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algumas horas, dias, ou mesmo, meses, para meditar a Fé e refletir sobre sua caminhada com
Cristo.
um encontro mais profundo com Ele, por meio de estudos da Sagrada Escritura, debates,
dinâmicas entre grupos e Adorações ao Santíssimo Sacramento, reverenciando Aquele que nos
criou e dedicou a maior parte de sua vida a nós.
Mas uma pergunta geralmente vem pairando a cabeça dos que vão embarcar nesta jornada:
qual seria o verdadeiro significado de um retiro? Para o bispo auxiliar de Belo Horizonte, Dom
João Justino de Medeiros, “todo retiro tem essencialmente o sentido de ‘retirar-se’, tomar
distância por um breve tempo dos ambientes que marcam o dia a dia da vida, tendo em vista
silenciar-se para a ‘escuta’ de si mesmo e, sobretudo, de Deus”.
“Li nesses dias, no jardim de um mosteiro, a seguinte frase: ‘O Espírito Santo é educadíssimo.
Somente fala quando nós nos calamos’”
O Bispo Auxiliar acredita que o jovem, ao aceitar este desafio, deve “retirar-se” para “aquietar-
se” e escutar a Deus, pois “está oferecendo a si mesmo uma oportunidade muito rica de
crescimento na Fé e de fortalecimento da vida espiritual.
Mas, o fundamental mesmo para que o retiro espiritual proporcione aos participantes este
encontro com Cristo, conforme o prelado, é a busca pelo silêncio e pela escuta da Palavra de
Deus. “O silêncio é uma exigência para uma experiência mais radical de escuta”, ressaltou.
“Li nesses dias, no jardim de um mosteiro, a seguinte frase: ‘O Espírito Santo é educadíssimo.
Somente fala quando nós nos calamos’. Aparentemente muito simples, a frase fala uma
verdade da tradição espiritual cristã. É no silêncio que podemos escutar melhor o que Deus
tem a nos dizer. Outros eventos religiosos podem proporcionar interessantes experiências de
Deus para os jovens. Mas os retiros, sobretudo de silêncio, dão algo preciosíssimo àquele que
consegue vencer a tentação de ser ‘o dono da verdade’. A verdade é Jesus Cristo! Dela
podemos nos aproximar, mas não tomar posse, manipulá-la.”
Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará – é este o itinerário espiritual proposto por
Jesus. E a primeira verdade é a verdade sobre si mesmo
Tomás de Aquino lembrava que quanto mais eu vou ao encontro de mim, mais eu descubro
em mim um Outro que não sou eu, mas que, no entanto, é o fundamento do meu existir.
Espiritualidade sem autoconhecimento pode tornar-se presunção e autoconhecimento sem
espiritualidade pode levar ao desespero – dizia Pascal. Tenho medo do homem cujo Deus está
no Céu... e acredito na pessoa que descobre Deus dentro de si mesma, e a partir dessa fonte
estrutura a sua vida. Mística é tornar-se uno com a criança divina em nós, com o verdadeiro
ser, com o mistério da própria individualidade que é partícipar de Deus – fala Anselm Grün,
lembrando que espiritualidade e autoconhecimento não podem soltar as mãos. Clemente de
Alexandria já lembrava: Parece pois, que o mais importante de todos os conhecimentos é o
conhecimento de si mesmo; pois quando alguém se conhece a si mesmo ele há de chegar ao
conhecimento de Deus... e Guilherme de St. Thierry dizia: Conhece-te a ti mesmo, porque és a
minha imagem, e assim hás de conhecer a mim, de quem és imagem. Em ti tu me encontrarás.
E podemos escutar ainda Bernardo de Claraval resumindo: Reconhece-te como imagem de
Deus e envergonha-te por a teres recoberto com uma imagem estranha. Lembra-te de tua
nobreza e envergonha-te de quanto decaíste! Não deixes de reconhecer tua beleza, para que
mais ainda te angusties por tua fealdade. O nascimento de Deus se dá no fundo da alma
humana, como dizia o Mestre Eckart.
Leonardo da Vinci dizia: Uma vez que você tenha provado o voo, andará para sempre pela
terra com os olhos voltados para o céu. Quem lá esteve, sempre haverá de querer voltar.
Porque, dentro de cada pessoa há um vazio do tamanho de Deus, como lembrava
Dostoievsky... e se o vazio é do tamanho de Deus, não podemos preenche-lo com migalhas ou
com nadas.
