHAL DA ESCÁPULA

ESPINHA

ESQUEMA 161

422
Capítulo IV: Localização de pontos - Conceito de distância (Cun). Pontos proibidos

TROCÂNTER
MAIOR

BORDA SUP. DO
CÔNDILO FEMORAL
PREGA TRANSVERSAL BORDA INF. DO
DA FOSSA POPLÍTEA CÔNDILO INTERNO DA TIBIA
(interlinha articular e
vértice da rótula)

ESQUEMA 162

ESQUEMA 163

423
TOMO I. 6.ª Lição: Assentimento e alarme (Shu-Mu)...

DIVISÕES PROPORCIONAIS DAS DIFERENTES PARTES DO CORPO


Distância CUN Observações ou notas

Entre as linhas anterior (frontal) e posterior (occipital) Se as linhas do cabelo não são nítidas, se considerará
de implantação dos cabelos. que a distância do ponto 14VG ao ponto Yintang é de 18
cun.

Entre a linha anterior (frontal) dos cabelos e a glabela


(ponto Yintang)
CABEÇÃ E PESCOÇO

Entre a linha posterior (occipital) dos cabelos e 16VG


(Dazhui)

Distância entre os 2 pontos Renying (9E)

Entre as pontas dos 2 processos mastoideos. Acreditamos que as 9 distâncias teóricas, que todos os
autores mencionam, na prática correspondem a aproxi-
madamente 6.

Entre os 2 ângulos dos cabelos, ou seja, entre os dois


pontos Touwei (8E)

Do pomo-de-Adão ao ponto 22 VC.

Da sincondrose xifoesternal (16 VC) ao centro do As medidas do tórax se baseiam nos espaços inter-
umbigo. costais.
TÓRAX E ABDOME

Do centro do umbigo à borda superior da sínfise


púbica.

Do extremo da prega axilar à extremidade da 11.ª É a medida vertical da parede lateral do tórax.
costela.

Entre os mamilos.
ESPÁ-

Da borda interna da escápula à linha


DUA

média posterior.

Coxa Da borda superior da sínfise púbica à


borda superior do côndilo interno do
fêmur.
INFERIORES

Da extremidade superior do trocanter


MEMBROS

maior ao centro da patela.

Perna Do centro da patela à ponta do maléolo O maléolo interno está 1 distância acima do maléolo
externo. externo.

Da tuberosidade interna (da borda infe-


rior do côndilo interno) da tíbia à ponta
do maléolo interno.

Braço Da extremidade superior da prega axilar


SUPERIORES
MEMBROS

anterior à prega do cotovelo ou da


extremidade superior da prega axilar
posterior ao olécrano.

Antebraço Da prega do cotovelo à prega do pulso.

ESQUEMA 164

424
Capítulo IV: Localização de pontos - Conceito de distância (Cun). Pontos proibidos

Precauções terapêuticas:
— SIBAI, E2 – Contra-indicada sua inserção profunda.
— DAYING, E5 – Precaução, não se deve punturar a artéria facial.
— RENYING, E9 – Contra-indicada a puntura profunda que cause
dano à artéria carótida pois segundo o Su Wen pode provocar a
morte.
— QUEPEN, E12 – Contra-indicada a inserção profunda, pois pode
desencadear dispnéia ou ferir os vasos subclaviculares.
— QICHONG, E30 – Punturar com precaução. Segundo o Tong Reng
uma puntura desafortunada pode ferir a artéria femoral e ocasi-
onar a formação de um hematoma que comprima a bexiga oca-
sionando alterações urinárias (cistites).
— CHONGYANG, E42 – Ao punturar, procurar evitar a artéria.
— JIMEN, BP11 – Contra-indicada sua inserção profunda, por achar-
se sobre a veia safena maior e a artéria e veia femorais
— SHIMEN, VC5 – Precaução, segundo o Su Wen a puntura-
moxabustão deste ponto pode causar na mulher esterilidade.
— JIWEI, VC15 – Deve ser usado somente por um acupunturista ex-
periente pois quando se dispersa demasiada energia pode haver
um desenlace fatal.
— TIANTU, VC22 – Contra-indicada sua inserção profunda (método
muito especializado).
— YAMEN, VG15 – Contra-indicada sua inserção profunda (método
muito especializado).
— FENGFU, VG16 – Contra-indicada sua inserção profunda.
— JINGMING, B1 – Punturar com precaução por sua proximidade
com o globo ocular.
— JIANJING, VB21 – Contra-indicada sua puntura profunda, pode
ocasionar síncope.
— SHANGGUAN, VB3 – Contra-indicada a inseção profunda, pois
se causa dano à artéria pode provocar surdez.
— TIANYOU, TA16 – Segundo a «Estátua de Bronze» e Su Wen,
este ponto não deve ser usado em estimulação, mas sim em dis-
persão.
— SHONGFU, P1 – Contra-indicada sua inserção profunda porque
pode ocasionar pneumotórax.
— OS SHU DORSAIS – usados com precaução em dispersão, é pre-
ferível a moxação.

425
TOMO I. 6.ª Lição: Assentimento e alarme (Shu-Mu)...

MOXABUSTÃO

Pontos absolutamente proibidos

— TIANFU, P3
— JINGQOU, P8
— HELIAO, IG19
— YINGXIANG, IG20
— CHENGQI, E1
— SIBAI, E2
— TOUWEI, E8
— RENYING, E9
— RUZHONG, E17
— JIZHONG, VG6
— YAMEN, VG15
— FENGFU, VG16
— SULIAO, VG25
— RENZHONG, VG26
— DUIDUAN, VG27
— YINJIAO, VG28
— QIANLIAO, ID18
— YANGQUAN, VB33
— DIWUHUI, VB42
— SIZHUKONG, TA23
— JINGMING, B1
— ZANZHU, B2
— MEICHONG, B3
— CHENGGUANG, B6
— TIANSHU, B10
— BAIHUANSHU, B30
— WEIZHONG, B40

Pontos proibidos durante a gravidez

— XIAWAN, VC10 – Segundo a «Estátua de Bronze».


— JIANLI, VC11 – Segundo Ming Tang.
— SHIMEN, VC5 – Segundo o Su Wen a moxabustão deste ponto
pode causar na mulher esterilidade.

426
TOMO I

7.ª LIÇÃO

OS MERIDIANOS PRINCIPAIS

CAPÍTULO I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos.


Número de pontos, localização anatômica, características, método de puntura e
indicações particulares de cada Meridiano
CAPÍTULO II: Atlas anatômico básico para a localização dos pontos
CAPÍTULO III: Pontos curiosos
CAPÍTULO IV: Pontos novos
CAPÍTULO V: Nomeclaturas, índices e bibliografia mais relevante consultada
CAPÍTULO I
Generalidades, trajeto, ação geral, relações
energéticas, sinais clínicos.
Número de pontos, localização anatômica,
características, método de puntura e indicações
particulares de cada Meridiano
«A ciência lentamente vem demonstrando que
o metafísico não é o mundo fechado e oculto dos
místicos, mas sim um continuum físico para além
de nossa percepção sensitiva.»

S. VAN NES ZIEGLER


Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

SISTEMA JING MAI


(MERIDIANOS PRINCIPAIS)

Lembrete

Conta-se que na China antiga, há milhares de anos, as pessoas, le-


vadas pela ânsia de combater a enfermidade, descobriram certos pon-
tos na superfície corporal que ao serem estimulados de diversas manei-
ras (calor, picadas, massagem, etc.) produziam reações curativas sobre
determinados transtornos. Pouco a pouco foram se concretizando as
relações dos pontos cutâneos com os órgãos internos e, daqueles entre
si, pois cada vez seus registros se tornavam mais numerosos, e perce-
beu-se que suas disposições guardavam uma ordenada simetria.
Desta maneira, e seguindo com a teoria empírica (que não é a única
a respeito), chegou-se a elaborar o sistema de comunicação (referindo-
se ao nosso interior e ao cosmos) que hoje conhecemos com o nome de
Jing Luo (Meridianos Principais e Secundários) uma parte do qual, a
que corresponde aos Jing Mai ou Ching (Meridianos Principais), nos
propomos a analisar agora.
Essa descrição sobre o descobrimento dos pontos e meridianos
energéticos chineses é a teoria mais aceita pelos meios científicos oci-
dentais, em íntima relação com a existência do reflexo víscero-cutâneo
e a proverbial paciência e espírito de observação orientais.
No entanto, esta teoria contém uma infinidade de interrogações e
múltiplas lacunas que qualquer estudioso da bioenergética questiona
indefectivelmente.
Aceitando a frase do Nei Jing, onde Ki Pa explica ao Imperador
Amarelo Hoan Ti, por volta do ano 3000 a.C., que seus antecessores
podiam ver e ouvir coisas que eles não viam nem ouviam, e admitindo
que se tivesse a capacidade de ver os fluxos ou emanações energéticas

431
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

circulantes no organismo, por exemplo a aura ou inclusive a visão do


próprio espectro energético através do percurso do canal, isso não ex-
plicaria a visão dos percorridos endógenos destes canais que são os res-
ponsáveis pelas inter-relações energéticas orgânicas.
Por outro lado, a fantástica visão do homem como ente cósmico, as
relações diretas que guardam as funções orgânicas com os meios cós-
micos e telúricos aos quais respondem, a existência de leis e métodos
de acupuntura que deixam vislumbrar uma surpreendente carga cien-
tífica, demonstram o feito inquestionável de uma avançada civilização
no distante oriente, onde, desde há milênios existiam avanços científi-
co-técnicos que no ocidente nem se suspeitavam a não ser há poucos
anos.
Na revista «Nosty» da URSS, no ano 76, descreve-se que os investi-
gadores soviéticos mostraram-se surpresos ao comprovar a existência
de pontos bio-ativos que coincidiam com os pontos de Acupuntura
descritos há milênios e para cujo descobrimento utilizaram sofisticados
meios de investigação e medição eletrônica.
As doze proposições axiomáticas de Fu-Shi que são um evidente tra-
tado de física, a lei da relatividade implicada na lei Yin-Yang, a alta
matemática necessária para desenvolver a lei Meio-dia – Meia-noite, o
profundo e exato conhecimento que o homem manteria com o meio, o
conhecimento da circulação sanguínea, etc.
São feitos que nos incentivam a pensar que estes conhecimentos não
são autônomos nem derivados da observação ou casualidade.
Tudo isso, creio, teria sido o legado de uma civilização com um alto
nível de conhecimentos e que possuía a explicação científica das mani-
festações energéticas do homem e do cosmos.
Não me cabe a menor dúvida de que o empirismo atual sobre a
bioenergética teve sua etapa de plena compreensão científica, perdida
na noite dos tempos, e que na atualidade nos chega através da Tradi-
ção Chinesa e dos poucos textos que se salvaram das queimas, entre
outras, das bibliotecas de Pequim e Alexandria.
Quem sabe o fogo levou séculos de avanço científico da humanida-
de, e talvez tenha desviado o caminho em direção a uma harmonização
do homem e seu meio.
Os Meridianos Principais (que embriologicamente falando parecem
derivar-se dos Meridianos Distintos) formam um conjunto de doze ca-
nais, dez dos quais estão diretamente ligados a um mesmo número de
órgãos (cinco Zang, «órgãos sólidos» ou «tesouro’, e cinco «Fu», «ór-
gãos ocos» ou «oficinas») e o casal restante a duas importantíssimas
funções energéticas.

432
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Diversos autores ampliam o citado conjunto integrando outros dois


Meridianos, Dumai e Renmai, pelo fato de que possuem pontos pró-
prios assim como os Jing Mai, ainda que estes pertençam às vias secun-
dárias (Meridianos Curiosos).
Sua disposição se realiza de forma mais ou menos paralela ao eixo
vertical, localizando-se no que se costumam chamar planos energéticos
(grupos de dois Jing Mai, de mesma natureza, Yin ou Yang, articula-
dos sobre o citado eixo).
Em um clássico da acupuntura chinesa (Zhen Jiu Da Cheng, de Yang
Chi Chou, 1573-1619) lê-se a respeito:
«O corpo do homem está percorrido por três pares de vasos Yin e
três pares de vasos Yang simétricos, cujo conjunto constitui o sistema
dos Meridianos Principais». Estes são:

— Os Yin Mai da mão, partindo do peito e indo parar na mão.


— Os Yang da mão, partindo da mão e indo parar na cabeça.
— Os Yang do pé, partindo da cabeça e indo parar no pé.
— Os Yin do pé, partindo do pé e indo para no abdome e tórax.
— Os três Yang da mão ao conectarem-se, na cabeça, com os três
yang do pé, constituem o conjunto dos Planos Energéticos Yang.
— Os três Yin do pé ao conectarem-se no tórax com os três Yin da
mão constituem o conjunto dos Planos Energéticos Yin.

No total existem então seis Planos Energéticos cuja localização


somática se estabelecerá em função de sua natureza mais ou menos
Yang, mais ou menos Yin. Assim:

— O Plano mais externo corresponde ao Yang Supremo, seu nome:


Tai Yang. Está integrado, com o restante dos Planos Energéticos,
por dois ramos:

a) Uma superior (Shou, ou da mão), correspondendo ao


Meridiano Principal do Intestino Delgado que, portanto, se cha-
mará Shou Tai Yang.
b) Outra inferior (Zu, ou do pé), correspondente ao Meridiano
Principal da Bexiga, que se chamará Zu Tai Yang.
— Segue-o em direção ao interior o Plano médio dos Yang, ou «do-
bradiça»: o Shao Yang, com seus dois ramos:
a) Shou, correspondente ao Meridiano Principal do Triplo
Aquecedor (Shou Shao Yang).

433
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

b) Zu, correspondente ao Meridiano Principal da Vesícula Biliar


(Zu Shao Yang).
— Na continuação encontramos o Plano mais interno dos yang, o
Yang Ming, cujos dois ramos correspondem:
a) Shou ao Meridiano Principal do Intestino Grosso (Shou Yang
Ming).
b) Zu ao Meridiano Principal do Estômago (Zu Yang Ming).
— Entre os Yin, o mais externo é o Plano Tai Yin, cujos ramos
correspondem:
a) Shou ao Meridiano Principal do Pulmão (Shou Tai Yin).
b) Zu ao Meridiano Principal do Baço-Pâncreas (Zu Tai Yin).
— O Plano «dobradiça» dos Yin leva como nome Jue Yin, seus ra-
mos são:
a) Shou ao Meridiano Principal do Mestre do Coração (Shou
Jue Yin).
b) Zu ao Meridiano Principal do Fígado (Zi Jue Yin).
— Por último, o Plano mais interno (mais yin) dos Yin, é o Shao Yin,
seus ramos são:
a) Shou, o Meridiano Principal do Coração (Shou Shao Yin).
b) Zu, o Meridiano Principal do Rim (Zu Shao Yin).
Atendendo à posição energética é importante assinalar que os
Meridianos Yang orientam-se sempre em sentido descendente, pois são
os portadores das energias do Céu. Os Meridianos Yin, ao contrário,
tem sentido ascendente, pois veiculam as energias da Terra. Entre esta
e aquela encontra-se este transformador de energia que é o homem (es-
quema 165).
— A energia que circula pelos doze Meridianos Principais é funda-
mentalmente energia Rong (nutrícia) a qual, originando-se no TA
médio a partir dos alimentos, ascende por um ramo interno até
os pulmões onde se combina com a energia do ar inspirado (ener-
gia Rong propriamente dita) e assim, enriquecida, alcança o trajeto
externo do Meridiano Principal do Pulmão, passando depois con-
secutivamente ao resto dos Jing Mai, seguindo uma ordem e um
ritmo constantes, que seriam:
— Com relação à ordem: P – IG – E – BP – C – ID – B – R – MC –
TA – VB – F – P...

434
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

ESQUEMA 165

— Com relação ao ritmo: a energia Rong demora 24 horas para dar


uma volta completa no circuito descrito. Além disso, ao longo das
12 horas chinesas da jornada (24 horas ocidentais) se alojará de
forma quantitativamente maior durante uma, em cada um dos
doze Meridianos Principais. Assim:
• das 3 às 5 h no MP do P.
• das 5 às 7 h no MP do IG.
• das 7 às 9 h no MP do E.
• das 9 às 11 h no MP do BP.
• das 11 às 13 h no MP do C.
• das 13 às 15 h no MP do ID.
• das 15 às 17 h no MP da B.
• das 17 às 19 h no MP do R.
• das 19 às 21 h no MP do MC.
• das 21 às 23 h no MP do TA.
• das 23 à 1 h no MP da VB.
• da 1 às 3 h no MP do F.
— Na sua passagem pelos ditos Meridianos a energia Rong adota o
caráter Yang ou Yin dos mesmos. Ao percorrê-los alcança pro-
gressivamente um ponto zênite com relação a uma daquelas po-
laridades (segundo o caso), e logo começa a mostrar-se em direção
à natureza oposta, transformação que culmina sempre no nível
das extremidades dos dedos.
— Essa energia Rong será também a principal hóspede de outros ca-
nais que, junto com os Jing, integram a chamada «grande circu-
lação», estamos nos referindo aos pequenos vasos Luo Transver-

435
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

ESQUEMA 166

sais, cuja simples menção nos serve para introduzir um novo e


fundamental conceito, o de Meridianos Acoplados, casais de
Meridianos que cumprem as seguintes funções:
— Caráter complementar Yin-Yang, dando-se entre eles uma mu-
dança de polaridade.
— Respondem a um mesmo movimento (ou elemento).
— Possuem o mencionado sistema de equilíbrio energético recípro-
co (vasos Luo Transversais).

Desta maneira, podemos dizer que são Meridianos Acoplados entre


si: F-VB, C-ID, E-BP, TA-MC, P-IG, B-R.
Em seu conjunto a teoria dos Meridianos constitui um dos pilares
fundamentais da Medicina Tradicional Chinesa. Este papel protagonista
levou numerosos investigadores a tratar de alguma maneira de pôr em
evidência sua existência. Descartáveis nos parecem de início as identi-
ficações simplistas dos Meridianos com o Sistema Nervoso. São, isso sim,
de merecido prestígio os trabalhos do Dr. Niboyet (mostrando como os
trajetos externos dos Meridianos Principais coincidem com linhas de
resistência mínima à passagem de corrente elétrica), também aqueles
do eminente coreano Kim Bowg Hang e, recentemente, é digno de
menção o trabalho do professor Jean Claude Darras (que conseguiu pôr
em manifesto o percorrido dos Meridianos graças à injeção de um lí-
quido, com certo caráter radioativo, em determinados pontos de acu-
puntura).
Não menos respeito temos que conceder à idéia que apresenta o
Meridiano como um lugar imaterial de ressonância para fenômenos
energéticos de distintas características de acordo com o caso, e que

436
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

descarta a visão dos Jing Luo como se fossem «tubos» ou «canos» como
podem ser as veias, artérias ou vasos linfáticos.
Resulta interessante comprovar na prática clínica como alguns pa-
cientes, ao serem punturados, experimentam a sensação de «algo» per-
correndo umas linhas corporais que coincidem com os «caminhos» dos
Meridianos. Isto, de alguma maneira, confirma sua presença.
Em nossa opinião, mesmo quando se demonstra a presença de cer-
tas estruturas orgânicas seguindo a trajetória dos Meridianos chineses,
é improcedente afirmar que aquelas são os próprios Meridianos. Tra-
tar-se-á, em todo caso, de um reflexo material deles, ao que não há
porque negar necessariamente a existência.
Seja como for, do que estamos convencidos é de que sem um conhe-
cimento detalhado da topografia Jing Luo não é possível desenvolver a
prática da acupuntura.

437
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

AÇÃO TERAPÊUTICA GERAL DOS PONTOS DOS


MERIDIANOS PRINCIPAIS YIN-YANG DA MÃO E DO PÉ

MERIDIANO INDICAÇÕES INDICAÇÕES EM


PARTICULARES CONJUNTO
MP do Pulmão, Taiyin Transtornos do pulmão e
da Mão (P) garganta, tórax e mem-
bros superiores, e alte-
rações dermatológicas.
MP do Mestre do Cora- Transtornos do coração,
As três vias ção, Jueyin da Mão estômago e membros su- Enfermidades do tórax e
Yin da Mão (MC) periores. transtornos mentais.
MP do Coração, Shaoyin Transtornos do coração, Luo de grupo: MC5
da Mão (C) tórax, alterações circula-
tórias e membros supe-
riores.
MP do Intestino Grosso, Transtornos da face, ca-
Yangming da Mão (IG) beça, nariz, boca, dentes,
garganta e membros su-
periores. Enfermidades da cabeça,
As três vias MP do TA, Shaoyang da Transtornos dos ouvidos, olhos, garganta, enfermi-
Yang da Mão Mão (TA) região temporal, hipo- dades febris e transtornos
côndrios e membros su- mentais.
periores. Luo de grupo: TA8
MP do Intestino Delga- Transtornos do pescoço,
do, Taiyang da Mão (ID) ouvidos, região escapular
e membros superiores.
MP do Estômago, Yang- Transtornos da face,
ming do Pé (E) boca, dentes, garganta,
estômago, intestino e
membros inferiores. Enfermidades da cabeça
As três vias MP da Vesícula Biliar, Transtornos dos olhos, e febris, e transtornos
Yang do Pé Shaoyang do Pé (VB) ouvidos, hipocôndrios, mentais.
região temporal e mem- Luo de grupo: BP6
bros inferiores.
MP da Bexiga, Taiyang Transtornos do pescoço,
do Pé (B) olhos, região dorso-lom-
bar e pele.
MP do Baço-Pâncreas, Transtornos do baço, es-
Taiyin do Pé (BP) tômago, intestinos e res-
piratórios. Enfermidades do abdome
As três vias MP do Fígado, Jueyin do Transtornos do fígado, e dos órgãos urogenitais.
Yin do Pé Pé (F) genitais externos, pru- Luo de grupo: VB39
ridos, alergias e patolo-
gia digestiva.
MP do Rim, Shaoyin do Transtornos dos rins, co-
Pé (R) ração, ossos e pele.

438
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

439
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

MERIDIANO PRINCIPAL DOS PULMÕES


SHOU TAI YIN

GENERALIDADES

SEU VERDADEIRO NOME – PLANO ENERGÉTICO:

Sua denominação clássica é Shou Tai Yin, pois constitui o ramo su-
perior (Shou significa extremidade superior) do plano mais superficial
dos meridianos Yin, isto é, do Taiyin (cujo segmento inferior o integra
o canal do Baço-Pâncreas, Zu Tai Yin).

NÚMERO DE PONTOS:
11 (bilaterais)

MERIDIANO ACOPLADO: Shou Yang Ming (Meridiano Principal do


Intestino Grosso)

CORRENTE ENERGÉTICA RONG:


— Sentido: centrífugo.
— Horário de máxima energia: 3 – 5 h (hora Yin).
— Lei Meio-dia – Meia-noite: Seu oposto é o Zu Tai Yang (B).
— Ordem: Lhe precede no circuito diário o MP do Fígado, lhe se-
gue o MP do IG.
— Proporção energia (Qi) – sangue (Xue): o plano Taiyin tem mais
energia que sangue, pelo qual na hora de dispersar se evitará
sangrar os pontos.

PULSOLOGIA:
— Posição do Pulso Radial: Mão direita, polegar, profundo.
— Posição do Pulso Revelador: canal radial em geral (artéria radial).
— Tomada de níveis energéticos: P9, Tàiyua-n.
— Lei esposo – esposa: pelo que ao pulso se refere, o Shou Tai Yin
(P) possui o papel de «esposa» com relação ao Shou Shao Yin (C),
localizado na posição idêntica contralateral.

440
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

PENTACOORDENAÇÃO (Correspondências):
— Movimento: metal.
— Víscera acoplada: Intestino grosso.
— Estação: Outono.
— Energia cósmica: Secura.
— Direção: Oeste.
— Controle de: Pele, pêlo e conjunto do aparelho respiratório.
— Astros: Vênus.
— Sentimento negativo: Tristeza, passividade, abulia, pessimismo.
— Expressão sonora: Soluço.
— Conteúdo sutil: (Po), fluido vital, alma sensitiva.
— Sentido: olfato.
— Secreção: Muco.
— Sabor: picante.
— Odor: de carne.
— Cor: Branco.
— Nota musical: Re.
— Alimento vegetal: Arroz.
— Alimento animal: Cavalo.
— Ciclo Sheng: Segundo este, é filho da terra (BP) e mãe da água (R).
— Ciclo Ke: Segundo este, é limitado pelo fogo (C) e por sua vez inibe
à madeira (F).

PONTOS PRINCIPAIS:
— Mu: P1, Zho-ngf .
— Shu dorsal ou de Assentimento: B13, Fèishu-.
— Nó: VC12, Zho-ngw n.
— Raiz: BP1, Y nbaí.
— Aceleração: BP2, Dàdú.
— Arraste: P11, Shàosh ng.
— Luo: P7, Lièqu .
— Luo de grupo: MC5, Ji nsh .
— Shu-Yuan: P9, Taìyu n.
— Xi: P6, K ngzuì.
— Reunião: F13, Zh ngmén.
— Tonificação: P9, Tàiyu n.
— Sedação: P5, Ch zé.
— Estacional, dominante ou transmissor: P8, J ngqú.
— Abertura de vaso maravilhoso: P7, Lièqu (Renmai – Jenn Mo).
— He de ação específica: P9, Tàiyu n (artérias e circulação).
— Janela-do-céu: P3, Tiànf .

441
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

PONTOS PARTICULARES:
Pontos de pulsologia radial:
— Posição pé: P7, Lièqu .
— Posição barreira: P8, J ngqú.
— Posição polegar: P9, Tàiyu n.

SHU ANTIGOS:
— Jing – Poço: P11, Shàosh ng.
— Ying: P10, Yújì.
— Shu: P9, Tàiyu n.
— Jîng – Rio: P8, J ngqú.
— He: P5, Ch zé.

ESTUDO GERAL DO TRAJETO:


• Trajeto profundo:
— Começa no Zhongjiao (TA Médio).
— Descende no Intestino Grosso. Sobe à cárdia, atravessa o diafragma
e se divide em dois ramos, cada um dos quais vai penetrar no
pulmão correspondente.
— Segue a traquéia até a garganta. Descende ao oco infraclavicular
e emerge no ponto P1, Zh nf .

• Trajeto superficial:
— Sobe à borda inferior da clavícula.
— Percorre a parte antero-externa do braço e antebraço.
— Segue a borda externa da eminência tenar.
— Termina na extremidade do polegar (P11, Shàoshâng).

Um vaso secundário parte de Lièqu (P7), segue a borda interna da


eminência tenar e vai ganhar a extremidade do índice onde conecta-se
com o MP do IG1.

1
Na opinião do autor o trajeto deste meridiano, em boa lógica, deveria começar no
nível do próprio órgão, pois vimos ser o lugar onde inicia-se o ciclo de circulação
energética Rong e esta energia forma-se precisamente no órgão Pulmão (pela combinação
do Thin dos cereais e o Thin cósmico). Se emitirá um vaso a partir do próprio Pulmão
que, atravessando o diafragma, cárdia e estômago conectaria-se com o IG, no nível do
cólon transverso.

442
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

OUTROS VASOS SECUNDÁRIOS E CONEXÕES:


O Meridiano Principal do Pulmão está unido ao do Fígado por um
ramo que liga os pontos Q mén (F14) e Zh ngf (P1). O sistema de va-
sos Luo Transversais acopla aos Meridianos do Pulmão e Intestino Grosso
unindo Tàiyu n, P9 (Yuan) e Pi nlì, IG6 (Luo), por uma parte e Hég ,
IG4 (Yuan) e Lièqu , P7 (Luo), por outra.
O MP do BP e o MP do P estão conectados graças a um vaso, cujos
extremos se situam em Dàb o (BP21) e Zh ngf (P1).

AÇÃO GERAL:
Nei Jing Ling Shu, capítulo VIII
«Os pulmões regem a energia, esta representa a alma secundária».

Nei jing Ling Shu, capítulo XVII


«A energia dos pulmões está em relação com o orifício nasal, rege o
olfato».

Zhen Jiu Da Cheng de Yang Chi Chou, enunciado 122


«O Nei Jing especifica que os pulmões têm funções comparáveis às
de um oficial:
— Reguladores da função de secreção.
— Geradores da energia. Encobridores do Po (alma sensitiva).
— Distribuidores do frescor do sistema pilocutâneo e da elasticida-
de do revestimento cutâneo.
A energia dos pulmões é o Tai Yin no Yang, e comunica-se com a do
outono. Está em relação com o oeste e a cor branca e se exterioriza no
nariz.
Os pulmões são o lugar de armazenamento da energia funcional. Suas
alterações se manifestam na espádua».

Em energética, os pulmões, graças a seu funcionamento, tem sido


qualificados de «Mestres das energia».
A partir deles a energia Rong é incorporada ao circuito dos meri-
dianos principais.
Regem a totalidade do aparelho respiratório, assim como a pele e o
pelo.
Exercem também seu controle sobre o olfato e a voz.
E além disso colaboram com o coração, a fim de harmonizar o con-
junto da circulação sanguínea.

443
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

RELAÇÕES ENERGÉTICAS MAIS SIGNIFICATIVAS:


A energia do P está em relação com a do C através do TA superior
e do ciclo Ke. Portanto, terá uma participação direta nos problemas da
circulação sanguínea e cárdio-respiratórios.
Ao serem os «Mestres da energia», mantêm uma relação direta com
todos os órgãos porém, sobretudo, com o elemento terra (BP), de quem
se nutrem e com o elemento água (R) ao qual alimenta.
Comanda a pele e o pêlo, como já dissemos, motivo pelo qual se
supeitará de alterações deste MP em dermatopatias, dermalgias,
alopécias, etc.
A energia dos Pulmões e seu acoplado está relacionada, como vere-
mos ao estudar sua patogenia, com as fossas nasais, a garganta e o tom
de voz. Portanto, a utilizaremos em faringites, disfonias, amigdalites,
anosmias, rinites, constipações, diarréias, etc.
Como elemento «mãe» do R, sua insuficiência se refletirá em altera-
ções da separação do líquido orgânico, com aparecimento de edemas e
dificuldades na micção. Também, e como «mestre das energias» forma-
dor de Rong, sua insuficiência refletirá um vazio do Rim-Yang por in-
suficiente formação de Qi orgânico.
Suas relações com o Intestino Grosso lhe fazem intervir em proces-
sos intestinais, como diarréias ou constipações.
Sua situação externa (plano Taiyin) lhe permite comunicar-se com o
exterior, é a ponte de manifestação das plenitudes Yin em direção ao
Yang Ming, e portanto o primeiro órgão a manifestar alterações produ-
zidas pelas Energias Perversas (se abre ao exterior).

SEMIOLOGIA (P)

ZHEN JIU DA CHENG, de YANG CHI CHOU. Livro III. Enunciado 55:
«Transtornos do meridiano:
— Perturbações de origem interna: asma, tosse, sensação de plenitu-
de pulmonar, dores supra-claviculares, braços em cruz, frio nos
quatro membros. Perturbações de origem externa: tosse, dispnéia,
sede, inquietude, plenitude torácica, braquialgia, polaquiúria,
sensação de calor na palma da mão. Em caso de vazio: dores em
ombros e no dorso com sensação de frio. Em caso de plenitude:
igualmente dores com transpiração, hipopnéia, incontinência das
matérias fecais, urinas vermelhas.

444
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

MUJING, de WANG CHOU HO. Livro II, capítulo XVII:


«Achando-se o Yin em excesso, o meridiano Shou Tai Yin está em
plenitude. Os sinais clínicos são:
— Plenitude dos pulmões.
— Suores abundantes.
— Subida da energia.
— Sensação de obstrução na garganta, provocando vontade de
vomitar.
— Achando-se o Yin em insuficiência, o meridiano Shou Tai Yin está
em vazio. Os sinais clínicos são:
— Falta de energia.
— Vômitos secos».

NEI JING LING SHU, capítulo VIII:


«Os pulmões regem a energia, esta representa a alma secundária
(segundo a concepção metafísica chinesa existem várias almas). Se es-
tão em vazio, o enfermo carece de energia e apresenta obstrução na-
sal. Se estão em plenitude, apresenta sede e dispnéia com sensação de
plenitude no peito».

NEI JING LING SHU, capítulo X:


Alterações:
— Se houver a menor alteração no nível deste meridiano, os pulmões
estariam em plenitude, o enfermo apresentaria tosse, dispnéia e
dores na cintura escapular. Se essas alterações são graves, have-
rá atonia dos membros superiores e ptose palpebral. Todas as
afecções pulmonares dependem deste meridiano, tais como: tos-
se com a sensação de que a energia sobe até o alto do corpo,
plenitude no peito, dores no membro superior no trajeto do
meridiano, sensação de calor no nível da palma da mão.
— Se os pulmões estão em plenitude, o enfermo sentirá dores na es-
pádua e nos ombros.
— Se estão em vazio, faltará energia, apresentará dores na espádua
e nos ombros com sensação de frio a este nível (sintomatologia
Yin); a cor da urina muda.
— Em caso de plenitude o pulso Tsri Hao (direito) é três vezes mais
potente que o de Ran Ying».

445
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

NEIJING SU WEN. Livro VII, capítulo XXII:


«Os sinais de enfermidade do pulmão são:
• Sinais de plenitude:
— Asma, tosse, afluxo da energia em direção ao alto.
— Dores nos ombros e dorso. Transpiração.
— Dores na pélvis, nos músculos, nos joelhos, nas pernas e nos pés.
• Sinais de vazio
— Respiração curta, entrecortada.
— Hipoacusia.
— Garganta seca».

ZHEN JIU DA CHENG, de YANG CHI CHOU. Livro I, enunciado n.º 2:


«Enfermidade do calor que se assenta nos pulmões:
• Sinais predecessores:
— Membros frios com «pele de galinha».
— Temor ao vento frio.
— Capa lingual amarelada.
— Hipertermia.

• Sinais da luta entre a energia perversa e a energia essencial:


— Dispnéia ou tosse.
— Dor torácica com irradiação dorsal.
— Encefalalgia.
— Frio com transpiração».

NAN JING de PIENN TSIO (dificuldade nº 16):


«Sinais de enfermidade do Pulmão:
• Sinais externos:
— Face pálida
— Roncos
— Neurastenia.
— Choro fácil.

• Sinais internos:
— Acumulação de «energia ativa» (Dong Khi) à direita do umbigo
em forma de bola dura e sólida, às vezes dolorosa à palpação.

446
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

— Tosse e asma. Frialdade.


— Febre».

SU WEN, Livro VII, capítulo XI:


«Semiologia da enfermidade do pulmão:

• Sinais de plenitude:
— Asma, tosse, afluxo de energia em direção ao alto.
— Dores nos ombros e espádua.
— Transpiração.
— Dores na pélvis, músculo, joelho, pernas e pé.

• Sinais de vazio:
— Respiração curta, entrecortada.
— Hipoacusia.
— Garganta seca.
«Há que punturar e sangrar os pontos dos meridianos do P, B e F».

NAN JING de PIENN TSIO (dificuldade n.º 24):


«Quando há esgotamento da energia do Pulmão, a pele e o pêlo não
são mantidos, perdem sua vitalidade e se ressecam.
O Pulmão rege a energia de todo corpo. Sua função é ativar o Thin
para aquecer o corpo e dar vitalidade à pele e pêlo.
Assim, quando a energia dos pulmões é insuficiente, o Thin não
podendo circular perde sua função nutritiva e daí vem a alteração da
pele e pêlo. A alteração da pele e do pêlo é conseqüência da perda do
líquido orgânico e explica a presença de lesões articulares.
A secura da pele e a queda do pêlo são, portanto, sinais mortais do
esgotamento da energia dos pulmões».

SU WEN, capítulo XIX:


«Os membros superiores e inferiores estão enfraquecidos, há pleni-
tude no peito, dores nos ombros e no pescoço, febre, dispnéia. A morte
sobrevém em dez dias. Se sente ao apalpar o pulso que o pulso do ór-
gão é grande e vazio (dá a impressão de que se toca uma pluma), a
tonalidade é branca-avermelhada, o cabelo cai».

447
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

NEI JING LING SHU, capítulo X:


«Os cabelos e todo o pêlo se torna seco, pois os pulmões regem a
epiderme e as faneras. Em terminologia taoísta, o fogo (C) que triunfa
sobre o metal (Pulmões)».

SINTOMATOLOGIA DE VAZIO (XU) E PLENITUDE (SHI)2:


SINTOMAS DE PLENITUDE (SHI):
— Tosse e alterações respiratórias (respiração ofegante).
— Congestão torácica.
— Estado de agitação com superexcitação e insônia.
— Calor na palma da mão e espádua, acompanhado de transpiração
abundante e polaquiúria.
— Freqüentes bocejos e espirros.
— Dor no ombro e espádua.
— Tosse seca e congestiva com possibilidade de hemoptise e sensa-
ção de que a energia ascende à parte superior do corpo.
— Possibilidade de diarréias e vômitos.
— Tendência à hipertensão e excitação nervosa.
— Possibilidade de aparecimento de edema pulmonar.
— Pulso cheio.
— Língua espessa e úmida.

SINTOMAS DE VAZIO (XU):


— Dor e frio no ombro, espádua e oco subclavicular.
— Tosse quintosa e dilatação bronquial.
— Dispnéia, respirações curtas.
— Tristeza, angústia, pena, melancolia com insônia.
— Estado anérgico geral.
— Nictúria.
— Tendência à hipotensão.
— Tez pálida e possível paralisia facial.
— Língua e bochechas rosadas.
— Falta de força, debilidade geral.

2
Os sinais que relacionamos em vazio e plenitude são indicativos e a título geral,
pois logicamente a sintomatologia acompanhante a qualquer alteração de uma UE pode
guardar relações muito diversas em razão da inter-relação com o resto; em relação à
raiz afetada; na relação com a noxa (exógena ou endógena); em relação à sua capacidade
de E.E.; em relação ao componente E.A., etc.

448
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

— Febre ou febrícula vespertina.


— Alterações dermatológicas (pele seca) e do cabelo (alopécia).
— Pulso profundo e rápido.
— Dor e parestesia ao longo do percorrido.
— Sensação de frio ou calor na palma da mão.
— Alterações respiratórias, dispnéia.
— Alterações na garganta, laringe e faringe.

ALTERAÇÕES DE MERIDIANO OCASIONADAS POR:


As alterações dos meridianos Yin podem ser resumidas em dores,
parestesias ou alterações ao longo do percorrido do mesmo:
— Causas exógenas: elementos climatológicos (EP).
— Causas endógenas: alimentação, elementos psicoafetivos, etc. Em
sua manifestação externa ou primária.

O PULMÃO

449
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

MERIDIANO PRINCIPAL DOS PULMÕES


SHOU TAI YIN

NÚMERO DE PONTOS: 11

P1, Tchong Fou, 52, Zh ngf (Palácio central).


P2, Iunn Menn, 53, Yúnmén (Porta das nuvens).
P3, Tienn Fon, 54, Ti nf (Palácio celeste).
P4, Hap Po, 55, Xiábái (Branco do braço).
P5, Tche Tsre, 56, Ch zé (Pântano de um metro).
P6, Kong Tsoe, 57, K ngzuì (Poço profundo).
P7, Lie Tsiue, 58, Lièqu (Fraca disposição).
P8, King Khué, 59, J ngqú (Goteira da via energética).
P9, Tae Iuann, 60, Tàiyu n (Grande fonte).
P10, Ju Tchi 61, Yújì (Reencontro dos peixes).
P11, Chao Chang, 62, Shàosh ng (Jovem comerciante).

DESCRIÇÃO:
PULMÃO 1: Tchong Fou, 52 (Palácio central).
Zh ngf

Localização:
— Encontra-se no sulco deltopeitoral, na parte externa do primeiro
espaço intercostal, a seis distâncias por fora da linha média (li-
nha axilar) e 1 distância por debaixo do Yunmen, P2.

Características:
— Ponto Mu.
— Ponto de nascimento do «Meridiano Distinto».
— Ponto de união com o canal do Baço.
— Ponto de união com o canal do Fígado.

450
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua para fora a uma profundidade3 de
3 Fen (1 Fen igual a 2mm aproximadamente).
— Moxabustão: moxar 5 vezes.
Indicações:
— Problemas respiratórios e cardíacos em geral, edema facial e dos
membros, dor no ombro.

PULMÃO 2: Iunn Menn, 53 (Porta das nuvens).


Yúnmén

Localização:
— Encontra-se no sulco deltopeitoral, 6 distâncias por fora da linha
média e em uma depressão abaixo da borda inferior da clavícula.
Este ponto se encontra na mesma vertical que o ponto Zh ng , P1.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua para fora a uma profundidade de
3 Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.
Indicações:
— Problemas do aparelho respiratório e cardíacos em geral. Algias
intercostais e também do ombro e braço. Excitação.

PULMÃO 3: Tienn Fou, 54 (Palácio celeste).


Ti nf
Localização:
— Se encontra na face anterior do braço, sobre a borda externa ou
radial do músculo bíceps braquial. Está situado a três distâncias
abaixo da extremidade superior da prega axilar anterior e a 5
distâncias por cima da prega de flexão do cotovelo.
3
Profundidade de puntura: Os valores mencionados têm uma finalidade orientativa,
porém a decisão final tomará o acupunturista caso a caso, atendendo a uma série de
circunstâncias que podem modificar a profundidade de puntura:
• A constituição física (magros ou obesos).
• A tipologia psíquica (tranqüilos ou nervosos).
• O tipo de atividade (intelectuais ou trabalhadores manuais, etc.).
• O tipo de enfermidade (enfermidades agudas ou crônicas).
• A estação do ano.

451
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Características:
— Janela-do-céu.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 4
Fen.
— Moxabustão: proibido moxar.

Indicações:
— Algias da face anterior do braço. Problemas do aparelho respi-
ratório (tosse, asma, bronquite), congestão cerebral, vertigem.

PULMÃO 4: Hap Po, 55 (Branco do Braço).


Xiábái

Localização:
— Encontra-se na face anterior do braço, sobre a borda externa ra-
dial do músculo bíceps braquial. Acha-se uma distância abaixo
do anterior.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.

Indicações:
— Tosse, asma, problemas cardíacos.

PULMÃO 5: Tche Tsre, 56 (Pântano de um metro).


Ch zé
Localização:
— Está situado na prega de flexão do cotovelo, sobre a borda exter-
na do tendão do bíceps braquial. Para localizá-lo é necessário
flexionar o cotovelo.
Características:
— Ponto He (água).
— Ponto de sedação deste meridiano.

452
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.

Indicações:
— «Pei» de predomínio «vento», rigidez da coluna vertebral, dor no
nível do cotovelo acompanhada de contraturas, polaquiúria, amig-
dalite, convulsões infantis crônicas, depressão, angústia.

