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C1 COMENTANDO O CAPÍTULO 1
1 - Inicialmente, é importante compreender, como diz Joel Goldsmith, que "a palavra
escrita (leitura destes textos) é a parte menos importante deste trabalho. O que não é
escrito ou falado é o maior ensinamento". Isso significa que o propósito destes
ensinamentos não é fazer com que o estudante adquira cada vez mais conhecimentos
sobre "misticismo", "metafísica", "transcendência" ou "iluminação", e sim fazer com
que a pessoa se volte (em meditação) para o seu interior, onde reside o Eu divino de
cada um.
Goldsmith explica que, inicialmente, ao praticar esta verdade, pode parecer que o
estudante está programando a si mesmo mentalmente para acreditar somente na
existência do bem. Todavia ele diz que, à medida que a pessoa for se aprofundando no
ensinamento, assimilando as verdades reveladas, ela constatará (e experienciará!) a
veracidade da afirmação de que "Deus é o bem e a perfeição, o mal e a imperfeição
não foram criados por Deus" em nível transcendental, acima e além da mente.
Goldsmith diz: "O grau de aceitação desta verdade corresponderá ao desenvolvimento
do Cristo de sua própria consciência, ao desenvolvimento de seu conhecimento de que
a plenitude do Cristo constitui o seu ser."
3 - As recomendações acima são feitas a fim de que o estudante possa chegar ao ponto
de conhecer Deus como sendo a sua consciência individual. A consciência individual é
aquilo dentro do qual tudo está aparecendo. Neste exato instante olhe e contemple todo
o universo que está a sua volta: seu corpo, sua sala, os objetos, as pessoas, o céu, a lua,
as estrelas e os planetas, o universo inteiro... tudo está aparecendo dentro da sua
consciência. Se sua consciência não estivesse presente para testemunhar a ocorrência de
todos esses eventos, eles não existiriam. Você não existe como um ser minúsculo (um
corpo físico) preso dentro de um universo mais amplo, ao invés disso o universo é
que está existindo dentro de você, EM você, em sua consciência. Isso é possível porque
o Ser que você éé sem-espaço e sem-tempo. O universo existe apenas porque primeiro
você existiu como o observador. Essa consciência que permite a existência de todas as
coisas é Deus. E ela transcende o tempo, o espaço, o seu corpo e a sua mente. O
Caminho Infinito afirma que Deus é a nossa consciência individual e nos ensina a
alinhar essa consciência com a natureza de Deus, a fim de que possamos acessar as
qualidades e atributos divinos que existe no Infinito que está dentro de nós. Essa
Consciência infinita e invisível é a fonte de todo o poder, saúde, prosperidade,
alegria. Por isso, Goldsmith afirma: "Habitue-se a conscientizar que o poder, a
qualidade, a quantidade e a realidade nunca estão naquilo que está formado, mas que
realmente estão no Princípio, Alma ou Consciência que produz toda forma existente."
Goldsmith diz: "Em momento algum Jesus estava buscando a sua própria
demonstração: ele vivia num senso de doação, de ser uma transparência de bem para o
mundo. O Cristo não pode entrar numa consciência que está em busca de algo para si
mesma. A nossa missão no mundo está em sermos uma transparência para o bem. O
“eu” que procura algo para si não é o Filho de Deus, pois o Filho é herdeiro de Deus e
co-herdeiro com o Cristo, e o Filho está sempre cônscio de que tudo que é do Pai
também pertence a Ele. Sendo assim, como poderia existir algo que o Filho desejasse
buscar para si?".
Além disso, Goldsmith diz que: "Na construção desse novo estado de consciência, nós
não podemos pretender buscar por algo, pois devemos começar a conscientizar
que “somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com o Cristo” (Romanos 8: 17), e dessa
maneira somos aquele exato local em que a totalidade de Deus está jorrando".
Nosso ser pode ser comparado a um grande duto ou canal de água, e a totalidade de
Deus está jorrando através de nós. Estamos sempre preenchidos. Precisamos nos
acostumar com a ideia de que a totalidade de Deus (ou seja, tudo o que Deus é) existe
dentro de nós, e está jorrando (disponível) através de nós. Tudo já está feito! É
importante ter essas verdades como ponto de partida em nossas práticas espirituais. Se
partirmos do fato de que "algo precisa ser feito", nossa prática espiritual será infrutífera.
Goldsmith nunca enxergava a falta, a carência, e sim a presença da abundância de tudo
o que Deus é. Quem quer que fosse, para onde quer que ele olhasse – tudo já estava
suprido. Tenhamos isso sempre em mente, pois, este é um parâmetro que nos permitirá
avaliar se estamos alinhados ou não com este ensinamento iluminado.
Namastê!
C2 COMENTANDO O CAPÍTULO 2
Goldsmith diz que a oração ou prece "não é aquilo que dizemos a Deus, mas aquilo que
Deus nos diz". Enquanto estivermos usando a mente dualística (dotada do senso
de separação entre "eu" e "Deus", "eu" e o "outro", "eu" e "tudo mais") tenderemos a
orar pedindo aquilo que julgamos "não ter". A mente humana dualística percebe a
separação e julga que não somos um com Deus ou com aquilo que pensamos necessitar.
Por isso, é inevitável que a oração originária da mente humana seja no sentido de pedir
a Deus para que conceda algo que não está aqui. Em suma, quando o indivíduo percebe
unicamente com a mente humana, ele tem de se dirigir a um Deus que está longe, para
informá-Lo de suas necessidades, e lembrá-Lo de cumprir o dever de ser Deus.
Todavia, quando o indivíduo usa a Consciência (ou Mente divina), ele percebe que
"Deus e eu somos um", "eu e o outro somos um", "eu já sou um com aquilo que
necessito". A Mente divina percebe a Presença de Deus, percebe a unicidade entre todas
coisas e, por isso, percebe a provisão. Tudo já está provido! Usando a "Mente divina", o
homem não se dirige a Deus, mas deixa que Deus mesmo Se revele e Se expresse. Não
é necessário se dirigir ou dizer algo a Deus, pois a Consciência sente a Presença de
Deus aqui e agora mesmo. E Deus, sendo onisciente, sabe de todas as nossas
necessidades. Por isso, a única preocupação do Caminho Infinito é fazer com que o ser
humano se eleve em percepção, abandonando a mente dualística/separativista para, com
a Mente Divina, alcançar o espaço onde o homem se percebe sendo um com Deus. Uma
vez que isso seja feito, passamos também a receber e vivenciar os benefícios da
Presença Divina. E tudo isso é realizado através da Meditação.
Goldsmith ensina que a Meditação requer silêncio e receptividade. Silêncio para ouvir
aquilo que a mente humana não consegue ouvir (logo, este silêncio não diz respeito
aos sons ou ruídos do ambiente, e sim ao silêncio dos pensamentos e atividades da
mente). E receptividade para permitir que o Ser se revele e Se expresse em nosso corpo,
nossa mente e em todas as nossas atividades. Esses dois requisitos (silêncio e
receptividade) devem ser trabalhados e obtidos em nossas práticas espirituais. Mas
Goldsmith adverte que, ao se sentar para meditar, a mente não fará silêncio, e que de
nada nos adianta tentar aquietar a mente humana, paralisar os pensamentos ou deixá-los
em branco. Não devemos tentar lutar ou interferir, nem desejar que passem ou
permaneçam, mas apenas observá-los, impessoalmente. A observação
desidentificada dos pensamentos retira da mente a força que ela usa para produzir
pensamentos, e logo ela começa a silenciar.
Nessa primeira etapa, Goldsmith não aconselha a prática da mente vazia. Ao invés
disso, é muito mais proveitoso dar início à meditação com alguma pergunta ou ideia
específica sobre a qual você deseje alguma luz. Isso revela-se ser mais útil, pois diminui
a possibilidade de o praticante pegar no sono durante a meditação. A fixação da mente
em uma questão específica ajuda a diminuir os pensamentos dispersos/aleatórios e a
obter o aquietamento mental, além de possibilitar receber revelações e respostas. A
mente deve estar fixada em Deus, nas coisas de Deus (consciência do puro Bem), e
receptiva para que a Sabedoria divina se revele em sua própria consciência (essa
mesma consciência/mente que você está usando para meditar). A consciência/mente do
homem não é nem divina e nem humana. O homem é um ser misterioso/híbrido capaz
de perambular entre dois universos (unidade e separatividade), duas percepções.
Quando você meditar, deve manter receptividade para que a Sabedoria de Deus se
revele na mesma consciência/mente com a qual você deu início à meditação. Uma vez
ocorrida a revelação, sua mente não será mais a humana, e sim a divina. E, na Mente
Divina, você se perceberá um com Deus.
Toda meditação traz benefícios ao praticante. Benefícios que atuam em todos os campos
e níveis: físico, mental, emocional, espiritual, até o ponto de conduzir a percepção da
pessoa às alturas da Consciência. Em geral, as pessoas que meditam necessitam de
menos horas de sono, vivem em estado simultâneo de alerta e repouso, são mais atentas,
desfrutam de maior equilíbrio emocional, serenidade e paz interior. Além disso, a
prática da meditação pode levar o indivíduo a desenvolver/ampliar a inteligência,
a intuição e outras faculdades mentais ou psíquicas, chamadas de "siddhis" (poderes
espirituais). Esses são os efeitos ou benefícios "superficiais" ou "secundários" da prática
meditativa - não são o objetivo principal da meditação. O verdadeiro objetivo da
Meditação é propiciar ao praticante a percepção da consciência de unidade com Deus e
com a Vida.
