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Autora: Lully .
E-mail: lully.jones.wentz@hotmail.com
Ship: Ryan & Brendon; David & Pierre; Gabe & William; Jon Walker e Spencer
Smith; Tyson & Nick, Gerard & Frank, Nate & Alex.
POV: Primeira Pessoa.
Fandom: The Young Veins, Panic! at the Disco, Simple Plan, Cobra Starship,
The All-American Rejects, My Chemical Romance, The Academy Is…
Censura: R.
Gênero: Slash, Drama, Tragédia, Angst, Romance.
Status: Concluída.
Capítulos: Sete contos.
Outras Fics: Sim.
Moderadora que autorizou: xx.
Beta-reader: Lully.
Disclaimer: Nada aconteceu, é.
Teaser: xx.
Capa: xx.
Notas: A fanfic é um molde antigo das minhas fanfics, que tinha sido esquecido
num canto qualquer dos meus cadernos, implorando para que eu desse uma
chance a uma história com mais plots que o meu previsto, dentro de um só.
Então, espero que eles te façam muito felizes, como eu me senti feliz em
escrever algo que eu planejava há, pelo menos, três anos. Sei que Nick/Tyson
não é um ship muito conhecido, mas como a fic é feita em pequenos contos –
ou seja, uma pequena coleção de pequenas one-shots – talvez valha a pena
arriscar. A fanfic se passa toda dentro de um cabaré e em Salt Lake City,
porque é uma das cidades que eu mais amo em todo o país americano.
Justamente por ter seus laços fortemente ligados à sua religião – mórmon –
que vem desde sua fundação e por ter montanhas belas e frias, eu escolhi a
cidade por esse contraste bastante entre a pureza religiosa e a impureza da
prostituição. Os povs variam de ship para ship, mas continuam sempre em
primeira pessoa, porque eu estava completamente saudosa de escrever em
primeira pessoa. Enfim, era tudo o que eu tinha para dizer de algo tão
importante e especial para mim.
POV do Beckett.
“Oi, Gabriel.” Tentei pronunciar seu nome em espanhol, como ele gostava.
Gabe era meu melhor amigo, meu companheiro inseparável, o único que sabia
o quanto eu lutava para manter meu pai vivo. Meu sorriso era fraco, porque seu
sorriso tirava qualquer possibilidade que o meu tinha de brilhar e eu também
não tinha muitos motivos para sorrir, cada dia que passava eu tinha menos
motivos ainda. “Como se sente hoje?”
“Seu sorriso forçado não ajuda a melhorar meu dia ruim.” Gabe brincou, me
dando um beijinho em meu rosto. Senti as bochechas ficarem vermelhas e o
coração disparar com um toque simples e tão <i>amistoso</i> como aquele. Eu
não tinha mais lugar para amar meu melhor amigo, mas cada dia que passava,
eu conseguia fazê-lo ainda mais. “E como você se sente hoje? Me diz por que
fazer tanta força pra me dar um sorriso?”
“Meu pai...” Abaixei o rosto e dei um suspiro. “Ele está cada dia pior.”
“É sobre o meu pai?” Perguntei baixinho, fraco, quase sem vontade nenhuma
de receber uma resposta que confirmasse minhas suspeitas. Pierre fazia uma
pequena caricia em minha cintura, reparando o menor de nós três sacudir a
cabeça em concordância. Embora fosse uma notícia triste e uma forma terrível
de me deixar chateado – ainda que sem intenção -, mas David conseguia ser
admiravelmente doce. Tão doce que eu não conseguia ficar bravo com ele, em
nenhum momento sequer e nem mesmo por um segundo. “O que houve?”
“Avisaram do hospital que o seu pai... bem, ele teve complicações no pulmão e,
infelizmente, ele não resistiu.” David se balançava nervosamente, sem me
olhar nos olhos e despencando por meus. Meu coração disparava e apertava
ao mesmo tempo, porque eu não esperava que fosse tão rápido, que não
desse tempo de eu me despedir, ou simplesmente dizer que sairia desse
emprego que ele odiava, porque Salt Lake era linda e podia ter algo bem
melhor para um cara inteligente como eu. “Eu sinto muito.”
“Eu também sinto.” Pierre falou baixinho e eu assenti, como se dissesse que
havia entendido o que ele havia entendido o que o garoto quis dizer e o abraço
de Pierre foi se desfazendo quando eu mas precisei, quando eu realmente
achei que desabaria como as minhas lágrimas que não queriam mais ficar
retidas em meus olhos. Poderia odiar Bouvier naquele momento, mas fiquei
agradecido quando seu abraço foi substituído por Gabe Saporta e seu carinho.
Era realmente tudo o que eu precisava agora.
“Nick mandou que eu te levasse para casa e cuidasse de você hoje.” Gabe me
disse baixinho, dentro do meu ouvido e me deixou um beijo doce em meu
rosto, sem dizer uma palavra sequer sobre sentir muito. Talvez porque ele
soubesse que essa formalidade toda me soava sem sentido na grande maioria
das vezes. Algumas palavras de consolo vindas de alguém que você ama
valem muito mais que apenas um ‘sinto muito’ da mesma pessoa.