PULMÃO 6: Kong Tsoe, 57 (Poço profundo).


K ngzuì

Localização:
— Encontra-se na face anterior do antebraço, sobre a borda interna
do músculo supinador largo. Está situado a 5 distâncias abaixo
do Ch zé P5 e a 7 distâncias acima da prega do pulso.

Características:
— Ponto Xi (Geki, em japonês).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.

Indicações:
— Algias no pulso, tosse, asma (especialmente em casos agudos).

PULMÃO 7: Lie Tsiue, 58 (Desfiladeiro de brechas)


Lièqu

Localização:
— Acha-se em uma depressão imediatamente proximal à apófise do
estilóide radial, a 1,5 distâncias por cima da prega de flexão do
pulso. Exatamente no lugar que aponta a extremidade do dedo
indicador, quando fazendo cruzar os polegares de ambas as mãos,
quando colocada a palma de uma sobre o dorso da outra.

453
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Características:
— Ponto Luo, do qual partem os dois vasos Luo Longitudinal e Trans-
versal (conectando-se este último com o ponto Yuan do meridiano
acoplado, Hég IG4).
— Ponto de abertura do meridiano curioso Renmai.
— Sobre este se toma o pulso na posição conhecida como «pé»
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua para cima a uma profundidade de
2 Fen.
— Moxabustão: moxar 7 vezes.
Indicações:
— Cefaléias, odontalgia, neuralgia do trigêmeo, bronquites, asma,
paralisia facial, enfermidades dermatológicas.

PULMÃO 8: King Khué, 59 (Goteira da via energética)


J ngqú
Localização:
— Encontra-se na face anterior do antebraço, uma distância acima
da prega de flexão do pulso, sobre a goteira radial. Tendo as mãos
dispostas para localizar o Lièqu P7, o ponto se encontra no nível
do lugar assinalado pelo ângulo ungueal interno do dedo in-
dicador.
Características:
— Ponto Jîng (metal), é portanto o ponto estacional que transmite
energias a todos os pontos de sua mesma denominação (Jîng) e
polaridade (yin).
— Sobre ele se toma o pulso na posição conhecida como «barreira».
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular ou oblíqua a uma profun-
didade de 2 Fen.
— Moxabustão: proibido moxar.
Indicações:
— Especial para atuar sobre a faringe, asma, tosse, vômitos, algias
do pulso, espasmos no esôfago.

454
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

PULMÃO 9: Tae Iuann, 60 (Grande fonte).


Tàiyu n

Localização:
— Na prega de flexão do pulso, entre os tendões do palmar longo
por dentro e o flexor longo do polegar por fora.

Características:
— Ponto de tonificação do meridiano.
— Ponto Shu-Yuan (terra), que recebe o vaso Luo Transversal proce-
dente do Pi nlì (IG6).
— Ponto He de ação específica. Atua sobre as artérias.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 2
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Problemas vasculares e dos pumões, hipotensão, astenia, insônia,
náuseas, conjuntivite.

455
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

PULMÃO 10: Ju Tchi, 61 (Reencontro dos peixes)


Yújì

Localização:
— Acha-se na palma da mão, à altura do primeiro metacarpo e em
sua metade, no lugar da mudança de coloração da pele palmar
e dorsal.
Características:
— Ponto Ying (Fogo).
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 2
Fen.
— Moxabustão: proibido moxar.
Indicações:
— Faringite, laringite, insônia, cefaléias, «Pei» de membro superior.

PULMÃO 11: Chao Chang, 62 (Jovem comerciante)


Shàosh ng
Localização:
— Cerca de 1 Fen (2 milímetros aproximadamente) por detrás e por
fora do ângulo ungueal externo do dedo polegar.
Características:
— Ponto Jing (madeira).
— Ponto de nascimento do Meridiano Tendino-Muscular dos pul-
mões.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua ou sangrar com uma agulha tri-
angular em direção ascendente, a uma profundidade de 1 Fen.
— Moxabustão: proibido moxar, moxar uma vez ou moxar 3 vezes,
segundo os diferentes autores clássicos.
Indicações:
— Algias locais, histeria, apoplexia, amigdalite, ataque por calor per-
verso em geral, congestão cerebral.

456
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

FOLHA RESUMO DO SHOU TAI YIN (P)

DECRIÇÃO DE PONTOS:
Segmento torácico: 2 pontos.
P1: Acha-se no sulco deltopeitoral, a 6 D (distâncias) da linha mé-
dia.
P2: No sulco deltopeitoral, sobre a borda inferior da clavícula, na
verical do P1 e a 1 D. acima do mesmo.
Segmento braço: 3 pontos.
P3: Face anterior do braço, sobre a borda externa do bíceps. 3 D
por baixo da prega axilar anterior.
P4: Face anterior do braço, sobre a borda externa do bíceps. 1 D
abaixo de P3.
P5: Situado na prega de flexão do cotovelo, sobre a borda externa
do tendão do bíceps braquial.
Segmento antebraço: 4 pontos.
P6: Na parte antero-externa do antebraço. 5 D abaixo do P5.
P7: Imediatamente proximal à apófise do estilóide radial, 1,5 D acima
da prega do pulso.
P8: Sobre a goteira radial, a 1 D acima da prega do pulso.
P9: Na extremidade externa da prega de flexão do pulso.
Segmento mão: 2 pontos.
P10: Na borda externa da eminência tenar, na metade do primeiro
metacarpo.
P11: Ângulo ungueal externo do dedo polegar.

457
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

458
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

459
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

461
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

MERIDIANO PRINCIPAL DO INTESTINO GROSSO


SHOU YANG MING

GENERALIDADES

SEU VERDADEIRO NOME – PLANO ENERGÉTICO:


Sua denominação clássica é Shou Yang Ming, pois constitui o ramo
superior (Shou) do plano mais profundo dos meridianos Yang, isto é, do
Yang Ming (cujo segmento inferior o integra o canal do Estômago, Zu
Yang Ming).

NÚMERO DE PONTOS: 20 (bilaterais).


MERIDIANO ACOPLADO: Shou Tai Yin (Meridiano Principal dos Pul-
mões)
CORRENTE ENERGÉTICA RONG:
— Sentido: Centrípeto.
— Horário de máxima energia: 5 – 7 h (Hora Mao)
— Lei Meio-dia – Meia-noite: seu oposto é o Zu Shao Yin (R).
— Ordem: Lhe precede no circuito diário o MP do P, lhe segue o
MP do E.
— Proporção energia (Qi) – sangue (Xue): o plano Yang Ming pos-
sui tanto sangue como energia, por isso, quando se trata de dis-
persar pode-se sangrar ou punturar indistintamente.

PULSOLOGIA:
— Posição do Pulso Radial: Pulso direito, «polegar», superficial.
— Posição do pulso revelador: no nível do Hég , IG4 (artéria ra-
dial).
— Tomada de níveis energéticos: IG5 (Yángx ).
— Lei esposo-esposa: pelo que ao pulso se refere, o Shou Yang Ming
(IG) possui o papel de «esposa» com relação ao Shou Tai Yang (ID),
localizado na posição análoga contralateral.

PENTACOORDENAÇÃO (Correspondências):
Por pertencer ao movimento Metal suas correspondências são simi-
lares às descritas para o Pulmão (seu órgão e meridiano acoplado), em-

462
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

bora estejam sujeitas às matizações derivadas do caráter Fu (órgão ofi-


cina ou víscera propriamente dita).
— Ciclo Sheng: segundo este, é filho da terra (E) e mãe da água (B).
— Ciclo Ke: segundo este, é limitado pelo fogo (ID) e, por sua vez,
regula a madeira (VB).

PONTOS PRINCIPAIS:
— Mu: E25, Ti nsh .
— Shu dorsal ou de Assentimento: B25, Dàchángsh .
— Nó: E7, Xiàgu n.
— Raiz: E45, Lìduì.
— Aceleração: IG5, Yángx .
— Arraste: E45, Lìduì.
— Luo: IG6, Pi nlì.
— Luo de grupo: TA8, S nyángluò.
— Shu: IG3, S nji n.
— Yuan: IG4, Hég .
— Xi: IG7, W nli .
— Reunião: VC12, Zh ngw n.
— Tonificação: IG11, Q chí.
— Sedação: IG2, Èrj an.
— Estacional, dominante ou transmissor: IG1, Sh ngyáng.

PONTOS PARTICULARES:
— IG4, Hég , rege a área facial.
— IG15, Jiñnyú, rege o ombro.
— He de ação específica: IG16, Jùg (medula)
— Janela-do-céu: IG18, Fút .

SHU ANTIGOS:
— Jing-Poço: IG1, Sh ngyáng.
— Ying: IG2, Erji n.
— Shu: IG3, S nji n.
— Yuan: IG4, Hég .
— Jl-ng-Río: 5 IG, Yángx .
— He: IG11, Q chí.

463
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

ESTUDO GERAL DO TRAJETO:


• Trajeto superficial:
— Começa na extremidade do indicador (IG1, Sl ngyáng).
— Segue a borda externa radial do indicador.
— Percorre a borda externa ou radial do 2º metacarpo.
— Borda radial do antebraço.
— Segue pela metade da face externa do braço (borda externa do
úmero).
— Chega ao ombro (articulação acrômio-clavicular).
— Alcança o VG14, Dàzh i (sob o processo espinhoso da 7ª cervical).
— Descende ao osso supraclavicular (E12, Qu pén), onde se divide
em dois ramos.

• Trajeto profundo:
— Um ramo profundo:
— Penetra no Pulmão do mesmo lado.
— Atravessa o diafragma.
— Penetra no IG. e desde aqui um vaso descende à face anteroexterna
da perna para unir-se ao meridiano do E (E37, Shàngjùx ).
— Um ramo superficial:
— Que sobe ao longo do pescoço.
— Passa ao maxilar inferior (pelo E5, Dàiyíng, envia sua energia ao
maxilar inferior e aos dentes).
— Alcança a bochecha.
— Contorna o lábio superior.
— Cruza-se com o Meridiano do lado oposto no ponto VG26, Rénzh ng.
— Sube à aba do nariz (IG20, Yíngxi ng), onde finaliza.

OUTROS VASOS SECUNDÁRIOS E CONEXÕES:


Um ramo curto une o último ponto do Shou Yang Ming (IG) ao pri-
meiro do Zu Yang Ming: Yíngx ng (IG20) e Chéngqì (E1) respectivamen-
te. Articulando-se assim o plano mais interno dos Yang.
Outro ramo, longo agora, une a víscera IG com o que será seu ponto
He de ação especial: Shtàngjùx , E37.
Os pontos Qu pén, E12, e Qìhù, E13, serão também «portos» onde
chega o IG.
O sistema dos vasos Luo Transversais acopla aos meridianos do P e
IG unindo Tàiyuán, P9 (Yuan) e Pi nlì, IG6 (Luo), por um lado, e Hég ,
IG4 (Yuan) e Lièqu , P7 (Luo), por outro.

464
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

No Chéngji ng (VC24) se anastomosam IG e Renmai.


Outro vaso parte do Lièqu (P7) e alcança o extremo distal do dedo
indicador, onde conecta com o Shangyang (IG1).
Além disso o MP do IG se relaciona com o VG (Dumai) em seu pon-
to de número 26 (Rónzh ng), lugar onde os meridianos esquerdo e di-
reito do IG cruzam seus trajetos.
No nível do Dàzzh i, VG14, se anastomosam o MP do E e o Vaso
Regulador ou Curioso Yang Wei.
No nível do Ji nyú IG15, se reúne o Yang Wei e o Yang Qiao e o MP
do ID.
O ponto Jùg , IG16, também é ponto do Yang Qiao.
De sua parte, Soulie de Morant indica como pontos de conexão en-
tre Shou Yang Ming (IG) e Zu Shao Yang (VB) os seguintes: Sànggu n
(VB3), Hànyàn (VB4), Xuánlú (VB5), Xuánlí (VB6) e Yángbái (VB14).

AÇÃO GERAL:
No nível puramente energético temos que destacar sua missão como
integrante do plano «dobradiça» do Yang para o Yin.
Além de sua função evacuadora de fezes, possui grande interesse sua
atuação na reabsorção de líquido orgânico, sendo este um elemento
primordial dentro do potencial energético corporal.
Tem uma ampla ação sobre a formação da energia Wei ou Defensi-
va por ser uma etapa fundamental no processo de separação do «puro
e impuro». Por esta mesma causa desempenha um papel básico no equi-
líbrio higrométrico orgânico como acoplado do P (secura) e como parte
do Yang Ming com E (Umidade).
Mantém uma relação direta com o Pulmão e, portanto, uma ação
sobre o sistema respiratório e suas alterações, principalmente nas vias
superiores.

ZHEN JIU DA CHENG de YANG CHI CHOU, enunciado nº 123:


«O Nei Jing: o IG é um órgão de trânsito, de transformações, de se-
creção e de excreção.
A atividade do IG se limita à esfera branca (esfera de ação do pul-
mão que corresponde à cor branca)».

TRATADO GERAL DE ACUPUNTURA DE YAN


«O IG e os pulmões servem para transportar e eliminar».

465
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

SEMIOLOGIA (IG)

ZHEN JIU DA CHENG, de YANG CHI CHOU. Livro III, enunciado 55:

Transtornos do meridiano:
— «Perturbações de origem interna: edema infra-orbitário e odontalgia.
— Perturbações de origem externo: epistaxe, esclerótida amarela, se-
cura na boca, faringite, dificuldade para mover o polegar e o in-
dicador, dor no ombro e no braço.
— Em caso de plenitude: sensação de calor ou de inchaço sobre o trajeto
do meridiano.
— Em caso de vazio: sensação de frio com calafrios e agravamento
da afecção».

MU JING, de WANG CHOU HO. Livro II, capítulo XVII:


«Estando o Yang em excesso, o meridiano Shou Yang Ming se encon-
tra em plenitude. Os sinais clínicos são:
— Indigestão.
— Tosse e asma.
— Cara vermelha.
— Corpo quente.
— Sensação granulosa na faringe.
Estando o Yang em insuficiência, o meridiano Shou Yang Ming se
encontra em vazio. Os sinais clínicos são:
— Asma
— Borborigmos.
— Polidipsia.
— Olhar perdido.
— Secura na boca e lábios.
— Medo.
— Fezes esbranquiçadas.»

NEI JING LING SHU, capítulo X:


«Alterações: Se há a menor alteração, tem-se odontalgia, o pescoço está
inchado. O meridiano do IG é o que regula a produção salivar.
Sintomas: os olhos estão amarelados, a boca está seca, há epistaxe,
podem se notar anginas, dores à frente dos ombros, na parte superior
do braço, no nível do polegar e do indicador.

466
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Se há plenitude sobre o trajeto do meridiano, nota-se a sensação de


calor, de inchaço.
Se há vazio, existe ao contrário frio, sensação de frio sobre todo seu
trajeto.
«Em caso de plenitude o pulso Ran Ying é três vezes mais intenso
que o Tsri Hao. Se há vazio, o pulso Ran Ying é menos intenso que o
Tsri Hao».

SINTOMAS DE PLENITUDE (SHI)


— Constipação hipertônica com aparecimento de muco e pontos san-
guinolentos e cólicas intestinais.
— Urinas escassas e vermelhas.
— Diarréias (ocasionais) por inflamação e de odor fétido.
— Inflamação anal.
— Corpo quente (hipertermia), às vezes febre e transpiração.
— Tendência à hipertensão.
— Secura de boca, sede, lábios rachados, odontalgias, dores de gar-
ganta e língua vermelha.
— Ventre doloroso à palpação, tenesmo retal e dor periumbilical.
— Irritabilidade e inquietude.
— Tosse e asma.
— Prurido facial, acne e enfermidades eruptivas com pele ressecada.
— Alterações oftamológicas.
— Eructos freqüentes.
— Pulso profundo e rápido.
— Língua amarelada – pastosa.

SINTOMAS DE VAZIO (XU)


— Fezes soltas e esbranquiçadas com tendência à diarréia.
— Constipação atônica (ocasional).
— Dor ventral com borborigmos intensos.
— Polidipsia.
— Polaquiúria. Ptose anal.
— Frialdade nos membros, calafrios e fobia do frio.
— Estados anêmicos (por não assimilação).
— Afonia e rouquidão.
— Alterações no olfato, anosmia e sinusite.
— Sensação de que o tempo passa devagar.
— Depressão, desânimo, medo, olhar perdido.
— Abcessos na boca e furunculose na face e lábios.

467
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

— Erupções e pruridos.
— Amenorréias e leucorréias.
— Cefaléias.
— Gripes epidêmicas.
— Falta de força na mão, não pode apertar.
— Pulso fino, profundo e lento.
— Língua flexível, esbranquiçada e úmida.

468
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

MERIDIANO PRINCIPAL DO INTESTINO GROSSO


SHOU YANG MING

NÚMERO DE PONTOS: 20

IG1, Chang Yang, 81, Sh ngyáng (Comerciante de Yang).


IG2, Eu Tsienn, 82, Èrji n (Segundo intervalo).
IG3, Sann Tsienn, 83, S nji n (Terceiro intervalo).
IG4, Ro Kou, 84, Hég (União do vale).
IG5, Yang KI 85 Yángx (Vale do Yang).
IG6, Pienn Li 86, Pi nlì (Passagem enviesada).
IG7, Iuenn Liou, 87, W nliú (Calor errante).
IG8, Cha Lienn, 88, Xiàlían (Região inferior).
IG9, ChangLienn, 89, Shànglián (Região superior).
IG10, Cheon Sann Lt 90, Sh usanl («Três lugares» da mão).
IG11, Kon Tcheu, 91, Q chí (Curva do tanque).
IG12, Tchou Liou, 92, Zh uliáo (Osso do cotovelo).
IG13, Wou Lt 93, W l (Cinco lugares).
IG14, Pt Yong, 94, Bìnào (Braço e antebraço).
IG15, Tsienn Iu, 95, Ji nyú (Osso do ombro).
IG16, Ku Kou, 96, Jùg (Grande osso).
1G17, Tienn Ting, 97, Ti nd ng (Queima perfume celeste).
IG18, Fou Ti, 98, Fút (Protuberância de apoio).
IG19, Hou Liou, 99, Héliáo (Osso de arroz).
IG20, Ing Siang, 100, Yíngxi ng (Acolhida dos perfumes).

DESCRIÇÃO:
INTESTINO GROSSO 1: Chang Yang, 81 (Comerciante de yang).
Sh ngyáng

Localização:
— cerca de 1 Fen (2 milímetros aproximadamente) por trás e por fora
do ângulo ungueal externo do dedo indicador.

469
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Características:
— Ponto Jing (metal).
— Ponto estacional, que transmite energia aos pontos Jing dos
meridianos Yang.
— Ponto de partida do meridiano tendino-muscular correspondente.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua ou sangrar a uma profundidade de
1 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Dispnéia, odontalgia, neuralgia facial, furúnculos, zumbidos, sur-
dez, coma, enfermidades febris.

INTESTINO GROSSO 2: Eu Tsienn, 82 (Segundo intervalo).


Èrji n

Localização:
— Na borda radial do indicador, em uma depressão imediatamente
distal à articulação metacarpofalângica deste dedo, na linha de
mudança de coloração da pele.

Características:
— Ponto Ying (água).
— Ponto de sedação.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Problemas dentais em geral, laringite, excitação, asma, acúfenos,
paralisia facial, espasmos intestinais.

INTESTINO GROSSO 3: Sann Tsienn, 82 (Terceiro Intervalo).


S nji n

470
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Localização:
— Na borda radial do indicador, em uma depressão imediatamente
proximal à articulação metacarpofalângica deste dedo, no local
da mudança de coloração da pele.
Características:
— Ponto Shu (madeira).
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Paralisia facial, cefaléias, herpes labial, odontalgia, neuralgia do
trigêmeo, diarréia, meteorismo.

INTESTINO GROSSO 4: Ro Kou, 84 Hégm (União do vale).


Hég
Localização:
— Encontra-se entre o 1º e 2º metacarpos, na metade do metacarpo,
em sua borda radial.
— Forma de localizá-lo: ao colocar a prega transversal da 1ª articu-
lação do polegar de uma mão na borda da membrana entre o 1º
e 2º dedos da outra mão, a ponta do polegar assinala a localiza-
ção do ponto.

Características:
— Ponto Yuan, que recebe o vaso Luo Transversal procedente do P7,
Lièqu .
— No caso de gravidez é necessário evitá-lo, pois existe perigo de
aborto.
— Tem especial ação sobre a área facial e a cavidade bucal. Tam-
bém possui notável capacidade analgésica.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

471
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Indicações:
— Cefaléias, depressão, excitação, odontalgias, psoríase.

INTESTINO GROSSO 5: Yang Ki, 85 (Vale do yang).


Yángx
Localização:
— Na prega do pulso, no fundo da «tabaqueira anatômica» (entre
os tendões dos músculos extensor curto e longo do polegar).
Características:
— Ponto J ng (fogo).
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Odoltalgias, cefaléias, surdez, algias no pulso e mão, algias nos olhos.

INTESTINO GROSSO 6: Pienn Li, 86 (Passagem enviesada).


Pi nlì
Localização:
— Na borda radial do antebraço, 3 distâncias acima da prega de
flexão do pulso.

472
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

— Forma de localizá-lo: cruzando as mãos como fizemos para loca-


lizar o P7 (Lièqu ), o extremo de dedo médio vai nos assinalar sua
localização.
Características:
— Ponto Luo, do qual partem os vasos Luo Longitudinal e Transver-
sal (conectando este com o ponto Yuan de seu acoplado; P9,
Taìyu n).
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 5 a 7 vezes.
Indicações:
— Dores do antebraço, insônia, excitação, odontalgias, epistaxe.

INTESTINO GROSSO 7: Iuenn Liou, 87 (Calor errante).


W nli
Localização:
— Na borda radial do antebraço, 5 distâncias acima da prega de
flexão do pulso e a 7 distâncias abaixo da prega do cotovelo.
Características:
— Ponto Xi (Geki, em japonês).
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Cefaléias, algias no ombro e braço, estomatite, úlceras na cavida-
de bucal, glossite.
INTESTINO GROSSO 8: Cha Lienn, 88 (Região inferior).
Xiàlían
Localização:
— Na borda radial do antebraço, 4 distâncias abaixo da prega do
cotovelo (IG11, Q chí), sobre o músculo supinador longo.

473
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Tuberculose pulmonar, dispnéia, dores do braço, excitação,
diarréia.

INTESTINO GROSSO 9: Chang Lienn, 89 (Região superior).


Shànglián
Localização:
— Sobre a borda radial do antebraço, 3 distâncias abaixo da prega
do cotovelo (IG11, Q chí)), sobre o músculo supinador longo.
Características:
— Existe uma conexão entre este ponto e o canal principal do Estô-
mago, por meio de um ramo secundário.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5
Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.
Indicações:
— Dores abdominais, hemiplegia, dispnéia, dores do braço e ombro.

INTESTINO GROSSO 10: Cheou Sann Li, 90 («Três lugares» da mão).


Sh us nl
Localização:
— Na borda radial do antebraço, 2 distâncias abaixo da prega do
cotovelo (IG11, Q chí), sobre o músculo supinador longo.
Características:
— Ponto estimulante da energia vital.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 2
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

474
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Indicações:
— Odontalgias, dor no ombro e braço, herpes labial, apoplexia e
hemiplegia, amigdalite.

INTESTINO GROSSO 11: Kou Tcheu, 91 (Curva do tanque).


Q chí
Localização:
— Na extremidade externa da prega de flexão do cotovelo, eqüidis-
tante entre a borda externa do tendão do bíceps (P5, Ch zé) e o
epicôndilo, sobre o músculo supinador longo.
Características:
— Ponto He (terra).
— Ponto de tonificação.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5 a
7 Fen.
— Moxabustão: Tong Ren recomenda moxar 3 vezes, enquanto que
Ming Tang aconselha fazer de 7 a 200 moxas, repousar dez dias
e aplicar novamente 200 moxas.
Indicações:
— Hipertensão, problemas de cotovelo, paralisia do braço, febre, de-
pressão, cefaléia, odontalgias.

INTESTINO GROSSO 12: Tchou Liou, 92 (Osso do cotovelo)


Zh uliáo
Localização:
— 1 distância acima e por fora do IG11 (Q chí), sobre o epicôndilo
do úmero, na borda externa do úmero.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— «Pei» (reumatismos) do cotovelo, braço e ombro.

475
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

INTESTINO GROSSO 13: Wou Li, 93 (Cinco lugares).


W l
Localização:
— Na borda externa do úmero, 3 distâncias acima da prega do co-
tovelo.
Características:
— «A energia defensiva que circula por fora dos meridianos vem de Zu
Yang Ming (E), ela sobe até a face e a cabeça, logo se divide nos três
meridianos Yang. A energia do corpo e a energia do sangue vem do
meridiano Shou Yang Ming (IG) ao ponto W l (IG13), para repartir-
se pela superfície do corpo». Fragmento de uma anotação do Dr.
A. Chamfrault no capítulo IV do Nei Jing Ling Shu.
— «...não se deve punturar mais de cinco vezes o ponto W l , pois esse
ponto é o mais importante de concentração da energia. Punturando aí
mais além, não se mata imediatamente ao enfermo, porém escurece-se
sua vitalidade». Nei jing Ling Shu (capítulo IX).
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura proibida segundo o Su Wen.
— Moxabustão: moxar 10 vezes.
Indicações:
— Astenia, dor do cotovelo e do braço, alterações da motividade dos
membros.

INTESTINO GROSSO 14: Pi Yong, 94 (Braço e antebraço)


Bìnào
Localização:
— Sobre a borda externa do úmero, no nível da inserção inferior do
músculo deltóide, 7 distâncias acima da prega de flexão do coto-
velo (IG11, Q chí).
Características:
— Neste nível se reúnem as energias do MP do E e do Vaso Curioso
Yang Wei.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular ou então ao longo da borda
anterior do úmero, a uma profundidade de 3 Fen.

476
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

— Moxabustão: moxar 3, 7, até 200 vezes por dia. Melhor moxar que
punturar.
Indicações:
— Cefaléias, dor no braço.

INTESTINO GROSSO 15: Tsienn Iu, 95 (Osso do ombro).


Ji nyú
Localização:
— Imediatamente por fora da articulação acromioclavicular, em uma
depressão que se forma quando o braço está em abdução com-
pleta, sobre o músculo deltóide.
Características:
— Ponto pertencente ao Meridiano Distinto do Intestino Grosso
(PPMD).
— Ponto pertencente ao Meridiano Curioso Yang Qiao e Yang Wei
e de união com o MP do ID.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular ou oblíqua para baixo a uma
profundidade de 8 Fen a 1 T’sun.
— Moxabustão: moxar 7 a 14 vezes. É mais eficaz punturar que
moxar.
Indicações:
— Problemas no ombro, hipertensão, hemiplegia.

INTESTINO GROSSO 16: Ku Kou, 96 (Grande osso).


Jùg
Localização:
— Encontra-se em uma depressão entre o extremo acromial da cla-
vícula e a espinha escapular, ou seja, imediatamente por dentro
da articulação acrômio-clavicular sobre o músculo trapézio.

Características:
— Ponto do Yang Qiao.
— Ponto He de ação especial sobre a medula.

477
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 4 fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 7 vezes.
Indicações:
— Problemas de ombro e braço, odontalgia no maxilar inferior.

INTESTINO GROSSO 17: Tienn Ling, 97 (Queima perfume celeste).


Ti nd ng
Localização:
— Sobre a borda posterior do músculo esternocleidomastóideo, 1,5
distâncias abaixo do IG18 (Fút ) e umas 3 distâncias por fora da
linha média.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3 a
4 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 7 vezes.
Indicações:
— Problemas da garganta.

INTESTINO GROSSO 18: Fou Ti, 98 (Protuberância de apoio).


Fút
Localização:
— Sobre a horizontal da cartilagem tireóide (VC23, Liánquán) e a 3
distâncias aproximadamente por fora da linha média, entre os
feixes esternal e clavicular do músculo esternocleidomastóideo.
Características:
— Ponto Janela-do-céu.
— Ponto perigoso por suas relações neuro-vasculares.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3 a
4 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Asma, tosse, hipotireoidismo, paralisia da língua.

478
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

INTESTINO GROSSO 19: Hou Liou, 99 (Osso de arroz).


Héliáo
Localização:
— No nível do VG26, Rénzh ng (sulco subnasal) e 0,5 distância por
fora do mesmo.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 3 Fen.
— Moxabustão: proibido moxar.
Indicações:
— Anosmia, paralisia facial, odontalgia, vômitos, epistaxe.

INTESTINO GROSSO 20: Ing Siang, 100 (Acolhida dos perfumes).


Yíngi ng
Localização:
— Entre o sulco nasolabial e a metade da borda externa da asa do
nariz.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 1
Fen.
— Moxabustão: proibido moxar.
Indicações:
— Problemas nasais (anosmia, pólipos, rinite, etc.), paralisia facial.

FOLHA RESUMO DO SHOU YANG MING (IG)

DESCRIÇÃO DE PONTOS:

Segmento mão: 5 pontos.


IG1: Ângulo ungueal externo do dedo indicador.
IG2: Borda radial do indicador, depressão imediatamente distal à sua
articulação metacarpofalângica.
IG3: Borda radial do indicador, depressão imediatamente proximal
à sua articulação metacarpofalângica.

479
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

IG4: Encontra-se entre o 1º e 2º metacarpos, na metade do 2º


metacarpo e em sua borda radial.
IG5: No nível da prega do pulso, no fundo da «tabaqueira ana-
tômica».
Segmento antebraço: 5 pontos.
IG6: Borda radial do antebraço, 3 distâncias acima da prega do
pulso.
IG7: Borda radial do antebraço, 5 distâncias acima da prega do
pulso.
IG8: Borda radial do antebraço, 4 distâncias abaixo da prega do
cotovelo.
IG9: Borda radial do antebraço, 3 distâncias abaixo da prega do
cotovelo.
IG10: Borda radial do antebraço, 2 distâncias abaixo da prega do
cotovelo.
Segmento braço: 4 pontos.
IG11: Justo na extremidade externa da prega do cotovelo.
IG12: 1 distância acima e por fora de IG11.
IG13: Borda externa do úmero, 3 distâncias acima da prega do co-
tovelo.
IG14: Sobre a borda externa do úmero, 7 distâncias acima da prega
do cotovelo.
Segmento ombro: 2 pontos.
IG15: Imediatamente por fora da articulação acrômio-clavicular.
IG16: Imediatamente por dentro da articulação acrômio-clavicular.
Segmento pescoço: 2 pontos
IG17: Borda posterior do esternocleiodomastoideo, 3 distâncias por
fora da linha média.
IG18: 3 distâncias por fora do VC13 (cartilagem tireóide).
Segmento facial: 2 pontos.
IG19: A 0,5 distância por fora do VG26 (sulco subnasal).
IG20: Entre o sulco nasolabial e a metade da borda externa da asa
do nariz.

480
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

481
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

482
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

483
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

485
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

MERIDIANO PRINCIPAL DO ESTÔMAGO


ZU YANG MING

GENERALIDADES

SEU VERDADEIRO NOME – PLANO ENERGÉTICO:


Sua denominação clássica é Zu Yang Ming, pois constitui o ramo
inferior (Zu) do plano mais profundo dos meridianos Yang, isto é, do
Yang Ming (cujo segmento superior o integra o canal do Intestino Gros-
so, Shou Yang Ming).
NÚMERO DE PONTOS: 45 (bilaterais).
MERIDIANO ACOPLADO: Zu Tai Yin (Meridiano Principal do Baço-
Pâncreas)
CORRENTE ENERGÉTICA RONG:
— Sentido: Centrífugo.
— Horário de máxima energia: 7 – 9 horas (Hora Tchrenn).
— Lei Meio-dia – Meia-noite: Seu oposto é o Shou Jue Yin (MC).
— Ordem: Lhe precede no circuito diário o Shou Yang Ming (IG), lhe
segue o Zu Tai Yin (BP).
— Proporção energia (Qi) – sangue (Xue): O plano Yang Ming pos-
sui tanto sangue quanto energia, por isso quando se trata de dis-
persar pode-se sangrar ou punturar indistintamente.
PULSOLOGIA:
— Posição do pulso radial: Mão direita, barreira, superficial.
— Posição do pulso revelador: E9, Rényíng. Artéria carótida.
— Tomada de níveis energéticos: E42, Ch ngyáng. Artéria dorsal do
pé.
— Lei esposo-esposa: Pelo que se refere aos pulsos, o Zu Yang Ming
(E) possui o papel de «esposa» com relação ao Zu Shao Yang (VB),
localizado na posição análoga contralateral.
PENTACOORDENAÇÃO (Correspondências):
Por pertencer ao movimento Terra, suas correspondências são simi-
lares às descritas para o Baço-Pâncreas (seu órgão e meridiano acoplado),

486
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

embora estejam sujeitas aos matizes derivados do caráter Fu (órgão ofi-


cina ou víscera propriamente dita).

— Ciclo Sheng: segundo este, é filho do fogo (ID) e mãe do metal


(IG).
— Ciclo Ke: segundo este, é regulado pela madeira (VB) e por sua
vez controla a água (B).

PONTOS PRINCIPAIS:
— Mu: VC12, Zh ngw n.
— Shu dorsal ou de Assentimento: B21, Wèish .
— Nó: E7, Xiàgu n.
— Raiz: E45, Lìduì.
— Acelerador: IG5, Yángx .
— Arraste: E45, Lìduì.
— Luo: E40, Fl nglóng.
— Luo de grupo: VB39, Xuánzh ng.
— Shu: E43, Xiàng .
— Yuan: E42, Ch ngyáng.
— Xi: E34, Liángqi .
— Reunião: VC12, Zh nw n.
— Tonificação: E41, Ji x .
— Sedação: E45, Lìduì.
— Estacional, dominante ou transmissor: E36, Zús nl .
— He de ação especial: E37, Shàngjùx , do Intestino Grosso. E39,
Xiànjùx , do Intestino Delgado.
— Janela-do-céu: E9, Rényíng.

PONTOS PARTICULARES:
— E38, Tiáok u, especial para patologias do ombro.
— E40, F nglóng, especial para patologias por fleumas.

SHU ANTIGOS:
— Jing – Poço: E45, Lìduì.
— Ying: E44, Nèitíng.
— Shu: E43, Xiàng .
— Yuan: E42, Ch ngyiáng.
— Jl-ng – Rio: E41, Ji x .
— He: E36, Zús nli.

487
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

ESTUDO GERAL DO TRAJETO:


— Começa na asa do nariz (IG20, Yingxi ng).
— Ascende ao ângulo interno do olho (B1, J ngmíng).
— Alcança a borda orbitária inferior (E1, Chèngqí). A partir daí co-
meça realmente o meridiano principal.
— Descende verticalmente pela bochecha.
— Penetra no maxilar superior (E3, Jùliáo).
— Dirige-se ao VG26 (Rénzh ng), onde se cruza com o meridiano
homólogo contralateral.
— Reaparece na comisura da boca (E4, Dìc ng).
— Descende ao ponto VC24 (Chéngji ng) aonde se reúne com o
meridiano homólogo contralateral.
— Segue o maxilar inferior, ressurgindo no nível de E5 (Dàyíng), onde
se divide em dois ramos:
Um ramo ascendente que:
— Chega ao ângulo do maxilar inferior.
— Sobe pelo ramo ascendente do mesmo.
— Passa por diante da orelha, conectando-se com o VB3 (Shàngg an.).
— Passa pela têmpora e termina no ângulo obtuso dos cabelos (su-
tura frontopariental).
Um ramo descendente que:
— Descende pela face lateral do pescoço (por diante do músculo
esternocleidomastóideo).
— Ganha a fossa supraclavicular (E12, Qu pén) onde se divide em
dois ramos:

Um ramo interno ou profundo que:


— Entra no tórax.
— Atravessa o diafragma.
— Entra primeiro no E e logo no BP.
— Um vaso parte do piloro (E) e descente até a virilha (E30, Qìch ng).

Um ramo externo ou superficial que:


— Percorre pelo tórax, 4 distâncias por fora da linha média.
— Descende verticalmente pelo abdome a 2 distâncias por fora da
linha média.
— Chega à virilha (E30, Qìch ng) onde se une com o ramo profundo.
— Descende verticalmente pela face antero-externa da coxa e perna.

488
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

— E então pela face dorsal do pé.


— Termina na extremidade do segundo dedo do pé (E45, Lìdui).
— Do E36 (Zús nli) deriva-se um vaso secundário que descende para
terminar no ângulo ungueal externo do terceiro dedo do pé4.
OUTROS VASOS SECUNDÁRIOS E CONEXÕES:
O sistema dos vasos Luo Transversais acopla aos meridianos do Es-
tômago e Baço-Pâncreas, unindo BP3, Tàibái (Yuan) e E40, F nglóng (Luo)
por um lado, e E42, Ch ngyáng (Yuan) e BP4, G ngs n (Luo) por outro.
O Zu Yang Ming (E) conecta com o Zu Shao Yang (VB) nos seguintes
pontos:
— Shàngg an (VB3). Enlace realizado por um ramo pré-auricular do
MP do Estômago sendo este ponto, além disso, lugar de união com
outros Jing Mu (Meridianos Principais):
• Shou Yang Ming (IG).
• Shou Shao Yang (TA).
— Hànyàn (VB4). Ponto de conexões idênticas às do Shànggu n (VB3).
— Xuánlú (VB5). Ponto de conexões idênticas às do Shànggu n (VB3).
— Xiánlí (VB6). Idem anteriores.
— Yángbái (VB14). Além de possuir as relações citadas para os pon-
tos precedentes, o Yángbái é elo na cadeia do Meridiano Curioso
Yangwei.
— Ji ngj ng (VB21). Idênticas relações às de Yángbái, excetuando-se
aquela com o Shou Yang Ming (IG).
— Xuángzh ng (VB39). Ponto «Luo de grupo» dos meridianos Yang
«do pé».
— Tóuwéi, (E8). Ponto pertencente ao Yangwei, segundo alguns au-
tores.
— Rényíng (E9). Ponto de conexão também com o Meridiano Regu-
lador Yin Qiao, com o qual se une outra vez no Qu pén (E12).
Três pontos são comuns ao Zu Yang Ming e ao Yang Qiao:
— Chéngqì (E1), ao qual chega também o ramo facial de Renmai, cisão
prévia do tronco principal a partir do VC24, Chéngj ang.
— Jùliáo (E3). Ponto de relação, também, com o Shou Yang Ming (IG).
— Dìc ng (E4). Idênticas características às do Jùliáo (E3) e, além dis-
so, ponto de conexão indireta com o Renmai (através do VC24,
Chéngji ng). (Ver estudo geral do trajeto).
4
Do dorso do pé (E42, Zh ngw n) parte um vaso que termina na extremidade do
primeiro dedo do pé.

489
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Do ponto Héngg (R11) partem dois vasos pertencentes ao Chongmai


e cujo percorrido se extende pelo membro inferior. Um deles cruza pelo
Qìchông (E30).
No Qu pén (E12) se encontram: Shou Yang Ming (IG), Shou Shao Yang
(TA) e Zu Shao Yang (VB). Também os Meridianos Distintos do TA, IG e P.
E no Qìhù (E13) confluem vasos do Shou Yang Ming (IG), Shou Tai
Yang (ID) e Shou Shao Yang (TA), para na continuação penetrar no tó-
rax e abdome.

AÇÃO GERAL:
Fundamentalmente, o Estômago é o «ateliê» onde se produz a ener-
gia Rong (nutrícia), que ascende aos pulmões, onde se combina com a
energia procedente da inspiração (nascendo assim a Rong propriamen-
te dita). Essa energia Rong, a partir dos pulmões, inicia seu circadiano
transitar pela rede dos Meridianos Principais.
O Estômago é a UE encarregada de realizar a primeira degradação
ou purificação; separando através de toda ação digestiva o «puro do
impuro», isto é, a energia da matéria, portanto, de seu bom funciona-
mento vai depender então toda a cadeia de degradações sucessivas. O
refrão de que o Estômago é a fábrica da saúde, cobra através da MTC
todo seu autêntico valor ao ser a gênese de todo o processo energético.
Do Estômago parte o componente «puro» para «fabricar» o Rong e o
«impuro» para «fabricar» o Wei, isto é, as energias de aporte.
Desempenha um papel importante na manutenção do equilíbrio
hídrico do organismo como acoplado do BP (umidade) e formando um
plano com o IG (secura).

SEMIOLOGIA (E)

ZHEN JIU DA CHENG, de YANG CHI CHOU. Livro III, enunciado 55:
«Transtornos do meridiano:
— Perturbações de origem interna: movimentos freqüentes do ombro,
tom grisalho, frialdade, desejo de solidão, temor aos ruídos do bos-
que, atitude psicótica como subir alto para cantar, desnudar-se e
correr em todas as direções. Se a afetação é grave: inchaço abdo-
minal e borborigmos.
— Perturbações de origem externa: loucura, febre intermitente, suores
abundantes, epistaxe, desvio da boca, lábios rachados, faringite,
gonalgia, inchaço abdominal, estancamento energético nos pon-

490
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

to Fútù (E32) e na perna, dor no dorso do pé e nos dedos media-


nos (segundo e terceiro).»

MU JING, de WANG CHOU HO. Livro II, capítulo XVII:


«Estando o Yang em excesso, o meridiano Zu Yang Ming se encontra
em plenitude. Os sinais clínicos são:
— Ventre duro e doloroso.
— Ausência de febre e transpiração como no On Benh (febre prima-
veril).
— Boca seca.
— Vômitos freqüentes.
— Abcesso de seio ou abcesso axilar.
Estando o Yang em insuficiência, o meridiano Zu Yang Ming está em
vazio. Os sinais clínicos são:
— Pernas frias, insônia, temor ao frio, olhar esquivo, dores abdomi-
nais, borborigmos, febre e calafrios, secura da boca, edema facial.»

NEI JING LING SHU, capítulo X:


«Alterações:
— Em caso de transtornos de dito meridiano, o enfermo sente frio; geme,
boceja frequentemente, sua tez é enegrecida; está atacado de
misantropia e detesta o fogo; lhe desagrada ouvir o ruído que
produz esfregar a madeira. Deseja a solidão.
Se os transtornos são graves, aparecem sintomas de excitação, o
enfermo se põe a correr como um louco, vai subir alto para can-
tar. O ventre está inchado, com borborigmos.
— Quando existe plenitude, na parte anterior do corpo há sensação
de calor. O enfermo tem sempre fome; a cor de sua urina é ama-
relo forte.
— Quando existe vazio, há sensação de frio na parte anterior do cor-
po e inchaço do estômago.
— Se há plenitude, o pulso Ran Ying é três vezes mais intenso que o
de Tsri Hao.
— Se há vazio o pulso de Ran Ying é mais intenso que o Tsri Hao».

