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Curso: _________________________________ AUTOCONHECIMENTO E MATURIDADE

I. A NECESSIDADE DO AUTOCONHECIMENTO PARA ALCANÇAR


A MATURIDADE HUMANA E ESPIRITUAL

Porque É Necessário Conhecer-Se

1. Conhecer-se é uma necessidade natural do homem. Todo homem tem necessidade


de saber quem é e não pode viver sem descobrir o sentido de sua vida. As perguntas:
Quem sou? De onde vim? Para onde vou? São questões essenciais que precisam ser
respondidas por cada um, para dar sentido à própria vida.

2. O homem vive numa busca contínua do seu eu, mas na maioria das vezes essa
busca acontece de forma inconsciente, difícil e até contraditória. Nessa busca
inconsciente o homem mais se perde do que se acha, é como querer comprar parafuso
no açogue.

3. Conhecer-se é descobrir a verdade sobre si mesmo. É saber quem e como você é. A


primeira verdade que o homem precisa assumir para começar a se conhecer
verdadeiramente é que ele é Filho de Deus, criado a imagem e semelhança de Deus,
chamado a santidade para participar da glória de Deus. A partir desta verdade tudo o
mais ficará claro a respeito de si mesmo, aquilo que ele é e o que é chamado a ser.

4. O conhecimento de si é uma atividade global de tomada e integração da própria


vida. É preciso descobrir e integrar o passado com seus componentes positivos e
negativos, para reconhecer e apreciar os primeiros e colher o sentido dos segundos, de
forma a compreender melhor o presente para se projetar para o futuro.

5. A riqueza do autoconhecimento não é simplesmente saber quem e como somos,


mas aceitar o que somos. Pois só pela aceitação da nossa própria realidade é que
poderemos trabalhar as nossas fraquezas, pecados e misérias para nos tornarmos
aquilo que devemos ser. O autoconhecimento ensina-nos a nos aceitar como somos e
a buscarmos construir o nosso ser segundo o que Deus deseja que sejamos.

6. O autoconhecimento nos ajuda a entender o porque de muitas coisas que


acontecem em nosso interior. Por que temos certos sentimentos, porque agimos de
determinadas maneiras em determinadas situações, etc. Também nos ajuda a
perceber nossas carências, mágoas, inseguranças, etc. Para então podermos expor
tudo isso a cura e a transformação do Espírito Santo.

7. A partir do autoconhecimento é que podemos lutar para vencer as nossas fraquezas


e tudo o que nos afasta de Deus. O autoconhecimento promove um caminho de
purificação, de conversão e de mudança de vida. Através dele enfrentamos o processo
de morte do homem velho para dar vida ao homem novo, segundo o projeto de Deus
para nós.

8. Aquilo que cada homem é, é formado pela soma de uma série de fatores:
hereditariedade, educação, história de vida, fisiologia, qualidades naturais, ambiente,
etc. No autoconhecimento tudo isso entra em jogo para que o homem possa distinguir
em si o que vem de cada um destes fatores. Mas o mais importante é que tudo no
homem pode ser aperfeiçoado, para que ele cresça e amadureça em seu chamado
como filho de Deus. Nenhuma situação do homem é irreversível. Pela graça de Deus e
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pelo empenho pessoal tudo pode ser curado e transformado. O autoconhecimento nos
ajuda a encontrar este caminho de cura e transformação do nosso ser para chegarmos
à maturidade da estatura de filhos de Deus.

O Verdadeiro Sentido Do Autoconhecimento

9. A compreensão e aceitação de si mesmo é algo essencial no processo de


conversão, é o ponto de partida para o equilíbrio humano e espiritual do homem. O
autoconhecimento promove a maturidade humana e espiritual para vivermos a
dignidade de filhos de Deus.

