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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE GEOLOGIA

O CICLO SEDIMENTAR

Prof. Dr. Rogerio Roque Rubert


O CICLO SEDIMENTAR
O CICLO SEDIMENTAR
O CICLO SEDIMENTAR

ROCHAS SEDIMENTARES: Desintegração e decomposição de rochas


preexistentes (magmáticas, metamórficas ou sedimentares), graças a
ação de intemperismo (conjunto de processos mecânicos, químicos e
biológicos que ocasionam a transformação das rochas em
sedimentos).
INTEMPERISMO
ROCHA ROCHA ALTERADA/SOLO

EROSÃO
TRANSPORTE
DEPOSIÇÃO

DIAGÊNESE
ROCHA SEDIMENTAR SEDIMENTO
O CICLO SEDIMENTAR
O CICLO SEDIMENTAR
FORMAÇÃO DE UMA ROCHA SEDIMENTAR: CONDIÇÕES
- Pré- existência de rochas;
- Presença de agentes móveis ou imóveis (químicos, físicos, biológicos
que desagreguem ou desintegrem aquelas rochas;
- Presença de agente transportador dos sedimentos (água, vento,gelo,
gravidade)
- Deposição do material em uma bacia de acumulação continental ou
Marinha.
- Consolidação desses sedimentos (soterramento, diagênese).
- Diagênese: Campo de condições pós soterramento que possibilitam
a transformação do sedimento em rochas nas bacias sedimentares.
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INTEMPERISMO (OU METEORIZAÇÃO)

• Conjunto de processos que ocasionam a desintegração (ação física) e


a decomposição (ação química) das rochas e dos minerais, por ação
de agentes atmosféricos e biológicos.
• Maior importância geológica: desagregação/decomposição das
rochas para originar solos, sedimentos e as rochas sedimentares.
• Produção de materiais desintegrados que formarão:
- Sedimentos (arenoso, argiloso, conglomerático, quimicos.
- Solos (mistura ou não de sedimentos)
- Rochas sedimentares (sedimentos consolidados, após
diagenese/soterramento);
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FATORES QUE INFLUEM NO INTEMPERISMO
• CLIMA:
·Regiões áridas e/ou geladas - ação dos agentes físicos (NE do Brasil).
·Regiões úmidas e quentes - ação dos agentes químicos (Centro Sul Br).
• TOPOGRAFIA:
·Regiões de aclive (elevada) - A ação da gravidade favorece a remoção
da camada de solo que protege a rocha da ação das intempéries
·Regiões com cadeias montanhosas - barragem de correntes de ar,
influenciando na ação de precipitações (chuvas) iterferindo no clima.
• TIPO DE ROCHA:
Diferentes são as resistências oferecidas ao ataque físico e químico.
Um tipo ou outro de rocha apresentará maior ou menor facilidade de
sofrer a ação do intemperismo.
• VEGETAÇÃO:
A fixação do solo, com suas raízes, contribui para a camada superficial
não seja removida protegendo a rocha da ação de intempéries.
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PROCESSO DE INTEMPERISMO: 2 fases

• Física ( desintegração das rochas)


Entende-se por integração como a ruptura das rochas inicialmente em
fendas (fraturas), progredindo para partículas de tamanhos menores
sem, no entanto, haver mudança na composição, constituindo apenas
em fraturamento da rocha. Agentes: variação de temperatura,
congelamento de água etc...
• Química (decomposição das rochas)
A circulação da água e de agentes químicos, que em contato direto com
os diversos minerais existentes contribui para a sua decomposição
(alteração dacomposição).
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AGENTES DO INTEMPERISMO

FÍSICOS OU MECÂNICOS (DESAGREGAÇÃO)


- VARIAÇÃO DA TEMPERATURA: expansão/contração de rochas gerando
desagregação;
- CONGELAMENTO DA ÁGUA: expansão e contração da água com
variação de T
- CRISTALIZAÇÃO DE SAIS: ligações químicas
- AÇÃO FÍSICA DE VEGETAIS: infiltração de raizes e conentração de N e H,
favorecendo reações, Ácidos orgânicos.
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AGENTES DO INTEMPERISMO

QUÍMICOS (DECOMPOSIÇÃO): Água + O2, CO2, e às vezes nitratos e


nitritos – podem ficar impregnados de ácidos, sais e produtos orgânicos
e iniciar ataques às rochas
- HIDRÓLISE: Combinação de íons da água com os compostos ®
Formação de novas substâncias. Exemplo: (FELDSPATO ORTOCLÁSIO)
KAlSi3O8 + H2O ® HAlSi3O8 + KOH (argila + solução dissolvida de K)
- HIDRATAÇÃO
Adição de moléculas de água aos minerais formando novos compostos
Exemplo: CaSO4 + H2O ® CaSO4 .2H2O
Provoca também o aumento de volume – Desintegração
- CARBONATAÇÃO (DECOMPOSIÇÃO POR CO2) CO2 Contido na água
forma ácido carbónico. Exemplo: CO2 + H2O = H2CO3
CaCO3 + H2CO3 ® Ca(HCO3)2
(CALCITA) + (ÁC. CARB.) = (BICARBONATO DE CÁLCIO)
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AGENTES DO INTEMPERISMO