Uma vez conscientizada a nossa unicidade com Deus, deixamos de "viver por nós
mesmos", e Deus passa a viver "em" e "através" de nós. O homem mergulhado no senso
de separação de Deus tem a sensação de existir independentemente, de viver por si
mesmo, e realizar tudo por si mesmo. O homem que existe separado de Deus depende
de sua própria força, capacidade, inteligência, recursos. O senso de separação de Deus
impossibilita que a presença e poder de Deus atue na experiência humana. O meio para
"trazer Deus para perto" do ser humano consiste em o homem adquirir a percepção da
presença de Deus. Jesus Cristo dizia de si mesmo: "Eu e o Pai somos um", "eu de mim
mesmo não faço coisa alguma, é o Pai em mim quem realiza as obras". Por isso,
quando o homem entra em contato com o Cristo de seu ser, o Espírito de Deus vive em
nós e passa a realizar todas as obras. Esse Espírito de Deus passa a ser a lei sobre a qual
toda a nossa vida se desenrola. As coisas deixam de ocorrer unicamente em função de
leis materiais, cármicas (dualidade), passam a se submeter a uma lei mais elevada: a lei
do Espírito, da Graça, do Amor (Unidade).
Namastê!
C3 COMENTANDO O CAPÍTULO 3
Logo na abertura deste capítulo, Goldsmith inicia com a passagem bíblica que afirma:
"Não se glorie o sábio no seu saber, nem se glorie o forte na sua força, nem se glorie o
rico nas suas riquezas; porém, aquele que se gloria, glorie-se em Me conhecer e em
saber que Eu sou o Senhor que exerço a misericórdia, a equidade e a justiça sobre a
terra". Essa passagem bíblica chama a atenção para que tiremos nossa atenção do
"mundo dos efeitos" a fim de podermos conscientizar Aquilo/Aquele que é a causa
única e verdadeira de tudo o que existe. O homem que deposita sua fé em sua
inteligência/capacidade/recursos próprios, apoia-se na natureza efêmera, frágil e incerta
do mundo dos efeitos. Permitir que as coisas existentes no universo dos efeitos se
tornem lei para nossa vida não é sabedoria. A Sabedoria verdadeira consiste em deixar
que a Consciência Espiritual se torne lei para todos os acontecimentos de nossa vida.
Vamos começar a compreender que pessoas, coisas, lugares ou circunstâncias não são
causas daquilo que nos acontece. Aparentemente falando, a coisa pode parecer chegar a
nós por meio de uma pessoa ou circunstância, mas a "pessoa" ou "circunstância" em si
são o puro nada. A Consciência ou Espírito Divino é a única
causa/presença/força/substância atuando "por detrás" e "através" de cada pessoa, coisa,
lugar ou circunstância que estão sendo utilizados. A compreensão disso permite-nos
retirar a atenção/confiança do reino dos efeitos, e assim deixamos de conferir aos efeitos
o poder para governar/dirigir o que acontece em nossas vidas. Não devemos colocar
nossa dependência em efeitos (pessoas, dinheiro, etc.) mas sempre no Espírito de Deus
que os conduz até nós.
Se algum elemento externo parece ter poder para agir sobre nós, é porque aceitamos a
crença de que existe fora de nós um poder capaz de nos influenciar. Mas Goldsmith
afirma que nenhum poder age sobre nós. Isso deve ser conscientizado, deve ser
contemplado. O estudante necessita sentar e meditar, voltando sua atenção para Deus, e
contemplando: "nada lá fora pode exercer poder sobre mim, exceto a própria
Consciência que Eu sou. A Consciência (Deus) é a única causa do meu corpo, da
minha mente, lar, relacionamentos, vida profissional, e essa Consciência é Bem, Amor,
Sabedoria, Verdade, Harmonia, Abundância. Eu vivo dentro do Reino de Deus.
Portanto, tudo em minha vida segue dentro da ordem divina, estabelecida por Deus.
Tudo já está suprido/providenciado".
A propósito, a palavra "contemplar" significa "perceber aquilo que já existe, que já está
acontecendo". Contemplação não diz respeito ao indivíduo querer criar (com o poder de
sua mente ou de sua consciência) uma realidade que ainda não está lá. A meditação
contemplativa consiste em o estudante perceber diante de si uma realidade que já
existe, que já está acontecendo. É imbuído deste espírito que o praticante deve
realizar a contemplação descrita acima. Esse é um ponto muito crucial e importante,
por isso vale repetir: não realize as contemplações objetivando manifestar em sua
realidade coisas que ainda não existem. "Contemplar" significa apenas "ver" o que já
está lá. Alguma vez você já deve ter observado pássaros voando no céu. Se você pôde
contemplá-los é porque eles já estavam lá. A você coube apenas o papel de desfrutar da
visão de pássaros voando. Ao meditar, você deverá contemplar o Reino de Deus da
mesma forma como contemplaria o cenário de pássaros cruzando o céu. Sem forçar,
sem querer criar nada – apenas constatar aquilo que já é. O mínimo desvio desse
princípio faz com que a sua prática se torne um mero exercício mental, e não espiritual.
Se a mente contestar e relutar, com dúvidas e pensamentos de que "isso não existe,
impossível!", conscientize que essa é apenas a opinião ou julgamento da mente, e saiba
que a mente humana jamais será capaz de perceber o mesmo que Consciência Espiritual
percebe. A partir disso, deixe que a mente limitada continue percebendo aquilo de que
ela é capaz (isso é problema dela!), enquanto você se ocupa em reconhecer a presença
do Reino de Deus.
A princípio isso pode parecer um exercício de mentalização, mas conforme a pessoa for
se aprofundando na prática (de retirar o poder do efeito e fazer de Deus o único poder
capaz de dirigir a experiência de sua vida), um sentimento muito profundo começa a
surgir, e é quando o indivíduo começa a ter contato com a parte puramente espiritual (e
não mental) deste ensinamento. Alcançar esse "sentimento profundo" será o bastante.
Goldsmith diz: "Quanto maior for a sua compreensão da Consciência como sendo
Deus, maior será sua transparência para manifestar o reino de Deus em suas
atividades. Deus é onipresente, mas este fato somente se tornará efetivo quando
puder sentir conscientemente aquilo como sendo verdade.".
O objetivo do capítulo 3 é expor o princípio de que Deus é a única causa, e que não há
nenhum poder no efeito. Se as formas ou efeitos aparentam atuar sobre nós como se
fossem "causas", é porque acreditamos na existência de um poder externo, separado da
nossa Consciência. Todavia, o poder existe no Espírito que produz o efeito e não no
efeito em si. Nossa Consciência Espiritual é a única causa (e portanto o único poder)
capaz de reger todo e qualquer acontecimento em nosso universo. Esse é o princípio que
realiza os milagres.
Apenas saber essas verdades não é o suficiente. Goldsmith diz que: "Deus é
onipresente, mas Deus deve ser reconhecido, pois é o consciente reconhecimento do
Espírito de Deus que faz com que Ele Se torne manifesto na forma necessária para o
momento. Até que haja uma consciência e reconhecimento do Espírito de Deus como a
substância, poder e lei de todo efeito, será como se o Espírito de Deus não existisse. Há
uma só maneira de experienciarmos a presença e poder de Deus, e esta é através do
reconhecimento e conscientização de que o Espírito é a realidade de tudo aquilo que
aparece, porém sempre com a compreensão de que a aparência em si não é realidade."
Por isso, finalizo este texto, chamando mais uma vez a atenção para a importância de
realizar as práticas meditativas ou contemplativas. Elas é que farão com que os
resultados prometidos sejam colhidos em nossa vida, tanto espiritual como material.
Namastê!
C4 COMENTANDO O CAPÍTULO 4 (Parte 1)
O tema deste capítulo é "A realização da Consciência", e o Caminho Infinito ensina que
o homem é Consciência. Isso significa que a realização do homem consiste em
reconhecer ou despertar para si mesmo, a própria Consciência.
O homem é, por definição, um ser espiritual. Ele existe como um ser divino, e não como
um ser material (corpo físico ou mente). Todavia, diante do homem espiritual há um
mundo de aparências – o cenário humano – que parece estar acontecendo. Goldsmith
afirma que o cenário humano aparenta isolar-nos do divino. Apenas "aparenta" isolar-
nos, mas tal isolamento não ocorre de fato. O que faz com que o homem (ser espiritual,
divino) se sinta isolado e separado de seu criador, é o fato de ele se deixar levar
pelos cinco sentidos do corpo, que não vêem senão uma sequência de "imagens"
desfilando, o tempo todo surgindo e desaparecendo. O cenário humano mutável é visto
e captado pela mente humana, mas a Consciência Espiritual enxerga a Verdade
imutável, que está acima e além deste reino de aparências. Dessa forma, a mente
humana não consegue jamais "ver" ou compreender as coisas do Espírito. O que é
mental discerne somente "coisas mentais".
A realidade espiritual ou divina somente pode ser discernida pela própria Consciência
Espiritual. "Os Meus pensamentos não são os teus pensamentos, e os Meus caminhos
não são os teus caminho. Porque assim como os céus são mais altos que a terra, assim
são os Meus caminhos mais altos que os teus caminhos, e os Meus pensamentos mais
altos que os teus pensamentos" (Isaías 55: 8-9). A fim de melhor compreender e
aprofundar esse importante ponto (mente x Consciência), leia mais clicando aqui.