“Obrigado por tudo, Gabanti.” Falei baixinho, com os braços cruzados em frente
do peito, abaixando momentaneamente os olhos. Ao contrário do que eu
pensei, Gabriel segurou meu rosto com tanta doçura que eu poderia sentir
minha sanidade se evadir por meus poros. Estava perto do inverno e as
montanhas de Salt Lake City eram muito frias e por isso meu queixo começou
a bater, provocando um ruído pequeno mais incômodo. As mãos geladas do
barman a minha frente foram retiradas do meu rosto e colocadas em seu
casaco, que foi logo foi retirado de seu corpo magro – e não menos provocante
– e colocado sobre meus ombros. “Obrigado por cuidar de mim quando eu
mais precisei.”
“Não precisa agradecer, Bilvy.” Seus lábios vieram de encontro à minha
bochecha, mas logo deslizaram até o canto dos meus lábios. Ele estava sendo
completamente cuidadoso ao me abraçar e ao manter seu rosto ali, perto do
meu. Me obrigando a fechar os olhos para curtir a sensação fria que vinha do
vento junto com o leve sabor quente latino vindo daqueles lábios. Por muito
pouco não virei meu rosto, roubando-lhe um beijo, mas minhas bochechas já
denunciavam minha meninice.
Devagar, ele arrastou seus quentes lábios até os meus e tentou começar
um beijo, mas fomos interrompidos por uma grande lanterna. Eu cheguei a
engolir um palavrão baixo, porque eu esperei – muito – por aqueles lábios, mas
ao ouvir o desligar da sirene policial me virei aos pouquinhos para ver porque a
polícia queria exatamente. Fixei meu olhar no senhor alto que vinha em nossa
direção, acompanhado de mais dois e este gritou, apontando uma arma para a
cabeça de Gabe, dizendo:
“Gabriel Eduardo Saporta, você está preso por imigração legal. Mantenha as
suas mãos aonde eu possa ver e nada acontecerá com você.”
E então, meu mundo realmente tinha caído mais uma vez debaixo dos
meus pés. O chão que já era quase inexistente, faltou completamente quando
Gabe levantou as mãos e juntou nossos lábios lentamente, apertando seus
olhos com tanta força, como se fosse a última vez que ele fosse me ver. O
resto do meu coração fora destroçado com aquela situação toda e aquele beijo
foi como um pedido mudo para que eu continuasse a viver, mas o latino não
notou que eu não tinha mais motivos para continuar. Quero dizer, eu até tinha,
mas não havia condições de eu deixar minha irmã, Courteney, e minha mãe ao
vento para viver aquele amor que eu tanto desejei.
POV do David.
Era folga de Pierre – pro meu azar ou sorte –, mas ele estava no cabaré,
mas como freqüentador, como cliente. Estava sentado no bar tomando um gole
de um whisky que parecia excelente, já que ele levantou-o pra mim com um
sorriso beirando ao sacana no canto do lábio. Pelo que eu percebi, ele estava
ali para me provocar, para tirar o resto da minha sanidade. Ali, de longe, eu o vi
dançar com vários dos nossos acompanhantes sexuais e sempre – por mais
incrível que pareça – estava com aqueles malditos olhos fitos pra mim. Eu
sabia que era para me provocar e ele estava conseguindo. Estava conseguindo
muito facilmente. Torci os lábios de forma infantil e ao mesmo tempo raivosa e
ajeitei a máscara obrigatória e parte integrante do maldito uniforme e neguei
com a cabeça. Ele sabia, perfeitamente bem, que estava conseguindo provar
que ele sempre esteve certo nos milhões de conversas que tivemos antes de
chegar a este lugar baixo e da cidade adorável de Salt Lake. Eu o amava ainda
e ele também me correspondia. Era bastante duro admitir, visando o fato de
que quando eu fui expulso de casa, Pierre me abandonou ao vento e veio
<i>sozinho</i> tentar a sorte em SLC.
Ele sempre diz que eu deveria ser mais flexível e que toda história tem
seus dois lados. Eu deveria parar e ouvir a sua versão, seu motivo para a
mudança repentina para um lugar adorável, mas com um quê conservador que
nunca suportaríamos. A verdade era que por sermos o único estabelecimento
com serviços de acompanhantes sexuais <i>homens</i> para <i>homens</i> -
embora os dançarinos que tiravam suas roupas (e nem todos faziam
programas) usavam pseudônimos femininos, ainda eram apenas homens -,
tínhamos lucros altíssimos. Quando mais novo eu não conseguia ver quem eu
amava trabalhando em um lugar como este sem vender seu corpo. Eu estava
enganado e Pierre me provara isso. Naquele momento, Pierre se divertia para
me mostrar que eu era hipócrita o suficiente para não assumir o quanto seu ato
estava me machucando e ao mesmo tempo, meus olhos me condenavam
tremendamente. De provinciano canadense com ideais românticos, eu virei o
chapeleiro – que não suporta mais a comparação ridícula com o personagem
do livro ridículo – de um cabaré gay.
Fiz um gesto com a cabeça para que ele viesse até onde eu estava, com
discrição, para eu não perder meu emprego, mas eu parecia estar falando com
uma porta, porque sequer questão de disfarçar ele veio. Seus passos meio
cambaleantes disparavam meu coração nervoso e, ao mesmo tempo,
apaixonado. Conheço bem meu ex-namorado e sei que bêbado Bouvier não
costuma responder por seus atos e muito menos se lembrar deles – na
verdade, eu sempre achei que ele era um grande mentiroso nesse quesito. Ele
veio até mim, passando descaradamente pela porta da chapelaria – o que me
causou irritação e, com isso, soltar um palavrão baixinho enquanto o segurança
do cabaré – conhecido por Pierre – apenas dava uma gargalhada baixa e
cruzava os braços frente ao peito.