491
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

ZHEN JIU DA CHENG, de YANG CHI CHOU, enunciado n.º 124:


«Segundo o Nei Jing: «O estômago é um órgão armazém alimentar.
A atividade do estômago se limita à «esfera amarela» (esfera de ação
do BP que responde à cor amarela).
Os cinco sabores elaborados no nível do estômago mantém aos seis
órgãos. O estômago é, então, o «mar dos cereais». É também a grande
base alimentar reservada às seis vísceras.
Brevemente, o estômago elabora sua energia destinada aos cinco ór-
gãos e às seis vísceras. Logo o pulso destes últimos deve conter a ener-
gia do Estômago para adquirir seu caráter rítmico, regular e harmoni-
oso».

SINAIS DE ESGOTAMENTO DA ENERGIA DO ESTÔMAGO


Su Wen, capítulo 16, e Nei Jing Ling Shu, capítulo 9:
Os olhos e a boca estão atacados por tremores, o enfermo está ansi-
oso, divaga, a tonalidade se torna amarelada. Quando os meridianos
estão em plenitude (E/IG) e a energia não circula mais é a morte.

SINTOMAS DE PLENITUDE (SHI)


— Polifagia e polidipsia.
— Digestões rápidas ainda que às vezes dolorosas.
— Freqüente ardor de estômago, acidez e pirose.
— Constipação e urinas amarelo-escuras.
— Língua amarela-escura e lábios ressecados e rachados.
— Náuseas, hálito fétido, gengivite e cáries.
— Não deseja a massagem nem o calor no abdome.
— Acne e erupções cutâneas freqüentes.
— Congestão e vermelhidão nos olhos.
— Freqüentes pesadelos e sono agitado.
— Necessidade de exercitar o caminhar e de falar depressa.
— Pessoas agitadas, descontentes, com amargura.
— Em casos graves se descreve loucura furiosa e a pessoa sobe a lu-
gares altos para cantar.

SINTOMAS DE VAZIO (XU)


— Digestões lentas.
— Abdome frio, doloroso e dilatado.
— Anorexia.

492
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

— Diarréias com aparecimento de alimentos não digeridos.


— Língua e lábios pálidos e face vermelha.
— Meteorismo, eructos e hálito pesado.
— Hipotermia, pés frios e sonolência pós-pandrial.
— Agradece a massagem e o calor abdominal.
— Freqüente aparecimento de «flato» que provoca excesiva opres-
são diafragmática.
— Olhos foscos.
— Pessoas inquietas, obsessivas, tristes, emotivas.

O ESTÔMAGO
(Zhen Jiu Da Cheng de Yang Jizhou, 1843)

493
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

MERIDIANO PRINCIPAL DO ESTÔMAGO


ZU YANG MING

NÚMERO DE PONTOS: 45

E1, Shing Iap, 101, Chéngqì (Taça das lágrimas).


E2, Seu Po, 102, Sìbái (Quatro brancos).
E3, Tchu Liou, 103, Jùliáo (Grande osso).
E4, Ti Tchang, 104, Dìc ng (Almazém terrestre).
E5, Tae Ying, 105, Daying (Grande acolhida).
E6, Che Tche, 106, Jiách (Região da bochecha).
E7, Cha Koann, 107, Xiàgu n (Barreira inferior).
E8, Treou Oe, 108, Tóuwéi (Enlace craniano).
E9, Jenn Ing, 109, Rényíng (Acolhida humana).
E10, Choé-Ti, 110, Shu t (Erupção de Água).
E11, Tsri Se, 111, Qìshè (Casa da energia).
E12, Tsiue Penn, 112, Qu pén (Tina descascada).
E13, Tsri Hou, 113, Qìhù (Porta energética).
E14, Tsrou Fang, 114, Kùfáng (Sala do tesouro).
E15, Woui 115, W yì (Casa escondida).
E16, Ying Tchang, 116, Y ngchu ng (Janela inchada).
E17, Jou Tchong, 117, R zh ng (Centro do mamilo).
E18, Jou Kenn, 118, R g n (Base do mamilo).
E19, Pou Jong, 119, Bùróng (Sem continência).
E20, Sing Mann, 120, Chéngm n (Demasiado cheio).
E21, Leang Menn, 121, Liángmén (Porta saliente).
E22, Koann Menn, 122, Gu nmén (Porta cortada).
E23, Tae I, 123, Taìy (Grande bambu; 2º tronco celeste).
E24, Wae Iou Menn, 124, Huá Roùmén (Porta da carne deslizante).
E25, Tienn Tsrou, 125, Ti nshú (Eixo celeste).
E26, Oaé Ling, 126, Waìlíng (Colina exterior).
E27, Tae Ku, 127, Dàjù (Grande residência).

494
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

E28, Choe Tao, 128, Sh idaò (Via líquida).


E29, Tsi Lae, 129, Gu lái (Caminho de regresso).
E30, Tsri Tchong, 130, Qichong (Refluxo energético).
E31, Pi Koann, 131, Bìgu n (Barreira do membro inferior).
E32, Fou Tou, 132, Fútù (Coelho que se esconde).
E33, Inn Sen, 133, Y nshì (Cidade de Yin).
E34, Leang Iao, 134, Liángqi (Cume de colina).
E35, Tou Pi 135, Dúbí (Focinho de novilho).
E36, Tsou Sann Li, 136, Zú S n L (Três distâncias do pé).
E37, Chang Kiu Hiu, 137, Shàngjùx (Grande vazio da região superior).

F38, Tsiao Keou, 138, Tiáok u (Boca estreita).


E39, Cha Kiu Hiu, 139, Xiàjàx (Grande vazio da região inferior).
E40, Fong Long, 140, F nglóng (Grande bloqueio).
E41, Tchi Ki, 141, Ji x (Vale separado).
E42, Tchong Yang, 142, Ch ngyáng (Assalto de Yang).
E43, Hang Kou, 143, Xiàng (Fosso do vale).
E44, Nei Ting, 144, Neìtíng (Sala interior).
E45, Li Toé, 145, Lìduì (Intercâmbio de ímpeto).

DESCRIÇÃO:
ESTÔMAGO 1: Sing Iap, 101 (Taça de lágrimas)
Chéngqì

Localização:
— Encontra-se situado na vertical que passa pelo centro da pupila,
entre o globo ocular e a borda infra-orbitária.

Características:
— Um vaso parte do ponto IG20 (Yíngxíang), sobe até o B1 (J ngmíng),
e chega ao Chéngqí.
— Ponto pentencente ao Yang Qiao.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3 a
5 Fen. Punturar com precaução.
— Moxabustão: proibido moxar pois pode ocasionar cegueira.

495
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Indicações:
— Problemas oculares (miopia, conjuntivite, etc.), paralisia facial.

ESTÔMAGO 2: Seu Po, 102 (Quatro brancos).


Sìbái

Localização:
— 3 Fen abaixo de E1 (Chéngqì) e em sua mesma vertical, na depres-
são do orifício infra-orbital.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular ou horizontal em direção ao
E7 (Xiàguán) a uma profundidade de 3 a 4 Fen.
— Moxabustão: segundo a «Estátua de Bronze», proibido moxar, e
segundo «Su Wen», moxar 3 vezes.

Indicações:
— Problemas oculares (miopia, glaucoma), cefaléia, paralisia facial.

ESTÔMAGO 3: Tchu Liou, 103 (Grande osso).


Jùliáo

Localização:
— Na mesma vertical que os dois pontos anteriores, no nível da borda
inferior da asa do nariz, por fora do sulco nasolabial.

Características:
— Ponto do Yang Qiao.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 3 Fen.
— Moxabustão: Segundo «Ming Tang» moxar 3 vezes e segundo a
«Estátua de Bronze» moxar de 7 as 77 vezes por dia.

Indicações:
— Odontalgia, inchaço e dor nos lábios e nas bochechas, paralisia
facial, glaucoma, rinite.

496
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

ESTÔMAGO 4: Ti Tehang, 104 (Armazém terrestre)


Dìcang
Localização:
— Na mesma vertical que os anteriores, na altura da comissura la-
bial e 4 Fen por fora da mesma.
Características:
— Ponto do Yang Qiao.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua ou horizontal ao E6 (Jiách ) a uma
profundidade de 3 a 4 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Neuralgia do trigêmeo, devio bucal, paralisia facial, miopia, trismo.

ESTÔMAGO 5: Ta Ying, 105 (Grande acolhida).


Dàyíng
Localização:
— Na borda inferior da mandíbula, no nível da inserção anterior do
músculo masseter, sobre a artéria facial. Aproximadamente 1,5
distância adiante do ângulo do maxilar inferior.
Características:
— «O ponto Dàyíng é o ponto Jing onde a energia do Shou Yang Ming
passa dentro do Zu Yang Ming. A energia passa por este ponto para
penetrar em profundidade aos dentes do maxilar inferior, se o enfermo
teme ao frio, se tonifica, se não, se dispersa». Nei Jing Ling Shu, ca-
pítulo XXI.
Ao dizer «ponto Jing» o clássico não se refere ao Jing enquanto
«Shu antigo», mas sim pentencente ao grupo «Jing» de ação es-
pecial (conjunto de pontos que graças a vasos secundários relaci-
onam os meridianos entre si).
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular ou oblíqua a uma profundi-
dade de 3 a 4 Fen.
— Moxabustão: moxar 7 vezes.

497
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Indicações:
— Paralisia facial, odontalgia, parotidite, trismo.

ESTÔMAGO 6: Che Tché, 106 (Região da bochecha).


Jiách

Localização:
— Um pouco adiante e por cima do ângulo do maxilar inferior, so-
bre o relevo do músculo masseter quando se apertam os dentes.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular ou oblíqua a uma profun-
didade de 3 a 4 Fen.
— Moxabustão: moxar 7 a 77 vezes por dia.

Indicações:
— Paralisia facial, odontalgia, hemiplegia, trismo.

ESTÔMAGO 7: Cheo Koann, 107 (Barreira inferior).


Xiàgu n

Localização:
— Encontra-se a 1 distância à frente do trago, entre a borda inferi-
or do arco zigomático e o processo côndilo-mandibular, em um
oco que se forma ao abrir a boca e que desaparece ao fechá-la.

Características:
— Ponto Nó.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3 a
4 Fen.
— Moxabustão: 27 a 77 vezes por dia segundo o tipo de afecção.

Indicações:
— Paralisia facial, neuralgia do trigêmeo, acúfenos, surdez, odon-
talgia.

498
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

ESTÔMAGO 8: Treo Oe, 198 (Enlace craniano).


Tóuwéi
Localização:
— Se acha a 5 Fen por dentro do ângulo obtuso dos cabelos, forma-
do pela intersecção das linhas frontal e temporal de implantação
dos cabelos. Se encontra na sutura fronto-pariental coincidindo
com a «entrada do cabelo».
Características:
— Neste ponto conectam-se o Zu Shao Yang e o Yang Wei Mai.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 3 a 4 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Paralisia facial, cefaléias, trismo, dores oculares, visão fraca.

ESTÔMAGO 9: Jenn Img, 109 (Acolhida humana).


Rényíng
Localização:
— Na borda anterior do músculo esternocleidomastóideo, na altura
da proeminência laríngea da cartilagem tireóidea (VC23, Liánquán)
e aproximadamente 1,5 T’sun por fora da linha média. Neste nível
se percebe a batida da artéria carótida externa.
Características:
— Janela-do-Céu.
— Proibido moxá-lo.
— Com relação à puntura, deve ser efetuada muito levemente. Este
fato é enfatizado no «Nei Jing».
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 4
Fen. Não punturar muito profundamente, pois há perigo de morte.
— Moxabustão: proibido moxar.
Indicações:
— Afasia, faringite, amigdalite.

499
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

ESTÔMAGO 10: Choe Ti, 119 (Erupção de água).


Shu t

Localização:
— Encontra-se na borda anterior do músculo esternocleidomastoideo
eqüidistante entre E9 (Rényíng) e E11 (Qìshè).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 3 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Laringite, amigdalite, dispnéia.

ESTÔMAGO 11: Tsri Se, 111 (Casa da energia).


Qìshè

Localização:
— Acha-se na vertical dos pontos anteriores, no nível da borda su-
perior da extremidade interna da clavícula e da articulação esterno-

500
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

clavicular, entre duas inserções inferiores do esternocleido-


mastóideo. Encontra-se na mesma altura do VC22 (Ti nt ) e a 1,5
distância lateral ao mesmo.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
—Dispnéia, laringite, amigdalite.

ESTÔMAGO 12: Tsiue Penn, 112 (Tina descascada).


Qu pén
Localização:
— Encontra-se na borda superior da clavícula (fossa supra-clavicular),
no nível da linha mamilar (4 distâncias por fora de Renmai).
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3 fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Pleurite, neuralgia intercostal, gastrite, asma.

ESTÔMAGO 13: Tsri Hou, 113 (Porta energética).


Qìhù
Localização:
— Encontra-se na borda inferior da clavícula (fossa infra-clavicular),
na horizontal do Xuánj (VC21) e a 4 distâncias do mesmo (linha
mamilar).

Características:
— Ponto onde se encontram diversos vasos energéticos: Shou Yang
Ming (IG), Shou Tai Yang (ID), Shou Shao Yang (TA).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 3 Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.

501
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Indicações:
— Tosse, asma, pleurite, opressão torácica, bronquite.

ESTÔMAGO 14: Tsrou Fang, 114 (Sala do tesouro).


Kùfáng

Localização:
— Encontra-se no nível do primeiro espaço intercostal, na horizon-
tal do VC20 (Huágài) e 4 distâncias por fora do mesmo (linha
mamilar).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 3 Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.

Indicações:
— Bronquite, asma, tosse, pleurite.

ESTÔMAGO 15: Wou I, 115 (Casa escondida).


W yì

Localização:
— Encontra-se no nível do segundo espaço intercostal, na horizon-
tal do VC19 (Z g ng) e 4 distâncias por fora do mesmo (linha
mamilar).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 3 a 4 Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.
Indicações:
— Tosse, asma, bronquite, neuralgia intercostal.

ESTÔMAGO 16: Ying Tchang, 116 (Janela inchada).


Y ngchu ng
Localização:
— Encontra-se no nível do terceiro espaço intercostal, na horizontal
do VC18 (Yùntáng) e 4 distâncias lateral ao mesmo (linha mamilar).

502
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Modo de emprego:
- Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 3 a 4 Fen.
- Moxabustão: moxar 5 vezes.

Indicações:
— Mastite, asma, tosse, diarréia, neuralgia intercostal.

ESTÔMAGO 17: Jou Tchong, 117 (Centro do mamilo).


R zh ng

Localização:
— Encontra-se no nível do quarto espaço intercostal, justamente no
centro do mamilo.

Modo de emprego:
— Acupuntura: proibida.
— Moxabustão: proibida.

ESTÔMAGO 18: Jou Kenn, 118 (Base do mamilo).


R g n

Localização:
— Encontra-se no nível do quinto espaço intercostal, na linha mamilar
e na altura do VC16 (Zh ngtíng).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 3 a 5 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 5 vezes.

Indicações:
— Tosse, dispnéia, agalactia, mastite.

ESTÔMAGO 19: Pou Jong, 119 (Sem continência).


Bùróng

Localização:
— Encontra-se na altura do VC14 (Jùquè), 2 distâncias por fora des-
te e 6 distâncias acima do umbigo.

503
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3 a
4 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 5 vezes.
Indicações:
— Neuralgia intercostal, vômitos, gastrite.

ESTÔMAGO 20: Sing Mann, 120 (Demasiado cheio).


Chéngm n
Localização:
— Encontra-se na altura do VC13 (Shàngw n), 2 distâncias por fora
deste e 5 distâncias acima do umbigo.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3 fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 5 vezes.
Indicações:
— Anorexia, gastrite, gastralgia, diarréia.

ESTÔMAGO 21: Leang Men, 121 (Porta saliente).


Liángmén
Localização:
— Encontra-se à altura do VC12 (Zh ngw n), 2 distâncias por fora
deste e 4 distâncias acima do umbigo.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.
Indicações:
— Problemas gástricos em geral.

ESTÔMAGO 22: Koann Menn, 122 (Porta cortada).


Gu nmén
Localização:
— Encontra-se na altura do VC11 (Jiànl ), 2 distâncias por fora des-
te e 3 distâncias acima do umbigo.

504
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 8
Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.

Indicações:
— Gastralgia, anorexia, gastrite aguda.

ESTÔMAGO 23: Tae I, 123 (Grande Bambu: 2º tronco celeste)


Taìy

Localização:
— Encontra-se na altura do VC10 (Xiàw n), 2 distâncias por fora do
mesmo e 2 distâncias acima do umbigo.

Modo de emprego:
— Acupuntura; puntura perpendicular a uma profundidade de 8
Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.

Indicações:
— Problemas psíquicos, anorexia, gastralgia, incontinência urinária.

ESTÔMAGO 24: Wae Iou Menn, 124 (Porta da carne deslizante).


Huá Roùmén

Localização:
— Encontra-se na altura do VC9 (Shu f n), 2 distâncias por fora do
mesmo e 1 distância acima do umbigo.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 8
Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.

Indicações:
— Problemas psíquicos, dor estomacal, gastrenterite, náusea.

505
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

ESTÔMAGO 25: Tienn Tsrou, 125 (Eixo celeste).


Ti nshú

Localização:
— Encontra-se na altura do umbigo (VC8, Shénquè) e a 2 distâncias
ao lado deste.

Características:
— Ponto Mu do Shou Yang Ming (IG).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5
Fen.
— Moxabustão: fazer até 100 moxas por sessão.
Indicações:
— Disenterias, nefrite, problemas crônicos gástricos e intestinais,
transtornos ginecológicos em geral.

ESTÔMAGO 26: Dae Ting, 126 (Colina exterior).


Waìlíng
Localização:
— Encontra-se na altura do VC7 (Y nj ao), 2 distâncias por fora do
mesmo e 1 distância abaixo do umbigo.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.
Indicações:
— Constipação, dor no abdome.

ESTÔMAGO 27: Taé Ku, 127 (Grande residência).


Dàjù

Localização:
— Encontra-se na altura do VC5 (Shímén), 2 distâncias por fora do
mesmo e a 2 distâncias abaixo do umbigo.

506
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5 a
8 Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.

Indicações:
— Diarréia, hérnia, dor abdominal.

ESTÔMAGO 28: Choe Tao, 128 (Via líquida).


Sh idào

Localização:
— Encontra-se na altura do VC4 (Gu nyuán), 2 distâncias por fora
do mesmo e 3 distâncias abaixo do umbigo.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 2 a
3 Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.
Indicações:
— Anúria, oligúria, edemas, nefrite, problemas ginecológicos, cons-
tipação.

ESTÔMAGO 29: Tsi Lao, 129 (Caminho de regresso).


Gu lái
Localização:
— Encontra-se na altura do VC3 (Zh ngj ), 2 distâncias por fora do
mesmo e 4 distâncias abaixo do umbigo.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5 a
8 Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.
Indicações:
— Problemas da área genital (orquite, impotência, leucorréia, disme-
norréia, prolapso uterino).

507
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

ESTÔMAGO 30: Tsri Tchong, 130 (Refluxo energético).


Qìch ng

Localização;
— Encontra-se a 1 distância acima da prega inguinal, na altura do
VC2, Q g (borda superior da sínfise púbica) e 5 distâncias abai-
xo do umbigo, na borda da artéria femoral.

Características:
— Ponto integrante da barreira energética pélvica.
— Ponto do Chong Mai.
— Ponto onde tem origem o Meridiano Distinto do Estômago.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen. Punturar com precaução.
— Moxabustão; moxar de 3 a 7 vezes.
Indicações:
— Retração dolorosa dos testículos, impotência, regras irregulares,
esterilidade, febre, hérnia, lombalgia.

ESTÔMAGO 31: Psi Koann, 131 (Barreira do membro inferior).


Bìguán
Localização:
— Está situado na face anterior e externa da coxa, na intersecção
da vertical que passa pela espinha ilíaca antero-superior com a
horizontal que passa pela borda inferior da sínfise púbica, na
depressão que se encontra justamente na borda externa do mús-
culo sartório.
Modo de emprego:
— Acupuntura; puntura perpendicular a uma profundidade de 6
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— «Pei» ou paralisia dos membros inferiores, problemas da área
lombar.

508
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

ESTÔMAGO 32: Fou Tou, 132 (Coelho que se esconde).


Fútù
Localização:
— Encontra-se na linha que une a espinha ilíaca antero-superior com
o ângulo superoexterno da patela, 6 distâncias acima da borda
superior desta.
— Para localizá-lo colocar a prega de flexão anterior do pulso sobre
a metade do joelho, com os dedos juntos e a extremidade do dedo
médio assinalará a localização do ponto.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5
Fen.
— Moxabustão: proibido moxar.
Indicações:
— Paralisia das pernas, cefaléia.

ESTÔMAGO 33: Inn Seu, 133 (Cidade de Yin).


Y nshì
Localização:
— Encontra-se na cara anterior e externa da coxa, 3 distâncias aci-
ma do ângulo superoexterno da patela contra a borda externa do
tendão do músculo reto anterior
Modo de emprego:
— Acupuntura; puntura perpendicular a uma profundidade de 3 a
7 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Diabetes, «Pei» dos joelhos, paralisia, algias ou debilidade do mem-
bro inferior.

ESTÔMAGO 34: Leang Iao, 134 (Cume da colina).


Liángqi
Localização:
— Encontra-se 2 distâncias acima do ângulo superoexterno da ró-
tula contra a borda externa do tendão do músculo reto anterior.

509
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Características:
— Ponto Xi (Geki em japonês).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3 a
7 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Problemas do joelho, diarréia, dor gástrica, mastite.

ESTÔMAGO 35: Tou Pi, 135 (Focinho de novilho).


Dúbí

Localização:
— Acha-se na parte antero-externa do joelho, em um oco que se
encontra por fora da borda externa do ligamento patelar (forame
externo da patela) e que se forma ao flexionar o joelho.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3 a
6 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Dor do joelho com motilidade limitada, edema na perna causada
pela umidade, dor no joelho acompanhada de insensibilidade.

ESTÔMAGO 36: Tsou Sann Li, 136 (Três distâncias do pé).


Zú S nl
Localização:
— Encontra-se na face antero-externa da perna, a 3 distâncias abaixo
do E35 (Dúbí) e a 1 distância por fora da crista tibial anterior.
— Forma de localizá-lo:
— primeiro se coloca a palma da mão ajustada sobre o joelho, de
maneira que o 4º dedo assinala a cabeça da fíbula (VB34, Yáng-
língquán) e o 2º dedo se situe na crista tibial anterior. O dedo mé-
dio nos assinalará a localização do E36 (Zú S nl ).

510
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Características:
— Numerosos são os parágrafos dos textos clássicos que fazem re-
ferência a este ponto, de vital importância.
— «Se a energia dos meridianos Yang apresenta sintomas de afecções Yin
é porque a energia perversa Yang penetrou no Yin, deve-se neste caso
punturar o Zú S nl , E36, afundar totalmente a agulha sem titubear e
punturar até que a energia chega. A enfermidade será então imediata-
mente curada». Nei Jing Ling Shu (capítulo primeiro).
— «Se o estômago está afetado, o ventre está em plenitude, inchado, com
dores de estômago e coração. Não se pode engolir bem. Se tem a im-
pressão de que os membros superiores e inferiores perderam sua liga-
ção. E neste caso deve-se punturar o ponto Zú S nl , E36». Nei Jing
Ling Shu (capítulo IV).
— Do E36 (Zú S nl ) parte um vaso interno que se dirige ao lado ex-
terno do terceiro dedo do pé, onde termina.
— É ponto He (terra).
— Ponto estacional ou dominante: transmite a energia do Zu Yang
Ming aos pontos He dos meridianos Yang.

511
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5 fen
a 1 T’sun.
— Moxabustão: moxar 3 vezes, moxar de 7 a 100 vezes ou moxar
500 vezes (devendo efetuar um mínimo de 100 a 200 moxas) se-
gundo os diferentes autores.
Indicações:
— São múltiplas: problemas digestivos, oftamológicos, nervosos,
cefaléia, oligúria, arteriosclerose.

ESTÔMAGO 37: Chang Kiu Hiu, 137 (Grande vazio da região superior).
Shàngjùx
Localização:
— Encontra-se na face antero-externa da perna, na vertical do pon-
to anterior e 3 distâncias abaixo deste.
— Ponto He de ação especial sobre o Intestino Grosso.
— Diz o Nei Jing Ling Shu em seu capítulo IV: «Para punturar o ponto
(E37, Shàngjùx ), deve-se fazer com que o seu pé (do enfermo)
esteja elevado».
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3 a
8 Fen.
— Moxabustão: fazer 3 moxas, 7 moxas por dia ou tantas quanto o
número de anos, de acordo com os diferentes autores.
Indicações:
— Gastrite, falta de apetite, apendicite aguda, transtornos do intes-
tino grosso em geral, «pei» do joelho, paralisia das pernas.
— Atuando sobre ele podemos fazer descender a energia situada na
parte alta do corpo.

ESTÔMAGO 38: Tsiao Keou, 138 (Boca estreita).


Tiáok u
Localização:
— Encontra-se na face antero-externa da perna, na vertical do pon-
to anterior e 2 distâncias abaixo deste. Encontra-se equidistante
8 distâncias entre o E35 (Dúbí) e o maléolo externo.

512
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3 a
8 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 7 vezes.
Indicações:
— Ponto especial para a patologia do ombro. Também usa-se em pa-
ralisia, dor e debilidade das pernas.
ESTÔMAGO 39: Cha Kiu Hiu, 139 (Grande vazio da região inferior).
Xiàjùx
Localização:
— Encontra-se na face antero-externa da perna, na vertical do pon-
to anterior e 1 distância abaixo deste.
Características:
— Ponto He de ação especial sobre o Intestino Delgado.
Modo de emprego:
— Acupuntura: punturar perpendicularmente a uma profundidade
de 3 a 8 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes ou moxar 49 vezes por dia segundo
os diferentes autores.
Indicações:
— Enfermidades do Intestino Delgado em geral. Paralisia e debili-
dade das pernas.
ESTÔMAGO 40: Fong Long, 140 (Grande bloqueio).
F nglóng

Localização:
— Encontra-se na horizontal do E38 (Tiák u) e uma distância por
fora deste, logo, a 2 distâncias por fora da crista tibial anterior.
Encontra-se equidistante 8 distâncias do E35 (Dúbí) e do maléolo
externo.
Características:
— Ponto Luo, do qual partem os dois vasos Luo Longitudinal e Trans-
versal (conectando-se este último com o ponto Yuan do meridiano
acoplado; BP3, Taìbái).

513
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

— Atrubiu-se a ele uma especial ação sobre o metabolismo das


fleumas.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 7 vezes.

Indicações:
— Nervosismo, esquizofrenia, epilepsia, tosse, asma, constipação.

ESTÔMAGO 41: Tchi Ki, 141 (Vale separado).


Ji x
Localização:
— Encontra-se na «garganta» do pé, equidistante dos dois maléolos,
entre o tendão do extensor do primeiro dedo e o tendão do extensor
longo dos dedos.
Características:
— Ponto J ng (Frio).
— Ponto de tonificação do Zu Yang Ming.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— «Pei» do tornozelo, problemas psíquicos (depressão, epilepsia, etc.),
paralisia das pernas, constipação.

ESTÔMAGO 42: Tchong Yang, 142 (Assalto de Yang).


Ch ngyáng
Localização:
— Está situado na zona mais alta do dorso do pé, entre o segundo
e terceiro metatarsos e o segundo e terceiro cuneiforme (cuneifor-
me intermédio e lateral), a 1,5 distâncias abaixo do ponto anteri-
or, sobre a artéria dorsal do pé.

514
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Características:
— Ponto Yuan. A ele chega o vaso Luo Transversal procedente de
G ngs n (BP4).
— Ponto do qual parte um ramo interno que se dirige ao Y nbái (BP1).

Modo de emprego:
— Acupuntura; puntura perpendicular a uma profundidade de 3 a
5 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Paralisia das pernas, odontalgias, estomatite, anorexia, «pei» em
sua área de influência local.

ESTÔMAGO 43: Hang Kou, 143 (Fosso do vale).


Xiàng
Localização:
— Acha-se situado no dorso do pé, no nível da extremidade proximal
do segundo espaço intermetatarsiano e a 2 distâncias abaixo do
ponto anterior.
Características:
— Ponto shu (madeira).
— Propriedades analgésicas com relação ao membro inferior.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3 a
5 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Dores no dorso do pé, edema na face, amigdalite, hemorróidas.

ESTÔMAGO 44: Nei Ting, 144 (Sala interior).


Neìtíng
Localização:
— Encontra-se situado no espaço interdigital entre o segundo e ter-
ceiro dedo. A 5 Fen atrás da membrana interdigital. Este ponto
encontra-se a 2 distâncias abaixo do ponto anterior.

515
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Características:
— Punto Ying (água).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3 fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Cefaléia, astenia, odontalgia, dor nas pernas, gastralgia, «pei»
afetando os dedos do pé.

ESTÔMAGO 45: Li Toe, 145 (Intercâmbio de ímpeto)


Lìduí

Localização:
— Cerca de 1 Fen (2 milímetros aproximadamente) por trás e por
fora do ângulo ungueal externo do segundo dedo do pé.

516
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Características:
— Ponto Jing (metal).
— Ponto de sedação do Zu Yang Ming.
— Possui a função «Raiz» no plano energético Yang Ming (E-BP).
— Ponto de nascimento do Meridiano Tendino Muscular correspon-
dente.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular. Profundidade de 1 Fen.
— Moxabustão: moxar 1 vez.
Indicações:
— Gengivite, problemas psíquicos, demência, epilepsia, temor, neuras-
tenia, insônia, sono agitado.

FOLHA RESUMO DO ZU YANG MING (E)

DESCRIÇÃO DE PONTOS:

Segmento facial: 8 pontos.


E1: Vertical do centro da pupila, entre o globo ocular e a borda infra-
orbitária.
E2: Na mesma vertical que o ponto anterior e 3 Fen abaixo deste.
E3: Mesma vertical dos pontos anteriores, no nível da borda inferi-
or da asa do nariz.
E4: Na altura da comissura labial e a 4 Fen por fora da mesma.
E5: Na borda inferior a mandíbula, eqüidistante entre o ângulo do
maxilar inferior e o tubérculo mentoniano.
E6: Um pouco adiante e acima do ângulo do maxilar inferior, so-
bre o músculo masseter.
E7: A uma distância à frente do trago, na borda inferior do arco
zigomático.
E8: Na sutura frontoparietal, coindidindo com a entrada do cabelo.

Segmento cervical: 4 pontos.


E9: Na borda anterior do músculo esternocleidomastóideo, na al-
tura do VC23.
E10: Na borda anterior do músculo esternocleidomastóideo, 1,5 t’sun
entre E9 e E11.

517
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

E11: Borda superior da extremidade interna da clavícula, entre as


duas inserções inferiores do esternocleidomastóideo.
E12: Na borda superior da clavícula, no nível da linha mamilar.

Segmento torácico: 6 pontos.


E13: Na borda inferior da clavícula, no nível da linha mamilar.
E14: Na horizontal do VC20 e a 4 distâncias por fora deste.
E15: Na horizontal do VC19 e a 4 distâncias por fora deste.
E16: Na horizontal do VC18 e a 4 distâncias por fora deste.
E17: No nível do quarto espaço intercostal, justo no meio do mamilo.
E18: Na altura do VC16 e a 4 distâncias por fora deste.

Segmento abdominal: 12 pontos.


E19: Na altura do VC14, 2 distâncias por fora deste.
E20: Na altura do VC13, 2 distâncias por fora deste.
E21: Na altura do VC12, 2 distâncias por fora deste.
E22: Na altura do VC11, 2 distâncias por fora deste.
E23: Na altura do VC10, 2 distâncias por fora deste.
E24: Na altura do VC9, 2 distâncias por fora deste.
E25: Na altura do VC8 (umbigo) e 2 distâncias por fora deste.
E26: Na altura do VC7, 2 distâncias por fora deste.
E27: Na altura do VC5, 2 distâncias por fora deste.
E28: Na altura do VC4, 2 distâncias por fora deste.
E29: Na altura do VC3, 2 distâncias por fora deste.
E30: 1 distância acima da prega inguinal, na altura do VC2, 2 dis-
tâncias por fora deste.

Segmento coxa: 4 pontos.


E31: Intersecção da vertical que passa pela espinha ilíaca antero-su-
perior com a horizontal que passa pela borda inferior da sínfise
púbica.
E32: Na linha que une a espinha ilíaca com o ângulo superior-ex-
terno da patela, a 6 distâncias acima da borda superior desta.
E33: 3 distâncias acima do ângulo superior-externo da patela.
E34: 2 distâncias acima do ângulo superior-externo da patela.

Segmento panturrilha: 6 pontos.


E35: Por fora da borda externa do ligamento patelar (forame exter-
no da patela).

518
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

E36: Face anterior-externa da perna, 3 distâncias abaixo do E35 e 1


distância por fora da crista tibial anterior.
E37: Na vertical do ponto anterior e 3 distâncias abaixo deste.
E38: Na vertical do ponto anterior e 2 distâncias abaixo deste.
E39: Na vertical do ponto anterior e 1 distância abaixo deste.
E40: Na horizontal do E38 e 1 distância por fora deste.

Segmento pé: 5 pontos:


E41: Na garganta do pé, entre o tendão do extensor do primeiro dedo
e o tendão do extensor longo dos dedos.
E42: Na zona mais alta do dorso do pé, 1,5 abaixo do ponto anterior.
E43: No dorso do pé, no nível da extremidade proximal do segundo
espaço intermetatarsiano.
E44: No espaço interdigital, entre o segundo e terceiro dedos, 5 Fen
atrás da membrana interdigital.
E45: Ângulo ungueal externo do segundo dedo do pé.

519
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

520
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

521
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

523
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

MERIDIANO PRINCIPAL DO BAÇO-PÂNCREAS


ZU TAI YIN

GENERALIDADES
SEU VERDADEIRO NOME – PLANO ENERGÉTICO:
Sua denominação clássica é Zu Tai Yin, pois constitui o ramo inferior
(Zu) do plano mais superficial dos meridianos Yin, isto é, do Taiyin
(cujo segmento superior o integra o canal do Pulmão – Shou Tai Yin).

NÚMERO DE PONTOS: 21 (bilaterais).

MERIDIANO ACOPLADO: Zu Yang Ming (Meridiano principal do


Estômago).

CORRENTE ENERGÉTICA RONG:


— Sentido: Centrípeto.
— Horário de máxima energia: 9 – 11 h (hora Se).
— Lei meio-dia – meia-noite: seu oposto é o Shou Shao Yang (TA).
— Ordem: precede-lhe, no circuito diário, o Zu Yang Ming (E), lhe
segue o Shou Shao Yin (C).
— Proporção energia (Qi) – sangue (Xue): o plano Taiyin possui mais
energia que sangue, portanto quando se trata de dispersar, evi-
ta-se sangrar seus pontos.
— Posição do pulso radial: pulso direito, barreira, profundo.
— Posição do pulso revelador: BP11, J men. Artéria femoral.
— Tomada de níveis energéticos: BP3, Taìbai.
— Lei esposo-esposa: pelo que se refere ao pulso, o Zu Tai Yin (BP)
possui o papel de «esposa» com relação ao Zu Jue Yin (F), locali-
zado na posição idêntica contralateral.
Diz o Nei Jing Su Wen em seu capítulo 19:
«— Hoang Ti: Pode-se conhecer o pulso normal e patológico do Baço?
— Khi Pa: O pulso do Baço, quando é normal, não pode ser percebido.
Só um pulso patológico se manifesta».

524
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Este parágrafo explica, provavelmente, a omissão feita ao pulso nor-


mal do Baço no capítulo oitavo do Mu Jing (clássico dos pulsos).

PENTACOORDENAÇÃO (Correspondências):
— Movimento: Terra.
— Víscera acoplada: Estômago.
— Estação: Estio.
— Energia cósmica: Umidade.
— Posição espacial: Centro.
— Controle sobre: «Carne» (Tecido conjuntivo subcutâneo e tecido
conjuntivo).
— Astros: Saturno.
— Sentimento negativo: Obsessão.
— Expressão sonora: Canto.
— Conteúdo sutil: Yi (Pensamento).
— Sentido: Paladar.
— Secreção: Saliva.
— Sabor: doce.
— Odor: Perfumado.
— Cor: Amarelo.
— Nota musical: Mi.
— Alimento vegetal: Centeio.
— Alimento animal: Boi.
— Ciclo Sheng: segundo este, é filho do fogo (C) e mãe do metal (P).
— Ciclo Ke: segundo este, é regulado pela madeira (F) e, por sua vez,
regula à água (R).

PONTOS PRINCIPAIS:
— Mu: F13, Zh ngmén.
— Shu dorsal ou de Assentimento: B20, Písh .
— Nó: VC12, Zh ngw n.
— Raiz: BP1, Y nbazí.
— Acelerador: BP2, Dàd .
— Arraste: P11, Shàosh ng.
— Luo: BP4, G ngs n.
— Luo de grupo: BP6, S ny nj o.
— Shu-Yuan: BP3, Taìbái.
— Xi: BP8, Dìj .
— Reunião: F13, Zh ngmén.
— Tonificação: BP2, Dàd .

525
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

— Sedação: BP5, Sh nqui .


— Estacional, dominante ou transmissor: BP3, Tàibái.
— Abertura de vaso regulador: BP4, G ngs n (Chongmai).
PONTOS PARTICULARES:
— BP6, S ny nji o. Ponto especial para tratar enfermidades gineco-
lógicas.
— BP10, Xuèh i (Mar do sangue). Ponto a se levar em conta em trans-
tornos sanguíneos.
— BP12, Ch ngmén. Ponto pertencente à barreira energética pubiana.
— BP20, Zh uróng. Dele parte um ramo interno que energiza a lín-
gua na sua base.
— BP21, Dàb o. Ponto de nascimento do Grande Luo do Baço-Pân-
creas.
SHU ANTIGOS:
— Jing-Poço: BP1, Y nbái.
— Ying: BP2, Dàd .
— Shu-Yuan: BP3, Taibái.
— Ji-ng-Rio: BP5, Sh ngqi .
— He: BP9, Y nlíngquán.
ESTUDO GERAL DO TRAJETO:
• Trajeto superficial:
— Começa na extremidade do primeiro dedo do pé.
— Segue primeiro a borda interna deste dedo e logo a face interna
do pé.
— Passa adiante e por baixo do maléolo interno.
— Percorre a face interna do joelho e da coxa, ocupando o lugar mais
anterior dos 3 meridianos Yin.
— Alcança a parte externa da prega inguinal (BP12, Chongmén e
BP13, F shè).
— Dirige-se para a linha média, conectando-se com os pontos VC3
(Zh ngjí) e VC4 (Gu nyuán).
— Se exterioriza e nos dá os pontos BP14 (Fùjié) e BP15 (Dàhéng).
— Volta à linha média unindo-se ao ponto VC10 (Xiàw n), em cujo
nível penetra profundamente no abdome.
• Trajeto profundo:
— Partindo do VC10 (Xiàw n) alcança o Baço e o Pâncreas.

526
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

— Se ramifica no estômago. Deste local parte um vaso secundário


que atravessa o diafragma e se projeta no meio do coração.
— Atravessa o diafragma.
— Sobe pelo esôfago.
— Termina na face inferior da língua.
• Trajeto superficial:
— Volta à superfície no ponto BP16 (Fù i) (10º espaço intercostal).
— Ascende verticalmente pela linha para-axilar (6 distâncias por fora
da linha média) até o 2º espaço intercostal (BP20, Sh uróng). Deste
local parte um vaso que se une ao MP do Pulmão para contintuir
o plano Tai Yin.
— Descende até o 6º ou 7º espaço intercostal (BP21, Dàb o).
OUTROS VASOS SECUNDÁRIOS E CONEXÕES:
O sistema de vasos Luo Transversais acopla aos meridianos do Baço
e Estômago, unindo Taìbái, BP3 (Yuan) e F nglóng, E40 (Luo) por um
lado, e Ch ngyuán, E42 (Yuan) e G ngs n, BP4 (Luo) por outro.
Zu Tai Yin (MP do Baço) e Shou Tai Yin (MP do Pulmão) estão
conectados graças a um ramo cujos extremos estão situados em Dàb o
(BP21) e Zh ngf (P1).
Também do Dàb o, BP21, nasce a rede energética denominada Gran-
de Luo do Meridiano do Baço, que conecta com os vasos Luo Longitudi-
nais de todos os Meridianos Principais.
O S ny nji o (BP6) reúne os três meridianos yin «do pé», sob sua fun-
ção de «Luo de grupo».
Com o vaso regulador Yang Wei se relaciona o Zu Tai Yin no ponto
Rìyùe (VB24), e com o Yin Wei nos pontos F shè (BP13), Dàhéng (BP15)
e Fuà (BP16); os quais servem de elos na cadeia deste Vaso Regulador.
O ilustre Soulie de Morant, em sua obra «L’acupuncture Chinoise»,
também assinala ao VC17 (Sh nzh ng) como lugar onde se reúnem os
meridianos do Fígado, Triplo Aquecedor, Intestino Delgado e Baço-Pân-
creas. Recordemos que este ponto é qualificado pelo Neijing como «mestre
da energia».
AÇÃO GERAL:
O BP mantém uma importante relação, como movimento central, na
gênese da maior parte das enfermidades descritas com relação ao resto
dos movimentos, é uma das causas fundamentais das alterações pul-
monares (asmas e tosse); renais (formação de cálculos); cardíacas (por
acoplamento com o Pulmão – relação TA superior), etc.