10. Mas o verdadeiro sentido do autoconhecimento não é só descobrimos nossas


qualidades para saber melhor empregá-las, e nossos defeitos ou fraquezas para
aprendermos a superá-los e sermos melhores. Ele deve nos levar a conhecer a
essência profunda do nosso ser, aquela que Deus sonhou e desejou para nós ao nos
criar, a qual revela a nossa dignidade essencial. Isso significa que o autoconhecimento
deve nos levar a encontrar a nossa identidade como homens e filhos de Deus. Essa
identidade é formada não apenas por aquilo que somos, mas também por aquilo que
devemos ser. A identidade é a revelação profunda do nosso eu, é um ponto de
chegada, uma vocação pessoal a ser realizada por cada ser humano.

11. Desta forma no cerne do autoconhecimento está o encontro com Deus. Ele é o
caminho para chegarmos a uma união profunda com Deus. “Parece, pois que o mais
importante de todos os conhecimentos é o conhecimento de si próprio, pois quando
alguém conhece a si próprio, ele há de chegar ao conhecimento de Deus”. Clemente de
Alexandria. Conhecer Deus significa amá-lo profundamente com todo o nosso ser, amá-
lo de tal modo a nos unirmos intima e profundamente com Ele. Conhecer no sentido
bíblico não é apenas saber, mas significa o conhecimento adquirido pela vivência, pela
experiência profunda. Assim o autoconhecimento nos leva a conhecer mais
profundamente a Deus por que nos faz experimentá-lo em nossa intimidade.

Os Desafios Do Autoconhecimento

12. “Conhecer-se a si mesmo é uma arte e uma graça. A graça de conhecer-se é uma
graça que se obtém pela vida de oração e pelo empenho, análise, observação e
exercícios essenciais à aquisição de qualquer arte” (Tim Haley – Temperamento
controlado pelo Espírito).

13. Para enfrentar este caminho é preciso coragem e determinação para enfrentar as
dificuldades que irão aparecer durante a caminhada.

14. Vencer o medo é um grande desafio do autoconhecimento. O homem tem uma


grande curiosidade de conhecer coisas novas, mas tem medo daquilo que não
conhece. Muitas vezes se colocar diante de si mesmo para se conhecer desperta um
certo medo: medo do que vamos encontrar, medo de não gostar do que irá ver, medo
de ter que encarar coisas difíceis sobre si mesmo. É preciso então assumir a coragem
que vem da força do Espírito Santo para vencermos o medo e adentrarmos neste
processo de conhecermos a nossa verdade.

15. Hoje as pessoas na sociedade são impulsionadas a ser o que os outros esperam
delas. Para as pessoas poderem ser aceitas, alcançarem o sucesso é preciso que se

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atenda as expectativas da sociedade. Isso muitas vezes impõe um fardo pesado sobre
cada um. O fardo de ser aquilo que não é e assumir uma máscara ou um personagem
para apresentar para os outros. Por isso se torna muito difícil assumir a própria
verdade, as pessoas não querem se encarar como são, porque têm medo que os
outros percebam que ela não é o que aparenta ser. Devido a isso as pessoas no
mundo são cada vez mais alienadas sobre si mesmas, sobre sua verdade e sua
essência como homem e filho de Deus e vivem uma grande ilusão.

16. Outra luta que precisamos travar é contra o nosso comodismo. De certa forma esse
comodismo é a vivência de um mornismo, onde achamos que já somos convertidos
porque já buscamos a Deus, temos uma vida piedosa e está bom assim. Porém vamos
ignorando as sujeiras e escondendo-as debaixo do tapete, fazendo de conta que a
casa está limpa. Isso nos impede de assumirmos uma conversão profunda que atinge
não só a superficialidade do nosso ser, mas penetra na nossa alma, nas raízes daquilo
que somos. Para enfrentar o processo de autoconhecimento é preciso encarar com
coragem e disposição as sujeiras que aparecem para poder limpá-las de verdade e
nunca deixar de perscrutar o próprio coração para ver o que precisa ser mudado.

17. Por fim há que se travar o verdadeiro combate da oração. Vencer as tentações que
nos desanimam e nos abatem na vida de oração e voltar o nosso coração totalmente
para Deus. É preciso orar com empenho e não se distrair fugindo de si mesmo. Mas é
preciso deixar-se questionar na presença de Deus sobre si próprio, sobre seus
pensamentos, sentimentos e motivações.

