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Conteúdo de aprofundamento de estudo da 2ª serie preparatório para a prova

de Filosofia.
A História da Filosofia - 3º BIMESTRE (PERÍODO HELENÍSTICO
do séc III a.C ao séc. VI d.D e FILOSOFIA MEDIEVAL ).

Prof. João Edson

É um período pouco estudado e muitas obras se perderam. Helenismo significa a influência da cultura grega em todo Mediterrâneo
Oriental e no Oriente devido à expansão militar do Império Macedônico, efetuada por Alexandre Magno. O Período Helenístico
caracterizou-se por um processo de interação entre a cultura grega clássica e a cultura dos povos orientais conquistados.
Alexandre Magno (o Grande, como ficou conhecido) foi um grande guerreiro e estrategista militar. Era macedônio como seu mestre,
Aristóteles. Em dez anos, conquistou um dos maiores impérios de toda a Antiguidade e tentou formar uma unidade cultural a partir da
Grécia: mesma língua, moeda e cultura. O império foi curto, mas a influência da cultura grega permaneceu por toda a região da
Mesopotâmia, Egito, Ásia, Europa.
Na história da filosofia, a produção filosófica do Período Helenístico corresponde basicamente à continuação das atividades das
escolas platônica (Academia) e aristotélica (Liceu), dirigidas, respectivamente, pelos discípulos dos dois grandes mestres, Platão e
Aristóteles. Não havia grandes mestres. O importante era a corrente filosófica da qual o pensador estava vinculado e não propriamente
sua originalidade e criatividade. Perde-se o caráter argumentativo, polêmico e crítico das origens da filosofia grega. É um período em
que se misturam e sintetizam várias correntes de pensamentos.
A influência das escolas filosóficas desse período chega ao Império Romano. O grande centro cultural do Helenismo foi em
Alexandria, no Egito, que era uma cidade cosmopolita, unindo gregos, judeus e egípcios. A intensa produção científica valorizava as
ciências naturais, sendo avançada nas áreas de matemática, geometria, medicina, linguagem, astronomia e geografia. A produção
científica de Alexandria contribuiu fortemente para a ciência da Antiguidade.
Com o fim da pólis grega, após a conquista de Alexandre, o homem grego perdeu sua principal referência ético-política: a vida na
comunidade, as leis, as tradições e práticas culturais. Embora o mundo fosse grego, o homem grego sentia-se sem raiz, pois sua
referência básica era a cidade e essa havia perdido força para o império centralizado. Era preciso desenvolver uma ética forte, com
conteúdo práticos e novas referências: regras de conduta, apontando o caminho em busca da felicidade pessoal nesse novo contexto de
várias culturas.
Esse período é muito importante para nós ocidentais, pois, é o período entre transição entre Antiguidade Clássica e Idade Média
Cristã, quando se dá a formação da tradição cultural da qual nós fazemos parte e somos herdeiros até hoje: dá-se o encontro entre o
mundo greco-romano e a cultura judaico-cristã.
Depois da morte de Platão e de Aristóteles e do advento do helenismo com Alexandre Magno, a filosofia helenista muda
consideravelmente o rumo das suas investigações, e as novas escolas filosóficas buscam responder como orientar a vida para
encontrar a verdadeira felicidade, em uma forma de organização político social, na qual os interesses coletivos cedem lugar aos
interesses privados, e o conceito de cidadão desaparece, dando origem ao conceito de indivíduo. Ocupam-se com questões acerca da
ética, do conhecimento humano e das relações entre o homem e a natureza e de ambos com Deus. Apareceram aspectos místicos e
religiosos no pensamento filosófico, influenciados pelo contato com o Oriente.
Nesse período, as principais escolas filosóficas que se destacam e vão influenciar o mundo ocidental da época são: epicurismo,
estoicismo, ceticismo (ou pirronismo), ecletismo e cinismo.
➢ Epicurismo: Fundado por Epicuro de Samos (341-270 a.C.), na cidade de Atenas em 306. Ele se manteve por mais de seis
séculos e se propagou depois a Roma e Oriente. De seus escritos restaram somente alguns fragmentos: máximas capitais, Cartas e
Sobre a Natureza. Propunha que o ser humano deve buscar o prazer, pois, segundo ele, o prazer é o princípio e o fim de uma vida
feliz. No entanto, distinguia dois grandes grupos de prazeres. No primeiro grupo estavam os prazeres mais duradouros, que encantam
o espírito, como a boa conversação, a contemplação das artes, a audição da música etc. No segundo grupo estavam os prazeres mais
imediatos, muitos dos quais movidos pela explosão das paixões e que, ao final, poderiam resultar em dor e sofrimento. Mas para