Reza a lenda que quando Deus criou cada pessoa, falou assim no seu ouvido: não fuja de
mim... porque, se você fugir, eu vou precisar procurar você! E falou mais... dizem que Ele deu a
cada um de nós uma missão, uma tarefa de vida e divina, uma mensagem para cada um
transmitir ao mundo. Esquecemos esse recado divino que Ele nos falou lá no começo de
tudo... e estamos aqui para isso e para isso temos a vida inteira: relembrar, descobrir e assumir
essa missão de vida. No sério mesmo e na boa, é a essa a grande tarefa do Autoconhecimento:
ajudar cada pessoa a descobrir a sua missão e a construir o seu projeto de vida. Isso está
dentro, tatuado no mais profundo do coração humano. E só um processo profundo de
autoconhecimento pode ajudar cada jovem a redescobrir essa tatuagem sagrada, onde está o
roteiro da felicidade e da realização. Enquanto não redescobrirmos esse Plano ou Missão que
esse Alguém sonhou para nós, passaremos pela vida fazendo planos nossos, pequenos e
mesquinhos, ilusórios e passageiros, que o vento leva. Deus deve rir muito se contarmos para
Ele os nossos planos...e nós, sem dúvida, seremos felizes quando encontrarmos o Plano que
Ele sonhou para cada um de nós! Autoconhecimento não é apenas para entender como eu sou
e por que sou assim. É muito pouco quando o autoconhecimento se limita à consciência e
compreensão do traumas e mecanismos de comportamento. Autoconhecimento é o caminho
que nos leva à descoberta da nossa Essência, do melhor de nós mesmos, do divino que somos
no mais profundo da nossa individualidade, aí onde está inscrita a nossa Missão de Vida e a
partir de onde podemos construir um Projeto de Futuro.
Experimentar a Deus é ter mais vivacidade. Uma vez uma senhora jovem disse que meditava
todos os dias, mas fazia semanas que não sentia nada. Então perguntei: Você coloca suas
partes ruins, ou só as partes boas, piedosas, em sua meditação? Ficou claro que ela se
colocava parcialmente mediante Deus, e somente podemos experimentá-lo se nos colocamos
plenamente mediante Deus. Experimentar a si mesmo é pré-condição para experimentar a
Deus. Elias pensava que Deus poderia ser experimentado na tempestade, no fogo. Claro que
Deus pode ser experimentado aí também. Mas não devemos nos colocar sob pressão em
busca de euforia, ou percepção especial. Quando se busca euforia, pode ser uma fuga em
relação aos problemas cotidianos. Paulo também experimentou a força de Deus, que não está
no fogo, mas se revela no fogo, no fogo do amor, no fogo que queima, não está na perfeição,
na perfeição de uma igreja que não comete erros
Tipos de medos
Existem muitos tipos de medos: medo do passado, do presente, do futuro; medo de pessoas
de dentro de casa e fora dela; medo de solidão, de multidão; medo de morrer, de viver; medo
de homem, de mulher. Existem pessoas que têm medo de quem está vivo, outras de quem
está morto.
Alguns com medo da traição, outros da paixão; outros com medo do perdão (dar ou receber);
alguns com medo de falar, outros com medo de calar; alguns com medo do conhecido, outros,
do desconhecido. Enfim, são muitos os tipos de temor e escrever uma lista de todos seria algo
quase impossível.
Certa vez, ouvi padre Rufus Pereira dizer que o demônio é o “deus do medo” e que esse
sentimento é como um louvor aos infernos: quanto mais uma pessoa o alimenta, tanto mais
força tem o demônio de fazer mal a ela. Medo e fé são como água e óleo: não se misturam. Ou
uma pessoa tem fé ou tem medo. Se o medo vencer, acabará asfixiando a fé.
Leia mais:
Quais são os seus medos? O que eles têm te impedido de realizar? Que dores têm causado.
O temor, na maioria das vezes, surge da nossa imaginação (como Santa Teresa dizia: “A
imaginação é a louca da casa”); por isso, muitas vezes, o medo é como um manipulador, um
“cara bom de papo” ou até um ilusionista, que faz você ver o que não existe, acreditar no que
não é verdade e assustar-se com fantasmas que já foram sepultados, mas que ele insiste em
dizer que estão vivos.
Na grande arena da vida, os ponteiros da decisão apontam a hora de enfrentar os seus medos,
não de mãos vazias, mas com “as armas da fé” (cf. Rm 13,12). Não se esqueça também de que
todo lutador tem sempre um técnico que lhe diz o que fazer. O seu é Jesus, Aquele que lhe diz:
“Não tenhas medo, pequeno rebanho, pois foi do agrado do vosso Pai dar a vós o Reino” (Lc
12,32).
Quem não tiver coragem de enfrentar os seus medos, nunca descobrirá que é maior do que
eles, não importa o nome que tenham; você não pode mais lutar de costas, essa é a posição do
pânico, dos covardes e derrotados. Na luta entre o medo e você, creia que o cinturão da vitória
é seu.