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tradução:

Giancarlo Salvagni
2021
ÍNDICE

1 – AGORA - A ATIVIDADE DO CRISTO 2

2 – PRIMEIROS PASSOS NO CAMINHO DO DISCIPULADO 12

3 – A ESPADA DO ESPÍRITO 22

4 – A VIDA SE DESDOBRA COMO FRUTO DA CONSCIÊNCIA ALCANÇADA 33

5 – DESCARTAR O VELHO HOMEM E RENASCER 43

6 – CONSTRUINDO A CONSCIÊNCIA TRANSCENDENTAL 54

7 – PREPARAÇÃO PARA O BATISMO ESPIRITUAL 65

8 – A QUARTA DIMENSÃO 76

9 – DA HUMANIDADE À DIVINDADE 87

10 – “A NINGUÉM CHAMAR DE SEU PAI SOBRE A TERRA” 97

11 – PROFESSOR E ALUNO NO CAMINHO 107

12 – ILUMINAÇÃO ESPIRITUAL 118

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VIVENDO A VIDA ILUMINADA

1 – AGORA - A ATIVIDADE DO CRISTO

O Caminho Espiritual é o caminho pelo qual entramos na Vida Espiritual e que finalmente nos leva
àquele ponto em que sabemos, sem qualquer dúvida, que o Espírito de Deus habita em nós e está
vivendo a nossa vida. A atividade do Espírito é sempre frutífera, produtiva de harmonia, paz, alegria e
abundância. Na vida espiritual não há acaso, nem eventos acidentais de qualquer natureza.

A maioria das pessoas pensa em ir à Igreja, assistir a uma palestra sobre assuntos espirituais ou ler
um livro de sabedoria espiritual como se fosse um ato humano, até mesmo um ato de sua própria
vontade. Isso realmente não é o caso, porque o instinto humano não leva uma pessoa naturalmente
nessa direção. Somente quando a atividade de Algo maior do que si mesmo toca a Consciência de
um indivíduo, ele é levado a um ensino da Verdade. Portanto, é esse mesmo Algo que o trouxe à
leitura desta mensagem. Você não estaria fazendo isso se não fosse pela atividade do Espírito, o
Cristo, funcionando em você e atuando como sua Consciência. Que este Cristo atue como sua vida,
esse é o objetivo da Vida Espiritual. Esta é a realização final.

Abandonar este mundo pelo Reino

A Verdade não é um caminho fácil de trilhar. Muitas pessoas ainda têm a ideia equivocada de que, ao
chegar à Verdade, descobrirão que seus problemas humanos serão resolvidos rapidamente e, então,
talvez dependam de uma espécie de nuvem dos céus. A harpa foi eliminada, e não tenho certeza do
que tomou o seu lugar. É verdade que entrar no Caminho Espiritual elimina muitos problemas - as
principais discórdias e desarmonias de nossas vidas - e geralmente muito rapidamente. No entanto,
uma vez que eliminar problemas não é o objetivo principal da Verdade, essas harmonias externas
indicam, neste estágio, que apenas entramos no Caminho Espiritual. O próximo passo que devemos
dar é a superação de nossos prazeres humanos, lucros humanos e harmonias humanas.

A base para isso é a revelação do Mestre de que “Meu Reino não é deste mundo” (João 18:36). O
que é o Reino Espiritual? O que é o Reino de Cristo? Que tipo de vida encontraremos lá? Sobre esse
ponto, o Mestre disse: “Minha Paz vos dou, não como o mundo a dá” (João 14:27). Mas essa Paz
Espiritual não é a paz de simplesmente melhorar a saúde, de uma renda dobrada ou de um lar
melhor. Existe algo mais, algo mais do que isso.

O Caminho Espiritual da vida é uma vida em que Algo maior do que você mesmo entrou. É uma vida
que o Cristo está vivendo, na qual o Cristo entrou na alma de um indivíduo por meio de sua percepção
consciente Dele como sua própria Vida. E visto que uma Vida Espiritual é aquela em que o Cristo
entrou, a pergunta surge naturalmente: Como podemos receber este Cristo? Como podemos nos

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preparar para a entrada desse Algo em nossa Consciência, que vai fazer do nosso mundo um mundo
novo?

O Cristo torna nosso mundo novo. Atua, no início, para melhorar nossa condição humana: nos dá
melhor saúde, um melhor senso de suprimento, um amor maior - um amor maior por Deus e um amor
muito maior pelo próximo (não necessariamente! Cada caso é um caso, cada caminho é um caminho,
cada um tem suas provas... Porém, o fato é que, confiando em Deus, no Cristo, nesta Consciência –
que é Onisciência – Ele SABE o que é melhor para nós, mesmo que temporariamente não
entendamos... O melhor é, quando se entra no Caminho Espiritual, não ter expectativas de melhoras
do mundo material segundo nossas próprias concepções da vida material; caso contrário, poderemos
sair do caminho, sair por frustração – nota do trad. G. S.). Mais do que isso, quando o Cristo entra em
nossa Consciência, revela que nossa maior função na oração é orar por nossos inimigos, aprender a
perdoar setenta vezes sete e a não resistir ao mal. O Cristo cria um novo mundo para nós, primeiro na
superação de nossas discórdias, mas em segundo lugar na superação até mesmo das coisas que
chamamos de boas.

Não é que haja algum mal em nossos prazeres usuais como teatro, dança ou esportes, mas com a
entrada do Cristo na Consciência, somos elevados acima de uma absorção completa nessas
diversões externas, para que possamos desfrutar os frutos do Espírito. Deve haver um modo de vida
em “Meu Reino” tão digno de ser alcançado que sejamos capazes de desistir não apenas das dores
dos sentidos, mas também da dependência de muitos dos prazeres dos sentidos (a dependência dos
pazeres dos sentidos é uma forma de escravidão – o problema não é o prazer, é a dependência: uma
“coisa” qualquer exercer domínio sobre a pessoa – nota do trad. G. S.).

Apenas uma meta no Caminho

Ao nos prepararmos para a entrada do Cristo em nossa Consciência, nos voltamos para o Mestre em
busca de orientação e instrução. Em primeiro lugar, ao abrir nossa Consciência para a entrada do
Cristo, devemos estar muito certos de que não temos em mente algo que esperamos ganhar em
virtude de alcançarmos a realização do Cristo. Devemos ter certeza de que queremos o Cristo, mas
apenas por causa do Cristo - não por algum propósito, não por algum benefício, porque essa é a
maneira mais segura de estabelecer uma barreira para sua entrada. Não devemos ter nenhum
objetivo além de alcançar o Cristo. Este é o significado da admoestação do Mestre: “por isso vos digo:
não andeis ansiosos pela vossa vida, pelo que haveis de comer; nem para o corpo, o que vestirdes…
Buscai o Reino de Deus; e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Lucas 12:22.31).

Não nos importamos com as coisas acrescentadas ou as coisas que queremos acrescentar, mas
abandonamos todos esses pensamentos e desejamos o Cristo somente por amor ao Cristo, para que
Ele nos renove a vida. De que maneira? Quem sabe? Às vezes, leva um homem de negócios para
fora de seu negócio e uma dona de casa para fora de sua casa, e os coloca em um Ministério

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Espiritual. Às vezes, traz arte, literatura ou música a um indivíduo que não tinha conhecimento de que
tudo isso estava enterrado dentro dele.

Não acrescentar, mas liberar de dentro

O Caminho Espiritual revela algo que aqueles que vivem uma vida materialista nunca descobriram e
nunca descobrirão. No modo de vida material, a pessoa está sempre buscando agregar algo a si
mesma, sempre buscando a felicidade, buscando a prosperidade, buscando o sucesso, buscando o
amor, buscando o companheirismo - sempre buscando algo. É buscar uma felicidade que não se
encontra buscando, porque a própria busca faz com que ela nos iluda. No momento, porém, em que
paramos de buscar a felicidade, ela nos encontra.

A Vida Espiritual revela que o Reino de Deus está dentro de nós; ao passo que a vida material diz que
devemos sair e obter, realizar, alcançar, fazer. A Vida Espiritual ensina que toda Verdade, Vida, Amor,
Harmonia, Paz e Graça Divina estão dentro de nós, e devemos abrir um caminho para que elas
escapem. Todo grande poeta descobriu que a poesia estava trancada dentro dele, mas geralmente
alguma experiência particular desencadeou uma percepção que lhe permitiu abrir sua Consciência
para que a poesia que estava armazenada nele - a beleza, a harmonia, a graça, o amor, alegria e paz
- pudesse fluir em formas de beleza.

Portanto, a experiência daqueles de nós no Caminho Espiritual tem sido que devemos começar por
entender que o Reino de Deus está dentro de nós. Não vamos conquistar nosso desejo perseguindo-o
no mundo exterior, nem procurando ou buscando por ele. Nem vamos encontrar Deus procurando por
Ele: vamos encontrar Deus descansando na certeza de que o Reino de Deus já está dentro de nós, e
tudo o que temos a fazer é abrir um caminho para “o esplendor aprisionado escapar” (Robert
Browning).

Não há maior Esplendor e Luz maior do que o Cristo. Portanto, aceitemos a Verdade de que o Cristo
está dentro de nós agora. Torna-se nossa função abrir nossa Consciência para que o Cristo possa
escapar, possa fluir de nós na forma de harmonia, cura, amor, alegria, beleza, vida espiritual ou
ministério espiritual. Pode fluir em alguma forma de arte ou música; Pode surgir em alguma grande
invenção ou descoberta. Mas uma coisa é certa: abrir nossa Consciência deve ser apenas para a
Realização do Cristo, sem nenhum pensamento em mente quanto à forma de harmonia que o Cristo
revelará em nós.

O Cristo é a Luz do mundo, e o Cristo revelará as faculdades, graça e habilidades divinas que já estão
estabelecidas em nós desde o início, e as trará em forma e expressão. Mas para alcançarmos isso,
vamos esquecer este mundo. Vamos esquecer a paz que poderia chegar até nós com melhor saúde,
mais dinheiro ou uma casa melhor. Vamos esquecer tudo e qualquer coisa que pertence a este
mundo e vamos centrar nossa atenção no Meu Reino, na Paz que pode vir do Meu Reino, na alegria e
na beleza.

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Quando falamos de saúde, harmonia ou abundância, não vamos traduzir isso em termos de saúde
física ou abundância financeira. Vamos manter nossa visão voltada para a abundância do Cristo, as
harmonias divinas do Cristo, a Graça Espiritual, as faculdades e qualidades espirituais. É verdade
que, por sua vez, eles se manifestarão externamente no bem humano, só que devemos estar na
posição de não buscá-los, buscarmos apenas a realização deste Cristo, o Espírito de Deus que está
dentro de nós.

Somente o Agora

Na Vida Espiritual, há apenas um tempo: Agora. Não há passado e não há futuro. O passado nunca
pode viver novamente em nenhuma circunstância, exceto como uma atividade da memória; e se nos
recusarmos a trazê-lo à nossa memória, ele está morto: as glórias do passado, os fracassos do
passado, os pecados do passado e assim como também a pureza passada. Neste Agora de que
falamos, seria tão errado gloriarmo-nos de nossas virtudes passadas quanto seria lamentarmo-nos
por nossos pecados passados. Tanto as glórias quanto os pecados se foram, nós terminamos com
eles. Não pode haver retorno a eles, exceto como uma atividade da memória e, na vida espiritual, até
mesmo a memória deles é logo perdida.

O futuro nunca virá, porque o único futuro que pode vir a nós é uma extensão do agora. É o que está
transpirando em nossa Consciência agora que aparecerá para nós no futuro que chamamos de
amanhã. Em outras palavras, estamos criando o amanhã agora. Não há amanhã que virá até nós de
algum lugar; não há amanhã que possa nos espreitar. O amanhã que vivemos é uma extensão do
Agora, deste momento.

Sacrifique o passado

Se abrirmos nossa Consciência neste momento para a percepção e realização do Cristo, amanhã
será uma atividade contínua do Cristo. Se persistirmos em morar na memória de nossas virtudes ou
nossos vícios, amanhã encontraremos apenas nossas virtudes e vícios passados, mas não podemos
viver deles, nem podemos comprar comida ou roupas com eles.

Lembrar um dos ditados bem conhecidos do mundo metafísico pode desinflar um pouco nosso ego:
um praticante é tão bom quanto sua última cura. Portanto, podemos ver o quão ridículo é continuar
dando testemunhos sobre as curas das quais fomos instrumentos, que realizamos no ano passado ou
experimentamos há dez anos, enquanto ninguém está interessado em nada, exceto nas curas deste
momento. Embora existam alguns fofoqueiros que gostariam de falar de alguns de nossos pecados
anteriores, o mundo em geral não tem interesse em nosso passado, mas sim no que somos agora.

Na Vida Espiritual, portanto, não nos demoramos no passado. Se houve pecados de ação ou omissão
no passado, arrependemo-nos deles em algum momento agora; lamentamos porque eles tiveram que
ocorrer ou porque nós fomos um instrumento para sua expressão, mas então os dispensamos. “Nem
eu também te condeno: vai e não peques mais” (João 8:11). O que Jesus disse foi: “deixa cair o

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passado”. Mas ele poderia ter continuado, dizendo: "esqueça também as suas boas ações do
passado, porque elas não podem ser revividas". Na verdade, o bem que fazemos vive para sempre
como efeito, portanto, não precisamos insistir nisso. “Agora somos filhos de Deus” (1 João 3:2).
Precisamos viver apenas no Agora e permanecermos nesta Verdade, tornando-a uma experiência
contínua para todo o futuro.

O futuro, uma extensão da Consciência do Agora

O Mestre revelou claramente em suas lições sobre viver e sobre cura espiritual que devemos
permanecer na Palavra e deixar que a Palavra permaneça em nós. Este é o padrão da Vida Espiritual:
permanecer na Palavra Agora. Neste momento, porém, não podemos deixar de pensar na Verdade
quando chega a noite e estamos prontos para nos recolher, porque este é o momento, o momento em
que o chamado para a cura entra em nossa Consciência. É Aqui e Agora.

Devemos nos interessar especialmente apenas por este segundo de tempo, porque é este segundo
que vai determinar nosso amanhã. Amanhã é uma extensão de nossa Consciência deste momento, e
uma Graça Divina ou Verdade recebida em nossa Consciência Agora se exteriorizará em algum
momento do que poderíamos chamar de futuro, mas que realmente não é o futuro: é apenas uma
extensão do Agora.

“Vós sois o templo de Deus” (1 Coríntios 3:16), agora sois o templo de Deus. “O lugar em que estás é
solo sagrado” (Êxodo 3:5), agora. Aqui onde estamos agora, Deus está, e a Voz de Deus sussurra:
"filho, tu estás para sempre comigo e tudo o que eu tenho é teu" (Lucas 15:31). À medida em que
aceitamos esta Verdade em nossa Consciência agora, ela se torna uma manifestação contínua em
expressão. À medida em que permanecemos na Verdade de que “Eu e meu Pai Somos Um... Aquele
que me vê, vê aquele que me enviou” (João 12:45), esta se tornará uma experiência contínua, porque
é o que estamos mantendo na Consciência agora que constitui o nosso amanhã e nosso depois de
amanhã. Sempre no agora, estamos construindo o que o mundo chama de futuro, mas entendemos
ser apenas uma extensão do Agora.

O Poder do Filho de Deus

Permita-me dar-lhe a palavra “poder” para reflexão. Você percebe que foi o Poder de Cristo que curou
os enfermos? Não era um homem: era o Poder do Cristo. Não foi um homem que perdoou o pecador:
foi o Poder do Cristo que perdoou o pecador; foi o Poder do Cristo que multiplicou os pães e peixes;
foi o Poder do Cristo que caminhou sobre as ondas do erro humano, das discórdias mortais; foi o
Poder do Cristo que trouxe a Ressurreição e a Ascensão.

Este Cristo está incorporado em você; este Cristo é o Filho de Deus em você, o Espírito de Deus que
habita em você. Começa a se manifestar a partir de seu reconhecimento e consciência dele.
“Reconhece-o em todos os teus caminhos” (Provérbios 3:6). Reconheça a Presença do Cristo dentro
de você, e então um milagre acontecerá.

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No sentido material da vida, o poder está fora de você: o poder do clima e do tempo, o poder da
infecção, o poder dos tempos de “boom” ou pânico, o poder da paz ou da guerra, o poder do pecado,
o poder das doenças . Todos esses poderes estão aqui, agindo sobre você. Mas tudo isso cessa, no
momento em que você reconhece que Cristo habita em você, porque agora todo o Poder é dado a
você. Deus deu ao homem domínio sobre tudo na terra, acima e abaixo da terra. Deus deu ao homem
o domínio por meio do Filho de Deus que está em você.

Por que, então, o mundo foi privado desse poder? Os hebreus foram separados dele porque nunca
reconheceram que o Messias, o Cristo, veio. Os cristãos também ficaram sem o Cristo, porque
reconheceram que o Cristo veio por trinta e três anos e depois os deixou, e agora esperam pela sua
segunda vinda. Portanto, tanto os hebreus quanto os cristãos estão sem o Cristo - uns esperando pelo
Cristo e outros esperando pelo retorno do Cristo, mas ambos reconhecendo a ausência do Cristo.

O erro dos primeiros hebreus foi esperar que seu Messias fosse um general, um rei que sairia com um
exército para libertá-los. Então, quando o Messias veio, eles não O reconheceram, nem perceberam
que Seu Reino não era deste mundo.

Aqui e Agora, reconheça que o Cristo habita em você. Deus não o enviou à terra sem esse Cristo
habitando, pois isso seria equivalente a deixá-lo solto na terra, em um mundo de leões urrantes.
Somos nós que abandonamos o Cristo em nós: o Cristo não nos abandonou. Abandonamos o Deus
de nossos pais: Deus não nos abandonou.

Visto que nada pode acontecer a você, exceto através de sua própria Consciência, você não pode se
beneficiar da Presença do Cristo, exceto por um reconhecimento dentro de você de que Cristo habita
em você. O que quer que aconteça em sua vida deve acontecer por meio da atividade de sua
Consciência. O Mestre disse: “conhecereis a verdade, e a verdade os libertará” (João 8:32). Você
deve saber a Verdade de que Cristo habita em você e que a função do Cristo em você é curar os
enfermos, ressuscitar os mortos , alimentar o faminto, perdoar o pecador.

Reconheça que você, por meio desse Cristo que habita em você, pode fazer todas as coisas. Não há
poder fora de você para agir sobre você. Não entenda mal essa afirmação. Há muito poder no mundo
para agir sobre os seres humanos, sobre aqueles que não reconheceram que Cristo habita neles. Mas
no momento em que você aceita o Cristo que habita em você, o Cristo vive a sua vida. É uma
Presença que vem antes de você para “endireitar os caminhos tortos” (Isaías 45:2), e então você não
está vivendo exclusivamente sua própria vida: você tem um Parceiro Invisível, um Parceiro “senior”,
um Parceiro de Poder. Não é um poder que sai para destruir seus inimigos, não é um poder que sai
com a espada, não é um poder que age como um general ou um rei. O Poder do Cristo que está
dentro de você é a “voz mansa e delicada” (1 Reis 19:12). Deus não está no redemoinho, Deus não
está nos pecados deste mundo ou nas doenças deste mundo; Deus não está lá fora em bombas:
Deus está na Voz mansa e delicada.

Cristo atua por meio da Voz mansa e delicada

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A atividade do Cristo se manifesta na Terra por meio da Voz mansa e delicada que você ouve. Não
importa se você ouve ou não. O ponto é que, no momento de sua aceitação de Cristo, sua atenção se
volta para dentro em um reconhecimento de que o Cristo está dentro de você, e você o deixa falar
através de Sua Voz suave. Quando fala, a terra se derrete; os exércitos alienígenas destroem a si
mesmos.

O Cristo não sai para destruir exércitos: o Cristo profere Sua Voz mansa e delicada, e seja o inimigo
uma pessoa ou uma condição, ele se destrói, não pela força ou pelo poder, mas por esta Voz mansa
e delicada. Portanto, a Vida Espiritual envolve, antes de tudo, o reconhecimento:

Cristo habita em mim. Deus plantou Seu Filho em minha Consciência e, como antigamente, Sua
função é iluminar-me, ensinar-me, pregar a mim o Evangelho. Sua função é ser meu pão, carne, vinho
e água, a Fonte de minha Inspiração.

E como funciona? Através da Voz mansa e delicada. É isso que permite que você viva a Vida em seu
interior.

O Reino da Totalidade está dentro de mim. Não me permito estar tão ocupado aqui no mundo, a
ponto de esquecer minha Unidade Consciente com essa Totalidade. Eu percebo e realizo tudo o que
é certo para mim fazer, mas sem preocupação, porque agora sei que os frutos vêm por causa dessa
Graça Interior, dessa Quietude e Paz Interior.

Agora, neste momento, para que seja uma experiência contínua, perceba que sua vida deve ser vivida
pela Graça, não pela força ou pelo poder. Você ainda executará todas as funções em sua casa,
negócio ou profissão, mas irá executá-las com a compreensão de que há um Ele dentro de você que
executa tudo o que lhe foi dado a fazer. Você sempre viverá de dentro para fora, sempre viverá em
uma lembrança contínua:

Cristo habita em mim. Eu o deixo realizar seu trabalho; Eu o deixo ir adiante de mim.

Não tente empoderá-lo; não tente fazê-lo funcionar! O Cristo pode usar você, mas você não pode usar
o Cristo. Você pode ouvi-lo nos momentos em que você relaxa, quando você descansa na segurança
de sua promessa?

Eu nunca te deixarei ou desampararei; Eu estarei contigo até o fim do mundo. Eu sou teu pão, carne,
vinho e água. Eu sou a Ressurreição.

Você não percebe que isso que você leu nas escrituras é o Cristo que foi revelado à Consciência
humana há dois mil anos e nunca deixou a Terra? Sempre esteve disponível para cada indivíduo que
pudesse abrir sua Consciência para Ele. Não acredite que o Messias não veio, ou que você deve
esperar pela segunda vinda. Ele está aqui e agora.

Reconhecendo a atividade de Cristo em períodos de esterilidade

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Deus não trabalha no passado ou no futuro: Deus trabalha apenas no agora. Pense agora na beleza e
na fruição que estão sendo preparadas nos arbustos e nas árvores de seus jardins! Pense no que
está sendo preparado agora que aparecerá em maio e junho! A atividade de Deus no Agora,
funcionando no Agora e continuando no Agora, produz as flores e os frutos em maio e junho. A
atividade de Deus deve estar atuando agora. A atividade de Deus não vai nos trazer nenhum fruto
ontem. Deus não atua no passado; o Cristo não atua no passado ou no futuro: está funcionando
agora, e tudo o que aparece em seu jardim ou em suas árvores no futuro é por causa da atividade do
Cristo agora.

O seu reconhecimento da atividade de Cristo em você agora é o que aparecerá como fruto em sua
vida na próxima semana, no próximo mês, na próxima estação, no próximo ano. Em algum momento
particular da vida, você deve reconhecer o Cristo que habita em você, e então permanecer nessa
Palavra, o Cristo. Se sua vida particular é estéril neste momento - física, mental, moral ou
financeiramente - não faz diferença. Se houver algum ponto árido em sua vida, o seu reconhecimento
da atividade do Cristo agora abre, neste momento, uma nova safra em movimento. Então é apenas
uma questão de permanecer na Palavra e deixar que a Palavra permaneça em você, até que os frutos
apareçam.

Deixe a semente criar raízes

Cada palavra da Verdade é uma semente da Verdade. Não é a própria Verdade. O Mestre nos falou
dos três estados de consciência: o solo estéril em que as sementes da Verdade não darão frutos; o
solo rochoso que pode aceitar essa semente e desenvolvê-la um pouco, mas assim que a tentação
vier - um vento forte ou um problema difícil - ela desiste. E então há o solo fértil. As sementes da
Verdade que são semeadas nesse solo, levadas à sua consciência e com as quais vivemos, tornam-
se a prova se o seu solo é fértil ou não.

Se você não ouvir de forma alguma esta mensagem, ou se ela não encontrar nenhuma resposta em
você, sua consciência pode ser estéril no que diz respeito à Verdade. Se, no entanto, você ouvir esta
Palavra e recebê-la em sua Consciência e descobrir que, mais tarde, alguma parte desta mensagem
retorna à sua Consciência, se você refletir ocasionalmente sobre as verdades que lê, se você tiver
seus períodos de meditação e se lembrar, de novo e de novo, as verdades que entraram em sua
Consciência, então você é um solo fértil e pode esperar ricos frutos (lembremos que, ainda que o solo
seja estéril, em Filipenses 2:10 e em várias outras passagens, as Escrituras nos dizem que, em seu
devido tempo, todo joelho se dobrará a Deus – todo joelho! – nota do trad. G. S.).

Permaneça na Palavra, deixe a Palavra habitar em você, e você estará no Caminho Espiritual. Então
você descobrirá que não existe passado, mas que cada momento do seu presente é uma experiência
contínua, como o que o calendário chama de futuro. Não existe um dia terminando e outro
começando. Essas são apenas divisões feitas em calendários, e aqueles de vocês que ficaram até
meia-noite algumas noites podem testemunhar o fato de que não há divisão à meia-noite: há apenas o

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mesmo ritmo acontecendo o tempo todo, e é sempre agora. É sempre agora neste Reino. Portanto, o
que você aceita agora é a experiência contínua do Cristo, e os frutos aparecem em sua estação.

Vida Espiritual realmente significa viver na Palavra de Deus. No Caminho Espiritual, você está vivendo
de acordo com cada Palavra da Verdade que foi plantada em sua Consciência, de forma que você
habite nela e permita que ela habite em você e dê frutos. A Vida Espiritual não busca o poder de fazer
nada por você nesta vida. A Vida Espiritual nada tem a ver com o uso de um poder. A Vida Espiritual é
um reconhecimento de uma vida pela Graça, não por força e nem pelo poder, mas pela Voz mansa e
delicada: não usando-a, mas deixando-a usar você.

Notas de gabinete

À medida em que o calendário anuncia a abertura de um novo ano, temos uma boa oportunidade para
meditar sobre o Agora do Ser, que sabemos estar presente a cada minuto de cada dia, um Princípio
tão claramente destacado nesta mensagem. O mundo celebra um Ano Novo, na esperança de que
ele traga paz e tranquilidade a um mundo cheio de contendas, dissensões e discórdias. Sabemos que
esta esperança será cumprida somente quando a Luz da Verdade permear a Consciência de um
número suficiente de almas dedicadas, de modo que possam tirar o mundo de seu feitiço hipnótico, e
quando amor suficiente for derramado para dissipar a escuridão do sonho que mantém o mundo em
suas garras.

Sejamos diligentes em nosso trabalho pelo mundo, pois somente quando a Mente Espiritual se unir à
sua Fonte, e assim for capaz de ver esta Terra aqui e agora como o Céu, essa harmonia será
realizada. Como agora é o único momento, essa Harmonia já está aqui, e precisamos apenas
reconhecer sua Presença. Então teremos sempre um feliz Ano Novo.

Trechos gravados
(Preparados pelo Editor)

Em uma época ou outra, todos nós conhecemos um medo profundo, às vezes um medo inexplicável,
mas ainda assim um medo arrepiante que nos manteve no tipo mais cruel de escravidão. Esse medo
geralmente não se origina da crença de que nosso bem depende de algo ou de alguma pessoa aqui
no mundo, ou de que existe alguma condição aqui que pode colocar nossa vida em risco?
Esquecemos que as questões da vida estão em nossa Consciência e que, dentro de nós, está o poder
e o domínio. Esses trechos das gravações nos dão uma dica sobre a causa básica de nossos medos
e como procedermos para liberá-los.

Medo

O medo é uma coisa universal. É baseado na crença de que temos uma vida separada e que ela pode
ser destruída. Esse medo universal, que captamos por meio de nossa antena da mente, é o que está
nos perturbando, e não a doença. Nunca houve uma doença que tivesse o poder até de nos causar
dor: no nosso medo da doença e do que ela nos fará é que está o problema…

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Não há nenhuma condição que você possa encontrar na vida que não responda ao entendimento de
que, por trás de toda essa condição, está o medo. Todos nós tememos ser aniquilados; tememos a
doença apenas porque ela nos levará à morte. Se não tivéssemos certeza de que a doença leva à
morte, o que nos importaria a doença? Se não tivesse poder, seria o fim de tudo. Tememos porque
tememos a extinção de nossa vida. Tememos a falta, porque podemos congelar ou morrer de fome.

O medo se apodera do mundo como uma reivindicação universal... Mas observe bem: o medo não é
um poder. No momento em que você percebe isso, você tirou o aguilhão do medo e o tornou ineficaz
e inoperante, e libertou um indivíduo em sua Identidade Espiritual. Precisamos perder o medo dos
poderes externos.

Eu gostaria que você tivesse uma ideia de como é um grupo, quando o medo foi controlado e
removido, não por declarar que Deus é tudo ou que Deus é amor, mas por uma compreensão interior
de que somente Deus é o Único Poder, e esse medo, seja individual ou coletivo, não é poder… Nunca
diga a uma pessoa para parar de temer; nunca diga a ela que não há nada a temer, porque ele não
teria medo se pudesse aceitar isso; mas silenciosamente, dentro de você, sorria e perceba a natureza
do medo como nada, a natureza do medo em sua impotência… Retire o poder do medo da condição
ou da pessoa e você enfrentará a situação, não apenas aquela situação particular, mas você terá
espiritualizado sua Consciência a tal ponto que nunca mais terá medo do 'medo' tão profundamente.

Joel S. Goldsmith, “Não Há Poder no Medo” - primeira aula fechada, Steinway Hall.

Enquanto o pensamento estiver centrado na obtenção de saúde, abastecimento, segurança ou


proteção, a possibilidade de superar o medo não é muito grande. A razão para o medo deve ser
eliminada antes que o próprio medo possa ser superado. Se uma pessoa teme uma condição de seu
coração, não adianta dizer-lhe para parar de temer por sua vida, ou por seu coração, porque o
coração se tornou o símbolo da vida para ela. Primeiro deve ser trazido à luz que o coração não é a
fonte da vida, antes que o medo do coração possa ser abandonado... Às vezes, o medo é
rapidamente superado na compreensão de que o coração não dá vida, mas que é a vida que anima o
coração. A vida atua no coração.

A libertação do medo é alcançada superando as condições que produziram o medo. Uma vez que
você para de temer seu coração, você começa a entrar em um sentido de vida mais elevado, porque
então você encontra a mudança que ocorre quando você percebe que sua vida não depende de seu
coração, e você começa a viver independentemente de seu coração. Você começa a viver sem que
um pensamento sobre o coração entre em sua mente, e então descobre que o coração é governado
harmoniosamente pela vida, e você se pergunta como isso aconteceu.

Joel S. Goldsmith, “Transparência para Deus” - primeiras leituras, Maui.

Você vê por que é necessário primeiro estabelecer-se na absoluta convicção de que existe um 'Meu
Reino', um Reino Espiritual em que 'nada que contamine ou cometa uma mentira' possa entrar nesse

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Reino Espiritual de Deus, Seu universo espiritual e homem espiritual? Você deve primeiro estabelecer
o fato de que 'Eu e meu Pai somos Um', a compreensão consciente de sua Unidade com Deus, sua
Unidade com a perfeição espiritual. Então, a partir daí, você está lidando apenas com o mundo das
aparências, você não está lidando com pessoas ou condições: está lidando com o mundo das
aparências.

A ilusão aqui pode ser um lago, ou de que existe uma cidade, mas é tudo ilusão, e a substância de
uma ilusão é o nada, quer apareça como um lago ou um edifício. Você acabará descobrindo que a
substância da ilusão é a mesma, quer a alegação seja um resfriado, uma dor de cabeça, um câncer,
tuberculose, um osso quebrado, pobreza ou desemprego. É o nada, o ‘braço de carne’, a aparência.
Por trás disso está a atividade de um malfeito universal, ou hipnose, que é produzido pela crença
universal em dois poderes”.

Joel S. Goldsmith, “Princípios de Cura do Caminho Infinito” - aula aberta, Princess Kaiulani, 1962.

Tudo o que colocamos em movimento tem uma ação reversa. Tudo o que fazemos de bom retorna
bom para nós; o que quer que seja do mal, do errado ou do erro que cometemos, retorna assim para
nós. Quando percebemos, entretanto, que não posso fazer o bem nem o mal, quebro o Karma…
Quando percebo que sou apenas a transparência para Deus fluir, eu sou apenas o instrumento para o
Bem de Deus alcançar a humanidade. Eu sou apenas o instrumento para as bênçãos de minha casa,
minha família, meus amigos, minha prática, meu corpo discente ou do mundo - quando percebo que
sou apenas um ponto na Consciência, através do qual a Graça de Deus pode fluir para abençoar
aqueles que são receptivos e responsivos a Ela, sendo que não tenho a responsabilidade de ser bom
e não tenho possibilidade de ser muito mau. As pequenas falhas humanas permanecerão com todos
nós, certamente, porque ainda somos uma parte integrante daquela antiga crença adâmica em dois
poderes.

Na medida em que percebemos que ‘não posso fazer nem bem nem o mal: sou apenas a
transparência através da qual Deus aparece; Eu sou o instrumento através do qual a Graça de Deus
flui', então não temos qualidades boas ou más, e então não temos bom karma e não temos mau
karma: somos apenas descendentes espirituais de Deus, sendo eternamente Filhos de Deus. Isso
não é ser bom nem mau: isso é apenas ser perfeito ...

Joel S. Goldsmith, “A Natureza da Consciência” - Melbourne Closed Class, 1960.

2 – PRIMEIROS PASSOS NO CAMINHO DO DISCIPULADO

A Verdade foi apresentada ao mundo ao longo de todos os tempos e, a esta altura, parece que todos
deveriam saber a Verdade, mas são poucos os que dela tiveram o mais ínfimo vislumbre. Eu me
consideraria afortunado se pudesse dizer que alcancei um grão da Verdade, porque, de coração, sei
muito menos do que alcancei, e também sei o porquê.

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A Verdade está sempre velada e nunca foi apresentada, exceto de uma forma velada. O véu,
entretanto, não tem necessariamente o propósito de ocultar a Verdade. Em alguns casos, é para
permitir que aqueles que procuram a Verdade a compreendam. Para alguns, pode parecer que quanto
mais claramente a Verdade for declarada, mais ela será compreendida, mas isso não é verdade.

Por que e como a Verdade é velada

Se a Verdade fosse apresentada em sua forma nítida, posso garantir que todos se afastariam dela e
diriam: "bem, posso engolir muita coisa, mas não isso". A Verdade nunca será aceita por aqueles que
a ouvem apenas com o ouvido humano. Deve haver o desenvolvimento de um ouvido interno, um olho
interno e uma percepção interna para responder à Verdade. O trabalho do Caminho Espiritual é
desenvolver o ouvido interno e o olhar interno.

Moisés velou a Verdade, mas Cristo Jesus tirou esse véu. No entanto, quando Jesus rasgou o véu, as
pessoas de sua época não aceitaram a Verdade que ele revelou. Em vez disso, eles o crucificaram.
Todas as formas externas de adoração, como as cerimônias realizadas em igrejas e catedrais, são,
na realidade, véus. A Verdade não pode ser encontrada nessas observâncias religiosas, mas está
oculta na cerimônia e no ritual, aguardando nossa descoberta. Se a Verdade fosse apresentada
desvelada, a maioria das pessoas se afastaria com o comentário: “isso acima de todas as coisas não
pode ser a Verdade”. As cerimônias, ritos e rituais são dados para que uma pessoa possa olhar por
trás nos bastidores, cavar fundo e perceber a natureza do que está sendo apresentado a ela, e então,
eventualmente, ela fica cara a cara com a Verdade e percebe: "considerando que eu estava cego,
agora vejo” (João 9:25). (realmente, eu pessoalmente só comecei a entender o sentido de uma missa
- um sentido que transcende a razão - depois dos 50 anos... E fico pensando que a maioria das
pessoas sabe sobre o Cristianismo apenas o que aprendeu na Primeira Comunhão, com sete anos de
idade: chega a ser deprimente quando fazem críticas... – nota do trad. G. S.).

“O mundo é novo para cada alma quando Cristo entrou nela” (inscrição numa capela de Stanford
University, Palo Alto, California). Isso tem sido verdade para todos os que tiveram a experiência do
Cristo em todos os tempos. Enquanto permanecermos seres humanos, como “o homem natural” (1
Coríntios 2:14), não estaremos “sujeitos à lei de Deus, e nem mesmo podemos estar” (Romanos 8:7)
e “não receberemos as coisas do Espírito de Deus” (1 Coríntios 2:14). É somente quando Cristo
entrou que temos a capacidade de receber a Verdade, de saber e responder à Verdade.

Quando os véus caem, não há contradições na Verdade

Tem intrigado grande parte do mundo porque, uma vez que existe Deus, sofremos os pecados,
guerras, carências e injustiças que continuam neste plano humano. Onde está Deus no terremoto?
Onde está Deus em todas essas coisas? As Escrituras também fornecem a resposta para isso. “O
Senhor não estava no vento: e depois do vento, um terremoto; mas o Senhor não estava no
terremoto” (1 Reis 19:11). Deus não está no avião que cai; Deus não está no navio que afunda.
Naturalmente, surge o pensamento de que tudo isso contradiz outras partes das Escrituras que nos

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dizem que Deus está igualmente presente em todos os lugares. Esses conflitos, não apenas nas
Escrituras, mas em toda a escrita da Verdade, podem ser reconciliados apenas quando alguns dos
véus caem, e eles cairão na proporção em que a buscarmos dentro de nós mesmos.

Cada um de nós obtém um enorme benefício pelo estudo dos escritos daqueles que alcançaram a
Consciência Espiritual, mas esses escritos são meramente uma ajuda, eles não são a resposta, não
são o Cristo; eles não são Deus: eles são meramente ajudas que nos permitem cavar mais fundo
dentro de nós mesmos, até que a Verdade se revele.

Somos informados de que o Reino de Deus está dentro de nós. Mas quão pouco tempo gastamos
dentro de nós mesmos a cada dia, tentando trazer aquele Deus oculto, aquele Cristo que habita em
nós! Em todo o Novo Testamento, tanto o Mestre quanto Paulo enfatizam nossa Unidade com o Pai,
com aquele Espírito de Deus que habita em nós. Passamos muito tempo pensando sobre o Pai que
habita em Jesus, mas muito pouco tempo tentando trazer o Pai que habita em nós. Paulo nos
assegurou em muitos lugares que o Cristo vive em nós.

Esta Centelha Espiritual que chamamos de Filho de Deus, o Cristo ou o Pai, foi revelada, habita em
nós. Mas esta não é uma declaração completa da Verdade. Também é uma declaração velada. A
declaração completa da Verdade não pode ser dada em sua forma revelada para aqueles que não
estão preparados para ela. Quando o Mestre se apresentou a Pilatos e Pilatos perguntou: "O que é a
verdade?" (João 18:38), não há registro da resposta do Mestre. Se estivéssemos no lugar de Jesus,
poderíamos ter pensado: "esta é uma oportunidade maravilhosa para converter Pilatos" e
imediatamente lhe contado tudo que sabíamos sobre a Verdade.

O Mestre sabia, porém, que não adiantava apresentar a Verdade ao estado de consciência
despreparado, porque esse estado de consciência não poderia recebê-la. Ele não hesitou, porém, em
dizer aos seus discípulos: "Eu Sou ... a Verdade" (João 14:6), porque estava falando com aqueles que
ele sentia que já haviam desenvolvido Consciência Espiritual suficiente para que, quando a Verdade
lhes fosse apresentada, eles seriam capazes de aceitá-la. Eventos posteriores provaram que eles a
receberam apenas em parte.

O Novo Mundo do Cristo

“O mundo é novo para cada alma quando Cristo entrou nela”. Há um período em nossa experiência
em que o Cristo não entrou em nós, quando somos apenas o “homem natural”, homem mortal, que
não está sob a Lei de Deus, incapaz de receber a Verdade: de fato, pronto em todos os momentos
para rejeitá-la. No entanto, este mundo, que contém tanta dor, tanto desastre, tanto sofrimento, torna-
se novo, novo quando o Cristo entra. Torna-se um mundo livre das discórdias e desarmonias do
mundo.

O Mestre destacou que, se permanecermos nesta Verdade e esta Verdade permanecer em nós,
daremos frutos abundantes. Por outro lado, quando não estamos permanecendo na Verdade e a

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Verdade não está em nós, somos como um galho de árvore que é cortado, murcha e morre (João
15:5,6). Esses são os dois lados da moeda de nossa existência. Existe aquele lado em sua vida e em
minha vida antes de o Cristo entrar, aquele tempo em que estamos sujeitos a todas as condições
deste mundo: a seus pecados, suas doenças, seus acidentes, a todas as fases de sua desarmonia.

Depois, há aquele lado de nossa vida depois que o Cristo entrou, quando os males deste mundo não
chegam mais perto de nossa morada (Salmos 91:10). Claro, há milhares à nossa esquerda e milhares
à nossa direita que se manterão à direita para experimentar as discórdias e desarmonias deste
mundo, e não há muito que possamos fazer sobre isso. Existem milhares que vivem como galhos de
uma árvore que são cortados, murcham e secam, e também não há muito que possamos fazer a
respeito. Eles podem ser marido, mulher, pais ou filhos.

Uma das tragédias desta vida é que muitas vezes uma ou duas pessoas em uma família entendem
esta Verdade, e então têm que ficar parados e testemunhar os membros de suas próprias famílias e
seus amigos continuando a sofrer com os males deste mundo, sabendo todo o tempo quão simples
seria se eles tivessem a capacidade de serem aqueles que não sofrem mais desses males, ou ao
menos cujos sofrimentos foram reduzidos em oitenta ou noventa por cento.

Ainda não foi dado a nenhum de nós realizar cem por cento da Liberdade de Cristo, e talvez seja
melhor assim, porque isso nos dá a compaixão e aquele grau de amor por nossos semelhantes que
não alcançaram algo dessa liberdade, e ntão fazemos todo o esforço para ajudá-los a despertar.

Não tenha medo de fazer perguntas

Enquanto estamos no Caminho Espiritual, a maior bênção que podemos receber será não aceitar
nada cegamente, não agir com fé cega, mas continuarmos a questionar. Como um estudante da
Verdade, é legítimo questionar, sem ser rotulado como cético. Podemos questionar, sem medo de
sermos falsos com o que já nos foi dado.

As primeiras perguntas que vêm à minha mente, ao considerar a declaração: “o mundo é novo para
cada alma quando Cristo entrou nele”, são: como Cristo vem à minha Consciência? O que posso fazer
para que o Cristo entre? Existe alguma coisa que eu posso fazer, ou é uma questão de apenas
esperar por algum ato da Graça e sofrer enquanto não ocorre agora? Posso ajudar a trazer o Cristo à
minha Consciência, para que eu possa conhecer esse Espírito que habita em mim? Ou mesmo
admitindo que tive uma experiência do Cristo, que testemunhei a Graça de Deus em alguns dos meus
assuntos, há algo que eu possa fazer para ter uma experiência maior do Cristo? Há algo que eu
possa fazer para ter essa Presença Interior conscientemente e constantemente comigo? Posso
chegar ao ponto que Paulo descreveu: “vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim” (Gálatas 2:20) ?
Posso chegar a esse ponto em que não tenho mais que pensar sobre a minha vida, o que como, o
que bebo ou o que tenho para vestir? Posso fazer isso?

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São questões legítimas que não indicam dúvida. Em vez disso, eles indicam que sou um pensador,
não apenas um crente cego, não apenas uma ovelha pronta para ser empurrada para qualquer
caminho que apareça. Sou um pensador, e sei o que quero. Eu quero a experiência do Cristo. Eu
quero poder viver, me mover e ter meu Ser em Deus. Quero saber que vivo, mas não eu, mas que
este Cristo, este Espírito de Deus, habita em mim. Portanto, acho legítimo questionar: "o que mais
posso fazer?"

No momento em que faço esta pergunta, estou pronto para a resposta, e essa resposta vai aparecer
para mim porque eu fiz a pergunta não do ponto de vista de apenas querer viver uma vida fácil, mas
porque eu realmente quero entrar na vida de Cristo. Sei de antemão que o caminho não é fácil. O
caminho é reto e estreito. Sei também do Mestre que “estreita é a porta e apertado o caminho que
conduz à vida, e poucos são os que a encontram” (Mateus 7:14). Sei que é um caminho difícil e que
até os discípulos caíram na hora da prova do Mestre, mesmo eles, após três anos em sua presença
constante.

Quando digo: “como devo fazer isso? O que eu posso fazer?", estou procurando o caminho para algo
mais do que meramente obter uma cura ou aumentar meu suprimento. Não estou pensando em Cristo
entrando para curar minha dor de cabeça ou em Cristo entrando para que eu tenha um rendimento
um pouco maior. Não, não!

Tem que haver Integridade Espiritual por trás da pergunta. Deve haver algum desejo de conhecer a
Deus; tem que haver um desejo sincero de seguir o Caminho Espiritual, mesmo que ele tenha alguns
espinhos. Haverá rosas, sim, mas haverá alguns espinhos por um tempo. Haverá algumas bênçãos,
sim, mas haverá provações por um tempo.

Um novo mundo de responsabilidades

Quando alcançamos esse Cristo, uma das primeiras coisas que aprendemos é que ele não nos é
dado para que possamos sentar e nos deleitar nas nuvens pelo resto de nossos dias. É dado a nós
para que possamos seguir no caminho do discipulado e ajudar outros a alcançar a mesma Luz.
Ninguém jamais receberá esta Graça de Deus ou a visitação de Cristo apenas com o propósito de
capacitá-lo a se aposentar e viver no campo, uma vida bonita e tranquila. Isto não funciona dessa
forma. Sabemos que de quem tem muito, muito se exige. Daqueles que recebem até mesmo um grão
da Verdade, as exigências são feitas imediatamente. Portanto, sabemos realmente o que queremos
quando fazemos esta pergunta: "como devo fazer para experimentar o Cristo?"

No início, quando era evidente que pedidos de ajuda seriam feitos para esse Cristo, minha resposta
foi que eu não perguntaria quem era, o que era ou quanto custava, mas se fosse um pedido legítimo
ao Cristo, eu responderia ao chamado. Tem sido assim, e sei agora, por meio dos muitos alunos que
trilharam esse caminho, que esta deve ser a atitude: eu me abro para o Cristo e estou pronto para que
esse Cristo seja chamado por meu intermédio. Se e quando eu receber este Cristo, estou pronto para
servi-Lo. Eu reconheço que este Cristo não será dado a mim como alguma dispensação especial para

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me separar da humanidade. Se eu recebê-lo, será com o propósito de ser uma Luz para aqueles que
ainda estão nas trevas. Não serei capaz de escolher servir apenas aos justos, apenas aos saudáveis
ou apenas aos ricos.

Quando este Cristo chama, atrai para si os enfermos e os mutilados: física, mental, moral e
financeiramente. Chama para si todos os que estão nas trevas, todos os que sofrem com os
problemas deste mundo, e o Cristo realizado responde a todos eles, nunca se negando a responder.
No exato momento em que nos voltamos para o Cristo, sabemos que Ele deve produzir para nós um
novo mundo. Quando for alcançado, nos dará aquele mundo: um novo mundo de obrigações, um
novo mundo de deveres, um novo mundo de responsabilidades, bem como um novo mundo de
proteção, segurança, paz, alegria e abundância, mas não nos caminhos deste mundo.

Abandone todo desejo por mais e melhor “deste mundo”

Buscando ter mais e melhor neste mundo é como criamos a primeira barreira para a entrada do
Cristo. Se estou orando por alguma das coisas boas deste mundo, estou orando erroneamente, pois a
Paz de Cristo não é a paz que este mundo pode dar. “Meu reino não é deste mundo” (João 18:36).
Portanto, se estou orando pela multiplicação das coisas deste mundo, estou orando erroneamente.
Isso nos dá a primeira pista ou primeiro Princípio de como nos abrir para receber a Cristo. Se formos
sérios, se desejamos experimentar o Cristo e queremos conhecer as harmonias e a Paz do Cristo,
devemos afastar do pensamento qualquer uma das coisas humanas que nos falta ou desejamos.
Deve haver um afastamento de tudo isso, com esta atitude:

Eu procuro a realização do Cristo que habita em nós. Procuro conhecer a Graça de Deus, Seu Filho,
em mim, para que eu seja preenchido com a Paz que supera todo o entendimento, para que receba
em mim o Reino de Cristo, para que possa experimentar a Paz que o Cristo dá, para que eu possa
conhecer o mundo renovado.