desfrutarmos os grandes prazeres do intelecto precisamos aprender a dominar os prazeres exagerados da paixão: os medos, os apegos,
a cobiça, a inveja. Os epicuristas buscavam a ataraxia, termo grego usado para designar o estado de ausência da dor, de quietude,
serenidade e imperturbabilidade da alma.
O epicurismo muitas vezes é confundido com um tipo de hedonismo marcado pela procura desenfreada dos prazeres mundanos. No
entanto, o que o epicurismo defende é uma administração racional e equilibrada do prazer, evitando ceder aos desejos insaciáveis que,
inevitavelmente, terminam no sofrimento; enquanto que o hedonismo também defende a busca do prazer, mas não diferencia os tipos
de prazeres.
Para Epicuro, a filosofia tem a missão de libertar o homem das turbulências que o agitam. “Deves servir à filosofia só para alcançar a
verdadeira liberdade”. O que perturba o ser humano são quatro erros, dos quais ele se liberta só quando os domina e reconhece que
são somente opiniões. São eles: temor dos deuses, medo da morte, ânsia dos prazeres, tristeza pelas dores. A filosofia nos oferece os
quatros remédios para desprendermo-nos desses erros, por meio de um verdadeiro conhecimento do mundo e uma verdadeira doutrina
da natureza.
Epicuro identificou o medo da morte como uma das principais fontes de todos os medos. Para combatê-lo, desenvolveu um argumento
interessante:
“Acostuma-te à ideia de que a morte para nós não é nada, visto que todo bem e todos mal residem nas sensações, e a morte é
justamente a privação das sensações. A consciência clara de que a morte não significa nada para nós proporciona a fruição da vida
efêmera, sem querer acrescentar-lhe tempo infinito e eliminando o desejo de imortalidade.
Não existe nada de terrível na vida para quem está perfeitamente convencido de que não há nada de terrível em deixar de viver. É
tolo, portanto, quem diz ter medo da morte, não porque a chegada desta lhe trará sofrimento, mas porque o aflige a própria espera:
aquilo que nos perturba quando presente não deveria afligir-nos enquanto está sendo esperado.
Então, o mais terrível de todos os males, a morte, não significa nada para nós, justamente porque, quando estamos vivos, é a morte
que não está presente; ao contrário, quando a morte está presente, nós é que não estamos”.
EPICURO. Carta sobre a felicidade (a Meneceu), p. 27 e 28. Tradução e apresentação de Álvaro Lorencini e Enzo Del Carratore. São Paulo, Unesp, 2002.
➢ Estoicismo: O estoicismo é a corrente filosófica de maior influência em seu tempo. Foi fundada por Zenão de Citio (336-263
a.C.), localidade da ilha de Chipre. Os representantes desta escola, conhecidos como estoicos, – tais como: Sêneca (4-65 d.C.), o
preceptor de Nero; Epicteto (50-138 d.C.), escravo liberto; o imperador Marco Aurélio (121-180 d.C.) –, defendiam que toda
realidade existente é uma realidade racional. Todos os seres, os homens e a natureza, fazem parte desta realidade. O que chamamos de
Deus nada mais é do que a fonte dos princípios que regem a realidade. Integrados à natureza, não existe para o ser humano nenhum
outro lugar para ir ou fugir, além do próprio mundo em que vivemos. Somos deste mundo e, ao morrer, nos dissolvemos neste mundo.
Seu ideal de vida, designado pelo termo grego apatheia (que costuma ser mal traduzido por “apatia”), era alcançar uma serenidade
diante dos acontecimentos fundada na aceitação da “lei universal do cosmos”, que rege toda a vida.
Não dispomos de poderes para alterar, substancialmente, a ordem universal do mundo. Mas, pela filosofia, podemos compreender esta
ordem universal e viver segundo ela. Assim, em vez do prazer dos epicuristas, Zenão propõe o dever da compreensão como o melhor
caminho para a felicidade. Ser livre é viver segundo nossa própria natureza que, por sua vez, integra a natureza do mundo.
No plano ético, os estoicos defendiam uma atitude de austeridade física e moral baseada em virtudes, como a resistência ante o
sofrimento, a coragem ante o perigo, a indiferença ante as riquezas materiais. O ideal perseguido era um estado de plena serenidade
para lidar com os sobressaltos da existência, fundado na aceitação e compreensão dos “princípios universais” que regem toda a vida.
O estoico deve aceitar e seguir serenamente e com alegria interior a razão universal. Daí a máxima estoica: “segue a natureza que é
teu guia”. Epicteto resume essa concepção de liberdade, afirmando: “Até hoje não houve coisa alguma que me trouxesse impedimento