527
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Sua ação é determinante na formação de energia Rong e, portanto,


nas energias Qi e Shen, que dela se compõem. Com base nisso será fun-
damental sua ação na manutenção do armazém energético (Rim Yang).
Portanto, «é a fonte de onde se nutre o organismo».
Regula a «umidade endógena» que metaboliza a partir dos aportes
de seu acoplado Estômago, portanto, tem uma importante relação jun-
tamente com o R e P na formação e manifestação (edemas) dos líqui-
dos orgânicos.
Regula a hematopoiese ao ser, juntamente com o R e F (os três Yin
Zu) os órgãos encarregados da formação do sangue.
A ação do BP desempenha um papel importante sobre a formação e
regulação do glicogênio a partir das extrações do Estômago.
A energia metabolizada pelo BP ascende impulsionada pela sua raiz
Yang ao Pulmão e Coração, onde se combina com o Thin cósmico (P) e
é veiculada a todo o organismo através do sangue (C); daí sua impor-
tância em todos os processos cardiorrespiratórios.
O BP se manifesta nos lábios e nas bochechas, podendo-se diagnos-
ticar o estado do BP através deles; lábios e bochechas frescos e verme-
lhos indicam um bom estado do mesmo.
O BP conjuntamente com o F tem uma importante relação com o
tecido muscular. Assim como o R com o F no sistema neuromuscular.
Uma insuficiência de BP pode gerar lassidão e atrofia muscular.
Guarda uma importante relação com o sistema genital, sobretudo o
feminino, ao ser o meridiano de anastomose dos três Yin inferiores.
Quatro de seus pontos são de ação vital em ginecologia:

— BP1 (Yinbai) em metrorragias.


— BP4 (Gongsun), como abertura do Chong Mai.
— BP6 (Sanyinjiao), Luo de grupo dos Yin Shou.
— BP10 (Xuehai), «Mar de sangue».

O BP é afetado pela reflexão, a preocupação, o esforço intelectual, a


responsabilidade, etc., através da ação Shen, sendo essas as causas mais
importantes de alteração do «órgão central».
Comunica sua energia com a da boca. É por isso que as perturba-
ções da energia do BP se manifestam com freqüência na base da língua
e são reconhecidas no estado da «carne» e da pele.
O Baço, integrado no TA Médio, desempenha uma função de fun-
damental importância com relação à energia Rong, pois uma vez que a
recebe do estômago é o encarregado de enviá-la aos pulmões para as
união com a energia do cosmos. Como resultado deste processo tere-

528
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

mos a energia Rong propriamente dita, que é incorporada imediatamente


pelos pulmões no circuito diário dos Meridianos Principais.
O Baço é o órgão responsável pela elaboração da linfa e do plasma a
partir do líquido «puro» que chega do estômago. Também controla a
formação de saliva. De seu correto funcionamento depende a saudável
divisão do líquido orgânico em geral. Em especial, entra sob sua res-
ponsabilidade tudo aquilo relativo às fleumas (conceito oriental).
Por outro lado, o sistema Baço-Pâncreas é o mestre das funções inte-
lectuais (prejudicando-lhe a obsessão).
Não nos estenderemos aqui sobre as funções do Baço-Pâncreas reco-
nhecidas pela medicina ocidental, que são do domínio de todos.

Zhen Jiu Da Cheng, de Yang Chi Chou, enunciado n.º 125:


«O BP é o órgão conselheiro do organismo, assento da inteligência.
O BP é também o celeiro de Rong e Sangue, sua quintessência se
manifesta nos lábios e nas bochechas, chega à pele e à carne.
Faz parte do Tai Yin, comunicando com a energia da Terra. Como a
Terra, encontra-se no centro para umedecer os quatro pontos cardeais
(4 órgãos).
O BP rege os quatro membros e contribui com o E na repartição do
líquido orgânico no organismo.
A cor amarela é o Centro e corresponde ao BP. O BP constitui um
dos lugares de armazenamento da energia Thin de reserva.»

Su Wen, capítulo 9:
«O BP, como as entranhas, é o celeiro, o depósito resultante da trans-
formação dos alimentos no estômago. No exterior rege os lábios, no
interior a carne».

Nei Jing Ling Shu, capítulo 8:


«O BP encerra a energia Rong, nele reside a idéia, a vontade».

Nei Jing Ling Shu, capítulo 17:


«A energia do BP está em relação com a boca, rege a absorção dos
alimentos».

529
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

SEMIOLOGIA (BP)
ZHEN JIU DA CHENG, de YANG CHI CHOU. Livro III, enunciado 55:
«Transtornos do meridiano:
— Perturbações de origem interna: vômitos pós pandriais, gastralgia,
dores generalizadas, inchaço abdominal, eructos, rigidez na lín-
gua, sensação de alívio a cada emissão de gás intestinal.
— Perturbações de origem externa: dor na língua, peso em todo o cor-
po, anorexia, inquietude, violentas dores abdominais, fezes mo-
les, acúmulo de gás (aerocolia), febre e frialdade, desejo de estar
de pé, negação da posição em decúbito, inflamação do joelho e
quadril, icterícia, impossibilidade de mover o primeiro dedo do pé».
MU JING, de WANG CHOU HO. Livro II, capítulo XVII:
«Encontrando-se o Yin em excesso, o meridiano Zu Tai Yin está em
plenitude. Os sinais clínicos são: pés frios, pernas quentes, inchaço ab-
dominal, indigestão, inquietude, insônia.
Encontrando-se o Yin em insuficiência, o meridiano Zu Tai Yin está em
vazio. Os sinais clínicos são: diarréia, indigestão, ascensão da energia,
peste, náuseas e vômitos, borborigmos, icterícia, tristeza, insônia».
NEI JING LING SHU, capítulo X:
— «Em caso de alterações deste meridiano, a língua está retraída, en-
durecida, o enfermo vomita tudo o que come, há dores no estô-
mago, o ventre está inchado; tem náuseas freqüentes e sensação
de corpo muito pesado, lerdo.
— Sintomas: Há dores na língua, o enfermo não pode comer, há mo-
léstias no coração e por baixo do coração, diarréia, impossibili-
dade de urinar, icterícia, insônia, o corpo está esticado, a coxa e
a panturrilha estão inchadas e sem tônus, o mesmo que o dedo
hálux.
— Se há plenitude, o pulso Tsri Hao é três vezes mais intenso que o
de Ran Ying. Em caso de vazio, o pulso Tsri Hao é mais intenso
que o de Ran Ying».
NEI JING SU WEN. Livro VII, capítulo XXII:
«Os sinais da enfermidade do Baço são:
– Sinais de plenitude:
— Corpo pesado.
— Tendência à anorexia

530
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

— Dores com dificuldade ao andar.


— Ou mesmo contratura muscular.
— Dor plantar.

• Sinais de vazio:
— Inchaço abdominal.
— Borborigmos.
— Diarréia com fezes líquidas contendo alimentos não digeridos.
Há que punturar e sangrar os pontos dos 3 meridianos: BP, E e R».

ZHEN JIU DA CHENG, YANG CHI CHOU, enunciado n.º 2:


«Enfermidade do calor que se assenta no BP:
• Sinais predecessores:
— Cabeça pesada.
— Neuralgia facial (bilateral).
— Inquietude.
— Tez esverdeada.
— Náuseas.
— Hipertermia.

• Sinais de luta entre a energia perversa e a energia essencial:


— Lombalgia com impossibilidade de inclinar-se.
— Inchaço abdominal.
— Diarréia.
— Neuralgia maxilar (bilateral).
O tratamento consiste em punturar o BP e o E».

NAN JING, de PIENN TSIO (dificuldade nº 16):


«Sinais de enfermidade do BP:
• Sinais externos:
— Face amarelada.
— Eructos freqüentes.
— Forte tendência à reflexão.
— Gosto pronunciado pelo salgado.
— Acúmulo de «energia ativa» (Dong Khi) no centro do umbigo, sob
a forma de uma bola dura e sólida, por vezes dolorosa à palpação.
— Meteorismo.

531
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

— Dispepsia.
— Corpo pesado.
— Artralgias.
— Forte tendência à sonolência.
— Fatigabilidade dos membros».

NAN JING, de PIENN TSIO (dificuldade n.º 24):


• Esgotamento da energia do BP:
— «A energia do BP rege a carne e ganha os lábios. A cor e tonali-
dade dos lábios estão, pois, em relação muito estreita com o grau
de frescor da carne.
— Quando o BP não funciona, não mantém a carne. Esta perde sua
vitalidade e o aparelho muscular se torna atritante. Essa tensão
generalizada dos músculos implica a dos lábios então o enfermo
parece ‘fazer bico’».

SU WEN, capítulo 19:


«Os membros superiores e inferiores estão enfraquecidos, a cabeça
não pode manter-se erguida e cai sobre os ombros, a morte sobrevêm a
cabo de um ano. No exame do pulso, se não se nota mais que o pulso
do órgão, sem perceber a presença da energia do E., a morte terá lugar
neste mesmo dia. O pulso é ora freqüente, ora raro, o tom é amarelo-
esverdeado (o tom é amarelo «BP» e além disso esverdeado «F», sinal
de agravamento) sem brilho, sem esplendor, o pêlo cai».

NEI JING LING SHU, capítulo X:


«A carne não é alimentada, a língua e os lábios que são o espelho da
carne (logo do BP) estão retraídos (transtornados). Em terminologia
taoísta: é a madeira (F) que triunfa sobre a terra (BP)».

SINTOMATOLOGIA DE PLENITUDE (SHI) E DE VAZIO (XU):


Suas alterações podem apresentar-se em uma infinidade de sintomas
com relação ao resto dos movimentos, como indicamos anteriormente.
Tanto no vazio como na plenitude deste órgão devem considerar-se
as plenitudes ou vazios da Raiz Yin e Yang, e também se estas foram
ocasionadas por fatores Shen (psíquicos) ou fatores Qi (somáticos), o que
se desenvolverá com amplitude em patologia no tomo II, no entanto
podemos formular alguns sinais que consideramos simplesmente
indicativos.

532
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

SINTOMAS DE PLENITUDE (SHI):


— Ventre tenso, fraco e doloroso, sobretudo depois das refeições.
— Urinas escassas e amarelo-avermelhadas.
— Lábios vermelhos em excesso, gosto doce na boca e sialorréia.
— Constipação e fezes fétidas.
— Sensação de peso no corpo e cabeça.
— Artralgias.
— Pulso rápido.
— Freqüentes obsessões e pesadelos.
— Força física e sensação de energia.

SINTOMAS DE VAZIO (XU):


— Plenitude abdominal, náuseas, vômitos e anorexia.
— Urinas claras e abundantes.
— Face amarelada, lábios e língua pálidos.
— Astenia generalizada (melhoria vespertina).
— Diarréia pós-pandrial e fezes moles.
— Má digestão e aerogastria.
— Membros frios e lassidão.
— Prolapsos.
— Sensação de que a energia sobre em direção ao alto do corpo.
— Dispnéia.
— Pele seca.
— Debilidade, depressão, problemas de concentração no estudo.

533
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

534
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

MERIDIANO PRINCIPAL DO BAÇO-PÂNCREAS


ZU TAI YIN

NÚMERO DE PONTOS: 21

BP1, Inn Po, 146, Y nbái (Branco escondido).


BP2, Tae Tou, 147, Dàd (Grande cidade).
BP3, Tae Po, 148, Taìbái (Extrema brancura).
BP4, Kong Soun, 149, G ngs n (Avô e neto).
BP5, Chang Iou, 150, Sh ngqi (Colina de intercâmbios).
BP6, Sann Inn Tsiao, 151, S ny nj ao (Reunião dos três Yin).
BP7, Laé Kou, 152, Loùg (Vale que goteja).
BP8, Ti Tchi, 153, Dìj (Sistema terrestre).
BP9, Inn Ling Tsiuann, 154, Y nlíngquán (Fonte da colina Yin).
BP10, Sué Haie, 155, Xuèh i (Mar de sangue).
BP11, Tsi Menn, 156, J mén (Porta dos sistemas orgânicos).
BP12, Tchong Menn, 157, Ch ngmén (Porta do assalto).
BP13, Fou Tche, 158, F shè (Casa das vísceras).
BP14, Fou Tchi, 159, Fùjíe (Nó do ventre).
BP15, Tae Roang, 160, Dàhéng (Grande transversal).
BP16, Fou Hai, 161, Fù i (Gemido do ventre).
BP17, Tché Téou, 162, Shídòu (Recipiente alimentar).
BP18, Tienn Ke, 163, Ti nx (Vale celeste).
BP19, Rong Siang, 164, Xi ngxi ng (Região torácica).
BP20, Tchao Iong, 165, Zh uróng (Ciclo florescente).»
BP21, Tae Pao, 166, Dàb o (Grande envoltura).

535
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

DESCRIÇÃO:

BAÇO-PÂNCREAS 1: Inn Po, 146 (Branco escondido).


Y nbái.
Localização:
— Aproximadamente 1 Fen (dois milímetros aproximadamente) atrás
e por fora do ângulo ungueal interno do primeiro dedo do pé.
Características:
— Ponto Jing (madeira).
— Ponto de nascimento do Meridiano Tendino-Muscular correspon-
dente.
— Ponto que recebe um vaso interno procedente do Ch ngyáng (E42).
— Ponto «Raiz» do plano energético Tai Yin.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 1
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Problemas psíquicos (depressão, insônia, demência), epistaxe,
menorragia, transtornos por calor perverso, diarréia.

BAÇO-PÂNCREAS 2: Tae Tou, 147 (Grande cidade).


Dàd .

Localização:
— Em uma depressão imediatamente distal à borda interna da arti-
culação metatarso falângica do primeiro dedo do pé (joanete), jus-
tamente na mudança de tonalidade das peles plantar e dorsal.

Características:
— Ponto Ying (fogo).
— Ponto de tonificação do Zu Tai Yin.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

536
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Indicações:
— Febre (é um ponto sudorífico), anorexia, dor no abdome, gota.

BAÇO-PÂNCREAS 3: Tae Po, 148 (Extrema brancura).


Taìbái
Localização:
— Em uma depressão imeditamente proximal à borda interna da
articulação metatarso-falângica do primeiro dedo do pé (joane-
te), justamente na mudança de tonalidade das peles plantar e
dorsal. Uma distância atrás do ponto anterior.
Características:
— Ponto Shu-Yuan (terra), que recebe o vaso Luo Transversal proce-
dente de F nglóng (E40).
— Ponto estacional que transmite energia a todos os pontos de sua
mesma denominação (Shu) e polaridade (Yin).
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Diarréia, constipação, gastralgia, paralisia dos membros inferio-
res, gota.

BAÇO-PÂNCREAS 4: Kong Soun, 149 (Avô e neto).


G ngs n.
Localização:
— Na face interna do pé, diante e abaixo da articulação do primei-
ro metatarso e o primeiro cuneiforme, ou seja, à frente e abaixo
da extremidade proximal do primeiro metatarso. Ponto muito
doloroso à puntura.
Características:
— Ponto Luo, do qual partem os dois vasos Luo Longitudinal e Trans-
versal (conectando este último com o ponto Yuan do meridiano
acoplado, Ch ngyáng - E42).
— Ponto de abertura do Vaso Curioso Chongmai.

537
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 4
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Câncer gástrico, gastralgia, diarréia, excitação, edema.

BAÇO-PÂNCREAS 5: Chang Iou, 150 (Colina de intercâmbios).


Sh ngqi .
Localização:
— Na parte interna da garganta do pé, na intersecção da vertical
que passa pela borda anterior do maléolo interno com a horizon-
tal que passa pela ponta inferior do mesmo, ou seja, 5 Fen abai-
xo e à frente do maléolo interno.
Características:
— Ponto J ng (metal).
— Ponto de sedação do Baço.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Diarréia, gastrite, borborigmos, dispepsia, digestões difíceis, de-
pressão.

BAÇO-PÂNCREAS 6: Sann Inn Tsiao, 151 (Reunião dos três yin).


S ny nji o.
Localização:
— Na borda tibial postero-interna, 3 distâncias acima da parte mais
saliente do maléolo interno.

Características:
— Ponto «Luo de grupo» dos meridianos Yin do pé, que se unem neste
nível.
— Ponto proibido em caso de gravidez.

538
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular ou mesmo em direção ao
VB39 (Xuanzhong), a uma profundidade de 3 fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Problemas genitais em geral, depressão, insônia, neurastenia,
hemiplegia.

BAÇO-PÂNCREAS 7: Lae Kou, 152 (Vale que goteja).


Loùg

Localização:
— Na borda tibial postero anterior, 6 distâncias acima da parte mais
saliente do maléolo interno.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Fraqueza nos membros inferiores, borborigmos.

BAÇO-PÂNCREAS 8: Ti Tchi, 153 (Sistema terrestre).


Dìj .

Localização:
— 4 distâncias acima do Loùgm (BP7), ou seja, 3 distâncias abaixo
do côndilo interno da tíbia.

Características:
— Ponto Xi (Geki em japonês).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

539
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Indicações:
— Dismenorréia, falta de apetite, espermatorréia, lombalgia, me-
teorismo.

BAÇO-PÂNCREAS 9: Inn Ling Tsiuann, 154 (Fonte da colina yin).


Y nlíngquán.
Localização:
— Encontra-se na borda inferior do côndilo interno da tíbia, em uma
depressão entre a borda posterior da tíbia e o músculo gastroc-
nêmio interno.
— 3 distâncias acima de Dìj (BP8) e aproximadamente 2 distâncias
abaixo da interlinha articular do joelho. Ponto doloroso à palpação.
Características:
— Ponto He (água) do Zu Tai Yin.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Edema, insônia, disúria, micção difícil ou dolorosa, espermatorréia,
vaginites, disenteria.

BAÇO-PÂNCREAS 10: Sue Haie, 155 (Mar de sangue).


Xuèh i.
Localização:
— Na face antero-interna da coxa, no meio do relevo inferior do
músculo vasto medial. 2 distâncias acima da borda superior da
patela.
— Forma de localizá-lo: com o paciente sentado e, portanto, com o
joelho em ângulo reto, o acupunturista ajusta o côncavo da pal-
ma da sua mão direita sobre a patela esquerda do paciente, sen-
do que o polegar assinala a localização do ponto.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

540
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Indicações:
— Hemorróidas, alterações menstruais, metrorragia.

BAÇO-PÂNCREAS 11: Tsri Menn, 156 (Porta dos sistemas orgânicos).


J mén.

Localização:
— Sobre a face interna da coxa, diante do músculo sartório, 6 dis-
tâncias acima do Xuèh i (BP10), sobre a artéria femoral.

Características:
— Tomada de pulsologia reveladora.
— Evitar a puntura da artéria femoral.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Adenite inguinal, incontinência urinária.

541
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

BAÇO-PÂNCREAS 12: Tchong Menn, 157 (Porta do assalto).


Ch ngmén.

Localização:
— Acha-se na extremidade interna da prega inguinal, na horizon-
tal do Q g , VC2 (centro da sínfise púbica), a 3,5 distâncias para
fora do mesmo, na borda externa da artéria femoral.

Características:
— Ponto de nascimento do Meridiano Distinto do Baço.
— Ponto da Barreira Pélvica.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 7
Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.

Indicações:
— Hérnia, orquite, meteorismo.

BAÇO-PÂNCREAS 13: Fou Tche, 158 (Casa das vísceras).


F shè.

Localização:
— Na horizontal do Zh ngjí , VC3, a 4 distâncias por fora da linha
média. Encontra-se 0’7 distâncias acima do Ch ngmén , BP12.

Características:
— Ponto do Vaso Curioso Yinwei.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 7
Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.

Indicações:
— Constipação, colite, hérnia.

542
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

BAÇO-PÂNCREAS 14: Fou Tchi, 159 (Nó do ventre).


Fùjíe.
Localização:
— Na horizontal que passa 1‘3 distâncias por baixo do umbigo e a
4 distâncias por fora da linha média, sobre a borda externa do
músculo reto maior do abdome.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 7
Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.

Indicações:
— Tosse, diarréia, hérnia.

BAÇO-PÂNCREAS 15: Tae Roang, 160 (Grande transversal).


Dàhéng
Localização:
— Na horizontal que passa pelo Shénquè, VC8 (umbigo), a 4 distân-
cias por fora deste, sobre a borda externa do músculo reto do
abdome.
Características:
— Ponto do Meridiano Curioso Yinwei.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 7
Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.
Indicações:
— Diarréia, constipação, parasitas intestinais, astenia.

BAÇO-PÂNCREAS 16: Fou Hai, 161 (Gemido do ventre).


Fù i.
Localização:
— Na horizontal do Jiànl (VC11, 3 distâncias sobre o umbigo), a 4
distâncias por fora dele, sobre a borda externa do músculo reto
do abdome.

543
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Características:
— Ponto do Vaso Curioso Yinwei.

Modo de empego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.

Indicações:
— Diarréia, úlcera gástrica, constipação.

BAÇO-PÂNCREAS 17: Tche Teou, 162 (Recipiente alimentar).


Shídòu

Localização:
— Sobre o 5º espaço intercostal, à altura do ponto Zhôngtíng, VC16,
e a 6 distâncias por fora do mesmo.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 4 Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.

Indicações:
— Neurastenia intercostal, dor na área hepática (Shídòu, BP17, di-
reito).

BAÇO-PÂNCREAS 18: Tienn Ken, 163 (Vale celeste).


Ti nx .

Localização:
— Quarto espaço intercostal, à altura do Shânzhông (VC17), a 6
distâncias por fora deste.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 4 Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.
Indicações:
— Bronquite, tosse, algias torácicas, abcesso mamário.

544
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

BAÇO-PÂNCREAS 19: Rong Siang, 164 (Região torácica).


Xi ngxi ng.
Localização:
— No terceiro espaço intercostal, na horizontal do Yùtáng (VC18),
a 6 distâncias do mesmo.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 4 Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.
Indicações:
— Neuralgia intercostal, hipocondrialgia, insônia.

BAÇO-PÂNCREAS 20: Tchao Iong, 165 (Ciclo florescente).


Zh uróng.

Localização:
— No segundo espaço intercostal, na horizontal do Z g ng (VC19),
a 6 distâncias dele.

Características:
— Um vaso une este ponto com o Jíquán (C1).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 4 Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.

Indicações:
— Anorexia, tosse, neuralgia intercostal.

BAÇO-PÂNCREAS 21: Zae Pao, 166 (Grande envoltura).


Dàbâo

Localização:
— No nível do 6º espaço intercostal, na intersecção das linhas axi-
lar média com a horizontal que passa por VC14 (Jùqué). Este ponto
se encontra a 3 distâncias abaixo do VB22 (Yu nyè) e a 6 distân-
cias abaixo do Jíquán, C1 (fundo do oco axilar). Eqüidistante en-
tre a axila e o extremo da 11ª costela.

545
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Características:
— Ponto de nascimento do «Grande Luo» do Baço (rede de condu-
tos distribuidores de líquido orgânico).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 3 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Debilidade dos membros, dispnéia, problemas estomacais, neural-
gia intercostal.

FOLHA RESUMO DO ZU TAI YIN (BP)

DESCRIÇÃO DE PONTOS:

Segmento pé: 5 pontos.


BP1: Ângulo ungueal interno do primeiro dedo do pé.
BP2: Diante e na borda interna da articulação metatarso-falângica do
primeiro dedo do pé.
BP3: Atrás e na borda interna da citada articulação.
BP4: Diante e abaixo do extremo proximal do primeiro metatarso.
BP5: Garganta do pé, 0,5 D diante e abaixo do maléolo interno.
Segmento panturrilha:4 pontos.
BP6: Na borda tibial postero-interna, 3 D acima da ponta do maléolo
interno.
BP7: Na borda tibial postero-interna, 3 D acima de BP6.
BP8: Na borda tibial postero-interna, 3 D abaixo do BP9.
BP9: Na borda inferior do côndilo interno da tíbia.
Segmento coxa: 2 pontos.
BP10: 2 D acima da borda superior da patela, no meio do relevo do
músculo vasto medial.
BP11: Face interna da coxa, 6 D acima de BP10.
Segmento abdominal: 5 pontos.
BP12: Extremo interno da prega inguinal, a 3,5 D por fora do VC2.
BP13: A 4 D por fora do VC3.

546
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

BP14: Horizontal que passa a 1,3 D por baixo do umbigo e a 4 D por


fora da linha média.
BP15: A 4 D por fora do VC8 (umbigo).
BP16: A 4 D por fora do VC11.
Segmento tórax: 5 pontos.
BP17: Quinto espaço intercostal, a 6 D por fora do VC16.
BP18: Quarto espaço intercostal, a 6 D por fora do VC17.
BP19: Terceiro espaço intercostal, a 6 D por fora do VC18.
BP20: Segundo espaço intercostal, a 6 D por fora do VC19.
BP21: Sexto espaço intercostal, na linha média axilar, no nível da ho-
rizontal que passa pelo VC14.

547
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

548
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

549
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

550
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

551
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

MERIDIANO PRINCIPAL DO CORAÇÃO


SHOU SHAO YIN

GENERALIDADES

SEU VERDADEIRO NOME – PLANO ENERGÉTICO:

Sua denominação clássica é Shou Shao Yin pois constitui o ramo su-
perior (Shou) do plano mais profundo dos meridianos Yin, isto é, do
Shaoyin (cujo segmento inferior o integra o canal do Rim, Zu Shao Yin).

NÚMERO DE PONTOS: 9 (bilaterais).

MERIDIANO ACOPLADO: Shou Tai Yang (meridiano Principal do In-


testino Delgado).
CORRENTE ELÉTRICA RONG:
— Sentido: centrífugo.
— Horário de máxima energia: 11-13h (hora Ou).
— Lei meio-dia – meia-noite: Seu oposto é o Zu Shao Yang (VB).
— Ordem: Lhe precede, no circuito diário, o Zu Tai Yin (BP), lhe segue
o Shou Tai Yang (ID).
— Proporção energia (Qi) – sangue (Xue): O plano Shao Yang pos-
sui mais energia que sangue, portanto, quando trata-se de dispersar
se evitará sangrar seus pontos.

PULSOLOGIA:
— Posição do pulso radial: pulso esquerdo, polegar, profundo.
— Posição do pulso revelador: Canal cubital. Artéria cubital.
— Tomada de níveis energéticos: C7, Shénmén.
— Lei esposo-esposa: pelo que ao pulso se refere, o Shou Shao Yin
(C) desempenha o papel de «esposo» com relação ao Shou Tai Yin
(P), localizado na posição análoga contralateral. Diz o Su Wen
em seu capítulo 19:
«—Hoang Ti: O pulso do verão é como que ‘encurvado’. O que você
entende por isso?

552
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

—Khi Pa: O pulso do verão é o do Coração, corresponde ao sul e ao


fogo. É a estação em que os seres estão em pleno crescimento. Também
a energia é grande e forte na chegada, pequena e fraca na partida. Em
resumo, o pulso tem um aspecto curvilíneo. O contrário é patológico».

PENTACOORDENAÇÃO (Correspondências):
— Movimento: Fogo.
— Víscera acoplada: Intestino Delgado.
— Estação: Verão.
— Energia cósmica: Calor.
— Direção: Sul.
— Controle sobre: Vasos sanguíneos.
— Astros: Marte, Sol.
— Sentimentos: Alegria.
— Expressão sonora: Riso.
— Conteúdo sutil: Thân.
— Sentido: Tato, palavra.
— Órgão sensorial: Língua.
— Secreção: Suor.
— Sabor: Amargo.
— Odor: Queimado.
— Cor: Vermelha.
— Nota musical: La.
— Alimento vegetal: Trigo.
— Alimento animal: Frango.
— Ciclo Sheng: segundo este, é filho da madeira (F) e mãe da terra
(BP).
— Ciclo Ke: Segundo este, é destruído pela água (R) e por sua vez,
destrói ao metal (P).

PONTOS PRINCIPAIS:
— Mu: VC14, Jùquè.
— Shu do dorso ou de assentimento: B15, X nsh .
— Nó: VC23, Lianquan.
— Raiz: R1, Y ngquán.
— Aceleração: R2, Ráng .
— Arraste: C9, Chàoch ng.
— Luo: C5, T ngl .
— Luo de Grupo: MC5, Ji nsh .
— Shu-Yuan: C7, Shénmén.

553
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

— Xi: C6, Y nxì.


— Reunião: F13, Zhangmen.
— Tonificação: C9, Shàoch ng.
— Sedação: C7, Shénmén.
— Estacional, dominante ou transmissor: C8, Shàof .
PONTOS PARTICULARES:
— C3, Shàoh . Especial para alterações psíquicas próprias da puber-
dade do sexo masculino.
— C7, Shénmén. Especial para alterações do Shen.
— C9, Shàoch ng. Ponto conhecido como «anti-infarto» (na técnica
de sangria).
SHU ANTIGOS:
— Jing-poço: C9, Shàoch ng.
— Ying: C8, Shàof .
— Shu-Yuan: C7, Shénmén.
— Ji-ng-Rio: C4, Língdào.
— He: C3, Shàoh i.
ESTUDO GERAL DO TRAJETO:
• Trajeto profundo:
Nasce no meio do Coração, de onde partem três ramos:
— Uma descendente que atravessa o diafragma e se dirige ao ID.
— Uma ascendente que sobe à garganta, para ir por seu costado e
alcançar finalmente os olhos.
— Um último ramo que atravessa os pulmões e dirigindo-se trans-
versalmente ganha o fundo do oco axilar (C1, Jíquán).
• Trajeto superficial:
— Segue a parte anterior e interna do membro inferior.
— Cruza a eminência tenar.
— Segue a borda interna cubital do quinto dedo.
— Finaliza na extremidade do quinto dedo (C9, Shàoch ng).
OUTROS VASOS SECUNDÁRIOS E CONEXÕES:
O sistema de vasos Luo Transversais acopla aos meridianos do Cora-
ção e Intestino Delgado, unindo por um lado o Shénmén, C7 (Yuan) e
Zh zhèng, ID7 (Luo), e por outro o Wàng , ID4 (Yuan) e T ngl , C5 (Luo).
Um pequeno ramo liga o Shàoch ng, C9, com o Shàozé, ID1.

554
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

AÇÃO GERAL:
O Coração é o «Mestre do Sangue e o Guardião do Mental».
O Coração é o «Imperador», é o órgão supremo da energia, «o mestre
absoluto dos órgãos», é o «Fogo Imperial» como máxima expressão
energética enquadrada dentro do movimento Fogo; está protegido pelo
primeiro ministro «Fogo Ministerial» do MC; alimentado pelo F que é o
«general dos exércitos»; domina a ação «dos Ministros» Pulmões. Só per-
mite a intervenção de seus «conselheiros», os rins (eixo Shao Yin).
Essa régia definição implica duas funções vitais segundo vimos no
desenvolvimento bioenergético e teoria Thin-Qi-Shen.
1º) Controla a circulação sanguínea e os vasos sanguíneos. Essa ação
que fisiologicamente depende da bomba cardíaca, está plenamente de
acordo com a tese energética, já que o Tao Vital é sangue e energia em
harmônica alternância, «a energia faz circular o sangue, o sangue libe-
ra energia».
2º) Rege toda a ação Shen (psíquica) através do Thân que subordina
à sua ação o restante dos fatores psicoafetivos graças à sua influência
sobre o cérebro (a maior parte de sua energia, que é veiculada através
do sangue ao qual impulsiona, é absorvida pela massa encefálica).
BP, R e F através da seleção e absorção visceral formam o sangue; o
P forma a energia motora (Tong), o C toma ambas as funções (matéria
e energia) distribuindo e controlando sua atividade.
— O Coração rege a tez e a expressão da face em seu conjunto; «o
rosto é o espelho da alma», princípio que manifesta a exteriorização
do Thân. A tez deve manter a cor viva, fresca e vistosa que refle-
te um bom equilíbrio psicoafetivo e circulatório.
— O Coração se reflete na palavra, sendo «o verbo» a máxima ex-
pressão ou atributo humano respondendo ao Shen supremo: Thân.
— O Coração se manifesta na língua, sendo esta um importante ele-
mento de diagnóstico nas enfermidades cardíacas (ver elementos
de diagnóstico no 2º ciclo) e também do resto dos movimentos como
reflexo essencial (a orelha o R, o nariz o P, os lábios o BP, os olhos
o F).
— O Coração mantém uma importante relação com o ID, com o qual
forma movimento e do qual, em parte, se nutre a fim de realizar
sua ação de regulação termogênica (relação Taiyang-Shaoyin);
portanto, as alterações desta víscera não são alheias ao C de tal
forma que se descrevem, entre outros, processos de cardialgia
relacionadas com parasitoses no ID, e vice-versa, alterações in-
testinais em relação com o C.

555
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

— O Coração forma junto com o Rim o eixo fundamental da eco-


nomia energética, eixo básico que rege o Calor e o Frio, como
primeira manifestação necessária para a circunstância vital. O Rim
através do Qi de aporte materializa o cérebro e o Coração o
energiza com sua atividade.
R = Yin máximo = função de concreção.
C = Yang máximo = função de movimento.
— O Coração, portanto, terá uma ação específica sobre as alterações
psíquicas, isso é, depressões, insônias, obsessões, etc.

Zhen Liu Da Cheng, de Yang Chi Chou, enunciado nº 126.


Segundo o Nei Jing:
— O Coração é um órgão soberano, é o assento do Shen Ming (espí-
rito).
— O Coração é a fonte da vida, rege as atividades mentais. Dá fres-
cor ao rosto e se manifesta nos vasos sanguíneos. É o Tai Yang no
Yang em comunicação com a energia do verão.
— O Coração é o mestre supremo dos 5 órgãos e das 5 vísceras, o
Jing-Shen (quintessência e mental) conserva-se aí.
— O Coração possui uma capacidade de resistência, a energia per-
versa não lhe pode afetar. Em caso contrário a morte é imediata.
É por isso que todas as enfermidades do Coração estão no Xin
Bao Luo (envoltório do Coração ou MC), que é um vaso protetor
do Coração.
— Demasiada alegria, demasiado calor ou demasiado amargo ferem
ao Coração.

Su Wen, capítulo 9
«O Coração é a essência da vida. Sua sintomatologia se traduz na
cor do rosto, no exterior, e nas artérias para o interior».

Nei Jing Ling Shu, capítulo 17


«A energia do Coração está em relação com a língua, rege o gosto».

SEMIOLOGIA
ZHEN JIU DA CHENG, de YANG CHI CHOU. Livro III, enunciado 55:
«Transtornos do meridiano:
— Perturbações de origem interna: dores no coração e no braço,
polidipsia, secura na garganta.

556
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

— Perturbações de origem externa: braquialgia, esclerótida amarela,


hipocondrialgia e dor na face posterior do antebraço, sensação
de calor na palma das mãos».

NEI JING LING SHU. Capítulo X:


«Alterações:
— O enfermo tem a garganta seca, dores no coração. Tem muita sede
e apresenta atonia do braço.
Sintomas:
— Olhos amarelos, dores nos costados do corpo, na parte superior
do braço; a palma da mão está muito quente e dolorosa.
Se a afetação é grave, o pulso de Tsri Hao é duas vezes mais intenso
que o de Ran Ying. Se há vazio, o pulso de Tsri Hao é menos intenso
que o de Rang Ying».

NEI JING SU WEN. Livro VII. Capítulo XXII:


«Os sinais da enfermidade do coração são:
• Sinais de plenitude:
— Dores intratorácicas.
— Plenitude nos costados.
— Dores subcostais.
— Dorsalgias, escapulalgias.
— Braquialgias (face interna).
• Sinais de vazio:
— Inchaço do peito e inchaço abdominal.
— Dores nos costados irradiando aos ombros».

ZHEN JIU DA CHENG, de YANG CHI CHOU. Livro I, enunciado nº 2:


«Enfermidade do calor que se localiza no Coração:
• Sinais predecessores:
— A tristeza.
• Sinais de luta entre a energia perversa e a energia essencial:
— Cardialgia de aparecimiento brusco.
— Inquietude.
— Náuseas freqüentes.
— Cefaléias.

557
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

— Face vermelha.
— Anidrose.
O tratamento consiste em punturar o C e o ID».

NAN JING de PIENN TSIO (dificuldade n.º 16):


«Sinais de enfermidade do C:
• Sinais externos:
— Face vermelha.
— Boca seca.
— Risos.
• Sinais internos:
— Acúmulo acima do umbigo de «energia ativa» (Dong Khi) sob a
forma de uma bola dura e sólida, às vezes dolorosa à palpação.
— Plenitude e moléstia no peito.
— Precordialgia.
— Calor na palma da mão.
— Náuseas».

SU WEN, capítulo 19:


«Os membros superiores e inferiores estão enfraquecidos. O enfermo
tem a sensação de plenitude no peito, está dispnéico, morrerá a cabo
de seis meses. Se sente no pulso unicamente o pulso do órgão, e este é
duro e resistente, como quando se houvesse tocado sementes. Seu tom
é vermelho enegrecido, sem esplendor, sem brilho, seu cabelo cai».

NEI JING LING SHU, capítulo 10:


«As artérias não funcionam, o sangue não circula, o tom perde seu
brilho, se torna enegrecido (negro – cor dos rins, sinal de agravamen-
to). Em terminologia taoísta, a água (os rins, cujo símbolo é o negro)
triunfa sobre o fogo (C)».

SINTOMAS DE PLENITUDE (SHI)


— Palpitações intensas.
— Cardialgias com sensação de pontadas de agulha na região
esternal e possível dor seguindo o trajeto do meridiano.
— Face vermelha, língua vermelha.
— Sede.

558
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

— Hipertensão.
— Insônia por Yangnificação (vigília) do Mental.
— Urinas vermelha-amareladas.
— Espermatorréia aguda (noturna).
— Hematêmese, epistaxe ou hematúrias.
— Voz sonora e olhos brilhantes.
— Ausência de temor ao frio e hipertermia.
— Pulso rápido.
— Polimenorréia.
— Riso fácil, divagação e loucura em casos extremos.
— Superexcitação, audácia, energia e coragem.

SINTOMAS DE VAZIO (XU)


— Arritmias e taquicardias.
— Dores precordiais súbitas e intensas.
— Língua e rosto pálido.
— Hipotensão, lipotimia, voz velada.
— Sono leve por insuficiente irrigação e sonos agitados.
— Urinas claras.
— Espermatorréia crônica (diurna).
— Suores frios.
— Memória ruim.
— Sensação de fome.
— Voz velada e olhos foscos.
— Regras insuficientes.
— Temor ao frio e mãos frias.
— Pulso débil, fino e profundo.
— Medo, falta de segurança em si mesmo.
— Logofobia, depressão, timidez, inibições ou emotividade.

559
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

560
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

MERIDIANO PRINCIPAL DO CORAÇÃO


SHOU SHAO YIN

NÚMERO DE PUNTOS: 9

C1, Tchi Tsiuann. 167, Jíquán (Fonte perfeita).


C2, Tching Ling, 168, Q nglíng (Espírito puro).
C3, Chao Hae, 169, Shàoh i (Mar secundário).
C4, Ling Tao, 170, Língdào (Via sagrada).
C5, Trong Li, 171, T ngl (Comunicação com o exterior).
C6, Inn Tsri, 172, Y inxì (Oco Yin).
C7, Chenn Menn, 173, Shénmén (Porta da mente).
C8, Chao Fou, 174, Shàof (Pequeno palácio).
C9, Chao Tchrong, 175, Shàoch ng (Pequeno assalto).

DESCRIÇÃO:

CORAÇÃO 1: Tchi Tsiuann, 167 (Fonte perfeita).


Jíquán

Localização:
— No fundo do oco axilar, sobre a artéria de mesmo nome.
— No nível do terceiro espaço intercostal.

Características:
— Ponto de partida do «Meridiano Distinto» do coração.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 7 vezes.

561
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Indicações:
— Algias e paralisia nos braços, algias precordiais, neuralgia inter-
costal, frio no cotovelo.

CORAÇÃO 2: Tching Ling, 168 (Espírito puro).


Q nglíng.
Localização:
— No sulco medial do bíceps, 3 distâncias acima da prega de flexão
do cotovelo (epitróclea). Com freqüência é doloroso à pressão.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura proibida.
— Moxabustão: moxar 3 a 7 vezes.
Indicações:
— Hipocondrialgia, dores e frio no cotovelo.

CORAÇÃO 3: Chao Hae, 169 (Mar secundário).


Shàoh i.
Localização:
— Entre a extremidade interna da prega de flexão do cotovelo e a
epitróclea. Para localizar este ponto convém flexionar o cotovelo.
Características:
— Ponto He (água).
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 2 a
3 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 5 vezes.
Indicações:
— Problemas do cotovelo, angina de peito, vertigem, tremores nas
mãos. Problemas psíquicos (especialmente durante a puberdade).

CORAÇÃO 4: Ling Tao, 170 (Via sagrada).


Língdào
Localização:
— Sobre a borda radial do tendão do músculo flexor ulnar do carpo,
1,5 distâncias acima da prega de flexão do pulso.

562
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Características:
— Ponto Jîng (metal).
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Insônia, temor, tristeza, depressão, paralisia do nervo cubital,
angina pectoris
.
CORAÇÃO 5: Trong Li, 171 (Comunicação com o interior).
T ngl
Localização:
— Na borda radial do tendão do músculo flexor ulnar do carpo, na
altura da apófise estilóide cubital, 1 distância acima da prega de
flexão do pulso.
Características:
— Ponto Luo do qual partem os dois vasos Luo Longitudinal e Trans-
versal (conectando este com o ponto Yuan do meridiano acoplado,
Wàng , ID4).
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 7 vezes.

Indicações:
— Neurastenia, insônia, disartria, incontinência urinária, amigdali-
te, palpitações por ansiedade.

CORAÇÃO 6: Inn Trsi, 172 (Oco yin).


Y nxì.

Localização:
— Na borda radial do tendão do músculo flexor ulnar do carpo, 0,5
distância acima da prega de flexão do pulso.

563
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Características:
— Ponto Xi (Geki em japonês).
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 7 vezes.
Indicações:
— Angina pectoris, cefaléia, leucorréia, suores noturnos.

CORAÇÃO 7: Chenn Menn, 173 (Porta da mente).


Shénmén
Localização:
— Na extremidade interna da prega de flexão do pulso, no ângulo
formado pela borda externa do piriforme e o tendão do músculo
flexor ulnar do carpo.
Características:
— Ponto Shu-Yuan (terra) que recebe o vaso Luo Tranversal proce-
dente de Zh zhèng (ID7).
— Ponto de sedação do Shou Shao Yin, não do órgão coração, que
se precisasse de sedação imporia o uso do Dàlíng (MC7), ponto
de sedação do Shou Jue Yin.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 7 vezes.
Indicações:
— Falta de apetite, insônia, histeria, medo, ansiedade, laringite,
tonsilite.
CORAÇÃO 8: Chao Fou, 174 (Pequeno palácio).
Shàof .
Localização:
— Na prega de flexão palmar distal (linha do coração), no nível do
quatro espaço intermetacarpiano, aproximadamente na horizon-
tal do Làog ng (MC8).

564
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

— Forma de localizá-lo: este ponto se encontra na projeção da pol-


pa do dedo mínimo que se obtém ao flexionar os dedos.

Características:
— Ponto Ying (fogo).
— Ponto «estacional» ou «dominante» ou transmissor que, como
todos os estacionais ou dominantes, transmite sua energia a to-
dos os pontos de sua mesma denominação e polaridade (neste caso
aos Ying dos Yin).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 2
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 7 vezes.