Em nossa meditação, não permitimos que nenhum pensamento de saúde, companheirismo,


segurança ou proteção entre. Esses, nós excluímos. Em vez disso, estamos buscando um Reino
Espiritual, que o Mestre chamou de "Meu Reino". Não sabemos como é, quais são suas alegrias, sua
realização ou quais são seus deveres e responsabilidades, até que o tenhamos experimentado. No
entanto, nós o buscamos e o queremos. Quero saber o que o Mestre quis dizer quando falou de "Meu
Reino" e "Minha Paz". Quero saber o que ele quis dizer quando disse: “guarda tua espada” (Mateus
26:52). Não vamos ganhar essa Paz com a espada; não vamos ganhar “Meu Reino” lutando por ele.
Deixamos este Cristo atuar em nós, não de acordo com a vontade do homem ou o caminho do
homem, mas de acordo com a Vontade de Deus e o Caminho de Deus.

Busque apenas a Totalidade Espiritual

Se eu orar: “Pai, me faça prosperar”, não estou falando sobre prosperidade em dólares ou libras:
estou falando sobre ser próspero com Seu Espírito, com a plenitude de Seu Espírito, com Sua Graça.

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Se eu orar: “faça-me inteiro”, não estou falando sobre as dores da minha carne. Quando oro: “Faça-
me são”, é para que eu possa ser curado à Sua imagem e semelhança.

Que eu conheça a mim mesmo como sou, o Filho de Deus. Que eu conheça minha Identidade
Espiritual. Que eu reconheça meu verdadeiro Eu, e não esta caricatura que vejo no espelho. Quero
me ver como sou, face a face, a imagem e semelhança de Deus.

Assim, eu oro, mas estou orando apenas pelas coisas do Espírito, apenas pela Graça de Deus,
apenas pelas virtudes e pela plenitude do Cristo. Não me importo com o que devo comer, o que beber
ou o que vestir. Não penso no meu bem-estar físico. Estou me afastando da aparência e peço Luz
Espiritual:

Abre meus olhos para que eu possa ver. Abre meus ouvidos para que eu possa ouvir. Abre minha
Consciência para que eu receba o Cristo, a plenitude do Filho de Deus, para que eu não viva mais de
acordo com minha ideia de viver, mas que eu permita que o Cristo, o Espírito de Deus, habite em
mim, viva em mim, e viva minha vida por mim.

A Graça Espiritual - a meta

Um dos grandes véus que se interpõem entre nós e nosso destino espiritual é o fato de estarmos nos
agarrando ao sentido humano da vida, enquanto, ao mesmo tempo, oramos por Graça Espiritual.
Estamos tentando nos livrar dos males da existência humana, agarrando-nos às coisas boas da
existência humana e, ao mesmo tempo, orando: "Cristo, viva a minha vida". Ah não! Vamos remover
essa barreira agora, remover esse véu agora, sem nos preocuparmos com o que o amanhã vai nos
trazer. Em vez disso, mantenhamo-nos dispostos a que, se o Cristo entrar e mudar nossos planos
para amanhã, estejamos prontos para que sejam mudados. Não tenhamos pela frente uma agenda
que nos obrigue a responder ao Cristo dizendo: “volte na próxima semana”.

O que estou tentando remover é o véu que nos separa de nossa Realização Espiritual. Sempre no
início, o véu é o apego ao bem humano e aquele desejo inato de se livrar do mal humano, ao invés de
esquecer ou deixar o “homem cuja respiração está em suas narinas” (Isaías 2:22), mesmo que ele
seja bom ou saudável, e então, me agarro firmemente a um objetivo: agora sei que existe um Reino
que, como ser humano, nunca vislumbrei. Eu sei que existe uma Paz que não tem nada a ver com a
saúde ou riqueza humana, e meu objetivo agora é buscar este Reino Espiritual e esta Graça
Espiritual.

A ansiedade e a preocupação agem como barreiras

Se eu me apegar a este mundo humano, terei de usar os métodos desse mundo humano: todos os
seus truques, todas as suas armas, físicas e mentais. Mas no momento em que meu objetivo é mudar
e buscar o Reino de Deus e Sua Justiça, posso deixar de lado minha espada física e mental e ficar
em paz.

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Não estou tentando derrubar a administração em Downing Street, Washington ou Pretória. Não estou
tentando derrubar os conservadores, os socialistas, os republicanos ou os democratas: estou
buscando o governo de Deus. Portanto, não penso, neste momento em mudanças humanas no
governo. Quando chegar o dia das eleições, é claro que orarei: “Deus, guia-me para que eu possa
votar na direção certa, ou pelo menos na direção mais elevada ou mais próxima possível disso”, mas
isso é tudo. Para o resto da minha vida, não vou me preocupar com o governo humano, mas com o
governo de Deus, para que possamos experimentar o governo de Deus na terra como é no céu, o
governo de Deus manifestado por meio dos homens que elegemos para o cargo. Mas não pensemos
nos homens: pensemos no Reino de Deus.

Nós, que percorremos o caminho do discipulado, estamos empenhados em buscar conhecer a Deus,
buscar a Realização de Deus, buscar experimentar algo do Reino de Deus e da Graça de Deus.
Continuamos a viver da maneira humana comum, mas sem ansiedade e preocupação. Não podemos
levar ansiedade e preocupação para o Reino Espiritual, porque isso também age como barreira.
Vamos esquecer a mãe, o pai, a irmã e o irmão - não esquecê-los no sentido humano, mas esquecê-
los no sentido de não permitir que se intrometam em nossas atividades espirituais. Vamos buscar o
Reino de Deus de todo o coração. Vamos reconhecer que existe um Reino Espiritual, existe uma
Graça Espiritual que o “homem natural” nunca conhecerá.

Enquanto estivermos buscando apenas o aperfeiçoamento humano, nunca conheceremos esse Reino
e essa Graça. Mas agora deixamos de lado nossa maneira infantil de apenas aumentar nosso bem
humano, e reconhecemos que existe um Reino Espiritual chamado Meu Reino, que não é deste
mundo. Há uma Paz, Minha Paz, que o Espírito pode dar, e que não é deste mundo. Eu sei que há
um Ser que eu sou, que pode estar sob a Lei de Deus, sob a Graça de Deus, mas este Ser, este
homem, não é minha identidade humana. Minha personalidade humana é o homem natural que não
está sob a Lei de Deus e que não recebe as coisas de Deus. Mas existe o homem que Eu Sou,
alguma parte de mim que é Filho de Deus, conhecendo o Reino de Deus, experimentando a Paz que
ultrapassa a compreensão humana. Este é meu objetivo (ele fala “alguma parte de mim é Filho de
Deus”, mas isso é figura de linguagem do discurso falado, é uma introdução à vida mística... Na
verdade, do ponto de vista espiritual, ou ao menos no nível de uma compreensão mais profunda, o
Filho de Deus não pode ser “uma parte”, mas apenas a Totalidade – nota do trad. G. S.).

Abra a Consciência para receber Deus

Para atingir a meta, eu especificamente abro minha Consciência muitas vezes ao longo do dia; e,
certamente várias vezes ao longo da noite, conscientemente abro minha Consciência e a mantenho
sintonizada com a Voz de Deus:

“Fala, Senhor; porque o Teu servo escuta” (1 Samuel 3:9). Estou pronto para receber o Reino de
Deus, a Graça de Deus. Eu busco apenas sabedoria espiritual, amor espiritual, luz espiritual, verdade

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espiritual, abundância espiritual, harmonia espiritual, segurança espiritual, proteção espiritual, todas
as quais são abraçadas pela Graça de Deus, pela Lei de Deus.

“Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti” (Isaías 26:3). Ao nos abrirmos assim em
um estado de receptividade à Graça, estamos desenvolvendo uma nova faculdade, a habilidade, em
todos os momentos e a qualquer momento, de abrirmo-nos à Presença de Deus. Onde está o Espírito
do Senhor, há realização, plenitude de alegria, plenitude de vida, plenitude de proteção. Onde está o
Espírito do Senhor? Certamente, não está no redemoinho; não está no pensamento humano ou na
esperança humana. Onde está a Presença de Deus? Onde a Consciência está especificamente
aberta para receber Deus.

Deus está onde Deus é percebido e realizado, e geralmente Deus é realizado quando chegamos ao
fim da corda humana. É por isso que às vezes é muito mais fácil curar o incurável: ele renunciou a
cada traço de esperança e fé em qualquer meio humano, e quando chega a esse ponto, ele abre sua
Consciência de todo o coração, para receber a Graça de Deus.

Pai, fala! Tua Graça é minha suficiência; Seja feita a Tua Vontade em mim; Teu Reino vem à minha
Terra, assim como no Céu. Estou fechando meus olhos para ajuda humana; estou conscientemente
abrindo minha Consciência para o Teu Espírito.

Desta forma, nos abrimos conscientemente agora, hoje e para todo o tempo que virá, para
recebermos Deus, para recebermos conscientemente Seu Filho, Seu Reino, Sua Graça. O primeiro
passo na Vida Espiritual é abrir a Consciência especificamente para uma Presença e uma Paz que
até agora não conhecemos. Nós mesmos devemos abrir nossa Consciência para recebê-lo.

Entregue-se de todo o coração ao Caminho

Deus é onipresença, mas Deus está disponível apenas onde a Consciência está aberta para recebê-
lo, e isso deve ser feito conscientemente, não de uma forma improvisada como "oh, sim, eu quero
Deus". Quando buscamos a Deus, buscamos com todo o nosso coração, alma e mente. Quando
buscamos a Deus, deixamos para trás tudo o mais: todas as preocupações, todas as aflições, todos
os problemas humanos. Quando buscamos a Deus, nos entregamos a essa busca com muito mais
intensidade do que se estivéssemos buscando o Pólo Norte, o Pólo Sul, um poço de petróleo ou uma
mina de ouro. Ao buscar a Deus, nós nos doamos - toda a fibra do nosso Ser, toda a nossa atenção,
todo o nosso anseio - a fim de conhecer a Sua Presença, sentir a Sua Graça, até que se torne de tal
intensidade que todo o nosso coração, alma e mente estejam firmes em Deus. Então, a Paz que
ultrapassa o entendimento vem como fruto disso.

“Nenhum sinal será dado” (Mateus 12:39). Os sinais apenas seguem a experiência do Cristo. Saulo
de Tarso não tinha sinal do Cristo. Somente após o despertar, ele teve os sinais que se seguiram.
Assim tem acontecido com todos no Caminho Espiritual. Ninguém recebe um sinal com antecedência
para provar que esse é o caminho certo. Ninguém recebe qualquer tipo de garantia de que terá saúde,

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riqueza e felicidade. Nada acontece antecipadamente. Todos os sinais se seguem depois que esse
Despertar Interior veio, essa Luz Espiritual Interior. O objetivo de nossos breves períodos de
meditação é estar alerta para essa Presença Interior, na atitude: “aqui estou. Fala, Senhor!" Essa
abertura de nossa Consciência é o propósito de nossos períodos de meditação - abrir nossa
Consciência especificamente para que possamos recebê-lo.

Alcançando nosso direito de nascimento de Cristo

Quando recebemos o Cristo, recebemos uma nova Consciência. O velho morre, um novo homem
nasce; uma nova experiência ocorre, e o mundo parece diferente para nós. Damos ao mundo de uma
maneira diferente, e o mundo nos dá de volta de uma maneira nova. É um mundo totalmente novo, e
é por isso que estamos constantemente nos abrindo, para que, mesmo que tenhamos recebido em
certa medida, queremos continuar recebendo, até termos recebido a plenitude da estatura da
humanidade em Cristo Jesus, até que tenhamos alcançado a Cristandade plena e completa, que é
nosso direito natural de nascença.

“Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Coríntios
3:16)… “Não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo?” (1Coríntios 6:19)… “Somos os
Filhos de Deus” (Romanos 8:16), filhos completos e plenos, completos e plenos herdeiros! No início,
experimentamos isso apenas em uma pequena medida, mas nosso direito de nascimento é a plena
Cristandade, a plena Filiação Espiritual, uma herança completa e plena de todas as riquezas
celestiais.

Nossa primeira preocupação é abrir nossa Consciência para Deus. Nossa segunda preocupação é ter
a certeza de que não vamos a um Deus Espiritual pedindo coisas materiais. Mantemos nossa oração
no nível espiritual:

Deus, eu procuro Tua Graça Espiritual, Tua Integridade Espiritual, Tua Perfeição Espiritual, Tua
Harmonia Espiritual, Tua Sabedoria Espiritual. Não venho a Ti em busca de pães e peixes; Não estou
vindo a Ti por pão, nem por roupa ou moradia. Venho a Ti somente para que possas entrar em mim e
viver minha vida, para que eu possa dizer com Paulo: “vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim”.

Existe um Reino Espiritual. Não é da terra, terreno; não é conhecido pelo homem que está na terra. É
conhecido apenas por aquele homem que tem seu Ser em Cristo. Existe um homem da terra; existe
um homem mortal. Ele não entra nas coisas de Deus; ele não entra nas alegrias, nas bênçãos ou na
abundância de Deus. Somente aqueles que estão dispostos a fazer a transição, a buscar esse Cristo,
podem entrar e experimentar o novo homem, o novo nascimento e o novo mundo.

Notas de Gabinete

Neste mundo, somos constantemente apresentados a imagens de discórdia e desarmonia. Joel nos
disse que nossa resposta a essas aparições deve ser imediata, isto é, devemos ver imediatamente
que são sugestões, ilusões ou hipnotismo e descartá-las. Se esta for nossa reação imediata,

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geralmente descobrimos que elas desaparecem de nossa experiência. Parece fácil, mas aqueles de
vocês que trabalharam com esse Princípio sabem como é difícil não reagir às aparências. Na
verdade, enfrentamos tantas dessas sugestões todos os dias que, a menos que estejamos meditando
e vivendo na atmosfera do Espírito constantemente, muitas dessas sugestões dificilmente são
reconhecidas e se enraízam em nossa consciência, por causa de nossa falta de vigilância. Praticar
diligentemente a não-reação, reconhecendo o erro como nada, é a maneira de ficar alerta e ciente de
que a única atividade que está ocorrendo é a de Deus.

3 – A ESPADA DO ESPÍRITO

Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada
(Mateus 10:34)

Que declaração estranha essa que vem de uma Consciência como a do Mestre! De uma forma ou de
outra, visualizamos Jesus, o Cristo, sentado nas nuvens o tempo todo, em paz, harmonia, alegria e
plenitude, sem dias de chuva entre eles. Mesmo assim, ele diz: “não vim trazer paz, mas espada”.

Uma pessoa pode interpretar isso da maneira que desejar, mas eu falo sobre isso do ponto de vista
do que tenho testemunhado em meus trinta e tantos anos neste trabalho, e pela minha observação, a
razão pela qual o Cristo parece trazer uma espada é que nosso propósito na vida e o propósito de
Cristo na vida são duas coisas completamente diferentes.

Em que reside a nossa confiança?

Pensamos em termos de bem econômico ou físico; pensamos em paz, segurança, saúde, abundância
e felicidade, mas inteiramente em termos humanos, sempre envolvendo a aquisição de alguma forma
material de bem para nos trazer essa paz, harmonia, plenitude e plenitude. Mesmo nacional e
internacionalmente, dependemos de uma bomba para a paz, um conceito assustador da condição
necessária para a paz, mas um fato nesta época. No passado, dependemos de armamentos para
estabelecer e manter a paz para nossa nação e, individualmente, dependemos de somas de dinheiro
ou de uma medida de bem-estar físico. Em nossa vida, porém, testemunhamos o fracasso de tudo
isso em nos dar paz, segurança ou felicidade.

O Mestre, por outro lado, veio para revelar um Reino que não é deste mundo (João 18:36). Ele veio
para revelar uma paz que também não é deste mundo. Sua receita de segurança é que não
deveríamos viver só de pão. Em vez disso, ele nos deu algo para viver que, para o ser humano
comum, parece quase impossível: a Palavra de Deus. Parece estranho enfrentar a ameaça de uma
bomba com a Palavra de Deus, enfrentar a ameaça de desastre, fome ou doença com a Palavra de
Deus; e ainda assim, este é o Ministério de Cristo. Não vivemos de “pão”, pelo mundo do efeito, mas
pela Palavra de Deus.

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No mundo dos dias do Mestre, assim como em nosso mundo de hoje, a força era o grande poder.
Seja a força das armas, dólares ou remédios materiais, sempre foi força, de uma forma ou de outra,
poder de um tipo ou de outro; e mesmo assim, o Mestre disse: “não resistais ao mal, guarda tua
espada”.

Romper com as Dependências e Confianças Humanas

A espada de que o Mestre falou, a espada que ele trouxe para nós, foi, na verdade, a dificuldade que
temos em desistir de nossa fé e confiança nos meios materiais. Esta é a espada; esta é a grande
prova e tribulação pela qual todos nós passamos. Na verdade, esse é o problema que enfrenta todo
indivíduo que se volta para o Caminho Espiritual.

Sei que geralmente se acredita que, se nos voltarmos para o Caminho Espiritual, a vida será toda
doçura e luz. A maioria de nós já descobriu que não é assim. Quando o Caminho Espiritual foi
realizado, é claro, é de doçura e luz; mas até então, encontraremos o significado dessa espada: o
rompimento da fé, esperança, confiança e dependência de poderes externos, sejam esses [supostos]
poderes de Deus, uma oração, um hino, um rito, um ritual, uma cerimônia, ou seja o que for de que o
homem dependa - exércitos, marinhas ou ouro no cofre.

Até recentemente, o dólar americano era todo poderoso. Quando todas as outras moedas do mundo
estavam caindo, o dólar americano se manteve firme. Por quê? Tínhamos vinte e dois bilhões de
dólares em ouro em Fort Knox. Hoje, temos apenas uma fração disso, e quando lemos na imprensa
que o dólar está ameaçado e que se enfraqueceu, sabemos agora que não foi o ouro que nos deu um
dólar sólido: foi o nosso potencial nacional. Pensando em termos de algo tão material como ouro e
prata, descobrimos que mesmo eles são feitos de ideias, trabalho e todas aquelas coisas que nunca
poderiam ser colocadas no tesouro da nação.

Assim é que, quer nossa dependência tenha sido do ouro, do vermelho, branco e azul ou alguma
outra bandeira, ou nossa dependência tenha sido de alguma coisa material, eventualmente esta
espada deve vir à nossa Consciência e separar de nós toda esperança, fé e confiança nessas coisas,
até que nós, individualmente, e então coletivamente, comecemos a perceber que o homem não vive
apenas de pão – ou seja, pela forma, pela força, pelo poder, por qualquer coisa no reino do efeito -
mas antes o homem viverá "por toda Palavra que sai da boca de Deus”(Mateus 4:4).

Abandonando a confiança em um Deus externo

O homem terrestre, o ser humano, realmente não tem Deus em quem confiar, nenhum Deus do qual
possa derivar essa Palavra de Deus. Se ele prestar atenção, provavelmente está buscando no céu ou
nas costas da Galiléia há dois mil anos. Muito raramente ele se dá conta de que, se quiser ouvir essa
“Voz mansa e delicada” (1 Reis 19:12), se quiser ouvir a Palavra de Deus, deve fazer toda a escuta
dentro de si mesmo.

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De acordo com o Mestre, "o Reino de Deus está dentro de você" (Lucas 17:21), mas não temos como
saber isso, ou saber quanto Jesus revelou aos seus discípulos de sua própria compreensão sobre a
natureza de Deus. Ele pode realmente ter revelado a eles o segredo da natureza de Deus, mas não é
dado nas escrituras de uma forma que seja facilmente compreensível. Portanto, apesar desses
últimos quatrocentos anos de distribuição de bilhões de cópias da Bíblia, a pergunta ainda é feita: "o
que é Deus?"

Na medida em que é possível responder a tal pergunta, ela é respondida nesta mensagem: Deus é
Consciência, e essa Consciência é a Consciência do indivíduo - de você e eu individuais. Ninguém
jamais tirou uma fotografia da Consciência e, portanto, devemos aceitar a palavra "Consciência" como
a Inteligência, a Substância e Lei do universo, lembrando sempre que estamos falando de Deus como
a Consciência de você e eu - não uma consciência no espaço, não uma consciência no céu ou em
uma cruz, mas a Consciência que realmente está atuando como nossa vida e mente individuais.

Ouvir - A Espada da Oração

Quando podemos, de alguma forma, sentir a Justiça de Deus mais perto de nós do que o respirar, a
Presença de Deus como Consciência, aprendemos que a oração é, na verdade, uma comunhão entre
eu, meu eu exterior, e Eu, a Consciência Divina do meu Ser. Estes são Um, não dois, mas no que diz
respeito a todos os propósitos práticos, estamos lidando com eles como se fossem dois, como se
houvesse uma pessoa sobre a qual o Mestre diz que não pode, de si mesma, fazer nada, e se ela fala
por si mesma, ela testemunha uma mentira. Então, há a mesma pessoa, o Eu ao qual ela pode se
voltar interiormente em comunhão e, por meio do ouvido atento, receber a Palavra de Deus, a Voz
que, quando pronunciada, derrete todo o universo de erro.

Assim como esta espada do Espírito deve nos libertar de toda fé, esperança e confiança no exterior,
mesmo em um Deus exterior, assim, também, a espada muitas vezes nos atinge profundamente
quando estamos tentando nos voltar para dentro, porque se há algo no mundo que parece difícil para
o estado de consciência humano é se voltar para dentro e ficar quieto. Isso é natural para a raça
humana, porque todos nós fomos mais ou menos criados desde a infância para brincar com
chocalhos: chocalhos de uma forma ou de outra, para nos manter engajados no reino exterior, quase
como se fosse uma trama para impedir-nos de termos tempo suficiente para entrar e ouvir, estar em
Paz com o Espírito, com a Fonte da nossa existência. Mas essa atividade de escuta é essencial para
progredir no caminho.

A espada da desistência de voltar-se para dentro em busca de coisas materiais

A espada do Espírito funcionará em nossa experiência até que nos libertemos de todas as confianças
materiais. No momento em que começamos a perceber que devemos parar de buscar no externo, que
devemos parar de orar pelo externo e começar a voltarmo-nos para dentro, podemos nos encontrar
presos na ideia metafísica de ir para dentro em busca de novos automóveis, novas casas, roupas
novas, novos casamentos ou algo desse tipo, e mais uma vez somos desviados do caminho da

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demonstração espiritual, porque, assim como estamos prestes a aprender a nos voltarmos para
dentro, aprendemos também a nos voltarmos para dentro para as coisas erradas. Na verdade,
aprendemos a ir para dentro para as coisas e, de todos os erros, este é realmente o maior. Seria
melhor continuar buscando ou orando a Deus em algum lugar no céu e orando por coisas espirituais
do que descobrir o Deus interior e continuar buscando as coisas materiais nesse Deus.

“Deus é Espírito: e importa que os que o adoram o adorem em Espírito e em Verdade” (João 4:24).
Não nos importamos com nossa vida. A oração não é uma busca daquilo que nos alimentará, vestirá
e nos abrigará: a oração deve ser uma busca do Reino de Deus e, uma vez que o Reino de Deus está
dentro de nós, é aí que a busca deve ser feita. É surpreendente o rápido progresso que fazemos no
Caminho Espiritual no momento em que paramos de nos voltar para Deus, seja fora ou dentro, por
qualquer das coisas deste mundo, e aceitamos a Verdade de que Deus é Espírito, que existe um
Reino de Deus, que é de natureza inteiramente espiritual e que pode nos dar apenas a Palavra de
Deus. Não tem mais nada para dar.

Céu ou inferno, uma questão de Discernimento Espiritual

Quando recebemos a Palavra de Deus, a Terra se derrete. E o que acontece quando a Terra se
derrete? O Céu é revelado porque, na verdade, o que chamamos de Terra é o Céu. O Céu, visto por
olhos tridimensionais, é a Terra; a Terra, vista pelos olhos quadridimensionais, é o Céu. Em outras
palavras, o próprio lugar em que estamos é o paraíso. Isso é literalmente verdade, e quando nossos
sentidos testificam que este lugar onde estamos é o inferno - doença, pecado, falso apetite, morte,
pobreza - então podemos ter certeza de que estamos vendo através daqueles olhos que estão
acostumados a chocalhos, de chocalhos de bebês a chocalhos de bombas atômicas.

Sim, estivemos sacudindo aquela bomba atômica, e ela também foi sacudida contra nós. No entanto,
é um chocalho, um brinquedo do homem, algo para mantê-lo ocupado no plano externo, algo para
desviar sua atenção do Reino de Deus que está dentro, que é Todo o Poder, Onipotência. Não,
enquanto olharmos para o poder mecânico de uma bomba, nunca acreditaremos que a Palavra de
Deus é mais poderosa do que essa bomba. Mas ela é. Da mesma forma, aqueles que se tornaram
curadores espirituais testemunharam que a Palavra de Deus é mais poderosa do que a doença que
lhes é apresentada.

Lute com o problema até que a consciência do Princípio seja alcançada

Jacó, lutando com o erro a noite toda, lutou com nada mais nem menos do que a mesma espada do
Espírito, e quando ele reconheceu esta Verdade, ele não parou de lutar com ela até receber as suas
bênçãos. Assim conosco. Quer gostemos ou não, o pecado, doença, carência ou limitação específica
em nossa experiência vai persistir e teremos que continuar lutando contra isso, até aprendermos a
viver pela Palavra de Deus, a Graça de Deus, o Desenvolvimento Espiritual de dentro.

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Podemos levar a maioria de nossos males aos nossos praticantes e professores e, às vezes, receber
grandes e completas curas, mas não devemos ser enganados por isso, porque amanhã sempre
haverá algo mais para nos atormentar, até que nos rendamos à espada do Espírito. Nunca
testemunhei, em meus anos de experiência de cura, ninguém curado de todas as doenças que
poderia contrair, não até que ele despertasse individualmente para a verdade de que a saúde não é
uma condição do corpo, mais do que a prosperidade é uma condição do dinheiro.

A saúde é uma condição da Consciência: a riqueza é uma condição da Consciência; a segurança é


uma condição da Consciência; a paz é uma condição da Consciência. Quando aprendemos a nos
voltar para a Consciência, nossa Consciência, a Consciência Individual de você e de mim, e
percebemos: "tenho o maná oculto” (.Apocalipse 2:17)... “Tenho uma carne para comer que vós não
conheceis" (João 4:32) e percebemos que temos e que estamos, então, nessa Consciência Superior,
nos tornamos cientes da Palavra de Deus se anunciando. Às vezes é como a Voz mansa e delicada,
e às vezes troveja, mas, de uma forma ou de outra, recebemos uma transmissão espiritual de dentro
de nosso próprio Ser.

A Liberdade vem por graus, conforme o Princípio é realizado

Uma questão freqüentemente surge neste ponto: quando ouvimos esta Voz, quando recebemos um
ato da Graça, ou quando recebemos uma transmissão de Deus, isso nos liberta completamente dos
problemas de este mundo? A resposta é não. Ninguém, incluindo o Mestre, jamais foi libertado
completamente dos problemas deste mundo. No caso de Paulo, o problema foi chamado de “um
espinho na carne” (2 Coríntios 12:7); no caso do Mestre, poderia ter sido chamado de Sinédrio ou
Judas (não! “Tudo para revelar a Glória de Deus”, “tu não terias nenhum poder se não te fosse dado
de cima”, “não minha vontade, mas a Tua Vontade”, “o Pai que está em mim é quem faz as
obras”...são muitos os testemunhos – nota do trad. G. S.). Mas o nome não faz diferença. É sempre a
mesma coisa: uma crença universal em dois poderes que não foi superada completamente. É sempre
uma crença na segurança material ou bem material de uma natureza ou outra, às vezes até mesmo
uma confiança nas pessoas.

Se o Mestre confiava inteiramente em seus discípulos ou não, provavelmente nunca saberemos (se
nunca saberemos, então por que fazer afirmações, especulações descabidas? – nota do trad. G. S.).
Certo é que ele deve ter suspeitado de um deles porque mais tarde ele foi capaz de identificá-lo
rapidamente, então talvez por algum tempo antes de sua trágica traição ele teve uma ideia da
natureza da "cobra" que ele estava acolhendo em seu peito (“talvez”, “talvez”, “talvez”... não procede,
decididamente! – nota do trad. G. S.).

Para nosso propósito, não vamos pensar neste momento em termos de nossa liberdade final deste
mundo; pensemos antes em termos do Princípio que nos libertará. Em todos os casos, o Princípio se
revela a nós lentamente, aos poucos, na medida de nossa capacidade de compreendê-lo.

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Alguns de nós podem se lembrar do primeiro avião que cruzou as vinte e seis milhas do Canal da
Mancha, da França à Inglaterra e ganhou vinte e cinco mil libras por isso. Hoje pagamos para fazer
essa viagem: mas então, eles foram pagos para fazer isso. Mas lembre-se da natureza dos aviões em
que eles viajaram. Poderíamos olhar para cada produto mecânico e voltar e pensar em alguns dos
modelos mais antigos e agora em alguns dos novos, como os automóveis do Modelo T até hoje.
Podemos ver como esses princípios se revelaram a nós no grau de nossa capacidade de assimilá-los
e compreendê-los.

Então, quase concluímos meio círculo das alturas da revelação alcançada há dois mil anos até as
profundezas da ignorância religiosa, superstição e paganismo de apenas um século atrás, e voltamos
quase um círculo completo para onde estávamos há dois mil anos, quando foi revelado que o “Eu” é
Deus. Mais uma vez os indivíduos aqui e ali estão ouvindo aquela Voz dentro deles declarar: "aquieta-
te e sabe que Eu Sou Deus" (Salmos 46:10). Quando eles alcançam esse nível de Consciência, eles
atingem as alturas que Moisés, Isaías, Buda e Jesus alcançaram . Eles estavam nesse estado de
Consciência em que lhes foi revelado que existe o Reino de Deus interior, e ele se expressa
exatamente assim:

Fique quieto e saiba que Eu, no meio de você, Sou Deus. Eu nunca vou deixá-lo ou desampará-lo; Eu
estarei com você até o fim do mundo. Eu sou o pão, a carne, o vinho, a água, a ressurreição. Eu sou a
vida eterna. Eu vim para que você tenha vida, e que você possa ter vida com mais abundância.

Os frutos de ouvir a Voz Interior

Pense por um momento no que acontecerá a nós individualmente quando retornarmos ao silêncio
dentro de nós mesmos e deixarmos essa Voz falar conosco, até ouvirmos: “Eu, no meio de ti, sou
poderoso. Eu, no meio de ti, sou o Único Poder. Existe algum outro poder além de Mim? Existe algum
outro Deus além de Mim?”

Quando recebemos isso, e podemos recebê-lo muito, muito rapidamente, se pudermos decidir com
antecedência que, quando o fizermos, não pediremos um novo automóvel, uma nova casa, um novo
vestido, um novo negócio, um novo casamento ou qualquer outra coisa nova. Aceitaremos esse Eu
como Onisciência, e perceberemos que, uma vez que é o Onisciente, já conhece nossas
necessidades e tem o bom grado de dar-nos o Reino.

Não devemos tentar traduzir o Reino Espiritual em termos de dólares, libras, coisas ou pensamentos,
porque os Pensamentos de Deus não são os nossos pensamentos, e os Caminhos de Deus não são
os nossos caminhos. A Graça de Deus não é algo de natureza material; no entanto, quando aparece,
chega até nós de uma forma tangível que chamamos de bem material. A barreira é ter alguma ideia
preconcebida de como deve ser a forma.

A espada do Espírito deve vir até nós para cortar todas as nossas crenças em algum Deus distante,
cortar todas as nossas crenças teológicas sobre um Deus que dá ou um Deus que retém. Tudo isso

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deve ser tirado de nós. Encontraremos Deus face a face somente quando ouvirmos a Voz mansa e
delicada dentro de nós dizer aquela palavrinha “Eu”!

Eu estou aqui. Eu sou imortal. Nem a vida nem a morte podem separar você do Meu Amor, pois sou
imortal; Eu sou imortal; Eu sou eterno.

Somos o próprio Ser de Deus expresso de uma maneira individual infinita, mas devemos viver não por
nossa sabedoria humana, não por nossa força física, não por nossa educação, não por nossa conta
bancária ou a conta bancária de nossos pais. Devemos aprender a viver por cada Palavra que sai da
boca de Deus. Até que isso seja realizado, aquela espada continuará a cortar, e cortar e cortar, até
que tenha cortado de nós tudo o que não é necessário para a Vida do Filho de Deus.

Não há mais espada depois de alcançar a Vida Espiritual

A Vida Espiritual não é uma vida difícil. A Vida Espiritual não tem problemas. É somente até alcançá-
la que encontramos essa espada. Uma vez que o Espírito de Deus está sobre nós, uma vez que
somos ordenados para isso, a vida tem muito poucos problemas, praticamente nenhum dos nossos.
Quaisquer problemas que nos afetem na vida ocorrem apenas na medida em que ainda carregamos o
fardo dos outros. Em alguns casos, pode ser família; em muitos casos, são nossos pacientes e
nossos alunos que nos trazem os problemas. Mas olhando para nossa própria vida, encontramos
poucos problemas porque, uma vez que o Espírito do Senhor Deus está sobre nós, somos livres.

Nosso objetivo, então, é alcançar aquela Mente que estava em Cristo Jesus, alcançar a ordenação,
alcançar a habilidade de receber as comunicações do Espírito de dentro de nós, para que possamos
viver de cada Palavra que vem do nosso interior. Muitos alcançaram alguma medida do Espírito de
Deus e vivem por Ele, são guiados por Ele.

Uma suficiência da Graça para o Agora

A realização é possível quando percebemos que Deus é nossa Consciência, e que precisamos
apenas nos voltar constantemente para nossa própria Consciência, até que ela comece a se
expressar de forma tangível para nós e através de nós. Ela não vem com esforço: vem pela Graça.
Mas há um esforço de nossa parte, e esse esforço é, antes de tudo, o conhecimento da Verdade;
esse esforço é chegar à consciência da natureza de Deus e da natureza da oração, para que
possamos orar mais corretamente.

Dizem que se oramos e não recebemos, é porque oramos mal, e sabemos como isso é verdade,
porque sabemos que, quando a oração atinge certa medida de correção, resultados tangíveis surgem.
Então, o que é oração correta? Não pode haver nenhuma fórmula para defini-la, mas podemos
compreender que a oração é uma comunhão interior, uma comunhão dentro do indivíduo, que
assume, antes de qualquer outra coisa, a forma primordial da escuta. A oração também é essa forma
interna de comunhão na qual não buscamos a Deus, mas buscamos apenas a Graça Espiritual, as
Bênçãos Espirituais, a Verdade Espiritual, a Palavra Espiritual. Tivemos 1.700 anos orando por coisas

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sem obtê-las, e o mínimo que podemos fazer agora é tentar fazer com que nossas orações sejam
inteiramente de natureza espiritual, inteiramente buscando o Reino de Deus e a Graça de Deus (o que
equivale, no meu entendimento, a buscar somente Deus Ele Mesmo... Só na consumação
descobriremos que Eu e o Pai Somos Um... – nota do trad. G. S.).

Quantas vezes expressamos alguma declaração como: “Tua Graça é minha suficiência em todas as
coisas”, e então nos voltamos e pensamos em termos de alguma forma de bem material! Acabamos
de dizer: “Tua Graça é minha suficiência”, e no momento seguinte, Tua Graça se torna o quê? Uma
coisa! Mas a oração é realmente o entendimento de que a Graça de Deus é nossa suficiência em
todas as coisas e, além disso, há sempre uma suficiência da Graça de Deus presente em nossa
Consciência para atender às necessidades imediatas.

Muitas vezes pensamos na Graça de Deus atendendo a todas as nossas necessidades pelo resto de
nossos dias, em vez de nos preocuparmos com as nossas necessidades de hoje. Se podemos pensar
em nós mesmos como vivendo hoje, e não apenas buscando a realização da Graça de Deus, mas
percebendo que há uma suficiência da Graça de Deus que nos preenche hoje, cada dia então cuidará
de si mesmo, até que ontem, hoje e amanhã se fundam todos uns nos outros.

O Bem sempre aparece no Agora

Nós acumulamos tesouros para o futuro, mas são para as necessidades imaginárias que teremos nos
próximos dez anos; mas, no entanto, o único tesouro de que precisamos é o tesouro deste momento,
pois este é sempre um momento contínuo. O Agora Espiritual não é como o agora do tempo e do
espaço quando dizemos “agora” e logo depois se vai, mas o Agora Espiritual é Eternidade, visto que
espiritualmente é sempre Agora e nunca esse Agora se torna passado. Agora nunca desaparece no
passado, Agora nunca se transforma no futuro.

O Agora Espiritual é Infinitude e Eternidade neste exato momento, e se pudermos buscar a realização
da Graça de Deus no Agora, como uma suficiência para este momento Agora, também descobriremos
que, tendo alcançado isso Agora, ela nunca vai embora ou nos abandona, porque Agora nunca passa;
é sempre o mesmo Agora em que o nosso Bem aparece.

Uma das falácias da velha prática metafísica é buscar uma demonstração de suprimento para este
ano e talvez fazê-lo, e então buscar outra demonstração de suprimento no próximo ano, como se uma
demonstração espiritual tivesse que ser feita duas vezes. Perdemos a evidência de nossa
demonstração por acreditar que foi um evento do passado, ao invés de uma atividade do Espírito.

A natureza da Demonstração Espiritual

Um dia desses perceberemos que, quando tivermos uma Cura Espiritual, seremos curados para
sempre, porque certamente uma atividade espiritual não precisa acontecer duas vezes. Uma atividade
espiritual deve participar da Eternidade e do Infinito. Portanto, uma demonstração espiritual, uma vez
realizada, deve ser permanente, e será, quando percebermos que a demonstração não foi a

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demonstração de suprimento e não foi a demonstração de uma cura: foi uma demonstração da
Onipotência, Onipresença e Onisciência de Deus. Essa é a demonstração que é feita quando uma
Demonstração Espiritual é feita. Nunca é uma demonstração de coisas.

Não podemos demonstrar espiritualmente um automóvel, nem uma casa; só podemos demonstrar
que Deus é Onisciência, Onipotência e Onipresença e, quando o demonstramos, o demonstramos
para sempre, em todos os graus.

Nossa demonstração é a demonstração da Graça de Deus. Precisa ser feita apenas uma vez em
nossa experiência. Nossa demonstração é a percepção e realização do Cristo como nossa Verdadeira
Identidade, e essa demonstração precisa ser feita apenas uma vez. Nossa demonstração é que
vivemos pela Palavra de Deus, e essa demonstração precisa ser feita apenas uma vez.

O incômodo da espada do Espírito

Provavelmente uma razão que me faz dizer tantas vezes que não a alcancei totalmente é que a
espada do Espírito continua me importunando, nunca me deixando descansar, por medo de que eu
possa acreditar em algum momento que a alcancei totalmente, e então perca o caminho. Como Jacó,
vou dizer: “não, eu vou lutar contra isso. Vou enfrentar esses problemas até que este Espírito de Deus
seja tão claramente percebido que a liberdade então se torne a demonstração plena e completa da
Cristandade”.

Está claro por que a espada do Espírito nos atormenta? Temos tantas crenças que devem ser
removidas especificamente de nosso pensamento, de nossa mente; e essa espada do Espírito é
realmente a faca do cirurgião. De que outra forma, exceto por esse estímulo, esse incômodo contínuo
da espada do Espírito, algum dia abandonaríamos nossas crenças, conceitos, opiniões, teorias e
teologias finitas? De que outra forma?

Notas de gabinete

O propósito de nosso trabalho é a demonstração de Deus - não a busca de coisas. É importante ler e
estudar os escritos e, quando estiverem à disposição dos alunos, ouvir as gravações em fita. Tudo
isso fornece a base com a qual construir nossa casa espiritual de Consciência, e nos impede de cair
nas armadilhas que os aspirantes sinceros do Caminho podem encontrar. Mas Deus não pode ser
demonstrado com um livro: Deus pode ser percebido, realizado e demonstrado apenas voltando-se
para onde Deus pode ser encontrado: dentro. Até que avancemos para essa fase da meditação, a
leitura, o estudo e a escuta permanecerão apenas palavras. Por meio da meditação, as palavras
adquirem um novo significado e são iluminadas pela Luz daquele Espírito Interior.

Os alunos não podem ser forçados a incorporar a meditação ao programa do dia. Mas esta é uma
atividade de tão grande significado que não importa o que mais seja omitido: períodos breves e
freqüentes de meditação devem fazer parte de sua programação diária, bem como deve haver tempo
reservado para períodos mais longos de contemplação e escuta. Um programa tipo “certo ou errado”

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não trará aquela Consciência mais profunda que todos os alunos procuram. Portanto, seja diligente e
persistente nessa prática, e a realização será sua recompensa. Pode exigir um grande esforço nos
estágios iniciais, mas os frutos valem bem o esforço.

Trechos gravados
(Preparados pelo Editor)

Para a maioria das pessoas, Deus existe com o único propósito de dar-lhes mais e melhores coisas e
pessoas deste mundo. Todas as suas orações a esse conceito de Deus são direcionadas para esse
fim. Aqueles que embarcam no Caminho Espiritual, entretanto, descobrem que a espada do Espírito
não os permitirá continuar nesta tentativa de fazer com que Deus faça a sua vontade. A espada do
Espírito os liberta das amarras do desejo, e esse desejo pode ser substituído apenas pela realização,
e a liberdade e a expansividade da Consciência de Cristo assumirão o controle de suas vidas. Os
trechos abaixo deixam muito clara a importância dessa atividade da espada do Espírito.

A Espada do Desassossego

“Para começar, não estamos buscando coisas ou pessoas. Essa não é nossa função no Caminho
Espiritual. Foi um passo na direção certa quando aprendemos a nos desviar dos esforços materiais e
mentais em direção a uma Consciência Espiritual para a solução de nossos problemas humanos. Mas
esse passo nos leva agora a um nível em que percebemos que os problemas humanos só
desaparecem na proporção em que alcançamos aquela Mente que também estava em Cristo Jesus,
quando alcançamos a consciência real da Unidade com Deus.

Qualquer desejo por coisas ou pessoas impedirá ou atrasará nossa entrada no Reino Espiritual; ao
passo em que, com o lembrete constante dentro de nós mesmos de que o objetivo que buscamos é o
contato com Deus, a realização de Deus, a autorrealização, encontramos todas as coisas adicionadas
a nós ou as encontramos todas incluídas ...

Devemos desenvolver o hábito, antes de tudo, de perceber que não temos outra meta senão a
conquista do Reino de Deus, que não temos demonstração a fazer, exceto a demonstração de nossa
Individualidade Espiritual.

Qual é a melhor maneira, se houver uma melhor maneira, de alcançar essa compreensão de nossa
Verdadeira Identidade? Existe um atalho? Existe um caminho que leva à realização de Deus, um
caminho que possa ser trilhado aqui na Terra, sem esperar pelo além, ou que pode ser realizado em
tempo? E a resposta é: sim, não apenas existem maneiras de alcançá-lo aqui na Terra, mas existe um
atalho. Esse atalho é realizar um pouco de cirurgia mental em nós mesmos e eliminar todos os nossos
desejos. Esse é o atalho. Pegue uma faca bem afiada e corte de nós mesmos, direto do coração, da
alma e da mente, todo desejo por pessoa, lugar, coisa, circunstância ou condição - até mesmo todo
desejo de salvar o mundo, todo desejo de beneficiar a humanidade, todo o desejo de trazer Paz na

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Terra. Todo desejo deve ser eliminado, para que apenas um permaneça. Esse é o atalho, quando
temos apenas um desejo: Conhecer-Te corretamente.

Joel S. Goldsmith, “O Cristo Realizado” – 1º grupo de estudo de Kailua, 1955.

Abandone o desejo de saúde, de suprimento, de bondade, de casa, de companheirismo, e descanse


no fato de que Deus é um estado de Auto-completude, de Auto-realização. Deus é o Único Bem, quer
esse bem seja um bom suprimento de recursos ou se é um bom suprimento de saúde. Deus é o Único
Bom. Deus não se adquire, nem se alcança, nem se atinge: Deus “é” isso.

Não queira mais peixes, peixes maiores ou melhores nas suas redes. Negue que você precisa de
peixes, porque todos os peixes do mar pertencem a Deus, e por trás de sua mente, você sabe que
tudo o que pertence a Deus pertence a você. Por quê? Porque 'Eu e meu Pai Somos Um'. Não há
nenhum ponto de transferência do que está em Deus para o que está em você. Tudo o que está em
Deus está em você neste exato momento.

Joel S. Goldsmith, “Negar a Si Mesmo, Morrer Diariamente... Como?" 1º grupo de Kailua, 1955.

Você libera Deus completamente e percebe:

Deus, nunca mais tentarei fazer com que faças algo por mim, ou buscar que faças algo por mim, ou
desejar que faças algo por mim. Agora eu sei que Tu estás dentro de mim e entrego-me a Ti. Agora
eu percebo que está dentro de mim moldar minha vontade à Vontade de Deus. Deus é; Deus está
atuando; e se não estou me beneficiando da Vontade de Deus, do Caminho de Deus, dos Atos de
Deus, é porque, de alguma forma, me afastei desse Caminho, dessa Vontade.

Não é tão difícil quanto parece. A dificuldade se apresenta a nós no início, quando somos chamados a
abandonar todos os nossos conceitos de Deus e oração, quando somos chamados a parar de orar a
Deus por algo, quando somos chamados a parar de orar por alguém, quando somos compelidos a
deixar a nós mesmos quase no vácuo, sem Deus, até que a compreensão comece a despontar. Há, é
claro, aquele período difícil em que ainda nos apegaríamos ao Deus que adoramos por ignorância, o
Deus mítico, o Deus fictício, quando ainda nos apegaríamos a orar a esse Deus por algo para nós ou
para nossa mãe ou para nosso filho, como se Deus pudesse escolher qualquer um de nós para
favorecê-lo.

Nós nascemos para que a Vontade de Deus seja feita na Terra, para que o Caminho de Deus se
manifeste na Terra, para que a Glória de Deus seja revelada na Terra. Isso nunca pode acontecer
enquanto estivermos tentando nos realizar, separados e à parte de Deus, mas somente quando
abandonarmos a nós mesmos, para que Sua Vontade seja feita em nós, Sua Glória seja expressa por
meio de nós, Seu Céu se manifeste na Terra através de nós.

Joel S. Goldsmith, "Moldando Nossas Vidas para Deus" - aula aberta em Hawaiian Village, 1962

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4 – A VIDA SE DESDOBRA COMO FRUTO DA CONSCIÊNCIA ALCANÇADA

Cada pessoa é o produto do que ela aceita na Consciência. Observe isso em operação, e observe
bem. Observe com atenção, pois pode marcar um ponto de virada na experiência de todos. Mesmo
aqueles que, ao que parece, são os mais avançados, devem começar de novo todos os dias, porque
ninguém armazena Verdade suficiente de ontem para levá-la para o amanhã. Cada um tem que abrir
sua Consciência dia após dia, quando o novo maná, a nova inspiração, pode cair.

Deus é infinito. Mas como alguém, em sua experiência atual, poderia sequer começar a compreender
a menor parte do Infinito? Não está claro que, existe para todos algo mais profundo e rico, algo mais
verdadeiro, que se desdobra hoje, algo que enriquece sua Consciência hoje e se torna maior fruto
amanhã?

Em um momento de Amor, o Amor elimina as qualidades negativas

Quando você está em uma sala cheia de Amor, como uma aula do Caminho Infinito, toda a sua
Consciência fica imbuída desse Amor. Você olha para o professor com Amor em seu coração, mente
e alma, com compreensão e gratidão, e você sabe que o professor está respondendo a isso, amando
cada momento e amando cada indivíduo que mostrou interesse suficiente no Caminho Espiritual para
estar ali. Sob tais circunstâncias, naquele minuto, sua Consciência está cheia de Amor e também a do
professor.

Suponha que esse Amor que você sente naquele momento possa ser uma experiência contínua...
Suponha que você continue sentindo Amor, só não necessariamente pelo professor, porque ele pode
estar em outro lugar, mas você ainda estará amando. Você amará quem quer que esteja lá, ou quem
quer que você encontre em outro lugar, porque o Amor agora foi estabelecido em sua Consciência.

Nesse momento contínuo de Amor, o passado se foi; e a prova é que, independente de quanto ódio,
malícia, ressentimento, ciúme ou de quantas qualidades negativas de qualquer natureza você possa
ter sentido no passado, elas agora estão ausentes de você. Nada disso está presente em você agora,
exceto o Amor.

Portanto, em sua Consciência, não há passado: há apenas este momento de Amor. Embora os
relógios sejam marcados por pequenos períodos chamados segundos, minutos e horas, se todos os
relógios fossem removidos do mundo, haveria alguma marca de qualquer tipo em qualquer lugar do
universo indicando um passado ou um futuro? Na realidade, você não está sempre vivendo na
Consciência do Agora? A vida só pode ser vivida no Agora e, portanto, qualquer vida que você esteja
vivendo Agora é a Única Vida que você possui, e essa Vida em um momento contínuo de Amor é o
Amor.