ou coação. Por quê? Porque sempre dispus minha vontade segundo a Vontade de Deus. Quer Deus que eu tenha febre? Também eu
quero”. Ou seja, o ideal de liberdade consiste em compreender essa inexorabilidade do universo regido segundo as leis do logos ou
razão universal e colocar-se em harmonia com ela, em uma atitude de profunda resignação da vontade.
Como a ética estoica defende a felicidade como fim que dá sentido à vida e ao agir humano, ela é considerada finalista e
eudemonista4.
➢ Ceticismo (ou Pirronismo), de Pirro de Élida (365-275 a.C.) – segundo suas teorias, nenhum conhecimento é seguro; tudo é
incerto. O pirronismo defendia que se deve contentar com as aparências das coisas, desfrutar o imediato captado pelos sentidos e viver
feliz e em paz, em vez de se lançar à busca de uma verdade plena, pois seria impossível ao homem saber se as coisas são efetivamente
como aparecem. Assim, o pirronismo é considerado uma forma de ceticismo que professa a impossibilidade do conhecimento, da
obtenção da verdade absoluta. O termo “ceticismo” vem do skepsis, que significa “investigação”, “procura”; ele quer indicar mais
precisamente que a sabedoria não consiste no conhecimento da verdade, mas na sua procura. De fato, o ceticismo sustenta que o
homem não pode conhecer a verdade, mas somente procurá-la.
Conhecer a verdade compete a Deus; investigá-la, ao homem. Existem, pois, duas espécies de sabedoria: uma divina, e outra que
consiste na investigação da verdade.
Antes de Platão e Aristóteles, já se desenvolvera na Grécia uma orientação filosófica essencialmente cética, o famoso movimento dos
sofistas. Ele se revigorou e se difundiu largamente durante o período do helenismo, principalmente depois que se tornou a doutrina
oficial da escola de Platão, a Academia. Outros expoentes do ceticismo são Carnéades e Sexto Empírico.
➢ Ecletismo: A palavra “ecletismo” vem do grego ekléktikós de eklegein: esconder. Hilton Japiassú e Danilo Marcondes definiram o
ecletismo como um “método filosófico que consiste em retirar dos diferentes sistemas de pensamento certos elementos ou teses para
difundi-los num novo sistema”9. Em outras palavras, o ecletismo era uma mistura de proposições e teorias filosóficas, não raro de
modo superficial, na qual se buscava captar o melhor dos sistemas filosóficos.
Entende-se por ecletismo, portanto, a atitude filosófica para qual a procura da verdade não se esgota em apenas uma forma sistemática
e dedica-se por isso a coordenar e harmonizar entre si elementos de verdade escolhidos em diversos sistemas. Desenvolve-se como
reação ao ceticismo.
Diante do desacordo cada vez mais grave e profundo entre os filósofos, os céticos, como vimos, tinham perdido totalmente a
confiança na capacidade da razão humana em atingir a verdade. Já os ecléticos, diante dessa situação, não julgaram correto perder o
ânimo, porque, segundo eles, o desacordo é sinal de incapacidade da razão não para atingir a verdade, mas para abranger a verdade
com um único olhar.
só olhar, um filósofo limita a sua investigação a um aspecto e outro filósofo a outro aspecto. Assim, estudando aspectos diferentes da
realidade, é natural que cheguem a conclusões diferentes.
Por isso, para se chegar a uma compreensão adequada das coisas, não se deve confiar em um só filósofo, mas é necessário reunir as
conclusões das pesquisas dos melhores entre eles. É o que procuram fazer os ecléticos do Período Helenístico: para organizarem um
sistema filosófico mais completo, reúnem os melhores aspectos das doutrinas de Platão, Aristóteles, Epicuro e Zenão de Citio. Um
dos maiores representantes e expoente do ecletismo foi o filósofo romano Cícero, rejeitando o epicurismo, adere ao pensamento
platônico, aristotélico e estoico. Também, os padres da Igreja, apesar da ênfase dada ao platonismo na construção do pensamento
cristão, usam elementos vindos também do estoicismo. O ecletismo foi a corrente filosófica que mais influenciou os pensadores
brasileiros no surgimento das primeiras manifestações filosóficas no Brasil.
➢ Cinismo: O termo “cinismo” vem do grego kynos, que significa “cão”, e designa a corrente dos filósofos que se propuseram a
viver como os cães da cidade, sem qualquer propriedade ou conforto. Levavam ao extremo a filosofia de Sócrates, segundo a qual o
homem deve procurar conhecer a si mesmo e desprezar todos os bens materiais. Por isso Diógenes, o pensador mais destacado dessa
escola, é conhecido como o “Sócrates demente”, ou o “Sócrates louco”, pois questionava os valores e as tradições sociais e
procurava viver estritamente conforme os princípios que considerava moralmente corretos.