“O que raio você tava fazendo lá?” Perguntei torcendo os lábios e imitando sua
pose de machão. Batia o pé nervosamente no chão e Bouvier passou os olhos
por todo o meu corpo, como se eu fosse do cast de prostituição, como todo
cliente fazia com o homem que contratava para ir para a cama. “Eu não estou à
venda.” Respondi ao seu olhar, ainda sem desfazer a pose durona.
“Sabia que você está estonteante?” Falou, dando pequenos passos em minha
direção. Eu levantei a sobrancelha em um perfeito arco, segurando uma
pequena risada – porque, a final, por onde quer que ele olhe tinha homens
muito mais bonitos que eu naquele lugar.
“Qual a diferença que isso faz?” Ele quebrou quase toda a distância entre nós e
me segurou pela cintura. Eu não tive como fugir de ficar tão perto daquele jeito
de um antigo amor, de um amor que ainda mexia comigo de uma maneira
muito ruim, mas ao mesmo tempo era <i>esse antigo amor</i> que me deixava
sem ar da forma que eu estava agora. “Você sabe que eu sempre te amei e
não é de hoje. Você sabe que eu vim primeiro pra América para conseguir uma
forma de ter dinheiro para você e eu sermos felizes aqui, sem pensar no nosso
passado.”
“Muito conveniente você dizer tudo isso bêbado, né?” Girei os olhos, tentando
afastá-lo de mim, mas foi vão, porque meu coração não queria que ele se
afastasse, meu corpo se sentia protegido em um lugar onde se cultuava o sexo
sem pretensão, e a felicidade acima da vida alheia. “Amanhã você vai
simplesmente esquecer-se de tudo o que você tá dizendo e tudo vai voltar ao
normal...”
“Eu nunca quis ferir você, essa é que é a verdade.” Comentou o castanho,
dando um beijinho no topo da sua cabeça. “Eu tive mesmo que fugir do
Canadá, tive que sair da sua vida e vir trabalhar num lugar aqui, mas confesse
que me julgou errado por causa de eu ter aceitado trabalhar como segurança
em uma boate gay.”
“Eu também cresci.” Pierre levantou meus olhos e me roubou um beijo rápido,
um beijo que eu não pude evitar, porque foi surpreendente, eu não pude
desviar, mas ele recebeu um soco fraco em seu ombro como resposta, como
se eu deixasse claro que eu não tinha gostado de sua atitude. Ele deu uma
risada baixinha, quase que despreocupada e doce, tão doce que eu quase não
o reconheci, porque o Pierre Bouvier que eu conheci no Canadá era grosso e
não sabia fazer com que os sentimentos fluíssem muito mais que os fluídos
corporais responsáveis por um bom sexo. “E eu queria que você me desse
uma segunda chance de provar que eu posso ter mudado, muito. Que um
pouco da moralidade de Salt Lake pode ter mudado completamente minha vida
e minha forma de pensar, Dave.”
“Essa é a última vez que eu vou pedir você para ficar comigo de uma vez por
todas.” Falou Pierre, segurando em meu ombro com uma doçura que eu não
conhecia. Uma doçura que atrairia a qualquer um a sua volta, mas eu estava a
um passo à frente daquele homem, conhecia seus truques e suas artimanhas
para ter comigo um pouco mais de sexo casual e bêbado. Eu gostava de ter
alguém para eu me entregar completamente durante um ato sexual ou mesmo
durante um beijo. Era por isso que eu mentia ser tímido para os donos do
cabaré, era por isso que eu não participava dos meninos – com nomes de
meninas – que dançavam para divertir aqueles que pagavam por esse tipo de
diversão. Era por isso que nenhum dos homens que freqüentava um lugar
como <i>aquele</i> não me atraía. Porque grandes amores não surgiriam para
mim em homens que não têm o mesmo pensamento que eu. Talvez seja essa
minha maior diferença com Bouvier e o maior motivo de tudo ter dado errado.
“Qual sua última palavra, David?”
“Eu não sou um deles, se é o que pensa.” Encolhi os ombros. “Não estou a
venda.”
“Eu não pagaria por sexo com meu grande amor.” Pierre me soltou
completamente e começou a dar passos para trás. Pela primeira vez, em
muitos anos, percebi que aquele homem estava me deixando ser feliz sozinho
e em paz. Sumiria para sempre da minha vida como eu pedia para ele fazer
cada vez que – sempre bêbado – se aproximava. Realizei meu sonho, mas
meu coração não estava nada feliz comigo, ele fazia questão de bater bem
comprimido em meu peito, devagar, para me mostrar que até mesmo pessoas
como <i>eu</i> que sempre agem com o coração podem errar. “Até nunca
mais, David.”
“Eu não estou à venda.” Explicou antes de sair da chapelaria e indo para fora
do cabaré. Acompanhei-o com os olhos e demorei a entender porque ele
copiou minhas palavras, mas depois de destrinchar o significado da frase
compreendi que ele não estaria à minha vontade ou minha disposição. Aquilo
machucou um bocado, mas não mais que eu pensei que o faria. Chamei um
dos meus ajudantes – que era novato – e pedi que cuidasse de tudo ali, que
sorrisse sempre e tratasse todo mundo bem que eu realmente precisaria sair.
Eu precisava dizer tudo o que estava entalado, agora que ele não tinha mais
pretensão de se arrastar por mim.