O Amor pela Verdade, recebido em um momento do Agora, torna-se uma experiência contínua

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Visto que o tempo não termina e o Amor não termina, você não vê que o Amor que você estava
sentindo naquela experiência de aula não era amor por uma pessoa? O Amor que você sentiu é o
Amor por Deus, o Amor pela Verdade. Você não está amando uma pessoa: está amando a Verdade
que foi expressa.

Você parou de amar a Verdade quando saiu daquela sala cheia de Amor? Não, você está neste
Caminho, nada jamais o tirará deste Caminho e, portanto, o Amor pela Verdade que você sentiu é
uma experiência contínua ao longo de todos os seus dias dentro deste parêntese, dentro deste
período de vida.

Cada palavra da Verdade que você já aceitou na Consciência desde o primeiro dia de sua entrada no
Caminho da Verdade está armazenada em você Agora, porque quando você a recebeu, era Agora, e
Agora é uma experiência contínua, a Verdade Interior em você se perpetuou no Agora. Esta Verdade
permanecerá com você até o final deste parêntese.

Pense nisso: “Eu estarei convosco”. A Verdade estará com você, o Cristo Espiritual estará com você
até o fim deste mundo, até o fim deste parêntese, deste período de vida.

Vida, um Parêntese no Círculo da Eternidade

A vida foi descrita como um círculo, e um dos antigos místicos escreveu que a vida humana atual de
uma pessoa é um parêntese nesse círculo, apenas uma pequena parte do todo, e que ele conhecia a
Vida antes de nascer nesta vida-experiência: por ser um círculo, ele deve ter existido desde o início e,
por ser um círculo, nunca haverá um fim. O que é chamado de nascimento e morte representam as
duas partes do parêntese. Ao remover um, o fluxo do passado para o presente é conhecido;
removendo o outro, a continuidade da vida, fluindo para além desse parêntese, ao redor do círculo, é
revelada.

A Verdade de que você viveu eternamente e viverá eternamente permite que você entenda o motivo
da discórdia, da desarmonia, falta e limitação, assim como a harmonia, os benefícios e os frutos que
você experimenta durante este parêntese particular.

Memória, a única substância do passado

A partir disso, você pode ver como é simples, para aqueles que estão dispostos a fazer isso, apagar o
passado e começar um novo hoje e um novo amanhã. Para começar, não existe passado ou futuro.

A única coisa que você pode saber sobre o que é chamado de passado é o que você pode trazer da
memória ou extrair da memória de outra pessoa. Ninguém pode saber o futuro, porque, independente
do que as estrelas relatam ou o que as linhas de suas palmas possam indicar, independente de como
o seu carma possa ser considerado - se seus pecados foram vermelhos da cor do escarlate, ou se
você foi a mulher pega em adultério, ou o ladrão na cruz - independente de quanto carma você
acumulou, você pode dispensá-lo a qualquer momento de sua vida, e testemunhar que, se você não o

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dispensa, não pode avançar nem mesmo um minuto seguinte sem que você o traga através da
memória .

A ignorância é eliminada em um momento de Consciência

A Verdade é que somos Consciência, estados e estágios de Consciência, alguns mais avançados do
que outros ao longo do caminho, mas todos nós somos Consciência. Em nosso Verdadeiro Ser
original, somos Consciência Divina. Essa Consciência Divina é a Realidade do nosso Ser, e qualquer
limitação ou discórdia, qualquer pecado ou doença não fazem parte de nossa Consciência, mas são
imagens sobrepostas (o que eu costumo chamar de “projeções mentais”... – nota do trad. G. S.).

A própria Consciência sempre permanece pura, e é por isso que a qualquer momento do dia ou da
noite, deste ano ou de qualquer ano, você pode remover a poeira e a sujeira que podem ter se alojado
em seu estado de Consciência e começar, em qualquer momento, puro, branco como a neve,
independentemente de quão profundo o vermelho escarlate possa ter sido (“Asperge-me com o
hissopo, e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais branco do que a neve” - Salmos 51:7 – nota do trad.).

Nessa atmosfera de Amor e Verdade que você experimentou, sua ignorância da Vida e da Verdade
não podia e nem pode entrar. Quando o Mestre diz: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que
fazem” (Lucas 23:24), ele está dizendo que uma pessoa peca somente por causa de sua ignorância
da Verdade, sua ignorância de sua Identidade Espiritual. Lembre-se de que essa Sabedoria que você
alcançou em seus anos neste Caminho - essa Verdade e esse Amor - é a Luz de sua Vida, e nesta
Luz, não há ignorância.

Nesse momento de Consciência, a ignorância sob a qual você vivia no passado foi eliminada, e agora
você é a personificação do Amor, da Vida e da Verdade que está experimentando neste minuto
contínuo. Deixe-me repetir: cada pedaço de Amor, Vida e Verdade que você sentiu em um momento
de Consciência intensificada é o que você está incorporando e constitui o seu Ser, e este é você. Luz,
Amor, Vida, Verdade: são você, são o seu estado atual de Consciência. Como então o passado pode
se intrometer no presente? Como a escuridão pode entrar na Luz?

Plantando as sementes da Verdade

Enquanto você mantém em sua Consciência a compreensão de que a Verdade se corporificou dentro
de você - Luz, Vida, Amor - esta é sua experiência contínua. Nesse ponto, um milagre acontece. Você
leu nas escrituras: “tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Pois quem semeia na carne,
da carne ceifará a corrupção; mas quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna”
(Gálatas 6:7,8).

Desde que você está no Caminho da Verdade, você não tem semeado no Espírito? Desde que
começou a ler um livro da Verdade, você não tem semeado no Espírito? Cada vez que você assiste a
uma palestra ou aula sobre Sabedoria Espiritual, você não semeia no Espírito? Cada vez que você leu
e cada vez que meditou, você não semeou para o Espírito? O que mais você tem feito nesses anos,

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exceto semear para o Espírito? E como a Escritura pode mentir? Você tem semeado para o Espírito e
está colhendo a Vida Eterna.

Este não é um evento futuro; você não está guardando para uma vida futura, pois a Vida só pode ser
vivida no Agora. Ninguém viveu ontem e ninguém tem o poder de viver daqui a cinco minutos. A Única
Vida que você conhecerá é a que você está vivendo Agora, e nela, você está semeando para o
Espírito Agora, você está plantando dentro de si mesmo as sementes da Verdade, e a colheita deve
ser uma vida harmoniosa, uma Vida Eterna.

Superando o Carma

Desde que você aprendeu que colhe o que semeia e, uma vez que semeou para o Espírito, está se
preparando para a colheita que está por vir no seu devido tempo: a colheita da harmonia, paz,
abundância e Graça Espiritual. Se você, que está lendo estas palavras, não percorreu o Caminho
Espiritual até agora ou não semeou para o Espírito, deixe-me dizer que a semeadura pode começar a
qualquer momento de sua escolha. Você pode escolher Agora a quem vai servir: semear para a carne
ou para o Espírito. Ao concordar em semear para o Espírito, você elimina o carma; você elimina a
pena de transgressões anteriores, pensamentos errados ou ações erradas (realmente, ele não nega o
carma, mas ele é fruto de “semear na carne”, é fruto de ignorância, fruto da vida de ilusão...
Verdadeiramente, do ponto de vista do mundo espiritual, ele nunca propriamente “existiu”, como se
fosse um sonho – nota do trad. G. S.).

Nos antigos ensinamentos orientais, o carma que você semeou, especialmente o carma ruim,
permanece com você por muitas e muitas vidas, até que Deus saiba o que foi necessário para
finalmente apagá-lo. Claro, isso nunca foi verdade (de um ponto de vista absoluto, espiritual). Esse
era apenas um conceito de algum escritor ou professor, mas a era cristã descartou isso e revelou o
que agora é demonstrável, e isso é que todo o seu carma maligno, todos os seus antigos
pensamentos ou ações erradas são eliminados em um momento de arrependimento (verdadeiro!!!) -
não em anos trabalhando nisso, não em anos de sofrimento, não em anos entre o céu e o inferno, e
não em anos de pagamento de uma penalidade na terra. Não!

Em minha própria experiência, um momento após a primeira Luz, todo o passado com seus desejos e
suas punições desapareceu. Tenho testemunhado, nos anos que se seguiram, quantos alunos, ao
chegar a um estado de arrependimento real por qualquer um de seus erros anteriores - alguns de
omissão, alguns de comissão, alguns graves, alguns não tão graves -, naquele momento de aceitação
do Caminho Espiritual, apagando o passado, e com sua semeadura para o Espírito, com sua
semeadura para a Verdade, eles começam muito rapidamente a colher harmonia espiritual, paz
espiritual, uma Consciência Interior de perdão e uma Consciência Interior de libertação dos fardos do
senso de vida humano.

Falo não apenas do pecado em termos do que o mundo chama de pecado, mas também de doença,
carência ou limitação, todos os quais são realmente pecados do ponto de vista da Vida Espiritual,

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porque perdem o alvo da Perfeição Espiritual. Suas doenças são eliminadas tão prontamente quanto
seus pecados; sua falta e limitação são eliminadas tão facilmente quanto seus pecados - mas apenas
de uma maneira: semeando para o Espírito, semeando para a Verdade, ponderando a Palavra de
Deus, levando a Palavra de Deus à Consciência, meditando e contemplando na Palavra de Deus.
Naquele momento, você está semeando para o Espírito, você está semeando para a Verdade; e não
demorará muito para que você colha frutos espirituais, harmonia espiritual, saúde espiritual,
suprimento espiritual, companheirismo espiritual, testemunhando tudo isso traduzido em termos de
harmonia humana.

Semear Agora traz a colheita Agora

Esta semeadura para o Espírito deve ocorrer no Agora. Deve haver um momento do Agora em que
você reconhece: eu me voltei das trevas para a luz; eu mudei do passado para o presente; eu mudei
da ignorância para a compreensão. Embora eu não possa acordar e descobrir amanhã de manhã que
sou um ser humano perfeito, e certamente não vou encontrar asas brotando nas costas, no entanto,
nesse momento de minha aceitação da semeadura espiritual, imediatamente começo o processo de
colheita. A colheita que devo colher começou. Tudo começou quando comecei a semear a semente.

No momento em que a semente é plantada, ela começa a trabalhar e a natureza começa a trabalhar
nela, e no devido tempo, aparecem os brotos e depois a colheita. Mas lembre-se, tudo começa com
um certo momento.

A linguagem bíblica chama isso de arrependimento. “Não tenho prazer na morte do que morre, diz o
Senhor Deus; portanto, convertei-vos e vivei” (Ezequiel 18:32). Tem a ver com um momento de
arrependimento, um momento de deixar de semear para a carne, um momento de deixar de colocar
sua fé na matéria, nas coisas externas e bugigangas da vida, para perceber que tudo o que existe no
externo é apenas a externalização de algo que existe na Consciência.

Escolha agora o que semear

Se você tem a Verdade habitando em sua Consciência, você está manifestando ou externalizando os
frutos da Verdade, que é vida harmoniosa, vida alegre, vida abundante, vida eterna. Se você está
enchendo sua consciência com fé nas coisas externas e nas bugigangas da vida, então é claro que
você está semeando na carne, e deve colher a corrupção. Em qualquer caso, você deve fazer isso
Agora, você tem que semear Agora.

“Escolhei hoje a quem sirvais” (Josué 24:15). Neste momento em que seu coração e sua alma estão
cheios de Amor - Amor pela Verdade, Amor a Deus, amor por seu mestre espiritual, amor por Cristo,
amor por cada místico que sempre nos deu um fio de ouro da Verdade para tecer nessa grande
Consciência, o grande tecido da Vida Eterna - à medida em que seu coração se enche desse Amor,
dessa Gratidão, perceba que nesse mesmo Amor, nesse mesmo reconhecimento da Verdade, você
estão semeando para o Espírito.

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Cada vez que você abre um livro de Sabedoria Espiritual, toda vez que assiste a uma palestra ou aula
espiritual, você está semeando novamente para o Espírito, e colhendo ainda mais amanhãs de
harmonia espiritual e realização espiritual. É por isso que, por mais ardente que seja o seu Amor pela
Verdade neste momento, lembre-se que quando você acordar amanhã, ainda será Agora, e a cada
momento de amanhã, você estará semeando. Portanto, lembre-se da semeadura deste momento, e
continue sua semeadura amanhã amando a Verdade, levando em sua Consciência a Palavra da
Verdade, enchendo-se com a Verdade em todas as ocasiões e, assim, armazenando uma colheita
ainda mais rica para o Agora que vem no próximo dia.

O Agora deste momento ainda é o Agora de amanhã de manhã. O Agora está se estendendo, mas é
sempre Agora. Cada momento em que você pensa é um momento do Agora; cada momento em que
você vive é um momento do Agora. Portanto, você está semeando a cada momento e, ao mesmo
tempo, está colhendo a semeadura do Agora, do agora que é Agora.

Não a morte, mas a transição

Você pode ter experimentado em sua vida ou se arrepender de não ter aceitado mais instrução
quando teve a oportunidade de recebê-la, ou pode estar sentindo grande alegria porque aceitou a
oportunidade de receber instrução quando ela lhe foi dada. Se você não aceitou a instrução, pode ter
passado por algumas dificuldades que poderiam ter sido evitadas, ou pode não estar na posição em
que estaria se tivesse aceitado essa instrução. Se você aproveitou a oportunidade para estudar,
provavelmente agora está em uma posição melhor na vida por causa dessa aceitação. Ou seja, o que
você semeou na área da educação, você está colhendo agora em uma vida mais abundante.

Esta mesma verdade se aplica ao seu desenvolvimento espiritual depois de deixar este plano de vida.
Para todos vocês, chegará um dia em que esse parêntese será removido e vocês passarão desta
experiência para outra. Para aqueles não instruídos na verdade, isso é chamado de morte. Na
verdade, nunca é a morte, e para aqueles que são instruídos na Verdade, não é nem mesmo uma
reivindicação da morte: é realmente uma transição de uma experiência para outra. É muito parecido
com crescer da infância para a maturidade precoce e, então, passar dessa maturidade precoce para
os anos posteriores de maturidade sem ter que morrer para isso. É um processo evolutivo gradual,
uma experiência de transição. Eventualmente chegará o dia em que você deixará esta cena. Aqueles
no Caminho Espiritual farão isso quando sua tarefa for concluída, e não antes.

Você pode saber qual será a sua experiência? A resposta é sim. A semeadura que você faz hoje será
a colheita que você fará então. Quanto mais alto você vai na compreensão espiritual, mais profunda e
rica é a Consciência Espiritual que você atinge aqui, mais profunda e mais rica é a Consciência que
você terá como sua lá.

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Preparação de Jesus

Considere o Mestre, Cristo Jesus. A verdade sobre sua preparação para o ministério está sendo
revelada nos Manuscritos do Mar Morto e em outros escritos (não foi revelada! Muita especulação –
nota do trad. G. S.). Acredita-se que o Mestre esteve em um mosteiro essênio dos doze aos trinta
anos e, junto com seu primo, aprendeu as leis e os ensinamentos do movimento essênio (“acredita-
se” estava em voga na década de 60, mas é extremamente vago, e não tem fundamento, mesmo 60
anos depois que isso foi escrito. E pessoalmente, creio que a Consciência que já veio desperta não
precisaria de tanta formação “externa”, isso é meio incompatível com os próprios ensinamentos do
autor – nota do trad. G. S.).

Quando deixou o mosteiro, ele começou sua pregação ou carreira rabínica, porque foi ordenado
rabino no movimento essênio, um movimento impopular naquela época, por causa de sua grande
austeridade. Foi baseado em ensinamentos altamente espirituais, em vez de cerimônias, ritos e rituais
de adoração religiosa. Isso você pode deduzir do fato de que o Mestre continuamente lembrava ao
povo que Deus não tinha prazer em seus sacrifícios e que Deus não se encontrava em um templo
sagrado. Certamente ele derrubou as mesas dos cambistas e a venda de pombas para mostrar que o
método da igreja estava errado e que o caminho espiritual estava certo. Pela vida e missão do Mestre,
por suas obras de cura e por sua exaltação à Consciência da Realidade, sabemos que ele foi
provavelmente a mais profunda e rica Consciência Espiritual a andar na Terra, e se não o maior, pelo
menos um dos maiores (então é estranhíssimo depender tanto de uma “formação” externa... E ele não
seria quem foi e é, senão apenas uma extensão dos essênios, dos quais até hoje sabe-se - de fato -
muito pouco, quase nada! – nota do trad. G. S.).

O que acontece com uma consciência enriquecida e madura?

O que você acha que aconteceu com aquela Consciência rica e madura, após a crucificação, o
sepultamento, a ressurreição e a ascensão? O que você acha que aconteceu com essa Consciência?
A resposta foi dada no túmulo: “Ele ressuscitou” (Mateus 28:7). Você não pode sepultar uma
Consciência. A Consciência não é material: a Consciência é incorpórea. A Consciência não está em
seu corpo: a Consciência governa seu corpo. Portanto, se alguma parte do corpo for retirada, você
ainda terá Consciência. Eventualmente, todo o corpo pode ser retirado, mas você ainda teria
Consciência, porque sua Consciência nunca esteve naquele corpo. Nenhum cirurgião jamais
encontrou a Consciência sepultada em um corpo, não importa a parte do corpo operada. Não está lá;
não estava lá; não pode estar lá. Na verdade, sua Consciência nem mesmo está confinada à sala em
que você está sentado. É por esta razão que você pode viajar pelo mundo sentado em sua própria
casa, porque você não está confinado a um corpo ou lugar.

Quando você deixa seu corpo em algum lugar, você descobre que sua Consciência continua, e a
Consciência que era “a Mente que estava em Cristo Jesus”, aquela Consciência que Deus deu ao
homem, nunca foi retirada do homem. Não está morta: vive! A Consciência de Jesus Cristo, tendo

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evoluído tanto, ainda vive nesse nível de Consciência ou, se possível, em um nível ainda mais
elevado. Trago isso à sua atenção para que você saiba que qualquer medida de Consciência
Espiritual que você alcance neste plano de vida, por causa de sua presente semeadura para o
Espírito e para a Verdade, é a medida que irá acompanhá-lo em sua próxima experiência em torno
daquele círculo de vida.

A Experiência Presente, o Fruto da Consciência Alcançada

Se você atingir uma Consciência de paz, saúde, liberdade, consciência de alegria e abundância, você
não nascerá na escravidão, ignorância, labuta ou privação. A Consciência que você atinge e
demonstra aqui é a Consciência que você experimentará lá.

A pergunta sempre foi feita: por que algumas pessoas nascem em países onde há liberdade ou vêm a
eles mais tarde? O que há sobre essas pessoas que lhes dá direito a esta grande liberdade,
prosperidade, alegria e abundância, e não fornece isso para aqueles que ainda vivem em países
escravos, em países pobres ou em países mantidos em regime de ignorância espiritual?

Se você já se sentiu inclinado a acreditar que a vida é injusta, perca essa crença agora. Ninguém
pode exteriorizar qualquer estado de consciência que não tenha alcançado. Aqueles que são livres
alcançaram a Consciência da Liberdade e a estão externalizando. Aqueles que estão experimentando
a abundância alcançaram a Consciência da abundância e a estão externalizando. Aqueles que
alcançaram a Consciência da saúde são saudáveis e estão externalizando sua consciência da saúde.
Eles estão colhendo o que plantaram.

Em algum momento, seja em uma existência anterior ou em sua existência aqui neste plano desde o
seu nascimento, em algum lugar, em algum momento, você semeou no Espírito; você semeou a
Verdade em um grau suficiente para lhe dar qualquer medida de harmonia, paz, liberdade ou alegria
que você está tendo agora. Este deve ser para sempre o sinal de que você nunca terá mais de nada,
exceto na proporção de sua semeadura para o Espírito, para a Verdade. Então, e somente então,
haverá uma colheita de harmonia espiritual, totalidade, perfeição e plenitude.

O Mestre falou do ponto de vista do Agora e também ensinou do ponto de vista de você. “Conhecereis
a verdade, e a verdade os libertará” (João 8:32). Você viverá na Palavra e deixará que a Palavra viva
em você, e colherá maiores frutos espirituais. Você deve perdoar setenta vezes sete; você deve
perdoar seus inimigos, orar por eles. Você! Todo o ministério do Mestre lida com você, mostrando
que, conforme você semeia para o Espírito, como você semeia para a Verdade, somente nessa
proporção você entra no Meu Reino, o Reino de Cristo. Sempre é você, e sempre é Agora.

A Vida retribui apenas o que foi colocado nela

Tenha certeza de que você não poderia aceitar a Verdade que é apresentada nesta mensagem, a
menos que estivesse se preparando, ou seja, semeando para o Espírito. Isso significa que qualquer
grau de harmonia que você tem Agora, você está tendo porque está colhendo o que plantou. Com

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isso, saiba que qualquer medida de Amor que você sente Agora - Amor pela Verdade, Amor por Deus,
Amor por Cristo, Amor pela Realidade Espiritual - qualquer medida de Vida que esteja pulsando em
suas veias Agora, qualquer que seja a alegria e gratidão, tudo está dentro de você Agora, esta é a sua
semeadura para a Verdade, para o Espírito, e esta é a medida da sua colheita no Agora, que pode
aparecer amanhã, na próxima semana, no próximo mês ou no próximo ano. Naquele momento será
Agora, e será naquele momento em que os frutos aparecerão em sua experiência, os frutos da
semente semeada Agora.

Esta é a característica essencial da Vida Mística e da Vida de todo místico que percebeu que o
Espírito de Deus, em algum momento do Agora, entrou em sua alma e o inspirou com o desejo pela
Verdade, Amor pela Verdade, busca pela Verdade; e ao segui-lo, ele chegou não apenas aos
períodos de semeadura contínua, mas finalmente aos momentos de colheita.

De agora até o final de seu parêntese neste plano, lembre-se de que você estará colhendo os frutos
das sementes que está plantando agora. Não existe passado. Quando você chega ao final deste
período específico, as sementes da Verdade que criaram raízes em sua Consciência, os dias e anos
de dedicação à Verdade que você deu a esta Vida são a medida de sua colheita Agora e em cada
vida que venha. Ninguém tira da vida o que não põe nela. Ninguém pode demonstrar nada na vida,
exceto o estado de sua própria Consciência. Se, por alguma anomalia das circunstâncias humanas,
você obtém mais do que sua parte temporariamente, é impossível retê-la permanentemente. Você
pode manter apenas o que é parte de sua própria Consciência. No grau e na medida em que você
aumenta sua semeadura para o Espírito, você aumenta sua colheita da Graça Espiritual.

Notas de Gabinete

A Páscoa nos traz a mensagem de Vida Eterna e, através do enfoque da atenção na experiência do
Mestre Cristo Jesus, revela sua continuidade e eternidade. Não esperemos, entretanto, até a época
da Páscoa para nos lembrarmos desta grande Verdade.

Como parte da nossa preparação para o dia, devemos perceber a natureza da vida: sua continuidade
e eternidade. A compreensão de Deus como vida nega qualquer possibilidade de envelhecimento.
Aquela Vida que é Deus não tem idade, não conhece coisas como nascimento, maturidade ou
deterioração, com o consequente esgotamento de suas faculdades. A Vida é. A Vida Invisível, nas
formas que vemos, é para sempre. E esta é a mensagem da Páscoa. Sejamos testemunhas vivas
dessa grande mensagem de Vida Eterna.

Trechos gravados
(Preparados pelo Editor)

Para aqueles de nós no Caminho Espiritual, os eventos que o mundo cristão comemora como Natal,
Quinta-feira Santa, Sexta-feira Santa e Páscoa são experiências individuais na Consciência, que
marcam etapas em nosso progresso no Caminho Espiritual. O Natal é, talvez, o mais alegre de todos;

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Páscoa, a mais gloriosa e triunfante; e a Sexta-feira Santa, a mais sombria e a mais triste. Se,
entretanto, pudéssemos ver a Sexta-Feira Santa em sua perspectiva adequada, como um passo
necessário e à frente no caminho, ela perderia muito de sua melancolia. A Sexta-feira Santa, a
crucificação do sentido pessoal, deve vir a todos antes que possa haver uma Páscoa, antes que
possa haver uma Ressurreição do túmulo escuro do sentido pessoal. O quão difícil e severa é nossa
experiência da Sexta-Feira Santa depende da tenacidade com que nos apegamos ao senso pessoal.
Vista em sua luz real, a Sexta-feira Santa é aquele dia glorioso de renúncia ao falso senso de
identidade pessoal, em favor da Realidade da Filiação Divina.

Sexta-feira Santa

Espiritualmente falando, não celebramos a morte de Jesus, nem a Ressurreição de Jesus em forma
física, pois então estaríamos limitados a nos deleitar na glória refletida de algo que outra pessoa fez,
mas que sabemos muito bem que nós não podemos fazer. O propósito da lição da morte de Jesus e
sua Ressurreição, visto que ele é o mostrador do caminho, é nos revelar o Caminho para encontrar a
Vida Eterna.

Esse Caminho é por meio da morte do sentido pessoal. Nós também devemos morrer para nosso
senso pessoal de vida e sermos ressuscitados dessa tumba. Em outras palavras, nosso sentido
pessoal de vida é uma tumba na qual estamos enterrados. Temos que morrer para a crença de que
somos alguma coisa, que temos uma vida própria, uma mente própria, uma alma própria, um caminho
e uma vontade próprios. Devemos morrer para a crença de que temos posses próprias ou qualquer
virtude ou qualquer vida, qualquer ser, qualquer harmonia ou qualquer sucesso próprio.

Na Ressurreição, chegamos à conclusão de que existe Aquilo dentro de nós que pode emergir do
túmulo do sentido pessoal e andar nesta Terra como um Ser Espiritual: alimentado por Deus, dirigido
por Deus, sábio por Deus, mantido por Deus, sustentado por Deus. Ao celebrar esses dois eventos,
nossa interpretação espiritual deles realmente não nos permite celebrá-los apenas como memória.

A Sexta-feira Santa é um dia em que devemos contemplar e meditar sobre o seu significado interior.
Podemos usar o Mestre Cristo Jesus como um símbolo ou como um mostrador do caminho. Volte aos
quatro Evangelhos e reconstrua em pensamento sua vida, seu ministério, sua morte e sua
Ressurreição, e assim descubra como ele causou a morte do sentido pessoal e como ele evitou ter
problemas, mesmo quando tinha o sério problema de enfrentar a traição e a morte: por não considerá-
las uma aflição pessoal ou um problema pessoal, ele foi capaz de superar isso: 'para este fim eu
nasci' - portanto, isso não é um problema (essa “traição” só existe do ponto de vista humano – nota do
trad. G. S.).

Não faz diferença o que seja, Jesus tinha isso para compartilhar, mas sempre lembrando a você: “Eu,
de mim mesmo, nada posso fazer. Se falo por mim mesmo, dou testemunho de uma mentira ... Por
que me chamas de bom?”.E então você vê o princípio da Sexta-Feira Santa, o princípio da
crucificação da identidade pessoal, do sentido pessoal, uma crucificação da crença de que nós

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mesmos temos qualidades de bens ou quantidades de bens. Então vem a Ressurreição na percepção
e realização: “eu não sou nada, mas posso lhe dar tudo”...

O que realmente temos é outro dia para a contemplação de outro Princípio Espiritual da Vida: o
princípio da auto-renúncia, o princípio da crucificação, o princípio da auto-abnegação, pelo qual,
quando trazemos à luz o nada de nossa condição humana, nós então revelamos a Totalidade, a
Imortalidade e a Eternidade de nosso Ser.

Joel S. Goldsmith, “Quinta-feira Santa, Sexta-feira Santa, Páscoa: Significado Esotérico” - classe
avançada em Maui, 1959.

Em todos nós resta um sentido finito do eu que, em última análise, deve ser crucificado. Moisés teve
aquele sentimento de sua indignidade; Jesus sentiu isso por um bom tempo em seu sentimento de
"eu, de mim mesmo, nada posso fazer"... Cada um de nós tem, na medida em que acredita ter, uma
habilidade, sabedoria ou talento... Na medida em que você acredita que tem, em última análise, isso
terá que ser crucificado, até que no final você possa perceber: “eu não tenho nenhuma verdade
própria; eu não conheço nenhuma verdade; não tenho nenhuma habilidade própria; não tenho
nenhum talento próprio: Eu Sou a Verdade; Eu Sou o talento; Eu Sou a habilidade”. Naquele
momento, a humanidade "morreu" e a Cristandade nasceu e foi revelada em Sua Plenitude, e a
Ascensão ou Transmutação pode ocorrer. “É o sentido pessoal do 'eu' que deve 'morrer', o sentido
pessoal do 'eu' que deve ser crucificado.

Joel S. Goldsmith, "Truth Unveiled" – aula privada em Kailua, 1963.

5 – DESCARTAR O VELHO HOMEM E RENASCER

O propósito de uma obra como O Caminho Infinito é morrer para o "velho homem" (Efésios 4:22) e
renascer do Espírito: não renascer parcialmente, mas renascer totalmente, adquirindo uma
Consciência totalmente nova , uma “mente” totalmente nova, aquela “Mente ... que também estava em
Cristo Jesus” (Filipenses 2:5).

Com esta prática, a realização da plenitude dessa Consciência de Cristo pode não ser alcançada em
apenas um momento. Isso porque a Consciência Crística não é alcançada através da aquisição de
conhecimento, nem mesmo adquirida por um conhecimento da Verdade. Uma pessoa poderia saber
toda a Verdade que já foi revelada em todas as filosofias e todos os escritos místicos conhecidos pelo
homem e ainda não ter um único toque da Consciência de Cristo (ele refere-se ao conhecimento
racional, intelectual – nota do trad. G. S.).

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O Vaso Deve Ser Esvaziado de Si Mesmo

Não é qualquer grau de sabedoria humana ou qualquer grau de bondade humana que podemos
alcançar que traz o Cristo. Na verdade, pode ser muito mais fácil para algum pecador obstinado
alcançar a Cristo do que para uma pessoa muito boa. O pecador muitas vezes está bem ciente de sua
indignidade. Em sua atitude de ser “um dos menores destes” (Mateus 25:40) e compreendendo sua
própria inadequação, ele se esvazia tanto que está pronto para ser preenchido com o Cristo; ao passo
que, como regra, se uma pessoa está levando uma vida humana razoavelmente boa, é provável que
ela tenha a ideia: “humm! Eu sou bom, eu mereço esta bênção. Realmente trabalhei muito para isso e
mereço”. Mas não é assim, tudo vem pela Graça, e essa Graça só pode vir na proporção em que a
pessoa é esvaziada, de modo que não há nenhum “eu” para ser bom.

Enquanto uma pessoa tem um traço de crença de que é boa, merecedora ou digna, nesse grau ela
está estabelecendo uma barreira para a entrada de Cristo. O Cristo não vem enquanto um vaso já
está cheio de si e da bondade de um ser humano. O Cristo vem quando uma pessoa está tão vazia de
si que renunciou não só ao mal, mas também ao bem e, assim, se esvaziou completamente para que,
quando alguém lhe dissesse: “como você é bom! Como você é benevolente! Que gentil você é! Como
você é amoroso!” sua resposta seria totalmente automática: “por que você me chama de bom? Você
sabe muito bem que este é o Espírito de Deus operando através de mim”.

Nossa tentação particular chegou até nós?

É tolice alguém reivindicar qualquer sabedoria, caridade, moralidade ou integridade, como se tais
qualidades fossem de si mesmo. Na maioria dos casos, não é possível saber se uma pessoa teria tais
qualidades se e quando surgisse a tentação a que ela é vulnerável. Pessoas diferentes sucumbem a
tentações diferentes; eles não cedem a qualquer tentação que se apresenta. Tem que ser “aquela”.
Alguém disse que todo homem tem seu preço e só é preciso descobrir qual é esse preço. Há alguns
anos, em um relatório médico amplamente divulgado, foi descoberto que a maioria das pessoas
comete adultério pelo menos uma vez na vida. Isso pode não ser verdade para todos, mas de acordo
com as conclusões deste relatório, é verdade para muitas pessoas. Mesmo que não tenham sido
tentadas dessa forma, a maioria das pessoas não está em posição de dizer que não há forma de
tentação que não pudesse, se viesse no momento certo, ser difícil de resistir.

Não cabe a ninguém acreditar que sua bondade é sua. Se uma pessoa chegou a um ponto em que
sabe que está absolutamente acima de qualquer possibilidade de ceder a qualquer tentação, então
ela também deve saber que não é por causa de si mesma, mas por causa de algo maior do que ela
que atua dentro dela.

Descartando a velha consciência

Desde o momento em que abrimos um livro da Verdade, independente da escola da Verdade, e


desde o momento em que começamos a ler, o velho começa a morrer, e o renascimento do novo

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homem começou. A velha consciência começa a desaparecer e a Nova Consciência começa a
aparecer. Vem tão gradualmente que a princípio não é perceptível. Por muito tempo não poderíamos
ver alguma mudança acontecendo, mas um dia alguém diz: “oh, o tempo não está horrível? Você está
fadado a pegar um resfriado agora”, e nosso pensamento volta-se automaticamente com: “por quê?
Por quê?" É uma evidência de que já temos um vislumbre de que o poder não está exteriorizado como
um germe, o tempo ou o clima, e nesse grau, a Nova Consciência nasce.

De uma forma ou de outra, à medida em que uma aparência de erro se evidencia em nossa
experiência, podemos dizer: “não, isso não tem força”, ou “isso não é poder”, ou “isso não tem
jurisdição sobre mim”. Essa é a nossa Nova Consciência falando, não a velha, porque a velha
consciência tinha medo de tudo, desde o mais ínfimo germe até a maior bomba. Mas, à medida em
que a Nova Consciência se desenvolve, rejeitamos automaticamente toda sugestão de poder na
forma ou efeito, ou como um poder separado de Deus.

Um dia, aparece uma pessoa má em nosso caminho e percebemos: “não, nenhum homem é mau. O
mal é uma coisa impessoal. Todo homem é nascido de Deus”. Essa afirmação vem de nossa Nova
Consciência, não da velha, porque a velha estava sempre julgando, criticando e condenando. À
medida em que avançamos no desenvolvimento de nossa Nova Consciência, podemos mais tarde
observar nosso progresso pelo grau em que não tememos mais nada no mundo externo, e o grau em
que não mais julgamos, criticamos ou condenamos nada ou qualquer pessoa no mundo externo.

Quanto tempo estamos dedicando à construção da Nova Consciência?

Parte do processo de morrer diariamente e renascer é realmente o processo de levar as Verdades


Espirituais à Consciência. Cada vez que acrescentamos alguma Verdade Espiritual à nossa
Consciência, aumentamos a estatura do novo homem e diminuímos a do velho. Podemos ainda não
ver nenhum efeito exteriormente, porque toda a experiência é cumulativa. Se por um ano dedicarmos
uma hora por dia à Verdade - para ler, meditar e praticar - iremos encontrar no próximo ano alguma
medida de maior harmonia ou menor discórdia. Se dermos quatro horas por dia durante um ano,
vamos encontrar em nosso segundo ano muito mais harmonia e muito menos discórdia.

A quantidade de tempo e esforço que dedicamos à Verdade determina o grau de harmonia que
desfrutaremos no próximo ano. Da mesma forma, o tempo e o esforço que não dedicamos à Verdade
determinam a quantidade de discórdia que pode ocorrer em nossa experiência no próximo ano.
Estamos construindo nossa experiência todos os dias de nossa vida. “Tudo o que o homem semear,
isso também ceifará” (Gálatas 6:7). Como o homem semeia, mas quando? Quando ele semeia neste
minuto. Agora é a hora. Não falemos sobre o passado; não vamos falar sobre o futuro. Estamos
interessados apenas em um tempo, e esse tempo é Agora, e é Agora que estamos construindo nosso
amanhã, nossos próximos anos e todos os anos seguintes. Com o que está acontecendo em nossa
Consciência Agora, estamos determinando nosso futuro. Não adianta ninguém nos desejar um bom
ano se não estivermos construindo esse bom ano Agora.

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Transferindo o poder do exterior para o interior

Séculos atrás, era ensinado que “o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção” (Gálatas
6:8). O que significa semear na carne? Significa que se fizermos do nosso corpo o fim e o objetivo da
existência, se dermos força à forma, se dermos força aos sentidos materiais, se confiarmos no bem
material, estaremos semeando para a carne.

Estamos semeando para o Espírito apenas na medida em que estamos transferindo poder do reino
externo para o interno, no grau em que percebemos: “Não, minha Consciência é meu suprimento;
minha Consciência é minha saúde; minha Consciência é meu bem”. Por quê? Porque Deus plantou
em nós Seu Filho, cuja missão é curar os enfermos, ressuscitar os mortos, alimentar os famintos. Este
Filho, este Cristo, está corporificado em cada indivíduo. “Tenho comida para comer que vós não
conheceis” (João 4:32). Tenho este Cristo oculto, este “maná escondido” (Apocalipse 2:17).

Construindo a Nova Consciência pela permanência na Palavra

Se permanecermos nesta Verdade, daremos frutos abundantes, mas do contrário, seremos como o
galho de uma árvore que é cortado, murcha e morre. Quem, então, garantirá nosso progresso no
Caminho? Quem, senão nós mesmos? E como? Se permanecemos na Palavra, se não estamos
determinados a viver somente de pão, se não decidimos que nossas diversões serão todas de
variedades externas. Isso não significa que não devamos desfrutar da música, do teatro, da arte, da
literatura ou de outras formas inofensivas de prazer que recebemos. Significa apenas não viver
exclusivamente por eles. Devemos viver pela Palavra, e a Palavra é o Cristo que habita em nós, o
Espírito de Deus que habita em nós. Devemos colocar nossa confiança nele e não fora, em uma conta
bancária ou em nossa família, não fora, nos prazeres externos. Significa reservar algum período de
cada dia para a percepção e realização:

O Reino de Deus está dentro de mim. O Filho de Deus, o Cristo, habita em mim, e Sua função é
manifestar-se como Harmonia e Paz em todas as vias de minha experiência.

Podemos ter alguns problemas, mesmo quando vivemos na Palavra. Ainda não atingimos um grau tão
alto da Consciência de Cristo que evitemos todo o mesmerismo dos sentidos humanos; mas pelo
menos temos um remédio, pelo menos temos um antídoto, algo a que podemos recorrer.

Estamos construindo nossa Consciência de Cristo ao permanecermos na Palavra Espiritual, mas


também a estamos construindo quando nos tornamos parte dos "dois ou três ... reunidos em meu
nome" (Mateus 18:20), quando nos tornamos no próprio nome e natureza desta Palavra Espiritual. Em
tal jornada, alguém pode ter subido um degrau mais alto do que os outros, e aqueles que estão um
degrau acima elevam os outros à Consciência Superior. Nunca sabemos quem, nesse estado de
Consciência intensificada, está nos elevando ao seu nível. A vantagem de nos reunirmos como um
dos dois, três ou mais reunidos nesse Nome Espiritual é que podemos ter certeza de que estamos
desenvolvendo o Novo Homem em nós. Na proporção em que o fazemos, o velho está morrendo.

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Se, quando uma pessoa não está mais estudando esta mensagem, algumas dessas palavras voltam
à sua Consciência e ela permite que elas tenham um lugar em sua Consciência, ela está adicionando
ao trabalho que já foi feito, e nesse grau, o Novo Homem está aumentando nela, e o velho está
diminuindo. Então, quando o amanhã chegar, ela deve continuar a permanecer na Verdade.

Até que ponto rejeitamos as aparências?

Até que ponto permitimos que a Verdade Espiritual ocupe nossa Consciência, além da leitura que
fazemos? Aqui devo introduzir uma palavra de cautela. Não é a leitura, em si mesma, que
desenvolverá nossa Consciência, mas o que fazemos com o que lemos. Podemos ler um capítulo
inteiro de um livro inspirador, mas se passarmos por alguma forma de pecado, doença ou falso apetite
na rua, ou onde quer que possamos testemunhar isso, sem ministrar [um tratamento] a ele, estamos
perdendo a oportunidade de desenvolver o Novo Homem em nós e deixar o velho morrer. Se
aceitamos as aparências, o velho ainda vive em nós; mas se, ao vermos pecado, doença, carência ou
acidente, deixarmos essas Palavras da Verdade viverem em nós e então dizermos: "não devo aceitar
as aparências: devo aceitar Deus como Onipresença", não apenas poderemos curar, elevar , reformar
ou perdoar alguém, mas alguma parte do nosso velho homem morre no momento em que aplicamos
uma Verdade a uma situação específica. Essa Verdade ganhou vida em nós, mas só poderia vir do
Novo Homem. Não pode sair do velho, porque não há Verdade no velho, nenhuma Verdade nele
mesmo: ele “não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar” (Romanos 8:7).

Todos conhecemos os pequenos aborrecimentos da vida familiar. A própria proximidade de viver com
dois, três ou quatro seres humanos gera irritações. O velho vive em constante reclamação sobre isso,
deixando-se influenciar pelas condições externas, respondendo a elas com censura e exasperação.
Mas na proporção em que uma Palavra de Verdade pode vir à nossa Consciência e dizemos: “ah não,
é aquele pequeno “velho homem” aparecendo de novo. Ah não! Há um Cristo habitando em mim,
nele, nela”, nesse grau mostramos o Novo Homem que está se desenvolvendo em nós. Na proporção,
então, como não reagimos mais às aparências, como elas são humanamente, nesse grau podemos
dizer quão rapidamente estamos morrendo para o velho homem e renascendo para o novo.

Estamos hipnotizados pelas notícias?

Os jornais, o rádio e a televisão nos dão as notícias do dia, e é possível determinar o grau de nosso
progresso no Caminho por nossa reação a essas notícias. Se tememos todas as más notícias, o velho
homem está muito no comando de nós. Mas, se chegamos ao ponto de dizer:

Sim, essa é a cena humana, a mente carnal, mas felizmente eu sei que minha vida depende de Deus,
que toda a vida, a Vida Real, depende de Deus, não do homem. Felizmente, sei que, em última
análise, ninguém vai encontrar um sistema que nos torne a todos prósperos; portanto, não tenho que
temer o que esses homens estão fazendo. Minha prosperidade individual é a manifestação de meu
próprio estado de Consciência.

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Houve homens que se tornaram milionários em tempos de pânico e houve milionários que perderam
tudo o que tinham em tempos de alta. Os tempos não tornam uma pessoa rica ou pobre: é o que está
acontecendo em sua Consciência que a torna rica ou pobre. Então, se estamos com medo do
Mercado Comum ou se estamos com medo de um novo governo, estamos reagindo: o velho homem
está trabalhando em nós. Mas se pudermos ouvir ou ler todas essas notícias e perceber: “meu
destino não depende do 'homem, cujo fôlego está em suas narinas' (Isaías 2:22). Meu destino
depende do grau de Consciência de Deus que eu atingir", então o novo homem terá nascido em nós e
estará se desenvolvendo.

Por esses sinais, podemos ver que realmente estamos passando do estágio do velho para o estágio
do Novo Homem, do estágio do homem natural que não está sob a Lei de Deus ao estágio daquele
homem que tem seu Ser em Cristo e que está sob a Lei de Deus. Estamos passando do estado
humano para o estado espiritual de Consciência, na proporção do esforço, do tempo e da devoção
que dedicamos aos nossos estudos, meditações e prática espirituais.

Perdendo o conceito de Deus

Quando somos crianças indefesas, nossos pais e nossas igrejas apresentam conceitos de Deus para
nós que não temos como negar ou refutar, e por causa da autoridade investida em nossos pais e
instituições, esses conceitos podem ser facilmente forçados a nós. Poucos são os que são capazes
de superar seu condicionamento inicial a ponto de descartar os conceitos de Deus aos quais foram
introduzidos na infância. Poucos são os que conseguem por si mesmos começar a buscar a Deus.
Uma geração passa seu conceito de Deus e Verdade para a próxima. Então vem a luta para superar
esses primeiros conceitos, quando uma pessoa descobre que o Deus que ela tem adorado não está
fazendo por ela o que o Deus verdadeiro faria, se ela conhecesse esse Deus e pudesse fazer contato
com Ele.

A humanidade falhou em encontrar Deus e tem adorado ídolos, imagens mentais em pensamento, de
uma forma ou de outra. Aqui e ali, ao longo dos tempos, há homens que descobriram o Único Deus, e
cada um deles revelou esse Deus a seus seguidores, discípulos, apóstolos e alunos. Quase sempre,
entretanto, a visão do Deus Verdadeiro foi perdida.

O Mestre deu sua vida para que fosse revelado que Deus está no meio de nós, que Seu nome é “Eu”,
para que nunca mais procuremos Deus no céu, nem busquemos Deus nas montanhas sagradas, nos
templos sagrados, ou em livros sagrados, mas que percebamos que o lugar mesmo em que estamos
é solo sagrado, porque EU ESTOU aí.

Eu, o Todo Poderoso, estou no meio de ti e nunca te deixarei, nem te desampararei.


Tens fome? Não te preocupes com o pão do padeiro ou com a carne do açougueiro, pois tens, no
meio de ti, o Eu que EU SOU, e Eu Sou a sua carne, e seu pão, e seu vinho, e sua água.

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Se buscares este Eu no meio de ti, porei uma mesa no deserto diante de ti. Servirei uma mesa diante
de ti no deserto - ninguém mais: nem amigos, nem parentes, nem banqueiros. Servirei essa mesa
diante de ti no deserto, se olhares para o Eu que EU SOU, no meio de ti.

Depois de recebermos essa revelação, estamos livres. Estamos vivendo, nos movendo e tendo nosso
Ser em Deus, e Deus em nós.

Não é de se admirar que muitos homens tenham sido perseguidos até a morte por revelarem ao povo
aquilo que lhes dará sua Liberdade Eterna, de modo que, uma vez sabendo disso, nunca mais
estarão em escravidão a qualquer homem ou sistema de homens? Não há força e não há poder que
possam resistir ao Conhecimento de Deus.

“Vinde a mim, todos vós que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mateus 11:28). Quando
chegarmos a este Eu que está dentro de nós, nenhuma algema será colocada em nossa alma, em
nossa mente ou em nosso corpo. Mas isso é apenas quando aprendemos a conhecer a Deus
corretamente.

Descarte o velho homem ao reconhecer o Eu

Assim como existiram muitos mundos e muitos deuses, você e eu individualmente fomos muitas
pessoas; mas, apesar das muitas máscaras que usamos, ainda somos [cada um de nós] duas
pessoas, e uma delas deve morrer. Um de nós deve ser afastado, e esse é nossa personalidade
mortal, aquela identidade que é um sentimento de separação de Deus, que não pode ser elevada e
tornada espiritual.

Um dos erros de todos os tempos foi acreditar que podemos tomar o “homem natural” (1 Coríntios
2:14), o ser humano, torná-lo espiritual e torná-lo Filho de Deus. Isso nós não podemos fazer. A
“criatura” (Romanos 8:20), que Paulo chamou de homem natural, deve ser posta de lado. O homem
da Terra deve ser rejeitado; a mortalidade deve ser tirada de nós, e a imortalidade revelada.

Para realizar esta morte do homem mortal, para que possamos renascer do Espírito, para que
possamos ser elevados à estatura da humanidade em Cristo Jesus, devemos reconhecer o Eu que
está no centro de nosso Ser e perceber Seu nome, Sua natureza , e Sua função. Por que o Mestre
diz: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (João 10:10)? Devemos
reconhecer individualmente que houve este “eu” que nasceu, que está condenado a morrer, este eu
que às vezes foi um homem ou mulher muito bom e outras vezes não, esta individualidade que é a
própria mortalidade que existiu e que, em alguma extensão, ainda existe, e que estamos no processo
de morrer diariamente. Mas também devemos reconhecer que existe um Eu dentro de nós, no centro
de nosso Ser, que veio para que possamos ter a Vida Eterna.

Eu estou contigo. Sempre estive contigo, aguardando teu reconhecimento. Eu nunca te deixarei.
Descansa em mim. Coloca tua fé, esperança e confiança na Verdade de que Eu estou no meio de ti, e

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de que Eu Sou Deus. Aquieta-te e sabe que Eu, no meio de ti, Sou Deus, e que nunca te deixarei.
Sabe que eu sou seu pão, sua comida e sua água.
Cessa de depender do homem cuja respiração está em suas narinas. Sabe que Eu vivo em ti e tu
vives em Mim, pois somos Um, e realmente Eu sou tu. Eu sou a Palavra que se torna carne como tu.
Eu sou a Palavra pela qual tu vives.
Eu Sou teu Consolador: Eu Sou teu Curador. Eu vim para que possas ser curado - não até os setenta
anos, mas para sempre, pois Eu Sou sua Vida Eterna, Eu Sou teu Ser Eterno. Eu Sou o teu Ser
Espiritual e Imortal.