Deus Fonte Do Verdadeiro Autoconhecimento Para O Homem

18. Conhecer-se não é apenas nos ver assim como os outros nos vêem, aceitando os
defeitos e as qualidades que os outros apontam que temos. Mas, conhecer-se é
imprescindivelmente nos ver assim como Deus nos vê, pois só Ele nos conhece
verdadeiramente e sabe o que existe em nosso coração.

19. “Eu sou o que Deus pensa de mim” (Sta Teresinha do Menino Jesus).

20. Deus é nosso Pai, nosso Criador. Ele é o Santo, o Poderoso, o Onipotente, o
Onipresente e o Onisciente, aquele que conhece perfeitamente todas as coisas. Só Ele
nos conhece profundamente, conhece o que há de mais íntimo em nós: nossas
motivações, intenções, desejos, medos, etc. Por isso só Nele e através Dele,
poderemos chegar ao conhecimento verdadeiro de nós mesmos.

21. Vamos nos conhecer à medida que nos colocarmos na presença de Deus e
conseguirmos olhar nos seus olhos, para ali ver refletida a nossa imagem. “Olha para
quem te olha” (Sta Teresa de Jesus). É olhando nos olhos de Deus que nos veremos
assim como ele nos vê. Para isso é preciso uma vida de oração profunda e sincera.
Uma oração conduzida pelo Espírito Santo, onde permitimos que Ele nos leve para
onde deseja nos levar. “Só o Espírito Santo nos dá o verdadeiro autoconhecimento.
Sem ele, nem o mais sábio dos homens é capaz de conhecer-se como deve, ou de
perceber o estado íntimo de sua alma”. (Philokalia em Anselm Grün – Oração e
autoconhecimento)

22. “A capacidade que a oração possui para nos levar ao autoconhecimento mais
profundo, fundamenta-se no fato de ela confrontar-nos com Deus. No momento em que

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me confronto com Deus, me torno consciente do que em mim está errado. A oração
manifesta o que a mera auto-observação jamais haveria de perceber” (Anselm Grün –
Oração e autoconhecimento).

23. O encontro com Deus na oração deve nos levar mergulhar no nosso interior, isso
nos permite entrarmos em contato com os diversos níveis das nossas realidades mais
íntimas e tudo o que perfaz o nosso ser: pensamentos, sentimentos, angústias,
paixões, etc. Assim a oração se torna autoconhecimento e ao mesmo tempo
possibilidade de conhecer verdadeiramente a Deus. Pois a medida em que a pessoa
encontra a si mesma ao ver desvelada sua própria natureza diante de Deus, também
pode repentinamente ver desvelar-se a natureza de Deus como aquele que a ama e
sustenta, conforme nos testemunham as Sagradas Escrituras. “Na oração o encontro
nos coloca diante de um tu (Deus) completamente distinto de nós mesmos. Diante de
um tu podemos vislumbrar, de modo direto e imediato, o que somos e o ser de nossa
identidade. No encontro com o outro, que é diverso, encontro a minha verdadeira
realidade” (Anselm Grün. – A oração como encontro).

24. O homem só pode se encontrar verdadeiramente quando sai de si mesmo.

25. Olhando para Deus, podemos contemplar a sua beleza, santidade, bondade, amor,
a mansidão, a paciência, a misericórdia, fidelidade, etc. Ao contemplarmos Jesus
vemos sua beleza e, ao mesmo tempo, nos vendo em seus olhos, veremos o nosso
nada, nossa miséria, nosso pecado, nossas infidelidades, nossa incapacidade, etc.
Vemos assim a grandeza de Deus e diante dela a nossa profunda pobreza e pequenez.
Constatamos o quanto estamos longe de ser o que Ele deseja que sejamos.