Eu corri. Corri o máximo que pude para alcançar Pierre Bouvier – porque
eu tive que sair pela porta dos funcionários, nos fundos e ele saiu pela porta da
clientela, já que hoje era isso que ele era: cliente. Ele andava em direção ao
seu carro e parecia não me ouvir gritar seu nome pelo estacionamento – culpei
a música que era alta mesmo lá dentro. Porém meu coração insistia pra eu
soltar tudo àquilo que guardava em mim e insistia para que eu apressasse
meus passos. Parecia que algo muito ruim aconteceria com Pierre e eu não
poderia dizer tudo o que eu queria para ele. E naquele momento eu descobri
que um coração apaixonado não erra e por mais feminino que isso soe. As
pessoas pressentem o gélido da maldade muito próximo aos seus corações
quando algo está para acontecer com alguém muito importante.
“Oi, Dave.” Sorriu fraco, sem deixar aquela expressão de dor sair de seu rosto.
Com minhas mãos em sua cabeça, tentava pressionar algum dos ferimentos
para estancar o sangue, mas não adiantava. Parecia que tudo era muito inútil
por mais que eu tentasse fazer aquele sangue parar, menos eu conseguia. “Me
desculpa.”
“Shh, não fala nada, <i>meu amor</i>” Ele sorriu mais uma vez, esforçando-se
para fazê-lo. Eu não fiz mais que retribuir o sorriso e recuperar algo que havia
pedido, mas me havia sido negado. Me abaixei até Bouvier e ajuntei nossos
lábios de forma doce, longa, deixando algumas lágrimas salgarem nosso beijo.
03. I’m just setting a trap and I’m not pulling for ya.
POV do Brendon.
“E para a sua diversão, voltem seus olhos para o palco! A grande Loise vai
dançar para a gente. Dance, Loise, mostre pra gente teu segredo!”
“Boa noite, Loise. Ótimo show, como sempre.” Ryan Respondeu, tirando minha
máscara aos pouquinhos. Eu sorri para ele, deixando que o mesmo fizesse o
que bem entendesse. Era isso que o encantava, essa minha submissão
repentina que ele sabia só era para ele. “Boa noite, Brendon, meu amor.”
Meu amor. Como eu ansiava por ouvir aquelas doces palavras dele.
Como eu ansiava por tudo o que acontecia comigo após as apresentações. Eu
parecia tão imaturo e inexperiente toda vez que ele vinha ao meu camarim e
me deixava o número de um quarto. Eu não era infeliz com outros caras, eu
gostava de ter o mundo esperando por mim e outros números de quartos
esperando por mim, mas era com ele que eu me sentia completo e realizado.
Era sendo romântico e fingindo sonhar ao lado dele com família e filhos que eu
me sentia completamente encantado. Eu realmente queria todos aqueles
sonhos, todos aqueles planos, mas quando eu ficasse um pouco mais velho e
não pudesse mais me sentir tão desejado. Um ponto para almejar e alguém
que me desse motivos para eu ser acorrentado a alguém era o que me
motivava a guardar o <i>Brendon</i> para esse momento e entregar a
<i>Loise</i> a quem mais me pagar.
“Por que você sempre tem que tocar nesse assunto, hm?”
“Por que você fica tão triste quando toco nesse assunto?” O soltei
vagarosamente, pegando de volta a máscara que ainda estava com ele. Meu
sorriso se desfez enquanto eu me trocava em sua frente. Não era a primeira
vez que ele me desapontava, que a gente caía na mesma pergunta, não era a
primeira vez que eu ia do céu para o inferno em segundos. “Você não me quer
na sua cama, <i>meu amor</i>?”
“N-não é isso, hunf.” Ele girou os olhos e passou as mãos pelos pseudo-
cachinhos, irritadinho. “Eu só queria que isso acontecesse de uma forma mais
romântica e não que viesse antes de tudo como sempre é.”
“Você nomeou assim, sabendo que eu nunca seria de um só.” Recuei, agora já
montado como Loise, olhando fixamente em seus olhos castanho-esverdeados
que me enlouqueciam. Eu poderia tirar todo aquele preparo se ele dissesse
que queria <i>fazer amor</i> comigo. “Você sabe que eu estou em suas mãos,
sabe também que com você é diferente. Você me ensinou a te amar muito
mais que eu queria ou poderia te amar e isso é perigoso pra mim. Conhece
esse lugar pelos olhos do cliente e não conhece o staff, os donos. Você não
sabe o que tem por trás da Loise.”
“Eu sou livre, Ross, não me leve a mal.” Suspirei, andando vagarosamente até
meu amor, na tentativa de que ele entendesse que eu o amava, mas eu
precisava continuar vivendo da forma que me completava, que me fazia feliz.
Eu estava alguns passos a frente do meu tempo. “Eu te amo, mas eu deixo
você ir se não suporta mais me dividir. Justamente por você me deixar livre, por
me amar como me ama é que eu <i>sempre</i> caio por você e em seus
braços. Não me peça pra escolher entre a Loise e você, por favor. Vocês me
completam.”
“Você já fez sua escolha, Urie.” Andei até Ryan e apoiei sua arma em meu
coração. Se ele fosse mesmo capaz de atirar em mim, que atirasse naquela
hora que eu pretendia beijá-lo para que todo o sentimento que eu tinha
guardado por ele, fosse emitido. Que ele sentisse que aquilo era muito mais
que sexo. Que ele era o amor da minha vida. Segurei seu rosto e o tomei em
um beijo que foi correspondido e fui pegando a arma dele, mas Ross não era
tão desligado quanto eu planejei que fosse, e ele atirou.