Tal meditação revela que não somos este homem terrestre que pensamos ser; não somos esse ser
humano nascido de mulher, vivendo apenas por alguns dias. Somos a Descendência de Deus, o
Infinito, o Divino Criador de tudo o que existe, e Deus achou bom tudo o que Ele criou.

As Verdades armazenadas na Consciência trazem a colheita

Um toque do Espírito na meditação pode nos elevar por um período de mil anos, e mil anos podem
ser englobados em um segundo. Se essa meditação nos tocar da maneira certa, em um momento
podemos morrer como Saulo de Tarso e renascer no minuto seguinte como Paulo. Muitos tiveram
essa experiência. Muitos tiveram a experiência de morrer em um momento, mas podemos ter certeza
de que aqueles que morreram em um momento tiveram muita preparação antes de buscar a Verdade.

O ponto é, no entanto, que cada passo de preparação, cada passo de estudo das escrituras, cada
passo de prática metafísica em que negamos a realidade do poder exterior e afirmamos o Todo-Poder
de nossa Consciência nos leva a um momento em que podemos avançar mil anos no
desenvolvimento espiritual. Até lá, não temos uma maneira real de saber o progresso que estamos
fazendo. Essas Verdades estão sendo incorporadas em nossa Consciência: elas estão sendo
armazenadas. E até que algo as revele, podemos nem mesmo perceber que elas estão lá.

Isso me lembra do homem de certa igreja que veio a mim no meu primeiro ano de prática. Ele estava
gravemente aleijado, com artrite, e teve uma bela cura em poucos meses. Havia uma mulher na
mesma igreja que também era aleijada pela artrite e queria muito ser curada. Ela era uma dessas
queridas senhoras típicas da igreja. Eles a trouxeram ao meu escritório e comecei a falar com ela
sobre sua Identidade Espiritual, garantindo-lhe que ela era Filha de Deus. Ela quase arrancou minha
cabeça:

- “Eu sou um pobre verme do pó. Não estou apta a tocar a orla de Seu manto. Não fale assim
comigo! Isso é pecado!"
- "Bem", eu disse, "devo lhe dizer a verdade".
- “Isso não é verdade! Eu sei o que sou!”

Este foi meu primeiro ano de prática e posso assegurar-lhes que estava ansioso para aproveitar todas
as oportunidades para o trabalho de cura. Então eu disse:

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- “Vou lhe dizer o que faremos. Não vamos mais falar a verdade: vamos apenas fazer uma
oração silenciosa”.

Isso foi bom, porque ela não teria que ouvir mais nada disso. Ela era levada ao meu escritório um dia
por semana e nunca mais lhe falei da Verdade; teríamos apenas nosso tratamento silencioso. Um dia,
no meio do inverno, quando ela estava saindo do prédio e passando por uma porta giratória, seu pé
tocou um pedaço de gelo e ela foi cair bem no meio rua. O porteiro, temendo uma ação judicial, correu
para ajudá-la, mas ela disse:

- “Não me toque, não me toque! Eu sou a Filha de Deus!”

Ela me telefonou no dia seguinte, dizendo que sua artrite havia sumido e ela estava se sentindo bem,
mas sentiu que havia cometido um grande pecado ao fazer aquela observação de que nunca mais
voltaria ali outra vez.

Uma vez que uma ideia toca nossa Consciência, podemos não saber que ela está ali, mas surge
alguma emergência, e dela surge aquilo que estava latente dentro de nós. Com todas as nossas
leituras, a Verdade se aloja em nossa Consciência, e isso nos transforma. Estamos sendo renovados
interiormente, dia a dia, com cada pedacinho de Verdade que levamos em nossa Consciência. Está
lá, crescendo de uma forma cumulativa e, gradualmente, chega o momento em que podemos olhar
para trás e ver partes de nós mesmos que agora estão mortas.

Medindo o Progresso

Às vezes, quando olho para trás, posso me ver sentado em uma sala jogando cartas, fumando
charutos e bebendo highballs, e penso: “não poderia ser eu. Devia ser outra pessoa”. E não poderia
ter sido eu, porque eu não poderia fazer isso agora mais do que pular do telhado. Essa é a memória
que estou guardando de alguém que conheci uma vez e, felizmente, ele está morto e enterrado, e não
tenho mais nada além de uma memória.

Agora, há outras partes de mim também, para as quais posso olhar para trás e ver que estão mortas:
medos e dúvidas. Quando uma pessoa está vivendo com base na consciência humana, tudo neste
mundo deve ser temido. Mas esse homem se foi. E assim é conosco. A menos que possamos olhar
para cinco, sete anos, dez anos atrás, não poderemos conhecer as partes de nós que morreram.

Uma aluna que estava quase completando 90 anos viajou milhares de quilômetros para vir para nossa
aula de 1962, no Havaí. Certo dia, conversando com ela, ela disse: “sabe, o que me envergonha são
as pessoas que vêm até mim e dizem que sou tão maravilhosa para a minha idade. Mas não sou
diferente do que era há quarenta anos!” E é claro que ela não era. Ela não tinha consciência do
tempo, nem da idade, e por isso não parecia um milagre. Para outras pessoas que esperam que uma
pessoa com noventa anos esteja meio enterrada, é um milagre.

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O chamado para nós é abandonarmos essa falsa identidade, esse homem natural, essa criatura, esse
homem cujo fôlego está em suas narinas, para deixá-lo morrer enquanto renascemos, reconhecendo:

Eu, no meio de mim, é Deus, que me criou à sua própria imagem e semelhança. Toda a Vida Infinita e
Divina de Deus é a Vida do meu Ser Individual. Eu tenho acesso ao Eu que está dentro de mim, que é
Deus, pois Eu e o Pai Somos Um. Eu sou a expressão, a manifestação, a descendência do Eu Infinito
e Divino que eu sou, e este Eu está para sempre no meio de mim para que eu possa ter Vida, e para
que eu possa tê-la em abundância.

Na quietude e na confiança, a Verdade nos será revelada a partir do centro de nosso Ser. Onde mais
podemos buscar a Verdade, se o Reino de Deus está dentro de nós? Não precisamos aceitar a
palavra de um homem, de uma mulher ou de um livro. Temos o direito divino de ir ao centro de nosso
próprio Ser e fazermos a pergunta:

Pai, quem sou eu? Pai, o que sou eu? Pai, com que propósito fui criado à Tua imagem e semelhança?
Sei que, como ser humano, não estou cumprindo nenhuma função divina. Eu sei que, como ser
humano, meus dias estão contados. Eu perdi o caminho. Agora revela a Ti Mesmo e a Teu plano,
Teu nome e tua natureza, minha relação Contigo e Tua relação comigo.

Se formos sinceros buscadores da Verdade, toda a Verdade deve, por fim, ser revelada a nós de
dentro, pois todo homem deve ser ensinado por Deus. Nenhum professor que não nos revele que
temos acesso a todo o Reino de Deus, da Verdade, da Vida dentro de nós mesmos, e que não
dependemos de nenhum homem, nenhum professor e nenhum ensino, é digno do nome de professor.
Dependemos apenas do Eu que se expressa como nós.

Aqueles que foram os grandes reveladores da Verdade ao longo de todas as eras sobreviveram no
coração, alma e consciência da humanidade, porque cada um nos dirigiu ao Reino dentro de nós
mesmos, mostrando-nos a natureza plena e completa de nossa Identidade, de nosso relacionamento
com a Infinitude.

Existe um processo de morte, mas não é a morte do corpo ou a morte da mente ou da alma. É
interiormente recusar-se a aceitar qualquer coisa sobre nós que não seja de natureza espiritual. No
começo é difícil. É difícil deixar de lado aquele velho homem que gosta de algumas pessoas e não
gosta de outras, que gosta de algumas nações ou raças e não gosta de outras. É um processo difícil,
até que cavamos fundo e descobrimos que, porque há apenas um Pai, somos irmãos e irmãs. O que
criou uma sensação de separação foram as mentiras que nos contaram uns sobre os outros.

Nosso Destino e Propósito Divino

Devemos descartar aquele velho homem que acreditava que nasceu em um certo dia e tem apenas
um certo número de anos para viver, mudando, decaindo e se enfraquecendo com o passar dos anos.
Em vez disso, deve vir a compreensão:

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Eu sou a Vida Eterna. Eu sou Imortal. Eu sou a Descendência do Ser Espiritual, do Altíssimo, do
Infinito e Divino, e a Vida de Deus é a Vida que é minha, pois somos Um. Minha Vida é eterna,
imortal, infindável, imortal, imutável.

Assim, morremos para aquele velho homem que tem enfermidades e renascemos para o homem que
realmente somos, o Ser que realmente somos: Ser Imortal, Ser Divino, Ser Espiritual. Com isso, vem
o primeiro vislumbre de por que nascemos, por que estamos na Terra e por que Deus nos enviou em
expressão. Deixamos de pensar em nossa mãe e nosso pai como nossos pais, e pensamos neles
apenas como instrumentos pelos quais viemos à Terra. Vamos por trás e além deles com esta
pergunta: “quem me enviou? O que me enviou? E por quê?"

Mesmo reconhecendo nossos pais como os instrumentos pelos quais Deus nos enviou à Terra,
sabemos que foi Deus quem nos enviou à Terra. Nossos pais foram apenas os instrumentos: eles
eram nossos zeladores. Eles receberam a responsabilidade de cuidar de nossa mente, corpo e alma,
até que estivéssemos fora daqueles dois anos no Egito, fortes o suficiente para nos mantermos em
pé. Foi Deus quem nos enviou à Terra, Deus que nos enviou à existência, para o propósito de Deus,
para um propósito espiritual e divino.

Qual é esse propósito? A Escritura nos diz claramente que fomos enviados aqui para mostrar a Glória
de Deus, assim como os Céus declaram a Glória de Deus e a Terra mostra a obra de Suas mãos. Da
mesma forma, nós, a maior criação de Deus, glorificamos a Deus por estarmos vivos, não em nossa
humanidade, entretanto, pois o Céu sabe que, em nossa humanidade, não somos nada de que Deus
possa se orgulhar. Mas existe um Eu de nós, existe um Ser, existe uma Identidade Espiritual que tem
por objetivo revelar a Glória de Deus: não testificando por nossa grandeza, por nossa sabedoria, por
nosso amor, por nossa benevolência, mas testificando apenas por Deus se expressando por meio de
nós, Deus se revelando na Terra por meio de nós para que possamos ser irmãos e irmãs, para que
possamos desfrutar a Vida e realizar alguma função espiritual na Terra, assim como há uma função
espiritual no Céu.

Não temos como saber qual é o nosso progresso. Só há uma coisa que podemos medir: nossa
integridade. Podemos medir isso. Sabemos muito bem se estamos trapaceando no tempo, esforço e
devoção que dedicamos aos nossos estudos espirituais. Sabemos se estamos gastando muito tempo
em uma direção que não temos o direito de seguir, enquanto deveríamos estar em nossos estudos
espirituais, meditações e prática. É claro que, toda vez que nos encaramos dessa forma, devemos
reconhecer isso: assim como estou semeando, assim colherei. Aquilo a que dou minha Consciência
neste minuto está determinando o que sairá de minha Consciência na próxima semana, no próximo
mês, no próximo ano ou daqui a dez anos. Então, se eu realmente quero morrer para a velha
humanidade, mesmo que no momento não pareça haver nenhum fruto disso, “prossigo para o alvo
pelo prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus” (Filipenses 3:14).

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Notas de Gabinete

Durante este mês de maio, eleve-se à Consciência desta mensagem estudando diligentemente sua
lição, uma mensagem para ajudar seu progresso no Caminho Espiritual, para que você possa ser
aquele “Novo Homem” com a experiência vivificante do renascimento. Mas o mero estudo desta
mensagem não é suficiente. Com ela, deve vir a prática, dia a dia e momento a momento, de transferir
poder do reino do efeito para o Reino Interno onde Todo o Poder pode ser encontrado. Sim, é preciso
estar alerta, mas à luz deste objetivo, isso não vale a pena? Qual esforço será grande demais para se
obter isso?

6 – CONSTRUINDO A CONSCIÊNCIA TRANSCENDENTAL

Iluminação, o alcance da Consciência Espiritual ou aquela Mente que também estava em Cristo
Jesus, vem quando houve preparação interior suficiente. Essa preparação consiste não apenas em
meditar regularmente e em aprender a mensagem da Verdade, mas no que é ainda mais essencial: a
prática dela. A mensagem da Verdade em si não faz o trabalho de produzir harmonia em nossa
experiência: ela apenas ajuda a provocar uma mudança de Consciência.

Vivendo a partir do Princípio de Um Poder

Deixe-me ilustrar isso. Em nosso estado humano comum, estamos sempre temendo o poder do mal
de uma forma ou de outra, temendo infecção, contágio, idade avançada, escassez, temendo tiranos,
dominação ou aqueles que dominam, ou temendo o clima, tempestades, relâmpagos, animais
selvagens, bestas e répteis. Nesse estado dividido de consciência, em que respeitamos o poder do
bem, mas tememos o poder do mal, há muito poucas possibilidades de se alcançar a Iluminação. Mas
quando aceitamos o Princípio Espiritual de que existe apenas Um Poder Real e, portanto, não
precisamos temer quaisquer poderes negativos ou malignos, começamos uma prática real dessa
forma de vida, e sempre que somos confrontados com uma aparência errônea, conscientemente nos
lembramos:

Há apenas Um Poder. Não preciso temer o que o homem pode fazer comigo. Não preciso temer o
que as condições mortais podem fazer comigo. Não preciso temer o que os germes ou animais
podem fazer comigo, nem preciso temer o que as balas ou bombas podem fazer comigo, porque todo
o Poder é Poder Espiritual. Existe apenas Um Poder.

Nós permanecemos nessa Palavra da Verdade e permitimos que ela permaneça em nós, e
gradualmente começamos a perder nosso medo de forças e poderes externos e chegamos a um
estado de Consciência em que, mesmo que vejamos ou ouçamos falar deles, não temos medo deles.
Na medida em que não reagimos a nada com medo ou preocupação, atingimos alguma medida de
Iluminação. Essa Iluminação é proporcional à nossa falta de medo de qualquer coisa externa. Visto

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que o Reino de Deus está dentro de nós, uma vez que o Reino do Poder e Domínio está dentro de
nós, não há nada externo que possa nos trazer dano, ser destrutivo ou prejudicial para nós.

Mas para o estado de consciência humano, no qual é normal e natural acreditar em dois poderes, isso
não é verdade. Existem muitas coisas externas a nós que são prejudiciais. Na verdade, há mais
coisas prejudiciais do que boas no mundo externo. É apenas quando nossa Consciência muda que
percebemos a Verdade de que o Poder está dentro.

Todo poder flui de mim, pois o Reino de Deus está dentro de mim. Nenhum poder flui para mim: Todo
o Poder está dentro de mim. Visto que Eu e o Pai Somos Um, sou Infinito; e, portanto, não há poderes
externos a mim.

À medida em que permanecemos nessa Verdade e permitimos que ela permaneça em nós,
gradualmente perdemos o medo de que certos alimentos não combinem conosco, ou que certos
climas nos afetem. Agora, essas coisas não nos perturbam mais. Em outras palavras, à medida que
nossa Consciência Individual sobre o assunto do Poder muda, também este mundo muda em seu
efeito sobre nós, e embora “mil possam cair à nossa esquerda e dez mil à nossa direita” [Salmo 91],
ele [o mal, o poder externo] não chegará perto de nossa morada, daqueles que aceitaram o Princípio
de Um Poder e o estão praticando e vivendo nele, até que se torne um estado definido de
Consciência.

Reconhecendo Deus como um Ser Individual

Os seres humanos gostam de algumas pessoas e não gostam de outras; eles confiam em alguns e
desconfiam ou temem outros; eles amam alguns e odeiam outros. Tudo isso porque sua consciência
não foi iluminada sobre o assunto da impessoalização.

Deus constitui o Ser Individual. Deus é a Vida, a Mente, a Alma e o Espírito de cada indivíduo.
Quando essa Verdade é aceita e realizada, todos os indivíduos se tornam instrumentos da Bondade
de Deus, e cada indivíduo é uma via ou um canal para a Graça de Deus.

Se olharmos com nossos olhos humanos, não acreditaremos e não veremos, mas se pudermos
primeiro aceitar a revelação daqueles que foram iluminados espiritualmente através dos tempos,
descobriremos que foi revelado que Deus constitui o homem, a mulher, a criança e o animal
individuais. Portanto, somos todos Um na Irmandade Espiritual.

Uma vez que percebemos isso, somos capazes de despersonalizar o mal, porque sabemos que os
traços de caráter do Sr. Jones, Sr. Brown e Sr. Smith não são os seus traços. Eles são a crença
universal em dois poderes, a mente carnal: eles são impessoais. Assim, nós os separamos do
indivíduo que parece ser uma via ou saída para eles. Ao fazer isso, não apenas nos tornamos imunes
às sugestões da mente carnal, mas muitas vezes curamos a outra pessoa.

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A compreensão da Identidade Espiritual, uma influência protetora

Muitos de vocês podem ter ouvido a história do banqueiro que foi tão treinado para compreender a
natureza espiritual do homem que se tornou parte de sua mente e alma perceber esta Verdade em
todas as situações. Todas as sextas-feiras à noite, esse homem costumava levar para casa uma folha
de pagamento para entregar na fábrica no sábado de manhã. Uma noite, ele saiu do banco com sua
pasta cheia de dinheiro, e ao se aproximar de um terreno que ele tinha que cruzar, algo veio a ele que
parecia dizer que ele tinha esquecido algo no banco. Ele se virou e voltou, embora no momento não
pudesse se lembrar do que havia esquecido. Ele sentiu, no entanto, que havia esquecido algo, mas
quando entrou no banco, descobriu que, na verdade, não esquecera de nada. Ele não conseguia
entender por que voltara para lá, porque, depois de procurar em tudo, não havia uma única coisa que
ele tivesse esquecido ou deixado de fazer. Então ele trancou o banco e voltou para sua casa,
chegando lá com segurança.

Na manhã seguinte, ele leu no jornal que, naquela mesma rua, no terreno que esteve prestes a
atravessar, houve um assalto, que ocorreu poucos minutos depois que ele voltou ao banco para
encontrar o que pensou ter esquecido. Ele se perguntou se isso tinha alguma relação com o que lhe
acontecera na noite anterior e, quando os dois homens que haviam cometido o assalto foram pegos,
ele pediu permissão para vê-los. Ele perguntou se o conheciam, e um deles disse: “oh, sim, você é o
banqueiro; você é o homem que procurávamos. Mas quando você veio pela primeira vez para a rua,
deu meia-volta e voltou, não conseguimos chegar até você. Quando você voltou pela segunda vez,
você tinha aqueles outros dois homens com você, e não atacaríamos vocês três..."

Quem eram os outros dois homens com ele? Visto que não havia nenhuma outra pessoa com ele,
obviamente era a influência protetora divina que havia surgido de sua própria Consciência Interior,
uma influência protetora que veio por causa de sua permanência contínua na compreensão de que
Deus constitui o Ser Individual. Com isso como convicção, nenhum mal poderia chegar perto de sua
morada. Sempre haveria uma influência protetora sobre ele, mesmo que, como naquela ocasião, ela
tivesse que se exteriorizar e aparecer como dois homens (curiosamente, isso é popularmente
chamado de “livramento”. A Bíblia está cheia de relatos assim, e eu não duvido da “realidade” dessas
aparições como entes individuais mesmo, como “manifestações”, mas ainda assim, do ponto de vista
espiritual, a origem verdadeira delas é a “Consciência Interior”, ou melhor, a “Consciência Única” –
para a qual não há referências “espaciais” como “interior” e “exterior” - nota do trad. G. S.). Na
verdade, não havia dois homens: havia apenas essa influência protetora espiritual que seu próprio
estado de Consciência havia criado (do ponto de vista espiritual, que a razão humana não pode
entender, somos todos Um, então não vejo contradição nenhuma em dizer que sim, havia dois
seres! Porque, se formos realmente rigorosos dizendo que “na verdade, não havia dois homens”,
então, na verdade, não haveria nem mesmo o terceiro, que era o banqueiro... Ou seja, são coisas que
dispensam muita explicação, justamente porque são coisas que o sentido humano de vida não pode
compreender... – nota do trad. G. S.).

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Se vivermos conscientemente na compreensão de que Deus constitui o Ser Individual, que Deus é a
Vida, a Mente e a Alma de cada indivíduo (o que é totalmente paradoxal para o homem terreno, pois
há muitos “indivíduos”... – G. S.), essa pureza de Consciência será uma influência protetora e
impedirá que o mal se aproxime de nós, porque o mal nunca chega para o puro em pensamento (puro
de coração, eu diria – G.S.).

Os puros de pensamento não são os ignorantes, que não têm consciência da vida. Os puros de
pensamento são aqueles que entendem a pureza da natureza espiritual do homem. À medida que
mantemos isso na Consciência, praticamos e vivemos com isso, independente de quem vemos ou de
qual seja sua natureza ou caráter, conforme vivemos constantemente na compreensão de Deus como
constituindo o Ser Individual, desenvolvemos para nós mesmos uma Consciência Iluminada que
lançará ao nosso redor uma atmosfera protetora e não permitirá que o mal nos toque. Novamente, a
mensagem correta da Verdade, quando conhecida e praticada, transforma a Consciência e
desenvolve um estado superior de Consciência.

Aplicando Promessas Espirituais à Experiência Diária

Cada Princípio Espiritual que aprendemos tem um efeito em nossa Consciência e desempenha seu
papel em transformá-la. Em nossa experiência humana, sempre encontramos problemas que são um
pouco demais para nós, difíceis de resolver, ou problemas que tememos não ser capazes de resolver.

Quando entramos neste Caminho Espiritual, lemos nas escrituras passagens como estas:

Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti (Isaías 26:3)


Confia no Senhor de todo o teu coração; e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o
em todos os teus caminhos, e ele endireitará tuas veredas (Provérbios 3:5,6)
Ele realiza o que é designado para mim (Jó 23:14)
O Senhor aperfeiçoará o que me concerne (Salmos 138:8)
Maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo (1 João 4:4)

Se lermos essas passagens com frequência suficiente, memorizarmos algumas delas e, em seguida,
aplicá-las a cada dia, à medida em que um problema difícil surge, um que pensamos não ser capazes
de resolver por nós mesmos, e nos lembramos: "ah, sim, mas eu sozinho não tenho que resolver isso;
existe um Ele [um “Eu”] que está dentro de mim, e Ele é maior do que aquele que está no mundo; há
um Ele [um “Eu”] que realiza o que me foi dado fazer; há uma Presença que vai antes de mim para
endireitar o caminho torto; há uma Presença que prepara mansões para mim", estamos sendo
transformados na Consciência de tal forma que um problema externo não é mais um problema
apenas nosso, mas um problema nosso e do Pai.

Uma Parceria Divina

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Agora estamos construindo uma Consciência onde não somos mais apenas indivíduos vivendo nossa
própria vida, lutando nossas batalhas, tendo que fazer tudo por nós mesmos. Agora temos uma
parceria:

Eu e meu Pai Somos Um (João 10:30)


Eu, de mim mesmo, nada posso fazer (João 5:30)
O Pai que habita em mim, ele faz as obras (João 14:10)
Irei adiante de ti e endireitarei os caminhos tortos (Isaías 45:2)

Não está claro como, ao fazer isso, estamos desenvolvendo uma Consciência totalmente nova, onde
não há mais apenas nós mesmos: existe “eu e meu Pai”. Entre nós dois, podemos superar o mundo.
Na verdade, suspeito que Ele pode fazer isso sem mim, mas é bom saber que Ele e eu somos
parceiros.

Se tivermos uma Bíblia e apenas lermos todas essas declarações, ela pode não fazer nada por nós;
se simplesmente citarmos essas declarações, elas não podem fazer nada por nós; mas se
trabalharmos com elas, aplicá-las a cada dia, em todos os problemas que surgem, não demorará
muitos meses até termos tal Consciência desta Presença que nunca mais sentiremos ter um problema
insuperável ou mesmo um difícil, porque, por mais difícil que seja o problema, não somos realmente
nós que temos que resolvê-lo. Sempre há um “Ele”. Existe uma Presença Invisível, uma Presença
Infinita que não só está onde estamos, visto que o Reino está dentro de nós, mas pela natureza dele
como Onipresente, Ela também vai adiante de nós, ajustando tudo que precisa ajustar e suprindo tudo
que precisa ser abastecido.

Uma vez que alcançamos a Consciência dessa Presença Transcendental, que é chamada de Cristo
no misticismo cristão, o Messias em hebraico, por muitos nomes no Oriente, eventualmente
construímos em nós mesmos uma certeza absoluta de que nunca estaremos sós. Todos os dias
trazem evidências do que acontece conosco, quando temos uma Consciência evoluída de uma
Presença Divina. Se, como aquele banqueiro, caminharmos para o perigo, descobriremos que a
Consciência daquela Presença pode aparecer como dois guardas armados ao nosso lado, ou dois
policiais; ou se estivéssemos na água, mesmo que não pudéssemos nadar, estaríamos seguros na
costa.

Há alguns anos, um estudante foi derrubado em um barco a três quilômetros da costa durante uma
tempestade; as velas e remos foram perdidos; e ainda assim ele alcançou a costa com segurança e
por um único motivo: um reconhecimento contínuo da Presença. Não havia como ele chegar àquela
costa, nenhum caminho humano, mas havia uma Consciência da Presença, a Consciência de "Eu
nunca te deixarei, nem te desampararei" (Hebreus 13:5), e assim, apenas remando com as mãos, ele
finalmente conseguiu.

Quando temos essa Consciência da Presença, não precisamos nos preocupar com cada detalhe de
nossa vida; não precisamos planejar tudo até os mínimos detalhes. Sempre há Algo maior do que

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nós, ajudando-nos em nossos esforços, mas somos nós que desenvolvemos essa Consciência, e a
desenvolvemos pela prática desses Princípios. Ao aplicar o Princípio de Um Poder, desenvolvemos a
Consciência do não-poder de qualquer coisa no mundo externo. Ao praticar a Presença desse Ele que
está dentro de nós, desenvolvemos uma Consciência da Presença, e então sempre há Algo maior do
que nossa capacidade humana funcionando para nós e dentro de nós.

Perdendo o medo das leis materiais

Muitas pessoas temem as leis materiais ou físicas e, às vezes como metafísicos, temem até as leis
mentais. Mas não há razão para isso, porque, se praticarmos fielmente o Princípio de Uma Lei, de
Deus como legislador, permaneceremos na compreensão de que a Lei, em sua plenitude, é espiritual
e é, portanto, tão perfeita e harmoniosa que nunca encontraremos ocasião temer uma lei material,
nem mesmo a lei do calendário (do envelhecimento). Mas somos nós que devemos conhecer a
Verdade; somos nós que devemos praticar a correta mensagem da Verdade, para que possamos
desenvolver essa Consciência.

Perdendo o medo das pessoas e pelas pessoas

Para o mundo das aparências, nossos maiores medos são o homem e a potencialidade do homem
para fazer o mal. Tememos aqueles que seguiram o caminho errado na vida. Tememos aqueles que
entraram na arena da política com motivos errados. Tememos por nossos filhos quando estão
crescendo, porque pensamos que podem ser desencaminhados e fazer coisas más. Tudo isso,
entretanto, é dissipado à medida que adquirimos a consciência de Deus como Ser Individual.

Apesar do fato de que as crianças podem parecer muito humanas, muito perniciosas e tudo o que os
filhos eventualmente podem ser, todo pai deve levar dentro de si a compreensão de Deus como
constituindo Alma, Mente e Espírito deles, lembrando-se conscientemente de que até mesmo seus
corpos são o Templo do Deus Vivo. Isso ajuda a manter seus corpos puros. Assim, o pai constrói
dentro de si uma tal Consciência da Vida de Deus, da Lei de Deus e do Espírito de Deus como
constituindo o indivíduo, que todos aqueles que estão dentro do alcance de sua Consciência ficam
sob essa Graça em vez de sob a lei (dos homens).

O velho homem vive sob a lei

Esta Consciência Iluminada que buscamos, e alcançamos em parte, acabará por trazer à tona a
experiência que o Mestre tentou nos dar ao nos tirar da vida sob a lei hebraica, para a nova vida que é
viver pela Graça. Devemos entender, antes de tudo, que o Mestre reconheceu dois estados de
Consciência. Sua declaração: “Meu Reino não é deste mundo” (João 18:36) indicava claramente que,
para ele, havia dois estados de Consciência. A natureza desses estados de Consciência é revelada
por João: “porque a lei nos foi dada por Moisés, mas a Graça e a Verdade vieram por Jesus Cristo”
(João 1:17). É importante entendermos claramente o significado disso, porque isso também faz parte
da meta que tentamos atingir no Caminho Espiritual e, em certa medida, estamos alcançando.

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Como seres humanos, vivemos inteiramente sob a lei. Somos governados por leis físicas e mentais,
mas a maior lei de todas, e aquela que realmente causou estragos na vida da humanidade, é a lei de
“como-você-semeia-assim-colherá”, aquela que foi chamada de karma ou lei cármica. Na verdade, a
lei cármica é a mesma lei de “como-você-semeia-assim-colherá”: como fazemos a outro, assim será
feito a nós. Como seres humanos, vivemos sob essa lei. Cada vez que pensamos, sim, até mesmo
pensamos em qualquer coisa desagradável sobre alguém, algo falso, malicioso ou sensual,
colocamos em ação a lei do karma, a lei do como-semeia-assim-colherá. Decretamos para nós
mesmos o que acabamos de enviar. Estamos chamando de volta para nós mesmos aquilo que
acabamos de fazer ou pensamos em outra pessoa. Sem dúvida, certamente volta para nós.

Na verdade, o Mestre disse que não precisamos necessariamente matar um homem para que o
castigo volte para nós. “Todo aquele que se irar sem causa contra seu irmão será réu de juízo”
(Mateus 5:22) ... “todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher já adulterou com ela
em seu coração.” (Mateus 5:28). Só de pensar nisso! Esse é um remédio muito forte quando paramos
para pensar o quanto nossos pensamentos às vezes ficam descontrolados pela raiva, pelo
ressentimento, algo de natureza injusta, algo de natureza falsa, fofoca ou escândalo. Então, às vezes
nos perguntamos por que aconteceu isso ou aquilo conosco, e sentimos que não merecíamos. Mas
agora sabemos: colocamos em ação o próprio mal que se abateu sobre nós.

É assim que vivemos como seres humanos, mas o Mestre tentava nos elevar à outra Consciência
onde esta lei não opera, onde não existe mais uma lei do tempo para nos afetar, uma lei da matéria,
uma lei do veneno, uma lei dos germes ou uma lei do carma. Toda a sua missão era nos elevar a um
estado de vida onde a lei não opera, onde o karma não opera. Os cristãos perderam totalmente o
ponto e, portanto, nos últimos 1.700 anos, o mundo cristão tem vivido sob a lei, em vez de sob a
Graça.

Viver sob a Graça

O que é Graça? Graça é viver em harmonia absoluta e completa em todos os setores de nossa vida,
viver sem força, sem poder, sem esforço, sem pensar, sem ganhar nosso sustento por conivência
humana ou sem merecer isso. A vida vem a nós como um presente de Deus, como herdeiros de
Deus. Pense nisso e considere cuidadosamente esta passagem de Romanos:

Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz.


Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em
verdade, o pode ser.
Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus.
Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós.
(Romanos 8:6-9)

Como seres humanos, não estamos sob a Lei de Deus, nem sob a Graça de Deus, sem receber o
dom de Deus, a proteção de Deus ou o apoio de Deus, mas, “se é que o Espírito de Deus habita em

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nós”, tudo isso é eliminado, e então vivemos como herdeiros. Não lutamos por nada: herdamos tudo.
Não nos esforçamos: nós o recebemos como um dom de Deus, como a Graça de Deus. Isso é o que
o Mestre ensinou, e o mundo tem estado muito cego para aceitar isso. Como saímos da lei para
termos o Espírito de Deus habitando em nós, para que nos tornemos Filhos de Deus e vivamos pela
Graça? O primeiro passo é revisar o Sermão da Montanha e ver o que o Mestre ensinou que deve ser
abandonado: em outras palavras, revisar aquela parte que lida com o que você já ouviu falar e depois
aquela outra parte em que ele diz: “mas eu, porém, vos digo...” (Mateus 5:22). Precisamos ser
conscientes, tentando cumprir aquele lado do Sermão da Montanha.

Superando a semeadura e a colheita

Pode-se simplificar, compreendendo todos os dias e, se necessário, várias vezes ao dia:

Eu, de mim mesmo, nada posso fazer, seja mau ou bom. Eu, de mim mesmo, não desejo fazer o mal
nem o bem. Desejo apenas ser um instrumento por meio do qual o Amor de Deus alcança o mundo -
não o meu amor, mas o Amor de Deus; não meus dons, mas os Dons de Deus; não minha bondade,
mas a Bondade de Deus.

A cada dia, tenhamos a certeza de perceber que tudo o que de natureza negativa ainda está em
nossa Consciência não é nosso: é impessoal, é da mente carnal; portanto, não pode produzir nenhum
mal. E também devemos perceber que tudo de bom que está em nossa Consciência não é nosso
bem: é o Bem de Deus.

Quando fazemos isso, morremos diariamente para nós mesmos, estamos saindo de sob a lei, porque
agora não estamos semeando o mal e não estamos semeando o bem. Portanto, não colheremos o
mal e nem colheremos o bem. Agora não vamos semear, nem colher: seremos os instrumentos da
Graça de Deus. Enquanto houver uma semeadura e uma colheita, haverá um “eu” fazendo isso, mas
no momento em que não estivermos mais semeando ou colhendo, haverá apenas Deus
resplandecendo.

Se dissermos a nós mesmos: “eu deterei o mal”, estaremos nos dando crédito demais, como se
estivéssemos nos valorizando por sermos bons, porque queremos evitar o mal. Não devemos fazer
isso. Devemos perceber que o mal não é um poder; o mal não tem pessoa em quem, sobre quem ou
por meio de quem operar: é um nada. E o bem? Não, não há nada de bom em você ou em mim a ser
feito. “Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus” (Mateus 19:17).

Que eu apenas seja usado pelo Pai; que o Bem de Deus e a Graça de Deus fluam através de mim,
para todos que eu encontrar: amigo ou inimigo, branco ou negro, judeu ou gentio, protestante ou
católico. Que eu seja um instrumento através do qual a Graça de Deus flui tanto para o santo quanto
para o pecador.

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Não atribuir qualidades a uma pessoa

O Mestre nunca sujeitou ninguém a julgamento, exceto aqueles que estavam em altos cargos
espirituais; aqueles que ele chamou de nomes ruins. Quando vemos alguém vestindo o manto de
virtude e retidão em altos postos, mas sendo podre por baixo, provavelmente está tudo bem levar o
chicote até ele e expulsá-lo do templo, e não de outra forma, porque aqueles em postos elevados que
estão conscientemente fazendo o mal às vezes precisam de um duro despertar. Mas, no geral, nos é
seguro adotar o Princípio de nenhum julgamento, nenhuma crítica, nenhuma condenação, deixando
que a Graça de Deus flua para qualquer um e todos dentro do alcance de nossa Consciência, perto
ou longe, santo ou pecador.

Saímos da lei e entramos sob a Graça quando não mais atribuímos o mal a nós mesmos ou a outrem,
mas sempre o despersonalizamos; e, acima de tudo, quando não atribuímos qualidades do bem a nós
mesmos. Jamais nos enganemos acreditando que somos bons, que somos filantrópicos, que somos
caridosos, que somos gentis, porque, por nós mesmos, não somos nada disso. Se essas qualidades
estão encontrando expressão através de nós, é porque Deus está encontrando expressão através de
nós, e todas essas qualidades pertencem a Deus. Se, temporariamente, qualquer parte do mal
encontrar uma saída através de nós, não nos condenemos, mas imediatamente o despersonalizemos
e percebamos que isso também não é nosso: é a mente carnal que temporariamente deixamos
encontrar expressão. Em nosso reconhecimento disso, é como se estivéssemos nos arrependendo.

A impessoalização conduz à Consciência Superior

Arrependimento é a palavra que o Mestre nos deu, o arrependimento é o essencial. Arrependimento


não significa usar pano de saco e cinzas, ou ficar contra a parede de lamentações e chorar sobre
nossos erros passados. Arrependimento significa o reconhecimento de que somos culpados,
juntamente com a declaração de que não pretendemos permitir que isso aconteça novamente,
enquanto isso estiver ao nosso alcance.

Impessoalizamos o mal para não condenarmos a nós mesmos ou a outrem, mas também
impessoalizamos o bem para reconhecer que tudo o que o bem flui através de nós ou de outro é
realmente Deus encontrando saída e expressão. Dessa forma, passamos de viver sob a lei para viver
sob a Graça.

Estamos sob a Graça na medida em que não há mais um eu pessoal dentro de nós para fazer o mal
ou o bem. Somos ensinados a morrer diariamente, e morrer diariamente não significa transformar o
mal em bem. Significa deixar o sentimento pessoal do eu desaparecer o mais rápido possível, para
que vivamos na consciência de que todo mal que existe é impessoal, é um nada; tudo o que existe de
bom é a Graça de Deus. Isso deixa o pequeno eu fora de cena. Que liberdade isso nos dá, se
estamos engajados em uma profissão ou um negócio e percebemos que não somos dependentes da
mente humana, mas que existe uma Mente-Cristo dentro de nós, pronta para agir por nós no
momento em que nos aquietamos!

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Se continuássemos a viver a vida como se a estivéssemos totalmente sozinhos, não poderíamos
deixar de reconhecer as dificuldades que enfrentaríamos, e às vezes a impossibilidade de as
enfrentar. Há momentos em que nossos problemas não se dissolvem. Mas é então que devemos ter
um reconhecimento completo e claro de que existe um Pai dentro de nós, e que Ele tem uma função.
Existe um Reino de Deus dentro de nós, e ele tem uma função. O Espírito do Senhor está sobre nós,
e tem uma função.

Quando entramos em uma Consciência de Vida que reconhece nossa parceria com o Pai e que,
embora sejamos Um, o Pai é maior do que nós, e o Pai vai adiante de nós, estamos desenvolvendo a
Consciência Transcendental que é chamada de Cristo. Quando desenvolvermos essa Consciência,
descobriremos que as coisas deste mundo não se aproximam de nossa morada, pelo menos não na
medida em que o faziam anteriormente.

Um menino de 12 anos me escreveu uma carta algum tempo atrás, dizendo que seu trabalho na
escola era bom, exceto na matéria de matemática. Em um determinado dia, ele enfrentou um exame e
quando olhou para as perguntas, ele sabia que estava perdido, porque não tinha as respostas. A
coisa toda parecia estranha e impossível para ele. Ele estava estudando o panfleto “Lição para Sam”,
e no meio do exame, o pensamento veio a ele: “há uma Mente dentro de mim que sabe todas as
coisas; há este Espírito dentro de mim”. Por um momento, ele ficou muito quieto, e então, quando
abriu os olhos, viu todas as respostas, e não apenas fez um bom exame, mas a partir daí seu trabalho
escolar melhorou.

Qual é a resposta para isso? É a consciência da presença de um Algo Transcendental que é uma
Mente Superior à nossa mente humana, uma Sabedoria Superior à sabedoria do homem. “Não te
estribes no teu próprio entendimento”. Não seria maravilhoso se todas as crianças levassem isso para
a escola? Como seria maravilhoso se todos os que têm um negócio ou uma profissão levassem
consigo essa afirmação e se sentassem e meditassem por um momento, para permitir que a
Sabedoria Divina se revelasse a eles, para que essa Sabedoria Interior viesse à tona!

Por usar a mensagem da Verdade correta encontrada nas Escrituras e nos escritos espirituais com a
qual construir essa Consciência Superior, então, quando a Consciência Superior está sobre nós, não
precisamos mais da mensagem da Verdade, exceto para o propósito de ensinar. A mensagem da
Verdade dada em todos os escritos é a ferramenta. É dado para uso e prática, para que possamos
desenvolver uma Consciência inteiramente diferente daquela com que nascemos. Através do estudo e
prática dos Princípios, é desenvolvida uma Consciência que não mais teme ou odeia nada, por causa
do reconhecimento de Um Poder. É desenvolvida uma Consciência que é um reconhecimento
completo de Deus como constituindo o Ser Individual. Uma consciência da parceria de “eu e meu Pai”
é gradualmente alcançada.

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Notas de gabinete

Freqüentemente, quando nos sentamos para meditar, nossa mente parece estar agitada com
pensamentos sobre pessoas, condições e ideias que aparecem como problemas a serem resolvidos.
Isso, é claro, é o resultado da crença universal ou hipnotismo universal que afirma que existem dois
poderes. Em vez de deixarmos a mente girar continuamente com esses problemas, nos afastamos
deles, sabendo que temos a capacidade de governar a mente, porque ela é nosso instrumento:

Minha mente não é um campo de batalha por conta da crença em dois poderes: minha mente é uma
via pela qual flui o Eu do meu Ser. Como mente pura e não condicionada, ela não é tocada pelo
pensamento carnal, e é uma porta aberta para o derramamento da Beleza e da Verdade do Reino de
Deus, da fonte eterna dentro do meu Ser.

Visto que esta é uma Verdade Universal, é a Verdade sobre cada indivíduo.

Depois dessa compreensão, é mais fácil se acalmar, relaxar e ouvir, até que a liberação venha de
dentro. As constantes pressões deste mundo trazem, para todos nós, momentos em que parece que
existe mais de um poder, e justo nesses momentos, devemos estar atentos contra essa tentação. Em
vez de ceder à tentação, tomamos posse de nossa mente e a colocamos em seu devido lugar como
nosso instrumento, sujeito à nossa direção, nosso servo, em vez de nosso senhor. Os dois capítulos
seguintes dos escritos devem ajudá-lo a fazer isso: “Domínio sobre a mente, o corpo e o bolso”, de
“Nossos Recursos Espirituais, e “Mente Não Condicionada”, de “O Trovão do Silêncio”.

Trechos gravados
(Preparados pelo Editor)

A Vida, se confiada inteiramente à nossa própria força e sabedoria, pode ser às vezes boa e às vezes
má. Mas quando nos valemos dos tesouros infinitos desse Algo Interior maior do que nós, cada vez
menos somos vítimas das circunstâncias, e mais e mais entramos no Domínio Consciente, vendo a
vida se desenrolar alegremente dia a dia, sabendo que a responsabilidade não é mais nossa, mas
repousa sobre Seus ombros.

Joel enfatizou a importância de praticar constantemente a Presença e, assim, estarmos conscientes


de sua atividade em nossa experiência. Os trechos a seguir mostram maneiras diferentes pelas quais
podemos reconhecê-Lo.

Praticando a Presença

Eu nada posso fazer por mim mesmo. É o Pai dentro de mim que faz as obras, e eu estou no Pai e o
Pai está em mim. Todo o ar que me rodeia é um oceano de Deus, e me preenche por fora e por
dentro. Eu vivo, me movo e tenho meu Ser neste oceano de Deus, neste mar de Amor e Sabedoria.
Estou em Deus e Deus está em mim. Eu habito o abrigo secreto do Altíssimo... Eu vivo em Deus...

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Eu me elevo para a atmosfera, quieto, rodeado pela Vida Eterna e pelo Amor Eterno que é a natureza
de Deus. Não posso escapar de Seus braços. Embaixo estão os braços eternos. Eu vivo, me movo e
tenho meu Ser Nele. Eu descanso Nele...

Eu vivo, não por força ou poder, mas pela Graça de Deus. Posso descansar na certeza da Graça de
Deus... Se, no momento, pareço carente de saúde, riqueza ou oportunidade, percebo que a Presença
de Deus em mim é a garantia de que, no devido tempo, eu também darei abundantes frutos...

Joel S. Goldsmith, “Meditações de Dez Segundos” - aula aberta em Princess Kaiulani, 1962.

Deus é o Único Poder. Nada, nem mesmo motoristas bêbados na estrada, pode ter poder. Só Deus
tem o Poder. Nem mesmo meus erros podem ter força. Só Deus pode ter Poder... Tenho Todo o
Poder de Deus comigo em cada transação, em cada experiência, em cada viagem. A cada passo do
meu caminho, tenho Onipresença, Onipotência ...

Joel S. Goldsmith, “A Prece Cristica – Comunicação Interior” - segunda aula fechada em Chicago,
1956

7 – PREPARAÇÃO PARA O BATISMO ESPIRITUAL

A Graça Espiritual é uma unção pelo Espírito, e nossa parte para recebermos essa unção é nos
prepararmos para ela. Muitas pessoas se perguntam por que as bênçãos do Espírito não vêm a elas,
ou pelo menos por que essas bênçãos não vêm em maior medida, mas assim não percebem que elas
mesmas estão colocando as barreiras que as impedem. Provavelmente, há uma coisa com a qual
todos os místicos concordam em sua apresentação das revelações da Verdade que lhes chegou: a
natureza de Deus é o Amor. Esse é um entendimento convergente. Receber Deus é receber Amor,
mas o que oferecemos como instrumento para receber Amor?

A resposta é que, na medida em que vivemos como seres humanos, nos envolvemos em julgamento,
crítica, condenação e falta de perdão. Como seres humanos, vivemos de acordo com a velha lei
hebraica olho-por-olho-e-dente-por-dente, e somos totalmente incapazes de perdoar setenta vezes
sete. Em uma consciência dessa natureza, é virtualmente impossível receber a Unção do Espírito.
Devemos nos preparar para a Unção por meio de uma mudança interna que é chamada de
“renovação da mente” nas Escrituras: “transformai-vos pela renovação do vosso entendimento”
(Romanos 12:2).

Quando o Mestre ensinou coisas como amar nosso próximo como a nós mesmos, orar pelo inimigo,
perdoar aqueles que nos perseguem, não resistir ao mal, ele não estava realmente apresentando uma
mensagem espiritual. Ele estava preparando a consciência humana para receber a Unção do Espírito,
porque até que nos elevemos a esse estado de Consciência, a essa renovação de nosso
entendimento, não é possível receber o Espírito Santo.

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A Consciência pura está livre de julgamento

Um exemplo da necessidade de liberdade de julgamento sobre o que é puro e o que não é puro pode
ser encontrado na experiência de Pedro que, imerso em seu grande amor pelo judaísmo, não
conseguia comer carne de porco ou não conseguia ensinar a verdade da mensagem cristã aos
gentios. O amor que Pedro tinha pela religião judaica o compeliu a sentir que esta Grande Sabedoria
deveria ser mantida apenas para os hebreus, e também o obrigou a observar os costumes hebraicos,
tudo isso em nome de Deus, tudo em nome do Cristo.

Então ele teve um sonho em que “toda espécie de animais quadrúpedes e feras e répteis da terra, e
aves do céu” (Atos 10:12) foram baixados em um lençol três vezes e lhe disseram para comê-los. Sua
resposta foi que ele não poderia fazer isso; “Nunca comi nada que seja comum ou impuro” (Atos
10:14). Quando ele se negou pela terceira vez a comer o que lhe foi oferecido, foi-lhe dito para não
chamar de imundo nada que Deus tivesse criado. Por meio dessa experiência simbólica, ele viu o erro
de toda a sua filosofia, e percebeu que não apenas se recusava a comer certa carne, mas se
recusava a transmitir a Verdade aos gentios porque, em sua mente, qualquer pessoa que não fosse
hebraica estava imunda, em outras palavras, além do limite. Ele viu, então, que Deus havia criado o
homem, todos os homens, à Sua imagem e semelhança, não apenas os hebreus. Deus criou o
homem à Sua imagem e semelhança e, portanto, todos os homens deviam participar desta Sabedoria
Divina, deste Alimento Espiritual.

Tendo recebido uma purificação da Consciência por meio dessa experiência, quando solicitado a ir a
Cornélio, o gentio, para falar a ele e seus parentes, Pedro atendeu o chamado, e desta vez quando
ele falou a Verdade a eles, o Espírito Santo desceu e muitos o receberam (Atos 10:44). Por quê?
Porque o Espírito Santo só podia fluir por meio de uma Consciência preparada e purificada, que não
atribuía mais impureza a alguns e piedade a outros.

Uma casa dividida não é uma transparência pura

O Espírito não pode fluir através de um indivíduo que é uma casa dividida contra si mesma, que vê o
bem e o mal. Não faz diferença se aplicamos o bem e o mal à comida que comemos, ou se aplicamos
esse critério a raças, religiões ou nacionalidades. Enquanto estabelecermos uma barreira em nossa
própria Consciência ou permitirmos que a crença universal faça isso por nós, seremos uma casa
dividida pelo bem e o mal, e não seremos uma Consciência preparada e purificada, através da qual o
Espírito possa fluir.