9 JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia, 3ª edição, Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 2001. p. 81.
Diógenes também não tinha apreço pela diferença entre grego e estrangeiro. Quando lhe perguntaram qual era sua cidadania,
respondeu: sou c o s m o p o l i t a palavra grega que significa “cidadão do mundo”.
GÉRÔME, Jean-Léon (1824-1904). Diógenes sentado em seu barril cercado por cães,1860. Óleo sobre tela, 74,5 cm × 10,1 cm.
Há muitas histórias e acontecimentos de sabedoria e humor na vida desse filósofo que o tornaram uma figura instigante da história da
filosofia. Conta-se, por exemplo, que ele morava em um barril e que, certa vez, Alexandre Magno decidiu visitá-lo. De pé em frente
de sua “casa”, Alexandre perguntou se havia algo que ele, como imperador, poderia fazer em benefício do filósofo. Diógenes
respondeu prontamente:” sim, podes sair da frente do meu sol.” Diz a lenda que Alexandre, impressionado com o desprezo do filósofo
pelos bens materiais, comentou: “se eu não fosse Alexandre, queria ser Diógenes”.
EPICURISMO PARA OS NOSSOS DIAS
Liniker Santana
O século XX e o atual são palco de muitos avanços que mudaram os hábitos das pessoas de uma maneira nunca vista antes. De uma sociedade já
industrial, mas ainda recatada do século XIX à sociedade do consumo e dos serviços do século XXI, vimos como o homem é capaz de reorganizar
sua existência material, social e política. Percebemos ainda como pode produzir conhecimento numa escala astronômica, o que efetivamente só
contribui com sua evolução nos aspectos já considerados. Embora estas questões ligadas à evolução do homem sejam em si dignas de
aprofundamento, nossa proposta é refletir sobre outra questão: existe algo que orienta o homem atual no sentido de encontrar significado para
sua vida?
Bom, para podermos nos posicionar em relação a esta questão, precisamos entender as circunstâncias que envolvem o homem moderno. Mais
ocupado, mais ligado à aparência, mas seduzido pelos valores materiais, este homem tem se esbarrado em algo que, embora já existisse em
séculos passados, hoje está significativamente mais presente: a falta de sentido, de razão de ser da vida. O homem tem tudo, mas vive com a
sensação existencial de que não tem nada, e isto acontece, pois, a evolução material e social do homem não foi acompanhada pela necessidade de
encarar o aspecto transitório da vida. Em tese, o mal do homem atual é não saber encarar seu estado de transitoriedade.
Voltando à Grécia Antiga, podemos encontrar uma proposta filosófico moral para encarar esta questão e pensar sobre uma possível razão para a
existência. Criado por Epicuro de Samos (séc. IV a.C.), o Epicurismo tem como eixo central a busca dos prazeres moderados como fonte da
felicidade e da tranquilidade. Esta busca, concentrada no equilíbrio e no afastamento de tudo que cause a dor, contrasta com a maneira como
muitas pessoas vivem em nossos dias. O equilíbrio consiste basicamente na busca racional por um prazer que não seja apenas transitório, mas pelo
prazer do intelecto, o prazer do espírito, algo que de certo modo explique o “porquê” da existência humana. Epicuro propõe ainda que não
devemos temer a morte, pois assim não teremos nossa felicidade “delimitada” pela angústia gerada por este medo.
De compreensão simples, a filosofia epicurista se constitui um caminho básico para aquilo que, para muitos, é a razão de se viver: a felicidade. O
homem moderno, embora concentrado em buscar significado para a sua vida nos atos de consumo, na manutenção da aparência, no usufruto dos
prazeres sensoriais, (embora estes em escala superior a necessária para o equilíbrio, podem trazer dor em vez de prazer) não consegue tornar a
angústia do não-significado da vida menor.
É preciso ter em mente que a vida deve ser vivida em função do aqui e agora, não num viés de irresponsabilidade, mas numa perspectiva de
“aproveitamento” do tempo, acerca do qual temos conhecimento de sua irreversibilidade. A proposta epicurista, então, estabelece-se como uma
possibilidade de avanço em relação à angústia mencionada. Viver se trata de uma prioridade, usufruir moderadamente do que a vida oferece é
uma necessidade, pois isso, segundo o pensador em apreço, levará o homem ao estado de ataraxia, ausência de perturbação.
Se a vida é curta e ainda assim muitas vezes seu significado não é encontrado, se concentrar em viver talvez seja uma maneira, digamos que
racional, de no desenrolar da mesma, o seu significado vir a florescer.