- OXIDAÇÃO
Decomposição dos minerais pela ação oxidante de O2 e CO2 dissolvidos
na água – HIDRATOS, ÓXIDOS, CARBONATOS, ETC.
Minerais contendo O, Fe, Mn, S, Cu – Mais susceptíveis à oxidação
Exemplo: Fe++ Fe+++
Fe(HCO3)2 + O2 Fe2O3NH2O + HCO3
(LIMONITA)
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GRUPO RESULTANTE DA DECOMPOSIÇÃO DE UMA ROCHA:

a) Minerais estáveis: QUARTZO, ZIRCÃO E MUSCOVITA.


b) Resíduos clásticos: ARGILAS, ÓXIDOS.
c) Substâncias solúveis: SAIS DE K, NA, Fe, Mg, SÍLICA.

• SUBSTÂNCIAS SOLÚVEIS:
· Geralmente transportado para o mar (SALINIZAÇÃO);
· Regiões de alta evaporação – Depósitos
· SÍLICA, Geralmente depositadas em fraturas e como material
de cimentação;

• SUBSTÂNCIAS INSOLÚVEIS:
· Podem permanecer no local: solos residuais
· Transporte no ciclo sedimentar como carga clastica/terrigena
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EVOLUÇÃO DO INTEMPERISMO
EM UMA ROCHA GRANíTICA

• Primeiro estágio: ataque químico aos


feldspatos e micas, perda de brilho e cor
manutenção da textura da superfícial da
rocha.

• Segundo estágio: minerais superficiais da


totalmente decompostos, textura original
da rocha mantida.

• Último estágio: rocha totalmente


decomposta, não mais se percebendo sua
textura original no solo (= regolito =
manto do intemperismo).
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EROSAO E TRANSPORTE

Agentes de transporte e sedimentação:


...poder de seleção, ambientes e competências
diferenciadas

- Vento
- Água
- Gelo
- Gravidade
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EROSAO E TRANSPORTE
• Vento:
- baixa densidade, bom poder de seleção;
- Sedimento sem influencia de água (seco)
- Competência de transporte limitado: em geral até
areia média, baixa capacidade de transportar
sedimento grosso;
- Desertos, praias, restingas, ambientes glaciais,
retrabalhamento e transporte secundário em varios
ambientes.
- Suspensão, rastejamento superficial e saltação
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EROSAO E TRANSPORTE
• Água:
- Densidade baixa, baixo poder de seleção;
- Rolamento, tração, suspensão e solução.
- Boa competência de transporte: desde finos
(suspensão) passando por areias (saltação) até
conglomerados (rolamento – carga de fundo):
- Ondas e correntes: rios, mar, lagos, lagunas, degelo,
etc..
- Variedade de estruturas que refletem variedade e
mescla processos e ambientes.
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EROSAO E TRANSPORTE
• Água:
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EROSAO E TRANSPORTE
• Água:
Regime de fluxo. O fluxo aquoso pode ser classificado em regime de
fluxo Superior e Inferior com uma transição entre ambos.
- REGIME DE FLUXO INFERIOR: Neste regime, a resistência ao fluxo é
grande e o transporte de sedimento pequeno. As ondulações da
superfície d'água estão fora de fase com fase com a ondulação do
leito. As formas de leito são: ripples, microondulações, dunas de crita
reta ou sinuosa.idade.
- REGIME DE TRANSIÇÃO: A configuração das formas de leito é
errática entre megaondulações (dunas) e camadas planas.
- REGIME DE FLUXO SUPERIOR: A resistência ao fluxo é pequena e o
transporte de sedimentos é grande. Formam-se camadas planas e
antidunas.
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EROSAO E TRANSPORTE
• Gelo:
- Alta densidade, baixo poder de seleção;
- Erode e transporta material a longas distancias.
- Variedade de processos relacionados a ambientes
glaciais: altas latitudes, altitudes elevadas e/ou
periodos de glaciação;
- Faciologia caracteristica:
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EROSAO E TRANSPORTE - Gelo
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EROSAO E TRANSPORTE
• Gravidade:
- áreas tectonicamente ativas, desniveis subaéreos e
subaquosos;
- áreas com intenso controle climático;
- erupções vulcânicas;
- áreas sujeitas a aridização;
- áreas com retirada abrupta da cobertura vegetal.
- Má seleção, alta densidade.
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EROSAO E TRANSPORTE
• Gravidade:
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SOTERRAMENTO e DIAGENESE

Definição: Campo de condições físicas e químicas que envolvem


processos geológicos atuantes sobre sedimentos depositados, depósitos
residuais e sobre rochas sedimentares e todos outros tipos de rochas na
superfície da crosta terrestre e nos primeiros milhares de metros de
profundidade (engloba o intemperismo).

•Baixa temperatura (até cerca de 200°C; dependendo da reatividade do


material);

•Baixas pressões (no máximo até 2000 Kg/cm2);

•Abundância de soluções aquosas (salinidades desde água da chuva até


salmouras muito concentradas);

•Gases (CO2, O2, CH4, H2S, etc...).