Não é apenas necessário que o líder espiritual ou professor seja purificado em Consciência, mas à
medida em que o paciente ou aluno passe por um processo de purificação, nesse grau ele responde e
recebe o Espírito Santo. Na Bíblia, lemos sobre multidões sendo curadas quando o Mestre falava,
mas as escrituras não dizem que todos na multidão foram curados. Dos poucos que estiveram ao lado
do Mestre quando chegou o momento da perseguição, sabemos quão poucos foram os que
receberam o Espírito Santo durante seu ministério.

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Nós, que embarcamos em um estilo de Vida Espiritual, não devemos acreditar que adquirir a Verdade
é por si só suficiente para nos trazer a harmonia, os deleites espirituais e a Unção que esperamos.
Saber muitas declarações da Verdade ou ser capaz de citar as Escrituras não constitui
necessariamente purificação. Na mensagem do Caminho Infinito, a Verdade foi apresentada em seus
termos mais simples. Isso pode nos servir de guia, mas não será a purificação, nem nos garantirá a
realização. Não existe uma mensagem que faça isso: é nossa aceitação da mensagem e nossa
prática que traz a preparação de nossa Consciência que nos leva à realização do objetivo.

Estados e estágios de Consciência

Na parábola do semeador (Mateus 13:3-8), o Mestre aponta os três estados de consciência. Um é o


estado estéril em que não adianta plantar sementes. Poderíamos despejar a Verdade nesse estado
de consciência de agora até o dia do juízo final, e isso não teria mais efeito do que plantar sementes
de vegetais ou flores em solo estéril. Depois, há o solo rochoso no qual as sementes criam raízes por
algum tempo, mas o solo não é profundo e puro o suficiente para as plantas florescerem. Eles dão um
pequeno fruto, mas depois morrem. Finalmente, existe o solo fértil. Traduzido em termos de estados
de Consciência, o solo fértil é nossa própria Consciência, quando ela foi purificada de sua esterilidade
e de sua situação de solo rochoso.

Nossa Consciência Individual é o solo. É nessa Consciência que estamos derramando a Verdade,
seja lendo, ouvindo ou estudando. Mas qual é o estado dessa Consciência? Até que ponto é
pedregosa? Em que grau ela é fértil?

Começamos com o reconhecimento de que no início somos estéreis, estéreis da Verdade e, como
seres humanos, certamente somos estéreis de Amor. O único tipo de amor que conhecemos é o amor
pessoal e egoísta, um tipo nacionalista de amor, amor materno e amor infantil. Mas, à medida que
nossa Consciência se purifica, começamos a nos perguntar: “por que estou fazendo tanto por meu
próprio filho e ignorando as necessidades das crianças do outro lado da rua? Por que estou fazendo
tanto pelo meu vermelho, branco e azul e ignorando o verde, o branco e o amarelo?” É apenas
quando nos tornamos altruístas que a Consciência dá evidência de uma medida maior de preparação
espiritual.

Na mensagem do Caminho Infinito, há uma abordagem simples, que tem por objetivo a transmutação
e purificação de nosso estado de Consciência. Se formos humildes o suficiente para reconhecer que,
como seres humanos, precisamos trabalhar e praticar esses princípios, isso será benéfico para nós.

Trabalhar com o Princípio de Um Poder enriquece a Consciência

Existem três Princípios essenciais para esta purificação da Consciência. Um é o Princípio de Um


Poder. Um ser humano é constituído pela crença em dois poderes: fé em dois poderes e medo de
dois poderes. Se não vivêssemos com medo de dois poderes, quem se importaria com quem está
com a bomba? Quem se importaria se é a temporada da gripe ou da poliomielite? O Princípio de Um

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Poder é o ensino do Mestre. É por isso que ele pode dizer ao homem com a mão atrofiada: “estende a
tua mão” (Mateus 12:13). É por isso que ele foi capaz de curar o cego: só há Um Poder; não há poder
derrubando ninguém. Abra seus olhos, não há poder que os mantenha fechados.

Um Poder foi a maior importância de sua mensagem. Mas não se trata de “usar” Um Poder. Mesmo
no túmulo de Lázaro, ele não orou a Deus, mas antes disse: “Pai, obrigado porque me ouviste. E eu
bem sei que sempre me ouves; mas por causa da multidão que está ao redor é que assim disse, para
que creiam que tu me enviaste” (João 11:41,42). Não temos que orar. Sobre o que há para orar? Só
existe Uma Vida. Tudo o que é necessário é o reconhecimento de que esta é a Vida de Deus, e a
Vida de Deus é Imortal e Eterna. Não pode morrer, então “Lázaro, sai para fora” (João 11:43). Ele não
tinha que orar para isso. Existe apenas uma Vida que é o Espírito, é Imortal, é Eterna.

A habilidade de cura é o grau de nosso reconhecimento dessa Verdade. Não temos que orar para
curar os doentes mentais, temos que saber a Verdade de que existe Uma Só Mente. Deus é a Mente
do homem. Não há nada para orar. “Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará” (João 8:32).
Que Verdade? A Verdade de que Deus é o Único Poder, de que Deus é a Única Mente do homem.
Permanecendo nesse Único Poder, independente de quão estéril nossa Consciência possa ser no
início, descobriremos que trabalhar consistentemente com este Princípio, refutando toda aparência de
poder que não seja o Único, gradualmente purificará e enriquecerá nossa Consciência, e mudará o
aspecto externo da vida.

A impessoalização do bem e do mal torna a Consciência uma transparência para a Unção do


Espírito

Um segundo princípio é a despersonalização. Quando podemos despersonificar o bem e o mal, não


temos mais cristãos e judeus, ou protestantes e católicos. Não temos mais uma dúzia de religiões
hindus diferentes, duas ou três religiões chinesas e meia dúzia de religiões japonesas. Uma vez que
aprendemos a despersonalizar, temos Deus como a Vida, a Mente e a Alma do homem individual.

Este é um dos Princípios mais importantes para o enriquecimento de nossa Consciência. É incrível o
que acontece quando começamos a perceber que Deus realmente constitui nosso Ser, que somos
Um em nossa Filiação Espiritual. Isso não significa que escondemos nossas cabeças no chão e
acreditamos que todos no mundo estão manifestando sua Identidade Espiritual. Não, se todos
estivessem, não precisaríamos de ensinamentos religiosos de qualquer natureza.

Tenho certeza de que no céu não existem ensinamentos religiosos. Não há necessidade nenhuma,
assim como não há necessidade entre os estudantes do Caminho Infinito de uma religião ou igreja.
Eles têm a Verdade dentro de suas Consciências. O ensino é apenas com o propósito de despertá-los
para a Verdade (isso eu creio verdadeiramente, mas do ponto de vista de Joel Goldsmith... Porém, do
ponto de vista dos alunos, da grande maioria, quero crer que o Caminho Infinito tenha sido apenas
uma variante, um substituto de qualquer igreja... Seguir o Caminho Infinito da boca pra fora ou de um
ponto de vista mental, intelectual, não é garantia de Iluminação, não é garantia de nada – nota do trad

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G. S.). Não há Verdade mais importante do que a da impessoalização, porque sem essa etapa de
impessoalização do mal, não há esperança de trazer harmonia à experiência individual. Não podemos
ser instrumentos de cura enquanto personalizarmos o mal de alguma forma, ou considerarmos os
indivíduos pessoalmente responsáveis por seus males, seus males ou suas falhas.

Em nossa própria Consciência, deve ficar claro que a natureza do mal é absolutamente impessoal,
que tem sua origem apenas na crença universal em dois poderes. No momento em que, dessa forma,
somos capazes de separá-lo de uma pessoa, nossa própria Consciência é purificada como a de
Pedro foi, quando ele não podia mais ver o mal nos gentios ou nos animais. Sua Consciência era,
então, uma transparência para a Unção Espiritual.

Por outro lado, é igualmente importante despersonalizar o bem. Muitos dos problemas do mundo vêm
da personalização do bem, desde personalizar o bem somente em Jesus, até personalizar o bem em
nossa bandeira, nosso país, nossa igreja, nossa religião, nosso lar ou nossa família. Muitos dos males
do mundo estão ligados à crença de que temos o monopólio do bem.

Generalizações sobre nações de pessoas estão sempre incorretas

Uma vez que aprendemos a impessoalizar, percebemos que o Único Bem que existe é Deus, e onde
quer que Ele encontre uma saída, aí está Ele em expressão, e onde não encontra uma saída, aí Ele
não está. Logo aprendemos, mais especialmente se viajarmos, que não existem raças ou povos maus
na terra. Pode haver indivíduos maus. Mas no minuto em que pensamos que não há pessoas que se
permitem ser instrumentos do mal ou da mente carnal em sua terra ou na minha, estamos em um
estado de desilusão. O mal está em qualquer lugar e em todos os lugares em que Deus não é
reconhecido como a fonte do Bem.

O Bem está em toda parte. Portanto, no que diz respeito às pessoas, encontramos pessoas boas em
todas as nações e também encontramos uma porcentagem das más, provavelmente a mesma
porcentagem em todas as nações. Não tem nada a ver com a nacionalidade, raça ou religião de
alguém. Tem a ver com o grau de Consciência purificada – ou não – de um indivíduo.

Quando, aos dezesseis anos e meio, comecei a viajar pelo mundo, não demorei muito para descobrir
que os ingleses eram bons, tão bons quanto nós, e também os franceses, os alemães e os suíços.
Também não demorei muito a descobrir que havia gente desonesta entre todos eles, e que havia
empresários em quem não se podia confiar. Nenhum país, entretanto, tinha o monopólio deles. Foi
assim que, quando jovem, vi que, humanamente, não existem pessoas boas como uma raça ou
pessoas más como uma raça. Eles são o que são como indivíduos, de acordo com seu estado de
consciência.

Só mais tarde, quando a experiência espiritual começou, entendi porque isso é inevitavelmente
verdade. Deus é a Verdadeira Vida de cada indivíduo; Deus é a Mente, o Espírito e a Alma de todos.
Portanto, o fundamento de cada um de nós é o mesmo.

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Além disso, porque a mente carnal é uma, a mente carnal em cada um de nós também é a mesma:
cada nação tem seus fanáticos, toda nação tem o cruel, toda nação tem o miserável, cada nação tem
seu tirano. Deve ser assim inevitavelmente, porque a mente carnal, a crença no bem e no mal, é o
que constitui essas qualidades e, portanto, onde quer que a mente carnal esteja, encontraremos
aqueles que parecem maus. Não pense que a mente carnal é algo separado e à parte das igrejas,
governos e pessoas, porque a mente carnal é uma só, e onde quer que haja uma receptividade à
mente carnal, ela encontra expressão.

Até agora, o mundo ainda não teve oportunidade de se libertar dessa mente carnal. Acreditava-se que
tínhamos que sair e reformar cada indivíduo na terra separada e individualmente, que tínhamos que
fazer proselitismo e trabalhar com indivíduos e trazê-los todos para o nosso modo de vida. Essa
crença tornaria a situação mundial desesperadora porque, quando pudéssemos chegar aos quatro
bilhões de pessoas na terra e reformar todas elas, a próxima geração estaria aqui e teríamos que
começar nosso trabalho tudo de novo. Essa foi a única esperança mantida até agora. Mas agora
sabemos que não será necessário reformar quatro bilhões de pessoas, não será necessário tornar
quatro bilhões de pessoas espirituais ou mesmo fazê-las querer ou ter a necessidade de serem
espirituais. Agora, os “dez homens justos na cidade” (Genesis 18:32) que a salvarão são os poucos
que serão capazes de despersonalizar a mente carnal e reduzi-la a nada.

Impessoalizamos o mal, e assim entendemos que o mal não é cristão, judeu ou muçulmano.
Impessoalizamos o mal para sabermos que o mal não é nosso vizinho ou outra pessoa.
Reconhecemos que estamos lidando apenas com a mente carnal, e a mente carnal pode aparecer
como branca ou negra, judia ou gentia. Depois de despersonalizá-lo, separá-lo de uma pessoa e
reconhecê-lo como a mente carnal, podemos então dar o terceiro passo de reduzi-lo a nada,
percebendo que Deus não criou a mente carnal: ela não tem entidade ou identidade, nenhuma
substância, nenhuma lei, nenhuma causa, nenhum efeito.

Retirando as pedras

Quando trabalhamos com esses três princípios - Um Poder, a despersonalização do bem e do mal e a
redução a nada da mente carnal, estamos enriquecendo a Consciência. Estamos retirando as pedras
do solo pedregoso; estamos nos livrando das rochas que são as barreiras para a Realização
Espiritual. Estamos alimentando nossa Consciência com alimento espiritual e enriquecendo o solo
estéril.

É tudo uma questão de conhecermos a Verdade, amar o nosso próximo, orar por aqueles que nos
perseguem, perdoar setenta vezes sete e não resistir ao mal. Não é que exista algum tipo de super-
ser ou força que vai descer até nós e nos transformar. Mesmo aqueles que tiveram a experiência da
Graça passaram anos entendendo seu significado e só depois trazendo os frutos. Paulo levou nove
anos após sua experiência da Luz antes de estar pronto para sair, e, mesmo depois de os discípulos

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terem passado três anos com ele, o Mestre os desencorajou de sairem correndo e os instruiu a
permanecerem na cidade até que fossem capacitados do Alto.

Depois de recebermos a Luz, leva muito tempo para converter isso em uma Consciência fértil e
prática. Mesmo depois de conhecermos essa verdade de Um Poder, de despersonalizar o bem e o
mal e de reduzir a mente carnal a nada, não pensemos nem por um momento que seremos
imediatamente capazes de sair e viver isso. Ainda temos resquícios daquela velha consciência
humana que julga, critica, condena e divide.

Depois que essa Verdade nos é dada, ela tem que ser trabalhada, tem que ser utilizada, tem que ser
colocada em prática; por meio desse processo, alimentamos nossa Consciência com a Verdade.
Assim enriquecemos o solo, removemos as pedras e preparamos a nós mesmos para uma Unção
Espiritual. É por isso que, no sistema de ensino dos gurus, o discípulo ou aluno fica com o professor
por vários anos. Por que alguns anos? Por que o guru não dá ao discípulo a Verdade de uma vez?
Não adiantaria. Uma Consciência da Verdade deve ser construída; a Consciência Espiritual deve ser
desenvolvida. Se uma pessoa tiver uma experiência religiosa ou experimentar a Luz e não souber o
que fazer com ela depois, ela será como muitas das descritas pelo Dr. Bucke em “Consciência
Cósmica”: centenas que tiveram experiências espirituais profundas relataram que viveram vidas
miseráveis depois, porque elas não podiam trazer aquela experiência novamente. Eles não sabiam o
que fazer ou como viver. Se elas apenas soubessem como manter sua experiência guardada dentro
de si mesmas e então receber instruções de dentro e aplicá-las, a experiência seria apenas o começo
de sua grande conversão espiritual.

Então, assim é conosco. É muito provável que acreditemos, depois de ler alguns livros da Verdade,
que realmente sabemos alguma coisa, e a próxima coisa é esperar que milagres aconteçam. Milagres
acontecem, mas eles vêm de uma Consciência Espiritual alcançada, e não de um conhecimento da
Verdade. Milagres acontecem todos os dias da semana, mas os milagres acontecem por causa da
Consciência purificada, da Consciência preparada. Eles não acontecem por causa de um livro que
lemos, eles não acontecem porque conhecemos a Bíblia, nem por causa de um ensino ou de um
professor que temos: acontecem por causa do que acontece dentro de nós, seja com o ensino ou com
o professor.

Purificação, um requisito para a Unção Espiritual

Temos a oportunidade de realizar uma purificação de nossa Consciência que seja a preparação para
a Unção Espiritual. Primeiro, devemos reconhecer que uma Unção Espiritual pode vir apenas para a
Consciência que está preparada para ela. Esta preparação consiste no grau de Visão Espiritual que
alcançamos. A prática disso é na medida em que vivemos com Um Poder, na medida em que
impessoalizamos o bem e o mal, e os reduzimos a nada. Neste grau, estamos purificando nossa
Consciência, assim como Pedro foi purificado naquela experiência do sonho.

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Cada passo de nossa jornada neste caminho é de purificação. Às vezes, precisamos receber duras
pancadas antes de aceitarmos a purificação, e há uma razão natural para isso, pela qual ninguém
deve ser condenado, mas sim compreendido. Por ser tão confortável ter um corpo saudável e uma
renda suficiente, talvez a natureza do Universo Espiritual não desperte então nenhum interesse, muito
menos preocupação. Por que nos preocupar agora com o que é tão difícil de alcançar?

É natural alegrar-se com o bem material e gostar de viver no meio dele. É por isso que muitas vezes
os pilares são arrancados e é tirado de nós tudo o que nos apoiou no passado, tudo em que nós
confiamos. Muitas são as vezes em que um discípulo reclama: "você tirou o meu Deus de mim"... Na
Consciência, esse é um passo adiante, porque não há experiência mais saudável no mundo do que
perder a fé em “seu” Deus.

Na verdade, até que alguém perca a fé em “seu” Deus, como alguém pode encontrar o Deus
Verdadeiro? Enquanto uma pessoa tem fé em um Deus do qual não há frutos, ela não encontrou o
Deus Verdadeiro. Ela está nutrindo um falso conceito de Deus e quer se apegar a ele, assim como
Pedro queria se apegar ao seu Deus hebraico. Isso também era verdade para os outros discípulos.
Foi preciso Paulo, que não era um discípulo imediato de Jesus, para despertá-los desse estado
particular de consciência.

Libertando-se dos conceitos de Deus

Quem sabe que evento particular em nossa experiência nos despertará para o fato de que não temos
adorado a Deus, mas sim alimentado um falso conceito de Deus, esperando que ele faça certas
coisas por nós de uma certa maneira, mas Ele não faz. Não encontramos Deus. Temos alimentado
um conceito de Deus, e até que esse conceito seja tirado de nós, até que percamos nossa fé nesse
Deus, assim como Jesus fez Seus seguidores perderem a fé em todas as coisas nas quais eles
confiavam, não encontraremos Deus.

O povo hebreu dos dias do Mestre estava adorando e atribuindo poder às formas - os rituais, os
sacrifícios, todas as coisas que deveriam levá-los ao céu - mas finalmente Jesus teve que dizer a eles
que sua fé tinha que ser maior do que a dos escribas e fariseus; sua pureza, sua religião tinha que ser
maior do que isso. Não havia ninguém maior do que os escribas e fariseus. Eles viviam de acordo
com todas as leis, nunca violando um decreto da religião, e ainda assim, a justiça dos discípulos tinha
que ser maior do que isso. O que é maior? Em primeiro lugar, eles tiveram que desaprender tudo o
que os escribas e fariseus sabiam. Eles tiveram que aprender que obedecer às leis e passar por
rituais, cerimônias, ritos e credos não tinha nenhuma relação com o Deus Verdadeiro. Ir ao templo
sagrado uma vez por ano não purifica ou redime uma pessoa.

Deus não está em um trono nas nuvens: o Reino de Deus está dentro; Deus não tem prazer no
sacrifício; Deus não condena um ladrão a ser crucificado na cruz ou enviado para a prisão para
sempre. Os criminosos não devem ser punidos, mas perdoados. Isso não significa que eles serão

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liberados para cometer mais crimes. A reforma e a instrução devem se tornar o objetivo ao lidar com
criminosos. Algum dia, prisões serão instaladas para atingir esse objetivo.

Hoje existem algumas prisões para infratores morais que não são realmente prisões: não há grades
nem paredes. São hospitais para os quais os condenados são encaminhados, não para punição, mas
para tratamento. A punição não muda a natureza de um ladrão, nem cura um ladrão. Um dia, os
ladrões serão condenados à prisão com o propósito de regeneração, educação, treinamento espiritual
e cultural, a fim de mudar sua consciência de solo estéril e rochoso para solo fértil para o plantio da
Verdade Espiritual.

Em certa medida, nossa consciência humana é essa mente carnal. Quer sejamos ou não condenados
por um crime, não significa que não somos culpados por um ou mais deles. Significa que não fomos
apanhados, ou que o grau não é exatamente o mesmo, mas a mente carnal é a mente carnal, esteja
em você ou em mim, ou no criminoso. Funciona da mesma maneira.

Preparação para a Unção por meio da prática dos Princípios

A preparação para a Unção do Espírito ocorre dentro de nós. Temos a capacidade de apressar esse
dia dentro de nós, não tomarmos o céu à força, mas por fazermos de cada dia uma oportunidade de
lembrar conscientemente que devemos viver na percepção e realização de Um Poder, de
impessoalizar cada forma de bem ou mal que vemos, lemos ou ouvimos no rádio ou na televisão
como a mente carnal, e reduzir tudo isso a nada. Ao fazermos isso, podemos ter certeza de que
estamos enriquecendo o solo de nossa Consciência. Estamos removendo aquelas pedras que são
barreiras, nos preparando para a Unção Espiritual.

A Unção Espiritual eventualmente vem como veio a Paulo, mas aquele influxo do Espírito foi apenas
um passo que o preparou para a Unção final, que não veio até que ele estivesse pronto para ser
enviado em sua missão. Pedro também deve ter tido muitas Unções Espirituais, mas sua verdadeira
Unção veio apenas com aquele sonho em que ele viu que tudo o que Deus fez é bom, então há
apenas Um Poder; e ele também viu que o bem e o mal devem ser impessoais.

É assim que o primeiro toque do Espírito pode ser nossa primeira Unção. Não é a nossa última, e nem
haverá uma última, a menos que aproveitemos a primeira e trabalhemos com ela, permitindo que sua
lição se fixe dentro de nós, e depois aplicá-la em nossa experiência diária (mesmo assim, nada
garante que seja “ a última”! O caminho ainda pode ser bem longo fora deste atual “parêntese” de vida
– nota do trad. G. S.).

Impessoalização - o fio da navalha

Parece muito difícil às vezes andar no fio da navalha. Não é fácil saber quando impessoalizar sem
forçar a barra, quero dizer, quando podemos despersonalizar o mal no ladrão, mas ainda sem deixá-lo
livre para fazer tudo de novo, quando podemos contemplar a natureza impessoal do mal e ainda
termos nossos pés firmes no chão o suficiente para sermos capazes de corrigir a nós mesmos e aos

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outros, especialmente os outros que nos são confiados ao Ensino Espiritual, até que eles também
tenham percebido a natureza impessoal do bem e do mal.

Às vezes, é dito que somos inconsistentes quando falamos sobre a natureza impessoal do mal e
depois corrigimos alguém. Deve ser entendido que, nesta obra, corrigimos apenas aqueles que
vieram a nós para instrução espiritual, e que a correção não é negar a natureza impessoal do mal,
mas ajudar o aluno a chegar à compreensão e demonstração disso, sem que ele fique satisfeito
apenas com palavras, mas insistindo em sua demonstração.

“Vós não me escolhestes, mas eu vos escolhi” (João 15:16). Não há pessoa que permaneça no
Caminho Espiritual, apesar de muitas contrariedades, que não o alcance em última instância, porque
não foi ela que se conduziu a ele. Ela foi empurrada para isso, apesar de si mesma. Ela será mantida
nisso até que chegue o dia da Unção. Há muitos, é claro, que vêm para um Ensino Espiritual e
realmente não foram escolhidos. Eles vêm pelos pães e peixes. Eles vêm porque ouviram que esta é
a maneira pela qual podem ser curados, enriquecidos ou receberem alguma outra coisa. Quando eles
descobrem que isso nem sempre é verdade, que as curas nem sempre acontecem com pressa, que
as riquezas nem sempre vêm rapidamente, que a felicidade pessoal nem sempre vem da forma que
eles esperam, eles vão embora. Mas eles não estavam procurando Isto, apenas os frutos Disto.

Muitos há que não recebem suas bênçãos no início de sua experiência e, no entanto, persistem,
persistem e persistem. Eles são derrubados e se levantam novamente. Eles são empurrados para o
lado e se erguem novamente. Há uma razão para essa persistência em face das grandes
adversidades. A semente foi plantada, o Eu os chamou e, de uma forma ou de outra, vai trazê-los
para casa. Às vezes, para trazer uma pessoa para casa, severas provações e tentações vêm a ela
continuamente.

Chega ao Ungido um chamado para ajudar na solução dos problemas do mundo

Quando estamos no Caminho Espiritual e recebemos uma medida de Luz, mesmo que estejamos
livres de grandes problemas pessoais e das grandes provações e tribulações da humanidade,
entramos em confronto com as tentações deste mundo. O Mestre disse que ele poderia retomar sua
vida ou abandoná-la. Ele não teria que ficar lá para ser crucificado. Ele passou por essa experiência
pelo bem do mundo, pela mensagem e pela missão que lhe foi dada. Para seu próprio bem, ele
poderia ter atravessado a multidão e se afastado; ele poderia ter se mudado para uma cabana,
vivendo à beira-mar. Mas o impulso interior não lhe permitiria isso e, portanto, ele teve que vencer o
mundo, para que o resto de nós pudéssemos nos beneficiar de sua experiência.

Portanto, é quando chegar a hora de recebermos nossa libertação deste mundo e não sermos mais
tocados por grandes problemas que descobriremos, então, que temos nossa tarefa mais difícil, porque
temos o mundo inteiro, toda a mente carnal, apresentando-se a nós por reconhecimento. Não
podemos tomar a medida de Verdade que recebemos, retirarmo-nos do mundo, dizendo: "agora,
mundo, carregue a si mesmo se quiser".

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Cada um de nós deste caminho está enfrentando uma guerra nuclear e todos os outros problemas
mundiais. Podemos pensar por um momento que esses problemas não são seus e meus? Eles são
problemas mais nossos do que dos chefes de governo, que são apenas homens finitos, sem nenhuma
sabedoria além de sua capacidade humana de resolver qualquer um desses problemas. Nenhum
desses homens tem real capacidade de resolvê-los. Nenhum deles, nos últimos cinquenta anos, teve
a resposta para qualquer um desses problemas.

Esses problemas do mundo são seus e meus porque são problemas espirituais, ou seja, são
problemas que devem ser resolvidos espiritualmente. Se não nos comprometermos a ver que o que
está sendo apresentado a nós como problemas na forma de comunismo, apartheid, Indochina ou
Berlim é apenas a mente carnal em diferentes formas, quem poderá enfrentá-la? Quem, exceto
aqueles que sabem como despersonalizar e reduzir a nada? Alguém mais tem a resposta? Claro que
não, porque ninguém resolveu esses problemas urgentes da vida humana.

O único avanço real dos últimos dois mil anos foi na área de automação. Nós nos desenvolvemos
mecanicamente, e as próprias máquinas inventadas estão ajudando a destruir o mundo. Não é
apenas a bomba atômica. O automóvel e o avião estão causando tantas mortes quanto qualquer outra
coisa.

Aqueles que estão personalizando o mal e que acreditam que ele é uma força e um poder nunca irão
erradicá-lo. Eles não têm a resposta porque a resposta está no Espírito, na Verdade, e isso significa
que a resposta está no reconhecimento de Um Poder, da despersonalização e redução da ilusão a
nada.

A princípio, não podemos ver que nossa função ou missão na vida não é apenas sermos saudáveis,
ricos e sábios e adquirirmos uma forma de vida agradável e confortável. Essa não é nossa missão na
vida. Nossa missão é sermos espiritualmente ungidos para então levar essa Unção ao mundo, à
mente carnal, dissolvendo a mente carnal para que o Universo Espiritual possa ser revelado aqui e
agora. A maneira de fazer isso nos foi dada: Um Poder, despersonalize o bem e o mal, reduza a
mente carnal a nada.

Cada vez que trazemos esses princípios até mesmo para a cura de uma dor de cabeça, um resfriado,
gripe ou indigestão, nesse mesmo grau nós diminuímos a ilusão no mundo. Cada vez que vamos
mais longe e podemos testemunhar a dissolução de um câncer, poliomielite ou qualquer uma das
chamadas doenças incuráveis, diminuímos ainda mais a atividade da mente carnal. Cada vez que
podemos trazer um pouco de Paz para uma instância governamental, uma empresa comercial, um
sistema educacional, cada vez que podemos trazer um pingo de Graça Espiritual para eles,
diminuímos a atividade da mente carnal em todo o mundo.

Nunca acreditemos que, quando um indivíduo é curado espiritualmente, é apenas o indivíduo que é
curado: a mente carnal foi diminuída; mais da Cristandade foi revelada na Terra. Curar não é remover
a doença do ser humano; é revelar sua Cristandade, e isso só pode acontecer por meio da destruição

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da mente carnal. A destruição da mente carnal vem apenas através da compreensão de Um Poder,
impessoalização, e redução a nada. A prática desses princípios traz a purificação que é a preparação
para a Unção.

8 – A QUARTA DIMENSÃO

Existem dois tipos de vida religiosa. Uma é a vida daqueles cuja religião consiste em seguir certos
rituais, observar dias santos e dias de festa, e praticar certas orações. Eles ficam satisfeitos com isso.
Eles se aproximaram ou alcançaram um estado de consciência que está em paz, porque estão
fazendo o que se espera deles e o que é certo aos seus olhos. Eles têm pouca ideia do real
significado da religião ou de Deus: simplesmente aceitam o que é apresentado a eles e permanecem
nisso.

O outro tipo de vida religiosa é aquele que não tem regras ou regulamentos definidos. Na verdade,
não tem qualquer mapa para guiar alguém em sua busca; é realmente a alma de um indivíduo que
busca descansar em Deus e encontrar seu Lar Espiritual.

Só há uma coisa que nos torna seres humanos. Exceto por uma coisa, mesmo como estamos, aqui
em nossos corpos, não seríamos seres humanos; seríamos divinos, imortais, eternos. Essa coisa é
que nutrimos um sentimento de separação de Deus. Na verdade, não estamos separados de Deus:
somos Um com Deus. Na verdade, Deus constitui nosso próprio Ser; e, portanto, somos um Ser
Imortal agora. Por meio dessa sensação de separação, entretanto, construímos nossa própria
identidade. É isso que constitui nossa humanidade, e emergir dessa humanidade para a compreensão
de nossa Verdadeira Identidade é o trabalho do Caminho Espiritual.

O centro da Alma busca União Consciente com sua Fonte

Dentro de nós, é isso que chamamos de Alma, e você não sabe o que é a Alma mais do que eu. É
apenas uma palavra que é usada para descrever nosso Centro Espiritual, aquela parte de nossa
Consciência que incorpora nossa vida religiosa. Assim como existe um centro do nosso Ser que é o
nosso centro artístico ou musical, um centro da nossa Consciência que constitui a nossa capacidade
empresarial ou perspicácia, e um centro que responde à ciência, há também um centro do nosso Ser
que responde ao impulso religioso ou espiritual. Chamamos essa parte de nós de nossa Alma.

Esta Alma está dentro de nós, mas não dentro do corpo, nem mesmo dentro da Consciência, pois, em
última análise, a Alma constitui a nossa própria Consciência. Mas, uma vez que eu sou “Eu”, há uma
área do meu Ser que é o Centro da minha Alma, e esse Centro da Alma está buscando a União
Consciente com sua Fonte. Ao nutrir um sentimento de separação de Deus, é como se eu estivesse
mantendo este Centro da Alma fora de Deus, mantendo-o longe de sua União com Deus. É quase
como se disséssemos: “aqui está um raio de sol separado do sol e ansiando por voltar para lá”.

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Este Centro da Alma está no meio de cada um de nós, dentro de nossa própria Consciência, mas
como seres humanos, está separado do Pai. Em um sentido espiritual absoluto, não está cortado,
mas parece estar, devido ao fato de nutrirmos essa sensação de separação; portanto, parece-nos que
algo dentro de nós está nos levando a buscar algo que não temos.

A pessoa que não tem suprimento suficiente pode acreditar que sua motivação é obter mais
suprimento. É por isso que existem pessoas neste mundo que nunca descansam até que obtenham
seu primeiro milhão, e então eles têm seu segundo fôlego para ir atrás daquele segundo, quinto ou
décimo milhão. Existem pessoas que desejam ser presidentes e primeiros-ministros e, quando
alcançam isso e obtêm seu segundo fôlego, estão prontas para o próximo mandato, e o próximo. Eles
não podem ficar satisfeitos, porque há um impulso dentro deles decorrente de sua própria sensação
de incompletude. Eles interpretam essa incompletude e falta de satisfação como significando: “eu
devo chegar lá. Eu devo alcançar. Eu devo conquistar”. Eles não percebem o que está operando
neles e, portanto, vão atrás daquilo que podem entender mais facilmente, o que, em certo estágio,
pode ser dinheiro, honra ou fama (ou poder). Se eles soubessem... é sua alma dolorida procurando
encontrar seu lar em Deus, voltar à União Consciente com Deus.

Aqueles de nós que não sentem vontade de ganhar dinheiro, fama ou conquista de qualquer tipo no
mundo reconhecem o que está nos guiando. Sabemos que nunca ficaremos satisfeitos até nos
encontrarmos em casa Nele, e é esse impulso que nos traz onde estamos neste minuto específico.
Sabemos que nunca teremos descanso até que estejamos cara a cara com Deus, até que
percebamos conscientemente que o Espírito de Deus dentro de nós é a própria Vida e Alma de nosso
Ser, e que podemos comungar com Ele. Na verdade, podemos nos comunicar com nosso Ser Interior
ainda mais facilmente do que podemos nos comunicar uns com os outros.

Existem aqueles alunos que não sabem que o que os move é a própria Alma tentando romper este
véu de ilusão e mais uma vez alcançar a União com Deus, e são movidos pela crença de que devem
encontrar saúde ou que devem encontrar suprimentos. Às vezes, eles encontram saúde e suprimento
muito rapidamente, e isso atrasa seu progresso espiritual por muitos anos, porque agora, sem
nenhum incentivo adicional, eles descansam com sua saúde ou com seu suprimento, até que, anos
mais tarde, eles provavelmente cheguem à realização, "bem, agora tenho minha saúde e meu
suprimento, mas ainda estou infeliz, ainda estou com saudade de alguma coisa”; ou “tenho um lar feliz
e ainda anseio por algo” (ou pior ainda, porque nenhum bem terreno é permanente, tudo é
passageiro, tudo é impermanência – nota do trad. G. S.). E provavelmente, nesse período, eles
podem começar a despertar para o fato de que, se eles têm toda a saúde do mundo, toda a riqueza
do mundo, e o lar mais feliz do mundo, eles ainda não estarão em paz até que se encontrem morada
em Deus.

Os alunos nada têm a transmitir sem a Unção do Espírito

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Há uma segunda etapa no caminho, que é perigosa. É quando o estudante atinge alguma medida de
saúde e algum alívio da situação de suprimentos, e então deseja começar a dar aos outros o que
aprendeu. Este é um período perigoso porque, se ele não for interrompido, encontrará uma maneira
de seguir em frente, subir em uma plataforma e começar a ensinar. Ao fazer isso, ele descobrirá que
perdeu tudo o que ganhou e achará ainda mais difícil voltar ao caminho dos primeiros passos que deu
nessa direção.

A razão pela qual um estudante deve ser cauteloso quando chega a este estágio é que ninguém tem
nada a transmitir de natureza espiritual exceto o Espírito de Deus que veio sobre ele, ordenou-o,
enviou-o ao mundo e lhe deu seu trabalho para fazer. A maioria dos alunos no mundo metafísico e
espiritual não espera por essa Unção. Eles não esperam por essa experiência do Cristo. Eles saem e
logo descobrem que, embora possam ter começado com grupos muito grandes, acabam com grupos
pequenos; ou, se começaram com pequenos grupos, não aumentam (mas se a pessoa for humilde,
propondo-se apenas a ser um “facilitador(a)”, liderando um grupo, mas na condição bem definida de
“estudar junto” e “meditar junto”, não vejo problema, e não vejo por que deveria haver preocupação
sobre o “grupo crescer”... – nota do trad. G. S.).

Os seres humanos não têm nada para dar espiritualmente, nada. Mesmo que eles conheçam todas as
escrituras do mundo, eles ainda não têm nada para dar; e se eles receberam a ordenação das
maiores igrejas do mundo, ainda assim, eles não têm nada para dar. Não faz diferença o quanto eles
sabem, seja das escrituras, da metafísica ou do misticismo; eles ainda são espiritualmente estéreis e
não têm nada a compartilhar. Se pudessem transmitir a mensagem da Verdade que conhecem,
mesmo que pudessem transmiti-la corretamente, ainda assim não teria valor para ninguém. É apenas
na medida em que o Espírito atua por meio de um indivíduo que a mensagem da Verdade se torna o
Espírito da Verdade e traz o aluno à vida. Nas palavras do Mestre: “E eu, se for levantado da terra,
atrairei todos os homens a mim” (João 12:32).

(A questão do ministério é bem mais complicada do que parece. Nenhum ser humano é capaz de dar
voz plenamente ao Espírito Santo.
O próprio Joel Goldsmith escorrega várias vezes, deixando transparecer seu lado humano e limitado.
Que o leitor não me entenda mal, eu acho isso irrelevante diante da finalidade e do conjunto de sua
obra. Nem mesmo Paulo deu voz ao Espírito Santo cem por cento! Em alguns momentos, era Paulo
mesmo, humano, machista e preconceitoso... mas por que nos fixarmos em um por cento de
limitações humanas, quando nos são apresentados noventa e nove por cento da mensagem da
Verdade?
Na verdade, um ainda aluno nada tem a ensinar. Porém, eu pessoalmente acredito – e o pratico – que
é válido, para quem tem a vocação do ensino, conduzir um grupo de estudo; aliás como aconteceu e
acontece com grupos de estudo do “Caminho Infinito” no mundo inteiro, com apoio do próprio Joel
Goldsmith... mas jamais na condição de “mestre”, e sim de “facilitador” de “grupo de estudo”, e não de

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“mestre de ministério”. Aquele que declara a si mesmo e se autoglorifica como “mestre” ou “iluminado”
é sempre o ego – nota do trad. G. S.).

A boa humanidade não está relacionada à Realização Espiritual

O mundo está cheio de homens e mulheres bons. Isso não tem nada a ver com uma equação
espiritual, entretanto, e não tem nada a ver com um Ministério Espiritual. Na verdade, algumas das
maiores luzes espirituais do mundo não estavam entre os melhores seres humanos quando
começaram.

Às vezes, ser um ser humano muito bom é uma barreira para ser uma Luz Espiritual, porque é preciso
muita humildade para atingir a realização espiritual. O primeiro passo para essa humildade é quando
vem o reconhecimento de que o homem não pode ser bom nem mau. Isso é uma coisa muito difícil
para os bons seres humanos aceitarem. Eles adoram pensar em sua própria bondade e sentir que é
uma virtude pela qual têm direito a grande crédito.

Além disso, bons seres humanos, em geral, são muito propensos a criticar, julgar ou condenar o
pecador, ou aquele que é um pouco menos perfeito do que eles. Bem ali, eles criam um bloqueio
através do qual o Espírito de Deus não pode penetrar. É verdade que a chuva de Deus cai sobre
justos e injustos. É verdade que o Mestre não condenou ninguém. Para ele, não havia espera pelo
castigo, nem espera para ser expurgado, nem espera pelo perdão.

É preciso muita humildade para uma pessoa boa reconhecer que ela não é boa, mas que toda a
bondade que se manifesta nela é realmente o Espírito de Deus tentando encontrar uma saída. Se isso
fosse mais claramente entendido, poderíamos então desfrutar mais corretamente a bondade,
percebendo: “esta não é a minha bondade. Esta é a Bondade de Deus encontrando uma saída
através de mim. Não é que eu seja generoso, mas a Dádiva de Deus está sendo colocada em
circulação através de mim”.

Com tal atitude, entendemos mais prontamente a pessoa que por qualquer motivo ou de qualquer
forma caiu, perdeu ou está longe do caminho da Graça: é apenas por causa da crença de que um
indivíduo pode, por si mesmo, ser bom ou mau, e neste momento particular, ser mau parece a forma
mais satisfatória ou a mais lucrativa.

O Remanescente, aqueles que alcançam a União Consciente

Aqueles que estão seriamente direcionados ao Caminho Espiritual devem entender que seu trabalho,
neste momento, não é se preocuparem em tentar salvar o mundo ou mesmo seus parentes, mas
antes de tudo em serem salvos. Isso pode soar egoísta, mas é exatamente o oposto de egoísmo.
Nossa função principal é nos preocuparmos apenas com uma coisa, que é atingirmos a União
Consciente com Deus. O resto do mundo pode ter que lutar contra suas aflições por conta própria,
enquanto nós aguardamos. Devemos continuar buscando o Reino de Deus, buscando alcançar nossa
União Consciente com Deus. Se, enquanto isso, o mundo se engole, não podemos evitar. Sempre foi

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assim. (Isso não nos isenta, me parece, da prática da caridade, da compaixão, da bondade e do amor
ao próximo. O que parece estar em questão aqui é a questão da Salvação mesmo, plena e definitiva,
eterna – nota do trad. G. S.).

Muitas civilizações foram destruídas no passado, e algumas serão destruídas daqui em diante, mas
sempre houve um remanescente daqueles que foram salvos quando as civilizações foram destruídas.
Sempre houve poucos, depois dessa destruição, que não apenas foram salvos, mas deixaram um
registro que ajudou a salvar as gerações futuras. É assim que a Bíblia, as escrituras de todos os
povos e os escritos místicos de todas as nações são essas coisas que estão ajudando a você e a mim
agora.

Uma Consciência Espiritual desenvolvida é para sempre

Somos ajudados por aqueles que já passaram de nossas vistas. Nunca acredite que haja um
retrocesso da Consciência Espiritual desenvolvida. Se um indivíduo atinge a Consciência Espiritual na
terra, ele é uma bênção para todos que se colocam ao alcance de sua Consciência, e até mesmo
para alguns que não estão cientes do que está acontecendo. Mas quando esse indivíduo deixa este
plano de vida humano, sua Consciência desenvolvida espiritualmente continua da mesma forma. Não
pode ser enterrada. Aqueles que meditaram com o “Eu” sabem:

O Eu nunca nasceu e nunca morrerá. O Eu nunca esteve confinado em um corpo físico, muito menos
estará confinado em uma tumba. “Eu e meu Pai Somos Um” (João 10:30) e, portanto, nunca estou
limitado ao tempo, espaço ou lugar. Eu e o Pai Interior somos um, e esse Um é Imortal. Portanto, vou
para todo o sempre e para todo o sempre. Aquilo que eu sou é o estado de Consciência que Eu Sou.

Portanto, se alguém está se beneficiando de nosso estado desenvolvido de Consciência aqui e agora
na Terra, podemos ter certeza de que esses mesmos benefícios ocorrerão por toda a eternidade. Se
acreditarmos que Jesus Cristo foi a Grande Luz que ele foi, que seus três anos de ministério poderiam
produzir o efeito no mundo por mais de vinte séculos, e ainda assim acreditar que acabou naquela
cruz ou naquele túmulo, então não refletimos profundamente o suficiente. Esse grau de Consciência
que conhecemos como Cristo Jesus nunca poderia chegar ao fim. Haveria algo errado com Deus se
tal Luz pudesse deixar de existir ou ser retirada do mundo. Digo isso também de Gautama, o Buda.
Se, em seu estado de elevação, sua Consciência pudesse ser anulada, não haveria Justiça no Reino
Divino. Esse estado de desenvolvimento ou qualquer estado que conduza a ele é perpétuo. É eterno e
é para sempre uma transparência por meio da qual Deus chega a esta Terra, e é isso que explica os
indivíduos na Terra que alcançam a Luz Espiritual.

Pense em um homem, sapateiro de profissão, sem maior ensino ou pensamento religioso do que um
fundo teológico obscuro, vivendo em uma época de tremenda escuridão, de ignorância espiritual
personificada; pense naquele homem em um segundo recebendo tal Luz que dentro de alguns anos
ele seria conhecido da Suíça à Inglaterra como o maior mestre espiritual da Terra. Ele se tornou o
professor de várias gerações de místicos e, até hoje, os escritos que ele deixou são lidos por tantas

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centenas de milhares de pessoas no mundo que as edições são continuamente publicadas na
Inglaterra e nos Estados Unidos, esse homem que todos conhecemos como Jacob Boehme, da
Alemanha. Hoje não existe um ensino religioso no mundo que não o conheça e o honre. Isso não
pode ter sido um acidente. Não poderia ter sido outra coisa senão que a Consciência Iluminada de
alguém o tocou. Pode ter sido um daqueles que faleceram ou pode ter sido alguém na Terra.

A Consciência Infinita nunca está presa em um corpo

Quando oramos, quando comungamos com Deus, somos Um com todos os homens e mulheres que
estão orando. Somos Um com a Consciência Espiritual em todo este mundo e nos mundos que
existiram e nos mundos que existirão. Nunca estamos sozinhos, porque não existe algo como nossa
consciência trancada em nossa cabeça, em nosso peito ou em nosso plexo solar. Nossa Consciência
preenche todo o espaço; essa é a natureza do Eu. Ela não pode ser localizada ou “finitizada”, pois
essa é uma relação infinita com o Ser Infinito.

No momento em que entendemos que nossa Consciência não está trancada dentro de nós, mas que
é Una com todos que conhecemos, então eventualmente iremos mais longe, e perceberemos que,
quando estamos em oração, estamos em sintonia com todos em oração, porque estamos nos unindo
em Uma Só Consciência. A Consciência de Cristo é Uma Consciência, e quando permanecemos nela,
permanecemos em Cristo.

O erro foi acreditar que somos seres finitos assentados em um corpo. Isso não é verdade: somos
Seres Infinitos, somos Consciência Divina, Consciência de Deus Individualizada, mas nunca finitizada
e nunca localizada. Portanto, nunca estamos limitados a um lugar. Estamos onde queremos estar,
meramente nesta realização:

Eu e o Pai Somos Um: eu estou onde Deus está, e Deus está onde eu estou.

Então nos encontraremos onde a harmonia está para nós, a qualquer momento.

Em nosso caminho ascendente para essa realização, muitos de nós somos alimentados pela vida,
mensagem e missão de Jesus Cristo. Alguns são alimentados pela vida de Buda, Lao Tzu ou o
grande mestre Zen original (??? – nota do trad.). Alguns são alimentados nesta época pelos escritos
de Ralph Waldo Emerson, Walt Whitman, William Law, Eckhart, Boehme e tantos os outros. Muitos
milhões estão sendo alimentados pelas obras de Mary Baker Eddy (muitos milhões??? – nota do
trad.). Portanto, não está claro que, independentemente do que aconteça neste mundo, há um
remanescente que é salvo e sempre há, um, dois, três, quatro, cinco ou seis em cada geração que,
tendo recebido esta Luz, deixam uma mensagem oral ou escrita? Mesmo sem deixar uma mensagem
escrita, o Mestre foi capaz de dizer: “minhas palavras não passarão” (Marcos 13:31). A terra pode
desmoronar, como aconteceu muitas e muitas vezes desde que ele saiu daqui, mas “Minhas
Palavras”, as palavras do Mestre Jesus continuarão salvando este mundo até que ele seja
completamente salvo. O mesmo pode ser dito desses outros místicos.

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Nós também somos transparências por meio das quais essa Presença Transcendental pode funcionar
na consciência deste mundo. Em nosso trabalho de oração mundial, quando pensamos naqueles
deste mundo que estão sendo controlados pelo mal, aqueles que estão se deixando ser uma válvula
de escape para o mal, percebemos: “'Pai, perdoa-os; pois eles não sabem o que fazem’ (Lucas
23:34). Não os detenhamos em condenação, mas abramos suas consciências para esta Luz, para
que eles possam ser libertados desta tentação, deste hipnotismo, ou de tudo o que os liga ao sentido
pessoal”. Com isso, há o afastamento da condenação deles, porque declaramos que não é pecado, é
mera ignorância; não é escuridão, mas ausência de luz.

Não temos como saber como a Luz, que chega à terra pela transparência de quem ora, influencia
uma legislação ou como muda decisões. Nunca sabemos onde toca esta Presença que percebemos,
ou a quem Ela toca. Não temos ideia de quão longe ela vai. É por isso que alguns que alcançaram a
Luz se retiram deste mundo, a fim de viver uma vida de oração pelo mundo, não pelos indivíduos,
mas para o colapso da consciência humana da dualidade. Permanecendo em suas cavernas ou em
suas casinhas em algum lugar sozinhos, eles se permitem, orando sem cessar, ser transparências
através das quais a Luz vem, e não têm como saber quem é tocado por Ela ou como.

É evidente que coisas acontecem na Terra que não podem ser contabilizadas. Há pessoas em
hospitais prestes a morrer que de repente se encontram bem, e ninguém tem a menor idéia de como
isso aconteceu. Há momentos em que os países estão à beira da guerra e, no último minuto, uma
decisão muda isso. Nem sempre é uma coisa humana que provocou a mudança.