Puxei a arma para mim e contei as balas. Sorri ao perceber que ainda
restava uma. Eu havia matado um ser humano cheio de sonhos. Eu havia
matado por ser egoísta e queria ser aceito de uma forma desleal. Ao puxar o
gatilho em minha cabeça decidi que nunca mais pertenceria a outro homem.
Nem Loise e nem eu. Brendon Boyd Urie.
POV do Jon.
“Hey. Cadê o barman latino?” Falei pro barman que sorriu para mim.
“Ele era, hunf.” Pisquei. “Mas e Loise? Gostava das apresentações dele.”
“Ele é só uma lenda desse lugar... Dizem que ele foi morto no camarim por um
amor.” Girou os olhos e eu sorri. “Mas é bom saber que Loise existiu. Porque
eu ouço funcionários mais antigos reverenciá-lo e lamentar sua morte.”
“Me faz um favor?” Pedi após assentir por suas palavras. “Me prepara, em
outro copo, uma dose dupla de gin com bastante gelo?” Levantei uma nota
maior e as sobrancelhas do homem foram ao seu ponto máximo. Eu havia visto
o loiro dos meus sonhos passando por mim – e parecia nem ter me notado – e
eu precisava dar um jeito de chamar a atenção dele.
“Sim, senhor.” Embora apreensivo, ele preparou o que eu pedi. Por minha vez,
peguei um guardanapo e escrevi uma mensagem carinhosa, assinando com o
nome falso que adotei para estar ali, já que eu não podia usar meu nome ou
qualquer coisa que fizesse menção a ele. Quando o drink ficou pronto, puxei
um garçom semi nu pelo avental e entreguei a bebida, o bilhete e apontei para
quem era. E o garçom fez o que eu pedi, recebendo de mim uma gorjeta
relativamente gorda.
“Você já quer ir pro quarto?” O louro negou com a cabeça e eu terminei minha
dose de whisky. “Eu to sem a chave de nenhum, mesmo.” E expliquei.
“Essa mocinha de ouro significa o mesmo que a tua.” Ele mordeu o canto dos
lábios e eu ergui a sobrancelha. “Que a gente tem vida do lado de fora dessas
quatro paredes, meu caro.”
Assenti com a cabeça meio sem vontade. Eu não gostava nada da idéia
de ser apenas a diversão e dividi-lo com outras pessoas. Mesmo que eu não
saiba quem ele é fora daqui, eu não conheço ninguém que ame outra pessoa
que goste de dividi-lo com outra. Percebendo minha tristeza repentina, ele veio
até mim e sentou-se em meu colo. Distribuiu com os lábios doces alguns
carinhos por meu rosto e pescoço, não resisti ou revidei em momento nenhum,
ele me levava a loucura, me comandando da forma que quisesse. Trocamos
um beijo apaixonado por ali mesmo – eram tantos casais por ali trocando
beijos, e fazendo outras coisas a publico que nós dois não seria nenhum
problema. Então eu abri os olhos e vi aqueles olhos azuis me amando com
tanta devoção, me olhando de uma forma que minha esposa nunca conseguiu
e eu só consegui sorrir feito um idiota, porque era exatamente assim que eu
ficava ao seu lado.
“Vamos sim.” Assentiu, se levantando do meu colo. Enlaçou minha calça pelo
passador quando eu me levantei e foi me puxando para fora. Ele parecia
ansioso, até mais ansioso que costumava ficar perto de mim, parecia que hoje
ele reservava algo que eu não estava acostumado, algo que mudaria minha
vida para sempre.
O loiro que era mais alto que eu, prendeu-me na porta do carro com
força. Segurava meus dois braços com um só quase que possessivamente,
sem deixar de ser doce. Ergui os olhos por seus ombros, tentando saber se eu
poderia me entregar completamente ali mesmo pra ele, mas eu já estava
fazendo muito mais que isso, eu já estava deixando que uma de suas mãos
desfazia minha máscara. Foi nessa hora que meu coração disparou, porque
algo me dizia que ele não ia gostar. Eu o amava, e talvez devesse dizer que
não me importaria com quem estava embaixo daquela máscara. Eu
simplesmente amava-o além do sexo, mas sua reação foi muito pior do que eu
esperava.
“Ah, não...” Me soltar foi sua primeira ação, seguido de um olhar atordoado,
confuso. “Jonathan Walker, merda! Merda, merda, merda!”
“Essa briga não vai nos levar a lugar nenhum, Spencer Smith. Nós tivemos
momentos excelentes, juntos. Uma máscara não pode mudar todo nosso
relacionamento de antes, não é?”
“Claro que pode, seu idiota!” Ele bateu no carro, me assustando um pouco. “eu
tava traindo minha noiva com o pior cara do universo! Um cara casado, que
pajeia minhas idéias, que faz tudo pra minha vida ser um inferno e o pior de
tudo é que você consegue.” Spencer suspirou fraco. “A gente tem que acabar
de uma vez por todas com isso, hunf.”
“Eu não vou deixar isso acabar assim.” Girei os olhos também, chocando
nossos lábios uma última vez, mas Spencer me esnobou. Negou meus lábios.
Pela primeira vez na minha vida eu me sentia infeliz, mas eu não conseguia
pensar em mais nada que não ser em como manter aquele homem ao meu
lado, a final, eu estava querendo largar tudo por amor. E conforme eu não
conseguia mais enxergar nada além de estar perdendo o homem que eu o
amava desesperadamente e o queria comigo. “Eu te amo.”