Indicações:
— Depressão, incontinência urinária, precordialgia, «Pei» na região
da mão, prurido vulvar.

CORAÇÃO 9: Chao Tchrong, 175 (Pequeno assalto).


Shàoch ng

Localização:
— Cerca de 1 Fen (2 milímetros aproximadamente) atrás e por fora
do ângulo ungueal externo do dedo mínimo.

Características:
— Ponto Jing (madeira).
— Ponto de tonificação do Shou Shao Yin.
— Ponto de nascimento do Meridiano Tendino-Muscular correspon-
dente.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 1 fen.
— Moxabustão: moxar 1 a 3 vezes.

Indicações:
— Medo, depressão, vômitos, apoplexia (técnica de sangria), neuralgia
intercostal.

565
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

FOLHA RESUMO DO SHOU SHAO YIN (C)

DESCRIÇÃO DE PONTOS:
Segmento braço: 3 pontos.
C1: No fundo do oco axilar.
C2: Sulco medial do bíceps, 3 D acima da prega de flexão do coto-
velo.
C3: Entre a extremidade interna da prega de flexão do cotovelo e a
epitróclea.

Segmento antebraço: 4 pontos.


C4: Borda radial do tendão do músculo flexor ulnar do carpo, a 1,5
D da prega de flexão do pulso.
C5: Borda radial do tendão do músculo flexor ulnar do carpo, a 1
D da prega de flexão do pulso.
C6: Borda radial do tendão do músculo flexor ulnar do carpo, a 0,5
D da prega de flexão do pulso.
C7: Extremidade interna da prega de flexão do pulso, entre o ten-
são do músculo flexor ulnar do carpo e a borda interna do
piriforme.

Segmento mão: 2 pontos.


C8: Prega de flexão palmar distal, entre os extremos distais do 4º e
5º metacarpos.
C9: Ângulo ungueal externo do dedo mínimo.

566
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

567
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

568
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

569
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

MERIDIANO PRINCIPAL DO INTESTINO DELGADO


SHOU TAI YANG

GENERALIDADES
SEU VERDADEIRO NOME – PLANO ENERGÉTICO
Sua denominação clássica é Shou Tai Yang pois constitui o ramo
superior (Shou) do plano mais superficial dos meridianos Yang, isto é,
do Tai Yang (cujo segmento inferior é integrado pelo canal da Bexiga,
Zu Tai Yang).

NÚMERO DE PONTOS: 19 (bilaterais).


MERIDIANO ACOPLADO: Shou Shao Yin (Meridiano Principal do
Coração).
CORRENTE ENERGÉTICA RONG:
— Sentido: centrípeto.
— Horário de máxima energia: 13-15h (Hora Oe).
— Lei meio-dia – meia-noite: Seu oposto é o Zu Tai Yin (F).
— Ordem: Lhe precede no circuito diário o Shou Shao Yin (C), lhe
segue o Zu Tai Yang (B).
— Proporção energia (Qi) – sangue (Xue): O plano Tai Yang possui
mais sangue que energia, portanto, quando se trata de dispersar
se poderá sangrar seus pontos.

PULSOLOGIA:
— Posição do pulso radial: Pulso esquerdo, polegar, superficial.
— Posição do pulso revelador: ID19, T ngg ng.
— Tomada de níveis energéticos: ID5, Yáng .
— Lei esposo-esposa: Pelo que ao pulso se refere, o Shou Tai Yang
(ID) desempenha o papel de «esposo» com relação ao Shou Yang
Ming (IG), localizado na posição análoga contralateral.

PENTACOORDENAÇÃO (Correspondências):
Por pertencer ao movimento fogo, suas correspondências são simi-
lares às descritas para o Coração (seu órgão e meridiano acoplado), no

570
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

entanto estão sujeitas aos matizes derivados do caráter Fu (órgão ofici-


na ou víscera propriamente dita).
— Ciclo Sheng: Segundo este, é filho da madeira (VB), e mãe da ter-
ra (E).
— Ciclo Ke: Segundo este, é destruído pela água (B), e por sua vez
destrói ao metal (IG).
PONTOS PRINCIPAIS:
— Mu: VC4, Gu nyuán.
— Shu dorsal ou de assentimento: B27, Xi changsh .
— Nó: B1, J ngmíng.
— Raiz: B67, Shìy n.
— Acelerador: ID5, Yángg .
— Arraste: B67, Zhìy n.
— Luo: ID7, Zhìzhèng.
— Luo de grupo: TA8, S nyángluò.
— Yuan: ID4, Wàng .
— Xi: ID6, Y ngl o.
— Reunião: VC12, Zh ngw n.
— Tonificação: ID3, Hoùxí.
— Sedação: ID8, Xi oh i.
— Estacional, dominante ou transmissor: ID5, Yángg .
— Abertura de vaso regulador: ID3, Hoùx
— Janelas-do-céu: ID16, Ti nchu ng. ID17, Ti nr ng.
PONTOS PARTICULARES:
— ID18, Quánliáo. Possui uma ação particular sobre a região facial.
— ID19, T ngg ng. Neste ponto podemos perceber o pulso «revelador»
do Shou Tai Yang.

SHU-ANTIGOS
— Jing-Poço: ID1, Shàozé.
— Ying: ID2, Qiáng .
— Shu: ID3, Hoùx .
— Yuan: ID4, Wàng .
— Jîng-Rio: ID5, Yángg .
— He: ID8, Xi oh i.
ESTUDO GERAL DO TRAJETO:
• Trajeto superficial:
— Começa na extremidade do quinto dedo (ID1, Shàozé).

571
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

— Percorre a borda cubital da mão e antebraço.


— Segue a face posterointerna do braço.
— Alcança a face posterior do ombro.
— Descreve um «zigue-zague» na escápula (sobre a fossa infra-es-
pinhosa primeiro e sobre a supra-espinhosa depois).
— Dirige-se ao ponto VG14 (Dàzhu ).
— Descende ao oco supraclavicular (E12, Qu pén), onde se divide em
dois ramos:
Um ramo profundo descendente que:
— Penetra no tórax.
— Ramifica-se no Coração.
— Descende ao longo do esôfago.
— E termina no Intestino Delgado (a víscera).
Um ramo superficial ascendente que:
— Ascende ao longo do pescoço.
— Sobe à bochecha e a este nível se divide em dois ramos:
• Uma que: passa ao ângulo externo do olho e se posterioriza en-
trando no ouvido (ID19, T ngg ng).
• Outra que vai em direção à parte lateral do nariz e finaliza no
ângulo interno do olho (B1, J nmíng), onde se une ao meridiano
da B.
A descrição do percorrido facial deste meridiano varia significativa-
mente de um autor para outro (incluindo os clássicos).

OUTROS VASOS SECUNDÁRIOS E CONEXÕES:


O sistema de vasos Luo Transversais acopla aos meridianos do Cora-
ção e Intestino Delgado, unindo Shénmén, C7 (Yuan) e Zh zhèng, ID7
(Luo) por um lado e Wàng , ID4 (Yuan) e T ngl , C5 (Luo) por outro.
Um pequeno ramo une C9 com o ID1.
O Shou Tai Yang cede um de seus pontos, o Nàosh (ID10), para as
cadeias de vasos reguladores Yangqiao e Yangwei. Pelo B ngf n (ID12)
se conecta com Shou Yang Ming (IG), Shou Shao Yang (TA) e Zu Shao
Yang (VB). Este encontro se repete no T ngz liáo (VB1).
Pelo ramo que partindo do Quánliáo (ID18) chega ao J ngmíng (B1),
relaciona-se o Shou Tai Yang (ID) com o Shou Shao Yang (TA), conflu-
ente também no segundo destes pontos. De novo estabelece ligação com
este meridiano (e com o da Vesícula Biliar) no último elo de seu percur-
so: ID19, T ngg ng.

572
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Com o Vaso da Concepção (Renmai) liga-se o MP do ID nos pontos


Zh ngw n, VC12 (onde chegam também ramos dos meridianos do Es-
tômago e TA) e Sh nzh ng, VC17 (onde chegam também ramos dos
meridianos do Fígado, Baço e Triplo Aquecedor).
Um canal energético secundário une a víscera Intestino Delgado com
o ponto do Zu Yang Ming, Xiuàjùx (E39), o qual exerce com relação a
essa víscera a função de «He de ação especial».

AÇÃO GERAL:
O ID desempenha um papel de extraordinária importância em MTC,
muito mais do que se pode considerar à primeira vista, e isso por três
razões fundamentais:
1. Víscera do TA inferior encarregada da 2ª purificação (a fase de for-
mação direta da energia Wei).
2. Acoplado de movimento com o Coração.
3. Formação do plano Tai Yang.
Do equilíbrio de suas raízes Yin (degradação e absorção) – Yang (ma-
nifestação e transporte), vão depender duas funções vitais:
a) Yin: ação «bioquímica» de separação do puro e do impuro, isto é,
captação da energia que ainda contém a «água alimentar» e que será
veiculada pela sua raiz Yang ao R, e absorção (membranas intestinais)
do «impuro» material de uma forma seletiva, de tal forma que à cor-
rente sanguínea (mesentérica e portal) cheguem substâncias materiais
suficientemente purificadas.
Uma alteração desta função supõe, portanto, um incremento de subs-
tâncias «impuras» no sangue que forçará a ação orgânica do TA inferior
(R-F), podendo ocasionar depósitos (cálculos) ou mesmo aumento da taxa
dos impuros no nível da própria corrente sanguínea (colesterol, triglicerídeos,
etc.). Isso ocasionará, finalmente, alterações em seu acoplado Coração como
regulador geral da função sanguínea e circulatória.
Essas substâncias insuficientemente degradadas são «energia não li-
berada, ainda concretizada» que deveria ter feito parte da energia Wei,
fazendo com que se produza um déficit da função defensiva.
Resumindo: desequilíbrio do Tao Vital, Incremento de Yin: Matéria
= Diminuição do Yang: Energia.
A relação com Coração, com o qual forma o movimento, não somente
é conseqüência indireta da ação mesentérica, mas também por sua re-
lação direta na manutenção da homeostase orgânica através de sua ação
de mútua alimentação e alternância (ver planos energéticos).

573
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

b) Uma alteração na manifestação do ID (Raiz Yang) pode provo-


car, por excesso, alterações cardíacas sobre seu acoplado de movimen-
to (ação Yin-Yang) e, por vazio, uma insuficiente manifestação no nível
do Tai Yang, ramo Shou (neutralização do calor cósmico), podendo oca-
sionar processos de desidratação, alterações dermatológicas e disfunções
no processo de equilíbrio térmico orgânico.

Zhen Jiu Da Cheng, de Yang Chi Chou, enunciado n.º 27:


«Segundo o Nei Jing o ID é um órgão encobridor. Tem igualmente um
papel na digestão e transformação em substâncias nutritivas.
A atividade do ID se limita à «esfera vermelha» (esfera de ação do Cora-
ção que pertence à cor vermelha).
O orifício interior do E corresponde ao orifício superior do ID. Neste ní-
vel, as substâncias nutritivas se decompõem em elementos puros e impuros:
os líquidos do E vertem no R e B e o resíduo se junta na última parte do IG».
O conceito de Intestino delgado exclui em Medicina Chinesa a por-
ção duodenal, que pertenceria aos domínios gástricos.
O Intestino Delgado desempenha um papel fundamental no proces-
so de absorção de energia a partir dos alimentos. Também leva a cabo
um trabalho depurador de primeira importância, canalizando os dejetos
sólidos e parte dos líquidos não úteis em direção ao Intestino Grosso.
Também a partir desta víscera enviam-se ao Triplo Aquecedor infe-
rior os líquidos orgânicos que hão de experimentar aí uma nova seleção.
Do correto funcionamento do ID depende em grande medida o equi-
líbrio hídrico de todo o corpo.

SEMIOLOGIA (ID)
ZHEN JIU DA CHENG, de YANG CHI CHOU. Livro III, enunciado 55:
«Transtornos do meridiano:
— Perturbações de origem interna: faringite, inflamação do mento,
torcicolo, dores violentas no ombro.
— Perturbações de origem externa: escápulo-braquialgia, surdez,
esclerótica amarela, inflamações da orelha e do mento, dor no co-
tovelo».
MU JING, de WANG CHOU HO. Livro II, capítulo XVII:
«Encontrando-se o Yang em excesso, o meridiano Shou Tai Yang está
em plenitude:
— Febre intermitente.
— Transpiração ou ausência de transpiração.

574
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

— Inquietude.
— Inchaço abdominal.
— Corpo pesado.
— Abcesso bucal.
Encontrando-se o Yang em insuficiência, o meridiano Shou Tai Yang
está vazio:
— Hemicranias.
— Neuralgias faciais.
— Otalgias».

NEI JING LING SHU, Capítulo X:


«Alterações:
— O enfermo apresenta anginas, inchaço do mento, torcicolo, om-
bro muito doloroso, a parte superior do braço está muito doloro-
sa (dá a impressão de ter sido arrancada).
Sintomas são:
— Surdez.
— Esclerótidas amarelas.
— Inchaço na bochecha.
— Inchaço no pescoço.
— Inchaço no mento.
— Dores na parte externa do ombro.
• Sinais de plenitude:
— O pulso de Ran Ying é duas vezes mais intenso que o de Tsri Hao».

ZHEN JIU DA CHENG, de YANG CHI CHOU, enunciado nº 127.


«As alterações deste meridiano são essencialmente:
— Tonalidade pálida.
— Sensação de calor diante da orelha.
— Sensação de corpo frio.
— Escapulobraquialgia.
Se o ID se encontra em estado de vazio o pulso é débil com presença
de sinais:
— Tristeza.
— Lóbulos pálidos.
— Inflamação maxilar».

575
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

SINTOMAS DE PLENITUDE (SHI)


— Hipertermia, pele ressecada.
— Tez corada e boca seca.
— Abcessos na boca e laringe.
— Urinas escassas e vermelhas.
— Diminuição das secreções.
— Dilatação dolorosa e abdominal, podendo irradiar-se ao dorso.
— Dores no pênis e retração testicular.
— Grande resistência física e recuperação.
— Facilmente excitáveis, alegres e de riso fácil, assim como força
moral.
— Pulso rápido e deslizante.

SINTOMAS DE VAZIO (XU)


— Hipertermia, pele elástica e úmida.
— Tez descolorida, sialorréia e lábios azuis com bordas brancas.
— Urinas claras e abundantes.
— Aumento geral das secreções.
— Dor no baixo ventre que melhora com massagem e calor.
— Diarréia e borborigmos.
— Emagrecimento.
— Transpiração profusa noturna e predisposição à desidratação.
— Formação de nódulos e tumefações.
— Pouca resistência física e difícil recuperação.
— Cicatrização lenta. Caráter fraco, inclinação ao pranto.
— Pulso pequeno e profundo.

576
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

577
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

MERIDIANO PRINCIPAL DE INTESTINO DELGADO


SHOU YAI YANG

NÚMERO DE PUNTOS: 19

ID1, Chao Tche, 176, Shàozé (Pequeno pântano).


ID2, Tsienn Kou, 177, Qiáng (Vale anterior).
ID3, Chiao Ki, 178, Hoùx (Vale posterior).
ID4, Oann Kou, 179, Wàng (Osso do pulso).
ID5, Yang Kou, 180, Yángg (Vale Yang).
ID6, Yang Lao, 181, Y ngl o (Cuidar da velhice).
ID7, Tchi Tcheng, 182, Zh zhèng (Regularização dos membros).
ID8, Chao Hae, 183, Xi oh i (Pequeno mar).
ID9, Tsienn Tchen, 184, J anzh n (Robustez do ombro).
ID10, Yu Lu, 185, Naòshu («Shu» da região superior do braço).
ID11, Tienn Tchong, 186, T anz ng (Princípios celestes).
ID12, Ping Fong, 187, B egf ng (Recebe o vento).
ID13, Kou Youn, 188, Q yuán (Parte sinuosa do muro).
ID14, Tsien Oae, 189, Ji nwàish («Shu» da região escapular externa).

ID15, Tsienn Tchong Iu, 190, Ji nzh ngsh («Shu» da região escapular
central).
ID16, Tienn Tchang, 191, Ti nchu ng (Janela do céu).
ID17, Tienn Yong, 192, Ti nr ng (Figura celeste).
ID18, Koun Liou, 193, Quánliáo (Osso malar).
ID19, Ting Kong, 194, T ngg ng (Palácio do ouvido).

DESCRIÇÃO:
INTESTINO DELGADO 1: Chao Tche, 176 (Pequeno pântano).
Shàozé
Localização:
— Cerca de 1 Fen (2 milímetros aproximadamente) atrás e por fora
do ângulo ungueal interno do dedo mínimo.

578
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Características:
— Ponto Jing (metal).
— Ponto de nascimento do Meridiano Tendino-Muscular correspon-
dente.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 1
Fen.
— Moxabustão: moxar 1 a 3 vezes.
Indicações:
— Epistaxe, enfermidades oculares, tosse, hipogalactia, parotidite.

INTESTINO DELGADO 2: Tsienn Kou, 177 (Vale anterior).


Qiáng .
Localização:
— Encontra-se situado na borda ulnar interna da mão, numa de-
pressão imediatamente distal à articulação metacarpofalângica
do quinto dedo, na linha de separação entre as peles dorsal e
palmar.
Características:
— Ponto Ying (água).
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 1 Fen.
— Moxabustão: moxar 1 a 3 vezes.
Indicações:
— Afecções oculares, parotidite, hipogalactia, epilepsia, acúfenos.

INTESTINO DELGADO 3: Chiao Ki, 178 (Vale posterior).


Hoùx .
Localização:
— Encontra-se na borda ulnar interna da mão, em uma depressão
imediatamente proximal da articulação metacarpofalângica do
quinto dedo, na linha de separação entre as peles dorsal e palmar.
Na extremidade interna da prega de flexão palmar distal (linha
do C) que se forma ao fechar o punho.

579
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Características:
— Ponto Shu (madeira).
— Ponto de tonificação do Shou Tai Yang.
— Ponto chave do Vaso Regulador Dumai.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 1
Fen.
— Moxabustão: moxar 1 vez.
Indicações:
— Surdez, acúfenos, depressão, excitação, epilepsia, cefaléia na re-
gião occipital, amigdalite.

INTESTINO DELGADO 4: Oann Kou, 179 (Osso da mão).


Wàng .
Localização:
— Acha-se situado na borda ulnar da mão, na frente do pulso, em
uma depressão entre o quinto metacarpo e o osso hamato. Se
encontra na linha de separação entre as peles palmar e dorsal.
Características:
— Ponto Yuan, que recebe o vaso Luo Transversal procedente de
T ngl (C5).
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 2
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Temor, «Pei» em sua proximidade, neuralgia do trigêmeo,
acúfenos, queratite, colecistite.

INTESTINO DELGADO 5: Yang Kou, 180 (Vale yang).


Yángg .
Localização:
— Encontra-se na borda ulnar do pulso, em uma depressão situa-
da entre o processo estilóide da ulna e o osso pisiforme.

580
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Características:
— Ponto J ng (fogo).
— Ponto estacional ou dominante; que como todos os «dominan-
tes» transmite sua energia a todos os pontos de sua mesma de-
nominação e polaridade (neste caso aos J ng dos meridianos Yang).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Gengivite, piorréia, surdez, acúfenos, problemas psíquicos.

INTESTINO DELGADO 6: Yang Lao, 181 (Cuidar da velhice)


Y ngl o.
Localização:
— Encontra-se na borda ulnar do antebraço, 1 distância acima da
prega de flexão do pulso, entre os tendões dos músculos ulnar
anterior e posterior.

581
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Características:
— Ponto Xi (Geki em japonês).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Torcicolo, paralisia nos braços, espondilose na região cervical,
cefaléia na área occipital, debilidade dos olhos.

INTESTINO GROSSO 7: Tchi Tcheng, 182 (Regularização dos membros).


Zh zhèng.

Localização:
— Acha-se situado na borda ulnar do antebraço, 5 distâncias aci-
ma da prega de flexão do pulso.

Características:
— Ponto Luo do qual partem os dois vasos Luo Longitudinal e Trans-
versal (conectando este último com o ponto Yuan do meridiano
acoplado).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 5 vezes.

Indicações:
— Problemas psíquicos, dores no braço.

INTESTINO GROSSO 8: Chao Hae, 183 (Pequeno mar).


Xi oh i.

Localização:
— Encontra-se na parte posterior interna do cotovelo, no centro da
goteira ulnar (entre epitróclea e olécrano).

582
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Características:
— Ponto He (terra).
— Ponto de sedação do Shou Tai
Yang.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpen-
dicular a uma profundidade
de 2 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Algias no cotovelo, trismo,
surdez, escapulalgia.

INTESTINO DELGADO 9: Tsienn


Tchen, 184 (Robustez do ombro).
Ji nzh n.

Localização:
— Com o braço em abdução, se
encontra na vertical da prega
axilar posterior, 1 distância acima de sua extremidade superior.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 8
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Problemas do ombro, surdez, cefaléia.

INTESTINO DELGADO 10: Yu Lu, 185 («Shu» da região superior do


Braço)
Naòsh .
Localização:
— Encontra-se na vertical da prega axilar posterior, em uma depres-
são sob a borda inferior da parte externa da espinha escapular.

583
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Características:
— Ponto dos Vasos Reguladores Yangwei e Yangqiao.
— Ponto de nascimento do Meridiano Distinto do Intestino Delgado.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 8
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Algias do ombro e braço.

INTESTINO DELGADO 11: Tienn Tchong, 186 (Princípios celestes).


Ti nz ng.
Localização:
— Encontra-se no centro da fossa infra-espinhosa, no nível do pro-
cesso espinhoso da quarta vértebra torácica, na união do terço
superior com o médio da distância entre a borda superior da
espinha escapular e o ângulo inferior da escápula.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Problemas funcionais do membro superior, como incapacidade
de elevá-lo. Inchaço na região maxilar.

INTESTINO DELGADO 12: Ping Fong, 187 (Recebe o vento).


B ngf ng.
Localização:
— Encontra-se no centro da fossa supra-espinhosa, na mesma ver-
tical que o anterior, na depressão que se forma ao levantar o braço
horizontalmente.
Características:
— Ponto de encontro com os demais meridianos Yang «da mão», e
ainda com o Zu Shao Yang (VB).

584
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

585
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 5 Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.

Indicações:
— Dor na escápula ou no ombro.

INTESTINO DELGADO 13: Kou Youn, 188 (Parte sinuosa do muro).


Q yuán.

Localização:
— Encontra-se na extremidade interna da fossa supra-espinhal, onde
a espinha da escápula descreve uma curva, equidistante do ID10
(Naòshû) e o processo espinhoso da segunda vértebra torácica,
ponto doloroso à palpação.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 5 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— «Pei» na região posterior do ombro.

INTESTINO DELGADO 14: Tsienn Dae, 189 («Shu» da região escapular


externa).
Ji nwàish .
Localização:
— Acha-se situado na horizontal que passa justo abaixo da ponta
do processo espinhoso da primeira torácica (VG13, Táodào), a 3
distâncias da linha média (na vertical da borda vertebral da
escápula), sobre o músculo trapézio.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 6 Fen.
— Moxabustão: moxar 1 a 6 vezes.

Indicações:
— Dores no pescoço e escápula.

586
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

INTESTINO DELGADO 15: Tsienn Tchong Iu, 190 («Shu» da região


escapular central).
Ji nzh ngsh .
Localização:
— Na horizontal que passa justo abaixo da ponta do processo espi-
nhoso da sétima cervical (VG14, Dàzhûi), a 2 distâncias da linha
média, sobre o músculo trapézio.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 3 a 6 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 10 vezes.
Indicações:
— Rigidez no pescoço, dores nos ombros, problemas pulmonares
como asma e bronquite.

INTESTINO DELGADO 16: Tienn Tchang, 191 (Janela do céu).


Ti nchu ng.
Localização:
— Encontra-se na região lateral do pescoço, na horizontal que pas-
sa por VC23 (Liánquán) e sobre a borda superior do músculo
esternocleidomastóideo. Fica cerca de 0,5 distância atrás de IG18
(Fút ) e, portanto, a cerca de 3,5 distâncias da linha média.
Características:
— Ponto «janela-do-céu».
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
a 6 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Amigdalite, surdez, trismo, gengivite, dor no pescoço.

INTESTINO DELGADO 17: Tienn Yong, 192 (Figura celeste).


Ti nr ng.
Localização:
— Está situado atrás do ângulo do maxilar inferior, entre este e a
borda anterior do músculo esternocleidomastóideo.

587
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Características:
— Ponto «janela-do-céu».
— Local de conexão com o Zu Shao Yang.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 1
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Vômitos, angina, plenitude no peito.

INTESTINO DELGADO 18: Koun Liou, 193 (Osso malar).


Quánliáo
Localização:
— Encontra-se na borda inferior do malar, em sua união com o
maxilar, na borda anterior do músculo masseter. Acha-se na in-
tersecção da vertical que passa pelo ângulo externo do olho com
uma horizontal que passa aproximadamente pela borda inferior
da asa do nariz.
Características:
— Ponto de encontro dos Meridianos tendino-musculares yang «zu»
(B, VB, E).
— Ponto do qual parte um vaso em direção a B1, J ngmíng.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 2
a 3 Fen.
— Moxabustão: proibido moxar.
Indicações:
— Neuralgia do trigêmeo, paralisia facial.

INTESTINO DELGADO 19: Ting Kong, 194 (Palácio do ouvido).


T ngg ng.

Localização:
— Diante do centro do trago, em uma depressão que se forma ao
abrir a boca entre o trago e a articulação temporo-mandibular.

588
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Características:
— A partir dele o Shou Tai Yang penetra no ouvido.
— Conecta, graças a pequenos ramos, com o Zu Shao Yang (VB) e
Shou Shao Yang (TA).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 1
a 3 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Otalgias, surdez, vertigem (Meniére), «Pei» temporo-mandibular.

589
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

FOLHA RESUMO DO SHOU TAI YANG (ID)

DESCRIÇÃO DE PONTOS:

Segmento mão: 5 pontos.


ID1: Ângulo ungueal interno do quinto dedo da mão.
ID2: Borda ulnar da mão, depressão imediatamente distal à articula-
ção metacarpofalângica do quinto dedo.
ID3: Borda ulnar da mão, depressão imediatamente proximal à arti-
culação metacarpofalângica do quinto dedo.
ID4: Borda ulnar da mão, na depressão entre o 5º metacarpo e o osso
hamato.
ID5: Borda ulnar do pulso, na depressão entre o processo estilóide ulnar
e o pisiforme.
Segmento antebraço: 3 pontos.
ID6: Borda ulnar do antebraço, 1 D acima da prega de flexão do pulso.
ID7: Borda ulnar do antebraço, 0,5 D acima da prega de flexão do
pulso.
ID8: Goteira ulnar.
Segmento ombro-escápula: 7 pontos.
ID9: 1 D acima da extremidade superior da prega axilar posterior.
ID10: Verticla da prega axilar posterior, depressão abaixo da borda in-
ferior da espinha da escápula.
ID11: Centro da fossa infra-espinhal, no nível do processo espinhoso
da 4ª torácica.
ID12: Centro da fossa supra-espinhal, na mesma vertical do anterior.
ID13: Parte interna da fossa supra-espinhal, onde a espinha da escápula
descreve uma curva.
ID14: Na horizontal do VG13 (1ª torácica) e 3 D por fora do mesmo.
ID15: Na horizontal do VG14 (7ª cervical) e 2 D por fora do mesmo.
Segmento pescoço: 2 pontos.
ID16: Na horizontal que passa pelo VC23, na borda posterior do
esternocleidomastóideo.
ID17: Entre o ângulo do maxilar inferior e a borda anterior do múscu-
lo esternocleidomastóideo.

590
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Segmento facial: 2 pontos.


ID18: Borda inferior do malar em sua união com o maxilar
ID19: Diante do centro do trago, em uma depressão que se forma ao
abrir a boca.

591
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

592
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

593
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

595
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

MERIDIANO PRINCIPAL DA BEXIGA


ZU TAI YANG

GENERALIDADES

SEU VERDADEIRO NOME – PLANO ENERGÉTICO


Sua denominação clássica é Zu Tai Yang, pois constitui o ramo infe-
rior (Zu) do plano mais superficial dos meridianos Yang, isto é, do Tai
Yang (cujo segmento superior é integrado pelo canal do Intestino Del-
gado, Shou Tai Yang).

NÚMERO DE PONTOS: 67 (bilaterais).

MERIDIANO ACOPLADO: Zu Shao Yin (Meridiano Principal do Rim).

CORRENTE ELÉTRICA RONG:


— Sentido: centrífugo.
— Horário de máxima energia: 15-17 h. (Hora Chenn).
— Lei meio-dia – meia-noite: Seu oposto é o Shou Tai Yin (P).
— Ordem: Lhe precede no circuito diário o Shou Tai Yang (ID), lhe
segue o Zu Shao Yin (R).
— Proporção energia (Qi) – sangue (Xue): O plano Tai Yang possui
mais sangue que energia, portanto, quando se vai dispersar se
poderá sangrar seus pontos.

PULSOLOGIA:
— Posição do pulso radial: Pulso esquerdo, pé, superficial.
— Posição do pulso revelador: 1-2B (J ngmíng-Z nzhú).
— Tomada de níveis energéticos: B65, Shùg .
— Lei esposo-esposa: Pelo que ao pulso se refere, o Zu Tai Yang
desempenha o papel de «esposo» com relação ao Shou Shao Yang
(TA), localizado na posição idêntica contralateral.

596
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

PENTACOORDENAÇÃO (Correspondências):
Por pentencer ao movimento água, suas correspondências são simi-
lares às descritas para o Rim (seu órgão e meridiano acoplado) se bem
estejam sujeitas aos matizes derivados do caráter Fu (órgão oficina ou
víscera propriamente dita).
— Ciclo Sheng: Segundo este, é filho do metal (IG) e mãe da madeira
(VB).
— Ciclo Ke: Segundo este, é destruído pela Terra (E) e por sua vez
destrói ao fogo (ID).

PONTOS PRINCIPAIS:
— Mu: VC3, Zh ngí.
— Shu dorsal ou assentimento: B28, Pánggu nsh .
— Nó: B1, J ngmíng.
— Raiz: B67, Zhìy n.
— Arraste: B67, Zhìy n.
— Luo: B58, Fe yáng.
— Luo de grupo: VB39, Xuánzh ng.
— Yuan: B64, J ngg .
— Xi: B63, J nmén.
— Reunião: VC12, Zh ngw n.
— Tonificação: B67, Zhìy n.
— Dispersão: B65, Shùg .
— Estacional, dominante ou transmissor: B66, T ngg .
— Abertura de Vaso Regulador: B62, Sh nmaì (Yang Qiao).
— He de ação especial: B11, Dàzhù (Ossos). B17, Gésh (Sangue). B39,
W iyáng (Sobre o TA).
— Janela-do-céu: B10, Ti nzhù.

PONTOS PARTICULARES:
— B1, J ngmíng. Centro energético de importância devido às nume-
rosas vias energéticas que nele convergem. De grande utilidade
em patologias oculares.
— B16, D sh , Shu do Dumai.
— B17, Gésh , Shu do Diafragma e esôfago.
— B24, Qih ish , Shu do VC6, Qìh i («Mar de energia»).
— B30, Báihuánsh , Shu da cinta branca. Eficaz em leucorréias.
— B40, W izh ng. Especial para problemas lombares e cutâneos.

597
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

— B60, K nlún. Ponto de reconhecida ação antiálgica, denominado


entre os acupunturistas de «aspirina».
— B67, Zhìv n. Possui também uma ação geral contra dor.
A cadeia paravertebral externa tem uma especial ressonância sobre
o Shen.

SHU ANTIGOS:
— Jing-Poço: B67, Zhìy n.
— Ying: B66, T ngg .
— Shu: B65, Shùg .
— Yuan: B64, J ngg .
— Jîng-Rio: B60, K lún.
— He: B40, W izh ng.

ESTUDO GERAL DO TRAJETO:


— Começa no ângulo interno do olho (B1, J ngmíng).
— Sobe pela frente e se relaciona com o VG24, Shénting.
— Passa pelo crânio, onde percorre paralelo à linha mediana até o
B7 (T ngti n).
— Do E7 (T ngti n) se dirige ao vértex (VG20, B ihuì) e penetra no
cérebro. Do VG20 (B ihuì) parte outro vaso que alcança a zona
temporal (VB8, Shuàig ).
— Sai do cérebro no ponto B8 (Luoquè) e se dirige também paralelo
à linha média até a nuca (B10, Ti nzhù), onde se divide em dois
ramos.

Ramo dorsal interno:

— Passa por baixo do processo espinhoso da 7ª cervical (VG14, Dàzh i)


e 1ª torácica (VG13, Táodào).
— Alcança o ponto B11 (Dàzhù) e daí descende paralelamente à linha
média, 1,5 distância por fora desta, até a região lombar, B23
(Shènsh ), onde penetra no Rim e alcança a Bexiga.
— Do B23 (Shènsh ) segue paralelo à linha média até a região sa-
cra, descrevendo neste nível um «Z» característico.
— Passa pela parte interna da prega glútea.
— Descende pela face posterior da coxa.
— Alcança a parte externa da fossa poplítea.
— Termina da fossa poplítea B39 (Wêiyáng).

598
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Ramo dorsal externo:


— Se dirige para a borda superior interna da escápula (B41, Fùf n).
— Descende paralelamente à coluna vertebral (a 3 distâncias por fora
da linha média).
— Chega à nádega.
— Alcança o quadril (se une ao VB30, Huántiaò).
— Segue a face posterior da coxa.
— Alcança o B40 (W izh ng), onde se une ao ramo dorsal interno.
— Segue a face posterior da perna. Passa por trás do maléolo exter-
no. Percorre a borda externa do pé.
— Termina na extremidade do 5º dedo (B67, Zhìy n).
OUTROS VASOS SECUNDÁRIOS E CONEXÕES:
O sistema de vasos Luo Transversais acopla os Meridianos da Bexiga
e Rim, unindo B64, J ngg (Yuan) e R4, Dàzh ng (Luo) por um lado e
R3, Tàix (Yuan) e B58, (Feiyang) (Luo) por outro.
No B1 (J ngmíng) convergem:
— Meridianos principais: Zu Yang Ming (E), Shou Tai Yang (ID).
— Distintos: casal E-BP, Meridiano distinto do coração.
— M. Curiosos: Dumai, Yin Qiao, Yang Qiao.
— Do T ngti n (B7) sai um vaso que conecta com o VG20 (B ihuì), e
penetra logo no cérebro.
— O Dàzhù (B11) é local de encontro com o Shou Tai Yang (ID), Shou
Shao Yang (TA), Zu Shao Yang (VB), Shou Tai Yin (P), Zu Tai Yin
(BP) e Dumai. Com este último volta a conectar-se no F ngmén
(B12).
— O Yang Qiao, além do B1 (J ngmíng), toma para sua cadeia os
seguintes pontos do Zu Tai Yang: J nmén (B63), Zhìshì (B52), Púsh n
(B61), F yáng (B59).
— O J nmén pertence, por sua vez, ao Meridiano Yang Wei.
— Um curto ramo une no pé os pontos J ng do elemento água: B67
(Zhìy n) e R1 (Y ngquán).
AÇÃO GERAL:
Além da função excretora de líquidos impuros, na Medicina Chine-
sa se atribui à estrutura energética vesical uma ação de complemento
Yang sobre o entramado renal, ao qual estimula.
A Bexiga não é um mero receptor e regulador da diurese, sua ação
em MTC cobre duas importantíssimas funções, assim como no caso
anterior do ID.

599
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

1ª) Função de degradação (5ª purificação) do líquido purificado pelo


rim (4ª purificação) e que ainda contém energia susceptível de ser ex-
traída (Raiz Yin). Essa energia será transportada seguindo o ciclo Sheng
para a VB onde, em combinação com os impuros do F, sofrerá uma nova
purificação que dará origem à energia Wei.
2ª) Função de regulação termogênica ao formar, junto com o ID, o
Tai Yang ou plano externo. Uma insuficiente ação da B permitirá a ação
agressiva da energia cósmica frio, ocasionando os quadros típicos de vazio
representado por rinite, obstrução nasal, espirros, rinorréia, quadros
gripais, etc.
Sua raiz Yin permitirá equilibrar a quantidade de líquido que é ne-
cessário ao Rim para a manutenção de humores orgânicos e a quanti-
dade que irá ao exterior em forma de urina. Pode-se, portanto, sinteti-
zar três funções fundamentais:
1) Formação de Wei.
2) Equilíbrio térmico (pólo Yin do Taiyang).
3) Regulador dos líquidos orgânicos e da diurese.
Tratado de acupuntura de Yan
«A Bexiga e os Rins asseguram a relação do Yin e do Yang, do inte-
rior e do exterior».

SEMIOLOGIA
ZHEN JIU DA CHENG, de YANG CHI CHOU. Livro III, enunciado 55:
«Transtornos do meridiano:
— Perturbações de origem interna: cefaléia intensa, cervicalgia (tipo
torsão), lombalgia (tipo ruptura), sacralgia, dor da fossa poplítea
(tipo compressão) e na panturrilha (tipo rasgadura). Os sinais
constituem o que se chama de «Síndrome do maléolo frio».
— Perturbações de origem externa: enfermidade do outono (febre),
cefaléia frontal, esclerótida amarela, lacrimejamento, epistaxe,
lombalgia e dor no cóccis, dor na panturrilha e no pé, impossi-
bilidade de mover o 5º dedo do pé».
MU JING, de WANG CHOU HO. Livro II, capítulo XVII:
«Encontrando-se o Yang em excesso, o meridiano Zu Tai Yang está em
plenitude. Os sinais clínicos são:
— Agitação energética.
— Lombalgias.
— Impossibilidade de dobrar-se para diante e para trás.

600
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Encontrando-se o Yang em insuficiência, o meridiano Zu Tai Yang está


em vazio. Os sinais clínicos são:
— Contraturas musculares no pé.
— Dores abdominais irradiando para a região lombar.
— Impossibilidade de dobrar-se e esticar-se.
— Cãimbras.
— Temor ao vento.
— Hemiplegia.
— Lombalgias.
— Dores do maléolo externo.
Encontrando-se o Yang em excesso, o meridiano Zu Tai Yang está em
plenitude. Os sinais clínicos são:
— Disúria durante a gravidez.
— Vertigem.
— Cefaléias.
— Inquietude.
— Rigidez lombar.
Encontrando-se o Yang em insuficiência, o meridiano Zu Tai Yang está
em vazio. Os sinais clínicos são:
— Fibrilações musculares.
— Cãimbras na panturrilha.
— Diminuição da agudeza auditiva.
— Temor ao vento».

NEI JING LING SHU. Capítulo X:


«Alterações:
Cefaléia, impressão de alguma coisa que assaltou a cabeça, sensação
de pontadas nos olhos, dor no pescoço com a sensação de ser arranca-
do, coluna vertebral muito dolorosa, sensação de ruptura da região re-
nal, impossibilidade de flexionar o quadril, sensação de raquitismo nas
panturrilhas, calcanhar e maléolos muito dolorosos.
Sintomas: correspondem às afecções dos músculos, cujas repercus-
sões são: hemorragias, febre intermitente (paludismo), loucura, epilep-
sia, dores de cabeça; a fontanela anterior e o pescoço estão muito dolo-
rosos, os olhos estão amarelados, o lacrimejamento é muito abundante,
epistaxe, dores na espádua, região renal, coração, nádegas, pé, atonia
do 5º dedo.

601
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Se há plenitude, o pulso Ran Ying é duas vezes mais intenso que o


Tsri Hao, se há vazio o pulso Rang Ying é menos intenso que o Tsri Hao».

ZHEN JIU DA CHENG, de YANG CHI CHOU, enunciado nº 128:


«O Nei Jing indicava:
— A Bexiga é como um ‘posto fronteiriço’, onde se concentra ou reúne
o líquido orgânico. É a última troca da transformação energética».
— A atividade da Bexiga se limita à «esfera negra» (esfera de ação
do Rim que corresponde à cor negra).
A Bexiga possui 2 meatos: o inferior que excreta a urina e o superior
que recebe os componentes da água orgânica depois da purificação nos
Rins e nos Intestinos.
Estes meatos estão sob a dependência da energia biológica. Se esta
energia está em estado de vazio provoca alterações variáveis segundo
o setor afetado:
— No meato superior, induz um transbordamento do líquido orgânico
e seu refluxo para o Intestino Grosso, com diarréia.
— No meato inferior, provoca uma acumulação do líquido na Bexiga,
daí: retenção de urina.

• Em caso de plenitude da Bexiga, o pulso é cheio com sinais de:


— Retenção urinária.
— Peso na pelve.
— Dificuldade na flexão e extensão do corpo.

• Em caso de vazio da Bexiga, o pulso está vazio com sinais de:


— Dor intestinal irradiando para a região lombar.
— Movimentos difíceis de flexão e extensão do corpo.
— Cãimbras e contraturas do pé.
— Impressão de peso nos ouvidos com diminuição da agudeza
auditiva (hipoacusia)».

SINTOMAS DE VAZIO (XU)


— Predisposição aos estados gripais.
— Poliúria e incontinência, às vezes anúria com edema.
— Fobia ao frio.
— Sonolência e confusão mental.
— Alterações auditivas: hipoacusia ou surdez.

602
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

— Epistaxe.
— Parasitose.
— Assustadiço; caráter fraco, pouco vigor sexual.

SINTOMAS DE PLENITUDE (SHI)


— Obstrução nasal ou anosmia.
— Oligúria, urinas turvas muito coradas, às vezes com ardor uretral.
— Uretrite, cistite, prostatite, cálculos.
— Polaquiúria, às vezes anúria espasmódica.
— Fobia ao calor.
— Furunculose crônica.
— Insônia.
— Raquialgia, cefaléia.
— Ereções frequentes.
— Baixo ventre endurecido.
— Algias em geral. Caráter forte, amargurado.

603
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

A BEXIGA
(Zhen Jiu Da Cheng de Yang Jizhou, 1843)

604
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

MERIDIANO PRINCIPAL DA BEXIGA


ZU YAI YANG

NÚMERO DE PONTOS: 67

B1, Tsing Ming, 232, J ngmíng (Pupilas claras).