A Realização só vem quando o Espírito de Deus habita em nós

Se uma pessoa no Caminho pudesse ser tão paciente quanto Buda, que esperou vinte e um anos
para receber sua Iluminação, ou como o Mestre, que começou seu ministério aos trinta anos , depois
de ter se empenhado neste estudo talvez desde a idade de seis ou oito ou nove (já disse em vários
livros dele que não acredito nisso, e nem que fosse verdade, seria sequer razoável um ministério
dessa grandeza com apenas 30 anos – nota do trad. G. S), se ele pudesse ser aquele paciente para
esperar por sua própria realização, então ele se tornaria a Luz do mundo. Mas se uma pessoa não
tem essa Luz, apenas saber o que está nos livros não vai ajudá-la. Os livros do Caminho Infinito
servem de inspiração e orientação, como apontadores de caminhos ou mapas, assim como os
escritos de todos esses outros Mestres, mas a tarefa de chegar é responsabilidade da própria pessoa.
E não chegamos até que o Espírito de Deus habite em nós, até que possamos dizer com Paulo: “vivo,
não mais eu, mas Cristo vive em mim” (Gálatas 2:20).

Cristo está vivendo minha vida: Cristo vai antes de mim para endireitar meu caminho; Cristo caminha
ao meu lado; Cristo caminha atrás de mim; Cristo me envolve. Estou envolvido no Cristo. “O espírito
do Senhor Deus está sobre mim; porque me ungiu” (Isaías 61:1).
Cristo é o Pão, o Vinho e a Água. Cristo não me ressuscita; Cristo é a Ressurreição.

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O Espírito de Deus é a Ressurreição. “Mas, se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os
mortos habita em vós, aquele que ressuscitou Cristo dentre os mortos também vivificará os vossos
corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós” (Romanos 8:11). Por quê? Porque a realização
do Cristo é a ressurreição do corpo - a ressurreição dele do túmulo da fé humana.

Vivendo a vida de “não resistir ao mal”

Hoje em dia, todos os lados dizem que é impossível viver os ensinamentos de Jesus Cristo nesta
vida. Um dos motivos pelos quais parece impossível para a maioria das pessoas deriva
principalmente da declaração de Jesus: "não resistais ao mal" (Mateus 5:39). Nesta época, parece
que, se não resistirmos ao mal, o mal fará algo terrível a nós. Claro, o registro de milhares de anos
mostra como o mundo resistiu religiosamente ao mal de todo modo, desde arcos e flechas a bombas
atômicas. E com toda essa resistência, do que ela foi salva? Nada, nem uma só coisa.

Temos tanto resistido ao mal que agora temos depósitos cheios do maior arsenal de armas que o
mundo já conheceu. E o medo é tão grande, a ansiedade é tão grande.

Resistir ao mal provou ser um fracasso. Aqueles que dizem que não é prático viver sem resistir ao mal
nunca o experimentaram. Todo aquele que, em um momento ou outro, pediu ajuda metafísica ou
espiritual sem recorrer ao uso da medicina, teve a prova de que não resistir ao mal é a grande força.
Se uma pessoa está doente e procura todo e qualquer remédio material disponível, ela está resistindo
ao mal. Mas aqueles que tiveram curas por meios espirituais tiveram a prova do que pode acontecer
por não resistir ao mal.

O praticante espiritual não tem como lutar contra o mal, seja o mal uma febre, um tumor,
definhamento ou ossos quebrados. Com ele, não pode haver dependência de nenhum meio físico.
Sua Consciência é um estado de entrega absoluta e completa à convicção interior de que, uma vez
que Deus é o Único Poder, não precisamos temer nenhum outro poder e podemos descansar nessa
palavra. Esse é o tipo de tratamento que cura. Não podemos combater o erro, seja ele um mal físico,
um mal mental, um mal moral ou um mal financeiro. Não podemos batalhar. As pessoas do mundo
estão lutando contra isso, mas dificilmente poderíamos chamar de sucesso o que eles alcançaram.
Praticamente todos os diplomatas e líderes do mundo foram incapazes de manter seus países fora da
guerra porque eles se construíram sobre o falso fundamento de resistir ao mal. O mundo hoje está
pagando a pena por seu erro.

Provavelmente, chegará o dia em que alguns de nós terão a oportunidade de provar que esse
princípio opera nacional e internacionalmente, da mesma forma que opera na cura de nossas mentes,
nossos corpos e nossos bolsos individualmente. É por esta razão que digo que ninguém deve sair
pelo mundo para ensinar ou pregar isso. Fique em casa e demonstre isso, e deixe o mundo
contemplar. À medida que o mundo o contempla, ele desejará aprender o que é que temos e, então,
nos convidará a contar sobre isso. Essa será a hora de contar, de ensinar, de pregar, e não antes
disso.

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Descubra o significado de “Minha Paz” e “Meu Reino”

Em que grau estamos baseando nossa demonstração espiritual em “Minha Paz vos dou” (João 14:27)
e “Meu Reino não é deste mundo” (João 18:36)? Até que ponto esperamos que, por meio de Deus,
tenhamos mais paz que este mundo pode dar: saúde física, suprimentos materiais, um lar confortável,
companhia humana? Até que ponto esperamos que o Reino de Deus aumente o grau de nosso
conforto humano? Então veremos, talvez, onde estivemos errados, onde vivemos na teologia do
Antigo Testamento, crendo que, se orarmos, dermos o dízimo, sacrificarmos ou observarmos os dias
santos, Deus fará algo para tornar nossa vida humana melhor. Até que ponto vivemos nessa crença
do Antigo Testamento?

Até que ponto esperamos algo de Deus, tentando influenciar Deus, ou esperando deixar de lado
alguma lei de Deus? Em nossa oração, estamos realmente acreditando que Deus está retendo algo,
mas que depois dessa oração será concedido? Estamos buscando alcançar a Deus ou descansando
na compreensão de uma Comunhão Interior? Nossa oração é uma compreensão da Presença de
Deus?

De uma forma ou de outra, nossa oração deve ser a compreensão de que somos Um com o Pai, e
que o Senhor é nosso pastor. Nossa oração deve sempre permanecer naquele nível em que não está
buscando “algo” acima, abaixo, fora ou dentro. A oração, em seu sentido mais elevado, não tem
palavras nem pensamentos: é meramente uma Comunhão Interior que se torna uma Unidade, uma
União com Deus, um descanso em Deus. Então nos tornamos transparências claras por meio das
quais a Graça de Deus toca a Consciência de todos aqueles que estão chegando até nós.

Sairmos e nos separarmos [do mundo], deixarmos nossas redes, e não aumentarmos a captura nelas,
mas deixá-las, significa desistirmos e renunciarmos à ideia de aumentar a quantidade de paz deste
mundo que podemos obter, e ver até que ponto podemos basear nossa demonstração em buscar não
a paz que este mundo pode dar, mas buscar saber em que consiste o Reino de Deus. Qual é o
significado da Minha Paz? Qual é o significado do Meu Reino? Minha Paz e Meu Reino não têm
relação com melhorar ou aumentar a matéria. Eles têm a ver com um mundo totalmente diferente,
uma quarta dimensão da vida.

É verdade, e é uma promessa do Mestre, que, se buscarmos este Reino em particular, as coisas
deste mundo serão acrescentadas a nós, não em virtude de nossa busca, mas em virtude de nossa
rendição de buscá-las e nos consagrarmos à busca da Minha Paz e do Meu Reino.

Mover-se do estado de consciência hebraico para o cristão significa fazer uma transição de buscar
melhorar nosso "este mundo" para desistir de todo este mundo por Minha causa - mãe, irmão, pai,
irmã - quaisquer que sejam os conceitos humanos que temos do bem. Desistimos do conceito
humano do que é um bom próximo, porque mesmo um bom próximo, mesmo no seu melhor, ainda
não é bom. Mas o que é próximo, no sentido de Jesus, quando disse: “ama teu próximo como a ti
mesmo” (Mateus 19:19)?

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O Novo Testamento consiste em uma linguagem totalmente nova. Diz: “eles falarão novas línguas”
(Marcos 16:17), uma nova língua, palavras que não têm o mesmo significado que o dicionário dá.
Entrar totalmente no modo de Vida Espiritual significa entender essas novas línguas, essa nova
linguagem, e não mais ser hipnotizado pelo bem deste mundo, mas perdê-lo e deixá-lo ir, deixarmos
nossas redes e voltarmo-nos para dentro silenciosamente, secretamente, sagradamente, não dizendo
a ninguém o que estamos fazendo, mas batendo forte nos portões de nossa própria Consciência, até
que se nos revele o significado oculto da mensagem do Mestre.

Todas as coisas são supridas na Nova Dimensão

Então, quando a compreensão vier, descobriremos que estamos vivendo em uma nova dimensão de
vida. Não teremos sacrificado nada deste mundo - nada. Todas as coisas deste mundo nos serão
acrescentadas, mas com esta diferença: a essa altura, não as apreciaremos muito. Vamos usá-las
apenas por seu valor utilitário.

Alguns virão a nós buscando melhorar sua condição humana, mas sem saber de nada sobre este
novo Reino, e devemos ajudá-los. Esta é a primeira etapa de sua entrada no Caminho. O segundo
estágio é quando eles começam a aprender as palavras e têm um complexo de fazer o bem, então
querem sair correndo e salvar o mundo. Devemos então usar nossa influência para detê-los e dizer-
lhes que esperem pacientemente até que o Espírito do Senhor Deus esteja sobre eles, e então, se
necessário, eles poderiam sair sem dinheiro, sem comida, sem roupa. Eles poderiam começar
imediatamente e descobrir que a cada passo do caminho, se o maná fosse necessário, ele viria do
céu, se a água fosse necessária, viria de uma rocha, se fossem necessárias roupas, o que eles
usariam nunca se desgastaria . Em outras palavras, Deus não proveria: Deus seria sua segurança e
proteção. Deus não os alimentaria: o próprio Deus seria seu alimento.

Quando alcançamos a Presença de Deus, alcançamos a presença de todas as coisas abençoadas de


que uma pessoa pode precisar em uma jornada por esta vida.

Notas de Gabinete

Alunos do Caminho Infinito ao redor do mundo alegram-se vendo o Caminho Infinito ganhar mais e
mais reconhecimento e um número cada vez maior de pessoas atraídas por sua mensagem. Muitos
desses novos alunos encontraram o Caminho Infinito por meio dos livros que foram colocados nas
bibliotecas por alunos que foram levados a fazer isso. Agora, a atividade da biblioteca do Caminho
Infinito está sendo realizada por dois estudantes dedicados que, anos atrás, por sua própria iniciativa,
e originariamente às suas próprias custas, começaram a enviar livros em grande escala para
seminários teológicos que os solicitassem. O apoio dos alunos a esta atividade continuará e fornecerá
uma oportunidade para todos os alunos participantes praticarem o princípio da doação impessoal.

Quase um ano atrás, no United States News and World Report, 20 de setembro de 1971, um editorial
de página inteira de David Lawrence deu reconhecimento a um dos livros de Joel: Vivendo o Caminho

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Infinito. Somos gratos a este escritor altamente respeitado por chamar este livro à atenção dos leitores
de uma revista tão amplamente difundida e bem estabelecida. Outro item interessante é um artigo
sobre meditação publicado na The Cleveland Press, em 30 de outubro de 1971, no qual há uma
fotografia de Joel e uma citação com o título “Meditação de estilo ocidental: como e por que funciona”.
Na mesma página em um artigo muito mais longo, "Como conseguir o que você deseja sem pedir", há
a seguinte citação de Joel:

"Nossa cultura concentrou a atenção nas coisas do mundo a tal ponto que perdemos a capacidade de
sentarmo-nos quietos e ponderar uma ideia. Quando fechamos nossos olhos para meditar, ficamos
surpresos ao descobrir uma caldeira borbulhante dentro de nós. Somos como antenas captando todas
as transmissões do mundo”.

Os exemplos acima são evidências do Espírito trabalhando como e na Consciência Individual, abrindo
quaisquer portas que precisem ser abertas para trazer o Caminho Infinito à Consciência daqueles que
estão buscando uma abordagem de vida satisfatória, nova e recompensadora.

Trechos gravados
(Preparados pelo Editor)

Alcançando o Reino Espiritual

Uma vez que você se eleve acima do desejo por harmonia física, então você entra no Reino Espiritual
de Deus. Enquanto seu pensamento for trocar suas discórdias por harmonias, o que tem acontecido
na metafísica, você ainda percorreu apenas uma parte da jornada. Essa jornada não é realmente uma
jornada que vai da discórdia física para harmonia física…. Isso é apenas uma parte do caminho,
porque tudo o que você fez foi se elevar acima de suas discórdias temporárias com harmonias
temporárias, mas você não alcançou a Realização do Reino Espiritual. Ainda não apareceu o que são
as Glórias de Deus.

Não, enquanto você está trocando a discórdia física pela harmonia física, você ainda não tem ideia de
como é o Reino de Deus ou como são as riquezas espirituais ou mesmo a saúde espiritual. Você não
tem ideia disso. Só o fato de o coração bater regularmente ou de os órgãos funcionarem como o que
o mundo chama de normal não dá nenhuma impressão de como é a Harmonia Espiritual. Nenhuma
mesmo. É apenas quando você se eleva acima da harmonia física que você começa a entrar no
Reino Espiritual.

Joel S. Goldsmith, "A Lei Cósmica e o Cristo Realizado" – primeiro grupo de estudo de Kailua, 1955

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9 – DA HUMANIDADE À DIVINDADE

O Antigo e o Novo Testamento juntos constituem o que o mundo conhece como a Bíblia cristã, e isso
pode levar alguém a pensar que todo o Antigo Testamento é o mesmo em seu ensino religioso que o
Novo Testamento, ou que na Bíblia só se encontra um ensino. Isso não é verdade. No Velho
Testamento, que, é claro, sustenta-se firmemente no ensino de Moisés e dos profetas hebreus, a lei é
apresentada. Esta lei é a base para aquele estado de nossa consciência que pode ser chamado de
estado hebraico, e enquanto estamos no estado de consciência hebraico, é necessário ter essa lei.

A Lei

Não pensemos, portanto, que esse é o mesmo ensino do Cristianismo, ou que representa o que Jesus
Cristo veio dar a este mundo. Não, não é, “porque a lei nos foi dada por Moisés, mas a Graça e a
Verdade vieram por Jesus Cristo” (João 1:17). O modo de vida cristão é uma vida pela Graça, não
uma vida pela lei. De acordo com os ensinamentos de Jesus Cristo, não honramos nossa mãe e
nosso pai por causa da obediência a um dos Dez Mandamentos: honramos nossa mãe e nosso pai
porque aceitamos o ensino de amar o próximo como a si mesmo, e nossa mãe e nosso pai são tão
próximos quanto a pessoa que está na rua. Seria difícil excluir nossa mãe e nosso pai de nosso amor;
mas, por outro lado, deve ser igualmente difícil excluir o próximo na rua ou do outro lado da fronteira.

O que temos quando vivemos sob a lei? Temos um sábado, um dia que deve ser santificado. Na
Igreja Cristã, isso ainda é observado, embora seja um sábado diferente daquele observado na
sinagoga hebraica tradicional. Mas quem quer que reserve qualquer dia da semana como sagrado ou
aceite um dia da semana como mais sagrado do que outro, ainda não discerniu o ensino de Jesus
Cristo. Há 365 dias sagrados em cada ano, exceto o ano bissexto, com 366 dias sagrados. Se isso
não fosse verdade, então o Cristianismo não seria verdadeiro, pois nossa conduta não pode variar de
hora em hora ou de dia a dia. Não podemos nos sentar até a meia-noite e então dizer: “o dia sagrado
já passou. Podemos fazer o que gostamos hoje”. Cada momento é um momento sagrado e não pode
haver distinção.

Jesus reconheceu isso. Como rabino no templo, ele não seguia as regras relativas ao sábado. Ele
curou no sábado e foi repreendido por isso, e quase expulso do templo. Ele deixou bem claro que
temos o direito de quebrar o sábado, e nos disse o motivo: “o sábado foi feito para o homem, e não o
homem para o sábado” (Marcos 2:27). Não devemos ser limitados por regras e regulamentos sobre
qualquer dia, mas devemos usar nossos dias para nos adequarmos ao nosso propósito e não fazer
com que nosso propósito se adeque a um determinado dia (o autor aqui quer dizer nosso propósito
servindo a Deus, e não nosso propósito no sentido de caprichos do ego – nota do trad. G. S.).

No Antigo Testamento, existem leis dietéticas. No Novo Testamento, somos instruídos a não chamar
de impuro nada que Deus tenha feito. Com isso, Pedro teve que aprender a lição de que comer certo
tipo de carne não era pecado, como lhe ensinaram.

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O Testamento Hebraico ensinou a importância dos sacrifícios, não apenas o sacrifício de animais
vivos, mas o sacrifício de dinheiro e propriedades. O Novo Testamento ensina: “não te agradaram
holocaustos e sacrifícios pelo pecado” (Hebreus 10:6). Não há um Deus que se satisfaça por
estarmos na pobreza, abrirmos mão de nossas propriedades ou vivermos como ascetas.

Segundo o ensino hebraico, a circuncisão era uma das mais rígidas de todas as leis; mas Paulo
revelou que "a circuncisão de nada vale, e a incircuncisão de nada vale, o que importa é a
observância dos mandamentos de Deus" (1 Coríntios 7:19). Tudo isso faz parte da lei, mas devemos
deixar de viver sob a lei e viver sob a Graça. No Antigo Testamento, o batismo era um rito importante.
Sobre o batismo, o Mestre disse: “deixa por agora” (Mateus 3:15). Ele nunca declarou que fosse uma
necessidade.

A hora chegou para você?

Nos tempos bíblicos, a menos que uma pessoa fizesse uma viagem anual a Jerusalém para entregar
suas oferendas, sacrifícios e dízimos, dificilmente poderia esperar ser perdoado de seus pecados ou
ser considerado um bom judeu. Há um resquício disso hoje na fé hebraica quando, no Dia da
Expiação, é necessário, de acordo com seu ensino, jejuar vinte e quatro horas, de um pôr do sol a
outro pôr do sol. Então, todo pecado está perdoado, e a pessoa começa ao pôr do sol com uma lousa
completamente nova, sem punições por nada do passado, completamente livre. Mas a expiação não é
coisa tão simples.

O templo era realmente o centro da vida religiosa para os hebreus. Sem isso, nenhum homem era
considerado um homem religioso. Não era só que ele tinha que ir ao templo no sábado, mas havia
períodos de oração todas as manhãs da semana e, certamente, sexta-feira à noite, todo o dia de
sábado, todos os dias de festa e dias santos. Mas Jesus Cristo disse: “chegará a hora em que nem
neste monte, nem em Jerusalém, adorareis o Pai” (João 4:21). Com um golpe, ele libertou seus
seguidores de uma parte importante da lei hebraica, a adoração no templo. Mas como, sem templo?
Por centenas de anos, os homens trabalharam como escravos para construir templos, um após o
outro. Homens devotaram suas vidas à construção de templos, pensando que os construiam para a
Glória de Deus. E então veio esse homem, um rabino do templo, que lhes disse que não deveriam
adorar naquele templo.

Você não acha que tudo isso mostra até que ponto o homem ainda vive sob a lei do Antigo
Testamento, acreditando ter feito a transição da fé hebraica para a cristã, embora ainda tão
rigidamente vinculado à lei hebraica quanto os antigos hebreus?

A Liberdade deve ser encontrada dentro

O Mestre, sem dúvida, nos deu o Sermão da Montanha, o maior ensinamento que já foi pronunciado
pelo homem, que chegou até nós nos Evangelhos, por meio dos discípulos. Nele, Jesus aponta o que
o ensinamento hebraico é, e então explica o que constitui o ensino do Cristo com suas palavras: "eu,

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porém, vos digo..." Um estudante do Caminho que lê o Sermão da Montanha deve prestar atenção
especial a cada passagem que começa com “eu, porém, vos digo...”, e ver quantas dessas passagens
ele aceitou e pelas quais está vivendo. Então ele saberá até que ponto deixou de abraçar o
Cristianismo e ainda vive como um antigo hebreu. Tendo lido isso, não há como voltar atrás, até que a
transição tenha sido feita de “ouviste dos antigos” para viver por “eu, porém, vos digo...”. Não é difícil
gerar medo nas mentes daqueles que não são instruídos na Verdade Espiritual, mas seria impossível
criar medo na Consciência de um indivíduo corretamente instruído na Verdade, porque todo místico
em todas as épocas revelou que Todo o Poder está na Consciência do indivíduo. Não está em
nenhum deus ou deuses externos; o Poder não está na mente coletiva: o Verdadeiro Poder do
universo está na Consciência Individual. Isso foi revelado de muitas maneiras, mas o Mestre Cristão o
revelou em uma linguagem muito clara: “o Reino de Deus está dentro de vós” (Lucas 17:21). O Pai
está dentro de você: o Pai está dentro de mim. Embora eu mesmo não possa fazer nada, no entanto,
o Pai dentro de mim e o Pai dentro de você, Ele faz a obra. Assim é que cada indivíduo é Um com o
Infinito. Cada indivíduo é Um com Poder Infinito, com Vida Eterna, com Imortalidade e com a
Abundância Infinita de todo o mundo, e de todos os mundos além deste mundo. O Reino de Deus, o
Reino do Todo, o Reino desse Governo Divino que governa o Sol, a Lua e as estrelas, e o Reino que
governa o homem, está dentro de você. Não há exceções a esta regra, e a única razão pela qual o
mundo não demonstrou liberdade completa e abundância infinita é porque não aceitou os
ensinamentos espirituais dos mestres de todos os tempos.

Ignorância de Deus, nosso maior erro

O maior erro que cometemos é buscar um Deus em algum lugar fora de nós, principalmente no céu. O
erro básico tem sido a crença de que existe um Deus separado e à parte de nós, para ser adorado
nos templos sagrados. Deus deve ser encontrado dentro de nós, e então devemos aprender como
fazer contato com Ele, como trazer a influência de Deus para nossa experiência. Não o faremos
pedindo, implorando, suplicando, sacrificando ou pagando o dízimo para isso. O que sacrificamos e o
dízimo podem ser uma grande bênção para nós, mas nunca na forma de suborno.

Também cometemos outro grande erro. Acreditamos que Deus pode ser influenciado pelo homem.
Que tolice pensar em ir a montanhas sagradas, rios sagrados, cidades sagradas, templos sagrados e
em sacrificar ou dar o dízimo para influenciar a Deus! Quão tola a humanidade tem sido em ignorar a
Sabedoria que foi revelada tão claramente e está tão facilmente disponível! O homem não pode
influenciar Deus por pensamento ou ação, por meio de sacrifícios, orações ou tratamentos. Deus é a
Inteligência Infinita de todo este universo. Que absurdo acreditar que nós, com nosso conhecimento
finito, podemos influenciar Deus! Deus é o Amor Divino que gerou tudo o que existe. Que ridículo
tentar dizer a Deus para ser mais amoroso do que Deus já é, ou dar a impressão de que nós mesmos
somos mais amorosos do que Deus e que, portanto, sabemos o que faríamos se fôssemos Deus, e
assim julgamos poder dizê-lo a Deus!

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A violação da Lei traz sua própria pena

Os antigos hebreus acreditavam adorar a Deus, quando, na verdade, viviam sob a Lei Mosaica e
pagavam a pena pela violação dessa Lei. Sem saber que era a Lei, eles a chamavam de Deus, mas
era a Lei: a Lei dos Dez Mandamentos, as leis alimentares e as leis da sinagoga. A violação de
qualquer uma dessas leis trazia penalidades, assim como hoje: se violarmos as leis sob as quais
vivemos, eventualmente deve haver uma penalidade.

Tem-se acreditado que é possível violar essas leis e não pagar a pena por elas, e assim, essas leis
são notórias hoje mais pela violação do que por observá-las, mas o fato de que alguns podem parecer
escapar da pena pela violação da lei por um tempo não muda o fato de que ninguém consegue violar
a lei para sempre.

Não é geralmente entendido que essas não são leis que algum Deus distante em algum tempo futuro
nos punirá por violar, mas sim que a punição ocorre em nosso próprio ser pelo próprio ato de violação.
Em outras palavras, não precisamos esperar que um policial nos pegue ou que Deus no céu nos
pegue: o próprio ato de violação traz o castigo.

A razão de não aceitarmos isso é que passamos por toda a vida humana com pecados, doenças,
acidentes, com secas, com falta, com limitações e com guerras, e dizemos a nós mesmos: “mas eu
não fiz nada para merecer isso”... Isso não faz sentido! Todas as iniqüidades que foram infligidas às
nações do mundo nestes últimos séculos foram trazidas sobre elas por si mesmas, por sua violação
dos Dez Mandamentos. Individualmente, bem como coletivamente, violamos esses mandamentos,
não necessariamente todos os dez deles, mas o suficiente deles e, claro, tomando as nações
coletivamente, elas violaram todos os Dez Mandamentos. Desse modo, elas trouxeram sobre si as
guerras, depressões, doenças, pecados e falsos apetites. Todos estes foram trazidos contra eles por
violação da lei.

É verdade que, em muitos casos individuais, nossas violações não são suficientes para justificar
alguns dos horrores que nos atingiram, mas devemos lembrar que estamos vivendo uma vida coletiva
e, portanto, os pecados de nossa sociedade ou os pecados de nosso governo recaem sobre nós
mesmos, assim como os benefícios ou os lucros dessa vida coletiva voltam sobre nós mesmos.

Podemos determinar qual deve ser nossa experiência

Antes de fazermos progresso espiritual, é necessário compreender que o Reino de Deus está dentro
de nós, e que as questões da vida são resolvidas em nossa própria Consciência. Portanto, não
podemos buscar um Deus em algum lugar para que deixemos de lado as violações que cometemos,
nem podemos esperar escapar dessas violações ignorando-as, ou ignorando os Mandamentos.

Deixe-me esclarecer isso desta forma. Se o Reino de Deus está dentro de nós, então o governo de
nossa vida está dentro de nós e deve ser estabelecido dentro de nós. Mesmo que milhares possam

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cair à esquerda e dez mil à direita, isso não afetará o indivíduo que reconhece que as questões do
bem e do mal ocorrem dentro de sua própria Consciência.

O que acontece neste mundo não tem nada a ver conosco. É o que se passa em nossa própria
Consciência. Recebemos os frutos por permanecermos na Palavra, ou o murchar e morrer que vêm
por não permanecermos na Palavra, porque essa lei, que era a antiga lei dos hebreus, é repetida na
fé cristã. Nunca vamos acreditar que, pelo fato de sermos cristãos, podemos de alguma forma
escapar dessa lei, porque como parte de nossa herança cristã, Paulo nos deu o princípio: “tudo o que
o homem semear, isso também ceifará” (Gálatas 6:7).

Se semeamos obediência às leis de Deus e do homem, colhemos abundantemente; se semeamos a


desobediência ou a ignorância dessas leis, devemos colher o que vai murchar e morrer. Paulo
continua: “quem semeia em sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas quem semeia no Espírito,
do Espírito ceifará a Vida Eterna” (Gálatas 6:8).

Na herança hebraica, a Lei é revelada por meio dos Dez Mandamentos; na herança cristã, a mesma
Lei é revelada nas palavras de Paulo, mas o princípio é o mesmo. Podemos nos voltar para os
ensinamentos orientais e descobrir que os místicos do Oriente revelaram essa lei idêntica como lei
cármica, que nada mais é do que a lei do como-semear-assim-colherá.

Reconhecer isso nos faz perceber nossa responsabilidade em determinar a natureza da vida que
viveremos. Não estamos considerando o mundo neste momento: estamos considerando nossa
demonstração individual. Em última análise, é a nossa demonstração individual que é de extrema
importância para nós, porque é isso que vamos transmitir aos nossos filhos, netos e bisnetos. À
medida em que o mundo começa a ver os frutos da obediência, desejando esses frutos, ele se alinha.
Portanto, para cada individual a quem a Verdade Espiritual é revelada, surge uma oportunidade, um
privilégio e uma responsabilidade.

Vamos viver sob o Governo de Deus ou sob as leis humanas?

Conhecemos a pena de viver sob essa ignorância humana dos valores espirituais. Em uma quietude
interior e escuridão, temos a oportunidade de rever o que sabemos da Verdade Espiritual, então a
primeira responsabilidade é a capacidade de fechar nossos olhos e excluir o mundo, voltarmo-nos
para dentro, percebendo que aqui, dentro de nós, está o fator determinante de nossa vida, e não o
que nossos pais ou avós fizeram. Eles viveram suas vidas; eles se beneficiaram ou pagaram a pena,
o que quer que tenha sido ou ambos, mas aqui dentro de nós, temos o poder de trazer uma vida sob o
Governo de Deus, ou momentaneamente temos a escolha de ignorar isso e continuar num modo
humano e desordenado de vida. Ou estamos caminhando acidentalmente nesta terra como cegos,
tolos, ou reconhecemos que não estamos aqui por nossa própria vontade.

Por trás deste mundo está o Criador, o Princípio Criativo, a Sabedoria Infinita e o Amor Divino que me
trouxe à existência. Por trás deste universo está Aquele que criou o Sol, a Lua, as estrelas e, acima

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de tudo, o homem. Por trás deste universo está o Governo Divino, que permite que as marés ocorram
em seu tempo, o movimento dos planetas seja ordenado, as estações progridam na devida ordem.

Há uma Influência Divina governando este universo, e Seu Reino está dentro de mim. Ele me trouxe
em expressão. Eu sou sua descendência. O Espírito de Deus que me formou no ventre de minha mãe
está comigo. Este Espírito que me criou sempre esteve dentro de mim, e estava dentro de mim
quando entrei neste mundo. Ele prometeu:

Nunca te deixarei, nem te desampararei (Hebreus 13:5). Eu, no meio de ti, sou poderoso. Eu, no meio
de ti, sou maior do que aquele que está no mundo. Eu estarei contigo até o fim do mundo. Eu estarei
contigo se subires ao céu; Eu estarei contigo se fizeres temporariamente tua cama no inferno; Eu
estarei contigo se caminhares pelo vale da sombra da morte (Salmos 23:4). Eu, o Pai dentro de ti,
nunca te deixarei ou te desampararei. Olha para Mim, a Presença de Deus dentro de ti, e seja salvo.
Olha para mim. Não busques pelo céu, pelo Sol, pela Lua, estrelas, planetas, mas busque por Mim, o
Pai dentro de ti. Então descansa e acalma-te, pois Eu Sou a Infinita Sabedoria que te formou no útero;
Eu Sou o Amor Divino que te mantém e sustenta ao longo de todos os tempos.

Dois Mandamentos substituem os Dez Mandamentos

O Espírito de Deus nos deu duas Leis que são muito melhores do que as dez, porque podemos
obedecer a essas dez e rejeitar outras dez, mas se obedecermos a estas duas, não incluiremos
apenas as dez, mas dez mil outras. “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua
alma e de toda a tua mente. E o segundo é semelhante a este: Amarás o teu próximo como a ti
mesmo” (Mateus 22:37,39). A violação desses dois mandamentos provoca o murchar e morrer; a
violação desses dois mandamentos é o bumerangue que volta a nós trazendo o pecado, doenças,
velhice, rumores e medo de guerras.

Como, então, devemos obedecer a esses dois mandamentos? Se ainda pensamos em Deus em
termos do que antes acreditávamos que Deus fosse, não há como amá-lo. Não há como amar a um
Deus que pune depois de nos dar a capacidade de errar. Não há como amar um Deus que nos
remete ao inferno ou à condenação. Não há como amar a um Deus que lança um dilúvio na terra para
destruir todo o Seu povo. Não há como amar a um Deus responsável pela morte de nossos filhos.
Não há como amar a um Deus responsável pelos acidentes na estrada ou no ar. Portanto, não há
como obedecer a esse primeiro mandamento até que arranquemos esse conceito de Deus pela raiz e
o descartemos para sempre.

Compreender e conhecer a Deus corretamente é amar a Deus. É fácil amar a Deus, uma vez que
conheçamos a Deus. Quando descobrimos o que é Deus, quem é Deus, onde Deus está e como
Deus funciona em nossa experiência, descobrimos que entramos em uma Vida de Amor. Nunca nos
cansaremos de amar a Deus, mas não até que tenhamos arrancado esses falsos conceitos de Deus,
as falsas imagens de Deus, o Deus a quem adorávamos ignorantemente. Deixemos de lado por um
tempo nossas tentativas de amar o Senhor nosso Deus, até que aprendamos um pouco mais sobre

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Sua Natureza, e vejamos como podemos amar o nosso próximo. Ao descobrir esse amor pelo nosso
próximo, seremos levados de volta aos pés de Deus, de volta ao Reino de Deus.

O Princípio da Unidade torna o Amor possível

"Ama a teu próximo como a ti mesmo". Ame o seu próximo como se ele fosse você mesmo: aqui está
o primeiro mistério. Seu próximo É você mesmo; teu vizinho é você mesmo. A razão é esta: só existe
Uma Vida, e você e eu estamos vivendo esta Vida. Esta vida é Uma Só: é a sua vida e é a minha
vida, mas antes de ser “sua” ou “minha”, era a Vida que é Deus. Existe apenas Um Deus; portanto, só
pode haver Uma Vida. A vida que estou vivendo é a Vida de Deus, e a vida que você está vivendo é a
Vida de Deus. Portanto, a minha vida é a sua vida, a Única Vida que é Deus.

Existe apenas Uma Inteligência do universo, Uma Inteligência que formou todo este universo. Essa
Inteligência é sua e minha. Existe apenas Uma Fonte de Inteligência - sua inteligência e a minha - e
ela emana de Deus. A Sabedoria de Deus é Infinita, e as escrituras dizem "Seu entendimento é
infinito" (Salmos 147:5).Portanto, você e eu não temos sabedoria, exceto que temos a Dele.

Existe apenas Uma Alma, Uma Fonte. Só pode haver Uma Pureza; só pode haver Uma Imortalidade,
e essa é Infinita. A Alma que é Deus é a alma do homem individual, e isso significa minha alma e sua
alma; portanto, temos apenas Uma Alma em comum. Portanto, minha vida é sua vida; minha mente é
sua mente; minha alma é sua alma.

Há apenas Uma Fonte: “a terra é do Senhor e toda a sua plenitude” (Salmos 24:1), e “filho ... tudo o
que tenho é teu” (Lucas 15:31). Meu suprimento é o seu suprimento, e se eu não souber disso, perdi
o verdadeiro sentido de provisão. Se não sei disso, perdi o sentido da Vida, da Sabedoria e da
Pureza.

Deus é meu Ser; Deus constitui meu Ser; Deus é a Vida, a Mente, a Alma, o Espírito, e até mesmo
meu corpo é o Templo do Deus Vivo. Isso poderia ser verdade para mim e não ser para você? Deus
nos livre! O mundo estaria sem Deus se alguém, em qualquer momento, pudesse dizer isso de si
mesmo e não declarar que é universalmente verdadeiro. Quem poderia falar do Pai dentro dele sem
se lembrar do Pai dentro de todos? Portanto, o mesmo Pai está dentro de mim e está dentro de você.
É nossa sorte que Ele não seja um Pai Hebraico ou um Pai Cristão, mas o Pai, o Espírito, a Vida
Única de TODOS.

Se eu não posso amá-lo exatamente como amo a mim mesmo, então estabeleço duas identidades e
aí estou fora do Reino de Deus. Uma vez que eu entendo que você é o meu Eu em outra forma, então
minhas ações para com o seu Eu devem ser aquelas que eu gostaria que você realizasse com o meu
Eu. Somente nesta Unidade estamos sob a Lei de Deus; somente assim os Dez Mandamentos podem
ser cumpridos. Eles podem ser cumpridos somente com a compreensão de que o que faço a outra
pessoa, faço a mim mesmo.

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Tornando-nos instrumentos de Deus

O grande milagre da Vida Espiritual é que, uma vez que nos colocamos em obediência a amar ao
nosso próximo como a nós mesmos, automaticamente nos colocamos sob o Amor de Deus. Com isso,
vem o milagre: uma transição da lei para a Graça. Sejamos obedientes à Lei do amor ao próximo e do
amor a Deus, e faremos uma transição da consciência em que estamos para uma Consciência sob a
Graça. A partir do momento dessa transição, não há mais responsabilidade ou atividade por nós
mesmos; não há mais o “seu” amor ao próximo nem o “seu” amor a Deus: todo o movimento é um
movimento de Deus através de nós.

Isso é claramente revelado no panfleto “Amor e Gratidão”, onde fica tão evidente que nós mesmos
não podemos amar, porque o Amor é de Deus. Só podemos ser os instrumentos através dos quais o
Amor de Deus se derrama através de nós, de uns para os outros. Por causa dos séculos de nosso
senso de separação de Deus, estamos agora em uma posição em que devemos aceitar
conscientemente a Lei de amar nosso próximo e de amar a Deus. Então, depois de nos submetermos
a essa Lei, descobrimos quão rapidamente passamos da lei para a Graça; e sob a Graça, não parece
haver um pequeno “eu” ou um pequeno “você” para o real exercício do Amor. Tudo está sendo feito
através de nós, e podemos nos sentir como uma vidraça deixando a Luz brilhar.

É uma coisa muito estranha que ocorre com a transição da lei para a Graça. Foi o que o Mestre nos
revelou, quando disse: “por que me chamas bom? (Mateus 19:17)”. Ele era bom, nós sabemos disso;
ele era mais do que bom: ele era perfeito. Mas quando ele diz: "por que me chamas de bom?", o que
ele pretendia transmitir é que havia ultrapassado aquele estágio de transição da boa humanidade para
aquele em que Divindade assumiu, e não havia mais um “homem” para ser bom: havia apenas o Pai
dentro para fluir.

Foi o mesmo com a cura. Ele sempre disse: “Eu, de mim mesmo, nada posso fazer” (João 5:30),
sabendo que, humanamente, uma pessoa não tem capacidade de cura, mesmo que essa pessoa seja
Jesus Cristo. Mas há esta Graça que flui e realiza o que é dado a uma pessoa a fazer, de modo que
se alguém disser: "ó Mestre, cura-me" ou "ó Mestre, ensina-me" ou "ó Mestre, abre meus olhos”, há
esta Graça Divina que flui e faz isso.

A transição da lei para a Graça

Séculos antes de Abraão, Isac e Jacó, foi descoberto que o homem leva uma vida tripla. Existe a vida
que ele vive em sua escuridão espiritual, quando ele é uma combinação do bem e do mal. Com algum
grau de iluminação religiosa, ele faz a transição de ser parcialmente bom e parcialmente mau para,
em grande medida, viver uma vida humanamente boa, sem violar conscientemente os Dez
Mandamentos. Este é o período de sua existência que é o período do bem humano, e é a função da
maioria dos ensinamentos religiosos levar a humanidade de ser parcialmente boa e parcialmente má
a uma vida humanamente boa.

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No entanto, há um terceiro estágio, e isso também foi revelado nos tempos mais antigos.
Provavelmente teve sua origem na Índia, onde hoje vemos muito da ignorância espiritual. Foi aí que a
Sabedoria Espiritual veio à luz pela primeira vez na Terra. Essa Sabedoria Espiritual revelou que há
um momento em nossa experiência humana quando fazemos essa transição de sermos humanos
para quando o Divino assume, conduz e vive nossa vida. Nos ensinamentos do Oriente, esse estado
de Consciência é chamado de estado de Buda, e é reconhecido que qualquer um pode atingir o
estado de Buda, pelo menos em certa medida. Nem todos atingirão o grau pleno de Gautama, o
Buda, mas em alguma medida todos os homens e mulheres podem aspirar a algum grau da Vida de
Buda, na qual o Espírito, a Sabedoria e o Amor de Deus assumem e iluminam essa Vida.

No ensino cristão, em vez da palavra Buda, a palavra é o Cristo. Ambas as palavras significam Luz,
Iluminação. Essa iluminação, ou Cristandade, é nosso objetivo. Nem todos os homens podem atingir a
plena medida da Cristandade mostrada por Jesus de Nazaré, mas a todos os homens e mulheres é
ordenado que alguma medida da Cristandade seja revelada e, por fim, a plena Luz e plena
Iluminação.

Paulo percebeu isso em alguma fase e algum dia de seu ministério, quando revelou: “vivo, não mais
eu, mas Cristo vive em mim” (Gálatas 2:20). Essa é uma experiência real que acontece a muitos.
Muitos na Terra, nos dias de hoje, alcançaram esse estágio em que em algum grau sua alma, mente e
corpo foram tomados, e eles podem verdadeiramente dizer: “eu vivo, mas não totalmente eu. É
realmente o Pai , o Cristo, o Espírito de Deus que vive em mim. Eu mesmo não posso reivindicar
crédito por benevolência, virtude, caridade ou bondade. Devo reconhecer que algo um dia aconteceu
e o Espírito assumiu o controle, o Espírito de Deus no homem, e está se cumprindo em minha vida ou
em meu ministério”. Há muitos hoje vivendo esta vida em alguma medida, isto é, tendo suas vidas
vividas pelo Cristo por eles.

Este é o estado de Consciência referido nessa declaração: “porque a Lei foi dada por Moisés” - e você
deve viver em obediência a essa lei - “mas a Graça e a Verdade vieram por Jesus Cristo”. Quando
você é tocado por esta Graça de Cristo e sente que sua vida está sendo vivida por um Espírito dentro
de você, você não pode mais amar seu próximo ou mesmo amar seu Deus, mas há um Amor fluindo
através de você que abrange não apenas seus assuntos, mas os assuntos daqueles que estão dentro
do alcance de sua Consciência e, em certa medida, afetam até mesmo o mundo inteiro.

Viva o Amor

Vamos parar de buscar fora um Deus ou algum parente ou amigo para viver nossas vidas por nós, e
vamos perceber a partir deste momento:

O Reino de Deus está dentro de mim. O Governo de Deus está dentro de mim; e posso buscar dentro
de mim para receber o Governo de Deus.

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Temos apenas um preço a pagar: ter certeza de que amamos nosso próximo como a nós mesmos, da
maneira mais elevada possível de nosso entendimento atual. Nada mais é esperado de nós do que
esse entendimento. Mesmo se tivermos compreensão apenas o suficiente para amar nosso próximo a
ponto de perdoá-lo, isso já servirá por hoje. Se nosso entendimento nos permite compartilhar apenas
dez centavos com nosso vizinho ou sermos um pouco mais cooperativos, então isso é tudo o que nos
é exigido hoje. Mas vamos ao menos cumprir o amor ao próximo como a nós mesmos na medida em
que possamos entendê-lo e demonstrá-lo hoje. Que todos os dias eu possa olhar para dentro de mim
com a compreensão de que tenho o Governo de Deus dentro de mim, que "a terra é do Senhor e toda
a sua plenitude", que tudo o que o Pai tem é meu: meu para mim e meu para compartilhar, pois ainda
sobram doze cestos cheios. Vivamos tanto amor e, então, amemos a Deus, porque não temos mais
medo do castigo, nem nesta Terra nem depois desta Terra. Quando obedecemos aos dois
mandamentos, não há punição vindo sobre nós pelos pecados do passado nesta Terra ou em
qualquer vida futura, porque não há punição em Deus, e aqui e agora, o pecador que pecou não é
mais pecador, e o passado será apagado. A lei cármica foi anulada. Saulo de Tarso agora é Paulo; a
mulher apanhada em adultério agora é Maria; e pelo que sabemos, o ladrão na cruz pode agora ser
outro Cristo na terra.

Não sou mais a pessoa que era ontem. Minha identidade mudou, até meu nome mudou, e eu me
conheço por outro nome: Cristo, o Filho de Deus. Não tenho mais herança humana, pois não chamo
nenhum homem na terra de meu pai. Deus no céu é meu Pai; Deus dentro de mim é meu Pai; o
Espírito deste universo é meu Pai; e eu herdei minhas tendências e meus traços de meu pai.

Quanto tempo vou viver? Viverei tanto quanto meu Pai viver, e Ele está vivendo, eternamente,
imortalmente. Deus é Vida Eterna e Imortal e, portanto, minha Vida é Eterna.

Este é o passo que nos separa do homem animal, que vive a autopreservação como a primeira lei de
sua natureza, e vive sob a lei do como-semear-assim-colherá. Este é o primeiro passo que nos leva a
dizer: "não, perderei minha vida se necessário, mas não vou tirar a de outro, e ao perder minha vida,
encontrarei a Vida Eterna. Se eu tirar a vida do meu próximo, tirarei a minha própria, pois a vida dele é
a minha vida, e a minha vida é a vida dele”. Nesta Consciência, demos o primeiro passo em direção a
essa humanidade perfeita, o passo que vem apenas um segundo antes que a Graça Divina assuma e
diga: “agora você não tem mais vida para viver. Doravante, Eu, Deus, Eu, o Cristo, vivo a sua vida”.
Porque o Espírito de Deus Interior é a nossa vida, devemos ter em mente que nada de fora pode nos
contaminar, mutilar, matar ou nos fazer qualquer coisa destrutiva, porque a Graça de Deus e o Poder
de Deus estão dentro de nós. A Graça não depende de termos sido perfeitamente bons ou não: ela
existe como um dom de Deus para todos que se voltam para ela, mas não como uma recompensa.
Não há poderes fora de nós que possam contaminar ou cometer uma mentira; não há poderes fora de
nós que possam ser destrutivos contra nós, pois o Reino de Deus está dentro de nós.

Eu, no meio de você, sou poderoso. Eu, no meio de você, nunca vou lhe deixar ou lhe desamparar.

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Notas de Gabinete

Por meio de nossa meditação e prática, cada Princípio do Caminho Infinito que tornamos parte de
nossa Consciência nos leva muito mais perto do objetivo de viver na quarta dimensão. Aos poucos,
nos descobrimos vivendo como observadores, observando Deus viver Sua vida como nós, enquanto
ficamos um pouco de lado. O fardo é retirado e a Graça prova sua plena suficiência. Não é uma meta
que vale a pena todo esforço?

10 – “A NINGUÉM CHAMAR DE SEU PAI SOBRE A TERRA”

Fazer a transição da mortalidade para a imortalidade, de ser o homem da Terra para ser aquele
homem que tem seu ser em Cristo, requer uma atividade de Consciência. Ninguém pode fazer essa
transição espiritual da mortalidade para a imortalidade por qualquer outra pessoa. Cada um deve
fazer isso em sua Consciência por uma percepção de sua Identidade, isto é, por compreender a
natureza de seu Ser.

Qual é a sua avaliação de si mesmo?

Você acredita que o Espírito de Deus habita em você? Você acredita que existe um Cristo habitando
em você? Você acredita que nenhum homem na terra é seu pai, que você tem apenas um Pai, Deus
no céu? Você acredita que é o Templo de Deus? Você acredita que pode fazer todas as coisas por
meio de Cristo que habita em você? Você acredita que Eu, no meio de você, sou poderoso?

Se você não pode responder a essas perguntas afirmativamente, você é o ignorante não iluminado, o
homem da Terra, que não está sob a Lei de Deus. Você nunca estará sob a Lei de Deus até que
possa reconhecer que tem apenas um Pai, um Criador Espiritual, um Princípio Criativo. Até que você
possa reconhecer isso, como você pode ser outra coisa senão humano, mortal, carnal? Você nunca
pode se elevar mais do que sua avaliação de si mesmo.

Qual era a natureza do ensino do Mestre? Ele não estava revelando que este Pai que habita nele,
este Cristo, é o seu Pai? Ele não estava revelando que, por ser Filho de Deus, você também é Filho
de Deus? Existe algum registro no Novo Testamento de que ele se estabeleceu como algo diferente
de você? “Ele fará maiores obras do que estas” (João 14:12), coisas ainda maiores. Você aceita seu
ensino de que Deus é seu Pai e, portanto, que você é o Templo de Deus? Se você fizer isso, terá uma
estimativa diferente de si mesmo e não poderá errar.

O que promove a Purificação e Integridade Espiritual?

Você vê como é ridículo tentar ser bom só porque existem os Dez Mandamentos? Tudo que você
precisa fazer é olhar para a história do mundo para saber que os Dez Mandamentos não tornaram ou
mantiveram o mundo bom. Você pode ir mais longe e ler o Sermão da Montanha. Isso tornou o mundo

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bom? Não, muitas pessoas não estão apenas violando isso, mas até mesmo alguns ministros estão
dizendo que é muito impraticável para esta época.

Só existe uma maneira pela qual você pode se purificar para que o pecado se torne uma
impossibilidade para você. Depois de saber que você mesmo é o Templo de Deus, como pode violar a
si mesmo? Depois de saber que seu corpo é o Templo de Deus, como você pode violá-lo? Uma vez
que você sabe que todos nós, tanto individualmente quanto coletivamente, somos o Templo de Deus,
como você poderia violar qualquer outra pessoa? Se você acredita que seu corpo e meu corpo são o
Templo de Deus, como você poderia violar o corpo de alguém? Não há outra maneira de se purificar
e manter sua pureza, exceto saber que você é o Templo de Deus e que todo indivíduo sob o dossel
do céu, quer ele saiba disso ou não, também é o Templo de Deus. Sabendo disso, você poderia ter
dentro de você o poder de mentir, trapacear ou fraudar?