Este é o dilema: o homem, que por natureza é um ser espiritual, parece estar vivendo
longe de casa num reino de natureza não espiritual (o mundo). Ao buscar sua felicidade
ou realização no mundo, não os consegue encontrar, pois a natureza do mundo não se
identifica com a natureza ou essência do homem. Ambas são incompatíveis. O ser
humano encontra sua realização ao entrar em contato com algo de natureza espiritual ou
divina. O que é mundano não pode preencher o homem. Por isso Goldsmith diz:
"Sermos ou não sermos bem sucedidos no reino exterior não é o que determinará a
nossa realização do paraíso. O paraíso é a realização da consciência interior.
Podemos ter alcançado a nossa saúde, prosperidade ou sucesso, mas não nos sentimos
felizes. Por que? A razão disto é que aquelas coisas não são, por si, a realização.". A
realização da Consciência (Deus) é a única realização legítima e verdadeira para o
homem.
Nossa realização somente será encontrada em nosso interior, onde está o "Reino de
Deus". Em Deus, somos exatamente o que Deus é: perfeitos, puros,
plenos, completos – isso não poderia ser de outra forma. Encontrando a realização da
identidade espiritual no interior, ela se torna aparente no exterior. Isso porque a
experiência externa é na realidade um reflexo de nossa experiência interna. O reino
exterior é um desdobramento (efeito) dos reinos de nossa consciência (causa). É natural
que o homem, ao fazer contato com Deus e sentir a plenitude espiritual do Ser, comece
a sentir sua vida ser redirecionada para atividades que lhe trarão mais realização: uma
mudança de cidade, de emprego, de alimentação, de relacionamentos, de hábitos, etc.. O
Espírito é quem dá o encaminhamento, e isso ocorre diferentemente de acordo com cada
um.
Goldsmith diz: "Há uma Presença e um Poder dentro de nós, que removerá qualquer
obstáculo. É possível que no momento nós nem saibamos qual a natureza desse
obstáculo, assim, devemos começar o nosso trabalho exatamente como nos
encontramos agora: com Deus. “Eu e o Pai somos um” (João 10: 30), portanto onde
eu estou, Deus está presente, e desse estado divino de consciência é manifestada a
harmonia do meu ser. A conscientização dessa Presença e Poder corrige, remove e
modifica o quadro exterior até que ele se torne um reflexo exato do interior." Note que
Goldsmith diz que devemos começar o nosso trabalho de conscientização (meditação) a
partir do ponto onde estamos neste exato momento. E ele esclarece que neste
exato instante somos um com Deus. Goldsmith nos fornece uma revelação para que não
caiamos no erro (tentação) de tentar nos tornar um com Deus, para somente depois
começarmos o trabalho de meditação. Cair nessa armadilha da mente significa perder a
meditação antes mesmo de dar início a ela. Assim, conscientize/contemple:
"Neste exato momento sou um com Deus. Não preciso tentar me tornar um com Deus
para somente depois ter manifestada a harmonia do meu ser."
Sempre que desejarmos corrigir algum quadro mental (mundo dos efeitos), não
deveremos tentar fazê-lo a partir do exterior, mas teremos de nos voltar à nossa
Consciência divina (causa), que está em nosso íntimo. Alcançando aquele "sentimento
profundo" e sentindo ocorrer uma mudança em nosso interior, logo o quadro externo
começa a se ajustar/corresponder à Verdade conscientizada internamente. Devemos nos
habituar a tirar a atenção das circunstâncias externas, e mantê-la em nossa Consciência,
que é Deus – onde habita toda a Verdade, Amor, Vida e Bem. Quando fazemos contato
com esse Bem e Amor divinos, imediatamente o fluxo do Espírito passa a correr do
interior para o exterior.
Namastê!
Os comentários sobre este capítulo estão sendo divididos em duas partes devido à
importância do conteúdo dos dois últimos tópicos: "O que vemos é o nosso conceito de
universo" e "Visualize o universo espiritual". Eles merecem uma atenção especial, pois
dizem respeito a um ponto muito crucial e importante que é passado no
ensinamento. Goldsmith afirma que a falta de compreensão deste ponto compromete o
sucesso do estudante em realizar as curas espirituais. Esses pontos devem ser
completamente muito bem assimilados.
Portanto, ao meditar nós não teremos que lidar com dois universos. É necessário superar
o impulso de querermos alterar o universo conceitual a partir da conscientização do
Universo Real. Goldsmith ensina que isso é um erro – e é o que leva a pessoa a falhar
em curar. Não há um universo que esteja aqui para ser curado, modificado ou
melhorado. Por sua vez, o universo que está aqui já é imutável e completo, e nele está
contido o Todo-Infinito que Deus é. Portanto, em nosso trabalho de cura espiritual, só o
que temos de fazer évisualizar o Universo. É o que Goldsmith diz:
Finalizando, os pontos aqui explanados podem ser utilizados para lançar ainda mais luz
sobre o assunto tratado no texto "Comentando o capítulo 3". Nele foi dito que "Deus
aparece como a Consciência individual". Esse aparecimento (manifestação) ocorre no
âmbito do Universo – e não no universo conceitual. A Consciência Única (Deus, o
Pai) está aparecendo como a Consciência individual que somos (o Filho de Deus). Deus
é a nossa substância! Deus é a nossa realidade! Todos os seres existem em Deus! Todos
os acontecimentos estão ocorrendo em Deus! Não há nada existindo ou acontecendo
fora de Deus. Não há seres vivendo ou experienciando mundo material. Em si, o
universo conceitual é o "nada" – que ora pode assumir formas condizentes com a
Realidade, e ora assume formas contrárias à natureza da Realidade. Que verdade há em
algo que é incapaz de se definir? Por isso é desprovido de verdade, substância e
realidade. Tudo o que Deus é, nós somos! Tudo o que o Pai tem, nós temos! Que
possamos contemplar essas verdades! A contemplação delas eleva a nossa percepção
ao âmbito do Universo Divino (trazendo realização e iluminação, que é o principal
objetivo deste ensinamento) e faz o cenário do mundo assumir formas condizentes com
a verdade do Ser (cura espiritual, que é um objetivo secundário).
Namastê!
C5 COMENTANDO O CAPÍTULO 5
A cura verdadeira ocorre a nível espiritual. Enquanto que a cura mental é realizada em
nível mais superficial. O indivíduo está realmente curado quando sua consciência deixa
de sentir o sentimento de separação de Deus. Todas as doenças e sofrimentos são frutos
de um sentido de separação em Deus. Se o homem não estivesse dotado de tal senso de
separação, a doença não poderia ter lugar em sua experiência. Goldsmith explica que ao
obter uma cura de natureza mental, a pessoa não está inteiramente curada, pois não foi
curada a nível espiritual (o sentido de separação de Deus não foi curado), então a
doença pode sumir hoje e reaparecer algum tempo depois.
Eis um fundamento/princípio metafísico que deve ser muito bem gravado: Quando
estamos na presença de Deus, somos exatamente o que Deus é.Quando estamos na
presença de Deus, temos a experiência de ser o próprio Ser que Deus é. Isso é assim
porque Deus nos concede tudo o que tem, estendendo a nós todas as Suas
características/qualidades divinas. Se Deus é pleno, somos plenos. Se Deus é vida
infinita, amor infinito, sabedoria infinita, etc., também o somos. Nunca pode haver um
"ser humano" na presença de Deus. Na presença de Deus só existe Deus. E Deus é
onipresente! Esse é o fundamento que o praticante deve ter sempre em mente. Essa é a
Verdade. E, se quisermos acessá-la, então deveremos nos colocar de acordo com ela.
Fazemos isso procedendo da mesma forma com que Deus procede para conosco. Se
Deus é Amor (e nos faz ser Amor), devemos estender para fora (a todos os seres, nossos
irmãos) o amor que somos. O amor deve ser estendido, manifestado. É dessa forma que
nos colocamos em sintonia com Deus e acessamos a nossa realidade como Amor. A
sagrada Escritura bíblica afirma que: "Aquele que diz que está na luz, e odeia a seu
irmão, até agora está em trevas. Aquele que ama seu irmão, permanece na luz, e nele
não há tropeço". (1 João 2; 9-10). Os segredos espirituais aqui ensinados não são
revelados aos que não estão de acordo com as verdades divinas. Essa Verdade não pode
ser vivenciada pelo homem possuidor de intenções mesquinhas ou egoístas, pois tais
características o distanciam da Realidade/Verdade que Deus é. Goldsmith diz:
Goldsmith diz ainda: "Tudo que nós chegarmos a conscientizar como sendo verdade
para nós mesmos, para o nosso ser, deve ser compreendido como sendo também
verdade sobre todos os demais. Em outras palavras, não é possível haver uma prece
visando que o sol brilhe em nosso jardim somente. Num caso destes, a prece deverá ser
apenas para o sol brilhar. Devemos estar desejosos de que ele brilhe tanto em nosso
pátio como no de nosso inimigo. Enquanto conservarmos no pensamento algum senso
de ódio ou inimizade, o tratamento ou prece será inútil." A Verdade é universal. Não
existe mais Verdade ou "Deus" em um ser do que em outro. O Deus que existia (existe!)
em Jesus é o mesmo Deus que existe em Buda, em Krishna, e em cada ser existente.