B2, Tsroann Tchou, 233, Z nzhú (Reunião de bambús).
B3, Mi Tchong, 234, Méich ng (Em direção da sobrancelha).
B4, Kou Tcha, 235, Q ch i (Curva errônea).
B5, Wou Tchou, 236, W chù (Cinco comarcas).
B6, Sing Koang, 237, Chénggu ng (Recepção da luz).
B7, Tong Tienn, 238, T ngti n (Comunicação com o céu).
B8, Loc Kheoc, 239, Luòquè (Fim dos Luo).
B9, You Tchen, 240, Yùzh n (Almofada de jade).
B10, Tienn Tchu, 241, Ti nzhù (Coluna celeste).
B11, Ta Tchou, 242, Dàzhù (Grande lançadeira).
B12, Fong Menn 243, F ngmén (Porta do vento).
B13, Fei Iu 244, Feishu («Shu» dos pulmões).
B14, Tsiue Inn Iu, 245, Yuéy nsh («Shu» do Mestre do Coração).
B15, Sinn Iu, 246, X nsh («Shu» do Coração).
B16, Tou Iu, 247, D sh («Shu» do Dumai).
B17, Ko Iu, 248, Gésh («Shu» do diafragma).
B18, Kann Iu, 249, G nsh («Shu» do Fígado).
B19, Tann Iu, 250, D nsh («Shu» da Vesícula Biliar).
B20, Pi Iu, 251, Písh («Shu» do Baço).
B21, Oe Iu, 252, Wèish («Shu» do Estômago).
B22, Sann Tsiao Iu, 253. S nji osh («Shu» do Triplo Aquecedor).
B23, Chenn Iu, 254, Shènsh («Shu» dos Rins).
B24, Tsri Hae Iu, 255, Qìh ish («Shu» do mar da energia).
B25, Tae Tchrang Iu, 256, Dàchángsh («Shu» do Intestino grosso).
B26, Koann Iuann Iu, 257, Gu nyuánsh («Shu» da barreira do manancial).

605
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

B27, Saiao Tchrang Iu, 258, Xi chángsh («Shu» do Intestino Delgado).

B28, Prang Koang Iu, 259, Pánggu nsh («Shu» da Bexiga).


B29, Tchong Leui Iu, 260, Zh ngl sh («Shu», da região sagrada).
B30, Po Oann Iu, 261, Báihuánsh («Shu» da cintura branca).
B31, Chang Liou, 262, Shàngliáo (Osso superior).
B32, Tseu Liou, 263, Cìliáo (Segundo osso).
B33, Tchong Liou, 264, Zh ngliáo (Osso médio).
B34, Cha Liou, 265, Xiàliáo (Osso inferior).
B35, Roe Yang, 266, Huìyáng (Reunião dos Yang).
B36, Seng Fou, 267, Chéngfú (Conter e sustentar).
B37, Yann Menn, 268, Yinmén (Porta da prosperidade).
B38, Fou Tsri, 269, Fúxi (Oco complementar).
B39, Oe Yang, 270, W iyáng (Final do Yang).
B40, Oe Tchong, 271, W izh ng (Final do centro).
B41, Fou Fenn, 272, Fùf n (Divisão suplementar).
B42, Pac Hou, 273, Pòhù (Porta da alma sensitiva; «Po»).
B43, Kao Roang Iu, 274, G ohu ng («Shu» dos centros vitais).
B44, Chenn Tsrang, 275, Shéntáng (Palácio mental).
B45, Y Hi, 276, Yìx (Por desgraça).
B46, Ko Loann, 277, Gégu n (Barreira do diafragma).
B47, Hun Menn, 278, Húnmén (Porta da alma vegetativa).
B48, Yang Kang, 279, Y ngg ng (Yang essencial).
B49, Hi Se, 280, Yìshè (Casa do pensamento).
B50, Oe Tsrang, 281, Wèic ng (Celeiro do estômago).
B51, Roang Menn, 282, Hu ngmén (Porta dos centros vitais).
B52, Tchi Chi, 283, Zhìshì (Casa da vontade).
B53, Pao Roang, 284, B ohu ng (Envoltório vital).
B54, Sie Pinn, 285, Zhìbi n (Lado regular).
B55, Roe Yang, 286, Héyáng (Reunião dos Yang).
B56, Sinn Tinn, 287, Chéngj n (Músculo de apoio).
B57, Sing Sann, 288, Chéngshán (Montanha de apoio).
B58, Fei Yang, 289, F iyáng (Dar piruetas e manifestar).
B59, Fou Yang, 290, F yáng (Yang do pé).
B60, Kroun Lioun, 291, K nlún (Montanha «Kunlun»).
B61, Pou Sann, 292, Púsh n (Servente, assistente).
B62, Chenn Mo, 293, Sh nmài (Vaso da hora Shen: 15h-17h).

606
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

B63, Tchinn Menn, 294, J nm n (Porta de ouro).


B64, Tsing Kou, 295, Jùngg (Grande osso).
B65, Tchou Kou, 296, Shùg (Osso atado).
B66, Tong Kou, 297, T ngg (Comunicação do vale).
B67, Tche Inn, 298, Zhìy n (Chegada do Yin).

DESCRIÇÃO:
BEXIGA 1: Tsing Ming, 232 (Pupilas claras).
J ngmíng.
Localização:
— Encontra-se situado 1 Fen acima do ângulo interno do olho.
Características:
— Ponto «Nó» do plano energético Tai Yang.
— Centro energético de grande importância devido às numerosas
vias ou canais que nele convergem:
• Meridianos Principais: Zu Yang Ming e Shou Tai Yang.
• Meridianos Distintos: casal E-BP e Meridiano Distinto do Coração.
• Meridianos Curiosos: Dumai, Yin Qiao, Yang Qiao.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 1
Fen.
— Moxabustão: proibido moxar.
Indicações:
— Sinusite, problemas oculares.

BEXIGA 2: Tsroann Tcho, 233 (Reunião de bambus).


Z nzhú.
Localização:
— Acha-se na mesma vertical do ponto anterior, no nível da extremi-
dade interna da sobrancelha (borda supra-orbital).
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 1 a 3 Fen.
— Moxabustão: proibido moxar, moxar 1 vez ou moxar 3 vezes, se-
gundo os diferentes autores.

607
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Indicações:
— Depressão, insônia, excitação, visão fraca, opacidade de córnea,
paralisia facial.

BEXIGA 3: Mi Tchong, 234 (Na direção da sobrancelha).


Méich ng.

Localização:
— Encontra-se na vertical dos pontos anteriores, na altura do VG24,
portanto 0,5 distância atrás da linha frontal de implantação dos
cabelos, e 0,5 distância por fora da linha mediana.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 3 Fen.
— Moxabustão: proibido moxar.

Indicações:
— Enfermidades dos olhos, dor de cabeça.

BEXIGA 4: Kou Tcha, 235 (Curva errônea).


Q ch i.

Localização:
— Encontra-se a 0,5 distância atrás da linha frontal de implantação
dos cabelos, na união do 1/3 interno com os 2/3 externos da
distância que existe entre o VG24 (Shéntíng) e o E8 (Tóuwéi). Acre-
ditamos que este ponto e os 4 seguintes estão a cerca de 1 distância
da linha média e não a 1,5 distância como se menciona teorica-
mente.

Características:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 3 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Visão débil, dor de cabeça na área frontal, obstrução nasal.

608
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

BEXIGA 5: Wou Tchou, 236 (Cinco comarcas).


W chu.

Localização:
— Encontra-se situado a 0,5 distância atrás do ponto anterior, no
nível do VG23 (Shàngxîng).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 3 Fen.
— Moxabustão: moxar de 3 a 5 vezes.

Indicações:
— Vertigem, cafeléia.

BEXIGA 6: Sing Koang, 237 (Recepção da luz).


Chénggu ng.

Localização:
— Encontra-se a 1,5 distância atrás do ponto anterior e cerca de 1
distância por fora da linha mediana.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 3 Fen.
— Moxabustão: proibido moxar.

Indicações:
— Paralisia facial, cefaléia, vômitos, opacidade da córnea.

BEXIGA 7: Tong Tienn, 238 (Comunicação com o céu).


T ngti n.

Localização:
— Encontra-se situado a 1,5 distância atrás do ponto anterior e cer-
ca de 1 distância por fora da linha média.

Características:
— Desde ponto nasce um vaso que conecta com o VG20 (B hiùi) e
penetra no cérebro.

609
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 3 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Neuralgia do trigêmeo, vertigem, cefaléia no vértex, paralisia facial.

BEXIGA 8: Loc Kheoc, 239 (Fim dos luo).


Luòquè

Localização:
— Encontra-se situado a 1,5 distância atrás do ponto anterior e cer-
ca de 1 distância por fora da linha mediana.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 3 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Glaucoma, cefaléia no vértex, astenia psíquica, epistaxe.

BEXIGA 9: You Tchen, 240 (Almofada de jade).


Yùzh n

Localização:
— Encontra-se 1 distância por fora de VG17 (Naohu), acima da
protuberância occipital externa e a 2 distâncias da linha occipital
dos cabelos.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 3 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Cefaléia no vértex, miopia.

610
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

BEXIGA 10: Tienn Tchu, 241 (Coluna celeste).


Ti nzhù.

Localização:
— Encontra-se situado a 0,7 distância por fora do VG15 (Yamén),
perto da borda externa do músculo trapézio.

Características:
— Ponto «Janela-do-céu».
— Ponto dos meridianos distintos da Bexiga e Rim.
— Ponto do vaso curioso Yian Qiao.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 2 a
3 Fen.
— Moxabustão: segundo o «Nei Jing» moxar 3 vezes e segundo o
«Ming Tang» moxar de 7 a 100 moxas por dia. Melhor punturar
que moxar.
Indicações:
— Problemas psíquicos, cefaléia occipital, neuralgia do trigêmeo,
epistaxe, vertigem.

BEXIGA 11: Ta Tchou, 242 (Grande lançadeira).


Dàzhù

Localização:
— Na horizontal que passa justo sob a borda inferior do processo
espinhoso da 1ª vértebra torácica, 1,5 distância por fora da linha
média. Acha-se no nível do primeiro espaço intercostal.
Características:
— Ponto He de ação especial sobre os ossos (Roé).
— Tem conexões com os meridianos Yang da mão (com exceção do
Shou Yang Ming) e com o vaso curioso Dumai.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 2 a
3 Fen.

611
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

— Moxabustão: proibido moxar, só moxar em casos imprescindíveis,


moxar 3 vezes ou moxar 7 vezes segundo os diferentes autores
clássicos.
Indicações:
— Febre, problemas psíquicos, meteorismos, enfermidades dos
pulmões.

BEXIGA 12: Fong Menn, 243 (Porta do vento).


F ngmén.
Localização:
— Na horizontal que passa justo sob a borda inferior do processo
espinhoso da 2ª vértebra torácica, 1,5 distância por fora da linha
média. Acha-se no nível do 2º espaço intercostal.
Características:
— Conecta-se mediante um pequeno ramo com o meridiano curio-
so Vaso Governador (Dumai).
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3 a
5 Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.
Indicações:
— Bronquite, catarro nasal, acne, urticária, febre.
BEXIGA 13: Fei «Shu», 244 («Shu» dos pulmões).
Fèish .
Localização:
— Na horizontal que passa justo sob a borda inferior do processo
espinhoso da 3ª vértebra torácica, 1,5 distância por fora da linha
média. Acha-se no nível do terceiro espaço intercostal.
Características:
— «Shu dorsal» dos pulmões.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.

612
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

— Moxabustão: segundo «Ming Xia» moxar 3 vezes e segundo


«Zhenn Quan» moxar 100 vezes.

Indicações:
— Patologia pulmonar e dermatológica.

BEXIGA 14: Tsiue Inn «Shu», 245 («Shu» do Mestre do Coração).


Juéyinsh .

Localização:
— Na horizontal que passa sob a borda inferior do processo espinhoso
da 4ª vértebra torácica, 1,5 distância por fora da linha média. Acha-
se no nível do 4º espaço intercostal.

Características:
— «Shu dorsal» do Mestre do Coração.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 7 vezes.

Indicações:
— Problemas psíquicos e cardíacos, odontalgia.

BEXIGA 15: Sinn «Shu», 246 («Shu» do Coração).


X nsh .
Localização:
— Na horizontal que passa justo sob a borda inferior do processo
espinhoso da 5ª vértebra dorsal, 1,5 distância por fora da linha
média. Acha-se no nível do 5º espaço intercostal.

Características:
— «Shu dorsal» do Coração.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.

613
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

— Moxabustão: segundo a «Estátua de Bronze» proibido moxar, e


segundo «Ming Tang» moxar 3 vezes.
Indicações:
— Problemas psíquicos e cardíacos.

BEXIGA 16: Tou «Shu», 247 («Shu» do Dumai).


D xh .
Localização:
— Na horizontal que passa justamente sob a borda inferior do
processo espinhoso da 6ª vértebra torácica, 1,5 distância por fora
da linha média. Acha-se no nível do 6º espaço intercostal.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Dores abdominais, pericardite.

BEXIGA 17: Ko «Shu», 248 («Shu» do diafragma).


Gésh .
Localização:
— Na horizontal que passa justamente sob a borda inferior do
processo espinhoso da 7ª vértebra torácica, 1,5 distância por fora
da linha média. Acha-se no nível do 7º espaço intercostal.
Características:
— Ponto He de ação especial sobre o sangue (Roé).
— Ponto de assentimento do diafragma e esôfago.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Soluço, anorexia, paralisia diafragmática, dores cardíacas, anemia.

614
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

BEXIGA 18: Kann «Shu», 249 («Shu» do Fígado).


G nsh .
Localização:
— Na horizontal que passa justamente sob a borda inferior do
processo espinhoso da 9ª vértebra torácica, 1,5 distância por fora
da linha média. Acha-se no nível do 9º espaço intercostal.

Características:
— Ponto «Shu dorsal» do Fígado.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 7 vezes.

Indicações:
— Enfermidades dos músculos, tendões, olhos, sistema genital e
fígado. Esquizofrenia.

BEXIGA 19: Tann «Shu», 250 («Shu» da Vesícula Biliar).


D nsh .

Localização:
— Na horizontal que passa justamente sob a borda inferior do pro-
cesso espinhoso da 10ª vértebra torácica, 1,5 distância por fora
da linha média. Acha-se no nível do 10º espaço intercostal.

Características:
— Ponto «Shu dorsal» da Vesícula Biliar.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3 a
5 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 5 vezes.
Indicações:
— Patologia da Vesícula Biliar, cefaléia. Localmente, enfermidades
da coluna dorsal.

615
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

BEXIGA 20: Pi «Shu», 251 («Shu» do Baço).


Písh .

Localização:
— Na horizontal que passa justamente sob a borda inferior do
processo espinhoso da 11ª vértebra torácica, 1,5 distância por fora
da linha média. Acha-se no nível do 11º espaço intercostal.

Características:
— Ponto «Shu dorsal» do Baço-Pâncreas.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 5 vezes.

Indicações:
— Patologia estomacal e intestinal, diabetes, edema.

BEXIGA 21: Oe «Shu», 252 («Shu» do Estômago)


Wèish .

Localização:
— Na horizontal que passa justamente sob a borda inferior do
processo espinhoso da 12ª vértebra torácica, 1,5 distância por fora
da linha média. Acha-se no nível do 12º espaço intercostal.

Características:
— Ponto «Shu dorsal» do Estômago.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes, moxar 7 vezes ou fazer uma moxa
por cada ano de idade, segundo os diferentes autores.
Indicações:
— Patologia genética, vista cansada.

616
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

BEXIGA 22: Senn Tsiao «Shu», 253 («Shu» do Triplo Aquecedor)


S nji osh .
Localização:
— Na horizontal que passa justamente sob a borda inferior do
processo espinhoso da 1ª vértebra lombar, 1,5 distância por fora
da linha média.
Características:
— Ponto «Shu dorsal» do Triplo Aquecedor.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3 a
5 Fen.
— Moxabustão: moxar de 3 a 7 vezes.
Indicações:
— Problemas psíquicos, anorexia, edema, enurese, dor estomacal,
vômitos.
BEXIGA 23: Chenn «Shu», 254 («Shu» dos Rins).
Shènsh .
Localização:
— Na horizontal que passa justamente sob a borda inferior do
processo espinhoso da 2ª vértebra lombar, 1,5 distância por fora
da linha média.
Características:
— Ponto «Shu dorsal» dos Rins.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: segundo «Ming Tang», moxar 3 vezes e segundo a
«Estátua de Bronze» fazer uma moxa por cada ano de idade.
Indicações:
— Problemas psíquicos, enfermidades do sistema urinário e de to-
das as áreas da rede energética renal (ouvido, ossos, genitais, cabelo,
cérebro, medula espinhal).

617
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

BEXIGA 24: Tsri Hae «Shu», 255 («Shu» do Mar de energia).


Qìh ish .
Localização:
— Na horizontal que passa justamente sob a borda inferior do
processo espinhoso da 3ª vértebra lombar, 1,5 distância por fora
da linha média.
Características:
— O Qìh ish . está conectado, como seu nome indica, com o ponto
VC6, Qìh i (Mar de energia) por um canal que chega deste.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.

Indicações:
— Hemorróidas, dores na área lombar, hipertensão, constipação.

BEXIGA 25: Tae Tchrang «Shu», 256 («Shu» do Intestino Grosso).


Dàchángsh .

Localização:
— Na horizontal que passa justamente sob a borda inferior do
processo espinhoso da 4ª vértebra lombar, 1,5 distância por fora
da linha média. No nível da borda superior da crista ilíaca.

Características:
— Ponto «Shu dorsal» do Intestino grosso.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar de 3 a 7 vezes.

Indicações:
— Enfermidades do intestino grosso. Paralisia nas pernas, lombalgia,
ciática, incontinência urinária.

618
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

BEXIGA 26: Koann Juann «Shu», 257 («Shu» da barreira do manancial).


Gu nyuánsh .
Localização:
— Na horizontal que passa justamente sob a borda inferior do
processo espinhoso da 5ª vértebra lombar, 1,5 distância por fora
da linha média.
Características:
— O Gu nyuánsh . está conectado, como seu nome indica, com o pon-
to VC4, Gu nyuán (Barreira do manancial) por um canal que chega
deste.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Enfermidades do aparelho urinário, lombalgia, transtornos da área
genital, insônia, diarréia.

BEXIGA 27: Siao Tchrang «Shu», 258 («Shu» do Intestino delgado).


Xi ochángsh .
Localização:
— Encontra-se na horizontal do 1º forame sacral posterior, a 1,5
distância por fora da linha média, sobre a articulação sacroilíaca.
Características:
— Ponto «Shu dorsal» do Intestino Delgado.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Patologia do intestino delgado, problemas de sua área local de
influência (zona lombo-sacra), hemorróidas, disúria, leucorréia,
espermatorréia.

619
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

BEXIGA 28: Prang Koang «Shu», 259 («Shu» da Bexiga).


Pánggua nsh .
Localização:
— Encontra-se na horizontal do 2º forame sacral posterior, a 1,5
distância por fora da linha média, sobre a articulação sacroilíaca
(na depressão entre a borda inferior da espinha ilíaca antero-su-
perior e o braço).
Características:
— Ponto «Shu dorsal» da Bexiga.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 7 vezes.
Indicações:
— Patologia urinária e genital, diabetes, ciatalgia, patologia da área
sacra e lombar.
BEXIGA 29: Tchong Leui «Shu», 260 («Shu» da região sagrada).
Zh ngl sh .
Localização:
— Encontra-se na horizontal do 3º forame sacral posterior, 1,5
distância por fora da linha média, sobre a articulação sacroilíaca.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Ciatalgia, problemas da área sacra e lombar, diabetes, diarréia,
enterite.

BEXIGA 30: Po Oann «Shu», 261 («Shu» da Cintura branca).


Báihuánsh .
Localização:
— Se encontra na horizontal do 4º forame sacral posterior, 1,5
distância por fora da linha média, sobre a articulação sacroilíaca.

620
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5
Fen.
— Moxabustão: segundo o «Su Wen», proibido moxar, enquanto o
«Ming Tang» recomenda moxar 3 vezes.
Indicações:
— Leucorréia, ciatalgia, tetraplegia, constipação, dores no osso sa-
cro, hérnia.

BEXIGA 31: Chang Liou, 262 (Osso superior).


Shàngliáo.
Localização:
— Encontra-se no primeiro forame sacral posterior, aproximadamente
equidistante entre a espinha ilíaca posterosuperior e a linha média.
Características:
— O Zu Shao Yang envia um ramo a este ponto.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 7 vezes.
Indicações:
— Enfermidades genitais, dores lombares, ciatalgia, enfermidades do
aparelho urinário, constipação.

BEXIGA 32: Tseu Liou, 263 (Segundo osso).


Cìliáo.
Localização:
— Encontra-se no 2º forame sacral posterior, aproximadamente equi-
distante entre a borda inferior da espinha ilíaca posterosuperior
e a linha média.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 7 vezes.

621
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Indicações:
— Enfermidades genitais, hemorróidas, problemas urinários, ciatalgia,
diarréia.

BEXIGA 33: Tchong Liou, 264 (Osso médio).


Zh ngliáo.
Localização:
— Encontra-se no 4º forame sacral posterior, equidistante entre o B29
(Zh nglmsh ) e a linha média.
Características:
— Os meridianos do Movimento Madeira (Zu Jue Yin e Zu Shao Yang)
enviam ramos a este ponto.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 2
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

BEXIGA 34: Cha Liou, 265 (Osso inferior).


Xiàliáo.
Localização:
— Se encontra no 4º forame sacral posterior e equidistante entre o
B30 (Báihuánshû) e a linha média.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 2
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Enfermidades genitais e do sistema urinário, dores lombares e ciá-
tica, hemorróidas, diarréia, constipação.

BEXIGA 35: Roe Yang, 266 (Reunião dos Yang).


Huìyáng.
Localização:
— No nível da articulação sacro-coccígea, 0,5 distância por fora da
linha média (VG2, Y osh ).

622
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 2
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Hemorróidas, ciatalgia, leucorréia, blenorragia.

BEXIGA 36: Seng Fou, 267 (Conter e sustentar).


Chéngf .

Localização:
— Encontra-se no meio da prega do glúteo, sob a borda inferior do
músculo glúteo máximo, entre os músculos bíceps femoral ou crural
por fora e semitendíneo por dentro.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 7
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Hemorróidas, paralisia das pernas, lombalgia, ciática, constipação.

BEXIGA 37: Yann Menn, 268 (Porta da prosperidade).


Y nmén.
Localização:
— Encontra-se na metade da face posterior da coxa, 6 distâncias
abaixo do ponto anterior e 8 distâncias acima da fossa poplítea
(B40, W ih ng). Entre os músculos bíceps femoral ou crural por
fora e o semitendíneo por dentro.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 7
Fen.

Indicações:
— Paralisia da perna, ciática.

623
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

BEXIGA 38: Fou Tsri, 269 (Oco complementar).


Fúxì.
Localização:
— Encontra-se na parte externa da fossa poplítea, a 1 distância acima
do B39 (W iyáng), na borda interna do tendão do músculo bíceps
femoral ou crural.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Paralisia das pernas, problemas da bexiga em geral, constipação.

BEXIGA 39: Oe Yang, 270 (Final do Yang).


W iyáng.
Localização:
— Encontra-se na parte externa da fossa poplítea, na altura do B40
(W izh ng) e uma distância por fora do mesmo, na borda interna
do tendão do músculo bíceps femoral ou crural.
Características:
— Ponto He de ação especial sobre o Triplo Aquecedor.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 7
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Epilepsia, lombalgia, constipação, diarréia.

BEXIGA 40: Oe Tchong, 271 (Final do centro).


W izh ng.
Localização:
— Encontra-se no meio da prega do joelho, no centro da fossa
poplítea.

624
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Características:
— Ponto He (terra) do Zu Tai Yang.
— No seu nível produz-se o nascimento do casal de meridianos dis-
tintos da Bexiga e Rim.
— Lemos no Zhen Jiu Da Cheng (enunciado 22):
«A puntura profunda do ponto W izh ng, lesionando a artéria
poplítea, pode causar uma síncope com tez pálida».

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5 a
8 Fen.
— Moxabustão: proibido moxar.

Indicações:
— Gonalgia, lombalgia, ciatalgia, insônia, paralisia nas pernas, apo-
plexia.

BEXIGA 41: Fou Fenn, 272 (Divisão suplementar).


Fùj n.

Localização:
— Está situado na horizontal que passa abaixo do processo espinhoso
da 2ª vértebra torácica, 3 distâncias por fora da linha média. No
nível do 2º espaço intercostal.

Características:
— A este ponto chega um ramo procedente do Shou Tai Yang.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3 a
8 Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.

Indicações:
— Entumescimento do braço, neuralgia intercostal.

625
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

BEXIGA 42: Pac Hou, 273 (Porta da alma sensitiva; «Po»).


Pòhù.
Localização:
— Está situado na horizontal que passa abaixo do processo espinhoso
da 3 vértebra torácica, 3 distâncias por fora da linha média. No nível
do 3 espaço intercostal.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5
Fen.
— Moxabustão: segundo o «Su Wen» moxar 5 vezes e segundo a
«Estátua de Bronze» fazer de 7 a 100 moxas por dia.
Indicações:
— Algias do ombro, enfermidades do pulmão (tuberculose, asma),
vômitos.

BEXIGA 43: Kao Roang, 274 («Shu» dos Centros Vitais).


G ohu ng
Localização:
— Está situado na horizontal que passa abaixo do processo espinhoso
da 4ª vértebra torácica, 3 distâncias por fora da linha média. No
nível do 4º espaço intercostal.
Modo de emprego:
— Moxabustão: fazer de 100 a 500 moxas por sessão.
Indicações:
— Enfermidades respiratórias como tosse, bronquite, asma e tuber-
culose. Espermatorréia, hematêmese. Patologia que curse com
cronicidade, em geral. Neurastenia, anorexia.

BEXIGA 44: Chenn Tsrang, 275 (Palácio mental).


Shéntáng
Localização:
— Está situado na horizontal que passa abaixo do processo espinhoso
da 5ª vértebra torácica, 3 distâncias por fora da linha média. No
nível do 5º espaço intercostal.

626
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3 a
6 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 5 vezes.
Indicações:
— Asma, algias no ombro, febre, enfermidades do coração.

BEXIGA 45: Y Hi, 276 (Por desgraça).


Yìx .
Localização:
— Está situado na horizontal que passa abaixo do processo espinhoso
da 6ª vértebra torácica, 3 distâncias por fora da linha média. No
nível do 6º espaço intercostal.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 6 a
7 Fen.
— Moxabustão: segundo o «Ming Tang» moxar 5 vezes e segundo
a «Estátua de Bronze» moxar de 20 a 100 vezes.
Indicações:
— Asma, tosse, epistaxe, vertigem, pericardite, falta de apetite.

BEXIGA 46: Ko Loann, 277 (Barreira do diafragma).


Gégu n.

Localização:
— Está situado na horizontal que passa abaixo do processo espinhoso
da 7ª vértebra torácica, 3 distâncias por fora da linha média. No
nível do 7º espaço intercostal. Na altura do ângulo inferior da
escápula.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 5 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Vômitos, soluços, falta de apetite, neuralgia intercostal.

627
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

BEXIGA 47: Hun Menn, 278 (Porta da alma vegetativa).


Húnmén.
Localização:
— Está situado na horizontal que passa abaixo do processo espinhoso
da 9ª vértebra torácica, 3 distâncias por fora da linha média. No
nível do 9º espaço intercostal.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Diarréia, anorexia, gastralgia, gastrite, enfermidades do fígado.

BEXIGA 48: Yang Kan, 279 (Yang essencial).


Y ngg ng.

Localização:
— Está situado na horizontal que passa abaixo do processo espinhoso
da 10ª vértebra torácica, 3 distâncias por fora da linha média. No
nível do 10º espaço intercostal.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 7 vezes.

Indicações:
— Anorexia, diarréia, náuseas, enfermidades hepáticas.

BEXIGA 49: Hi Se, 280 (Casa do pensamento).


Yìshè.

Localização:
— Está situado na horizontal que passa abaixo do processo espinhoso
da 11ª vértebra torácica, 3 distâncias por fora da linha média. No
nível do 11º espaço intercostal.

628
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3 a
5 Fen.
— Moxabustão: moxar 2 vezes, moxar 7 vezes, moxar 50 vezes ou
moxar de 50 a 100 vezes segundo os diferentes autores.

Indicações:
— Dispepsia, anorexia, gastrite, diarréia, enfermidades do fígado.

BEXIGA 50: Oe Tsrang, 280 (Celeiro do estômago).


Wèic ng.
Localização:
— Está situado na horizontal que passa abaixo do processo espinhoso
da 12ª vértebra torácica, por baixo da 12ª costela (costela flutuante).
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5
Fen.
— Moxabustão: segundo «Jiayi» moxar 3 vezes e segundo a «Estátua
de bronze» moxar 50 vezes.
Indicações:
— Flatulência, vômitos, diarréia, constipação, gastralgia.

BEXIGA 51: Roang Menn, 282 (Porta dos centros vitais).


Hu ngmén.
Localização:
— Na horizontal que passa abaixo do processo espinhoso da 1ª vér-
tebra lombar, 3 distâncias por fora da linha central.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5
Fen.
— Moxabustão: moxar 30 vezes.
Indicações:
— Enfermidades crônicas dos órgãos, hepatomegalia. Inflamação da
glândula mamária, algias precordiais, esplenomegalia.

629
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

BEXIGA 52: Tchi Chi, 283 (Casa da vontade).


Zhìshì.
Localização:
— Na horizontal que passa abaixo do processo espinhoso da 2ª vér-
tebra lombar, 3 distâncias por fora da linha média.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpedicular a uma profundidade de 9 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 7 vezes.

Indicações:
— Edema, enfermidades genitais.

BEXIGA 53: Pao Roang, 284 (Envoltura vital).


B ohu ng.
Localização:
— Na horizontal do 2º forame sacral posterior, 3 distâncias por fora
da linha média.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 7 vezes.
Indicações:
— Cistite, retenção urinária, constipação, enterite, blenorragia , hemo-
rróidas.

BEXIGA 54: Sie Pinn, 285 (Lado regular).


Zhìbi n.

Localização:
— Na horizontal do 4º forame sacral posterior, 3 distâncias por fora
da linha média.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3 a
5 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

630
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Indicações:
— Lombalgia, ciática, hemorróidas, cistite, enfermidades da bexiga
em geral.

BEXIGA 55: Roe Yang, 286 (Reunião dos Yang).


Héyáng.
Localização:
— Acha-se na face posterior da perna, na vertical que pasa pelo B40
(W izh ng) e 2 distâncias abaixo do mesmo. Encontra-se entre os
músculos gastrocnêmios.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 6
Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.
Indicações:
— Inflamação do útero, metrorragia, paralisia das pernas, lombalgia,
ciática.

BEXIGA 56: Sinn Tinn, 287 (Músculo de apoio).


Chénj n.
Localização:
— Encontra-se no meio da panturrilha, entre os músculos gastroc-
nêmios, equidistante 3 distâncias do ponto anterior e do ponto
posterior.
Modo de emprego:
— Acupuntura: proibido punturar.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
— Em diversas obras encontramos este ponto qualificado como
proibido (com relação à puntura), no entanto, justamente no fi-
nal do capítulo 52 do Nei Jing Ling Shu descreve-se uma técnica
especial de punção na qual se utiliza, entre outros, o Chéngjîn (B56).
Remetemos o leitor a este parágrafo.
Indicações:
— Raquialgia lombar com contratura, constipação, hemorróidas,
inflamação subaxilar.

631
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

BEXIGA 57: Sing Sang, 288 (Montanha de apoio).


Chéngsh n.
Localização:
— Encontra-se na mesma vertical que os dois pontos anteriores, 3
distâncias abaixo do ponto anterior e equidistante entre a prega
do joelho e o maléolo externo. Em um sulco em forma de «V» in-
vertido, formado pela borda inferior dos gastrocnêmios.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 7 a
8 Fen. Segundo Ming Tang é melhor punturar que moxar.
— Moxabustão: moxar 5 a 7 vezes.

Indicações:
— Anorexia, prolapso retal, hemorróidas, constipação, paralisia nas
pernas, lombalgia, ciática.

BEXIGA 58: Fei Yang, 289 (Dar piruetas e manifestar).


F iyáng.

Localização:
— 1 distância abaixo e por fora do ponto anterior, na vertical do B60
(K nlún) e 7 distâncias acima deste.

Características:
— Ponto Luo do meridiano, do qual partem os dois vasos Luo (co-
nectando este último com o ponto Yuan do meridiano acoplado,
R3, Tàix ).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 5 vezes.

Indicações:
— Cistite, vertigem, cefaléia, depressão, epilepsia, epistaxe, dor e
debilidade nos membros inferiores.

632
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

BEXIGA 59: Fou Yang, 290 (Yang do pé).


F yáng.

Localização:
— Na vertical do B60 (K nlún) e 3 distâncias acima deste.

Características:
— Ponto do vaso regulador Yang Qiao.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5 a
6 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 5 vezes.

Indicações:
— Paralisia facial, cefaléia, tetraplegia, dores na região do sacro.

BEXIGA 60: Kroun Lioun, 291 (Montanha «Kunlun»).


K nlún.

Localização:
— Encontra-se na altura do ápice do maléolo externo, equidistante
entre sua borda posterior e a borda anterior do tendão de Aquiles.

Características:
— Ponto J ng (fogo).
— Ponto denominado entre acupunturistas como «aspirina», por seu
conhecido poder antiálgico.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3 a
5 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 5 vezes.

Indicações:
— Insônia, epilepsia, vertigem, dores em geral, debilidade ou paralisia
das pernas, epistaxe.

633
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

BEXIGA 61: Pou Sann, 292 (Servente – assistente).


Púsh n.
Localização:
— Na vertical do B60 (Kúnl n), 1,5 distâncias abaixo deste, na face
externa do calcâneo, na união da pele dorsal com a plantar.
Características:
— Ponto do Meridiano Curioso Yang Qiao.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 7 vezes.
Indicações:
— Paralisia nas pernas e/ou pé, talalgias, epilepsia, debilidade.

BEXIGA 62: Chenn Mo, 293 (Vaso da hora Shen: 15-17 h.).
Sh nmài.
Localização:
— Encontra-se na vertical do maléolo externo, 0,5 distância abaixo
do mesmo.
Características:
— Ponto do Vaso Curioso Yang Qiao, com relação ao qual desem-
penha o papel de ponto de abertura.
Modo de emprego:
— Acupuntura: punturar perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Transtornos mentais, cefaléias, Ménière, apoplexia, ciática.

BEXIGA 63: Tchinn Menn, 294 (Porta de ouro).


J nmén.
Localização:
— Encontra-se diante e abaixo do B62 (Sh nmài), em uma depressão
por trás da tuberosidade do 5º metatarso, na união da pele dor-
sal com a plantar.

634
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Características:
— Ponto de nascimento o Vaso Regulador Yang Qiao.
— Ponto Xi (Geki em japonês) do Zu Tai Yang.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 1
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Surdez, convulsões nas crianças, vômitos, lombalgias, algias na
região da panturrilha.

BEXIGA 64: Tsing Kou, 295 (Grande osso).


J ngg .
Localização:
— Se encontra na borda externa do pé, dante e abaixo da tuberos-
idade do 5º metatarso, na linha de separação das duas peles.
Características:
— Ponto Yuan, que recebe o Luo Trasnversal procedente do Dàzh ng,
R4.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar de 3 a 7 vezes.

Indicações:
— Meningite, epistaxe, enfermidades venéreas, excitação, cefaléias,
cataratas, lombalgia.

BEXIGA 65: Tchou Kou, 296 (Osso atado).


Shùg .

Localização:
— Encontra-se na borda externa do pé, em uma depressão imedia-
tamente proximal à articulação metatarso-falângica do 5º dedo do
pé, na linha de separação entre as duas peles.

635
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Características:
— Ponto Shu (madeira), do Zu Tai Yang.
— Ponto de sedação.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Torcicolo, lombalgia, abcessos, epilepsia, surdez, diarréia.
BEXIGA 66: Tou Kou, 297 (Comunicação do vale).
T ngg .
Localização:
— Encontra-se na borda externa do pé, em uma depressão imedia-
tamente distal à articulação metatarso-falângica do 5º dedo do pé,
na linha de separação entre as duas peles.
Características:
— Ponto Ying (água).
— Ponto estacional, transmissor ou dominante que envia sua energia
a todos os pontos de sua mesma denominação e polaridade (neste
caso aos Ying dos Yang).
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 2
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Gastrite crônica, cefaléia, enjôos, digestões difíceis, anosmia, medo.

BEXIGA 67: Tche Inn, 298 (Chegada do Yin).


Zhìyìn.
Localização:
— Encontra-se situado cerca de 1 Fen (2 milímetros aproximadamen-
te) atrás e por fora do ângulo ungueal externo do 5º dedo do pé.

636
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Características:
— Ponto Jing (metal).
— Ponto de tonificação do Zu Tai Yang.
— Ponto de partida do Meridiano tendino-muscular corresponente.
— Ponto «Raiz» do plano energético Tai Yang.
— Proibido em caso de gravidez.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 1 a
2 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Dores em geral, opacidade da córnea, surdez, mal posição fetal,
vertigem, hemorróidas.

FOLHA RESUMO DO ZU TAI YANG (B)

DESCRIÇÃO DE PONTOS:

Segmento cefálico: 10 pontos.


B1: 1 Fen acima do ângulo interno do olho.
B2: Mesma vertical do ponto anterior, no nível da extremidade inter-
na ou cabeça da sobrancelha.
B3: Vertical dos dois pontos anteriores, 0,5 D. por fora do VG24.
B4: 0,5 D atrás da linha frontal de implantação dos cabelos e a cerca
de 1 D. por fora da linha média.
B5: 0,5 D. atrás do ponto anterior.
B6: 0,5 D. atrás do ponto anterior.
B7: 1,5 D. atrás do ponto anterior.
B8: 1,5 D. atrás do ponto anterior.
B9: Cerca de 1 D. por fora do VG17 (borda superior da protuberância
occipital externa).
B10: 0,7 D. Por fora do VG15.

Segmento dorsal interno: 25 pontos.


B11: Horizontal sob o processo espinhoso da 1ª torácica, 1,5 D. por fora
da linha média.

637
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

B12: Horizontal sob o processo espinhoso da 2ª torácica, 1,5 D. por fora


da linha média.
B13: Horizontal sob o processo espinhoso da 3ª torácica, 1,5 D. por fora
da linha média.
B14: Horizontal sob o processo espinhoso da 4ª torácica, 1,5 D. por fora
da linha média.
B15: Horizontal sob o processo espinhoso da 5ª torácica, 1,5 D. por fora
da linha média.
B16: Horizontal sob o processo espinhoso da 6ª torácica, 1,5 D. por fora
da linha média.
B17: Horizontal sob o processo espinhoso da 7ª torácica, 1,5 D. por fora
da linha média.
B18: Horizontal sob o processo espinhoso da 9ª torácica, 1,5 D. por fora
da linha média.
B19: Horizontal sob o processo espinhoso da 10ª torácica, 1,5 D. por
fora da linha média.
B20: Horizontal sob o processo espinhoso da 11ª torácica, 1,5 D. por
fora da linha média.
B21: Horizontal sob o processo espinhoso da 12ª torácica, 1,5 D. por
fora da linha média.
B22: Horizontal sob o processo espinhoso da 1ª lombar, 1,5 D. por fora
da linha média.
B23: Horizontal sob o processo espinhoso da 2ª lombar, 1,5 D. por fora
da linha média.
B24: Horizontal sob o processo espinhoso da 3ª lombar, 1,5 D. por fora
da linha média.
B25: Horizontal sob o processo espinhoso da 4ª lombar, 1,5 D. por fora
da linha média.
B26: Horizontal sob o processo espinhoso da 5ª lombar, 1,5 D. por fora
da linha média.
B27: Horizontal do 1º forame sacral posterior, 1,5 D. por fora da linha
média.
B28: Horizontal do 2º forame sacral posterior, 1,5 D. por fora da linha
média.
B29: Horizontal do 3º forame sacral posterior, 1,5 D. por fora da linha
média.
B30: Horizontal do 4º forame sacral posterior, 1,5 D. por fora da linha
média.
B31: Sobre o 1º forame sacral posterior.
B32: Sobre o 2º forame sacral posterior.
B33: Sobre o 3º forame sacral posterior.

638
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

B34: Sobre o 4º forame sacral posterior.


B35: No nível da articulação sacro-coccígea, 1 D. por fora do VG2.

Segmento dorsal externo: 14 pontos.


B41: Horizontal sob o processo espinhoso da 2ª torácica, 3 D. por fora
da linha média.
B42: Horizontal sob o processo espinhoso da 3ª torácica, 3 D. por fora
da linha média.
B43: Horizontal sob o processo espinhoso da 4ª torácica, 3 D. por fora
da linha média.
B44: Horizontal sob o processo espinhoso da 5ª torácica, 3 D. por fora
da linha média.
B45: Horizontal sob o processo espinhoso da 6ª torácica, 3 D. por fora
da linha média.
B46: Horizontal sob o processo espinhoso da 7ª torácica, 3 D. por fora
da linha média.
B47: Horizontal sob o processo espinhoso da 9ª torácica, 3 D. por fora
da linha média.
B48: Horizontal sob o processo espinhoso da 10ª torácica, 3 D. por fora
da linha média.
B49: Horizontal sob o processo espinhoso da 11ª torácica, 3 D. por fora
da linha média.
B50: Horizontal sob o processo espinhoso da 12ª torácica, 3 D. por fora
da linha média.
B51: Horizontal sob o processo espinhoso da 1ª lombar, 3 D. por fora
da linha média.
B52: Horizontal sob o processo espinhoso da 2ª lombar, 3 D. por fora
da linha média.
B53: Horizontal do 2º forame sacral posterior, 3 D. por fora da linha
média.
B54: Horizontal do 4º forame sacral posterior, 3 D. por fora da linha
média.

Segmento coxa: 5 pontos.


B36: No meio da prega do glúteo, entre o bíceps femoral e o semitendíneo.
B37: Metade da face posterior da coxa, 6 D. abaixo de B36 e 8 D. acima
do B40.
B38: Parte externa da fossa poplítea, 1 D. acima de B39.
B39: Parte externa da fossa poplítea, à altura do B40 e 1 D. por fora
deste.
B40: No meio da prega do joelho, no centro da fossa poplítea.

639
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Segmento panturrilha: 5 pontos.


B55: Na vertical que passa pelo B40, 2 D. abaixo do mesmo.
B56: No meio da panturrilha, equidistante 3D. do B55 e B57.
B57: Na vertical dos dois pontos anteriores, 3 D. abaixo de B56.
B58: 1 D. abaixo e por fora do B57, na vertical do B60 e 7 D. acima
deste.
B59: Na vertical do B60 e 3 D. acima deste.