Sugestão de música, filme, livro e páginas na web sobre a temática do conteúdo:


Livro- O helenismo e suas principais correntes.

Filme- A procura da felicidade.


Música :Balada do louco.
Interprete: Os mutantes
Composição: Arnoldo Baptista e Rita Lee.

Livr
A História da Filosofia (Razão e Fé na Idade Média)
2ª Período

- Filosofia Patrística (séc. I até o séc. VII)


A Idade Média compreende o período que vai da queda do Império Romano (séc. V) ao séc. XV. São 10 séculos ou mil anos de história, em que se
consolida o Feudalismo, com a nobreza no poder.
Esse período é marcado pela força espiritual e política da Igreja Católica. A nobreza é ignorante, o conhecimento fica restrito aos mosteiros. A
grande questão discutida é a relação entre a fé e a razão, entre filosofia e teologia.
ciências Humanas E suas tecnologias
A filosofia cristã comportou dois grandes períodos: o da Filosofia Patrística e o da Filosofia Escolástica.
Filosofia Patrística (séc. I ao VII)
É anterior ao início da Idade Média, mas é o período em que se faz a síntese da doutrina cristã e da filosofia grega, tendo forte influência para a
filosofia medieval.
Inicia-se com as Epístolas de São Paulo e o Evangelho de São João. A Patrística vem dos apóstolos Paulo e João e também de padres da Igreja, que
foram os primeiros dirigentes espirituais e políticos da Igreja após a morte dos apóstolos. Com o desenvolvimento do cristianismo, tornou-se
necessário explicar seus preceitos às autoridades romanas e ao povo. Não podia ser pela força, mas tinha que ser pela conquista espiritual.
Os primeiros pensadores padres elaboraram textos sobre a fé e a revelação cristã. Buscaram conciliar o cristianismo ao pensamento filosófico dos
gregos, pois somente com tal conciliação seria possível convencer e converter os pagãos da nova verdade. Tenta-se basear a fé em argumentos
racionais.
A filosofia patrística liga-se, portanto, à tarefa religiosa da evangelização e à defesa da religião cristã contra os ataques teóricos e morais que
recebia dos antigos. Divide-se em Patrística Grega (ligada à Igreja de Bizâncio) e Patrística Latina (ligada à Igreja de Roma), e seus nomes mais
importantes foram: Justino, Tertuliano,
Atenágoras, Orígenes, Clemente, Eusébio, Santo Ambrósio, São Gregório Nazianzo, São João Crisóstomo, Isidoro de Sevilha, Santo Agostinho, Beda
e Boécio.
A patrística foi obrigada a introduzir ideias desconhecidas para os filósofos greco-romanos: a ideia de criação do mundo, de pecado original, de
Deus como trindade una, de encarnação e morte de Deus, de juízo final ou de fim dos tempos e ressurreição dos mortos etc. Precisou também
explicar como o mal pode existir no mundo, já que tudo foi criado por Deus, que é pura perfeição e bondade. Introduziu, sobretudo, com Santo
Agostinho e Boécio, a ideia de “homem interior”, isto é, da consciência moral e do livre-arbítrio, pelo qual o homem se torna responsável pela
existência do mal no mundo.
Para impor as ideias cristãs, os padres da Igreja as transformaram em verdades reveladas por Deus. Por serem decretos divinos, seriam dogmas,
isto é, irrefutáveis e inquestionáveis. Dessa forma, o grande tema de toda a Filosofia Patrística é o da possibilidade de conciliar razão e fé. Santo
Agostinho de Hipona (354-430)
O principal nome da patrística é Santo Agostinho, bispo de Hipona, uma cidade no norte da África. Santo Agostinho retoma a dicotomia de Platão,
mundo sensível e mundo das ideias (mundo perfeito), mas substitui o mundo das ideias pelo mundo divino, e para se alcançar o mundo divino (o
mundo perfeito), era preciso seguir o caminho da fé.
Para Santo Agostinho, “o homem é uma alma racional que se serve de um corpo mortal e terrestre”; expressa assim um conceito antropológico
básico. A alma possui duas razões: a razão inferior e a razão superior. BOTTICELLI, Sandro (1445-1510).
A razão inferior tem por objeto o conhecimento da realidade sensível e mutável: é a ciência, conhecimento que permite cobrir as nossas
necessidades. A razão superior tem por objeto a sabedoria, isto é, o conhecimento das ideias, do inteligível, para se elevar até Deus. Nesta razão
superior dá-se a iluminação de Deus.
Filosofia e Sociologia
Segundo sua teoria da iluminação, Deus nos dá o conhecimento das verdades eternas e ilumina a razão. A salvação individual depende da
submissão total a Deus. Santo Agostinho ressalta a vinculação pessoal do homem com Deus, enquanto a Filosofia Grega identifica o homem com o
cidadão e a política. Para ele, só é possível alcançar a verdade das coisas por meio da luz de Deus, no íntimo de nossa alma.
As obras de Santo Agostinho influenciaram muito o pensamento teológico da Igreja Católica. Sobretudo seus trabalhos mais conhecidos e de forte
presença em todo o pensamento medieval: Confissões e A Cidade de Deus.
Nas Confissões, a sua obra de maior interesse literário, encontramos um diálogo contínuo com Deus, em que Santo
Agostinho narra a sua vida – a trajetória de sua infância, juventude, maturidade –, formação intelectual, relações com a progenitora Mônica e,
fundamentalmente, sua experiência espiritual que acompanha a sua conversão e autopenitencia diante das seduções, devassidões e incertezas do
mundo pagão. Esta autobiografia espiritual é famosa pela sua introspecção psicológica e pela profundidade e agudeza das suas especulações.
Em A Cidade de Deus, a sua obra mais ponderada, Santo Agostinho adota a postura de um filósofo da história universal em busca de um sentido
unitário e profundo da história. A sua atitude é, sobretudo, moral: há dois tipos de homens, os que amam a si mesmos até ao desprezo de Deus
(estes são a cidade terrena) e os que amam a Deus até ao desprezo de si mesmos (estes são a cidade de Deus). Cidade de Deus e Cidade dos
Homens são duas dimensões claramente distintas na teoria agostiniana; a primeira caracterizada pelo amor a Deus acima de todas as coisas, e a
segunda, pelo desvirtuamento que projeta o amor de si em um plano principal. A Cidade dos Homens não é exatamente a sociedade humana na
Terra, tampouco a Cidade de Deus tem sua localização no céu. Os seres humanos, predestinados à salvação, e os anjos que permanecem fiéis a
Deus compõem a comunidade celestial, enquanto a comunidade terrena é formada por anjos decaídos e por homens que insistem no erro de amar
as criaturas em desprezo ao Criador.
Santo Agostinho insiste na impossibilidade de o Estado chegar a uma autêntica justiça se não se reger pelos princípios morais do cristianismo. De
modo que, na concepção augustiniana, se dá uma primazia da Igreja sobre o Estado. Por outro lado, há que ter presente que na sua época (séculos
IV e V) o Estado romano está sumamente debilitado perante a Igreja.
3º Período: Filosofia Medieval (séc. VIII ao séc. XIV)
Filosofia Medieval é a forma como denominamos a filosofia que se desenvolveu na Europa entre os séculos VIII e XIV, no que historicamente é
conhecido como a Idade Média; por isso chama-se medieval, para fazer alusão à época em que ela aconteceu. A maior característica deste período
é a interferência da Igreja Católica em todas as áreas do conhecimento, e por este motivo tornou-se comum encontrarmos tanto temas religiosos
como os próprios membros da Igreja fazendo parte dos filósofos que vieram a dar vida a este momento da história da filosofia.
Assim como a Filosofia Antiga, a Filosofia Medieval possuía suas características próprias, o que contribuía para que ela pudesse ser analisada não
apenas por uma época diferente, mas também por uma forma de pensar mais analítica, que em sua grande maioria, era ligada a um mesmo foco, a
religiosidade. As principais questões debatidas pelos filósofos medievais foram: • A relação entre a razão e a fé;
• A existência e a natureza de Deus;
• Fronteiras entre o conhecimento e a liberdade humana; • Individualização das substâncias divisíveis e indivisíveis.