Deus é onipresente! A questão consiste em o ser humano despertar para essa verdade.
Quando todos os homens despertarem para essa verdade, todos se verão brilhando na
mesma Luz Infinita que compõe a totalidade do Universo. Jesus Cristo disse: "Eu lhes
tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu
neles e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo
conheça que tu me enviaste, e os amaste como também amaste a mim." (João 17; 21-
23). Por isso Goldsmith afirma que devemos ter a consciência de que "não temos
inimigos". A Luz de Deus brilha sobre todos, imparcialmente. Por isso, o ensinamento
cristão ensina-nos a "orar por nossos inimigos". Não se trata de orar por inimigos (pois
não são realidade), e sim anular a visão errônea da mente humana e reconhecer a
realidade de Deus como sendo tudo.
Namastê!
C6 COMENTANDO O CAPÍTULO 6
Para desenvolver uma consciência de cura, a primeira coisa que o praticante deve ter em
mente é que ele não é o realizador da cura. Não é o homem quem cura. O estudante
deve ter a habilidade de se abstrair e discernir a inexistência/nulidade da existência de
um ser humano, pois ali onde parece existir um "homem" está na verdade Deus
manifestado em toda sua perfeição, glória, esplendor, totalidade e infinitude.
Unicamente Deus está presente - esse é o fundamento que explica porque não é o ser
humano quem realiza a cura, pois ele nem está presente, para início de conversa. O
curador deve ter a habilidade de se abstrair e ver através das
imagens/aparências/conceitos formados pela mente humana. Exatamente no lugar onde
aparenta existir um cenário material formado pela mente humana está manifestado o
puro e perfeito Reino de Deus. O Reino de Deus é de substância espiritual, formada a
partir do próprio Espírito de Deus. Deus e Seu reino constituem mesma substância. A
matéria não existe. O Universo é espiritual, tal como o é Deus. Nós existimos
unicamente em Deus, conforme revela a Bíblia: "Em Deus vivemos, nos movemos e
existimos" (Atos 17:28). Alcançar determinada medida desta compreensão/percepção é
essencial para realizar o tratamento. Goldsmith diz:
Joel Goldsmith está dizendo que, onde parece haver um corpo material (que pode se
apresentar ora doente ora saudável) existe um corpo espiritual (perfeito,
eterno, glorioso, imutável) constituído da própria Substância de Deus. Assim como não
há que se falar em "dois universos" (material e espiritual), também não existem "dois
corpos", na medida em que um deles é apenas um conceito. O "corpo material" (que não
é corpo em absoluto) é apenas um conceito do corpo espiritual que está presente aqui e
agora. Nesse âmbito espiritual, Deus está aparecendo como o corpo do indivíduo. Nesse
âmbito espiritual tudo está acontecendo. Não existe ser humano vivendo ou passando
por experiências em universo material - o qual, novamente, não é um universo, mas
apenas um conceito. A vida e a experiência do homem ocorrem no Universo, em
Deus. Em Deus o homem é um ser perfeito, tal qual Deus é. Por isso, Goldsmith diz que
"toda ação que há é Deus-ação". O tratamento consiste na conscientização dessa
verdade.
Deus não existe no universo conceitual. Há somente uma Vida, e esta existe no
Universo criado e mantido por Deus. A (aparente) vida que se manifesta no universo
conceitual não é a Vida a qual Goldsmith se refere em seu ensinamento. A Vida existe
acima do universo das aparências, em Deus. No universo aparente, aquilo que se
apresenta como "vida" está sujeito a nascimentos e mortes. Goldsmith afirma que Deus
é a única Vida, e que Deus não é vítima de passamentos. O ser que nasce, morre e
evolui através de inumeráveis reencarnações não é o Cristo, o Filho, o Ser Individual. O
Ser que somos já está 100% evoluído, acabado, completo, pronto. Existe em total estado
de perfeição. A Bíblia revela que "tudo está feito". Isso significa que o Universo
também não está se desenvolvendo ou evoluindo. O Reino de Deus é um reino que
existe já pronto aqui e agora! Todas essas verdades são para ser consideradas nas
meditações/contemplações.
O que está acima explanado fornece a base para compreendermos, de uma vez por
todas, que o tempo não é um agente ou força capaz de exercer o seu poder sobre nós.
Uma vez que não evoluímos, não podemos ter idade de 5, 10, 20, 40, ou 80 anos.
Podemos também dar tratamento ao tempo. Acerca disso, Goldsmith explica que somos
"tão jovens e tão antigos como Deus". Os ensinamentos do oriente dizem que as
diversas fases da vida (infância, juventude, maturidade, velhice) passam, enquanto o ser
que somos permanece sempre o mesmo - o homem não é a aparência mutável: é o ser
que subjaz a ela. A pessoa que, em decorrência de sua compreensão espiritual, consegue
adquirir a firme convicção de que o tempo não é poder capaz de atuar sobre si como se
fosse "causa", acaba por retardar o seu envelhecimento no universo das aparências.
Quem não acredita no tempo (por compreender e realizar o Espírito como única
causa) evita os efeitos do tempo. Goldsmith diz: "Deus, o Espírito, é a única substância
e não há razão nenhuma para que o corpo apresente aos noventa anos menos
vitalidade e força do que aos dezenove anos. O corpo não pode ler o calendário; o
corpo não conhece, por si, a sua idade. Somente nós é que podemos conhecer o
calendário e aceitar a crença de idade, a qual é refletida externamente sobre o corpo.
Se conscientizarmos a nossa verdadeira identidade como sendo Espírito, o corpo
passará a ser visto como espiritual e será tão isento de idade como o somos nós
próprios. Qualquer que seja a nossa idade hoje, este é o momento em que começamos a
conscientizar que Deus é a nossa vida individual e que temos a mesma idade de Deus.
Com isto aprenderemos que a vida nunca teve um princípio e, portanto, nunca terá um
fim."
Namastê!
C7 COMENTANDO O CAPÍTULO 7
Os ensinamentos iluminados afirmam que a morte pode ser superada. Obviamente isso
não quer dizer que o homem vá viver para sempre como um corpo físico. O corpo físico
é uma existência dual (conceito) e está fadado a desaparecer pelo simples fato de ter um
dia surgido. Os fenômenos "surgir" e "desaparecer" representam polaridades opostas do
universo dualístico. Tudo o que surge, desaparece. A imortalidade não diz respeito ao
corpo, e sim à existência espiritual do homem. Espiritualmente o ser humano existe sem
jamais ter nascido ou morrido - ele é sempre, de eternidade a eternidade. Quando o
homem perde o falso conceito do corpo e conscientiza a sua natureza verdadeira, que é
Espírito, a imortalidade é obtida. Todavia, o falso sentido que fazemos do corpo
somente pode ser descartado com a conscientização da verdade sobre ele, e isso requer
treinamento de percepção (meditação). Sem prática constante da meditação, o indivíduo
não chega a ir longe neste caminho.
Goldsmith diz que o homem não é o responsável por seus pecados. Toda situação de
doença, dor, miséria, discórdia, escassez e sofrimento têm sua origem na "crença
universal" que cria e projeta o universo ilusório, e não no ser humano em si. É a crença
universal (que não possui relação alguma com qualquer ser em absoluto) que faz
aparecer uma situação de doença, miséria ou sofrimento. Ao ensinar a cura espiritual,
Goldsmith diz que o primeiro passo para nos livrarmos da ilusão/culpa/pecado é
conscientizar que o problema em questão não está de maneira alguma associado a uma
pessoa, coisa ou fato, e isolá-lo. Toda situação de pecado é fruto da mente universal
(que não é de ninguém). Isso é chamado de "princípio da impersonalização". Após a
impersonalização, passamos ao "princípio da nadificação". A situação deverá ser
"nadificada", ou seja, o indivíduo deve conscientizar que tanto a crença universal
(geradora da situação) quanto a situação em si têm a sua natureza/origem no nada. Com
esses dois passos, a aparência de pecado desaparece. Por exemplo: suponhamos que
alguém tivesse o seu carro roubado. Ao realizar a cura espiritual, o praticista deverá
imediatamente livrar-se da tentação de pensar que "meu carro foi roubado por alguém",
pois tal situação foi gerada pela mente carnal, e não pela vontade de uma pessoa. No
mundo criado por Deus não existem pessoas cometendo atos tais como roubos, pois
todos são filhos de Deus, todos os seres são inocentes. Não há ninguém que seja
pecador ou culpado. Assim, o suposto "ladrão" deverá ser isolado da situação em si
(roubo do carro), pois o "ladrão" é na verdade o Cristo, o Filho de Deus perfeito, e todo
Filho de Deus age com a consciência de ser filho de Deus. Este é o passo da
impersonalização. A seguir, o praticista deve conscientizar que, já que não existe
ninguém cometendo roubos, a situação em questão somente pode ser uma
imagem/quadro/cenário/filme projetado pela mente carnal, a qual é o nada. Se, por
natureza, a mente carnal é o nada, o problema que advém dela também é "nada" - jamais
aconteceu! Se, com esses dois passos, o indivíduo conseguir expulsar de sua consciência
a crença universal que dizia que "o carro foi roubado", é bem provável o universo
conceitual passe a apresentar uma sequência de imagens em que o carro perdido torne a
aparecer.
