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HELENISMO
• O que foi o helenismo?
• O termo “helenismo” é derivado da obra do historiador
alemão J.G. Droysen, Hellenismus (1836-43), e designa
a influência da cultura grega em toda a região do
Mediterrâneo oriental e do Oriente Próximo desde as
conquistas de Alexandre (332 a.C.)
• A filosofia do helenismo tem sido pouco estudada,
sendo esse período talvez um dos menos pesquisados
da história da filosofia, embora cubra alguns séculos.
• Do ponto de vista filosófico, a periodização é talvez
menos precisa, podendo ser estendida do império
alexandrino até o início da filosofia medieval com santo
Agostinho (354-430) e Boécio (480-524).
A FILOSOFIA NO
HELENISMO
• Características da filosofia no período
do helenismo:
• 1- O pensamento do helenismo é
essencialmente um pensamento de
escola, em que mais importante do que
a originalidade do indivíduo é sua
vinculação a uma determinada
tradição, a uma corrente filosófica.
A FILOSOFIA NO
HELENISMO
• Características da filosofia no período do helenismo:
• 2- A produção filosófica helenística consistiu
basicamente em comentários a textos dos clássicos e
dos fundadores das escolas, ou em desenvolvimentos
de teorias propostas por esses filósofos. Embora não
se tenha o hábito de valorizar comentários, foram eles
que tornaram o pensamento clássico mais acessível,
que serviram realmente de ponte entre o presente e a
Antiguidade clássica, preservando estes textos,
reproduzindo-os, interpretando-os. Dentre esses
comentadores destaca-se a figura de Cícero (séc. I
a.C.), jurista, mestre de oratória, discípulo da
Academia, filósofo eclético, importante tradutor de
textos gregos para o latim e criador de grande parte
do vocabulário filosófico latino, que chegou até nós.
A FILOSOFIA NO
HELENISMO
• Características da filosofia no período do
helenismo:
• 3- O ecletismo foi um dos traços fundamentais do
helenismo, sobretudo a partir do período romano
(final do séc. I a.C. até o séc. IV d.C.). Vários
pensadores procuraram elaborar sistemas
sintetizando diferentes doutrinas filosóficas,
aproximando o estoicismo do platonismo, o
aristotelismo do platonismo, o neopitagorismo do
platonismo, sendo que o próprio cristianismo se
desenvolveu inicialmente absorvendo elementos
importantes da ética estoica, da metafísica
platônica, da lógica e da dialética aristotélicas.
A FIOSOFIA NO
HELENISMO
• 4- A filosofia do helenismo é fortemente
marcada por uma preocupação central com
a ética, entendida em um sentido prático
como o estabelecimento de regras do bem
viver, da “arte de viver”. É ilustrativo disso o
famoso Manual de Epicteto (50-125),
filósofo estoico do período romano. Com o
fim da pólis grega, após a conquista da
Grécia por Alexandre, o homem grego teria
perdido sua principal referência ético-
política, a vida na comunidade a que
pertencia como cidadão, com suas leis,
tradições e práticas culturais.
O ESTOICISMO
• A escola estoica foi fundada em
Atenas em 300 a.C. por Zenão de
Cítio (344-262 a.C.), um pensador
de origem fenícia que havia se
fixado em Atenas e provavelmente
frequentado a Academia. O termo
“estoicismo” é derivado da stoa
poikilé, ou “pórtico pintado”, local
em Atenas onde os membros da
escola se reuniam.
O ESTOICISMO
• A ética estoica
• Para o estoicismo, há uma estreita relação que
entre a física e a ética. O homem é um microcosmo
no macrocosmo, ou seja, é parte do universo, da
natureza.
• A boa ação, de um ponto de vista ético, é uma ação
de acordo com a natureza. São três as virtudes
básicas para os estoicos: a inteligência, que consiste
no conhecimento do bem e do mal; a coragem, ou
o conhecimento do que temer e do que não temer;
e a justiça, o conhecimento que nos permite dar a
cada um o que lhe é devido.
O ESTOICISMO
• O destino e a ataraxia:
• A noção de necessidade, ou destino
(heimarmené), é muito forte no estoicismo;
o homem deve resignar-se a aceitar os
acontecimentos como predeterminados.
• Para o estoicismo, a felicidade (eudaimonia)
consiste na tranquilidade (ataraxia), ou
ausência de perturbação. Alcançamos esse
estado através do autocontrole, da
contenção (apatheia) e da austeridade,
aceitando o curso dos acontecimentos.