26. Contudo o olhar de Deus por nós não é acusador e nem nos julga em nossos
pecados, mas ao contrário é um olhar de profundo amor. É tão amoroso que nos
constrange. Ao contemplar o olhar de Deus por nós, vemos que apesar de enxergar
tudo aquilo que somos de verdade (todo nosso pecado e miséria), esse olhar penetra
muito além, e encontra a nossa essência mais profunda. Deus quando nos olha, não vê
apenas aquilo que somos, mas tudo o que podemos ser pela sua graça na raiz da
nossa essência. Ele nos vê como filhos amados onde pode ser refletida a imagem de
Jesus, o Filho, que é nosso modelo. Assim Deus contempla em nós aquilo que
seremos na eternidade, contempla toda a santidade que podemos alcançar, porque Ele
mesmo nos capacitou para isso com o seu Espírito Santo. Por isso apesar de toda
nossa pequenez e fraqueza ele nos ama profundamente e não nos condena, mas nos
acolhe na sua misericórdia para que permanecendo com Ele alcancemos a sua glória.
Nós somos um grão de areia que Deus olha e vê que é um grão de areia, mas vê neste
grão a pérola que pode se tornar. Assim Ele ama e deseja este grão, não apenas como
um grão de areia, mas como uma verdadeira pérola preciosa.

27. Dessa forma no processo de autoconhecimento, também conhecemos o Amor de


Deus e podemos nos apaixonar cada vez mais por Ele. Percebemos o quanto somos
amados e o quanto não merecemos esse amor. Fazemos a experiência do amor
gratuito de Deus por nós. Compreendemos que recebemos muito mais do que
merecemos e passamos a ter um profundo sentimento de gratidão por todo amor
recebido. Esta experiência do amor gratuito cura nossas feridas, nossas carências,
nossas inseguranças e nos faz querer sair de nós mesmos para retribuir este amor.
Saímos da posição de querer apenas receber (egoísmo) e passamos a posição de dar

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(amor), porque já recebemos tudo o que precisávamos. Este é o processo de assimilar


em si os traços de Jesus. Isto é sinal de maturidade.

28. Nos colocando diante de Deus como verdadeiramente somos pela oração, podemos
nos aproximar do lado sombrio e obscuro da nossa alma, com nossos projetos, nossas
dores, nossas pulsões e todas espécies de agitações internas que estão em nós, de
forma que tudo isso possa ser iluminado por Deus. Conhecer as realidades interiores e
exteriores que compõem o nosso ser, apresentá-las a Deus e, ao mesmo tempo
assumirmos essas realidades em nós, abre espaço para ação de Deus em nossa vida,
que pode então ser transformada. À luz de Deus podemos compreender melhor a
nossa própria realidade, e então nos reapropriamos da nossa vida de uma forma
diferente, nova, que nos leva a assumir o projeto de vida que Deus tem para nós.

29. Segundo os monges o autoconhecimento deve ser vivido em dois aspectos distintos.
Por um lado o homem se conhece a partir da grandeza de Deus que nele se reflete. O
homem é imagem e semelhança de Deus. Por outro o homem deve se reconhecer
como imagem desfigurada de Deus. Como imagem de Deus o homem deve
reconhecer a sua dignidade, sua beleza, todo bem que Deus colocou nele e sua
capacidade de tornar-se morada de Deus. Mas ao mesmo tempo ele deve descobrir o
quanto esconde e deforma esta imagem, deve patentear as trevas, o mal, o erro e a
deformação que carrega em si. Então Deus o há de curar, reconstruir a imagem
original, há de fazer com que o homem venha a ser aquilo que Ele quis que viesse a
ser. (cf. Anselm Grün – Oração e autoconhecimento).

30. Nos desígnios de Deus tudo o que acontece em nossa vida têm uma finalidade
construtora, que vai muito além da nossa compreensão. Quando passamos a nos
conhecer em Deus vamos descobrindo o significado daquilo que vivemos e
redescobrindo a nossa história como história da nossa salvação, na qual Deus sempre
esteve presente nos conduzindo para chegarmos até Ele. Então compreenderemos
que “Todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus”.