"Este corpo não é um poder sobre mim. Eu sou a vida, a mente, a inteligência e o poder
que governam este corpo. Não eu, um ser humano, mas Eu, a divina consciência do
Ser, dirijo este corpo, este negócio, este lar, este ensinamento e este algo mais dentro
da faixa da minha consciência."
Namastê!
C8 COMENTANDO O CAPÍTULO 8
Por sua vez, a ilusão também tem a característica de ser impessoal e universal porque
diz respeito a ninguém. Todo erro, pecado e culpa são provenientes de uma crença
universal, que nada mais é do que um pensamento de separação de Deus, o qual está
sendo pensado por ninguém – somente a ilusão é que está "pensando". Por isso se diz
que a crença universal é como uma "nuvem" pairando no ar, em meio ao simples nada.
Ela (parece que) está lá, mas ninguém a colocou lá, senão a própria ilusão. É em razão
disso que os erros, pecados e culpas devem ser "impersonalizados" e depois
"nadificados".
A crença coletiva é derivada de um pensamento universal ilusório que diz que "o
homem se separou de Deus". Esse pensamento universal ilusório gera a crença de que
"se o homem se separou da perfeição, então ele é um ser imperfeito passível de erros,
pecados, culpas; e uma vez que seja pecador ou culpado deve ser punido a fim de que
sua transgressão seja apagada e ele recupere sua perfeição". Todavia, quem diz isso é a
ilusão. A ilusão quer fazer o homem "pagar" por seus erros/culpas. Porém, uma vez que
a ilusão tem sua origem em um pensamento de separação, por mais que o homem pague
pelos seus (supostos) pecados, nunca retorna realmente à sua condição de pureza ou
perfeição. A ilusão engana o homem dizendo que se o indivíduo for punido por suas
culpas poderá expiar os pecados e recuperar sua inocência; todavia, devido à sua
natureza, a ilusão não tem o poder de conceder ao homem o seu estado íntegro e puro,
porque a perfeição, a integridade e a pureza são pensamentos da Verdade. O homem não
é perdoado de seus pecados por sofrer ou por realizar penitências ou práticas ascéticas,
não realmente. O perdão verdadeiro ocorre quando se reconhece desde o princípio que o
pecado não existe – desde o princípio! É por isso que os ensinamentos ensinam que o
praticista deve meditar partindo da Verdade de que o pecado não existe, ao invés de
tentar alcançar um "estado de consciência" onde o pecado não exista. Quem parte do
princípio de que "o pecado existe" e de que "o homem é um ser imperfeito e culpado
que precisa se elevar ao estado de perfeição", caiu na armadilha/labirinto da ilusão
desde o primeiro momento, e se perdeu.
Todavia, pode ser que o praticante tenha dificuldades de meditar partindo da Verdade
desde o princípio. Para ajudar com isso, Goldsmith elaborou dois passos didáticos e
práticos ensinados no Caminho Infinito: os passos da "impersonalização" e da
"nadificação". O homem deve ser isolado das crenças coletivas (passo da
impersonalização) para que se possa constatar a Verdade impessoal e universal acerca
de todos os seres (ou seja, todos são o Cristo, o Filho de Deus, perfeitos, puros,
inocentes, isentos de pecado e culpa). Ao fazer a separação do que a Verdade e a ilusão
dizem sobre o homem, o passo seguinte é nadificar a ilusão e tudo o que ela insiste em
dizer. Quando o praticante realiza com sucesso esses dois passos, ele se vê no estado de
consciência para o qual "o pecado não existe" e "o homem é inocente" (e é aqui que a
meditação tem o seu real início). A partir desse estado de consciência, o praticante
apenas permanece visualizando/constatando/contemplando/percebendo a existência do
homem como um ser perfeito, puro, imaculado, proveniente de Deus, e já dotado de
todas as bênçãos e plenitude de Deus. Essa contemplação ou visualização tem a
natureza de "constatar uma realidade que já existe, que já está acontecendo". É uma
visualização de natureza espiritual, consciencial (pois é a percepção de algo que já é).
Não é visualização de natureza mental (a qual tem o intuito de fazer "criar" ou
"manifestar" realidades que ainda não existem).
Em sua obra "O Caminho Infinito", Goldsmith diz: "O Universo espiritual, feito da
Substância do Espírito, formado pela Consciência e mantido pela Lei espiritual, está
exatamente AQUI. Neste Universo espiritual não existe doença, não existe falta ou
limitação, não existe infelicidade ou discórdia, nem tampouco ser algum para ser curado
ou modificado. Há somente o Reino da Divina Harmonia e Paz, que a tudo permeia,
sem distúrbio de qualquer natureza. Aceitemos ou não, o fato é que estamos neste
Universo espiritual neste instante. Não temos de ir a algum lugar para encontrá-Lo. Ele
está exatamente aqui, onde nós estamos. Portanto, assim deve ser a nossa oração: “Pai,
que meus olhos sejam abertos, permitindo-me ver e contemplar este Universo
espiritual! Revele-me a Sua Glória, aqui e agora. Não permita que eu tente modificar
este Universo! Deixe-me somente contemplá-Lo”.
Por fim, outro ponto que vale enfatizar: Joel Goldsmith afirma que a ilusão (pensamento
mortal) irá sempre rejeitar e crucificar a Verdade. Ele diz que "a Verdade nunca foi nem
nunca será aceita pelo pensamento mortal". Isso é assim devido ao fato de a ilusão ser
o produto/resultado de um pensamento universal de separação. Quando a Verdade (que
é a criação de um pensamento absolutamente unido) tenta se expressar no universo da
separação, a própria crença universal reage à manifestação da Verdade. A Verdade
ameaça a (suposta) existência da ilusão. A crucificação de Jesus simboliza o fato de que
o mundo irá sempre querer crucificar o Cristo, toda vez que Ele surgir para manifestar
sua luz e revelar a Verdade. É nesse sentido que encontramos na Bíblia algumas
passagens, tais como:
* "Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes, aquele
que nasceu de Deus o guarda e o maligno não lhe toca. Sabemos que somos de Deus, e
que o mundo inteiro jaz no maligno" (1 João 5: 18-19);
* "A luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz" (João 3:19);
* "A inclinação para a carne é morte, mas a inclinação para o Espírito é vida e paz"
(Romanos 8:6);
* "Vós não sois do mundo, como eu do mundo não sou" (João 17:16);
* "Maior é o que está em vós do que o que está no mundo" (1 João 4:4).
Namastê!
C9 COMENTANDO O CAPÍTULO 9
"Passe a olhar o seu dedo do pé e pergunte a si mesmo: “Aquilo sou eu?”. A resposta
logo há de vir: “Não, não sou eu; aquilo é meu.” Então dirija sua atenção para o pé e
verifique se ele é você ou se ele é seu. Continue investigando até o topo da cabeça, e
verifique se você pôde se localizar em alguma parte do corpo ou se descobriu que você
não está no corpo, mas que o corpo está/pertence a você. Você é consciência. Como
podemos saber disto? Você está consciente: você está consciente do seu corpo; você
está consciente da sua família; você está consciente de sua nação; você está consciente
dos oceanos, estrelas, sol, lua – de tudo que está incorporado dentro da consciência
que você é. Se eles não estivessem em sua consciência, você não poderia estar
consciente deles. No momento em que você começar a compreender isto, passará a ver
que você não está localizado em uma poltrona ou mesmo em uma sala. Exatamente
onde você se senta é a terra toda, incorporada dentro de sua consciência; portanto,
você deve ser maior que a terra para poder contê-la dentro de sua consciência."
Portanto:
"O primeiro passo em sua conscientização de ser consciência começa por pesquisar,
'dos pés à cabeça', se você pode ser encontrado em alguma parte do corpo. Você verá
então que não está em um corpo, mas que está consciente do corpo, e além disso
perceberá estar 'do lado de fora' como consciência, lá onde não poderá ser tocado por
coisa alguma de natureza finita ou errônea. Tente captar a visão do significado da
consciência, pois ela se expressará a você ou através de você como sua própria
sabedoria, como sua própria vida, e trará com ela a sua própria imortalidade, sua
própria eternidade e sua própria infinitude. Ao começar a perceber a si próprio como
consciência, você estará começando a conscientizar que Deus é a própria fibra de seu
ser, a própria substância de seu corpo. Com essa nova compreensão, você olhará para
o mundo e verá tudo como sendo formado daquela consciência, e portanto como um
instrumento de Deus, nunca do mal."
Namastê!
O comentário ao capítulo 10 está sendo dividido em duas partes. Serão comentados dois
pontos essenciais. Apesar de ser menor do que os demais capítulos do livro, seu
conteúdo é muito profundo. Merece, portanto, atenção especial por parte do estudante
do Caminho Infinito. Neste comentário vamos abordar o primeiro ponto essencial.
Logo no início deste capítulo, Goldsmith diz que: “A chave daquilo que denominamos
‘demonstração’, ou seja, uma vida feliz e bem sucedida, uma existência alegre e plena,
é a consciência, é a obtenção da consciência do bem de uma forma ou de outra.”.