“Tudo bem, Smith.” Suspirei e acabei dando uma joelhada nas partes baixas,
fazendo-o cair. Eu o amava, mas não queria que ele pertencesse a mais
ninguém e depois dessa loucura toda. Enquanto ele ainda estava no chão,
continuei a bater e descontar toda a minha raiva naquele homem. Não só por
parte do meu fracasso profissional, mas também porque eu, de repente, fui
descartado.
“Você podia ter evitado tudo isso.” Falei, enroscando carinhosamente minhas
mãos em seus cabelos. Spencer forçou um sorriso doloroso, colocando a
cabeça em meu colo – com minha ajuda – com muita dificuldade. Eu
correspondi ao sorriso com um tímido, forçado, por causa de toda aquela
situação.
“E você poderia ter sido um pouco mais sensato.” Ele rebateu fraco, falhando
nas palavras. “Eu vou morrer te odiando.”
“Você está morrendo por não assumir que me ama, é diferente.” Encolhi os
ombros, mantendo uma carícia quase imperceptível nos cabelos dourados de
Spencer. “Eu não queria isso, mas já que vai acontecer, eu vou aprender a
viver sem tudo o que você causa em mim.”
“Se...” Foi então sua maior falha, seguida do expelir de um bocado de sangue
em sua roupa. Eu nunca havia deixado ninguém daquela maneira, nunca havia
perdido a cabeça daquela forma e feito tudo aquilo com uma pessoa
relativamente maior do que eu; dizem que a fúria faz-nos crescer muito mais
que qualquer outro sentimento. “Fosse sensato, <i>Jon</i> e me deixasse ir, eu
voltaria correndo pra você.”
“Não voltaria.” Neguei com a cabeça ajuntando nossos lábios. “Você me odeia,
Smith. O que nós construímos aqui vai morrer aqui, com você.”
“O bom... é que com minha morte você vai passar o resto da sua vida
sofrendo.” E sorriu com um quê quase imperceptível de vitória. Eu abaixei os
olhos e fiquei remoendo aquela frase. Porque após um suspiro mais alongado
e um gemido doloroso maior, e nada mais foi dito. Até porque nada mais tinha
que ser dito.
Eu faria questão de sofrer enquanto eu vivesse por não ter dado o tempo
que Smith precisou para aceitar que me amava.
05. And takes a moment to assess the sins he’s paid for.
POV do Nick.
Eu parava tudo o que eu estava fazendo para vê-lo dançar. Parava tudo
o que estava fazendo para que ele me provocasse de onde estava. Porque ele
sabia muito bem que eu era seu principal expectador. Sabia que eu não tinha
ciúmes das danças e que sabia muito bem diferenciar o <i>meu</i> Ritter da
Carlie, mas eu havia feito besteira e enquanto ele tirava as peças de sua roupa,
uma a uma, sedutoramente, recebendo dinheiro pela maravilhosa performance,
ou mesmo roubando as bebidas dos seus clientes, eu me perguntava como
faria para aquele homem maravilhoso de olhos claros saber que em nossa
última briga eu acabei transando com uma garota e ela é uma mórmon. Ou
seja, a partir desse momento, estou oficialmente noivado com ela. Eu vou me
casar e terei que largar o negócio com Alexandro e vou ser pai. Como dizer
para ele que todos os nossos sonhos se esgotaram completamente? Os meus
se acabaram em fim.
Sai da minha sala e fui até um dos seguranças, pedindo a ele que não
deixasse Tyson ir para um quarto, porque eu precisava falar com ele. O homem
assentiu e o meu amado chegar. Suspirei, andando de um lado para o outro
antes de servir uma dose reforçada de gin – um que eu havia deixado ali para
ocasiões estressantes. Tyson era o único que não batia para entrar, mas era
sempre o mais sorridente de todos os que entravam por ali. Administrar um
lugar daquele não era fácil.
“Psiiu.” Sorriu, colocando a cabeça dentro da sala. Fiz um sinal com a mão
para que ele entrasse e o servi de bebida também – embora Tyson sempre
teve um gosto duvidoso em questão de bebidas. Ele adorava cerveja, e eu
sempre preferi as destiladas. Quando o servi, a sobrancelha dele formou-se um
arco, como se me perguntasse algo. “Eu já cheguei, Nickolas.”
Fui até ele – sabendo que depois que contasse eu não poderia mais
fazer isso – e choquei nossos lábios repentinamente. Tyson acabou dando um
passo pra trás num primeiro momento, mas logo me abraçou fortinho e
correspondeu ao meu toque desesperado. Quando acabamos o beijo, lá estava
meu amado com aquele sorriso confortador que tinha um misto de deboche
com satisfação.
“Então pode começar a rezar essa missa toda pra mim.” Debochou, dando-me
um beijinho no topo da cabeça. Soltei-o, voltando pra minha dose de gin,
enquanto me preparava para tudo o que pudesse acontecer.
“Eu engravidei uma garota.” Soltei de forma repentina, virando a bebida de uma
forma rápida, como se aquilo fosse recompensa por eu ter finalmente contado.
“Porra!” Explanou, irritado. “Não é por nada não, Wheeler, mas eu to aqui por
você e olha o que faz comigo. Quando foi isso, hm?”
“Eu quero você, Nick, não o prêmio de consolação.” Tyson fez um carinho em
minha mão e me olhou. “Mas deixe-me analisar se vale a pena trocar você por
esse prêmio de consolação...”