O ESTOICISMO
• A teologia de Epicuro:
• Epicuro defende uma concepção que
poderíamos chamar de “deísta” dos
deuses gregos. Eles não interferem na
vida humana, por isso são
absolutamente tranquilos.
• Por isso, não há providência na teologia
de Epicuro, o homem é absolutamente
livre e construtor do seu destino.
O EPICURISMO
• O tetraphármakon:
• Descoberta em uma muralha na Turquia no séc.
XIX e, possivelmente, escritas por um discípulo
de Epicuro, essas quatro frases resumem o seu
pensamento filosófico ou a sabedoria de Epicuro:
• 1- “não há nada a que temer quanto aos deuses”
• 2- “não há necessidade de temer a morte”
• 3- “a felicidade é possível”
• 4- “podemos escapar de dor”.
O CETICISMO
• O que é o ceticismo?
• O termo skepsis (de onde vem nosso termo
cético) significa literalmente “investigação”,
“indagação”.
• “Ceticismo” é um desses termos filosóficos que
se incorporaram à linguagem comum e que todos
julgamos saber o que significa. Ao examinarmos a
tradição cética vemos, no entanto, que não há
um ceticismo, mas várias concepções diferentes,
portanto, vários “ceticismos”.
O CETICISMO
• Quem são os céticos?
• Segundo Sexto Empírico, conseguimos saber
quem são os céticos a partir da diferenciação
desses filósofos e do seu objetivo. Alguns
afirmaram ter descoberto a verdade, outros, que
a verdade não pode ser apreendida, enquanto
outros continuam buscando. Aqueles que
afirmam ter descoberto a verdade são os
“dogmáticos”; assim são chamados
especialmente, Aristóteles, por exemplo, Epicuro,
os estoicos e alguns outros. Clitômaco,
Carnéades e outros acadêmicos consideram a
verdade inapreensível, e os céticos continuam
buscando.
O CETICISMO
• Os diferentes ceticismos:
• 1. O protoceticismo: fase inicial em que
podemos identificar tendências e temas
céticos já na filosofia dos pré-socráticos
(séc. VI a.C.). É a esses filósofos que
Aristóteles se refere no livro IV da
Metafísica.
• 2. O ceticismo inaugurado por Pirro de Élis
(360-270 a.C.), cujo pensamento
conhecemos através de fragmentos de seu
discípulo Tímon de Flios (325-235 a.C.).
O CETICISMO
• Os diferentes ceticismos:
• 3. O ceticismo acadêmico, correspondendo à fase
cética da Academia de Platão iniciada por Arcesilau
(por vezes conhecida como Média Academia) a partir
de 270 a.C., vigorando até Carnéades (219-129 a.C.) e
Clitômaco (175-110 a.C.), a assim chamada Nova
Academia.
• 4. O pirronismo ou ceticismo pirrônico: Enesidemo
de Cnossos (séc. I a.C.), possivelmente um discípulo
da Academia no período de Fílon, procura reviver o
ceticismo buscando inspiração em Pirro e dando
origem ao que ficou conhecido como ceticismo
pirrônico, cujo pensamento nos foi transmitido
basicamente pela obra de Sexto Empírico (séc. II d.C.).
O CETICISMO
• O ceticismo de Pirro:
• Pirro é identificado como o iniciador
do ceticismo. Conhecemos sua
filosofia apenas através de seu
discípulo Tímon, de quem
subsistiram alguns fragmentos, já
que o próprio Pirro jamais teria
escrito uma obra filosófica.
O CETICISMO
• O ceticismo de Pirro:
• Tímon relata as respostas dadas por Pirro
a três questões filosóficas fundamentais:
• 1) Qual a natureza das coisas?
• R. “Nem os sentidos nem a razão nos
permitem conhecer as coisas tais como
são, e todas as tentativas resultam em
fracasso”.
O CETICISMO
• O ceticismo de Pirro:
• 2) Como devemos agir em relação à
realidade que nos cerca?
• R. “porque não podemos conhecer a
natureza das coisas, devemos evitar
assumir posições acerca disto”.
(époche, suspensão do juízo).
O CETICISMO
• O ceticismo de Pirro:
• 3) Quais as consequências dessa
nossa atitude?
• R. “O distanciamento que
mantemos leva-nos à
tranquilidade”.