O que podemos constatar é que os principais temas estão diretamente relacionados a fé, o que prova o argumento da intervenção da Igreja neste
período da filosofia. Relacionar a fé, que é algo sem uma explicação lógica ou científica, com a razão, que busca o entendimento das coisas, era
uma forma que a igreja tinha de tentar explicar o que até ali não tinha explicação. A existência e a natureza de Deus, para a filosofia, era algo
complexo, pois se partirmos do princípio de que a filosofia busca explicar as coisas desde o seu início, procurando formas de provar o que está
sendo apresentado, agora era uma obrigação filosófica explicar a existência de Deus.
Neste período não era difícil encontrar pensadores que defendessem a tese de que fé e religião não deveriam estar subordinadas uma a outra, de
que o indivíduo não precisaria ter sua fé ligada diretamente às racionalidades com as quais está acostumado a viver.
Aproximadamente a partir do século X, a Filosofia Medieval passa a ser conhecida como Escolástica. Surgem as universidades e os centros de
ensino, e o conhecimento é guardado e transmitido de forma sistemática.
Filosofia Escolástica (séc. IX ao séc. XV)
Um fator muito importante para se compreender as mudanças que a filosofia passou do século III ao X foi que, com o avanço dos povos bárbaros e
o consequente enfraquecimento e queda do Império Romano, as cidades europeias foram diminuindo de tamanho e importância. Assim, a
filosofia, que até então se mostrara como uma prática urbana, teve que passar por inúmeras transformações para se adaptar a essa nova
estrutura: ela iria se abrigar nos mosteiros.
Desta forma, é somente a partir do surgimento e consolidação das ordens monásticas e da estabilidade político-econômica que a Europa alcançara
na virada do milênio que a Filosofia Escolástica será desenvolvida. A Igreja Romana, cada vez mais forte, dominava a Europa, organizava cruzadas,
criava as primeiras universidades e escolas. No ano de 1070, o papa Gregório VII definiu que todas as comunidades monásticas e catedrais
deveriam ter uma escola que ensinasse Gramática, Lógica, Retórica, Música, Geometria, Aritmética e Física. Essas “matérias” eram consideradas
como preparatórias para o estudo da Teologia e Filosofia.
O pensamento desenvolvido nessas escolas foi denominado Escolástica e, aos poucos, foi se tornando algo como uma filosofia oficial da Igreja.
Aristóteles aparece agora como a principal referência filosófica, sendo muitas vezes denominado simplesmente como “O Filósofo”, indicando a sua
importância para a época. Santo Anselmo (1033-1109), Santo Tomás de Aquino (1225-1274) e Guilherme de Ockham (1300-1350) são alguns dos
principais nomes da Escolástica.
O auge da Escolástica se dá com Santo Tomás de Aquino, no séc. XIII, que busca sua fundamentação na sabedoria de Aristóteles. A obra de
Aristóteles – metafísica, lógica, científica, filosófica – passa a ser de grande interesse na época. Santo Tomás de Aquino vai desenvolver um sistema
compatibilizando o aristotelismo e o cristianismo.
Há uma intensa retomada da Filosofia Grega, mas com o objetivo de compatibilizar e reinterpretar o conhecimento clássico de Aristóteles à luz das
crenças religiosas.
Nesse período, a Igreja Católica consolidou sua organização religiosa e difundiu o cristianismo, preservando muitos elementos da cultura greco-
romana. É a época feudal, em que a Igreja Católica surge como força espiritual, política, econômica e cultural. Apoiada em sua forte influência
religiosa, a Igreja passou a exercer importante papel político na sociedade medieval; ampliou sua riqueza, tornando-se dona de quase um terço das
terras da Europa e, no plano cultural, estabeleceu que a fé era o pressuposto da vida espiritual. Fé significava a crença irrestrita às verdades
reveladas por Deus. É a religião que vai fundamentar os princípios morais, políticos da sociedade medieval.