Adquirir a consciência do bem é indispensável para que possamos demonstrar
visivelmente as verdades espirituais que já existem no Universo Espiritual. O indivíduo
deve ter sua consciência/mente alinhada com a Verdade de que “Deus é o puro Bem, o
Bem Infinito”. A Totalidade que Deus é não abrange a dualidade “bem e mal”, mas
apenas o Bem (que é Deus). Não há mal em Deus. O mal não está de modo algum
relacionado com o Ser que Deus é. A mente que acredita em ideias tais como “Deus
compreende tanto o bem como o mal” ou “Deus é só bem, mas o mal também é parte de
sua criação”, está desalinhada com a Verdade pregada nestes ensinamentos. A
mente/consciência que crer nessas ideias terá dificuldades em demonstrar visivelmente
as verdades espirituais (bem, sabedoria, harmonia, felicidade, suprimento, etc.), pois, ao
acreditar que o mal existe como força real, estará conferindo a ele permissão para se
apresentar como se fosse realidade. Joel Goldsmith está advertindo sobre a necessidade
de o estudante obter a consciência do bem. Deus e o Bem são um. O Bem não é apenas
uma “qualidade” ou “atributo” de Deus, mas é o próprio ser que Deus é. Ambos
constituem a mesma substância. Somente o Bem é realidade – o mal é irrealidade.
O Caminho Infinito diz que Deus é o Todo, e que Deus é o puro bem. Deus é o bem e
não é o mal. Mas, se Deus é o todo, Ele não deveria conter em Si também o mal? Os
ensinamentos metafísicos dizem que, embora Deus seja o Todo, o mal não é parte
integrante do Todo, porque Deus não criou o mal. O mal teve sua criação a partir de
uma mente universal (mente mortal, crença universal, ilusão) que concebeu um
pensamento de separação de Deus. O Universo da criação de Deus foi criado e existe
"antes" do surgimento de tal pensamento universal de separação. Dessa forma, o bem
(realidade) tem sua origem em Deus, ao passo que o mal (irrealidade) somente surge
quando há um pensamento de separação/afastamento de Deus. Bem e mal não são
forças opostas competindo pela ocupação de um mesmo espaço. A relação que há entre
o bem e o mal é como a relação que existe entre a luz e a escuridão. A luz e a escuridão
não brigam entre si. A escuridão não tem o poder de combater a luz. A natureza da luz é
tal que, quando a luz se manifesta, a escuridão desaparece. Quando a realidade está
presente, a irrealidade está ausente. Isso também está dito na Bíblia da seguinte forma:
"O perfeito Amor lança fora o medo". A princípio, o Amor, por ser o Todo (e por ser
amor!), deveria incluir em si o medo, mas Ele não o inclui, e sim "o lança fora". Mas
vamos entender que "lançar fora" não tem o sentido "excluir". Se o Amor lança fora o
medo é porque este é como a escuridão. Quando o Amor está presente, o medo está
ausente. Certamente, o Amor não lançaria fora o medo, caso este existisse realmente.
Note bem que: tudo o que existe no universo das aparências são "conceitos". Nada do
que existe aqui é real, incluindo o bem que se manifesta como projeção da realidade
divina. No universo das aparências, o bem e o mal se apresentam como se fossem forças
relativas (ou seja, a existência de um depende da existência do outro) e opostas (que se
combatem entre si), mas ambos são irrealidades. "Bem" e "mal" são projeções, e ambos
são irrealidades. "Vida" e "morte" que ocorrem no universo das aparências são ambos
irrealidades. "Saúde" e "doença" que se manifestam no corpo físico (e também o corpo
físico) são todos irrealidades. Onde está a Realidade? Fora do universo conceitual! Friso
novamente que o universo conceitual não deve ser visto pelo praticista espiritual como
"universo", pois Universo ele não é - é apenas um conceito. Universo, só existe um!
Realidade, só existe uma! Essa é a base para alcançar a compreensão do princípio do
"único poder", difundido por Joel Goldsmith. O Bem que existe em Deus é absoluto
(real), e não existe "força do mal" atuando em contraposição a ele. Quando esse Bem
Infinito é conscientizado, no universo das aparências surgem imagens condizentes
com Ele - mas tudo o que existe no cenário projetado é irreal. O bem que existe no
mundo fenomênico é apenas um conceito miúdo, um "reflexo" (algo como uma
"fotografia" ou "retrato"), representando o Bem infinitamente maior que Deus é. Deus é
o Bem infinito que está acima do bem e do mal.
Explanando acerca disso, Goldsmith escreve que a felicidade é como uma borboleta:
sempre que a perseguimos, ela fica fora de nosso alcance. Todavia, se, ao invés de
persegui-la, ficarmos no próprio lugar onde estamos, cientes e calmos de que em nós já
existe a felicidade – que a felicidade já é uma realidade –, então ela virá e pousará em
nossos ombros. Esse exemplo expressa uma lei espiritual que diz que a felicidade
somente ocorre para uma consciência feliz, ou seja, uma consciência que já percebe a
felicidade. Para a consciência destituída de felicidade (isto é, que não percebe), a
felicidade estará sempre fora de alcance. Essa lei, em termos bíblicos, está expressa da
seguinte forma: “Porque àquele que tem, muito mais lhe será dado, e terá em
abundância; mas àquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado.” (Mateus
13:12).
Por exemplo: a pessoa que deseja obter saúde precisa, antes de tudo, ver-se com a
consciência que enxerga a saúde já presente. Enquanto ela buscar saúde com uma
consciência que julga que "a saúde não está presente", a saúde não tomará parte em sua
realidade/experiência. Se a pessoa estiver num estado de consciência que vê ausência de
saúde, sua realidade/experiência será exatamente a de “ausência de saúde”. Por isso,
Goldsmith diz que não adianta ficar correndo atrás de algo, tentando obtê-lo. Melhor é
aquietar-se e entrar em um estado de consciência que percebe aquele “algo” como já
presente, já existindo, já sendo realidade. Então ele virá e “pousará em nossos ombros”.
Este é um princípio da cura espiritual: para demonstrar a harmonia e o bem, a pessoa
deve desenvolver a habilidade de entrar em um estado de consciência capaz de
perceber o “bem” e “ harmonia” como sendo realidade já presente.
E para nos fazer entender que todas as bem aventuranças (saúde, vida, amor,
sabedoria, paz, força, inteligência, alegria, felicidade, harmonia, suprimento, êxtase,
plenitude) estão presentes em nós como realidade, Goldsmith enfatiza a sabedoria
bíblica que diz: "nada pode ser-lhe acrescentado e nada lhe pode ser diminuído", dando
a entender que o Ser que somos é uma obra pronta, completa, perfeita, consumada.
Tudo está feito! Não existe evolução ou involução para Quem somos ou para o
Universo. O Universo também está agora pronto! E isso é o Reino de Deus já
inteiramente presente em nosso Ser. O Ser que somos e o Reino de Deus são o mesmo,
são um. São constituídos da mesma vida, presença, consciência, substância, Eu sou. É o
que diz Goldsmith:
"Tudo isso nos faz retornar ao ensinamento do Mestre: 'O reino de Deus está dentro de
vós'; ele deve fluir do seu interior. Nada pode ser-lhe acrescentado, nada pode ser-lhe
tirado: você é eternamente pleno e completo. Sempre que formos meditar precisamos
nos lembrar desta verdade: não existe nada "fora" ou separado de nós que possa ser
obtido. Precisamos apenas obter a consciência daquilo que estamos buscando, para
descobrir que já o temos. Ficou claro? O segredo para a obtenção de algo está em se
atingir, em primeiro lugar, a consciência daquele algo. No momento em que você tem
consciência de uma coisa, a consciência a cria, seja ‘ela’ qual for – lar, companhia,
suprimento, emprego, saúde, eternidade, imortalidade.”
Contemple o seu Ser e o Universo já prontos! Para isso é que servem as meditações –
através delas o indivíduo aprende a mudar o seu estado de consciência, eliminando a
consciência que enxerga a ausência do bem almejado e adquirindo a consciência que
percebe aquele bem como experiência já presente.
Compreenda bem este assunto da consciência, e medite! Finalizando este texto, a fim de
reforçar tudo o que foi explanado nestes comentários, deixo esta citação de Goldsmith:
Namastê!
Qualquer que seja o estado de consciência, ele é sempre algo completo em si mesmo.
Um estado de consciência não iluminado é algo "completo em si mesmo". E o estado
iluminado de consciência é também "completo em si mesmo". É característica da
consciência, da realidade e da percepção serem coisas já prontas, inteiras,
completas, consumadas. Vamos entender melhor este ponto, pois a compreensão dele
tornará clara a desnecessidade (na verdade, a impossibilidade!) de tentar "desenvolver",
"expandir" ou "evoluir" uma consciência não iluminada.
A partir do exemplo dado, vamos compreender que a mente não iluminada é inteira e
completa em si mesma. Da mesma forma, a consciência iluminada é uma consciência já
pronta, inteira, perfeita e completa em si mesma. Em decorrência disso, nada há que
possa ser acrescentado à mente ilusória para fazer dela uma consciência iluminada. O
que não é iluminado não pode ser "aprimorado", "desenvolvido" ou "expandido" até
tornar-se iluminado. E da mesma forma, não existe "passagem" de uma percepção não
iluminada para uma percepção iluminada. Se você estiver percebendo mentalmente
(ilusoriamente), sua percepção será a de que a realidade é de substância mental
(material), desde sempre. Ao passo que, se você estiver percebendo consciencialmente
(verdadeiramente), a sua percepção será a de que a realidade é de substância espiritual
(consciencial, divina), desde sempre. Para a percepção mental nunca houve um
momento em que a realidade fosse divina ou consciencial. Da mesma forma, para a
percepção consciencial, nunca houve um momento em que a realidade fosse de
substância material ou mental. Decorre disso que, na realidade mental, não existe
"acesso" ou "passagem" para a realidade consciencial; e, na realidade consciencial,
também não existe "acesso" ou "passagem" para a realidade mental. São realidades
"fechadas", "isoladas" – completamente desconectadas. Por isso, a única maneira de
começar a perceber consciencialmente é perceber consciencialmente agora
mesmo! Não há outro meio. E se você conseguir perceber consciencialmente, a própria
percepção consciencial lhe fará perceber que nunca você "acessou" a percepção
consciencial a partir de uma percepção mental, ou seja, nunca você "saiu" de uma
percepção/realidade mental para "ingressar" na percepção/realidade consciencial. É
assim que é, tal é a natureza da consciência, da realidade e da percepção.