“É minha parte no cabaré.” Falei dentro do seu ouvido. “Não vou conseguir vir
aqui todo dia e não poder mais ter você.”
“E você vai sustentar seu filho com vento?” Ritter me afastou de forma brusca.
“Se você me chamou pra vir aqui, beber essa coisa que você chama de
destilada pra me pedir que te deixe casar, eu faço o que você quer, só não se
iluda achando que eu vou aceitar cuidar disso tudo só porque você quer me
consolar com algo que não é consolo. Nunca foi.”
Tentei falar, mas Tyson foi para fora da sala. Um milhão de coisas
haviam se passado em minha mente e o mais doloroso é que por mais bronca
que ele estivesse me dando, por mais triste que ele poderia soar, o sorriso que
eu tanto amei ainda estava em seus lábios. Escrevi um pequeno bilhete. Eu
estava disposto a não me entregar a ninguém. Meu suporte e a única pessoa
que me amou, mesmo eu sendo um cafetão, fora ele. A única pessoa que me
olhou um pouco mais doce quando eu era só um poço de sonhos incertos.
Peguei meu carro e fui para uma estação de esqui nas montanhas de
Downtown*. Não era muito longe dali, eu queria por minha cabeça no lugar,
mas começou a chover. Trovejava fortemente e o sorriso debochado de meu
amado não me saía da cabeça e o que era para ser apenas pôr uma cabeça no
lugar, virou um acidente de carro. Ao tentar desviar de um caminhão, acabei
derrapando com o carro e capotando com o mesmo montanha a baixo. Pude
sentir muitos dos meus ossos se quebrando com o bater da lataria no chão,
mas o que me deixou mais triste e doloroso foi a última imagem que me veio à
mente antes de encontrar-me com a eternidade. A última imagem que tive em
mente foi ter encontrado o paraíso no sorriso triste do <i>meu</i> Tyson.
POV do Alex.
Chamei meu segurança pelo interfone e este veio o mais rápido que ele
pôde. Comentei com quem eu queria conversar e mandei que ele o chamasse,
sem que falasse de quem se tratava e porquê. O homem saiu atrás daquele
que eu queria conversar, para saber se minhas suspeitas estavam certas e se
elas realmente estivessem certas, eu saberia muito bem como me portar diante
daquele homem. Nick, meu sócio, estava fora a alguns dias e ele era muito
mais forte que eu em tomadas de decisões como aquela. Eu não costumava
agir com crueldade, mas naquele momento era necessário.
“Retire a máscara.” Exigi e o homem arregalou os olhos. Meu segurança
fechou a porta atrás de si após meu agradecimento singelo vindo de um sorriso
completamente torto, mas sincero. Voltei logo para minha pose de durão, como
uma forma de me deixar um pouco mais amedrontado que ele parecia.
“Não é proibido tirar a máscara aqui?” Percebi sua sobrancelha elevar-se aos
poucos e eu tive que conter uma risada. “Responda.”
“Não quando eu peço.” Falei, torcendo os lábios infantilmente. “Você não está
me vendo com máscaras está?”
“Eu sou o <i>dono</i> disso aqui, senhor.” Falei um pouco mais firme. “Eu não
me importo se nessas quatro paredes o senhor quebre alguma das minhas
regras, ainda mais se eu estou <i>ordenando</i>.”
“Homens e mais homens vêm aqui para se divertir. Há muitos anos. E você é o
primeiro que entra e sai <i>sozinho e sóbrio</i>.” Respondi, quase que num
tom de acusação, que o fez ajeitar-se na cadeira de forma incômoda. “E sabe o
que eu acho que o senhor é, Nathan?”
“Eu estou confessando exatamente isso.” Sorri. “Uma pena que o senhor não
seja um padre.”
“Posso mandar você rezar alguma coisa, se é esse seu problema.” Encolheu
os ombros e eu arqueei a sobrancelha, como se o desafiasse para uma batalha
que eu já sabia quem seria o perdedor. E não importava muito quem era o
perdedor, só que eu não seria eu. “Agora não eu não posso ir?”
“Não.” Neguei com a cabeça. “Qual é seu real interesse nesse lugar?”
Perguntei em meio a um suspiro baixinho, enquanto me sentava ao seu lado,
na cadeira de visitas. Eu não podia dar alguma chance de fuga ao homem que
parecia dar lugar a um sentimento mais incomodado com a minha repentina
proximidade.
“Tem ocorrido muitas mortes aqui.” Relatou o que me era óbvio. “As famílias
querem solução para elas, principalmente a família de Urie.”
“Urie?” Franzi o cenho. Havia muitos anos que eu não ouvia aquele
sobrenome, por isso demorei um pouco para ligá-lo ao rosto de Loise. O que
era engraçado, Loise havia me dito que tinha sido repudiada por toda sua
família conservadora e mórmon quando sua opção sexual fora revelada,
quando chegou a levar um namorado qualquer – que provavelmente não sabia
de seu trabalho sujo aqui – queriam sua cabeça. É estranho, de repente, ter
algo tão... acolhedor vindo de uma família que o lançou fora sem muita
piedade. Acabei rindo, quando toda essa história do <i>Urie</i> me voltou à
mente.