A principal discussão desse momento é a questão da razão e da fé, da filosofia e da teologia. As investigações científicas e filosóficas não poderiam
contrariar as verdades estabelecidas pela fé católica. Nesse período surge propriamente a filosofia cristã, a teologia. Seu tema principal é a prova
da existência de Deus e da imortalidade da alma, ou seja, a prova racional da existência do Criador e do espírito imortal, com o propósito de
explicar a relação homem e Deus, razão e fé, corpo e alma, e o Universo como hierarquia de seres, onde os superiores – divinos – dominam os
inferiores.
A doutrina cristã como um sistema unificado, racional e logicamente construído passou, também, por críticas e modificações. Ao final do período
medieval (séc. XIV), surgem novos pensamentos que defendem a separação radical entre a razão e a fé, entre filosofia e teologia.
Com a crise do pensamento escolástico, surge um pensamento inovador, o Humanismo Renascentista e a Filosofia Moderna, com suas novas
teorias filosóficas e científicas, resultando em profundas transformações no mundo europeu.
• Santo Tomás de Aquino (1225-1274)
BARTOLOMMEO, Fra (1472-1517). Tomás de Aquino. Pintura.
É a figura mais destacada do pensamento cristão medieval. A filosofia de Tomás de Aquino é conhecida como tomismo. Sua obra é imensa,
destacando-se, todavia, duas. Na Suma Contra os Gentios, defende a compatibilidade entre a razão e a fé, na qual procurou conciliar a filosofia
aristotélica com os princípios do cristianismo em oposição à tendência que predominava na época e que adotava um cristianismo de inspiração
neoplatônica. Na Suma Teológica, baseado no pensamento aristotélico, elabora os princípios da doutrina cristã em uma obra monumental; trata
da natureza de Deus, da moralidade e da missão de Jesus. Nessas e em outras obras, deu corpo à visão cristã do mundo que foi ensinada nas
universidades até meados do século XVII, e nas quais se incluíam as ideias científicas de Aristóteles. Seu objetivo maior: não contrariar a fé. Para
isso, reviveu grande parte do pensamento aristotélico, com a finalidade de nele buscar elementos racionais que explicassem os principais aspectos
da fé cristã.
Enfim, fez de Aristóteles um instrumento a serviço da religião católica, ao mesmo tempo que transformou essa filosofia em uma síntese original.
Santo Tomás não adaptou a filosofia de Aristóteles ao cristianismo, mas sim fez uma sistematização da doutrina cristã.
A filosofia de Tomás de Aquino apresenta a importância do discurso sobre a essência, mas não deixa de afirmar que mais fundamental ainda é a
especulação em torno do ser. Desse modo, a filosofia tomista aponta para a precedência do ser e, portanto, de Deus sobre as essências que
passaram a existir graças à natureza do Criador.
Baseados no aristotelismo, os argumentos de Santo Tomás revalorizam o mundo natural, pois este é criação de Deus. É assim que podemos
conhecer Deus: por meio de sua criação. Isso justifica o interesse pela investigação científica do mundo natural, que surge na época e vai
transformar a Europa nos séculos seguintes.
CONFLITO ENTRE FÉ E RAZÃO
David de Oliveira Rios Neto
A cultura ocidental gerou um acontecimento desconhecido em outras culturas com o rompimento entre mythos e logos. Esse acontecimento foi o
conflito entre a fé e a razão. Pois enquanto que para a alma religiosa, há um Deus; para a razão, é preciso provar sua existência.
Para o religioso Deus é um ser perfeito, bom e misericordioso, no entanto justo, punindo os maus e recompensando os bons. Para a razão, Deus é
uma substância infinita, mas é preciso provar que sua essência é constituída por um intelecto onisciente e uma vontade onipotente.
O homem religioso crê na presença e no poder de Deus atuando materialmente sobre o mundo, realizando milagres. Porém, para a razão, é
preciso provar racionalmente que é possível uma ação do espírito sobre a matéria. A racionalidade da cultura ocidental afetou a própria religião.
Para competir com a razão e suplantá-la, a religião precisou oferecer-se na forma de provas racionais, teses, conceitos, teorias. Surgi então a
teologia, ciência sobre Deus.
Transformando os textos da história sagrada em doutrina, coisa que nenhuma outra religião fez. Apesar de todas as transformações que a religião
passou, há coisas que jamais serão comprovadas racionalmente, o que irá gerar questionamento sempre. A Filosofia e a ciência acusam a religião