Não há maneira de alcançar Integridade Espiritual, a não ser conhecer sua Verdadeira Identidade. Até
então, as pessoas têm a capacidade de se envolver em qualquer tipo de maldade, podem criar
guerras, depressões, falências; podem violar qualquer pessoa ou qualquer coisa, porque pensam que
estão fazendo isso com um homem ou mulher, e pensam que são apenas um homem ou uma mulher
fazendo isso.

Se você ou eu pensamos ou fazemos algo de natureza errônea, sabemos disso, e muito rapidamente
nos sentamos para julgar a nós mesmos, mas então, o mais rápido possível, tentamos reparar ou
fazer com que o erro não se repita. Isso é verdade para todos, exceto para o indivíduo totalmente
animalesco, e existe gente assim no mundo. Existem algumas pessoas tão completamente
animalescas que não têm consciência de nenhuma transgressão. Não faria diferença se puxassem o
mundo inteiro sobre seus ombros, ainda assim eles não teriam a sensação de que fizeram algo
errado. Do ponto de vista deles, qualquer coisa que alguém alegasse ter feito de errado, em sua
opinião, provavelmente seria culpa de outra pessoa, e eles simplesmente foram feitos para fazer isso.
Existem aqueles que podem destruir uma empresa, um banco, um lar ou uma nação, e não ter a
menor pontada de consciência, porque não têm o menor senso de transgressão. Essas pessoas estão
vivendo totalmente no nível de vida animal, e nada importa para elas, exceto "eu", "mim" e "meu". A
autopreservação é tudo o que conta para eles. De uma forma ou de outra, qualquer mal que eles
façam é sempre culpa da outra pessoa (eu, pessoalmente, acho os animais muito mais “conscientes”
do que tais pessoas – nota do trad. G. S.).

A função da Consciência

A pessoa comum tem o que é chamado de Consciência, que a impede de fazer muitas coisas
erradas, exceto sob provocação. Na maioria dos casos, nem mesmo permite que ele cometa um erro
leve sem saber e tentar corrigi-lo. A razão para isso é que, na realidade, você e eu somos Seres
Espirituais, nós somos o Cristo, somos o Filho de Deus, a emanação de Deus; e temos em nós a
Mente de Cristo Jesus.

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Ao descrever isso, Paulo disse: “porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse
faço. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim”
(Romanos 7:19,20). Essa é a verdade sobre cada um de nós. Não pecamos; no entanto, surge aqui e
ali a tentação de pensar ou fazer algo errado, e às vezes cedemos a isso, e outras vezes
conseguimos vencer a tentação. Rendemo-nos não porque sejamos maus, nem porque haja algum
mal em nós, mas porque nascemos nessa crença em dois poderes, nesse senso de pecado que
opera em nós: esse senso de “eu”, de materialidade e autopreservação .

E assim, embora sejamos melhores que isso, às vezes fazemos o que é errado ou pensamos o que é
errado, mas não porque existe um “eu” que tem um lado bom e um lado ruim. Você é o Eu-Cristo;
você é Filho de Deus; você é a própria Perfeição; e qualquer coisa menos do que isso não é você. É
por isso que você pode reconhecê-lo e querer superá-lo; você quer perder a sensualidade e os falsos
apetites, porque você, em sua Verdadeira Identidade, é esse Filho Espiritual.

Os alunos em evolução estabelecem uma guarda sobre sua natureza inferior

O Cristo é o seu Eu, o iluminado, e você, em sua identidade espiritual, é esse Eu iluminado. Você não
adquire a mente que estava em Cristo Jesus: você tem a mente que estava em Cristo Jesus. No
entanto, lado a lado, existe esse sentido material ou finito, e é isso que o Mestre superou. Ele venceu
este mundo, ou seja, a sensação mortal de mundo em si mesmo.

No misticismo chinês, esse princípio é ilustrado de outra maneira. Lao Tzu é mostrado sentado em um
cavalo, o cavalo representando os cinco sentidos físicos. Quando uma pessoa não está no controle, é
melhor sentar-se voltado para a frente e ter um bom controle das rédeas, mas quando tiver alcançado
o domínio dos sentidos, pode sentar-se de costas no cavalo sem nem mesmo tocar nas rédeas, e o
cavalo não pode fugir com ele. Ele é o mestre, e o cavalo sabe disso.

Assim, enquanto você evolui como estudante, você deve observar sua natureza inferior; você tem que
segurar as rédeas. Você tem que resistir à tentação; você tem que se lembrar da Verdade; você tem
que ter passagens da Bíblia para mantê-lo na Verdade de que existe um “Ele” dentro de você. Tudo
isso atua como uma ponte para levá-lo do sentido material da vida para o sentido espiritual.

Depois de chegar à consciência de seu Ser como a Mente Crística, tudo isso se vai. A batalha
acabou; não há mais tentações: você está vivendo como um Ser Espiritual e está vendo todos os
outros como Seres Espirituais. Agora você não tem outra capacidade a não ser fazer aos outros o que
gostaria que fizessem a você, porque, no que diz respeito a você, você “é” o outro. Qualquer coisa
que você fizer a outra pessoa para o bem ou para o mal, você faz a si mesmo. Agora você já pode
dispensar sua ponte, porque agora você está lá, do outro lado.

Pense por um momento no que acontece quando você percebe que Moisés recebeu: “Eu sou o que
Sou”. Desafio você a fazer essa declaração e cometer um erro!

Eu Sou. Eu Sou o Filho de Deus; Eu Sou o Cristo. Deus é meu Pai, e seu também.

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Você não poderia cometer um erro, porque sabendo que é o Cristo, você não violaria sua própria
Integridade, e você não poderia violar a Integridade de outra pessoa, sabendo que a outra pessoa é
você mesmo.

O Ser Único

O ensino do Ser Único é um dos maiores ensinamentos do Mestre:

“Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; eu era um estrangeiro, e
me acolhestes; nu, e me vestiste; estive doente e me visitastes; estava na prisão e vós viestes a mim”
(Mateus 25: 35,36).

Os discípulos não conseguiam entender o que o Mestre queria dizer, porque Jesus não estava na
prisão, não estava em um hospital, não estava na pobreza, não estava nu e não estava com fome.
Como ele poderia dizer que era tudo isso e que eles o ajudaram? Sua resposta foi: ‘“visto que o
fizestes a um destes meus irmãos menores, a mim o fizestes” (Mateus 25:40), porque o menor é o
Cristo que Eu Sou, vós O reconhecestes somente em mim, mas não O reconheceis neles, e agora
estou vos dizendo’.

Ele estava tentando ensinar-lhes que o Cristo que ele era é o Cristo de seu Ser, e é o Cristo de todas
as pessoas oprimidas do mundo. Não se esqueça! Eles são o Cristo vindo a você em busca de ajuda,
mas não estão despertos para sua própria Cristandade. Quando você os serve, você está servindo a
Cristo; e quando você não está servindo a eles, você não está servindo a Cristo.

Você se lembra da história do sapateiro alemão que procurava o Cristo todos os dias, esperando que
o Cristo viesse à sua porta? Simplesmente parecia que isso nunca aconteceria. Um dia chegou uma
pessoa muito pobre precisando de sapatos, e o sapateiro, sem pensar, é claro, que aquele poderia
ser o Cristo, fez um par de sapatos para ele. No dia seguinte, o mendigo voltou com o manto do Cristo
e revelou sua Identidade.

Existem muitas histórias como a do mendigo à beira do caminho. No Havaí, há a história de Pele, que
às vezes aparece aos viajantes na estrada como uma viúva pobre. Então, quando alguém lhe dá uma
carona, ela se revela como a deusa. Tudo remonta ao ensino do Mestre: "visto que o fizestes ao
menor destes meus irmãos, o fizestes a mim", pois Eu Sou ele.

Não há como trazer paz à Terra desejando que os seres humanos sejam bons uns para os outros,
porque isso não está em sua natureza. Por outro lado, é impossível para uma pessoa ser cruel com
outra quando conhece sua Verdadeira Identidade.

Se você disser que tenho o Espírito de Deus habitando em mim, que manifesto o Cristo, então eu digo
a você: “você está certo, o Cristo realmente habita em mim, e o Espírito de Deus habita em mim...
Mas olhe ao redor, esta é uma Verdade Universal!”

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“Deus não faz acepção de pessoas” (Atos 10:34) e Ele não colocou uma pessoa em uma plataforma
para “ser espiritual”, enquanto todos os outros são humanos. Se eu mostro alguma evidência de
espiritualidade, é porque reconheci o Cristo em mim mesmo. Eu não poderia violá-Lo mais do que
você pode quando percebe o Cristo de si mesmo, e mais especialmente quando você percebe o
Cristo de todos os outros.

Conhecer sua Verdadeira Identidade torna sua presença uma bênção

Provavelmente alguns de vocês sabem como Walt Whitman passou muitos de seus dias e noites,
visitando soldados do sul e do norte em hospitais em Washington DC, durante a Guerra Civil. Foi um
período de sua vida em que ele tinha muito pouco dinheiro, mas o pouco que tinha, ele gastava com
papel, lápis e selos postais. Ele sentava-se ao lado da cama dos rapazes e os deixava ditar cartas aos
pais ou amigos que ele escrevia e enviava com os selos que comprava.

Dessa forma, ele serviu a Cristo. Era a única maneira que ele tinha, e ele o fez com seu corpo, sua
mente e com o pouco de dinheiro que tinha. Ele era uma pessoa que conhecia sua Identidade e a
Identidade dos soldados a quem servia, fossem eles soldados do sul ou do norte. Que diferença isso
poderia fazer para uma pessoa que conhece o Cristo de sua Identidade e a Identidade de Cristo de
outras pessoas? “O lugar em que estás é solo sagrado” (Êxodo 3:5), não porque o solo seja vendido
caríssimo a cada metro, mas porque Deus encarnado como seu Ser Individual está ali. Isso é o que o
torna o solo sagrado - não porque alguém fez uma oração vazia a respeito, mas porque você está ali.

Para levar uma bênção, para curar os enfermos, para consolar os que choram, é preciso conhecer a
sua Identidade. Como ser humano, você não pode curar os enfermos; como ser humano, você não
pode confortar o enlutado; como ser humano, você não pode suprir os pobres. Mas se o Espírito de
Deus habita em você, você nunca tem que dizer uma palavra sobre a Verdade Espiritual ou Deus: sua
própria presença é uma bênção. Na verdade, quanto menos você disser, melhor.

Quando Walt Whitman foi ao lado da cama daqueles rapazes, ele nunca disse a eles as verdades
místicas que ele conhecia: ele apenas falou com eles sobre eles mesmos e suas famílias, e escreveu
cartas para eles. Freqüentemente, os médicos relataram que os homens despertaram do medo da
morte por ele se sentar ali escrevendo aquelas cartas. Foi esse o motivo? Não! A razão é que ele foi
lá com Amor em seu coração, e porque Deus é Amor, ele foi com Deus em seu coração, e sua
presença era a Presença de Deus.

Quem vai a algum lugar com Amor, vai com Deus, porque Deus é Amor. Veja bem que, então,
enquanto houver Amor em seu coração - não o tipo pessoal de amor que escolhe apenas aqueles
para quem deseja ser bom, mas o amor que está disposto a compartilhar com os pobres, os infelizes,
o doente ou o enlutado - você está carregando Deus em seu coração; e, portanto, sua presença é
uma bênção para qualquer pessoa, para todos. Sem esse Amor em seu coração, você é estéril, sua
presença não é uma bênção; e não há bênção voltando para você, porque nenhuma bênção chega a

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ninguém, exceto a bênção que ele próprio envia. É o pão que você joga nas águas que volta para
você.

Apenas a doação de si mesmo dá um propósito real à vida

Com frequência, é feita a pergunta sobre a razão de vivermos. Você tem um motivo para viver? Existe
alguma razão para você permanecer na Terra? A resposta deve ser não, a menos que você esteja
vivendo impessoalmente como uma bênção para o mundo. Não me refiro a ser bom apenas para sua
família. Uma vida inteira de devoção à sua família não merece meia estrela dourada, porque você não
está fazendo isso de forma altruísta. Sua família é parte de seu eu humano. Você poderia morrer de
fome para mandar toda a sua família para a faculdade, e isso não lhe valeria nenhum mérito. É o que
você faz impessoalmente, o que você faz a outra pessoa que não o chama, isso é Amor. O outro é
egoísmo, não importa como seja chamado.

Não há crítica, nenhum julgamento e nenhuma condenação por causa disso. Não se pode esperar
que a pessoa que não conhece sua Identidade ou que não conhece a Identidade de todas as outras
pessoas viva altruisticamente. Somente quando você despertar para o fato de que Deus se encarnou
como homem individual, você terá certeza de que, além de mandar seu filho para a faculdade, ajudará
o filho de outra pessoa a ir para a faculdade, ou além de ajudar seus colegas americanos , você
também ajudará seus compatriotas chineses, cubanos, húngaros, indianos, quem quer que seja.

Você não vê, então, que, como ser humano, não se pode esperar que pense em ninguém na Terra, a
não ser em você e sua família? No momento, porém, que você faz a transição de ser o homem da
Terra para ser aquele homem que tem seu Ser em Cristo, você não se importa se for crucificado por
seus discípulos, seus alunos ou qualquer outra pessoa, porque você está agora devotando sua vida a
Cristo, quer o Cristo apareça como seu próprio povo ou o povo de outra pessoa.

Paulo, que era hebreu, deu sua vida para que a mensagem cristã fosse levada aos europeus, que não
eram hebreus, aos pagãos e aos gregos. Ele levou a Palavra por todo o sudeste da Europa, não
apenas para seu próprio povo, mas para qualquer pessoa que quisesse ouvi-la. Por quê? Porque ele
alcançou a Cristandade e, portanto, sabia que esses outros também eram o Cristo, e deveriam ser
despertados para a compreensão e o conhecimento de sua Verdadeira Identidade.

Não viole o manto

Você não vê que foi a falta de compreensão da Verdadeira Identidade do homem que foi responsável
por todas as diferentes seitas no mundo hoje? Eles estão todos convencidos de que têm o Deus
Verdadeiro e que todos os outros estão em total escuridão, e então, até recentemente, eles traçaram
um círculo e deixaram todos de fora. É por isso que O Caminho Infinito nunca deve ser organizado.
Ele é um reconhecimento da Verdadeira Identidade, aquilo que me foi revelado sobre o meu Eu, que
também sei ser a sua Identidade, mesmo antes de você despertar para esse conhecimento. Na
verdade, estou ajudando a despertá-lo para o conhecimento e a experiência da Cristandade. Eu não

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poderia fazer isso se você já não fosse o Cristo. Eu não poderia fazer de você o que você não é. Mas
posso despertar você para o que você é, e então vê-lo sair pelo mundo para os judeus, para os
protestantes, católicos, vedantistas, zen-budistas e para todo o resto. Olhe para todos eles e
reconheça que eles são o Templo de Deus, e que seu corpo é o Templo de Deus.

Olhe para este mundo e mostre sua compreensão desta Verdade por seu respeito por cada "você"
que você encontrar, e pelo corpo de todos que você encontrar. Você não pode violar nada nem
ninguém quando conhece sua Verdadeira Identidade, porque você não pode violar sua Cristandade.

Às vezes, na literatura mística, isso é chamado de "vestir o manto". Significa que, quando você
reconhece seu nome e natureza, você veste aquela túnica branca de Cristo. Não é um manto
material: é apenas uma sensação que você tem de estar envolto em imortalidade e pureza. Às vezes
você ouve sobre alguém que vestiu aquele manto, que se autodenominou o Cristo, o Ser Espiritual, e
então o violou, jogando lama em seu próprio manto branco. Isso é chamado de “perversão espiritual
nas hostes celestiais” (Efésios 6:12), e embora eu acredite que um ser humano possa ser perdoado
por qualquer pecado, porque todo pecado é cometido por ignorância, eu não gosto de ver uma pessoa
que vestiu o manto, que reconheceu em alguma medida sua Cristandade, violando-a. É bem provável
que haja repercussões. Judas Iscariotes pagou o preço. Muitos pagaram o preço de não agir de
acordo com sua reconhecida compreensão da Cristandade.

Despertar para a Verdadeira Identidade é a Unção

Nesta via do Caminho Infinito, a revelação é dada como a Verdade de sua Identidade Espiritual - não
como mortal, nem como ser humano. Todo o propósito deste trabalho é direcionado a despertar você
para a sua Identidade, para que a mortalidade seja descartada, para que você possa “morrer
diariamente” (1 Coríntios 15:31) para o velho, e em uma explosão repentina de Luz, como Moisés,
diga: “oh , Eu Sou o que Eu Sou. Sempre fui, mas agora eu sei”; ou como Saulo de Tarso que
recebeu a Luz e reconheceu sua Cristandade; ou como Jesus quando disse: “o Espírito do Senhor
está sobre mim, porque ele me ungiu” (Lucas 4:18). Este é o despertar, este é o reconhecimento.
Quando ele falou essas palavras, ele estava na plataforma, no altar do templo hebraico. Então ele
desceu dali e saiu entre as pessoas. Ele foi ungido porque o Espírito do Senhor Deus estava sobre
ele. Estava com ele ao nascer; está sobre você no nascimento, mas quando Jesus leu essas
palavras, ele teve aquele momento de reconhecimento. Esse foi o mesmo momento para ele e para
Moisés, quando ele pôde dizer: “Eu Sou o que Eu Sou”, ou para Saulo de Tarso quando o Cristo foi
revelado a ele. Onde estava aquele Cristo? Lá fora no ar? Não, o Cristo habitava interiormente.

O Mestre conhecia todas as fragilidades do ser humano, todas as tentações. Ele era um homem como
nós, mas conhecendo sua Identidade e a das pessoas ao seu redor, revelou-lhes que poderiam ser
como ele. Ele sabia que não adiantava pregar. Não há registro de que ele disse ao ladrão: "Você deve
ser um bom homem". O ser humano não tem esse poder de ser bom. Quando é, geralmente é porque
os Dez Mandamentos o assusta, ou uma lei feita pelo homem, uma prisão, uma multa ou o medo de

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ser pego. Podemos ser muito bons; podemos ser verdadeiramente morais, honestos, sinceros e ter
integridade somente quando conhecemos nossa Identidade a tal ponto que não podemos violá-la,
mesmo por aquele milhão de dólares que outra pessoa tem e que pensamos que precisamos.

O conhecimento de sua Verdadeira Identidade traz Liberdade

A única Liberdade que existe é uma Liberdade que vem por meio da consciência de sua Identidade.
Não acredite que alguém possa assinar um papel que lhe dê liberdade. Documentos oficiais não dão
liberdade. A Liberdade só pode vir de dentro de você mesmo quando você se eleva a um ponto em
que não pode violar a integridade de ninguém ou a liberdade de ninguém, porque você sabe que, ao
prender os outros, está prendendo a si mesmo; ao manter os outros em cativeiro, você está se
mantendo em cativeiro; ao destruir outro, você está destruindo a si mesmo. Somente ao saber disso
você perde a capacidade de pecar.

Você é o Templo de Deus; Eu sou o Templo de Deus. Tente violar a si mesmo ou a outra pessoa,
uma vez que você tenha entendido este ponto. E quando você entende esse ponto, o que acontece
com o pecado? O que acontece com a doença? O pecado não pode existir na Cristandade. A doença
não pode existir na Cristandade; a doença não pode existir em um coração de Amor; a doença não
pode existir no Templo de Deus. Até que você conheça sua Verdadeira Identidade, entretanto, você
será atormentado pelo pecado, pela doença e pela escassez. Nunca pense que o Cristo pode ser
pobre. O Cristo sempre tem doze cestos cheios sobrando, mesmo depois de alimentar a multidão. Se
você é o Cristo, essa é a medida de suas riquezas. Se você é um “homem cuja respiração está em
suas narinas” (Isaías 2:22), você economiza seus centavos para um dia chuvoso, porque às vezes
sempre chove. Então, quem você diz que é?

Um conhecimento da Verdadeira Identidade traz a vida pela Graça

Todo grande ensinamento da antiguidade tinha por objetivo conduzir o estudante à morte, e o
Cristianismo também tem por objetivo conduzir todo cristão até a morte, a morte do sentido pessoal, a
ser seguida pela ressurreição e ascensão. No entanto, isso tem sido mal interpretado nas igrejas,
como significando a morte do corpo e a ressurreição em uma vida futura, o que não era o significado
que Jesus pretendia. A morte acontece no dia em que você enterra o velho que era. A Ressurreição
ocorre no dia em que você sabe que é o Cristo sendo ressuscitado como você, em você. A Ascensão
é o dia em que você se eleva completamente acima da crença na mortalidade, da crença em dois
poderes, acima da crença do "homem, cujo fôlego está em suas narinas".

Em nossa mortalidade, estamos sob a lei. A razão é que, como mortais, fazemos nossas próprias
regras, assim como o homem faz seu próprio Deus. Feche os olhos por um momento e pense no
Deus em que você acreditou em algum momento e pôde acreditar até agora. Pense nesse Deus e
veja que benefício você já recebeu dele. Veja se você não consegue perceber que tudo o que tem
feito é manter uma imagem mental ou conceito em sua mente e, então, esperar que seja Deus. Você

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se colocou em escravidão a esse Deus. Você se tornou absolutamente convencido em seu coração
de que este Deus pune e recompensa; e o que acontece? Mas isso tudo é com você!

“Aquele a quem vos entregais como servos para obedecer, sois servos a quem obedeceis” (Romanos
6:16). Se você se tornar um servo daquele Deus que pune e recompensa, é isso que você vai receber
- não que haja tal Deus. Você simplesmente aceitou esse Deus do ensino de alguém, e agora que se
colocou sob esse Deus, fica sentado esperando por suas recompensas que não vêm neste mundo de
nenhuma forma, e você espera por suas punições, e elas parecem vir duas vezes ao dia, e então,
você tem mais expectativa da punição do que das recompensas. Essas são imagens que você fez em
sua mente.

Você se submete a todos os tipos de leis feitas pelo homem, mas quando você se afasta das leis
feitas pelo homem e se coloca sob a Graça, então você entende o que o Mestre quis dizer quando
disse: "se alguém te processa na lei e tira tua túnica, deixa-lhe também a capa” (Mateus 5:40),
significando que se alguém tirar os teus diamantes, dê-lhe também os teus rubis. Em outras palavras,
"a terra é do Senhor e a sua plenitude" (Salmos 24:1), e é sua pela Graça. Se alguém ignora isso e
pega o que pertence a você, não tema, será substituído porque "a terra é do Senhor, e a sua
plenitude", e tudo pertence a você. Uma vez que você desiste da proteção da lei feita pelo homem,
você fica sob a Graça. Uma vez que você desiste da lei do olho por olho e dente por dente, você fica
sob a Graça do perdão, mas isso vem apenas como uma transição na Consciência.

Você está sob a lei enquanto estiver obrigando outra pessoa a cumprir essa lei. Quando você amarra
outro, você se amarrou; quando você liberta outro, você se libertou. Considere quantas leis feitas pelo
homem você aceitou para si mesmo e para os outros. Não se pergunte se você está sob a lei e não
pense que pode ficar sob a Graça enquanto mantém alguém preso à lei. Você está sob a Graça
quando você liberta todas as pessoas de estarem sob a lei, não mantendo ninguém em cativeiro, mas
reconhecendo sua Cristandade e a deles.

Uma vida pela Graça não passa necessidades

“Não chameis a ninguém de pai sobre a Terra; porque Um é o vosso Pai, que está nos céus” (Mateus
23:9). Deus é o vosso Pai; portanto, você é o Cristo, o Filho de Deus. Diga-me, o que há agora para
depender ou tirar de outra pessoa? Você não vê que apenas no conhecimento de sua Cristandade
você pode ter a sensação de que há uma Graça atendendo a todas as suas necessidades e muito
mais? Não há como você se livrar do desejo, exceto com o conhecimento de sua Verdadeira
Identidade. Como pode o Cristo ter um desejo? O Cristo é realização. Não há nada aqui de que o
Cristo precise: o Cristo é a Realização.

Se o Espírito do Senhor Deus está sobre você, você foi ordenado, e não precisa de nada. Se você
não precisa de nada, não deseja nada: você vive no Ser do ser. Ou você vive na Cristandade ou vive
como um homem que busca a Cristandade. Se você deve viver por um tempo no nível do homem que
busca a Cristandade, que assim seja; mas pelo menos continue buscando consistentemente, até que

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você atinja a realização de sua Cristandade. Se for necessário, encontre alguém, um Jesus, ou
qualquer outra pessoa que você conheceu, histórica ou pessoalmente, e reconheça sua Cristandade.
Isso o levará ao próximo passo para a sua Cristandade, porque tudo o que você pode ver como
Verdade em outra pessoa, eventualmente você verá como a Verdade em si mesmo. Você é aquele
outro, e aquele outro é você, pois há apenas Um Ser.

Eu sou eu; Eu sou você; Eu sou ele. Eu sou a sua Individualidade; há apenas Um. Aqui onde estou,
Deus está. Neste momento, eu me realizo. Meu Ser é o Templo de Deus, e até mesmo meu corpo é o
Templo de Deus. Aqui onde estou é solo sagrado. Eu sou realização.

Enquanto permaneço nisso, é isso o que eu exteriorizo. Nesta Consciência, não há desejo. Se eu
continuar desejando, continuarei externando desejos, e eles nunca serão realizados: eles apenas
continuarão sendo desejos, porque o que eu mantenho na consciência, eu exteriorizo. Se eu nutro
desejos, eu os exteriorizo. Se alimento a ideia de Realização, então exteriorizo a Realização, pois sou
uma Lei para mim mesmo. Não há nenhuma outra lei aqui agindo sobre mim. Posso reivindicar minha
Filiação Divina e manifestá-la, ou posso reivindicar a mortalidade e manifestá-la.

A escolha é dormir na mortalidade ou despertar para a Cristandade

Jesus, por morrer na cruz, não vai libertar você. Ele mesmo disse: “conhecereis a Verdade, e a
Verdade vos libertará” (João 8:32). Ele não disse “conhecerei a verdade e vos libertarei”, ele disse
“conhecereis a Verdade”... “Necessário vos é nascer de novo” (João 3:7) – “não eu, mas vocês devem
nascer de novo. Eu morri, Eu ressuscitei, Eu ascendi... Agora é a sua vez”.

Tudo isso é feito como uma atividade da Consciência. Você deve fazer a transição da Consciência por
si mesmo. Você deve reconhecer a Cristandade de seu professor, depois voltar para si mesmo e
dizer: “se isso é verdade para ele, então é verdade para mim. ‘Deus não faz acepção de pessoas’. Ele
meramente acordou para a sua Cristandade um dia antes de mim”.

Uma pessoa não melhora, ele não se torna mais espiritual. Ela ou dorme na mortalidade, ou desperta
para a sua Cristandade. Não há “progresso”: é estar dormindo ou acordado. Às vezes, uma pessoa
está dormindo mais levemente do que outras, e algumas estão mortas no sono, mas ainda é um sono
até o momento de acordar, e então o sono acaba e o despertar chega.

"Não chame nenhum homem de seu pai na Terra"... Por trinta anos, esta foi uma das minhas grandes
realizações no trabalho de cura. Eu estive preso e embaraçado em muitos casos e, geralmente, a
única coisa que me salvou foi perceber que “‘a nenhum homem na Terra chamarei de meu Pai’, então
quem quer que esteja se voltando para mim em busca de ajuda tem que ser imortal”. Saber disso me
libertou de meus medos e dúvidas, e então o paciente respondia. "não chame nenhum homem de seu
pai na terra": Deus é seu Pai; portanto, você é o Filho e, felizmente, Deus teve todos os Seus filhos
antes que eles inventassem os ilegítimos, então Deus não tem filhos ilegítimos.

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"Não chame nenhum homem de seu pai na terra". Veja o milagre ao perceber a natureza espiritual do
Princípio Criativo. Veja como você pode abandonar essas crenças absurdas de hereditariedade. A
crença na hereditariedade vincula muitos, não porque tenha poder, mas porque o mundo aceita a
crença universal sobre isso e, para fazer isso, tem que aceitar a crença de que o homem é um criador.
Se você reconhece: “a ninguém chame seu pai sobre a terra”, então a única herança que você tem é
divina, uma herança espiritual, perfeita.

"Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará". Você agora foi instruído nesta Verdade, ela foi
transmitida a você. Você vai aceitá-la e vivê-la?

Notas de Gabinete

Este mês, a campanha para a eleição presidencial de novembro nos Estados Unidos está em pleno
andamento. Como cidadãos, é nosso dever ir às urnas para votarmos nos homens de nossa escolha
para os cargos mais altos do país. Naturalmente, como qualquer outro bom cidadão, aceitamos a
responsabilidade e a obrigação de sermos informados quanto às qualificações dos candidatos a
cargos públicos, mas, como alunos do Caminho Infinito, devemos ir além disso na decisão de como
votar, solicitando orientação da mesma forma que fizeram os discípulos quando oraram: “Tu, Senhor,
que conheces o coração de todos os homens, mostra qual destes dois escolheste” (Atos 1:24) — e
não quem escolheremos. Nesta oração de entrega total, nenhuma opinião pessoal pode entrar.
Esquecemos candidatos e plataformas e realizamos o governo divino. Não há melhor guia para este
trabalho do que pode ser encontrado em “Nossos Recursos Espirituais” (de Joel Goldsmith), capítulo
10, “O Governo Está Sobre Seus Ombros”.

Você está aceitando seu privilégio e dever como cidadão e como estudante do Caminho Infinito? Se
for assim, você não precisa se preocupar com quem será eleito, mas pode ficar tranquilo sabendo que
o governo está sobre os ombros de Deus.

11 – PROFESSOR E ALUNO NO CAMINHO


(nota do tradutor: que o leitor me perdoe, mas acho este capítulo muito chato. Enaltece demais a figura do professor,
ou seja, ele mesmo, o que chega a se tornar até meio dúbio, na minha interpretação. Entenda-se esse “ele” como o
“ele humano”. Lembro ao leitor que o Verdadeiro Instrutor é espiritual, e pode eventualmente, e não
necessariamente, estar encarnado... ou não!!! Lembro ainda que um livro, um bom livro, é a Consciência do autor!!!
Assim como são os livros dele... Então, que ninguém se entristeça se não encontrar um instrutor aparente -
fisicamente. Tenha fé e confiança de ser orientado pela Consciência “Interior”, que eventualmente se manifesta
exteriormente como instrutores espirituais, não necessariamente “visíveis” – G. S.)

Já foi dito que tudo a que uma pessoa mantém sua mente presa, isso ela eventualmente tende a se
tornar. O que ele deseja, o que busca, o que deseja de todo o coração e alma, ele atrai para si. Até
certo ponto isso é verdade no plano humano, mas no mundo espiritual, é um Princípio Absoluto. É
verdade que desejo é oração. Isso não significa, porém, desejo de uma casa, desejo de saúde ou

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desejo de um automóvel: significa um desejo por Deus, um desejo pela Verdade, pela Realização
Espiritual, um desejo de que a fome do coração seja satisfeita. O desejo espiritual é realmente uma
forma profunda de oração: é ter fome e sede de Deus.

Encontre o seu Caminho

Cada um deve determinar qual a mensagem certa para si e quem é seu professor. Não pense, nem
por um momento, que todos irão obter o mesmo benefício de todo e qualquer ensino ou professor.
Existem algumas pessoas que respondem naturalmente ao ensino místico do Caminho Infinito. Esse
então se torna o seu Caminho, e uma vez que eles determinem que este é o seu Caminho, cabe a
eles dar a ele a maior devoção que podem.

Para outros, talvez esse não seja o caminho deles. É por isso que fico feliz porque, no Caminho
Infinito, nunca fomos levados a formar qualquer tipo de organização: não quero ninguém preso a este
Caminho por ser membro. Todos devem se sentir livres. Se esta mensagem não é para você,
continue procurando e procurando, até encontrar aquela que seja. Não pense que, porque alguém
que você conhece teve uma bela cura no Caminho Infinito ou se beneficiou dela, isso significa
necessariamente que é para você.

Cada um deve ter seu ensino e seu mestre, algo a que ele responde. Até que ele encontre, ele deve
continuar a procurar. Quando ele encontra, algo dentro dele diz: "Este é o meu Caminho". Depois
disso, ele abandona todos os outros e se entrega de todo o coração a esse. À medida que continua a
fazer isso, ele descobre que algo desde o início foi se acumulando nele, até o ponto em que o Saulo
de Tarso nele morre, e nasce o São Paulo.

No momento em que uma agitação espiritual ocorre dentro de uma pessoa, uma agitação para
conhecer a Deus, para conhecer a Verdade ou a Realidade - qualquer nome que você deseje dar - no
exato momento que isso se agita nela, cria uma vibração espiritual. Quando isso acontece, ele
encontra uma resposta em um professor, em algum lugar do globo. A pessoa que procura pode não
saber a identidade ou a localização do professor, mas no devido tempo, um conjunto de
circunstâncias se molda e ela se encontra na presença daquele professor em quem essa vibração foi
estabelecida ou com quem ela se sintonizou.

O professor responde. Ele responde da mesma forma que um pai responde ao amor de um filho. Que
um filho estenda a mão com um pouquinho de amor, e o pai responde com uma grande braçada de
amor. E assim, que o aluno o alcance com alguma medida de anseio espiritual, ínfima que seja, e ele
encontrará um professor derramando a plenitude de sua capacidade para o Amor Espiritual e a
Verdade Espiritual (não é tão simples! Não é mesmo! O “devido tempo” pode ser bem complicado, e
cada caso é um caso, cada caminho é um caminho, cada caminhante é um caminhante – nota do
trad. G. S.).

108
O professor espiritual reconhece os de sua família

Em todo trabalho espiritual, os professores espirituais estão sintonizados com certos tons ou
vibrações, e eles não respondem a nada além desses tons particulares. Se você buscar somente
riquezas através um professor espiritual, ele não moveria uma piscada nessa direção. Ele
simplesmente não responderia a isso. Você pode buscar fama, e descobrirá que ele nem mesmo sabe
que você a está buscando. Você não pode enganar o professor espiritual mais do que você pode
enganar a Deus. Não adianta orar a Deus com promessas de devoção, se não for uma oferta plena e
desinteressada de si mesmo. Não há como enganar o Princípio Divino da Vida. É Onisciente, com
visão e discernimento absolutos.

Da mesma forma, os professores espirituais não são enganados pelos alunos por muito tempo. Às
vezes, por um curto período, alguém parece enganar um professor, dando a impressão de querer a
Deus. Mas não leva muito tempo para um professor de discernimento ver através da fachada. Por
outro lado, o professor pode muitas vezes discernir no aluno qualidades que o aluno não sabe que
tem, anseios que ainda não vieram totalmente à luz, e uma profundidade de receptividade em si
mesmo, da qual ele ainda não tem consciência. Tudo isso chega ao professor, assim como acabará
por chegar ao aluno, pelo poder dessa Consciência em desenvolvimento, pelo enriquecimento da
Consciência com qualidades que estão além do humano.

É estranho, às vezes, ver esse discernimento em ação, embora isso nunca possa ser explicado. Por
exemplo, um dia, uma lista de nomes foi extraviada, ou seja, parecia que estava fora do lugar.
Comecei a procurar, mas não conseguia encontrar. Então fiquei parado por um minuto e, rápido como
um raio, peguei um livro da mesa, abri e lá no final do livro estava a lista. Você pode explicar da
maneira que quiser, mas o fato é que, enquanto eu estava procurando por ela humanamente, não a
encontrei. Quando parei por um segundo, seja lá o que for que é Onisciente me levou direto ao lugar
onde estava.

É assim que os alunos são conduzidos aos professores ou aos ensinamentos. Eles são conduzidos
ao próprio livro e, freqüentemente, à própria página em que se encontra a passagem que devem ter, e
tudo isso sem nenhum conhecimento humano do que precisam, do que estão procurando ou de onde
está. Isso pode ser chamado de faculdade intuitiva ou espiritual. O nome não é importante. O
importante é como se consegue isso. A única resposta a essa pergunta é a pessoa ter certeza de que
está realmente buscando a Consciência de Deus. Ninguém que busque a Consciência de Deus ficará
desapontado. Onde entram o desapontamento e a frustração é em buscar a Deus com um propósito.
Ninguém pode buscar a Deus com um propósito. Deus deve ser o Único Propósito.

Chega o dia em que a pessoa se dá conta: “jamais estarei satisfeito com toda a saúde ou com toda a
riqueza que existe no mundo, se não tiver aquela outra “Coisa” chamada Deus, se eu não atingir essa
realização, esse sentimento da Presença, essa Consciência”. Isso ocorre para muitas, muitas
pessoas. Então eles também percebem que, para alguns, a tentativa de encontrar Deus para um

109
propósito resultou em fracasso; para outros, resultou em sucesso, mas apenas para que isso pudesse
levá-los à compreensão da grande verdade de que, depois de terem o que pensavam que queriam,
descobrem que, afinal, não era o que queriam. Existe “Algo” além.

O que conta é o grau em que Deus é a meta, o grau em que o aluno se purifica e faz de Deus sua
Verdadeira Meta, ou seja, purifica-se realmente da crença de que, ao alcançar Deus, assim irá atingir
alguma outra meta. Na medida em que ele puder superar tais tendências a fim de ser espiritualmente
puro por dentro, nesse grau ele encontrará o professor que pode conduzi-lo a essa realização
particular.

Nós atraímos nosso próprio estado de Consciência

Há um professor para aqueles que buscam. A única maneira de encontrar esse professor é alcançar a
mesma medida de pureza interior e integridade do professor, porque então você estabelece em você
a vibração que encontra resposta no professor. Sua taxa de vibração traz a você o professor cuja
vibração é da mesma qualidade que a sua.

Você atrai para si mesmo o seu próprio mundo. O que lhe é próprio virá até você. De certa forma,
esse é um pensamento horrível, porque significa que qualquer que seja a qualidade do seu estado de
consciência, é isso que você atrai para si mesmo. É necessário ter certeza de que existe uma
integridade interna. É por isso que aconselho os alunos a se observarem com muito cuidado e
atenção, não tanto no início do estudo, mas quando começam a sentir que estão começando a
entender e a ver os frutos, e provavelmente estão descansando nas nuvens. É aí que entra o perigo.

Tentações no Caminho

Até que alguém seja temperado no Espírito, existem tentações no caminho espiritual, e isso é
simbolizado nas escrituras pelas três tentações do Mestre no deserto (Mateus 4:1-11). Se você
estudar isso cuidadosamente, você pode ficar muito surpreso ao saber que Jesus, que já era um
Mestre espiritualmente ordenado, deveria ser chamado a passar por três tentações da daquela
natureza que ele teve que se confrontar no deserto. Você pensaria que ele era imune à sedução do
poder, da fama ou de querer usar o pensamento para transformar pedras em pão. Você pensaria que
nessa fase ele já era perfeito. Mas não poderia ser, porque uma alma perfeita não poderia ser tentada
(ora! Mas as Escrituras não mostram justamente que as tentações não tinham poder sobre ele??? –
nota do trad. G. S.).

Existem severas tentações às quais os alunos são submetidos neste caminho. Há muitos alunos que,
exatamente no momento em que pensam que estão progredindo espiritualmente, podem passar por
suas provações mais profundas na forma de carência. A tentação é acreditar que Deus os abandonou
ou que se tornaram indignos de Deus. Se essa condição de carência durar um pouco demais, eles
ficam desanimados e desistem.

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Para outros, o resplendor precoce da Realização do Espírito traz prosperidade, e eles descobrem que
a prosperidade é algo que não podem ter, porque ela se torna em “coisas”: as coisas que podem fazer
por elas, comprá-las ou recebê-las. O pensamento é desviado da verdade de que não é a forma de
riqueza que é riqueza, mas sim sua Fonte.

A cada passo existem tentações. Pedro foi tentado a preservar sua vida; ele iria preservar sua
segurança; e assim ele perdeu muito. O fato de que o Mestre o perdoou não foi uma evidência da
realização de Pedro, mas sim do Mestre. Que tal coisa pudesse ter acontecido com ele depois de três
anos com o Mestre deve ter sido difícil para Pedro entender.

Quando os alunos realmente atingem a Consciência Espiritual, eles não se preocupam com seu
senso humano de vida, seu senso humano de suprimento ou seu senso humano de liberdade. Alguns
dos que estavam no Caminho foram lançados nas covas dos leões, alguns queimados, alguns
crucificados e alguns jogados na prisão. Isso não fez diferença para os Iluminados, pois o que
constitui Iluminação é a Realização da Imortalidade. Eles pouco se importam se a Imortalidade está
deste ou daquele lado.

Uma Meta Única nos leva a atravessar todas as tentações

Ninguém superestime o grau de seu progresso espiritual antes de ser testado. Mas quando ele for
testado, que ele não tema as consequências, pois não há consequências, exceto as alegres
consequências da superação: superação do medo, superação do conceito de autopreservação,
superação de tudo o que há na natureza humana que afasta uma pessoa da plena e completa
Realização de sua Identidade Espiritual.

Uma Única Realização, se mantida com você, será suficiente para conduzi-lo através de tentações de
toda e qualquer natureza. Essa realização é que seu objetivo é a Realização de Deus, e que você não
tem intenção de parar até que isso seja alcançado, seja a que preço que for. A Realização de Deus é
a sua meta.

Se a falta entrar em sua experiência, você perceberá que isso nunca pode separar ou desviar você de
seu objetivo, que nunca pode ser um poder em sua experiência. Você pôs os pés neste Caminho e
não vai olhar para trás. Se você tiver que seguir em frente com falta e limitação como companhia por
um tempo, talvez isso lhe ensine lições importantes.

Se a prosperidade vier até você, você estará duplamente vigilante. É muito mais fácil ser virtuoso
quando pobre. Você perceberá que a riqueza traz consigo a tentação de interferir em sua busca por
Deus. Ela oferece oportunidades para desviar sua atenção do seu objetivo para o que o mundo
chama de paz que ele pode proporcionar, as alegrias e os prazeres que o mundo pode proporcionar.
Isso pode criar tentações muito maiores do que a falta, a escassez. E assim, quanto maior a
prosperidade, mais deve ser constante a percepção e realização: “Deus é minha meta, e esse
sucesso e prosperidade não me moverá ou me tirará do meu caminho, ou tirará de mim as horas

111
douradas ou minutos que eu preciso para meditar , para leitura, estudo e companheirismo de quem
está neste Caminho”.

Muitos dos que ingressaram no trabalho espiritual foram prejudicados por seu sucesso, às vezes pelo
número de pessoas que os procuram. Os números não contam no trabalho espiritual. Se uma dúzia,
mil ou duzentos vêm, não deve fazer diferença para a pessoa em um Ministério Espiritual. Essa
pessoa está mantendo sua União Consciente com Deus, tentando ser um instrumento por meio do
qual Deus se expressa, e não faz diferença se há duas pessoas para recebê-la, uma pessoa ou dez
mil.

Sua Consciência determina sua demonstração. Nenhuma demonstração se eleva mais alto do que a
Consciência da qual emana. Portanto, na proporção em que sua Consciência mantém sua integridade
e mantém como seu objetivo a Realização de Deus, a demonstração de Deus, a visão de Deus, o Ser
de Deus, nessa mesma proporção você atrai para si o que é seu.

A relação entre aluno e professor

Assim como você aprende na vida a nunca culpar ninguém por seus infortúnios, independentemente
de quanto alguém humanamente possa parecer ser o culpado, você aprende que só pode atrair para
si o que já está estabelecido em sua consciência. O pão que você joga na água é o pão que vai voltar
para você, e se o pão que você joga na água é a fome de Deus, o Verdadeiro Pão da Vida voltará
para você.

Você mesmo é responsável pelo grau de bem que recebe de um professor, de um ensino ou mesmo
de um livro. Que grau de Integridade Espiritual você confere a eles? Esse é o grau que você extrairá
deles. Um livro em si é apenas tinta preta em muitas páginas brancas, e isso é tudo que você pode
obter de uma página, a menos que você mesmo traga algo mais para essa página. Quando você traz
sua fome de Deus, você extrai dela a satisfação de Deus, o Pão da Vida, a carne, o vinho e a água do
Espírito. Quando você leva seu coração cheio de apenas desejo espiritual a um professor, você extrai
do professor o Pão da Vida, o vinho, a água, o cajado, a substância. Essa é a sua demonstração.

O objetivo deste trabalho não é encontrar um mestre que vai viver sua vida por você, mas sim
encontrar o Mestre dentro do qual está sua própria Consciência desenvolvida e que, então, vive sua
vida por você, de modo que você não acredite que Jesus ou qualquer outro homem é o responsável
pela sua proteção, segurança, saúde abundante ou alegria, mas antes que o Cristo é a substância,
atividade e Lei de sua vida. Cristo é o seu estado de Consciência Espiritual alcançado.

Depois que o aluno aprender a fazer contato direto com Deus por meio da meditação, ele pode se
perguntar se não há algo debilitante em continuar o relacionamento entre professor e aluno. Tal coisa
seria impossível, a menos que você possa imaginar que é debilitante permanecer com Cristo Jesus,
Buda, Lao-tze ou qualquer outro professor espiritual real. Deus nos livre! Um professor espiritual -
estou enfatizando um professor espiritual - não tem laços com seu aluno, absolutamente nenhum

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laço humano. A única obrigação do professor é viver de acordo com sua própria Integridade Espiritual.
Ele não deve nada a ninguém senão amá-lo, e a única maneira de amá-lo é mantendo sua
Integridade Espiritual, e não violando-a. Portanto, um professor não deve nada a ninguém além de si
mesmo, e tudo o que ele deve é manter sua própria Unidade Consciente com Deus.

O aluno também deve a si mesmo viver de acordo com seu mais elevado senso de Integridade
Espiritual. Mantendo essa Integridade, ele recorrerá ao professor apenas para seu bem-estar
espiritual. Em um trabalho como o nosso, isso pode incluir a cura espiritual da mente, do corpo ou do
bolso. Isso é legítimo, porque tudo faz parte do desenvolvimento espiritual, mas o aluno nunca
sobrecarregaria o professor com seus cuidados, preocupações ou aflições pessoais, exceto ao
apresentá-los a ele com o propósito de obter ajuda. Certamente o professor não sobrecarregaria o
aluno com seus problemas, se ele os tivesse (difícil acreditar que ele não os tenha, se aos olhos do
autor “nem Jesus era uma alma perfeita”... – nota do trad. G. S.). Assim, você vê que não há
relacionamento entre um aluno e um professor espiritual que possa cansar, enfraquecer ou debilitar o
aluno; não há relação de dependência. A relação é de assistência, mas em nenhum caso de
dependência. O professor não deve nenhum apoio monetário ao aluno, e o aluno não deve nenhum
apoio monetário ao professor, embora o aluno certamente deseje expressar gratidão de forma
tangível. Mas obrigação não existe em nenhuma das direções.

O vínculo entre um professor espiritual e um estudante espiritual é um vínculo de amor divino, não de
amor humano. Isso nunca pode ser debilitante; ele nunca pode se enfraquecer; nunca pode tornar
uma pessoa mais fraca, porque nenhum mestre espiritual permite isso. Minha ajuda ao aluno leva-o
apenas até certo ponto, e ele nunca pode sentir que não precisa fazer nada, e então deixar que eu
faça. Eu não sou esse tipo de professor. Eu sou mais como os pássaros que empurram seus
pequeninos para fora do ninho e dizem: “voe para fora daqui ou caia! Fique de pé ou caia em sua
própria Integridade Interior”. Para mim, isso representa ensinar da maneira como me foi dada no plano
interno.

Tudo o que acontece no Caminho Infinito é uma instrução que me é dada de dentro. Nada disso
jamais representou minha vontade; nada disso jamais representou meu desejo. Tudo isso representa
a maneira que me é mostrada. Não exige que, a cada outra palavra que você profere, seja necessário
adicionar: “Joel disse isso”; não exige que você diga a todos o quanto ama Joel; não exige nada de
você, exceto sua própria Integridade Pessoal. Isso é tudo. Qualquer professor espiritual sob a
orientação do Espírito lhe diria a mesma coisa. Se em algum momento os alunos se tornarem
excessivamente dependentes de um professor, pode ser que o professor não tenha percebido (!!!) e,
então, se eles se tornarem fracos devido a essa inclinação e dependência, eles próprios são os
culpados. Cada um é um indivíduo. Em países livres, todo mundo tem a escolaridade que o capacita a
ser um pensador, todo mundo tem a capacidade de pensar por si mesmo e ele não precisa ser
enganado.