Há um estado iluminado de consciência que nos faz perceber o universo físico como
sendo apenas um conceito (ao invés de Universo). Nos faz compreender que o único
Universo que existe é o Universo Espiritual criado e mantido por Deus. Essa é a única
existência verdadeira. Somente ele está acontecendo. Somente ele está presente. O
universo conceitual não está ocorrendo, e também não está presente. Acreditar na
existência/presença de "dois universos" deixa o praticista desalinhado com o princípio
espiritual do ÚNICO PODER anunciado pelo Caminho Infinito. Acreditar na presença
ou existência do universo conceitual (que se constitui em bem e mal) o torna um poder
atuante em nossa experiência. Joel Goldsmith diz que ele não é poder. Unicamente Deus
é poder.
"Uma vez que você tenha se elevado neste caminho, você fará uma grande descoberta.
Você próprio é aquele homem espiritual, e exatamente aqui e agora é o universo
espiritual. De fato, Deus não creou aquilo que vemos, pois o que nos é visível não é
realmente o que está naquele local. O que vemos é apenas um conceito que temos
daquilo que ali se encontra, e esse conceito nada tem a ver com a creação de Deus.
Neste período em que avançamos do humano ao divino, um aprendizado que
precisaremos conseguir para prosseguirmos em nosso desenvolvimento espiritual será
o da conscientização de que aquilo testificado pelos cinco sentidos físicos não é
realidade. Por esse motivo é que encontramos na literatura metafísica os termos
'mundo real' e 'mundo irreal', 'homem real' e 'homem irreal'. Através da metafísica,
você aprende que 'há um homem real' e passa a erguer imediatamente um ideal,
visualizando a si próprio e se aproximando daquele estado de espiritualidade e
divindade atribuído ao homem real. Mas queremos lembrá-lo que o tempo todo você é
aquele homem ideal, e tudo que é necessário para trazer este homem à manifestação é
a sua conscientização de que existe um Princípio divino operando no universo. Você
não chegará ao reino dos céus enquanto não começar a perceber que já é agora
aquele homem espiritual, aquele homem que está agora no paraíso, sob regra e
jurisdição divina. Exatamente aqui e agora você é um ser espiritual que é a própria
manifestação de tudo que Deus é."
Namastê!
COMENTANDO O CAPÍTULO 11 (Parte 2)
Outro ponto essencial, enfatizado por Joel Goldsmith, no capítulo 11, diz respeito aos
dois mandamentos deixados por Jesus:
1) Amarás ao Senhor teu Deus acima de todas as coisas, de todo o teu coração, e de
toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento... (Lucas 10:
27)
Jesus deixou à humanidade esses dois grandes mandamentos. Havia uma razão muito
boa para ele os ter concebido. Jesus era detentor de imensurável conhecimento e
sabedoria; estava consciente de um grande segredo que poucas pessoas na humanidade
tiveram acesso – um segredo que diz respeito à verdadeira natureza da Mente que criou
o Universo, o homem, e da também da "inteligência" (mente) que criou o universo da
separação. Devido a isso, ele conseguiu "mapear" e solucionar todo o "mecanismo
engenhoso" de que a ilusão se vale para perpetuar na Mente do homem o senso de
separação de Deus. Então, com base nisso, Jesus elaborou em simples palavras dois
pequenos mandamentos capazes de resolver completamente os problemas da separação
e da dualidade. Ambos os mandamentos são complementares e, juntos, transmitem todo
o caminho possível de ser trilhado na espiritualidade. Como consequência disso, eles
também sintetizam e expressam a essência de todos os ensinamentos espirituais. Por
isso, será bom compreendermos o mais profundamente possível as
implicações/significados desses dois mandamentos de Jesus, e de que modo eles estão
relacionados à iluminação espiritual e à cura espiritual.
O senso de separação é como a "treva" que inexiste diante da "luz". Quando a Luz se
faz presente, a treva revela sua ausência/inexistência originária. Quanto mais o ser
humano acredita na ideia da separação (concebida pela crença universal), mais o sentido
de separação é reforçado em sua Mente – ou seja, a Mente Única –, e isso garante com
que ele continue experienciando o seu Ser como se existisse separado do Todo. O
contrário também ocorre: se, ao invés da separação (trevas), o ser humano reforçar em
sua Mente a ideia da unicidade perfeita (Luz), o sentido de separação começa a ser
desfeito, até desaparecer por completo, e o homem passa a experienciar o seu Ser sendo
"UM" com todas as coisas. Esse é o mecanismo total que explica o envolvimento da
Mente Infinita Universal com a ilusão de separação. Se o funcionamento desse
mecanismo for bem compreendido, a ilusão de separação na Mente pode ser desfeita. E
aqui chegamos ao fim das considerações necessárias para compreendermos os
mandamentos deixados por Jesus.
Retomando: o segundo mandamento é para ser praticado nos períodos vivenciados fora
das contemplações absolutas, quando estaremos lidando com o mundo da projeção. Para
conceber o universo da separação, a ilusão aplica o "truque" de fracionar ou dividir a
"Mente Única" em várias "pequenas mentes" distintas e separadas entre si. Assim, na
realidade projetada, cada ser aparece como se fosse distinto e separado, mas o tempo
todo a Mente Única (objeto original) permanece por detrás de cada "mente separada"
(sombra). O grande segredo no qual Jesus baseou o seu segundo mandamento é:
cada "mente separada" é a própria Mente Única. Do ponto de vista das "mentes
separadas" parece que elas é que estão vendo tudo como se fosse separado, mas isso
também é ilusão. A verdade é que a Mente Única está olhando para "fora" e
percebendo a Si mesma como se fosse uma "pequena mente" que enxerga a
separação. Mas tanto a "pequena mente" como a "percepção" que decorre dela são
falsas. Por isso a Bíblia diz que: "nós não recebemos o espírito [mente] do mundo que
somente vê as coisas do mundo, mas o Espírito [Mente] que provém de Deus, para que
pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus... Temos a Mente de
Cristo." (1 Coríntios 2: 12 e 16). A ilusão espera que os seres olhem para o exterior e
acreditem na realidade da separação; ela deseja que todos os seres vejam-se diferentes e
separados entre si; e deseja que todos pensem e atuem como se fossem separados uns
dos outros – tudo isso alimenta a ilusão, reforça/faz perdurar na Mente o sentido de
separação, o que garante com que o indivíduo continue experimentando a si mesmo
como se existisse separado do Todo. Mas, se o indivíduo olhar para o exterior e
perceber o "outro" como sendo uma projeção de Si próprio (de modo que não exista o
"outro"), ele deixa de alimentar em sua Mente a ideia da separação, e esta começa a ser
desfeita; e à medida que o senso de separação for desaparecendo da Mente, a pessoa
retorna ao seu estado natural de perceber e experienciar a Si mesma como o Ser único.
Assim, grave bem esta lei: a forma com que você olhar para o exterior, é a forma
com que verá a si mesmo.
Isso nos leva a um outro aspecto tremendamente importante (ainda muito mais
profundo!), que está implícito no segundo mandamento: se é verdade que da forma
como vemos o "outro", veremos a nós mesmos (e isso é verdade!), então, se passarmos
pela vida vendo as pessoas e o mundo como uma ilusão, um dia vamos pensar sobre nós
mesmos, em nossa própria Mente, como uma ilusão. Lembre-se: a Mente (Mente Única)
vai traduzir qualquer coisa que pensemos sobre os outros como uma mensagem a nosso
próprio respeito. Isso é assim porque, embora nós (enquanto personagens projetados na
ilusão) não estejamos ciente disso, nossa Mente sabe tudo, incluindo o fato de que existe
apenas um Ser (que está sendo cada um de nós). Tudo o que nós pensarmos a respeito
dos outros é realmente uma mensagem nossa, para nós, a nosso próprio respeito. Assim,
nós definitivamente não deveríamos pensar nas outras pessoas como "seres não
iluminados" ou como "ilusões", ou é isso que vamos pensar que também somos. Em vez
de limitarmos uma pessoa como sendo um "corpo físico" ou "mente" separada,
precisamos pensar nela como ilimitada. Em vez de pensar nela como "parte" de algo,
precisamos pensar nela como sendo tudo. Se agirmos assim, isso afastará a nossa Mente
do foco de sermos "seres indespertos vivendo em ilusão". Se virmos o outro como
sendo tudo, nada menos que Deus, a Mente, em cada um de nós, entenderá que, se eles
são a perfeita unicidade com Deus, então isso significa que nós temos de ser a perfeita
unicidade com Deus. Então será assim que um dia experimentaremos o nosso Ser. Jesus
fazia isso; ele não pensava em termos de separação, mas via a completude em todos os
lugares. Jesus via a realidade do Espírito, a face do Cristo, em todos. Então, vamos
pensar em todos como sendo o mesmo que Deus é. Isso é realmente visão espiritual.