de dogmatismo, atraso, superstição e intolerância, enquanto a religião acusa a razão e a ciência de ateísmo e heresia.
Tomás de Aquino, Filósofo da Idade Média, afirmou ser possível provar racionalmente a existência de Deus, para isso ele desenvolveu as
chamadas cinco vias. As cinco vias são provas a posteriori, que têm como ponto de partida as criaturas enquanto entes causados para se atingir
como termo de chegada à necessidade da existência de Deus; são demonstrações metafísicas (causalidade do ser) e não científico-positivas
(causalidade apenas dos fenômenos), mesmo partindo da experiência sensível e, aplicando o princípio da causalidade, mostram ser impossível se
proceder ao infinito na cadeia de causas.
1ª via - Primeiro Motor Imóvel
Nossos sentidos atestam, com toda a certeza, que neste mundo algumas coisas se movem. Tudo o que se move é movido por alguém, é impossível
uma cadeia infinita de motores provocando o movimento dos movidos, pois do contrário nunca se chegaria ao movimento presente, logo há que
ter um primeiro motor que deu início ao movimento existente e que por ninguém foi movido, e um tal ser todos entendem: é Deus. O movimento
aqui é considerado no sentido metafísico, isto é passagem da potência - como sendo aquilo que uma coisa pode vir a ser, para o ato - aquilo que a
coisa é no momento. Deus é ato puro e não sofre mudança o seu Ser confunde-se com o Agir.
2ª via - Causa Primeira ou Causa Eficiente
Decorre da relação "causa-e-efeito" que se observa nas coisas criadas. Não se encontra, nem é possível, algo que seja a causa eficiente de si
próprio, porque desse modo seria anterior a si próprio: o que é impossível. É necessário que haja uma causa primeira que por ninguém tenha sido
causada, pois a todo efeito, é atribuída uma causa, do contrário não haveria nenhum efeito pois cada causa pediria uma outra numa sequência
infinita e não se chegaria ao efeito atual. Logo é necessário afirmar uma Causa eficiente Primeira que não tenha sido causada por ninguém. Esta
Causa todos chamam Deus. Assim se explica a causa da existência do Universo.
3ª via - Ser Necessário e Ser Contingente
Existem seres que podem ser ou não ser chamados de contingentes, isto é, cuja existência não é indispensável e que podem existir e depois deixar
de existir. Todos os seres que existem no mundo são contingentes, isto é, aparecem, duram um tempo e depois desaparecem. Mas, nem todos os
seres podem ser desnecessários se não o mundo não existiria, alguma vez nada teria existido, logo é preciso que haja um Ser Necessário e que
fundamente a existência dos seres contingentes e que não tenha a sua existência fundada em nenhum outro ser. Igualmente, tudo o que é
necessário tem, ou não, a causa da sua necessidade de um outro. Aqui também não é possível continuar até o infinito na série das coisas
necessárias que têm uma causa da própria necessidade. Portanto, é necessário afirmar a existência de algo necessário por si mesmo, que não
encontra em outro a causa de sua necessidade, mas que é causa da necessidade para os outros: o que todos chamam Deus. Do Nada não surge e
nem advém o Ser. Como se observa que as coisas existem, não pode ter havido um momento de Nada Absoluto, pois daí não se brotaria a
existência de algo ou coisa alguma.
4ª via - Ser Perfeito e Causa da Perfeição dos demais
Verifica-se que há graus de perfeição nos seres, uns são mais perfeitos que outros, o universo está ontologicamente hierarquizado - seres racionais
corpóreos, animais, vegetais e inanimados) qualquer graduação pressupõe um parâmetro máximo, logo deve existir um ser que tenha este padrão
máximo de perfeição e que é a Causa da Perfeição dos demais seres.
5ª via - Inteligência Ordenadora
Existe uma ordem admirável no Universo que é facilmente verificada, ora toda ordem é fruto de uma inteligência ordenadora, não se chega à
ordem pelo acaso e nem pelo caos, logo há um ser inteligente que dispôs o universo na forma ordenada. Com efeito aquilo que não tem
conhecimento não tende a um fim, a não ser dirigido por algo que conhece e que é inteligente, como a flecha pelo arqueiro. Logo existe algo
inteligente pelo qual todas as coisas naturais são ordenadas ao fim, e a isso nós chamamos Deus.

Sugestão de música, filme, livro e páginas na web sobre a temática do conteúdo:

Filme: O físico (2013)

O nome da rosa(1986)

A Papisa Joana(2009)

Em nome de Deus(1988).
Livro: O surgimento da Filosofia Cristã:

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