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SOTERRAMENTO e DIAGENESE

TEMPERATURA
°C
DIAGÊNE METAMORFISMO DE
SE CONTATO

km
Profundidade
METAMORFIS
PRESSÃO

MO
Kbars

REGIONAL
DE BAIXO
GRAU

METAMORFIS
MO
CONDIÇÕES DE P e T NÃO OBSERVADAS NA
REGIONAL
NATUREZA
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Estágios da Diagênese

(Choquette & Pray, 1970; Schmidt & McDonald, 1979) ...Estágios "ambientais"

• Eodiagênese: “após a deposição (normalmente, pequena profundidade),


influência do ambiente deposicional, e/ou da circulação de água superficial; baixas
P e T; períodos de tempo muito variáveis...

• Mesodiagênese: após o "soterramento efetivo", ou efetivo isolamento da


superfície; P e T crescentes; fluidos diagenéticos modificados pelas reações com
os minerais.

Então...limite Inferior com a eodiagênese, pela ausência de livre circulação de


fluido com a superficie; e limite superior gradacional com o anquimetamorfismo

•Evolução: soerguimento → telodiagênese; soterramento crescente →


metamorfismo (gradação: anquimetamorfismo)

•Telodiagênese: reexposição de rochas previamente soterradas às condições


superficiais por soerguimento e erosão de parte da seção (formação de
discordâncias) ou infiltração profunda de águas meteóricas.
Equivale ao "intemperismo" de rochas sedimentares.
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Estágios da Diagênese

Morad, Ketzer & De Ros (2000)....limites mais bem definidos levando-se em


conta T, profundidade e P...

• EODIAGÊNESE: desde a superfície até profundidades em torno de 2 Km


e 70ºC de temperatura; períodos de tempo muito variáveis.

• MESODIAGÊNESE:

•Mesodiagênese Rasa: profundidades aproximadamente de 2 a 3 Km;


temperaturas entre 70 e 100ºC); P e T crescentes; fluidos diagenéticos
modificados pelas reações com os minerais, circulando principalmente por
compactação.

•Mesodiagênese Profunda: profundidades maiores que 3 Km; temperaturas


maiores que 100ºC. Evolução: soerguimento → telodiagênese; soterramento
crescente → metamorfismo (gradação: anquimetamorfismo).

• TELODIAGÊNESE: reexposição de rochas previamente soterradas às


condições superficiais por soerguimento e erosão de parte da seção (formação
de discordâncias) ou infiltração profunda de águas meteóricas.
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PRINCIPAIS PROCESSOS DIAGENÉTICOS

Compactação: pelo soterramento; redução do espaço poroso.


- Física: rearranjo; fraturamento; deformação elástica, deformação plástica.

- Compactação quimica/Dissolução: de grãos e constituintes diagenéticos.


- Congruente: total, todos os íons em solução; ex.: carbonatos.
- Incongruente: incompleta; ex.: feldspatos caulinita.
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PRINCIPAIS PROCESSOS DIAGENÉTICOS

Autigênese: precipitação de novos minerais:


- Cimentação: nos poros.
- Substituição: dissolução e precipitação simultâneas.

Hidratação: Desidratação: entrada ou saída de água da estrutura cristalina.


Ex: anidrita gipsita.

Oxidação: na - ou sob influência da superfície; O2, bactérias aeróbicas.


Redução: sob influência da matéria orgânica e de bactérias anaeróbicas.
Recristalização: Crescimento ou diminuição do tamanho cristalino, mantendo-se a
mesma composição mineralógica.
Estabilização / inversão / neomorfismo: substituição por uma fase mineralógica de
composição similar; ex.: aragonita calcita.
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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS BÁSICAS


SUGUIO, K. Geologia Sedimentar. Editora Edgard Blücher Ltda. 416p. 2003.
MENDES, J.C. 1984. Elementos de Estratigrafia. EdUSP, 566p.
RESS, F.; JORDAN, T.; SIEVER, R.; GROTZINGER, J. Para Entender a Terra. 4ª
edição.
Editora Artmed, 2006. 656p.
FOLK, R.L. 1974. Petrology of sedimentary rocks. Hemphili Publ. Co. texas,
182pp
DELLA FÁVERA, JORGE C. 2001. Fundamentos de Estratigrafia moderna.
UERJ.
MEDEIROS, R.; SCHALLER, H.; FRIEDMAN, G.M. 1971. Fácies Sedimentares,
Petrobras, CENPES, 124 p.
PETTIJOHN, F.J., POTTER, P.E. and SIEVER, R. 1987. Sand and sandstones
(1st edition), Spinger Verlag, New York 553p.
READING, H.G. 1996. Sedimentary environments: processes, facies and
stratigraphy, 3rd ed., Blackwell.
SILVA, A. J. P., ARAGÃO, M. A. F., MAGALHÃES, A. J. C. 2008. Ambientes de
Sedimentação Siliciclástica do Brasil. Beca-BALL Edições. São Paulo. 343p.

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