Nos períodos fora da contemplação absoluta, devemos saber que "este próprio mundo
em que estamos vivendo é o mundo que Deus criou. Este é Ele. A mente humana não o
está vendo como ele é, mas, apesar disso, este é Ele.". Isso também está expresso nos
ensinamentos da Índia, que afirmam "Eu sou Aquilo", "Eu sou Ele" (Soham). Cada
"ser" ou "mente" separada é, na verdade, o Ser único, a Mente Única. Da mesma forma,
este mundo em que (aparentemente) vivemos não deve ser visto ou avaliado como
ilusório, a não ser durante os períodos de contemplações absolutas. Às vezes nos
deparamos com ensinamentos absolutos que, intencionalmente ou não, afirmam que o
mundo da projeção é algo "feio", "abominável", "imprestável", "maligno", e,
empregando o poder da palavra, induzem subliminarmente as pessoas a sentirem
aversão pela vida e a desprezá-la por completo. Isso não está certo. Precisamos ter
cuidado com o palavreado empregado nas literaturas espirituais, pois a mente
subconsciente capta tudo. Se, por um lado, esses ensinamentos ensinam as pessoas a
desfazerem o sentido de separação na Mente (durante as meditações absolutas), por
outro lado criam um forte sentimento de separação na mesma Mente (em períodos
vivenciados fora das contemplações). Sem contar que, ao adquirir tal visão errônea
sobre a vida/o mundo/os seres, a pessoa começa a atrair para si situações
problemáticas/horrendas condizentes com as ideias sombrias alimentadas no cotidiano;
então a vida aqui na projeção se torna um grande inferno. Este próprio mundo deve ser
visto como belo, sublime e maravilhoso: o mundo de Deus.
Neste capítulo, Goldsmith diz que: "a mais elevada concepção é aquela que permite
olhar de frente a face do diabo e ver somente a face de Deus. Não existe céu e terra;
não existe Deus e homem; não existe ser espiritual e ser material. Existe somente um, e
Eu sou Ele". Por isso, se quisermos realmente amar a Deus, devemos amar a todos
os nossos irmãos, aqui mesmo, no (suposto) mundo da projeção. Explica Goldsmith:
"Se nós não amarmos ao homem a quem podemos ver, como iremos amar a Deus a
quem não vemos? Deus e o homem são um. Ao senso finito, que vê através de limitada
visão, é verdade que Deus é invisível; mas uma vez atingido este elevado estado, esta
elevada realização do ser espiritual, passamos a olhar para o mundo e ver cada
pessoa, cada circunstância e cada condição como sendo Deus aparecendo, e então
Deus se torna visível para nós. Até que tenhamos atingido aquele estado, contudo,
Deus será invisível para nós, porque para honrarmos a Deus, o Invisível Infinito, nós
devemos honrar ao homem como Deus feito manifesto de forma visível." Ao invés de
sentirmos aversão, desprezo e ingratidão pela vida, devemos amá-la e bendizê-la. A
vida é sagrada! Todos devemos ser gratos por (parecer) estarmos aqui. Pode parecer
paradoxal, mas o caminho para "escapar" da ilusão é vê-la e vivenciá-la como sendo
a realidade, ao invés de sendo uma ilusão. Não nos esqueçamos de que este é Ele!
Portanto, devemos ver este mundo como ele realmente é.
Concluindo: devemos nos focalizar no fato de que a vida humana é uma ilusão e de que
unicamente existe Deus, porém isso é só para quando estivermos fazendo as
contemplações absolutas. Em nosso dia-a-dia, nos períodos fora da contemplação,
devemos empregar o segundo mandamento de Cristo, alinhando-nos com o princípio de
que só existe Um de nós, amando ao próximo como a nós mesmos, e fazendo para os
outros aquilo que gostaríamos que fosse feito para nós. "Se alguém diz: 'Eu amo a
Deus', e aborrece a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual
viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? Aquele não ama, não conhece a Deus,
porque Deus é Amor." (I João 4: 20). Devemos contemplar a Deus como tudo, sendo
existência única! E em nossa vida cotidiana, devemos pensar no mundo da projeção
(ilusão) como sendo o mundo de Deus (Realidade); devemos pensar em todos os seres
como sendo o mesmo que Deus é. Devemos amar e perdoar todas as pessoas; devemos
viver em harmonia com todos os seres; devemos abençoar todos aqueles que cruzarem o
nosso caminho; devemos agradecer a todos e reverenciá-los como sendo Filhos de Deus
perfeitos. Devemos orar pela felicidade de toda a humanidade. Esse é o caminho. Tudo
isso faz desaparecer da Mente o sentido de separação; e quando nossa Mente tiver sido
"esvaziada" de todo e qualquer senso de separação, o que restará é o nosso estado
originário de iluminação espiritual.
Além de tudo isso, que relação tem o segundo mandamento de Jesus com a cura
espiritual? No capítulo 5 deste livro, Goldsmith diz:
Namastê!
O Caminho Infinito diz que, por mais que todas as qualidades e atributos de Deus
estejam incorporados/presentes em nossa consciência, nenhum resultado prático iremos
obter se não tivermos a "percepção consciente" dessa Verdade. Isso significa que apenas
saber (ter o conhecimento intelectual) da Verdade não fará com que sejamos
beneficiados por ela. É necessário meditar e contemplar a Verdade, até que Sua
realidade se torne uma percepção consciente para nós. Ao longo dos capítulos deste
livro (e dos comentários aos capítulos) foram entregues ao leitor os "princípios"
ou "chaves de compreensão" necessários para fazê-lo adquirir a percepção consciente da
Verdade. Joel Goldsmith diz que, se a "percepção consciente" da Verdade não nos vem
como um dom divino (apenas uns poucos têm esse privilégio!), o modo de atingi-la
é através de meditação (exercícios de percepção) e estudo das verdades das Escrituras
ou da literatura espiritual. Portanto, agora, a nós unicamente cabe a parte de pôr em
prática o que foi ensinado.
"Enquanto não vires a Deus manifestado na pessoa que está diante de ti, terás vontade
de pedir a Deus para que faça algo por alguém - e isto derrotará a sua intenção. O
tratamento, em sua totalidade, se desenrola no plano de Deus, dentro da
conscientização de Deus como sendo a vida de cada indivíduo, como sendo a lei de
cada um, como lei individual, como Espírito divino em forma de substância
individual – dentro da conscientização de Deus como a Causa Única. Ora, se Deus é a
Causa única, então deve Ele ser também o Efeito único; e, se Ele é o Efeito único,
então, está, com isto, terminado o tratamento. O curador não tem de tratar com
nenhuma outra coisa: apenas Deus como Causa, Deus como Efeito, Deus como Lei,
Deus como o verdadeiro ser de cada indivíduo. Toda vez que pensas que teu paciente
necessita de ajuda, está turvada a tua visão espiritual. Não te dirijas a Deus com o
desejo de curar ou ser curado; não vás ter com Deus esperando emprego; não vás ter
com Deus na expectativa de receber segurança e proteção: vai ter com Deus
esperando Deus. Vai ter com Deus na esperança de receber a experiência espiritual de
sua presença. Ora unicamente para que Deus se revele como luz, como a plenitude da
luz, como a verdade em toda a sua plenitude. Ora para teres luz, verdade,
iluminação; ora para teres mais sabedoria. E verás como então Deus se manifesta na
forma de harmonia nos acontecimentos, nas coisas ordinárias de cada dia."
Em suma, o curador não lida com "duas realidades" ou "dois poderes". O curador
não intenta fazer com que um "poder superior" atue em favor de uma "realidade
inferior" proporcionando curas ou melhorias. Antes, ele reconhece que não
existe "realidade inferior" para ser melhorada ou curada. Deus não pode curar o que não
existe! Em contrapartida, o que existe já é perfeito, iluminado e completo, desde
sempre! Deus é tudo agora! Essa é a única realidade. Quando realizamos as
contemplações absolutas, não apenas elevamos nossa consciência acima da crença
coletiva, mas, juntamente conosco, elevamos em alguma medida a consciência
da humanidade inteira. O mundo inteiro recebe benefícios/iluminação quando um
simples indivíduo contempla a Verdade de que Deus é a única realidade.
"Poderá não ser hoje, amanhã, na próxima semana e nem no próximo ano que
chegaremos a demonstrar a plenitude de Deus, a totalidade de Deus. Porém Deus é
tudo; Deus é infinito, onipotente, onipresente, onisciente; e na medida de nossa
conscientização deste fato, nós iremos demonstrando aquelas quantidades e qualidades
da totalidade. Só porque ainda não completamos nossa demonstração de ascensão não
significa que não tenhamos alcançado Deus. Quando a tivermos alcançado
precisaremos seguir avante com paciência até chegar a hora em que Deus em Sua
totalidade seja revelado na experiência de ascensão acima de todo mundo da crença."
Que todos os seres, de todos os mundos, possam despertar para essa Verdade.
Todos os seres, de todos os mundos, vivem agora essa Verdade.
Assim é!
Namastê!