Maturidade Humana E Espiritual Como Fruto Do Autoconhecimento

31. A maturidade humana é fruto do reconhecimento e aceitação serena da verdade


objetiva que revela a pessoa. É aceitar a própria fraqueza e nela encontrar força, é
descobrir a liberdade para servir e a confiança que abre para o relacionamento e a
experiência de amor, chegando a entrega da própria vida. Esta maturidade humana é
base para a maturidade espiritual e é conquistada a partir do autoconhecimento.

32. A maturidade espiritual é a maturidade daquele que tem fé, refere-se aos
componentes espirituais do homem interior: o coração e os afetos, a mente e a
vontade. A dimensão espiritual não pode se sustentar sem a dimensão humana, aliás,
realiza-a em plenitude no grau máximo da sua humanidade. Não pode existir, portanto
nenhuma dimensão de amadurecimento espiritual sem o indispensável suporte
humano e sem que dele advenha um total desabrochar humano.

33. “Se a dimensão humana representa a profundidade do mistério-homem, isto é, os


recursos de energias que ele possui; a dimensão espiritual indica a altura que o homem
é chamado, o que ele pode e deve alcança. E como a altura pressupõe a profundidade,
quanto mais se lança para o alto, tanto mais se necessita de raízes bem profundas”.
(Amedeo Cencini – Os sentimentos do filho). Desta forma fica claro que embora a
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maturidade humana seja base para a maturidade espiritual, esse processo de


amadurecimento nas duas dimensões caminham juntos, uma sustenta a outra e vice-
versa.

34. “Se alguém está em Cristo é uma nova criatura” (2 Cor 5, 17); Ser uma nova criatura
é viver a liberdade do próprio ser em Cristo, não estando mais condicionada a
circunstâncias, a antecedentes, a impulsos incontroláveis, etc, mas liberta pela ação
purificadora e santificadora do Espírito Santo. “Onde está o Espírito. de Deus aí está a
liberdade” (2 Cor 3, 17).

35. “O homem novo, do qual fala Paulo, está totalmente iluminado pela sabedoria do
Espírito. Mas a luz é refletida e resplandece em sua humanidade”. (A. Cencini – Os
sentimentos do Filho)

36. “É na capacidade de amar com autenticidade, integralidade e plenitude, a Deus e


aos irmãos que se encontram o centro e o critério-guia de uma personalidade madura,
como também de uma religiosidade bem inserida na personalidade e na vida, capaz de
promover a pessoa e a sociedade” (Amedeo Cencini – Amarás o Senhor teu Deus).

37. Para o cristão a maturidade humana e espiritual é sinônimo de uma integração


harmoniosa e fecunda entre Fé e Vida, de forma que a fé amadurecida se torne vida e
a vida seja vivida iluminada pela fé.

38. É preciso saber que ninguém consegue se conhecer perfeitamente, pois por maior
que seja o conhecimento do homem ele sempre será imperfeito, por ser apenas uma
centelha do conhecimento de Deus, o único perfeito. Nosso conhecimento de nós se
aperfeiçoa à medida que nos aproximamos e aprofundamos a nossa vida em Deus,
para que na eternidade possamos vê-lo tal qual Ele é e então conheceremos tudo o
que Ele conhece a nosso respeito: “Agora meu conhecimento é limitado, mas, depois,
conhecerei como sou conhecido” (I Cor 13, 13).

39. Isso significa que esse processo de autoconhecimento e busca de maturidade é algo
que deve durar toda a nossa vida e só se esgotará quando estivermos realmente face a
face com Deus na eternidade. Portanto o autoconhecimento é algo progressivo em
nossa vida e também é progressiva a transformação decorrente dele. Isso faz parte do
nosso processo de amadurecimento. Há um mínimo de amadurecimento que cada
pessoa deve ter em cada fase de sua vida, pois cada fase da vida exige uma
maturidade própria e devemos buscá-la em cada fase que estivermos vivemos. Por
isso a busca de maturidade dura a vida toda, assim como a conversão, pois são duas
coisas que caminham juntas.

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