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Quando a Filosofia surgiu, no século VI a.C., com Tales de Mileto, a preocupação dos
filósofos era a de conhecer a origem do mundo, das coisas, dos homens. Eles buscavam a
arché (princípio, em grego).
Os filósofos socráticos, como Platão e Aristóteles, mantiveram essa busca sobre a realidade
dos seres. Indo das aparências para a intimidade das coisas, eles fizeram metafísica.
Contudo, após Aristóteles, essa preocupação deixou de ser o centro das investigações e do
pensamento. E foi neste momento que surgiu a filosofia conhecida como helenística.
Ele começa com a expansão do Império Macedônio, no século IV a.C., e termina com a
conquista dos romanos das cidades gregas, no século II a.C. Contudo, a Filosofia
Helenística continua até a cristianização do Império Romano.
Os macedônios conquistaram as cidades gregas no século IV a.C., liderados pelo rei Filipe
II. Seu filho, Alexandre, continuou o processo iniciado por seu pai, na direção do Oriente,
conquistando os territórios mesopotâmicos, egípcio e da Índia.
No império construído por Alexandre, houve o encontro de diversas culturas até então
distanciadas. Isso levou à mescla de práticas e conhecimentos, com a língua grega sendo
usada para a comunicação comum.
Porém, a própria palavra “Filosofia” teve seu sentido alterado. De busca da verdade, passou
a significar a atividade que busca a vida feliz, ou a arte destinada a reger a vida.
A Filosofia deixou de ser vista como um saber e ganhou a característica de fundamento da
vida. Os filósofos passam a pedir mais do que a verdade e a põem como substituta da
religião, das convicções políticas e sociais, inclusive da moral.
Assim, a Filosofia Helenística é o repertório de saberes que dão uma moral mínima e de
resistência para a vida em tempos duros, de intensa transformação. A principal
preocupação dos autores do helenismo é com a Ética.
Apesar de a Filosofia Helenística ser composta por diversas escolas, existem características
em comum entre elas. Por exemplo:
a vida feliz era o objetivo da filosofia que deveria conduzir as pessoas para ela.
As escolas de Filosofia Helenística são várias. Algumas delas surgiram antes do período
helênico, mas ganharam projeção durante ele. Vamos ver quais são as principais.
Cinismo
O cinismo foi fundado por Antístenes, um discípulo menor de Sócrates. Ele estabeleceu
uma escola na praça do Cão Ágil, de onde deriva o nome com que seus discípulos foram
chamados: cínicos, de kynos, que significa cão.
Os cínicos exageravam a ideia de felicidade socrática, mas de forma negativa. Eles a
identificaram como a autarquia, ou autossuficiência. O caminho para alcançá-la seria a
supressão das necessidades.
Essa compreensão levaria a uma atitude negativa para com a vida e ao desprezo por
convenções sociais, riqueza e prazeres.
Estoicismo
A filosofia estóica tem uma ligação muito estreita com os filósofos socráticos moralistas e
até com os próprios cínicos. Contudo, existe uma elaboração teórica mais rica.
O Estoicismo foi fundado por Zenão de Cítio. Ele estabeleceu uma escola no Pórtico das
Pinturas (Stoá Poikilé), derivando daí o nome do ramo filosófico.
O Estoicismo pode ser dividido em três momentos:
A física dos estóicos é materialista e admite dois princípios: a matéria e a razão que reside
nela, a que eles chamavam de deus. A razão é corporal e se mistura com a matéria como
um fluido gerador.
Para os estóicos, Deus e a natureza estavam identificados. E a divindade uniria tudo a partir
de suas leis. A ética estóica é derivada desta compreensão sobre uma lei divina, que seria a
medida da perfeição.
Deste modo, se busca a libertação das paixões, o desapego e a aceitação do destino, que
gerarão a ataraxia, um estado de imperturbabilidade.
Epicurismo
O Epicurismo leva o nome de seu fundador, Epicuro. Ele nasceu na cidade de Samos, mas
era um cidadão ateniense. Fundou uma escola num jardim, para onde iam homens e
mulheres.
O que mais se fala sobre o Epicurismo é sua doutrina em torno do prazer, conhecida como
hedonismo. Segundo Epicuro, o prazer é o verdadeiro bem, mas não qualquer prazer.
Tem de ser um prazer sem mesclas, sem dor, duradouro e estável, que permita ao homem
ser dono de si mesmo.
Isso implica que o prazer é menos físico e mais espiritual. Ele permite ao indivíduo a
serenidade e a temperança, que o deixam livre da inquietude e das preocupações.
Ceticismo
O ceticismo pode ser dividido em duas formas. A primeira delas é a tese filosófica de que a
verdade não pode ser conhecida; a segunda é uma atitude vital, de quem não afirma, nem
nega.
A raiz do ceticismo é a pluralidade de opiniões. Uma vez que muitas coisas foram ditas
sobre algo e que muitas pessoas acreditaram nelas, acaba-se perdendo a confiança de que
uma verdade será alcançada.
O primeiro filósofo cético foi Pirro de Élis. Ele teve diversos discípulos, que se
estabeleceram na Academia platônica até seu fechamento, no século VI d.C. Por muito
tempo a palavra “acadêmico” significou cético.
Escola neopitagórica
Foi uma escola inspirada na filosofia de Pitágoras, que surgiu no século I a.C. Não foi muito
original, sendo apenas a revalorização do pitagorismo que a precedeu. Manteve as
principais características deste último, como:
Neoplatonismo
O Neoplatonismo é uma corrente filosófica diferente das demais helenísticas, pois trouxe a
metafísica de volta para a discussão.
O fundador do Neoplatonismo foi Plotino, no século III d.C. Sua obra está presente num
conjunto de seis livros, divididos em nove partes, conhecido como Enéadas.
O Neoplatonismo é panteísta, ou seja, defende que deus e o mundo são um só. As coisas
emanam da divindade, ou seja, o ser da divindade se difunde e constitui as coisas, desde
os espíritos até a matéria.
Ecletismo
O Ecletismo é um tipo de pensamento que procura a conciliação entre os que já existem. O
interesse é formular sistematizações que superem as divergências entre as demais escolas
filosóficas.
Ganhou espaço entre os romanos, que tinham uma cultura cosmopolita. O principal nome
entre eles foi Cícero, que não teve ideias originais, mas cujo conhecimento de saberes
vindos dos gregos é um recurso para conhecer o pensamento de suas referências.