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A Consciência do professor

Aquele que atingiu o estado de Consciência do professor ou praticante tem a capacidade de olhar
uma pessoa nos olhos e ver o Filho Espiritual de Deus, e não acreditar na evidência dos sentidos, não
acreditar na aparência, mesmo se ela testifica o pecado, a doença, carência ou limitação. Este é o
mestre espiritual e curador, não aquele que ora a Deus para que uma pessoa seja curada. O mestre
espiritual ou curador é aquele que pode olhar diretamente para uma pessoa com a seguinte
compreensão: “Eu sei quem tu és. Tu és o Santo de Israel”. E então, a esta aparência de pecado,
doença, falso apetite ou falta, responda: “Aha! Essa é a miragem, a ilusão. Isso é o que me levaria a
tentar fazer algo”.

O professor atingiu a capacidade de reconhecer a natureza ilusória do que é apresentado a ele como
um problema. Ele alcançou uma Consciência dos Princípios Espirituais e, por meio da convivência
constante com eles, estudando-os e colocando-os em prática, sua Consciência evoluiu para aquele
nível em que, quando se depara com uma aparência, ele pode dizer: "ilusão" e afasta-se disso.

Os professores e praticantes do Caminho Infinito devem desenvolver a consciência dentro de si


mesmos de que sabem que não estão tentando melhorar a humanidade de uma pessoa. Eles não
estão tentando reduzir a febre; eles não estão tentando remover os germes; eles não estão tentando
proporcionar aos pacientes um emprego melhor ou famílias mais felizes. O professor e praticante do
Caminho Infinito deve ter como meta a Realização do Cristo, a percepção e realização da Identidade
Espiritual.

Um professor verdadeiramente espiritual não critica ou julga os alunos que procuram ajuda, sabendo
que qualquer grau de erro manifestado neles só existe por ignorância, e que pode levar muitos anos
para dissipar essa ignorância. Para alguns, é um processo demorado. Com alguns poucos, é bastante
rápido, tudo dependendo da preparação anterior em outras encarnações. Portanto, o professor deve
muitas vezes ser paciente com aqueles que o procuram. Certamente ele deve perdoar setenta vezes
sete, não deve criticar, julgar ou condenar as faltas dos alunos, mas sim reconhecer a fonte como a
mente carnal. Se um aluno quiser se afastar dele, ele tem esse privilégio, mas quando ele deseja
voltar, ele tem esse privilégio também, porque nenhum professor de verdadeira Integridade poderia ou
iria expulsar alguém.

O professor permite que vá quem quiser; ele permite que eles voltem quando quiserem. Alguns
chegam recusando-se a aceitar o que o professor tem, e às vezes ele deve lhes dizer que vão
embora, porque não tem nada para eles. Ele não pode obrigá-los a fazer nada; portanto, quando não
podem aceitar as instruções do professor, a melhor coisa a fazer é seguirem seu próprio caminho,
porque podem encontrar a solução com algum outro professor ou ensinamento. Você se lembrará de
como, na sinagoga hebraica, o Mestre leu em Isaías: “o Espírito do Senhor está sobre mim, porque
me ungiu para pregar o evangelho aos pobres; ele me enviou para curar os quebrantados de coração,
para pregar a libertação aos cativos, e a recuperar a vista aos cegos, para pôr em liberdade os

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feridos…. E ele começou a dizer-lhes: Neste dia se cumpriu esta escritura em seus ouvidos”(Lucas
4:18-21). Isso é o que constitui um mestre espiritual. Um professor espiritual pode ser um estudante
de metafísica, um estudante de filosofia oriental, um estudante de qualquer tipo de ensino espiritual,
mas eventualmente chega o dia da ordenação, quando algo acontece dentro da Consciência desse
estudante, e ele muda: ele recebe uma missão ou uma mensagem.

O professor liberta os alunos

Em minha experiência, nunca conheci um aluno que se apegasse a mim ou dependesse de mim de
alguma forma. Provavelmente, a razão é que sempre libertei todos os alunos. Raramente me refiro a
alguém como meu aluno, porque realmente não sinto que alguém seja meu aluno além do tempo em
que deseje ser assim classificado. O aluno pode querer mudar de ideia amanhã e ir embora e, se o
fizer, ele está convidado a fazê-lo. Eu não seguro ninguém, e nenhum verdadeiro professor espiritual
jamais amarraria alguém.

Mesmo na prática metafísica como eu a conhecia anteriormente, nunca me referi a ninguém como
meu paciente, um paciente talvez, mas não meu paciente, nem olhei para ninguém que veio a mim
como um paciente permanente. Os pacientes vieram até mim pedindo ajuda e eu dei, mas eles
estavam livres para ir a qualquer lugar que quisessem amanhã, e sem me informar, se assim
desejassem. Nunca tive um laço de qualquer natureza com um paciente ou com um aluno.

Independente de quão alto o aluno chegue comigo, e nós temos alguns que estão bem no topo do
círculo interno, ainda assim eles não têm obrigação de permanecer, certamente não têm obrigação de
me apoiar. Meu contato consciente com Deus é que fez isso abundantemente.

Portanto, o aluno e o professor são livres. O professor é livre para viajar pelo mundo e não sente que
tem que ficar em um lugar por qualquer pessoa ou grupo de pessoas. Em uma relação desse tipo, um
grande amor se desenvolve entre o professor e o aluno, um verdadeiro amor e amizade. O vínculo é
espiritual, mas cada um é livre.

O que você dá ao professor que lhe dedica uma vida inteira?

Quando você encontrar seu professor, tenha certeza de que ele está lhe dando toda sua vida
dedicada. Ele não está lhe dando uma pequena porção: ele está lhe dando toda e cada porção. Então
a pergunta é: o que você dá em troca? Um professor espiritual não pede dinheiro a você; ele não
pede elogios. Mas o que você dá em troca? Você percebe que um mestre espiritual está se
entregando, que dedicou dez, vinte ou trinta anos de sua vida para atingir seu estado de Consciência
de praticante ou mestre, e que, a cada meditação, ele está dando a você o benefício daqueles dez,
vinte ou trinta anos? Você está olhando sob essa luz, ou está apenas pensando: “oh, bem, ela orou
por mim”; ou “ele orou por mim”? Você está percebendo que é a Palavra completa que está sendo dita
toda vez que você estende a mão a qualquer obreiro dedicado no campo espiritual?

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Existem trabalhadores dedicados em cada um dos movimentos metafísicos, organizados ou não. Eles
podem não ser todos, mas muitos deles são. Se você foi conduzido a um dos dedicados, pode ter
certeza de que ele está lhe dando os frutos de sua dedicação. A questão é: você está vendo isso sob
essa luz ou está pensando nisso como apenas mais uma meditação que alguém fez para você?
Muitas vezes, sua estimativa da natureza de uma oração, tratamento ou meditação, ou sua estimativa
da vida dedicada que está se entregando a você determina sua reação ao trabalho. Se você o avalia
corretamente, ele tem valor para você; se você não o avalia corretamente, então ele não tem valor
para você.

Como professor, não retenho nada. Tudo o que é colocado em minha boca é comunicado; não é
inventado; não é ensaiado: é a Palavra de Deus como é revelada, não revelada há um ano, mas
revelada naquele momento de transmissão. Em uma situação de classe, eu sou o professor, e
aqueles que vêm são meus alunos. Depois que a aula é concluída, não há comunicação minha, a
menos que venha primeiro do aluno, mas se vier dele, minha resposta é enviada a ele prontamente. O
relacionamento entre nós é sempre voluntário; o relacionamento entre nós é espiritual; o
relacionamento entre nós é tal que respeito o aluno tão profundamente que nunca mentiria para ele
deliberadamente ou negaria a ele, e isso é tudo que também espero dele. Não há outra obrigação
entre nós, exceto amar um ao outro.

O significado da Lealdade

Lealdade a um professor significa apenas amor e respeito por aquele que está transmitindo ao aluno
os segredos da vida. Você não poderia receber a “pérola de grande valor” (Mateus 13:46) sem ter
respeito, honra, gratidão e amor por aquele que compartilhou com você de forma tão altruísta o que
você não poderia encontrar de outra forma (repetitivo demais! Gratidão não se cobra: ou a pessoa tem
ou não tem – nota do trad. G. S.). Você não pode encontrar a pérola em um livro, em montanhas
sagradas ou templos. O segredo da vida deve vir de uma pessoa a quem foi confiado. Aqueles no
Caminho Espiritual se elevam através de seus anos de estudo, discipulado e vida no Espírito, até
serem confiados, um certo dia, com a Palavra, a Mensagem, o Princípio, e lhes dada a ordenação de
ensino.

Nem todos os alunos são leais; nem todos permanecem com um professor ou um caminho; nem tudo
é verdade. Existem muitas esposas de Ló que vão a uma certa distância da cidade velha e depois se
viram e olham para trás, e decidem que o prazer humano é mais importante do que o caminho estreito
do desenvolvimento espiritual. Muitos com alguma medida de iluminação têm seu ego inflado. Eles
parecem se tornar importantes em vez de humildes, e eventualmente eles se afastam. Nem todos os
que vêm permanecem, mas todos os que vêm, enquanto vêm, recebem o que me é dado para lhes
dar.

Jesus viveu com seus discípulos por três anos, e veja o que aconteceu com Judas! Veja o que
aconteceu com os outros onze! Você não ficaria orgulhoso de ter a maioria deles como alunos ou

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discípulos. A maioria deles não valia o tempo que ele lhes deu (ele quer dizer que Jesus estava
errado, que ele se enganou, que não sabia direito o que fazia??? – nota do trad. G. S.). O que eles
fizeram? Negue-o, afaste-se dele, proteja sua própria vida, durma... Por três anos ele deu a eles tudo
o que tinha, mas eles simplesmente não podiam aceitar. Eles estavam cegos por um pouco de senso
pessoal (julgamento a partir de um ponto de vista demasiadamente “humano” – desnecessário! – nota
do trad. G.S.).

A Função dos professores espirituais

O propósito de um professor espiritual é ajudar aqueles que desejam que o Filho de Deus seja
levantado neles, é ajudá-los a atingir este fim - nunca fazê-los adorar seu professor ou depender dele,
mas para que venham ao professor e ele os ajude a erguer o Filho de Deus libertando-os, para que
também eles possam dizer: “Eu venci o mundo” (João 16:33)... “Eu e meu Pai somos Um” (João
10:30). Mas isso não acontecerá se o estudante não mudar seu conceito de Deus e do Cristo, e
eliminar de sua consciência qualquer crença de que Deus ou Cristo seja um poder temporal.

Quando você toca a Consciência de um indivíduo que recebeu a Graça Espiritual, você está tocando
a própria Consciência de Cristo. Você não está tocando o sentido limitado de consciência de um
indivíduo: você está tocando a plena Consciência de Cristo. A Consciência de Cristo não pode ser
dividida. Um professor ordenado espiritualmente não pode ter “uma parte” da Consciência de Cristo.
Ou ele tem a Consciência de Cristo ou não tem. Claro, é verdade que os indivíduos podem ter a
Consciência de Cristo e não estarem totalmente cientes da pérola que possuem. Mas isso não muda
o fato de que eles A têm. Mas quando alguém toca a Consciência de um indivíduo que recebeu sua
Luz Espiritual, ele está tocando a plenitude da Consciência de Cristo.

A Verdade que você está buscando em Deus, você está recebendo de Deus. O professor pode ser
um instrumento pelo qual você está recebendo de Deus neste momento, mas o professor não é
necessário para a sua demonstração. Apenas o Eu do seu Ser é necessário e, enquanto você olhar
para Ele, Ele levantará a semente. Se você buscá-la uma pessoa, ela pode faltar, mas se você busca
no Eu do seu próprio Ser, então ela pode vir a você por meio de um mestre espiritual ou algum outro
ser, mas será realmente o Eu do seu próprio Ser que a levantou.

Você atrai para si seu professor e seu ensino, assim como o professor e o ensino o atraem para eles.
Eu atraio para mim os da minha própria casa. Nenhum homem pode tirar isso de mim. Qualquer
pessoa que tentasse interferir nisso teria uma experiência como a de Ananias e Safira. Que ninguém
tente tirar de ninguém aqueles que Deus lhe deu, porque eles não estão lutando contra o homem: eles
estão lutando contra Deus. Eles podem tentar ainda uma segunda vez, e isso não será uma coisa
boa.

Aquilo que Deus lhe dá, nenhum homem pode tirar de você. O que você obtém por meio de
argumentos humanos, conivência humana, inteligência humana, força humana ou sabedoria humana,
você pode perder. Mas você nunca perderá o que lhe é dado por Deus. Assim que alguém estender o

117
dedo para tocá-lo, ele será queimado. Você pode ser grato a cada pessoa que seja um instrumento
por meio da qual a Graça de Deus chegue até você, mas essas pessoas não são a Fonte do seu
Bem. Deus, que é o Eu que você é, é a Fonte.

A Verdade vem a você do Eu de seu próprio Ser. Se você sempre olhar para Ele, Ele levantará para
você o seu professor ou o seu ensino, enquanto isso for necessário. Você pode ser grato a eles, mas
não confunda a questão e pense que eles são o seu Deus ou a sua Verdade. Eles são apenas os
instrumentos que sua própria Consciência levantou para você.

A função de um professor neste plano é elevar a Consciência de um indivíduo para aquele nível em
que ele pode fazer contato com o Pai Interior. Parte da função do professor é instruir na correta
mensagem da Verdade, mas essa é a menor das obrigações de um professor. A principal função de
um professor é viver tão alto na Consciência que seja capaz de erguer aqueles que vêm a ele, e
erguê-los o suficiente para que tenham acesso ao Reino de Deus dentro de seu próprio Ser, um
acesso ao qual eles não poderiam ter por meio de sua mente, por meio do intelecto, por meio do
pensamento. Você tem acesso ao Reino de Deus apenas quando é elevado ao Reino que está acima
da mente, acima do pensamento, acima do intelecto. E são apenas aqueles que deram um passo
além de você que podem elevá-lo a esse lugar (não necessariamente manifestados fisicamente,
insisto! – nota do trad. G. S.).

Notas de gabinete

O Dia de Ação de Graças é um dos feriados mais alegres de todo o ano. Este dia, reservado como um
dia de agradecimento, torna-se cada vez mais significativo para nós, pois cada dia do ano toda a
nossa atitude é de gratidão pela Graça Onipresente de Deus.

Para ter uma maior consciência do lugar da Ação de Graças na vida espiritual, faça uma leitura da
Bíblia e procure todas as passagens que você puder encontrar sobre Ação de Graças e louvor, e
então contemple-as (são muitas! - G. S.). Conforme você cumpre as injunções bíblicas em relação ao
louvor e Ação de Graças, verdadeiramente você será uma testemunha de todas as obras
maravilhosas de Deus.

Feliz Dia de Ação de Graças!

12 – ILUMINAÇÃO ESPIRITUAL

O Caminho do discipulado nos conduz através dos passos daquele primeiro despertar para a Unção
Espiritual que leva ao objetivo final da União Consciente com Deus. Embora a mensagem da Verdade
seja de grande ajuda, uma ajuda tão importante que eu ainda não descobri uma forma de dispensá-la,
é apenas, no entanto, uma ajuda para nos conduzir à meditação, onde ocorre a verdadeira transição.
Podemos saber toda a verdade que existe daqui a Jerusalém e vice-versa, mas se não atingirmos a

118
Realização de nosso Eu Verdadeiro, saber a Verdade representará apenas uma pequena parte em
nossa vida. Devemos, eventualmente, alcançar a Realização do Ser Real - meu Ser Real, seu Ser
Real - até que haja apenas Um Ser Real. Isso é conseguido por meio da meditação.

É na meditação que fazemos aquele contato final com a Fonte Espiritual da existência que nos
permite conhecer a Verdade não intelectualmente, mas por meio da Realização.

O Eu que Eu Sou é o Cristo Pessoal. Não é apenas o Ser de mim: é o Ser de você. Não é um Ser
individual que só eu tenho: é um Ser Universal. Sou Eu, eu mesmo, e também sou Eu, você.

Ao entrar em contato com este Eu, não apenas entro em contato com o Ser Universal que sou, mas
também com você: não com sua humanidade, mas com sua Identidade Espiritual.

O Mestre disse: “já não vos chamarei de servos ... mas chamo-vos de amigos” (João 15:15). No
momento em que reconheço que este Cristo Pessoal de mim é o Cristo Pessoal de você, somos
iguais, e essa é a Única Igualdade há. Não existe igualdade de status social: existem os socialmente
acima e os socialmente abaixo, os socialmente alguém e os socialmente ninguém. Não existe nem
mesmo igualdade de status político, como descobre quem pertence a um partido político, e nem há
igualdade de status econômico: existem os pobres, os ricos e os intermediários; existem o
comercialmente em alta e o comercialmente em baixa. Não, não existe igualdade na vida humana e
nunca poderá haver.

A Única Igualdade é uma Igualdade Espiritual, e essa Igualdade é porque meu Ser é o seu Ser, e seu
Ser é meu Ser: há apenas Um Ser. É por isso que somos iguais. Cada um de nós ainda pode viver
em diferentes níveis econômicos de vida; ainda podemos ter nossos diferentes níveis políticos e
sociais. Não há igualdade neles, e não vamos procurá-la. Espiritualmente, mesmo a menor pessoa no
degrau social, econômico ou político da escada é igual a mim, e mesmo o maior deles também é
apenas igual a mim. Por quê? Porque existe apenas um Ser, e Ele é Divino.

Assumindo o Domínio ao afastar-se da tentação

Porque percebemos nosso verdadeiro Eu, quando o “homem natural” (1 Coríntios 2:14) de nós deseja
se expressar de uma forma ou de outra, podemos dizer: “‘afasta-te de mim, Satanás’(Lucas 4:8), eu
não estou interessado em você”. Essa tentação pode parecer medo, mas podemos enfrentá-la com:
“de que adianta temer se sou eterno? Nem a vida nem a morte podem me separar de Deus”. Isso
deve eliminar o medo, e por causa do nosso reconhecimento de nossa Verdadeira Identidade, nosso
Eu Real, não importa que tentação venha, não importa a quantidade de homem natural que resta,
podemos sempre tratar disso com um “afasta-te, vai para trás mim”.

Em cada um resta algo daquele homem natural; ninguém jamais alcançou a plena Cristandade
enquanto esteve na terra. Até o Mestre disse aos discípulos: “Não pudestes vigiar comigo por uma
hora?” (Mateus 26:40). Existe o suficiente desse homem natural em todos nós para querer manter o
status quo. No entanto, na medida em que percebemos que Cristo é nossa Verdadeira Identidade,

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quando o homem natural deseja se levantar em pecado, doença, carência ou com qualquer outra
reivindicação, podemos nos voltar: “não há realidade para você; eu sei quem Eu Sou. Eu sou o Filho
de Deus, herdeiro de Deus, co-herdeiro”. Mantendo-nos nessa consciência de nossa Verdadeira
Identidade, o homem natural retrocede.

Quanto mais nos aprofundamos na consciência da verdade de que a Natureza de Cristo é nossa
Verdadeira Natureza, que a Consciência de Cristo é nossa Verdadeira Consciência, que a Vida de
Cristo é nossa Vida Verdadeira, que a Filiação Divina é nosso Ser Real, no grau em que sabemos
isso sobre nós mesmos e estamos dispostos a reconhecê-lo nos outros, nesse mesmo grau, então, o
homem natural de nós tem menos atuação em nossa vida, menos influência e menos oportunidade de
se gabar. Pode surgir com tentações, e surge, mas sempre há essa lembrança dentro de nós de
nossa Verdadeira Identidade.

A Cristandade não deve ser alcançada, mas reconhecida

Em toda literatura religiosa, mais especialmente na mística, o objetivo da consciência de nossa


Verdadeira Identidade é apresentado. Os gregos diziam: “homem, conhece-te a ti mesmo”; em outras
palavras: “homem, conheça sua Verdadeira Identidade”. O Mestre, também, nos revelou nossa
Verdadeira Identidade e nos mostrou que o homem carnal, o homem natural, não é de Deus e deve
ser afastado.

Paulo também nos disse para “despir do homem velho ... e vestir o novo homem (Colossenses 3:9-
10)... para que a mortalidade fosse tragada pela vida (2 Coríntios 5:4)”, 6 mostrando-nos o eu inferior,
o homem natural, e o Eu Superior, o Cristo que somos. “Mas quem dizeis que eu sou?” (Mateus
16:15) A menos que possamos dizer “Cristo”, não alcançamos Consciência Espiritual suficiente para
discernir o Cristo do ser individual. Mesmo que uma pessoa não conheça sua Identidade de Cristo, é
nossa responsabilidade reconhecê-la, e se não o fizermos, então, nesse grau, não estaremos vivendo
da Consciência Espiritual.

O Bem não é realmente uma qualidade que você alcançará: o Bem é o Ser que você é. O Cristo não é
algo que você vai alcançar: o Cristo é o Ser que você é. É algo que você deve reconhecer agora.
Você deve perceber que Cristo é agora a sua Verdadeira Identidade: você não a ganhou. Não há você
para ganhar algo: há o você que já existe, mas que agora deve ser realizado.

Se você entende Cristo como sua Identidade, isso é permitir que Cristo habite em você, não
realmente “em” você, mas “como” você. Se você permitir que Cristo viva como você, e se você viver
como Cristo, então quando o seu eu inferior, o homem carnal, o homem natural, se levantar para
dizer: “não me sinto bem, estou doente", ou “eu sou pobre”, ou “estou tentado”, ou "estou pecando",
você responderá com "'afasta-te de mim, Satanás'. Eu sei quem Eu Sou". Gradualmente, você
descobrirá que se torna cada vez mais fácil não só alcançar a vida como Filho de Deus, mas também,
o que é tão importante quanto, viver com seus próximos conhecendo sua Verdadeira Identidade, e a
Verdadeira Identidade de quem nem mesmo começou a suspeitar disso.

120
O Cristo não precisa ganhar a vida com o suor da testa; o Cristo não tem que lutar ou se esforçar: o
Cristo vive pela Graça. É o que acontece no momento em que você reconhece sua Verdadeira
Identidade e a minha. Isso tem que ser universal. No momento em que você percebe que está
vivendo não como um mortal, mas como um Ser Crístico, na medida em que isso começa a se
registrar em você, sua vida perde o sentido da batalha, perde a luta; e o seu bem começa a aparecer
pela Graça, sem pensar em sua vida, “não pela força nem pelo poder, mas pelo meu Espírito”
(Zacarias 4:6), pelo Espírito de Deus que habita em você. Tudo isso só pode acontecer na proporção
em que você começa a saber que vive como o Cristo e a reconhecer sua Verdadeira Identidade, sua
Cristandade.

Eu, minha Verdadeira Identidade, sou o Cristo. A Mente do Cristo é minha mente; a Alma de Deus é
minha alma. Eu e o Pai Somos Um, e todas as qualidades espirituais do Pai são minhas.

Vestindo o manto

Conforme você vive com o reconhecimento de sua Cristandade e medita, então, nessa quietude e paz
interior, o “clique” vem, como aconteceu a Moisés quando ele pôde dizer: “Eu Sou o que Eu Sou
(Êxodo 3:14)”. Eu Sou. Jesus teve a mesma compreensão, uma compreensão que foi a base de todo
o seu ministério: “quem me vê, vê aquele que me enviou” (João 12:45). Nesse reconhecimento, ele
não teve que curar aqueles que vinham clamando a ele, porque ele sabia que eles também eram esse
mesmo Cristo, e ele sabia que não existem poderes do mal, nem poderes negativos. Assim, suas
obras poderosas foram feitas, e ele viveu sua Vida pela Graça como Jesus, o Cristo.

Se você toma o nome de Cristo, então viva como essa Consciência de Cristo. Não se faça de
mentiroso dia após dia; não faça essa afirmação e então dê meia-volta e aja de forma contrária a ela.
Depois de reivindicar o nome do Cristo, viva a partir do Cristo. “Portanto, se tua mão ou teu pé te
ofenderem, corta-os e lança-os de ti. E se o teu olho te ofende, arranca-o e lança-o de ti” (Mateus
18:8,9), em vez de te renderes e voltares a ser “o homem, cujo fôlego está em suas narinas” (Isaías
2:22), em vez de voltares a ser o homem carnal.

Uma vez que você reconheça o Cristo como sua Identidade, isso é o equivalente a vestir o manto. O
manto não é uma coisa material: o manto é o Espírito de Cristo; o manto é a Consciência do Cristo.
Se você veste isso, então viva de acordo com isso. Você não conseguirá viver de acordo com isso
cem por cento. Ninguém pode fazer isso, mas não use isso como desculpa para rastejar na lama.
Mantenha-se elevado no mais alto nível de sua capacidade e permaneça lá, em sua Filiação Divina. O
Filho de Deus é levantado em você somente quando você reconhece que você é Ele, que o Filho de
Deus é a sua Verdadeira Identidade.

Uma vez que você perceba esta Identidade de Cristo, viva com Ela internamente, e qualquer pessoa
que queira observar Seus efeitos externamente pode fazê-lo. Se seus amigos ou conhecidos
quiserem reconhecer: “oh, você tem algo” ou “oh, você está diferente”, está tudo bem. Mas não
reivindique o Cristo, e não diga a eles que eles o são, porque isso não pode ser dito a ninguém,

121
exceto na proporção em que uma pessoa foi levantada para recebê-Lo. Existe natureza animal
suficiente em um ser humano para que ele goste de dizer a você que você está errado. O Mestre
avisa: “não deis aos cães o que é santo, nem lanceis as vossas pérolas aos porcos” (Mateus 7:6).
Não lance a sua Sabedoria Espiritual diante ao pensamento não iluminado. Ele se voltará e
despedaçará você.

Com o reconhecimento da Cristandade, o homem natural morre

Quanto mais você reconhece Cristo como a Identidade de cada indivíduo, menos capacidade lhe
resta para ser animal. É isso que está mudando grande parte do mundo nesta era. Muitos que
desejam permanecer em sua natureza animal estão tendo a capacidade de serem animalescos
retirada deles por aqueles que estão vendo espiritualmente a Verdadeira Natureza do homem.

Eu mesmo sou o Cristo Pessoal. Eu mesmo sou o Homem Real, o Homem Espiritual, o Filho de Deus.
Tudo o que o Pai tem é meu: todas as qualidades divinas, toda a Natureza Divina, todo o Ser Divino.
Esta é a Verdade sobre mim e a Verdade sobre cada homem.

O homem natural vem e diz: “ah, mas...”; e é então que você, em seu maior reconhecimento, deve se
virar e dizer: "‘afasta-te de mim, Satanás!’ Eu sei tudo sobre as reivindicações de Satanás. Eu sei tudo
sobre as reivindicações do homem carnal, mas eu mantenho a dignidade de minha Verdadeira
Natureza. Eu sei quem Eu Sou".

Na proporção em que você vê isso, você está meditando. Esta é a meditação contemplativa, que leva
a uma quietude e paz interior, e então, em algum momento, quando você não estiver pensando de
forma alguma, quando você nem mesmo estiver pensando em meditar, de repente, a Verdade
aparecerá: "não sabes que tu és o Cristo de Deus? Não sabes tu, tu és o Templo de Deus?”

Você olha para cima: “quem falou; quem falou?" Era a “Voz mansa e delicada” (1 Reis 19:12). Você se
trouxe a uma quietude interior onde pôde ouvir essa Voz por meio da compreensão contínua de sua
Verdadeira Identidade.

Permanecer em sua Identidade Espiritual é orar sem cessar

“Mil cairão ao lado, e dez mil à direita” (Salmos 91:7) dos que habitam na Verdade da Identidade
Espiritual. Portanto, se você viver conscientemente na Realização do Cristo e permitir que o Cristo
habite em você como o seu Eu, você produzirá ricos frutos espirituais, porque, como o Cristo, tudo o
que o Pai tem é seu. A Filiação Divina é o seu relacionamento com Deus. Quanto mais você
permanecer nesta Verdade e permitir que esta Verdade permaneça em você, mais será assim para
você. Quanto menos você permitir que ocupe sua Consciência, menos Graça Espiritual você
conhecerá.

Quer você diga: “Cristo no meio de mim é poderoso”, se você diz: “Eu no meio de mim sou poderoso”,
se você diz: “Cristo vai adiante de mim para endireitar os 'lugares tortos'”, ou se você diz: “Eu vou

122
antes de mim para endireitar os 'lugares tortuosos'”, não faz diferença, porque é apenas uma questão
de terminologia. Você está reconhecendo sua Filiação Divina, e isso é o necessário. Você deve
conhecer esta Verdade sem cessar. Você não pode esperar que surja um problema; você não pode
esperar dar oito horas da manhã ou sete horas da noite. Como um jovem estudante, você pode
começar assim, mas não pode permanecer assim por muito tempo. Deve ser uma oração sem cessar;
deve ser um conhecimento da Verdade; deve ser uma permanência nas passagens e promessas da
Bíblia.

Deve haver uma morada consciente na compreensão de sua Verdadeira Identidade e no


reconhecimento de que também há um homem natural (mortal) pairando por aí. Isso o tentará a ficar
doente; vai tentá-lo a pecar, a perder a paciência, a fazer muitas coisas; e algumas delas você até se
apaixonará; mas esteja certo de que esse homem natural terá cada vez menos lugar em sua vida, à
medida em que você habita mais e mais na natureza de sua Verdadeira Identidade. Saiba quem você
é e viva assim, silenciosa e secretamente. Então você saberá que “Eu nunca te deixarei ou te
desampararei”, porque esse “Eu” é você mesmo. Você nunca pode ser separado de seu Eu; e seu Eu
é Espiritual, é Filiação Divina. Saber isso é Iluminação.

Qual é o seu caminho de vida?

Existem dois caminhos de vida abertos para uma pessoa aqui na terra: há o caminho humano, o
caminho dos não iluminados, e há o Caminho Espiritual, o caminho dos iluminados. A diferença entre
o indivíduo que vive a vida humana comum e o que vive a Vida Espiritual não é tão misteriosa quanto
pode parecer. Viver a Vida Espiritual não nos afasta, necessariamente, do lar normal ou das
atividades profissionais. É apenas a introdução na vida diária de uma nova nota, um tom diferente.

A maioria das pessoas nasce neste mundo sem iluminação e ali permanece durante todo o período de
experiência humana. A escolha entre viver no estado não iluminado ou no estado iluminado não cabe
ao ser humano; portanto, se ele se volta para o Caminho Espiritual, claramente não é por sua própria
vontade: é uma Graça Divina que o toca e o move nessa direção. Todos estariam no Caminho
Espiritual se pudessem. O Caminho Espiritual é um caminho de alegria, paz e domínio sobre as
coisas da vida; é um caminho de harmonia, de descanso e, muitas vezes, de prosperidade. Não são
essas as coisas que todos procuram? A única diferença é que existe a forma não iluminada de buscá-
las e existe a forma iluminada. Afortunados são aqueles que são tocados o suficiente pela Graça para
capacitá-los a buscar o Caminho Iluminado.

Qual é a diferença entre os não iluminados e os iluminados? O não iluminado, o ser humano em seu
estado normal, é um indivíduo que vive sua própria vida sem ajuda da Fonte Divina, sem ajuda fora de
sua própria sabedoria, de sua própria força, de sua própria escolha, de seu próprio poder. É uma vida
difícil, esta vida à qual Adão foi condenado porque ele conheceu o bem e o mal: “com o suor do teu
rosto comerás o pão” (Gênesis 3:19). É uma vida de labuta, esforço e preocupação. Um indivíduo
que vive uma vida humana não pode recorrer a ninguém ou a nada além de seus próprios poderes.

123
Ele pode ser limitado em educação, em experiência, em formação ou limitado em finanças. Todos os
tipos de limitação podem restringir a vida dos não iluminados e impedi-los de alcançar a paz, saúde,
prosperidade e domínio prometidos aos herdeiros de Deus.

A nova dimensão dos Iluminados

Os iluminados são iluminados apenas por uma razão: uma nova dimensão entrou em sua experiência.
Esta nova dimensão é a Realização de Deus ou a Atividade de Cristo. O que isso realmente significa
é que o indivíduo, que um dia estava vivendo sua própria vida, sozinho, dentro de si, contando com
suas próprias forças, de repente toma consciência de uma Presença, de um Poder, de um Algo. Na
maioria das vezes não pode ser definido, mais especialmente quando acontece pela primeira vez,
mas é um instinto, uma intuição, um sentimento, uma consciência de que há algo mais em sua vida do
que aquilo que os olhos veem, mais do que o sentido pessoal de si mesmo. Algo está com ele; Algo o
está protegendo; Algo está dando a ele iluminação, sabedoria, orientação e direção, mesmo nos
assuntos mundanos da vida. Cristo Jesus chamou esse Algo de Pai Interior: “o Pai que habita em mim
é o que faz as obras” (João 14:10).

Saulo de Tarso, quando ficou cego naquele momento na estrada para Damasco, percebeu a
Presença. A partir de então, ele estava sendo instruído por dentro e recebia Luz de dentro. Ele se
recolheu por muitos anos para refletir sobre a experiência, para deixá-la amadurecer, e quando ele
começou seu ministério, ele foi capaz de dizer que o que ele fez, ele o fez por meio do Cristo. “Posso
todas as coisas em Cristo que me fortalece” (Filipenses 4:13)… “Eu vivo; todavia, não mais eu, Cristo
vive em mim” (Gálatas 2:20). Sob seu novo nome de Paulo, ele percebeu: “Eu não estou só. Tudo o
que eu buscava era o contato com o que agora percebo que está dentro de mim e com o qual eu
posso comungar, ao qual posso ir em busca de refúgio, segurança, proteção, orientação, sabedoria e
instrução”.

Assim, a vida de Cristo Jesus e a vida de Paulo atestam o fato de que, a partir do momento de sua
percepção consciente de uma Presença Interna avassaladora, a vida muda, os valores mudam, e tudo
o que até então foi buscado no exterior agora é buscado e encontrado dentro.

Eu, também, posso dizer que foi o Pai Interior que me deu esta mensagem para ensinar, que me deu
este Discernimento Espiritual com o qual devo dar testemunho do poder de cura e regeneração do
Espírito. “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu” (Lucas 4:18), e fui ordenado
para curar os enfermos. Você percebe que sempre há esse reconhecimento desse Algo, dessa
alteridade, dessa interioridade (alteridade num primeiro momento, num primeiro contato...
Posteriormente, num nível mais profundo, vem a consciência de que não há dois de nós, eu e Deus...
Há somente Deus. Por isso não gosto muito quando ele usa o termo “Algo”, mesmo com letra
maiúscula, pois pode dar a impressão errônea de que há eu e mais alguma outra coisa qualquer, e
nesse caso, “interior” seria apenas uma referência de espaço... – nota do trad. G. S.).

124
O Divino Companheiro atende a todas as necessidades

O Mestre foi descrito como um homem solitário. Toda a vida de Paulo também foi solitária, sem
ninguém para realmente entendê-lo ou entender sua missão, e mesmo assim, não havia tristeza
nisso, porque sempre havia essa Comunhão Interior, esse tabernáculo interior com o Divino
Companheiro. Cada relacionamento da vida pode ser encontrado na companhia desta Presença
Interior, assim como Isaías disse: “teu Criador é o teu marido” (Isaías 54:5).

Os místicos do Antigo Testamento descreveram este Companheiro Divino como uma fortaleza, uma
torre alta, um esconderijo, um lugar de permanência. “Aquele que habita no abrigo secreto do
Altíssimo permanecerá sob a sombra do Todo-Poderoso…. Nenhum mal te sucederá, nem praga
alguma chegará à tua habitação” (Salmos 91:1,10). Mas a morada da pessoa que espera gozar desta
segurança deve ser o Reino de Deus Interior, não vivendo mais no exterior, mas sem deixá-lo. Estar
no mundo mas não ser dele significa viver o seu quotidiano como está habituado a vivê-lo, mas sem
preocupações, e sem acreditar que os verdadeiros valores da vida lhe são externos. Você não deve
acreditar que sua proteção ou segurança está em qualquer coisa no mundo externo. Se você precisa
de uma fortaleza, Deus é sua fortaleza. Se você precisar de um abrigo, Deus é o seu abrigo.

O Mestre revela: “Eu sou o pão da vida” (João 6:35). Se você precisar de pão, Deus será o pão. Você
precisa ser ressuscitado de seus pecados, suas doenças, suas carências? Então Deus deve ser a
Ressurreição. Quando você se encontra em Deus ou quando encontra seu lar Nele, quando percebe
aquela Presença Divina que está dentro de você e aprende a ter comunhão com Ela, a orar em, por e
com Ela, tudo no mundo exterior se conforma a este padrão interno. Todas as coisas funcionam
juntas para o bem na imagem externa; toda a imagem externa está de acordo com uma imagem de
harmonia e paz. Que diferença entre aquele homem que vive em Deus e aquele ser, sozinho e
inconsciente desta Presença Espiritual preenchendo todo o espaço interno e externo! (exatamente!
Num nível mais profundo, mais avançado, não há “externo” e “interno”, referências espaciais, tudo é
Uma Só Realidade – nota do trad. G. S.). Quantas preocupações, tribulações e medos existem
quando a vida é vivida separada e à parte da Presença! Esses medos são os medos do “homem
natural que não recebe as coisas do Espírito de Deus” (1 Coríntios 2:14), o homem natural que não
está “sujeito à lei de Deus, nem de fato pode estar” (Romanos 8:7). Suas preocupações, dúvidas e
medos são naturais, mas com que rapidez se evaporam e desaparecem da experiência de vida do
mesmo indivíduo, naquele momento em que lhe é revelado: “EU estou no meio de ti. EU nunca te
deixarei, nem te desampararei. Eu estarei contigo até o fim do mundo. Descansa em Mim, descansa
nesta Palavra”. O peso cai dos ombros; as rugas deixam a testa. Não há mais medo. Como você pode
temer o que o homem mortal pode fazer, quando há uma Graça Divina dentro de você? Como você
pode temer o mundo externo, o mundo do efeito, quando você tem dentro de você esta Presença que
é Onipotência, Todo o Poder, Poder Divino, Poder Espiritual? Você pode temer qualquer forma de
poder temporal na presença do Poder Divino?

125
Não há mistério sobre a Iluminação para os iluminados

Obtenha uma compreensão mais completa do que significa poder temporal e, então, perceba a
natureza do Poder Espiritual que opera, "não pela força, nem pelo poder, mas pelo meu Espírito", o
Espírito que está dentro de você , pelo qual você foi ordenado. É essa consciência da Presença e do
Poder do Deus Interior que constitui a Iluminação.

Para muitos, a linguagem do mundo espiritual é estranha e misteriosa, mas isso é apenas porque eles
ainda não sabem seu significado. Na minha juventude, costumava ficar às vezes nos bastidores de
uma casa de vaudeville quando Harry Houdini estava se apresentando, e para mim, ele foi o maior
milagreiro de todos os tempos, maior do que qualquer pessoa que já viveu ou viveria. Mas não para si
mesmo: não havia nada de misterioso ou grande no que estava fazendo. Ele estava aplicando certos
princípios que entendia. Apenas para aqueles que estavam nas trevas, no que dizia respeito à magia,
seus truques eram difíceis e misteriosos.

Da mesma forma, para os iluminados, não há mistério sobre a palavra "Iluminação" ou sobre o termo
"o Cristo" ou "o Espírito de Deus que habita em mim". É simples. Significa apenas que existe algo.
Ninguém jamais foi capaz de defini-lo, analisá-lo ou nomeá-lo. É o Espírito. É incorpóreo. Ninguém
jamais O viu, ouviu, provou, tocou, cheirou, ou mesmo foi capaz de pensar sobre Ele. É apenas Algo
que “é”, e você está ciente disso; sabe que está dentro de você, que anda ao seu lado, que é uma
retaguarda para protegê-lo e avança para endireitar os caminhos tortos, para preparar mansões para
você.

Os frutos da Consciência Espiritual

Você pode, a princípio, concordar intelectualmente que os grandes místicos falavam verdadeiramente
quando falavam de uma Presença Interior. Você pode concordar intelectualmente que Deus
providenciou para você, desde o início, Seu Filho, Seu Filho no meio de você, mas esse
reconhecimento pode ser apenas um primeiro passo no caminho. De agora em diante, você pode
comungar com esta Revelação; você comunga dentro de si mesmo; você pensa; você pondera; você
medita sobre essa ideia até que, de repente, ela surge.

É Verdade! O Espírito do Senhor Deus está sobre mim; Seu Espírito está dentro de mim; Sua Graça é
minha suficiência em todas as coisas; e esta Graça está aqui onde estou.

Se esta revelação da Filiação Divina encontrar um homem na prisão, em breve o libertará. Se ela
encontrar uma pessoa em pecado, ela a purificará rapidamente. Se encontrar uma pessoa doente, ela
a curará. Se o encontrar em falta, limitação ou infelicidade, ela o libertará, pois "onde está o Espírito
do Senhor, aí há liberdade" (2 Coríntios 3:17). Quando este Espírito encontra um indivíduo em
cativeiro político, físico, mental, moral, financeiro - não faz diferença qual é a escravidão - atua
imediatamente para libertá-lo.

126
A missão deste Espírito de Deus no homem é trazer Liberdade. “Eu vim”, este Espírito de Deus
declara a você, “vim no meio de vocês para que vocês tenham vida, e que vocês tenham vida
abundante”. Onde está o Espírito do Senhor, aí está a sua liberdade da escravidão de qualquer nome
ou natureza. Existe a sua liberdade de carência, limitação e medo. Acima de tudo, a compreensão
desta Presença Interior é a sua liberdade de todo o poder temporal. Portanto, nenhuma arma
levantada contra você pode prosperar. Nenhuma arma!

As armas que são levantadas contra você como um ser humano prosperam, mas a partir do momento
da compreensão desse Espírito do Senhor Deus que está sobre você, nenhuma arma forjada contra
você pode prosperar, porque essa arma não é levantada contra você , mas contra o Cristo. Não chega
até você: alcança aquele Cristo ou Espírito de Deus, e então se dissolve instantaneamente. Nenhuma
arma levantada contra o Cristo pode prosperar. “Não terias nenhum poder contra mim, a menos que
te fosse dado do alto” (João 19:11). Se o Mestre não tivesse consentido em sua própria crucificação
por algum propósito próprio, Pilatos nunca teria completado a tarefa. A razão disso ser verdade é que
nenhuma arma levantada contra a Presença Espiritual de Deus pode prosperar, pois Deus é
Onipotência, Todo o Poder.

Visto que o Espírito de Deus inclui a Liberdade, é reconfortante lembrar que nenhuma arma forjada
contra a liberdade do homem pode prosperar. Isso dissolve imediatamente seus medos dos poderes
temporais, domésticos e estrangeiros, e sempre o milagre da Liberdade acontecerá de alguma forma
normal e natural na cena humana.

O indivíduo não iluminado é uma pessoa que vive de acordo com seus próprios poderes, sabedoria e
força. O iluminado está vivendo na percepção consciente de uma Presença, o Ser, o Poder residente.
O indivíduo recebe Iluminação naquele momento em que se dá conta:

Não estou vivendo minha vida sozinho. Eu vivo, mas não mais eu; este Espírito do Senhor Deus que
está sobre mim está vivendo minha vida.

O materialismo bruto reverteu o segredo da provisão. O suprimento não é algo a ter ou que se
consegue, nem mesmo no reino humano. Suprir é dar, compartilhar, doar. É apenas na medida de
seu derramamento que você tem uma quantidade infinita de suprimento. Admito que apenas a Luz
Espiritual e a Iluminação Espiritual revelam isso, porque o sentido materialista o inverteu e, ao fazê-lo,
tornou muitas pessoas pobres. Essa crença de que conquistar enriquece e traz suprimentos tem
causado muita pobreza na Terra. Muitos que tiveram sucesso em ganhar riqueza descobriram que,
quando a tinham, era pó, porque não era verdadeiro suprimento. Não trouxe a eles o que deveria
trazer: o Bem Infinito.

O que você quer de provisão? O que você quer do dinheiro, se não for vida em abundância, e vida
com saúde, paz e felicidade? Você aprendeu que o dinheiro não compra isso; portanto, dinheiro não é
provisão. O dinheiro é um dos efeitos do suprimento, que chega aos indivíduos em abundância
quando aprendem a Lei Espiritual do suprimento, que é dar, compartilhar, doar.

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A Liberdade que você dá a qualquer pessoa é a Liberdade que você atinge e que retorna a você. Por
meio da Iluminação Espiritual, você vê que o que você dá retorna para você. A educação que você dá
ao outro volta para você; a ajuda que você dá ao outro retorna para você; a liberdade que você dá aos
outros, libertando-os do cativeiro sob qualquer forma, é a liberdade que retorna para você. Já que
você é espiritual, você é aquele centro através do qual toda a Graça de Deus flui para este universo.

Quando você pensa em termos de obter ou receber, você obstrui as próprias vias de suprimento que
lhe foram fornecidas desde o início dos tempos. Essas vias de suprimento são o derramamento de
Amor e Vida, o derramamento do Espírito, o derramamento de todo Bem, Liberdade, Alegria e Bem-
aventurança.

O que você dá é o que você tem; o que você segura é o que você perde. Por que? Porque ao dar, o
Espírito do Senhor Deus está sobre você, e é esse Espírito que flui de você. Portanto, todo esse bem
que você dá - compartilhar, liberar, libertar - não vem realmente de você: é apenas que você se
permitiu ser uma transparência através da qual a Graça de Deus pode fluir para este universo.

A Iluminação Espiritual revela que homens e mulheres como tais não são bons ou maus, mas sim os
instrumentos, canais ou transparências através dos quais o Amor, a Verdade, a Justiça, a Misericórdia
e a Bondade devem fluir. Eles nunca são os instrumentos do mal, pois o mal é uma nulidade
impessoal; não é de Deus, e isso termina com tudo. Somente aqueles que continuam a aceitar essa
crença no bem e no mal pessoais continuam a se beneficiar ou a sofrer com isso. No momento em
que você percebe, “Não me chame de bom. Por favor, reconheça que o Espírito de Deus está fluindo
através de mim”, você levanta os olhos acima da cabeça e diz: “obrigado, Pai, por manifestar e revelar
a Verdade”.

Assim, também, você olha acima dos chefes de governo com um "obrigado, Pai, por Justiça,
Liberdade, Harmonia, Governo Divino", e olhando para cima, percebendo que essas qualidades e
atividades devem fluir da Consciência Divina através dos homens, você descobrirá que nenhum
homem tem a habilidade ou capacidade de reter essas coisas.

O dia está passando rápido, na verdade, o dia já passou, em que um indivíduo controla o destino de
outros indivíduos; e isso porque agora há um número suficiente de pessoas na Terra percebendo que
não precisam temer o que o homem mortal pode fazer; eles não precisam temer o que o homem
mortal pode dar ou reter, pois há uma Graça Divina fluindo diretamente de uma Consciência Infinita,
por meio da transparência da humanidade.

Nunca mais tema "o homem cujo fôlego está em suas narinas". Não tema o poder dos príncipes.
Existe uma Consciência Divina mais próxima de você do que o respirar. É a fonte de abundância
infinita; Colocou as safras no solo, o ouro e a prata, as pérolas no mar e todos os tesouros que ainda
não foram retirados do ar, da terra e do mar. Esta Infinita Consciência Divina é a fonte e a atividade do
seu Bem. Você vê o homem agora apenas como o instrumento ou transparência através do qual esta
Graça Divina flui para você.

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Aquilo que não é ordenado por Deus não pode sobreviver. Nenhuma arma levantada contra Cristo,
contra as qualidades de Justiça, Liberdade e Igualdade pode prosperar, pois Deus é infinito. Deus é
Onipotência, Onipresença, Onisciência. Além de Deus, não há nada; e Deus está no meio de você.
Deus está Aqui e Agora.

Isto é Iluminação, para você despertar e perceber que é livre - os grilhões caíram, o homem não os
amarra mais mental ou fisicamente; o homem não o restringe mais; o homem não o domina mais,
porque você está olhando acima da cabeça do homem, ou está olhando diretamente através dos
olhos dele para o centro de sua Alma, ou está olhando profundamente em seu coração, e aí você
encontra essa Presença Interior. Você descansa nessa Presença e deixa de se preocupar com o
homem. Esta é a Iluminação Espiritual. Esta é a diferença entre os não iluminados que andam na
dúvida e no medo, e os iluminados que andam sem medo, pela Graça.

Notas de gabinete

À medida em que a Iluminação traz uma consciência mais profunda da habitação de Cristo, nossos
corações transbordam de gratidão pelo grande dom da Graça de Deus. Que a alegria dessa
realização seja sua neste dia de Natal, e que cada dia do ano seja preenchido com a Sua Paz.

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tradução: Giancarlo Salvagni - 2021


reikibahia@gmail.com

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