Segmento pé: 8 pontos.


B60: Na altura do vértice do maléolo externo, entre este e o tendão de
Aquiles.
B61: Face externa do calcâneo, na vertical do B60 e 1,5 D. abaixo deste.
B62: Vertical do maléolo externo, 0,5 D. abaixo do mesmo.
B63: Numa depressão atrás da tuberosidade do 5º metatarso.
B64: Diante e abaixo da tuberosidade do 5º metatarso.
B65: Depressão imediatamente proximal à articulação metatarso-
falângica do 5º dedo do pé.
B66: Depressão imediatamente distal à articulação metatarso-falângica
do 5º dedo do pé.
B67: Ângulo ungueal externo do 5º dedo do pé.

640
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

641
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

642
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

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TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

MERIDIANO PRINCIPAL DO RIM


ZU SHAO YIN

GENERALIDADES

Sua denominação clássica é Zu Shao Yin, pois constitui o ramo infe-


rior (Zu) do plano mais profundo dos meridianos Yin, isto é, do Shao
Yin (cujo segmento superior é integrado pelo canal do Coração, Shou
Shao Yin).
NÚMERO DE PONTOS: 27 (bilaterais).
MERIDIANO ACOPLADO: Zu Tai Yang (Meridiano Principal da Bexiga).
CORRENTE ELÉTRICA RONG:
— Sentido: Centrípeto.
— Horário de máxima energia: 17 – 19 h (Hora Iou).
— Lei meio-dia – meia-noite: Seu oposto é o Shou Yang Ming (IG).
— Ordem: Lhe precede no circuito diário o Zu Tai Yang (B), lhe segue
o Shou Jue Yin (MC).
— Proporção energia (Qi) – sangue (Xue): O plano Shao Yin tem mais
energia que sangue por isso, quando se procede a dispersar, se
evitará sangrar seus pontos.

PULSOLOGIA:
— Posição do pulso radial: Pulso esquerdo, pé, profundo.
— Posição do pulso revelador: R3 – 4 – 5.
— Tomada de níveis energéticos: R4, Dàzh ng.
— Lei esposo – esposa: Pelo que ao pulso se refere, o Zu Shao Yin (R)
possui o papel de «esposo» com relação ao Shou Jue Yin (MC), lo-
calizado na posição idêntica contralateral.

PENTACOORDENAÇÃO (Correspondências):
— Movimento: Água.
— Víscera acoplada: Bexiga.

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Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

— Estação: Inverno.
— Energia cósmica: Frio.
— Direção: Norte.
— Controle de: Ossos, medula.
— Astros: Mercúrio, lua.
— Sentimento negativo: Medo.
— Expressão sonora: Gemidos, lamentações.
— Conteúdo sutil: Vontade.
— Sentido: Audição.
— Secreção: Expectoração.
— Sabor: Salgado.
— Odor: Pútrido.
— Cor: Negra.
— Nota musical: Sol.
— Alimento vegetal: Ervilha.
— Alimento animal: Porco.
— Ciclo Sheng: Segundo este, é filho do metal (P) e mãe da madeira (F).
— Ciclo Ke: Segundo este é inibido pela terra (BP) e, por sua vez,
inibe ao fogo (C).

PONTOS PRINCIPAIS:
— Mu: VB25, Jíngmén.
— Shu dorsal ou de assentimento: B23, Shànsh .
— Nó: VC23, Liánquán.
— Raiz: R1, Y ngquán.
— Acelerador: R2, Ráng .
— Arraste: C9, Shàoch ng.
— Luo: R4, Dàzh ng.
— Luo de grupo: BP6, S ny nji o.
— Yuan: R3, Tàix .
— Xi: R5, Shu quán.
— Reunião: F13, Zh ngmén.
— Tonificação: R7, Fùli .
— Sedação: R1, Y ngquán.
— Estacional, dominante ou transmissor: R10, Y ng .
— Abertura de vaso regulador: R6, Zhàoh i (Yin Qiao).

PONTOS PARTICULARES:
— R1, Y ngquán. Ponto Yin por excelência. Responde especialmente
às energias telúricas (Potência telúrica).

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TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

— R3, Taìx . Segundo a intensidade do pulso localizado no seu nível,


podemos realizar certa avaliação com relação ao estado da energia
ancestral.
— R11, Héngg . Ponto integrante da barreira energética pubiana.

SHU ANTIGOS:
— Jing – Poço: R1, Y ngquán.
— Ying: R2, Ráng .
— Shu: R3, Tàix .
— Jl-ng – Rio: R7, Fùli .
— He: R10, Y ng .

ESTUDO GERAL DO TRAJETO:


• Trajeto superficial:
— Parte da extremidade do 5º dedo do pé (B67, Zhìy n).
— Alcança a planta do pé (R1, Y ngquán).
— Sobe pela face interna do pé, descrevendo na região do tornozelo
um caracol.
— Segue a face interna da perna (onde se conecta com o BP6,
S ny nji o) e da coxa, conservando sempre a posição mais poste-
rior dos 3 meridianos Yin.
— Alcança a ponta do cóccix (VG1, Chángqiáng).
• Trajeto profundo:
— Circula pela face anterior da coluna vertebral até a 2ª vértebra
lombar, aonde penetra no Rim.
Do Rim partem dois ramos:
— Um descendente, que vai à Bexiga e que sai à superfície no nível
da borda superior do púbis (R11, Héngg ) e sobe paramedialmente
(entre o Meridiano do E e VC), pela face anterior do tronco até a
borda inferior da clavícula (R27, Sh f ).
— Um ramo profundo, ascendente, que vai ao Fígado, atravessa o
diafragma, penetra nos pulmões, ganha a faringe e termina na raiz
da língua.
Um vaso secundário parte do Pulmão e se relaciona com o Coração.
Do último ponto do Meridiano Principal do Rim (Sh f , R27) parte
um curto raminho energético que alcança o Shou Jue Yin no nível do
Tianchí (MC1).

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Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

OUTROS VASOS SECUNDÁRIOS E CONEXÕES:


O sistema de vasos Luo Transversais acopla aos Meridianos do Rim e
Bexiga, unindo R3, Tàix (Yuan) e B58, Fe yáng (Luo) por um lado, B64,
J ngg (Yuan) e R4, Dàzh ng (Luo) por outro.
Um curto ramo une no pé aos pontos Jing do elemento água, B67
(Zhiyin) e R1 (Y ngquán).
Com o Vaso da Concepção o Meridiano Principal do Rim conecta-se
nos seguintes pontos:
— Zh ngjí (VC3). Lugar de encontro também com Zu Tai Yin (BP) e
Zu Jue Yin (F).
— Gunyuán (VC4). Onde se relaciona com os mesmos meridianos ci-
tados para o Zh ngjí.
— Líanquàn (VC23). Ponto «nó» do plano Shao Yin; um vaso energé-
tico comunica-o com o Sh f (R27).
Do Rim-órgão parte um tronco energético comum aos Vasos Curio-
sos Renmai, Dumai e Chong Mai, que desemboca no ponto Chángqiáng
(VG1).
O Meridiano Yin Qiao toma para sua cadeia os seguintes pontos do
Zu Shao Yin:
— Ráng , R2. Lugar de nascimento deste vaso curioso.
— Zàoh i, R6. Ponto de abertura.
— Ji oxìn, R8.
Por sua vez, o Yin Wei dá origem aos seus três segmentos no ponto
Zhùb n, R9.
Contudo, se existe um Vaso Curioso ligado intimamente ao Zu Shao
Yin e ao órgão renal esse é, sem dúvida, o Meridiano Chong Mai, o qual
depois de seguir o citado tronco energético comum conecta-se com o
M.P. do Rim da seguinte maneira:
— Chega ao Héngg (R11) procedente do VC4 (Gu nyuán); daquele
(R11, Héngg ) sai um ramo que se dirige para a face interna da
coxa, onde se une ao segmento do Zu Shao Yin ali presente,
percorrendo assim o membro inferior em toda sua longitude. Ao
longo de seu trajeto, pela face anterior do tronco, toma para sua
cadeia os pontos do Meridiano do Rim deste nível, ou seja, de
Héngg (R11) até Sh f (R27), ambos inclusive. Certos autores
dintintos sustentam que, ainda que paralelo ao caminho abdomi-
nal e torácico do Zu Shao Yin, a localização do Chong Mai seria
ligeiramente mais superficial que o daquele.

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TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Ainda que isso coincidisse com a realidade, existiriam importan-


tíssimas anasmotoses energéticas entre ambas as estruturas neste nível,
embora seja certo que a ligação perderia um pouco de seu caráter ínti-
mo, isso é, direto.
— O S ny nji o, BP6 (recordemos) reúne os três meridianos Yin «do
pé»; sob sua função de «Luo de grupo».
— Um ramo liga ao Zu Shao Yin (R) e Shou Jue Yin (MC), através de
seus pontos Bùláng (R22) e Ti nchí (MC1).
AÇÃO GERAL:
O Rim junto com o Coração são considerados os órgãos mais impor-
tantes da economia energética. São o eixo Shao Yin ou função primor-
dial básica, tanto o Fígado como o Pulmão são estágios intermediários
de mutação do eixo básico.
O movimento depende da mutação do Yang a Yin e vice-versa. A
Água não pode se converter em Fogo senão através da Madeira; a água
(H2O) contém em sua essência o fogo ou a energia (H e O) porém para
isso precisa da colaboração da fábrica química (F) que a desagregue e
transforme gerando fogo a partir da água.
Da mesma forma o Fogo, ou energia, não pode converter-se em Água
diretamente se não é previamente concretizado na forma material.
Tanto suas particularidades energéticas quanto suas relações estão
explicadas na 5ª Lição, capítulo III.
O Rim é o único órgão que não entra em plenitude, sendo que nele
não se manifestam mais do que sinais de desequilíbrio com predomínio
relativo de uma ou outra função, isto é, Rim-Yin (Movimento Água) e
Rim-Yang (armazém energético).

Zhen Jiu Da Cheng, de Yang Chi Chou, enunciado n.º 129


«O Rim é um órgão gerador da energia potencial do organismo.
Confere a potência ao corpo e a fineza ao espírito.
O Rim recolhe e encerra o Thin (Jing, quintessência) dos 5 órgãos. É
o lugar de concentração de todos os Jing (quintessência do organismo).
Dá a vitalidade aos cabelos e assegura a manutenção dos ossos.
Representa o Tai Yin no Yin e comunica com a energia do inverno e
está em relação com o norte e a cor negra.
O Rim comunica sua energia às orelhas. As enfermidades dos rins
se reconhecem no estado das articulações.
O medo prejudica o Rim, o frio prejudica o sangue, o salgado em
excesso prejudica o sangue».

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Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

O Rim possui além das funções descritas pelo Nei Jing (que relacio-
naremos), duas finalidades energéticas indispensáveis na perpetuação
da espécie:
— No homem, o Rim esquerdo chamado de «Rim-Yin» ou «Rim-água»
favorece a espermatogênese e mantém as qualidades vitais do esper-
ma (espermatozóides numerosos, móveis, de morfologia normal).
— Na mulher o Rim direito, chamado «Rim-yang» ou «Rim-fogo» ou
ainda «Ming Menn» (porta da vida), assegura por um lado a
manutenção do feto no útero e possui, por outro lado, um papel
trófico no crescimento do feto.
O Rim é, pois, a fonte de energia vital (Jingqi – energia sexual e Yuanqi
– energia original). É o assento do Jingshen (atividades mentais).
Além das funções reconhecidas por Ocidente, a Medicina Chinesa
atribui aos Rins o papel de guardiões das quintessências energéticas, es-
pecialmente no que se refere ao legado dos progenitores (Energia An-
cestral, Jing Inato).
No tocante ao Shen (Mental) são os encarregados de manter em es-
tado de saúde a faculdade volitiva do indivíduo.
O conceito chinês de Rim compreende também as estruturas ósseas,
S.N.C., os genitais e o aparelho auditivo. O bom funcionamento de to-
dos estes elementos depende da harmonia energética renal.

Su Wen. Capítulo IX
«Os rins regem os líquidos orgânicos, que são a essência de todas as
matérias. Sua sintomatologia se traduz no exterior no nível dos cabelos,
no interior no nível dos ossos».

Nei Jing Ling Shu. Capítulo XVII


«A energia dos rins está em relação com as orelhas, rege a agudeza
auditiva».

SEMIOLOGIA (R)
ZHEN JIU DA CHENG, de YANG CHI CHOU. Livro III, enunciado 55:
«Transtornos do meridiano:
— Perturbações de origem interna: falsa sensação de fome, tosse,
dispnéia, hematêmese, ruído faríngeo, desejos de permanecer de
pé, irritabilidade, visão turva. Em caso de insuficiência energéti-
ca: sensação de fome, ansiedade e medo.

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TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

— Perturbações de origem externa: língua seca, boca quente, dor na


faringe, fluxo energético em direção à parte superior do corpo pro-
vocando sensação de mal-estar, dor na coxa e raquialgia,
enteralgia, icterícia, excreções líquidas, frio e lassidão dos membros,
clinomania, astenia física, calor e dor subplantar. Estes sinais
constituem a “síndrome dos rins frios”.

MU JING, de WANG CHOU HO. Livro II, capítulo XVII:


«Fazendo menção ao Rim Yin:
Achando-se o Yin em excesso, o meridiano Zu Shao Yin está em
plenitude. Os sinais clínicos são:
— Inchaço e obstrução vesical.
— Dores no baixo ventre.
— Lombalgias.
Achando-se o Yin em insuficiência, o meridiano Zu Shao Yin está em
vazio. Os sinais clínicos são:
— Vergonha.
— Sensação de peso na parte baixa do corpo.
— Inflamação dos pés (impossibilidade de colocá-los no chão).
Fazendo menção ao Rim Yang:
Achando-se o Yin em excesso, o meridiano Zu Shao Yin está em
plenitude, sinais de ataque de «Pei». Os sinais clínicos são:
— Corpo quente.
— Cardialgias.
— Dores no dorso e região lombar.
— Pés frios. Febre.
— Inquietude.
Achando-se o Yin em insuficiência, o meridiano Zu Shao Yin está em
vazio. Os sinais clínicos são:
— Pernas pequenas e fracas.
— Temor ao «vento frio».
— Pulso alternante esgotado, às vezes não chega sob os dedos.
— Pés frios.
— Sensação de peso no alto e leveza em baixo.
— Impossibilidade de apoiar o pé no solo durante a caminhada.
— Plenitude no baixo ventre.
— Sensação de que a energia sobe para o tórax.
— Hipocondrialgia».

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Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

NEI JING LING SHU, Capítulo X:


«Alterações:
O enfermo tem apetite porém não pode comer, sua tez escura (como
madeira envernizada); cospe sangue, tem dispnéia, não pode ficar sen-
tado, tem transtornos oculares, tem a impressão de que seu coração está
como que suspenso. Quando falta a energia no dito meridiano o ser se
torna ansioso; o enfermo tem o pressentimento de que virão a prendê-
lo, de que o colocam na prisão. Todas as afecções dos ossos dependem
do dito meridiano, já que os rins comandam os ossos. Sintomas:
Os sintomas das afecções renais são: boca quente, língua seca, gar-
ganta inchada, sensação de que a energia sobe para o alto do corpo.
Dores e transtornos no coração, icterícia, afloramento das matérias (o
enfermo se esvazia), o interior da coluna vertebral está doloroso.
A face antero-interna da coxa está dolorosa ou paralisada, ao enfer-
mo agrada deitar-se, seus pés estão quentes e dolorosos.
Se há plenitude, o pulso de Tsri Hao é menos intenso que o de Ran Ying».

NEI JING SU WEN. Livro VII, capítulo XXII:


«Os sinais da enfermidade do Rim são:
• Sinais de plenitude:
— Ventre avultado.
— Pernas inchadas.
— Tosse, asma.
— Corpo pesado.
— Suores noturnos.
— Temor ao vento.
• Sinais de vazio:
— Dores torácicas. Dores periumbilicais.
— Corpo gelado com afluxo de energia para o alto.
— Tristeza.
Há que punturar e sangrar os pontos do meridiano do Rim e da
Bexiga».

ZHEN JIU DA CHENG, de YANG CHI CHOU. Livro 1, enunciado nº 2.


«Enfermidade do calor que se localiza nos rins:
• Sinais predecessores:
— Lombalgia.
— Fadiga e dor nas pernas.

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TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

— Polidipsia.
— Hipertermia.
• Sinais de luta entre a energia perversa e a energia essencial:
— Dor e rigidez da cervical.
— Dor e sensação de frio nas pernas.
— Calor plantar.
— Atitude taciturna.
O tratamento consiste em punturar o R e a B».

NAN JING, de PIENN TSIO (dificuldade n.º 16):


• Sinais externos:
— Face enegrecida.
— Medo.
— Bocejos.
• Sinais internos:
— Acumulação de «energia ativa» (Dong Khi) abaixo do umbigo, sob
a forma de uma bola dura e sólida, às vezes dolorosa à palpação.
— Sensação de fluxo energético para cima.
— Dores pélvicas.
— Fezes moles e tenesmo.
— Pernas frias».

NAN JING, de PIENN TSIO (dificuldade nº 24):


«Quando esta energia se esgota os ossos se alteram.
A função dos rins é manter o osso e a medula. Quando estes não
são alimentados nem aquecidos pela energia dos rins, os músculos e os
tendões se despregam dos ossos. Essa separação dos músculos e dos ossos
entranha a perda do tônus da “carne”, essa se funde.
Porque os músculos estão distendidos e atrofiados e a energia dos rins
se escapa, os dentes aparecem alargados e se deterioram, os cabelos
perdem sua vitalidade.
Como a alteração dos ossos, a secura dos cabelos é um sinal mortal».

SU WEN. Capítulo XIX:


«Os membros superiores e inferiores estão enfraquecidos, o paciente
tem a sensação de plenitude no peito, dores no ventre, moléstias no
coração, febre, dores no pescoço e nos ombros, os olhos estão caverno-

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Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

sos. Só se sente o pulso do órgão, o enfermo não reconhece aos seus


familiares. A morte é imediata.
O pulso, só se sente o do órgão, é turbulento (como se lutasse), dá a
impressão de que se toca uma pedra, a tonalidade é negra-amarelada,
sem esplendor, o cabelo cai (a tonalidade é negra – “rins” e também
amarelada – “BP”, sinal de agravamento)».

NEI JING LING SHU. Capítulo X:


“Os ossos de ressecam, a carne tende a desprender-se dos ossos, os
dentes parecem mais largos que normalmente, tem aspecto sujo, os
cabelos perdem seu brilho, a terra (BP) triunfa sobre a água (R), na
terminologia taoísta”.

SINAIS DE VAZIO (XU) DO RIM YIN


— Hipoacusia, acúfenos Yin (não intensos, desaparecem ou diminuem
ao apertar o ouvido com o dedo).
— Mareios e vertigem.
— Alterações ósseas, insuficiências medulares e cerebrais.
— Suores noturnos.
— Debilidade na região lombar ou mesmo lombalgia, e dos membros
inferiores.
— Espermatorréia crônica diurna.
— Insônia e pesadelos.
— Língua vermelha, bem como lábios e bochechas.
— Irritabilidade pré-menstrual.
— Secura de garganta.
— Urinas amareladas.
— Pulso filiforme e rápido.
— Tinidos.

SINTOMAS DE VAZIO (XU) DO RIM-YANG


— Frigidez, ejaculação precoce, impotência, alterações da esperma-
togênese.
— Oligúria.
— Lombalgia e debilidade de pernas.
— Hipotermia e fobia ao frio.
— Frio, sobretudo nas pernas e pés.
— Incontinência urinária e prolapsos.
— Edema de membros inferiores.
— Falta de vontade, medo e indecisão.

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TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

— Face de cor enegrecida.


— Pulso profundo filiforme.
— Dor e debilidade na região lombar e articulações do joelho.
— Poliúria.
— Gotejamento depois de urinar ou incontinência.
— Enurese.
— Espermatorréia noturna.
— Respiração superficial (asmatiforme).
— Infertilidade (azoospermia).
— Ejaculação precoce.
— Falta de vontade, medo, indecisão.
— Pulso filiforme.

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Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

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TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

MERIDIANO PRINCIPAL DO RIM


ZU SHAO YIN

NÚMERO DE PONTOS: 27

R1, Iong Tsiuann, 299, Y ngquán (Fonte que brota).


R2, Jenn Kou, 300, Ráng (Vale iluminado).
R3, TaI Ki, 301, Tàix (Grande corrente).
R4, Tao Tchong, 302, Dàzh ng (Grande sino).
R5, Choe Tsiuann, 303, Shu quán (Água da fonte).
R6, Tchao Hae, 304, Zhàoh i (Mar iluminado).
R7, Fou Leou, 305, Fùli (Volta do fluxo).
R8, Tsiao Sinn, 306, Ji oxìn (Dar notícias).
R9, Tchou Penn, 307, Zhùb n (Presentes para os casados).
R10, Inn Kou; 308, Y ng (Vale Yin).
R11, Roang Kou, 309, Héngg (Osso horizontal: púbis).
R12, Tae Ha, 310, Dàhè (Vermelho de raiva).
R13, Tsri Yue, 311, Qìxúe (Ponto da energia).
R14, Seu Mann, 312, Sùm n (Quatro excessos).
R15, Tchong Tchu, 313, Zh ngzhù (O centro do confluente).
R16, Roang Iu, 314, Hu ngsh («Shu» do canto da víscera).
R17, Chang Kou, 315, Sh ngq (O comerciante desonesto).
R18, Che Koann, 316, Shígu n (Barreira de pedra).
R19, Inn Tsu, 317, Y nd (Cidade do interior).
R20, Trong Kou, 318, T ngg (Vale comunicante).
R21, Iou Menn, 319, Y umén (Porta da escuridão).
R22, Pou Lang, 320, Bùláng (Galeria de marcha).
R23, Chcnn Fong, 321, Shénf ng (Selo divino).
R24, Ling Chu, 322, Língx (Zona milagrosa).
R25, Chenn Tchang, 323, Shéncáng (Refúgio divino).
R26, Yo Tchong, 324, Yùzh ng (Lugar eventual).
R27, Tchou Fou, 326, Sh f (No palácio).

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Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

DESCRIÇÃO:
RIM 1: Iong Tsiuann, 299 (Fonte que brota).
Y ngquán.

Localização:
— Na união dos terços anterior e médio da planta do pé, no local
do «V» formado entre a massa muscular dos dois primeiros de-
dos e a dos três restantes.
— Encontra-se entre o 2º e o 3º metatarsos.

Características:
— Ponto Jing (madeira) do Zu Shao Yin..
— Ponto de sedação do meridiano.
— «Raiz» do plano Shao Yin.
— Ponto de partida do meridiano tendino-muscular correspondente.
— Um curto ramo une este ponto ao B67, Zhìyîn (Ponto Jing do Zu
Tai Yang).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 2 a
5 Fen. Melhor punturar que moxar.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Gastralgia, náuseas e vômitos, diarréia, disúria, inflamação nos
genitais, escassez de energia, histeria, timidez, manias, convulsões
infantis, epilepsia, urticária.

RIM 2: Jenn Kou, 300 (Vale iluminado).


Ráng .

Localização:
— Na face interna do pé, em uma depressão justamente abaixo da
tuberosidade do osso navicular, aproximadamente 1 distância atrás
do BP4 (G ngs n).
Características:
— Ponto Ying (fogo).
— Ponto de nascimento do Vaso Curioso Yinqiao.

657
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen. Proibido sangrar este ponto.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Dispnéia, incontinência urinária, cistite, uretrite, espermatorréia
noturna, diabetes, ansiedade.

RIM 3: Tai Ki, 301 (Grande corrente).


Tàix .
Localização:
— Na face interna do pé, no nível da horizontal que passa pelo
maléolo interno, eqüidistante 0,5 distância entre sua borda poste-
rior e a borda anterior do tendão de Aquiles.
— Encontra-se numa depressão acima do calcâneo, na qual se sente
bater a artéria tibial posterior.
Características:
— Ponto Shu (terra).
— Ponto Yuan. Recebe, assim, o vaso Luo Transversal procedente do
F iyáng (B58).
— Sobre ele percebe-se um «pulso revelador» que nos informa so-
bre o estado da Energia Ancestral.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3 fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Odontalgia, enurese, dispnéia, esgotamento, excitação nervosa,
esterilidade feminina, impotência, hérnia.

RIM 4: Tae Tchong, 302 (Grande sino).


Dàzh ng.
Localização:
— Sobre a borda superior do calcâneo, diante da inserção do tendão
de Aquiles no mesmo. Meia distância por baixo e por trás do R3
(Tàix ).

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Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Características:
— Ponto Luo do qual partem os vasos Luo longitudinal e transversal
(conectando este com o ponto Yuan do meridiano acoplado, B64,
J nngg ).
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 2
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Medo, histeria, tristeza, neurastenia, escassez de energia, miopia
(tonificação), asma, vômitos.

RIM 5: Choe Tsiuann, 303 (Água da fonte).


Shu quán.
Localização:
— Encontra-se na face interna do calcâneo, 1 distância abaixo do
R3 (Tàix ), em uma depressão diante e acima da tuberosidade do
calcâneo.
Características:
— Ponto Xi (Geki em japonês).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 4
Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.

Indicações:
— Miopia, algias na região da pelve, prolapso uterino, diabetes, lesões
afetando o maléolo interno.

RIM 6: Tchao Hae, 304 (Mar luminoso).


Zhàoh i.

Localização:
— 0,5 distância por baixo do maléolo interno, no nível da articulação
calcâneo astragalina.

659
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Características:
— Ponto de abertura do Vaso Curioso Yinqiao.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3 a
4 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 7 vezes.

Indicações:
— Vômitos, amigdalite, prurido vulgar, regras irregulares, tosse, neu-
rastenia, tristeza, palpitações nervosas.

RIM 7: Fou Leou, 305 (Volta do fluxo).


Fùli .

Localização:
— Na face interna da perna, sobre a borda anterior do tendão de
Aquiles, 2 distâncias por cima do maléolo interno, sobre a artéria
tibial posterior.

Características:
— Ponto J ng (metal).
— Ponto de tonificação do Zu Shao Yin.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3 fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 7 vezes.
Indicações:
— Edemas nos membros, cistite, nefrite, língua seca, hemorróidas,
paralisia das pernas, hematúria.

RIM 8: Tsiao Sinn, 306 (Dar notícias).


Ji oxìn.
Localização:
— Na face interna da perna, contra a borda postero-interna da tíbia,
2 distâncias acima do maléolo interno. Acha-se obviamente na
mesma horizontal que o ponto anterior e na frente do mesmo.

660
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Características:
— Ponto do vaso curioso Yinwei.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 4
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Amenorréia, menstruações irregulares, prolapso uterino, patologia
energética urinária, suores noturnos, algias do joelho e zona renal.

RIM 9: Tchou Penn, 307 (Presentes para os casados).


Zhùb n.
Localização:
— Na face interna da perna, no nível da união da borda inferior do
gastrocnêmio interno com o tendão de Aquiles, 5 distâncias acima
do maléolo interno e a cerca de 1 distância atrás da borda poste-
rior interna na tíbia.
Características:
— Ponto de partida do Vaso Curioso Yinwei.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3 fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.
Indicações:
— Loucura, epilepsia, agressividade, hérnia, dores nas panturrilhas.

RIM 10: Inn Kou, 308 (Vale Yin).


Y ng .
Localização:
— No nível da extremidade interna da prega de flexão do joelho,
entre os tendões semitendíneo e semimembranoso.

Características:
— Ponto He (água).

661
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

— Ponto estacional, dominante ou transmissor, envia sua energia a


todos os pontos He dos meridianos Yin.
— Dele origina-se o Meridiano distinto do Rim.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 4
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Impotência, leucorréia, prurido vulvar, disúria acompanhada de
micções dolorosas, sialorréia, tuberculose intestinal, tristeza.

RIM 11: Roang Kou, 309 (Osso horizontal: púbis).


Héngg .
Localização:
— Na horizontal do Q g , VC2 (borda superior da sínfise púbica) e
0,5 distância por fora dele.
Características:
— Ponto da barreira pubiana.
— Ponto do vaso curioso Chong Mai.

662
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Modo de emprego:
— Acupuntura: proibido punturar.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Vaginismo, disúria, enurese, uretrite, espermatorréia, dores na
pelve, anemia, constipação espasmódica, dor ocular.

RIM 12: Tae Ha, 310 (Vermelho de raiva).


Dàhè.

Localização:
— Na horizontal do Zh ngjí (VC3) e 0,5 distância por fora dele.

Características:
— Ponto do vaso curioso Chong Mai.

Modo de emprego:
— Acupuntura: segundo a «Estátua de Bronze» 3 Fen e segundo «Su
Wen» 1 T’sun.
— Moxabustão: moxar 3 a 5 vezes.
Indicações:
— Conjuntivite aguda, uretrite, retração e dor no pênis, esperma-
torréia, debilidade.

RIM 13: Tsri Yue, 311 (Ponto da energia).


Qìxué.
Localização:
— Na horizontal do Gu nyuán (VC4) e 0,5 distância por fora dele.
Características:
— Ponto do vaso curioso Chong Mai.
Modo de emprego:
— Acupuntura: segundo a «Estátua de Bronze» 3 Fen e segundo «Su
Wen» 1 T’sun.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.

663
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Indicações:
— Conjuntivite aguda, diarréias contínuas, hérnia, regras irregula-
res, inflamação de ovários.

RIM 14: Seu Mann, 312 (Quatro excessos).


S m n.
Localização:
— Na horizontal do Shímén (VC5) e 0,5 distância por fora dele.
Características:
— Ponto do vaso curioso Chong Mai.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Cataratas, olhos vermelhos e dolorosos no nível da comissura in-
terna, hérnia, regras irregulares, esterilidade feminina, diarréia,
fortes dores infraumbilicais.

RIM 15: Tchong Tchu, 313 (O centro do confluente).


Zh ngzh .
Localização:
— Na horizontal do Yînjiâo (VC7) e meia distância acima dele.
Características:
— Ponto do vaso curioso Chong Mai.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 1
T’sun.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.
Indicações:
— Olhos vermelhos e dolorosos no nível da comissura interna, cata-
ratas, regras irregulares, inflamação das trompas e/ou ovários,
orquite, constipação.

664
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

RIM 16: Roang Iu, 314 («Shu» do canto da víscera).


Hu ngsh .
Localização:
— Na horizontal do umbigo, onde se situa o ponto Shénquè (VC8) e
0,5 distância por fora dele.
Características:
— Ponto do vaso curioso Chong Mai.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 1
T’sun.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.
Indicações:
— Constipação, icterícia, uretrite, pericardite, catarata, conjuntivite
aguda.

RIM 17: Chang Kou, 315 (O comerciante desonesto).


Sh ngq .
Localização:
— Na horizontal do Xiàw n (VC10) e 0,5 distância por fora dele.
Características:
— Ponto do vaso curioso Chong Mai.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 1
T’sun.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Anorexia, tristeza intensa, congestão uterina, conjuntivite aguda,
hérnia.

RIM 18: Che Koann, 316 (Barreira de pedra).


Shígu n.
Localização:
— Na horizontal do Jiànl (VC11) e 0,5 distância por fora dele.

665
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Características:
— Ponto do vaso curioso Chong Mai.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 1
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Conjuntivite aguda, vômitos, constipação, acne, dor e rigidez da
coluna lombar, dores pós-parto no nível da pélvis, esterilidade.

RIM 19: Inn Tsu, 317 (Cidade do interior).


Y nd .

Localização:
— Na horizontal do Zh ngw n (VC12) e 0,5 distância por fora dele.
Características:
— Ponto do vaso curioso Chong Mai.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Cataratas, conjuntivite aguda, dispnéia, enfermidade renal de
origem frio-calor, congestão uterina, flatulência, vômitos.

RIM 20: Trong Kou, 318 (Vale comunicante).


T ngg .

Localização:
— Na horizontal do Shagwan (VC13) e 0,5 distância por fora dele.

Características:
— Ponto do vaso curioso Chong Mai.

666
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 5 vezes.
Indicações:
— Enlouquecimento, desvio da boca, conjuntivite aguda, diarréia,
vômitos, rigidez da nuca.

RIM 21: Iou Menn, 319 (Porta da escuridão).


Y umén.
Localização:
— Na horizontal do Jùquè (VC14) e 0,5 distância por fora dele.
Características:
— Ponto do vaso curioso Chong Mai.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5
Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.
Indicações:
— Vômitos, diarréia, plentiude crônica no nível da pélvis, melancolia,
amnésia, conjuntivite, tosse, bronquite.

RIM 22: Pou Lang, 320 (Galeria de marcha).


Bùláng.
Localização:
— Sobre o 5º espaço intercostal, 2 distâncias por fora do Zh ngtíng
(VC16).
Características:
— Ponto do vaso curioso Chong Mai.
— Um ramo o liga ao Ti nchí (MC1).
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 3 a 4 Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.

667
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Indicações:
— Bronquite, obstrução nasal, falta de energia, anorexia, neuralgia
intercostal, traqueíte.

RIM 23: Chenn Fong, 321 (Selo divino).


Shénf ng.

Localização:
— Sobre o 4º espaço intercostal, 2 distâncias por fora do Shánzh ng
(VC17).

Características:
— Ponto do vaso curioso Chong Mai.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 3 a 4 Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.

Indicações:
— Abcesso no seio, anorexia, pleurite, angina pectoris, neuralgia
intercostal.

RIM 24: Ling Chu, 322 (Zona milagrosa).


Língx .
Localização:
— Sobre o 3º espaço intercostal, 2 distâncias por fora do Yùtáng
(VC18).
Características:
— Ponto do vaso curioso Chong Mai.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 3 a 4 Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.
Indicações:
— Anorexia, bronquite, obstrução nasal, tosse, vômitos, mastite, neu-
ralgia intercostal.

668
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

RIM 25: Chenn Tchang, 323 (Refúgio divino).


Shéncáng.

Localização:
— Sobre o 2º espaço intercostal, 2 distâncias por fora de Z g ng
(VC19).

Características:
— Ponto do vaso curioso Chong Mai.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 3 a 4 Fen.
— Moxabustão: moxar 5 vezes.

Indicações:
— Audição fraca, tosse, dispnéia, vômitos, neuralgia intercostal.

RIM 26: Yo Tchong, 324 (Lugar eventual).


Yùzh ng.

Localização:
— Sobre o 1º espaço intercostal, 2 distâncias por fora do Huágaì
(VC20).
Características:
— Ponto do vaso curioso Chong Mai.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 4 fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 5 vezes.
Indicações:
— Bronquite, tosse, pleurite, vômitos.

RIM 27: Tchou Fou, 326 (No palácio).


Sh f .
Localização:
— Sobre o espaço situado entre a clavícula e a primeira costela, 2
distâncias por fora do Xuánj (VC21).

669
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Características:
— Ponto do vaso curioso Chong Mai.
— Dele parte um ramo que alcança o Shou Jue Yin no nível do Ti nchí
(MC1).
— Outro vaso o liga ao «ponto nó» do eixo Shao Yin, o Liánqquán
(VC23).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 3 a 4 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 5 vezes.

Indicações:
— Dispnéia, tosse originada por afuxo energético, insônia, vômitos,
inchaço abdominal e anorexia.

FOLHA RESUMO DO ZU SHAO YIN (R)

DESCRIÇÃO DE PONTOS:
Segmento pé: 6 pontos.
R1: Na união dos terços anterior e médio da planta do pé, entre o 2º e
3º metatarsos.
R2: Depressão justamente abaixo da tuberosidade do osso navicular.
R3: Eqüidistante entre o maléolo interno e o tendão de Aquiles.
R4: 0,5 D. abaixo e atrás de R3.
R5: Na face interna do calcâneo, 1 D. abaixo de R3.
R6: 0,5 D. abaixo do maléolo interno, no nível da articulação calcâneo
astragalina.
Segmento perna: 4 pontos.
R7: Sobre a borda anterior do tendão de Aquiles, 2 D. acima do maléolo
interno.
R8: Contra a borda posterior interna da tíbia, 2 D. acima do maléolo
interno.
R9: 5 D. acima do maléolo interno e 1 D. atrás da borda posterior in-
terna da tíbia.
R10: No nível da extremidade interna de flexão do joelho, entre os ten-
dões do semitendíneo e semimembranoso.

670
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Segmento torácico abdominal: 17 pontos.


R11: Na horizontal do VC2, e 0,5 D. por fora dele.
R12: Na horizontal do VC3, e 0,5 D. por fora dele.
R13: Na horizontal do VC4, e 0,5 D. por fora dele.
R14: Na horizontal do VC5, e 0,5 D. por fora dele.
R15: Na horizontal do VC7, e 0,5 D. por fora dele.
R16: Na horizontal do VC8, e 0,5 D. por fora dele.
R17: Na horizontal do VC10, e 0,5 D. por fora dele.
R18: Na horizontal do VC11, e 0,5 D. por fora dele.
R19: Na horizontal do VC12, e 0,5 D. por fora dele.
R20: Na horizontal do VC13, e 0,5 D. por fora dele.
R21: Na horizontal do VC14, e 0,5 D. por fora dele.
R22: Sobre o 5º espaço intercostal, 2 D. por fora de VC16.
R23: Sobre o 4º espaço intercostal, 2 D. por fora de VC17.
R24: Sobre o 3º espaço intercostal, 2 D. por fora de VC18.
R25: Sobre o 2º espaço intercostal, 2 D. por fora de VC19.
R26: Sobre o 1º espaço intercostal, 2 D. por fora de VC20.
R27: No espaço situado entre a clavícula e a 1ª costela, 2 D. por fora
do VC21.

671
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

672
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

673
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

MERIDIANO PRINCIPAL DO MESTRE


DO CORAÇÃO SHOU JUE YIN

GENERALIDADES

SEU VERDADEIRO NOME – PLANO ENERGÉTICO


Sua denominação clássica é Shou Jue Yin, pois constitui o ramo su-
perior (Tsou) do plano «dobradiça» (ou intermediário) dos meridianos
Yin, isto é, do Jueyin (cujo segmento inferior é integrado pelo canal do
Fígado, Zu Jue Yin).

NÚMERO DE PONTOS: 9 (bilaterais).


MERIDIANO ACOPLADO: Shou Shao Yang (Meridiano Principal do
Triplo Aquecedor).
CORRENTE ENERGÉTICA RONG:
— Sentido: centrífugo.
— Horário de máxima energia: 19 – 21 h. (Hora Sui).
— Lei meio-dia – meia-noite: Seu oposto é o Zu Yang Ming (E).
— Ordem: Lhe precede no circuito diário o Zu Shao Yin (R), lhe segue
o Shou Shao Yang (TA).
— Proporção energia (Qi) – sangue (Xue): O plano Jueyin possui mais
sangue (Xue) que energia (Qi), portanto, quando o procedimento
é para dispersar se poderão sangrar seus pontos.

PULSOLOGIA:
— Posição do pulso radial: Pulso direito, pé, profundo.
— Posição do pulso revelador: Não há.
— Tomada de níveis energéticos: MC7, Dàlíng.
— Lei esposo-esposa: Pelo que ao pulso se refere, o Shou Jue Yin (MC)
desempenha o papel de «esposa» com relação ao Zu Shao Yin (R)
localizado na posição análoga contralateral.

674
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

PENTACOORDENAÇÃO (Correspondências):
— Movimento: Fogo.
— Víscera acoplada: Triplo Aquecedor.
— Estação: Verão.
— Energia cósmica: Calor.
— Direção: Sul.
— Controle sobre: Vasos linfáticos.
— Astros: Marte, Sol.
— Sentimento: Alegria.
— Expressão sonora: Riso.
— Conteúdo sutil: Mental.
— Sentido: Tato, palavra.
— Secreção: Suor.
— Sabor: Amargo.
— Odor: Queimado.
— Cor: Vermelho.
— Nota musical: La.
— Alimento vegetal: Trigo.
— Alimento animal: Frango.
— Ciclo Sheng: Segundo este, é filho da madeira (F) e mãe da terra
(BP).
— Ciclo Ke: Segundo este, é regulado pela água (R) e por sua vez
regula ao metal (P).

PONTOS PRINCIPAIS:
— Mu: VC17, Sh nzh ng.
— Shu dorsal ou de assentimento: B14, Juéy nsh .
— Nó: VC18, Yùtáng.
— Acelerador: F2, Xíngji n.
— Arraste: MC9, Zh ngch ng.
— Raiz: F1, Dàd n.
— Luo: MC6, Neìgu n.
— Luo de grupo: MC5, Ji nsh .
— Yuan: MC7, Dàlíng.
— Xi: MC4, Xìm n.
— Reunião: F13, Zh ngmén.
— Tonificação: MC9, Zh ngch ng.
— Sedação: MC7, Dàlíng.
— Estacional, dominante ou transmissor: MC8, Láol ng.

675
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

PONTOS PARTICULARES:
— MC7, Dàlíng. Ponto a usar preferencialmente ao Shénmén (C7)
quando se pretende sedar o Shou Shao Yin.

SHU ANTIGOS:
— Jing – Poço: MC9, Zhôngchông.
— Ying: MC8, Láolông.
— Shu: MC7, Dàlíng.
— Jîng – Rio: MC5, Ji nsh .
— He: MC3, Qûzé.

ESTUDO GERAL DO TRAJETO:


• Trajeto profundo:
— Nasce no envoltório do coração (MC).
— Ganha o ponto VC17, Sh nzh ng.
— Atravessa o diafragma e se ramifica no Triplo Aquecedor.
— Um ramo ou vaso parte do VC17 (Sh nzh ng) segue a parede in-
terna do tórax no nível do 4º espaço intercostal e emerge 1 distân-
cia por fora do mamilo no ponto MC1, Ti nchí.
• Trajeto superficial:
— Ascende pelo tórax entre os meridianos do E e BP.
— Contorna a fossa axilar e segue a linha média da face anterior
do braço e antebraço, circulando entre os meridianos do P e C.
— Alcança o centro da palma da mão.
— Termina na extremidade do dedo médio (MC9, Z ngch ng).

OUTROS VASOS SECUNDÁRIOS E CONEXÕES:


O sistema de vasos Luo Transversais acopla aos Meridianos do Mes-
tre do Coração e Triplo Aquecedor, unindo Dàlíng, MC7 (Yuan) e
Wàigu n, TA5 (Luo) por um lado, e Yángchí, TA4 (Yuan) e Neìgu n, MC6
(Luo) por outro.
Dois ramos ligam ao Zu Shao Yin (R) e Shou Jue Yin (MC), uma atra-
vés de seus pontos Bìláng (R22) e Ti nchí (MC1) e outra unindo este último
ao R27, Sh f .
O Ti nchí é, além disso, local de encontro com o Zu Jue Yin (F), Zu
Shao Yang (VB) e Shou Shao Yang (TA).
Do centro da palma da mão (MC8, Láog ng) parte um vaso que se
dirige à extremidade do dedo anular (TA1, Gu nchong).

