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O autoconhecimento e a espiritualidade

são fatores essenciais para que possamos viver em plenitude, em equilíbrio e


com sentimentos positivos na maior parte do tempo.

espiritualidade e autoconhecimento não podem soltar as


mãos

Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará – é este o itinerário espiritual


proposto por Jesus. E a primeira verdade é a verdade sobre si
mesmo!
Conhece-te a ti mesmo. A melhor maneira de se chegar ao conhecimento de
Deus é através do conhecimento de si mesmo.
dizia Tereza de Ávila. E continuava: não penseis que havereis de entrar no Céu
sem primeiro entrar dentro de vós mesmos a fim de conhecer a vossa miséria.
O processo de autoconhecimento demanda disciplina, estudo, reflexão, e a
filosofia espírita propicia isso. Mas, é importante que se diga: nesta
caminhada é necessário munir-se de coragem.

Tomás de Aquino lembrava que quanto mais eu vou ao encontro de mim, mais
eu descubro em mim um Outro que não sou eu, mas que, no entanto, é o
fundamento do meu existir.

O processo de autoconhecimento, no modelo socrático de “Conhece-te a ti


mesmo”, assim como na filosofia espírita, passa pela identificação dos defeitos,
erros e limitações aos quais o espírito precisa renunciar para continuar seu
processo de ascensão e libertar-se das amarras que o impedem de aprender a
amar-se para que possa amar ao próximo como a si mesmo. Afinal, é assim que
desenvolve a empatia, a capacidade de identificar no outro algo de si. 

A doutrina espírita, sob a batuta de Jesus, fornece esse itinerário, na medida em


que delineia os passos para se atingir o autoconhecimento.

O evangelho segundo o espiritismo oferece roteiro seguro, podendo-se citar a


título de exemplo, seu capítulo 11, “Amar ao próximo como a si mesmo”, o
principal mandamento e o maior desafio para os espíritos que fazem parte da
comunidade terrestre na atualidade. 

Mas, como é possível amar o outro se não se ama nem a si? O autoamor é a
primeira coisa que o ser humano precisa alcançar para em seguida amar ao seu
semelhante. Esse autoamor será conquistado à medida que o ser humano
conseguir libertar-se de doenças da alma: orgulho, vaidade, inveja, ciúmes, etc,

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curando-se para que consigam manifestar sua essência divina e terem condições
de amar a si e aos outros.

Na subdivisão da pergunta 919 do Livro dos Espíritos, Kardec pergunta aos


espíritos qual é o meio para se chegar ao autoconhecimento e na resposta que se
segue a formulação da pergunta, se aconselha a interrogarmos a consciência ao
final de cada dia, passando em revista o que fizemos e perguntar a nós mesmos
se não faltamos com o cumprimento de algum dever e se ninguém tem motivos
para se queixar de nós. Aconselha ainda a indagarmos de nós mesmos o que
estamos fazendo e qual o móvel de nossas ações, se estamos praticando ações
que censuraríamos nos outros e que não teríamos coragem de confessar. Se ao
entrarmos no mundo dos espíritos – onde nada é oculto – teríamos medo do
olhar de alguém. Que devemos analisar nossos atos e examinar o que podemos
estar fazendo contra Deus, depois contra o próximo, e por fim contra nós
mesmos.

E o espírito comunicante finaliza categórico:

“O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do melhoramento


individual.”

Um bom exemplo a ser lembrado é Santo Agostinho, que um dos Pais da Igreja,
colaborou na Codificação da Doutrina Espírita.
A resposta a que nos referimos no início foi dada por ele. Recomenda que cada
um de nós faça como ele fizera quando viveu na Terra.
A cada noite ele fazia uma análise de como fora o seu dia. Questionava-se se
fizera alguma coisa contra Deus, contra seu próximo e contra ele próprio.
E sempre buscava corrigir o que precisava ser corrigido, buscando ser a cada dia
melhor que no dia anterior.

todos nós somos criaturas humanas, passíveis de erro e por isso mesmo tudo
isto aqui exposto sensibiliza antes a nós mesmos. Mas precisamos compreender
que o Criador nos atribuiu apenas a imortalidade, nos concedendo todas as
possibilidades para o progresso intelecto-moral, mas que este só pode ser
efetuado por nós mesmos, visto sermos dotados de livre-arbítrio, que é a
faculdade de fazer ou não fazer, o poder de decidir entre o bem e o mal. Sem o
estudo do Evangelho e o conhecimento das verdades espirituais; sem o trabalho
que aprimora a alma e sem o conhecimento de nós mesmos, fica muito difícil
palmilharmos o caminho da luz. Talvez daí todos os erros cometidos nestes dois
mil anos por aqueles que sucederam a vinda do Cristo, pois se não conhecemos
a nós mesmos, mais complexas se tornam as palavras do Mestre:

— “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”

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Então, penso que temos três fatores que devem ser trabalhados em conjunto,
por todo aquele que almeja a renovação espiritual: autoconhecimento, reforma
íntima e caridade.

E temos que começar pelo Autoconhecimento

Tudo começa por aqui. Não adianta você querer reformar algo que mal conhece.
Antes de qualquer reforma, é fundamental conhecer aquilo que se deseja
transformar. Isso não significa que precisemos ser sábios para iniciarmos a
reforma íntima. Na verdade, penso que a sabedoria vem justamente com a
mudança interior. Mas a nossa transformação, que ocorre gradativamente,
precisa estar alicerçada em um trabalho de investigação interna. Precisamos
aprender a olhar para nossa realidade íntima com sinceridade, com
imparcialidade, mas também com acolhimento, com carinho, sem
autojulgamento e autopunição desnecessários. Na verdade, é impossível você
realmente amar o próximo se não ama e não aceita a si mesmo.

Então, precisamos estar constantemente nos autopercebendo, atentos ao que


ocorre em nosso mundo interno. O que nos irrita, o que nos causa medo, nos
atrai, nos magoa... e como reagimos às diversas situações que surgem na vida.
Ou seja: autoconhecimento é a percepção e compreensão dos nossos
pensamentos, emoções, sentimentos e ações físicas. É estarmos conscientes da
nossa realidade, cada vez mais.

Mudança interior

Conscientes daquilo que sentimos ser a fonte de sofrimento, precisamos mudar


nossos hábitos para cessar o sofrimento. Quando digo hábitos, me refiro aos
nossos processos psicoemocionais, e não apenas aos nosso comportamento.
Somos viciados em emoção, presos a padrões de pensamentos repetitivos que
atrapalham nosso amadurecimento espiritual. Então, é preciso boa vontade
para mudar, abandonando de vez aquilo que nos faz sofrer.

Caridade

É mais do que assistência social. No fundo, é estarmos de coração aberto,


dispostos a acolher aqueles que vêm ao nosso encontro, no dia a dia. É o espírito
de gratidão e a vontade de repartir, com todos, as bênçãos da paz que
conquistamos. Isso acontece não porque queremos algo em troca, mas porque
nossa “alma” pede. Caridade é ter fome de amar!
Autoconhecimento, reforma íntima e caridade. Esses são, na minha opinião, os
três pontos chaves da evolução. Precisam ser trabalhados em conjunto,
constantemente!"

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