“Por que tanta estranheza?” Ele ergueu a sobrancelha, vendo-o completamente
tenso. Arrastei a cadeira vagarosamente até ficar muito mais próximo a ele,
sem deixar de ter aquele jeito relaxado que o deixava ainda mais tenso e
tímido. Nate me acompanhava com os olhos com tanto cuidado que vez ou
outra eu chegava a duvidar de minha escolha. Se Nick não aparecesse, o que
eu faria para tocar um lugar como aquele? “Garotos de programa também têm
família.”
“Eu falei sobre as mortes.” Suspirou e ergui a sobrancelha. “Acha mesmo que
tem mais algo que me prende aqui, senhor...?”
Eu não dei muito ouvido ao que ele estava falando, a final, consegui me
lembrar que existem policiais que eram treinados para mentir. Eu
provavelmente nunca descobriria se Nathan estava falando a verdade, eu
nunca descobriria, sequer, se o nome dele era mesmo o que havia me dito. Eu
não iria mais me importar com ele para poder conseguir fazer o que me era
necessário.
“Por que eu?” Perguntei baixinho. “Com tantos lá em baixo, você deseja o que
não é acessível ao seu toque.”
Pov do Gerard.
Juiliet era tão provocativa quanto Loise. Tão aclamada quanto ela, tão
desejada quanto! Seu corpo fazia todos aqueles homens irem ao delírio,
porque ela sabia como os manipular, como se eles fossem – e na verdade
eram – seus brinquedinhos. Não havia – em teoria – envolvimento emocional.
Nada mais além do sexo bom e da cena de um palco que mexeria com a
cabeça de muitos.
“Hey!” Carlie bateu na minha porta. Por incrível que pareça, ele estava meio
que no controle do lugar. Eu nunca achei ruim, a final, ele era um companheiro
de strip excelente. Ele <i>era</i> excelente. Espero que Alexandro consiga
sustentar isso aqui sozinho, porque os homens não merecem ficar sem Carlie.
Até eu gostava do trabalho dele, na realidade. Eu me espelhava nele por
milhares de vezes ao criar minhas apresentações. “Tá na hora.”
“Falta brilho.” Encolheu os ombros. “Esse terno preto básico tá muito estranho.”
“Tem gente que fantasia com homens de negócios certinhos que se soltam ao
som de uma música agitada.” Encolhi os ombros.e ele repetiu meu gesto.
Acabei rindo baixo, enquanto seguia com ele pra perto do palco. Ritter
gentilmente colocou gliter em meus olhos e eu aceitei a gentileza, antes de eu
ser anunciado. “Foi com base nisso que eu criei esse número.”
Fiz meu show da forma que eu era pago para fazer. Uma a uma, as
peças de roupa caíam de meu corpo com charme e malícia, mas na platéia,
quem eu mais queria tirar do sério, fingia não me olhar – ou se mantinha
apático à minha apresentação. Era doloroso demais para mim, perceber
aqueles olhos buscando muito mais que meu corpo.
“Você não tem escolha, <i>amor</i>.” Sedutor era tudo o que eu decidi ser
naquele momento. Já havia me exibido ao máximo para ele, mas meu cliente
mais precioso não me queria por algum motivo. Eu já não estava me
importando. Não hoje e talvez nunca mais me importasse.
A maioria das vezes, eu recebia os números dos quarós e escolhia para qual ir.
Naquele dia, eu o levei para o primeiro quarto vazio que consegui achar, depois
de bater em tantos outros estragando sua noite. O pequeno estava sendo
puxado por mim como se estivesse em uma coleira, andava contra a vontade e
com um bico contrariado. Eu me sentia satisfeito pela submissão revoltada. Eu
me sentia feliz com a falta de vontade, embora gostasse da glória, do
agressivo, do que me era jogado aos pés.
“Eu realmente não me importo.” Falei baixinho em seu ouvido. “Eu escolhi
você. Não gosta de esposas? Eu posso ser perfeita para suas necessidades.”
Talvez ele não tenha percebido o quão longe eu queria chegar. Segurei-o com
força pelo queixo e comecei a morder gentilmente seus lábios, até que seus
pedidos para me deter se tornassem pequenos gemidos satisfeitos. Talvez ele
nunca tivesse aproveitado as vantagens de um quase feminino.
“...seu ego me irrita.” Disse o pequeno e eu dei uma risada baixa. “Sua
promiscuidade me enoja.”
“Mas está indo pra cama comigo.” Falei, abaixando sua calça num puxão. Eu
estava semi-nu e talvez ele tivesse percebido minhas intenções reais. “E eu
não sou bom com rejeições. Não as aceito bem.”
“Mas o que é que você está fazendo?” Perguntou. “Vai dormir comigo contra
minha vontade?”
“Se você não for meu, querido, não será de mais ninguém.”
“Me diz seu nome, delicinha.” Perguntei, com o punhal apontado pra ele.
“Você disse que não o importava com isso.” Falou, meio apavorado.
“F-Frank Iero.” Falou falho e eu sorri, assentindo. Era um belo nome. Frank
tentou uma fuga. Bateu na porta enquanto capturou meus lábios e eu tão
tolamente caí, mas cravei a faca de corte afiado em suas costas e em meus
lábios Frank gemeu dolorido.
Eu perdi o pequeno, mas ele também não seria de mais ninguém. Li o nome de
quem estava em sua aliança e decidi não contar a ninguém. Frank fora o
homem que eu amei e o que me rejeitou. Frank teve o final que mereceu e este
conto acaba com minha vitória.
Não sei precisar se isso era amor, se isso foi amor, mas Frank e seus gemidos
– sejam eles quais forem – nunca mais sairiam de mim ou de minha mente.