676
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

AÇÃO GERAL:
Ainda que esta função energética, que se denomina Mestre do Cora-
ção, tenha uma participação decisiva no que se refere à circulação san-
guínea e saúde genital, a maior relevância lhe é atribuída pelo seu tra-
balho de proteção frente a possíveis agressões sobre a estrutura energética
cardíaca e por sua ação sobre a coordenação geral das energias Shen.
Ver 5º capítulo sobre a ação geral e relações energéticas desta U.E.

SEMIOLOGIA (MC)
ZHEN JIU DA CHENG, de YANG CHI CHOU. Livro III, enunciado 55:
«Transtornos do meridiano:
— Perturbações de origem interna: sensação de calor na palma da
mão, dor e contratura do braço e cotovelo, inflamação axilar. Em
casos graves: plenitude e dor torácica, inquietação ou taquicardia,
risos sem motivo, esclerótida amarela, face vermelha.
— Perturbações de origem externa: ansiedade, precordialgia, calor
na palma da mão».
MU JING, de WANG CHOU HO. Livro capítulo XVII.
«Achando-se o Yin em excesso, o meridiano Shou Jue Yin está em ple-
nitude. É sinal de ataque da doença chamada «da obstrução», cujas
manifestações clínicas são:
— Disúria.
— Inchaço abdominal.
— Peso nos membros.
— Aerogastria.
Achando-se o Yin em insuficiência, o meridiano Shou Jue Yin está em
vazio. É sinal de ataque da enfermidade nervosa:
— Medo.
— Tristeza.
— Mal-estar e dores epigástricas.
— Disartria.
— Sensação de frio no coração.
— Enlouquecimento».
NEI JING LING SHU. Capítulo X:
«Alterações:
O enfermo tem a impressão de calor no coração; o braço e o cotove-
lo estão contraturados, a axila está inflamada. Se os transtornos são

677
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

graves existe plenitude no peito e nas costas, o coração está muito agi-
tado, a face está rubra, as conjuntivas estão amarelas, o enfermo está
muito alegre e ri. O Mestre do Coração rege todas as artérias.
Sintomas: dores ou mal estar do coração, calor na palma da mão.
Se há plenitude, o pulso Tsri Hao é uma vez mais intenso que o de
Ran Ying. Se há vazio, o pulso de Tsri Hao é menos intenso que o de
Ran Ying».

NAN JING, de PIENN TSIAO (dificuldade nº 24):


«Esgotamento da energia do MC:
Quando isso sucede, a circulação energética está entorpecida. As
alterações da circulação sanguínea implicam as do líquido orgânico em
todo corpo, manifestadas pela perda de vitalidade e frescor da pele, daí
os diferentes matizes de tez vermelha (vermelha-escura, vermelha-ama-
relada).
Essa alteração das tonalidades é um sinal mortal de esgotamento do
sangue».

SINTOMATOLOGIA DE VAZIO (XU) E PLENITUDE (SHI)


De acordo com a função descrita o MC pode nos dar os seguintes
sinais:
a) Relativos à sua ação somática:
— Opressão torácica e agitação cardíaca.
— Dores surdas na área esternal.
— Insônia (Plenitude).
— Hipertermia.
— Hipertensão.
— Face vermelha e tendência à congestão.
— Cefaléias congestivas.
— Halitose.
b) Relativos à sua ação psíquica:
— Estados coléricos e agressividade.
— Risos e explosões jocosas sem motivo.
— Superexcitação sexual.
— Excessiva emotividade e preocupação.
— Necessidade de desgaste físico.
— Ausência de medos.
— Prefere a noite e a escuridão.

678
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

SINTOMAS DE VAZIO (XU)


a) Relativos à sua ação somática:
— Palpitações noturnas.
— Insônia (vazio) e depressão.
— Sensação de frio.
— Hipotensão.
— Face pálida e tendência à lipotimia.
— Debilidade, lassidão, fadiga.
— Rigidez de garganta e nuca.
b) Relativos à ação psíquica:
— Apreensão e medo, sobretudo noturno.
— Impotência e indiferença sexual.
— Falta de energia e caráter fraco.
— Frigidez e idealização amorosa.
— Detesta a escuridão e a noite.

679
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

O XIN BAO
(Mestre do Coração)
(Zhen Jiu Da Cheng de Yang Jizhou, 1983)

680
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

MERIDIANO PRINCIPAL DO MESTRE


DO CORAÇÃO SHOU JUE YIN

NÚMERO DE PONTOS: 9
MC1, Tienn Tcheu, 326, Ti nchí (Reservatório celeste).
MC2, Tiénn Tsiuann, 327, Ti nquán (Fonte celeste).
MC3, Kou Tché, 328, Q zé (Pântano sinuoso).
MC4, Tsri Menn, 329, Xìmén (Porta da profundeza).
MC5, Tsiann Tche, 330, Ji nsh (Febre com recursos).
MC6, Nci Koann, 331, Neìgu n (Barreira interna).
MC7, Tae Ling, 332, Dàlíng (Grande cercado).
MC8, Io Kong, 333, Láog ng (Palácio do trabalho).
MC9, Tchong Tchrong, 334, Zh ngch ng (Meio assalto).

DESCRIÇÃO:
MESTRE DO CORAÇÃO 1: Tienn Tcheu, 326 (Reservatório celeste).
Ti nchí.

Localização:
— Uma distância por fora do mamilo (E17, R zh ng) no nível do 4º
espaço intercostal e na borda inferior ou externa do músculo
peitoral maior.

Características:
— Ponto pertencente ao grupo «Pequenas janelas-do-céu».
— Ponto de nascimento do Meridiano Distinto correspondente.
— A ele chegam ramos secundários que brotam do Zu Shao Yang e
do Zu Jue Yin.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 2 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

681
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Indicações:
— Hipogalactia, dores nos hipocôndrios, adenite na axila, hiper-
tensão, mastite.

MESTRE DO CORAÇÃO 2: Tienn Tsiuann, 327 (Fonte celeste).


Ti nquán.
Localização:
— Na face anterior do braço, entre os dois feixes do músculo biceps
braquial, 2 distâncias abaixo da extremidade superior da prega
axilar anterior e 7 acima da prega de flexão do cotovelo.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 6
Fen.
— Moxabustão: moxar 6 vezes.

Indicações:
— Algias na face interna do braço, diabete, tosse, prolapso e/ou
congestão uterina, ambliopia, náuseas.

MESTRE DO CORAÇÃO 3: Kou Tché, 328 (Pântano sinuoso).


Q zé.
Localização:
— No nível da prega de flexão do cotovelo, sobre a borda interna
(cubital) do tendão do músculo biceps braquial.
— Para localizá-lo é necessário flexionar o braço.
Características:
— Ponto He (água) do Shou Jue Yin.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen, ou sangrar.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Febre, bronquite, temor, dor no cotovelo e braço, angina no peito,
secura na boca.

682
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

MESTRE DO CORAÇÃO 4: Tsri Menn, 329 (Porta da profundeza).


Xìmén.
Localização:
— Na linha média da face anterior do antebraço, entre os tendões dos
músculos palmar maior e palmar menor e sobre o músculo flexor
radial do carpo. Encontra-se 7 distâncias abaixo da prega de flexão
do cotovelo e 5 distâncias acima da prega de flexão do pulso.
Características:
— Ponto Xi (Geki em japonês) do Shou Jue Yin.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Enfermidades do coração, mastite, histeria, neurastenia, epistaxe.

MESTRE DO CORAÇÃO 5: Tsiann Tche, 330 (Febre com recursos).


Ji nsh .
Localização:
— Na linha média da face anterior do antebraço, entre os tendões
dos músculos palmar maior e menor e sobre o músculo flexor
radial do carpo, 3 distâncias acima da prega de flexão do pulso.
Características:
— Ponto J ng (metal) do Shou Jue Yin.
— Ponto Luo de grupo dos Jing Mu (Meridianos Principais) Yin do
braço.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3 a
6 Fen.
— Moxabustão: moxar 5 a 7 vezes.
Indicações:
— Neurastenia, esquizofrenia, faringite, angina pectoris, febre e, em
geral, enfermidades tantas quantas se derivem de um ataque de
calor perverso.

683
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

MESTRE DO CORAÇÃO 6: Nei Koann, 331 (Barreira interna).


Neìgu n.
Localização:
— Na linha média da face anterior do antebraço, entre os tendões
dos músculos palmar maior e menor e sobre o músculo flexor
radial do carpo. Encontra-se 7 distâncias abaixo da prega de flexão
do cotovelo e 2 distâncias acima da prega de flexão do pulso.
Características:
— Ponto Luo do qual partem os dois vasos Luo Longitudinal e Trans-
versal (conectando-se este último com o ponto Yuan do meridiano
acoplado, TA4, Yángchí).
— Ponto de abertura do Vaso Curioso Yinwei.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Transtornos psíquicos, epilepsia, angina pectoris, palpitações, he-
morragia subconjuntival, gengivite, vômitos, icterícia.

MESTRE DO CORAÇÃO 7: Tae Ling, 332 (Grande cercado).


Dàlíng.
Localização:
— No centro da prega de flexão do pulso, entre os tendões dos mús-
culos palmar maior e menor já mencionados.
Características:
— Ponto Shu-Yuan (terra) que recebe o vaso Luo Transversal proce-
dente de Wàigu n (TA5).
— Ponto de sedação do Shou Jue Yin.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5 a
6 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Enfermidades cardíacas, problemas psíquicos, febre, epilepsia,
hematêmese, gastrite, adenite axilar, furúnculos.

684
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

MESTRE DO CORAÇÃO 8: Io Kong, 333 (Palácio do trabalho).


Láog ng.
Localização:
— No centro geométrico da mão, sobre a prega de flexão palmar me-
nor ou proximal (linha da cabeça).
— Forma de localizá-lo: flexionando os dedos sobre a palma da mão,
o ponto se encontrará entre os dedos médio e anular.

Características:
— Ponto Ying (fogo).
— Ponto dominante, estacional ou transmissor que, como todos os
dominantes transmite sua energia aos pontos de mesma
denominação e polaridade (neste caso aos Ying dos Yin).
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 2 a
3 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

MESTRE DO CORAÇÃO 9: Tehong Tchong, 334 (Meio assalto).


Zh ngch ng.
Localização:
— Cerca de 1 Fen (2 milímetros aproximadamente) por trás e por
fora do ângulo ungueal externo do dedo médio.
Características:
— Ponto Jing (madeira) do Shou Jue Yin.
— Ponto de tonificação.
— Ponto de nascimento do Meridiano Tendino-muscular corres-
pondente.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 1
Fen. Pode-se também sangrar.
— Moxabustão: segundo Ming Tang, moxar 1 vez e segundo a
«Estátua de bronze» é proibido moxar.
Indicações:
— Febre, cefaléia, congestão cerebral, coma, temor, angina pectoris.

685
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

FOLHA RESUMO DO SHOU JUE YIN (MC)

DESCRIÇÃO DE PONTOS:
Segmento tórax: 1 ponto.
MC1: 1 D. por fora do mamilo (E17).
Segmento braço: 2 pontos.
MC2: Na cara anterior do braço, 2 D. abaixo da prega axilar anterior.
MC3: Prega de flexão do cotovelo, sobre a borda interna do tendão do
bíceps braquial.
Segmento antebraço: 4 pontos.
MC4: Linha média da face anterior do antebraço, 5 D. acima da prega
de flexão do pulso.
MC5: Na mesma linha que o MC4, 3 D. acima da prega de flexão do
pulso.
MC6: Na mesma linha que o MC4, 2 D, acima da prega de flexão do
pulso.
MC7: No centro da prega de flexão do pulso.
Segmento mão: 2 pontos.
MC8: Centro geométrico das mãos, no nível da prega de flexão palmar
menor ou proximal.
MC9: Ângulo ungueal externo do dedo médio.

686
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

687
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

688
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

689
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

MERIDIANO PRINCIPAL DO TRIPLO AQUECEDOR


SHOU SHAO YANG

GENERALIDADES
SEU VERDADEIRO NOME – PLANO ENERGÉTICO
Sua denominação clássica é Shou Shao Yang, pois constitui o ramo
superior (Shou) do plano «dobradiça» (ou intermediário) dos meridianos
Yang, isto é, do Shao Yang (cujo segmento inferior está integrado pelo
canal da Vesícula Biliar, Zu Shao Yang).

NÚMERO DE PONTOS: 23 (bilaterais).


MERIDIANO ACOPLADO: Shou Jue Yin (Meridiano Principal do Mestre
do Coração).
CORRENTE ENERGÉTICA RONG:
— Sentido: Centrípeto.
— Horário de máxima energia: 21 – 23 h (hora Rae).
— Lei meio-dia – meia-noite: Seu oposto é o Zu Tai Yin (BP).
— Ordem: Lhe precede no circuito diário o Shou Jue Yin (MC), lhe
segue o Zu Shao Yang (VB).
— Proporção energia (Qi) – sangue (Xue): O plano Shao Yang possui
mais energia que sangue, por isso ao dispersá-lo se evitará san-
grar seus pontos.

PULSOLOGIA:
— Posição do pulso radial: Pulso direito, pé, superficial.
— Posição do pulso revelador: TA21, Ermén.
— Tomada de níveis energéticos: TA4, Yángchí.
— Lei esposo – esposa: Pelo que ao pulso se refere, o Shou Shao Yang
possui o papel de «esposa» com relação ao Zu Tai Yang (B), loca-
lizado na posição análoga contralateral.

690
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

PENTACOORDENAÇÃO (Correspondências):
Por pertencer ao Movimento Fogo, suas correspondências são simi-
lares às descritas para o Mestre do Coração (seu meridiano e função
energética acoplada), porém estão sujeitas aos matizes derivados do
caráter Yang:
— Ciclo Sheng: Segundo este, é filho da Madeira (VB) e mãe da terra
(E).
— Ciclo Ke: Segundo este é destruído pela Água (B) e, por sua vez,
destrói ao Metal (IG).

PONTOS PRINCIPAIS:
— Mu: VC5, Shímén, TA.
VC7, Y nj ao. TA inferior.
VC12, Zh ngw n. TA médio.
VC17, Sh nzh ng. TA superior.
— Shu dorsal ou de assentimento: B22, S nji osh .
— Nó: VB2, T nghuì.
— Raiz: VB44, Qiàoy n.
— Acelerador: TA6,Zh g u.
— Arraste: VB44, Qiàoy n.
— Luo: TA5, Wàigu n.
— Luo de grupo: TA8, S nyángluò.
— Yuan: TA4, Yángchí.
— Xi: TA7, Huìz ng.
— Reunião: VC12, Zh ngw n.
— Tonificação: TA3, Zh ngzh .
— Sedação: TA10, Ti nj ng.
— Estacional, dominante ou transmissor: TA6, Zh g u.
— Abertura de vaso regulador: TA5, Wàigu n. Yang Wei.
— Janela-do-céu: TA16, Ti ny u.

SHU ANTIGOS:
— Jing – Poço: TA1, Guanchóng.
— Ying: TA2, Yèmén.
— Shu: TA3, Zh ngzh .
— Yuan: TA4, Tángchi.
— Jîng – Rio: TA6, Sh g u.
— He: TA10, Ti nj ng.

691
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

ESTUDO GERAL DO TRAJETO DO MERIDIANO:


• Trajeto superficial:
— Começa na extremidade do 4º dedo da mão (anular).
— Segue a borda interna do citado dedo.
— Circula pelo dorso da mão entre o 4º e 5º metacarpos.
— Ascende pela face posterior do antebraço e braço.
— Alcança a face posterior do ombro.
— Cruza o meridiano da VB.
— Alcança a fossa supraclavicular (E12, Qu pén), aonde se interioriza.
• Trajeto profundo:
— Penetra no tórax.
— Alcança o VC17 (Sh nzh ng) onde se conecta com o envoltório
do coração (MC).
— Atravessa o diafragma.
— Termina no nível do TA (superior, médio e inferior).
Um vaso parte do VC17 (Sh nzh ng):
— Alcança a região supraclavicular, onde se exterioriza.
— Sobe ao pescoço, conectando-se com o VG14 (Dàzh i).
— Alcança a região retroauricular (TA17, Yíf ng) e neste local se di-
vide em dois ramos:
Um ramo que:
— Contorna a orelha até em cima.
— Descende à bochecha.
— Alcança o maxilar inferior.
— Termina na região infraorbitária.
Outro que (ramo auricular):
— Penetra no interior do ouvido.
— Reaparece diante do mesmo (TA21, Ermén).
— Contorna o maxilar inferior.
— Alcança a bochecha (onde se cruza com o ramo interior).
— Alcança a extremidade da ponta da sobrancelha (TA23, S zhú-
k ng).
— Termina no ângulo externo da órbita, onde se une ao meridiano
da VB.

692
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

ESTUDO DO TRAJETO DO TRIPLO AQUECEDOR (FUNÇÃO):


Segundo o Nei Jing (capítulo 18), existem três aquecedores:
• O TA superior: Começa no orifício superior do estômago, atravessa
o diafragma, se expande no peito, vai à axila, passa pelos pontos P2
(Yúnmén) e P1 (Zh ngf ), entra depois no meridiano no IG, passa pelos
pontos IG17 (Ti nd ng) e IG18 (Fút ), alcança a língua e descende pelo
meridiano do E.
Este TA superior é percorrido pela energia Rong que efetua 25 voltas
no Yang e 25 voltas no Yin, e vai terminar no meridiano do pulmão
depois de haver efetuado um ciclo completo.
• O TA médio: Começa ingualmente no nível do estômago, atrás do
TA superior. Sua função é tomar a quintessência da energia dos ali-
mentos, deixando de lado o resíduo, para levá-la aos pulmões onde
a transforma em sangue que alimenta assim todo o organismo. É por
isso que se chama energia Rong, que quer dizer nutrícia. Dos três
aquecedores (superior, médio e inferior) somente o TA médio circula
nos meridianos.
• O TA inferior: nasce no nível do orifício inferior do estômago. Os
alimentos, uma vez digeridos, seguem o trajeto do TA inferior para
terminar finalmente na bexiga».

OUTROS VASOS SECUNDÁRIOS E CONEXÕES:


O sistema de vasos Luo Transversais acopla aos meridianos do TA e
MC unindo TA4, Yángchí (Yuan) e MC6, Nèigu n (Luo) por um lado,
MC7, Dàlíng (Yuan) e TA5, Wáiguân (Luo) por outro.
Com o vaso curioso Yang Wei comunica o Meridiano Principal do TA
no nível dos pontos:
— Wàigu n, TA5. Ponto de abertura deste Meridiano Curioso.
— Nàohuì, TA13.
— Ti nliáo, TA15. Lugar de encontro com o Zu Shao Yang.
Liga-se com o Shou Yang Ming (IG) e o Shou Tai Yang (ID) no
S nyángluò (TA8), ponto que abarca a função «Luo de Grupo». Volta a
se encontrar com o M.P. do ID no TA21 (Ermén), onde chega também
o Zu Shao Yang.
Outras anastomoses com o canal da Vesícula Biliar acontecem em:
— Hànyàn, VB4. Local de convergência também para Zu e Shou Yang
Ming.
— Xuánlú, VB5. Ponto de relações idênticas às do VB4.

693
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

— Xuánlí, VB6. Relações idênticas às do VB4.


— Qiàov n, VB11. Conexão também com o Zu Tai Yang (B).
— Yángbái, VB14. Local de encontro também com o Yang Wei, Zu
Yang Ming e Shou Yang Ming.
— F ngchí, VB20. Elo do vaso curioso Yang Wei.
— Ji nj ng, VB21. Elo do vaso curioso Yang Wei.
Encontros sobre o Zu Yang Ming:
— Qu pén, E12. Local de passagem também para o Shou Yang Ming
(IG) e Shou Tai Yang (ID), Zu Shao Yang (VB) e Meridianos Dis-
tintos do TA, IG e P.
— Qìhú, E13. Local de passagem também para Shou Yang Ming (IG)
e Shou Tai Yang (ID).
Com o Zu Tai Yang (B) relaciona-se através dos pontos:
— T ngti n, B7. Do qual parte um vaso que alcança o Ji os n (TA20).
— W iyáng, B39. «Ho de ação especial» do TA.
No que diz respeito ao Vaso Governador, o Shou Shao Yang envia
um vaso ao ponto Bãihuì (Cem Reuniões, VG20). A ele chegam todos
os meridianos Yang do corpo.

AÇÃO GERAL.
Acerca do San Jiao (TA), diz o Mu Jing (clássico dos pontos):
«O corpo humano está dividido em três zonas energéticas: zona do
Aquecedor Superior, zona do Aquecedor Médio e zona do Aquecedor
Inferior. A parte do corpo que se extende desde a cárdia até o final da
língua, passando pelo tórax, o coração e o pulmão se encontra no aque-
cedor Superior.
A parte que se extende desde a cárdia ao piloro, incluída a zona alta
do abdomem, o estômago e o baço, se encontra no limite do Aquecedor
Médio.
A parte que se extende desde o piloro até o aparelho genito-urinário
acha-se no limite do Aquecedor Inferior».
O Triplo Aquecedor é o responsável pelo metabolismo energético
humano. A ele se deve a formação da energia Wei e Rong. De sua har-
monia dependem a função nutrícia e defensiva, em definitivo, a saúde
global do indivíduo.
Ver desenvolvimento da ação geral e relações desta UE no 5º capítulo.

694
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

SEMIOLOGIA (TA)
NEI JING LING SHU, Capítulo X:
«As alterações da energia do meridiano do TA provocam os seguin-
tes sintomas: surdez, amigdalite, suores abundantes, dores no ângulo
externo do olho, inchaço das bochechas, dores por diante da orelha, nos
ombros, na parte superior do braço, na parte externa no cotovelo e do
braço, paralisia do mínimo e do anular».

NEI JING LING SHU, Capítulo XIII:


«Poderão igualmente notar-se contraturas nos músculos por onde
passa este meridiano e na língua».

NEI JING LING SHU, Capítulo XXI:


«Se há parada da circulação de energia no meridiano, há que punturar
o ponto «janela-do-céu». Os sintomas são então os seguintes: o enfer-
mo se torna bruscamente surdo e diminui sua agudeza visual. Há que
punturar o ponto «janela-do-céu» do meridiano: Ti ny u (TA16).
Quando o TA está afetado, há que punturar igualmente o ponto «He»
deste meridiano na presença dos seguintes sintomas: plenitude no ven-
tre, o baixo ventre está duro (contraído), há anúria, às vezes edema.
Podem encontrar-se sintomas anormais no trajeto dos meridianos Tai
Yang (ID e B) e Shao Yang (TA e VB). Neste caso, é preciso punturar o
ponto Weiyáng (B39) que é o ponto «He» do meridiano do TA» (Roé).

ZHEN JIU DA CHENG, de YANG CHI CHOU. Livro III, enunciado 55:
«Transtornos do meridiano:
— Perturbações de origem interna: surdez, inflamação e dor na faringe.
— Perturbações de origem externa: suor, sensação de calor atrás da
orelha e na comissura externa do olho, dor no ombro, no braço e
no cotovelo, impossibilidade de mover o mínimo e o anular».

ZHEN JIU DA CHENG, de YANG CHI CHOU. Enunciado 101:


«Os sinais de estase energética são:
— Surdez.
— Acúfenos.
— Dor e inflamação da faringe.
— Cervicalgia.

695
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Os sinais de estase sanguínea são:


— Hiperidrose.
— Algia da comissura externa do olho.
— Neuralgia facial com irradiação retroauricular, escapular e braquial
até a face antero-externa (anatomia energética) do antebraço.
— Rigidez do 4º e 5º dedo da mão.
No caso de plenitude, o pulso Ran Ying (carotídeo) é maior que o pulso
Tsri Hao (radial).
No caso de vazio, o pulso Ran Ying (carotídeo) é menor que o Tsri
Hao (radial)».

TRATADO GERAL DE ACUPUNTURA DE YAN:


«Nas alterações da energia do TA e do MC, encontram-se todos os
sintomas de plenitude, de Yang, divagação, afonia brutal, convulsões,
anginas, acúfenos, alterações da visão, inflamação nos tornozelos».

TRATADO GERAL DE ACUPUNTURA DE YAN:


«No primeiro estágio da enfermidade, o enfermo apresenta anginas,
surdez.
No segundo estágio, dores no ângulo externo do olho, dores retroauri-
culares (mastoidites); dores nas bochechas, no cotovelo, e no ombro.
Em caso de plenitude: o pulso de Ran Ying (carotídeo) é uma vez mais
amplo que o Tsri Hao (radial).
Em caso de vazio: o pulso de Ran Ying (carotídeo) é mais fraco que
o pulso Tsri Hao (radial)».

SINTOMAS DE VAZIO (XU)


— Tendência ao frio.
— Psicoastenia e debilidade física.
— Lassidão de membros.
— Sonolência.
— Digestões lentas.
— Passividade e lentidão.
— Depressões.
— Hipotensão.
— Afetação excessiva dos elementos climatológicos.
— Calafrios freqüentes.

696
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

SINTOMAS DE PLENITUDE (SHI)


— Hiperatividade e contração.
— Insônia e tensão nervosa.
— Inapetência e emagrecimento.
— Hipertensão nervosa.
— Tremores, agitação e tiques.
— Acúfenos e hipoacusia.
— Enxaquecas e hemicranias temporais.

ALTERAÇÕES NO TRAJETO
— Reação do Shao Yang às agressões de tipo exógeno (Energia per-
versa) e endógeno (fatores dietéticos e causas psicoafetivas fun-
damentalmente).
— Dor e parestesia ao longo do percurso.
— Alterações no movimento do 4º e 5º dedo da mão.
— Sudez e acúfenos.
— Cefaléias temporais.

697
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

698
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

MERIDIANO PRINCIPAL DO TRIPLO AQUECEDOR


SHOU SHAO YANG

NÚMERO DE PONTOS: 23

TA1, Koang Tchong, 335, Gu nch ng (Barreira do assalto).


TA2, Hi Menn, 336, Yémén (Porta do líquido).
TA3, Tchong Tchou, 337, Z ngzh (Centro do charco).
TA4, Yang Theu, 338, Yángchí (Reservatório do Yang).
TA5, Oae Koann, 339, Waìgu n (Barreira externa).
TA6, Tsi Kao, 340, Zh g u (Ramificação do sulco).
TA7, Roe Tsong, 341, Huìz ng (Reunião dos antepasados).
TA8, San Yang Lo, 342, S nyángluò (Reunião dos Luo dos 3 Yang).
TA9, Seu Tou, 343, Sìdú (Quatro rios).
TA10, Tienn Tsing, 344, Ti nj ng (Poço celeste).
TA11, Tching Lang Iuann, 345, Q ngl ngyu n (Formosura do abismo).

TA12, Si oluò, 346, Xiaoluo (Fundir metal).


TA13, No Roe, 347, Naòhuì (Parte superior do braço).
TA14, Tsiann Liou, 348, Ji nliáo (Osso de controle).
TA15, Tienn Liou, 349, Ti nliáo (Osso celeste).
TA16, Tienn Iou, 350, Ti ny u (Janela do céu).
TA17, I Fong, 351, Yíf ng (Vento escondido).
TA18, Tchi Mo, 352, Qìmaì (Contratura dos vasos).
TA19, Tou Tcheu, 353, Lúx (Fontanelas oprimidas).
TA20, Tsiao Soun, 354, Ji os n (Ângulo descendente).
TA21, Eu Menn, 355, Ermén (Porta do ouvido).
TA22, Roa Liou, 356, Héliáo (Harmonia óssea).
TA23, Seu Tchou Rong, 357, S zhúk ng (Bambú vazio).

699
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

DESCRIÇÃO:
TRIPLO AQUECEDOR 1: Koang Tchong, 355 (Barreira do assalto).
Gu nch ng.

Localização:
— Cerca de 1 Fen (2 milímetros aproximadamente) atrás e por den-
tro do ângulo ungueal interno do dedo anular da mão.

Características:
— Ponto Jing (metal) (Ting) do Shou Shao Yang.
— Local de origem para o meridiano tendino-muscular correspon-
dente.
— Ponto no qual desemboca o ramo procedente do Láog ng (MC8).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 1 Fen, ou
sangrar.
— Moxabustão: moxar 1 a 3 vezes.
Indicações:
— Náuseas, paralisia do membro superior, febre, cefaléia, opacidade
da córnea, acúfenos, surdez, insônia.

TRIPLO AQUECEDOR 2: Hi Menn, 336 (Porta do líquido).


Yèmén.
Localização:
— Na face dorsal da mão, imediatamente distal à articulação meta-
carpo-falângica do 4º dedo da mão, 0,5 distância atrás da prega
interdigital entre o 4º e 5º dedos da mão.
— Forma de localizá-lo: ao fechar o punho, o ponto fica na frente
dos nós dos dedos.
Características:
— Ponto Ying (água).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 2 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

700
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Indicações:
— Surdez, amigdalite, cefaléia, paralisia do cotovelo e/ou antebraço,
temor.

TRIPLO AQUECEDOR 3: Tchong Tchou, 337 (Centro do charco).


Zh ngzh .

Localização:
— Na face dorsal da mão, no 4º espaço interdigital, imediatamente
proximal à articulação metacarpo-falângica do dedo anular, uma
distância atrás do TA2 (Yèmén).
— Forma de localizá-lo: ao fechar o punho, o ponto fica atrás do nó
dos dedos.

Características:
— Ponto Shu (madeira) do Shou Shao Yang.
— Ponto de tonificação.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 2 a
3 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Cefaléias, transtornos da audição, amigdalite, vertigem, paralisia
de qualquer segmento do membro superior, depressão.

TRIPLO AQUECEDOR 4: Yang Tcheu, 338 (Reservatório do Yang).


Yángchí.

Localização:
— Na prega de flexão dorsal do pulso, em uma depressão entre os
tendões do extensor comum dos dedos e do extensor próprio do
5º dedo.

Características:
— Ponto Yuan, que recebe o vaso Luo Transversal procedente do
Nèigu n (MC6).

701
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 2
Fen.
— Moxabustão: o «Su Wen» recomenda moxar 3 vezes e a «Estátua
de Bronze» proíbe moxá-lo.

Indicações:
— Algias do membro superior, diabetes.

TRIPLO AQUECEDOR 5: Oae Koann, 339 (Barreira externa).


Wàigu n.

Localização:
— Encontra-se na metade da face dorsal do antebraço, entre cúbito
e rádio, 2 distâncias acima da prega de flexão do pulso (Yángchí,
TA4).

702
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Características:
— Ponto Luo, do qual partem os dois vasos Luo Longitudinal e Trans-
versal (conectando este último com o ponto Yuan do meridiano aco-
plado, MC7, Dàlíng).
— Ponto de abertura, ou ponto chave, do Meridiano Curioso Yang
Wei.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 2 a 3 vezes.

Indicações:
— Enfermidades dos ouvidos e dos olhos, cefaléia, odontalgia,
paralisia do braço, febre, trismo.

TRIPLO AQUECEDOR 6: Tsi Kao, 340 (Ramificações do sulco).


Zh g u.

Localização:
— Encontra-se na metade da face dorsal do antebraço, entre cúbito
e rádio, 3 distâncias acima da prega de flexão do pulso (Yángchí,
TA4).

Características:
— Ponto J ng (fogo) (King).
— Ponto estacional, dominante ou transmissor, que como todos os
dominantes transmite sua energia a todos os pontos de sua mesma
denominação e polaridade (neste caso aos Jing dos Yang).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 2 a
3 Fen.
— Moxabustão: moxar 3, 5 ou até 27 vezes segundo os diferentes
autores.

Indicações:
— Vômitos, constipação, paralisia dos braços, trismo, gripe, febre,
pleurite.

703
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

TRIPLO AQUECEDOR 7: Roe Tsong, 341 (Reunião dos antepassados).


Huìz ng.

Localização:
— Encontra-se na face dorsal do antebraço, na altura do TA6 (Zh g u)
e 1 distância por dentro do mesmo (em direção à ulna).

Características:
— Ponto Xi (Geki em japonês).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5
Fen, ainda que o «Su Wen» proiba punturá-lo.
— Moxabustão: moxar 5 a 7 vezes.

Indicações:
— Angina pectoris, epilepsia, surdez.

TRIPLO AQUECEDOR 8: San Yang Lo, 342 (Reunião dos Luo dos 3
Yang).
S nyángluò.

Localização:
— Encontra-se na metade da face dorsal do antebraço, entre ulna e
rádio, 1 distância acima do TA6 (Zh g u).

Características:
— Ponto Luo de Grupo.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5
Fen, ainda que o Ming Tang proíba punturá-lo.
— Moxabustão: moxar 5 a 7 vezes.

Indicações:
— Enfermidades dos olhos, dores no braço.

704
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

TRIPLO AQUECEDOR 9: Seu Tou, 343 (Quatro rios).


Sìdú.

Localização:
— Encontra-se na metade da face dorsal do antebraço, entre ulna e
rádio, 5 distâncias abaixo da ponta do olécrano.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 6
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Odontalgias do maxilar inferior, faringite, acúfenos, dores no
antebraço.

TRIPLO AQUECEDOR 10: Tienn Tsing, 344 (Poço celeste).


Ti nj ng.

Localização:
— Acha-se na metade da face posterior do braço, em uma depressão
situada 1 distância acima da ponta do olécrano, sobre o tendão
do tríceps braquial.

Características:
— Ponto He (terra) do Shou Shao Yang.
— Ponto de sedação.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 1 a
3 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 5 vezes.

Indicações:
— Surdez, problemas no cotovelo, apoplexia, hemicrania, neuras-
tenia.

705
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

TRIPLO AQUECEDOR 11: Tching Lang Iuann, 345 (Formosura do abis-


mo).
Q ngl ngyu n.

Localização:
— Acha-se na metade da face posterior do braço, em uma depressão
situada a 1 distância acima do ponto anterior, também sobre o
tendão do tríceps braquial.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 2
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Dores e paralisia do ombro, dores do braço.

TRIPLO AQUECEDOR 12: Siaduo, 346 (Fundir metal).


Xi oluò.

Localização:
— Acha-se na metade da face posterior do braço, eqüidistante en-
tre o TA11 (Q ngl ngyu n) e TA13 (Nàohuì), precisamente no ex-
tremo inferior da massa muscular do tríceps, quando o braço está
em pronação.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5 a
6 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.
Indicações:
— Epilepsia, cefaléias, «Pei» (reumatismo) na região do ombro.

TRIPLO AQUECEDOR 13: No Roe, 347 (Parte superior do braço).


Nàohuì.
Localização:
— Na face posterior do braço, na borda posterior e inferior do mús-
culo deltóide.

706
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5 a
7 Fen.
— Moxabustão: moxar 5 a 7 vezes.

Indicações:
— Enfermidades dos olhos, algias na região do braço e ombro.

TRIPLO AQUECEDOR 14: Tsiann Liou, 348 (Osso de controle).


Ji nliáo.

Localização:
— Na face posterior do ombro, entre o acrômio e o tubérculo maior
do úmero, cerca de 1 distância atrás do IG15 (Ji nyú).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5 a
7 Fen.
— Moxabustão: moxar 7 vezes.

Indicações:
— Paralisia do braço, transtornos do ombro.

TRIPLO AQUECEDOR 15: Tienn Liou, 349 (Osso celeste).


Ti nliáo.

Localização:
— Na face posterior do ombro, eqüidistante entre a ponta do acrômio
e o ponto VG14 (Dàzh i) e também eqüidistante entre o VB21
(Ji nj ng) e o ângulo superior da escápula (ID13).
Características:
— Ponto de Meridiano Curioso Yang Wei.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 8
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

707
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

708
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Indicações:
— Algias escapulares, dores no pescoço e braço, asma.

TRIPLO AQUECEDOR 16: Tienn Iou, 350 (Janela do céu).


Ti ny u.
Localização:
— Encontra-se na face lateral do pescoço, na borda posterior do mús-
culo esternocleidomastóideo, na horizontal do ângulo da man-
díbula.
Características:
— Ponto «Janela do Céu».
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 5 Fen
a 1 T’sun.
— Moxabustão: «Su Wen» recomenda moxar 3 vezes e a «Estátua
de Bronze» proíbe moxá-lo.
Indicações:
— Dor e congestão nos olhos, surdez.

TRIPLO AQUECEDOR 17: I Fong, 351 (Vento escondido).


Yif ng.
Localização:
— Encontra-se atrás do lóbulo da orelha, em uma depressão entre o
processo mastóide e o ramo ascendente da mandíbula.
— O meridiano do TA descreve, na região auricular, uma curva que
coincide justamente com a borda externa do pavilhão auricular
quando este é encostado junto ao crânio.
Características:
— Os segmentos Zu e Shou do plano Shao Yang conectam-se neste
ponto.
Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3 a
7 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 a 7 vezes.

709
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Indicações:
— Enfermidades do ouvido, trismo, amigdalite, paralisia facial, mudez.

TRIPLO AQUECEDOR 18: Tchi Mo, 352 (Contratura dos vasos).


Qìmaì.

Localização:
— Encontra-se atrás do pavilhão auricular, em uma depressão situ-
ada no centro do processo mastóide, na união do terço inferior e
do terço médio da linha que une TA17 (Yíf ng) com o TA20 (Ji os n)
situado em cima da orelha.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 1 Fen ou
sangrar com agulha triangular.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Paralisia facial, cefaléia, acúfenos, surdez, congestão facial.

TRIPLO AQUECEDOR 19: Tou Tcheu, 353 (Fontanelas oprimidas).


Lúxî.

Localização:
— Encontra-se atrás do pavilhão auricular, na união do terço supe-
rior e do terço médio da linha que une TA17 (Yíf ng) com o TA20
(Ji os n) situado em cima da orelha.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 1 Fen,
apesar de que a «Estátua de Bronze» príbe punturá-lo.
— Moxabustão: moxar 7 vezes.

Indicações:
— Dor de dentes, acúfenos, enfermidades do ouvido médio, epilep-
sia (moxação).

710
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

TRIPLO AQUECEDOR 20: Tsiao Soun, 354 (Ângulo descendente).


Ji os n.

Localização:
— No nível do ponto mais alto do pavilhão auricular.

Características:
— Aqui o Shou Shao Yang se conecta com o ramo Zu do mesmo pla-
no (VB) e com o Shou Tai Yang (ID).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 1 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Trismo, odontalgias, enfermidades do sistema endócrino.

TRIPLO AQUECEDOR 21: Eu Menn, 355 (Porta do ouvido).


Ermén.

Localização:
— Acha-se diante da incisura que existe entre o trago e a hélix, ou
seja, no nível da raiz superior do trago.

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura perpendicular a uma profundidade de 3
Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Odontalgias, dor nas gengivas, enfermidades do ouvido.

TRIPLO AQUECEDOR 22: Roa Liou, 356 (Harmonia óssea).


Héliáo.
Localização:
— Acha-se diante e acima do TA21 (Ermén), no nível da inserção
do pavilhão auricular, na borda posterior da linha dos cabelos.

711
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura oblíqua a uma profundidade de 7 Fen.
— Moxabustão: moxar 3 vezes.

Indicações:
— Neuralgia do trigêmeo, surdez, acúfenos, cefaléia, paralisia facial,
rinite.

TRIPLO AQUECEDOR 23: Seu Tchou Rong, 357 (Bambu vazio)


S zhúk ng.

Localização:
— Encontra-se em uma depressão situada situada na extremidade
externa da sobrancelha (cauda da sobrancelha) cerca de 1 distância
acima do ponto VB1 (Tóngz liáo).

Características:
— Está conectado mediante um pequeno ramo com o ponto VB1
(Tóngz liáo).

Modo de emprego:
— Acupuntura: puntura horizontal a uma profundidade de 3 Fen.
— Moxabustão: proibido moxar.

Indicações:
— Enfermidade dos olhos, odontalgias, paralisia facial, cefaléia,
vômitos.

FOLHA RESUMO DO SHOU SHAO YANG (TA)

DESCRIÇÃO DE PONTOS:
Segmento mão: 3 pontos.
TA1: ângulo ungueal interno do 4º dedo da mão.
TA2: Imediatamente distal à articulação metacarpofalângica do 4º dedo
da mão.
TA3: Imediatamente proximal à citada articulação.

712
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

Segmento antebraço: 6 pontos.


TA4: Prega de flexão dorsal do pulso, em uma depressão entre os
tendões.
TA5: Entre ulna e rádio, 2 D. acima do TA4.
TA6: Entre ulna e rádio, 3 D. acima do TA4.
TA7: Na face dorsal do antebraço, na altura do TA6 e 1 D. por den-
tro do mesmo.
TA8: Entre ulna e rádio, 1 D. acima de TA6.
TA9: Entre ulna e rádio, 5 D. abaixo da ponta do olécrano.
Segmento braço: 5 pontos.
TA10: 1 D. acima da ponta do olécrano, sobre o tendão do tríceps
braquial.
TA11: 1 D. acima de TA10, sobre o tendão do tríceps braquial.
TA12: Eqüidistante entre TA11 e o TA13.
TA13: Na face posterior do braço, na borda posterior e inferior do mús-
culo deltóide.
TA14: Face posterior do ombro, entre o acrômio e o tubérculo maior do
úmero.
Segmento supra-escapular: 1 ponto.
TA15: Eqüidistante entre a ponta do acrômio e o ponto VG14.
Segmento pescoço: 1 ponto.
TA16: Na borda posterior do músculo esternocleidomastóideo, na ho-
rizontal do ângulo da mandíbula.
Segmento facial: 7 pontos.
TA17: Atrás do pavilhão auricular, em uma depressão entre o processo
mastóideo e o ramo ascendente da mandíbula.
TA18: Atrás do pavilhão auricular, em uma depressão situada no cen-
tro do processo mastóideo.
TA19: Atrás do pavilhão auricular, na união do terço médio da linha
que une o TA17 com o TA20.
TA20: Acima do pavilhão auricular, linha de nascimento dos cabelos.
TA21: No nível da raiz superior do trago, em uma fossa entre o trago
e a hélix.
TA22: Diante e acima do TA21, no nível da inserção do pavilhão auri-
cular.
TA23: Depressão situada na extremidade externa da sobrancelha (cauda
da sobrancelha).

713
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

714
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

715
TOMO I. 7.ª Lição: Os Meridianos principais

716
Capítulo I: Generalidades, trajeto, ação geral, relações energéticas, sinais clínicos

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