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A liberdade começa quando percebemos que

não somos a entidade dominadora, o pensador.


Saber disso permite observar a entidade.
No momento em que começamos a observar
o pensador, ativamos um nível mais alto
de consciência.

Começamos a perceber, então, que existe uma


vasta área de inteligência além do pensamento
e que este é apenas um aspecto diminuto da
inteligência. Percebemos também que todas as
coisas realmente importantes, como a beleza, o
amor, a criatividade, a alegria e a paz interior,
surgem de um ponto além da mente.

É quando começamos a acordar.


SUMÁRIO

Introdução 9

Parte I ACESSANDO O PODER DO AGORA

Capítulo um: Ser e iluminação 13


Capítulo dois: A origem do medo 25
Capítulo três: Entrando no Agora 31
Capítulo quatro: Dissolvendo a inconsciência 45
Capítulo cinco: A beleza nasce da serenidade da
sua presença 55

Parte II RELACIONAMENTOS COMO


PRÁTICA ESPIRITUAL

Capítulo seis: Dissolvendo o sofrimento 71


Capítulo sete: Transformando as relações viciadas
em relações iluminadas 83

Parte III ACEITAÇÃO E ENTREGA

Capítulo oito: A aceitação do Agora 99


Capítulo nove: Transformando a doença e o sofrimento 123

Fontes de consulta recomendadas 135


I NTROD UÇÃO

O Poder do Agora se tornou um dos maiores livros espi-


rituais escritos na atualidade. Ele contém uma força que
vai além das palavras e pode nos conduzir a um lugar de
grande serenidade, acima dos nossos pensamentos, um
lugar em que os problemas criados por nossas mentes se
dissolvem e onde descobrimos o que significa criar uma
vida de liberdade.
Essa profunda transformação da consciência humana
não é uma possibilidade distante no futuro, ela está dis-
ponível agora – não importa quem você seja ou onde quer
que esteja. Este livro ensina como se libertar da escravi-
dão da mente, entrar no estado iluminado de consciência
e mantê-lo na vida cotidiana.
Praticando o Poder do Agora é uma seleção cuidadosa
de trechos extraídos de O Poder do Agora. Ele serve como
uma excelente introdução aos ensinamentos do autor,
além de mostrar, de forma objetiva, práticas específicas e
chaves que revelam como descobrir e alcançar “a graça, o
bem-estar e a iluminação”. Basta acalmar os pensamentos
e olhar, no momento presente, o mundo diante de nós.
Leia este livro devagar, ou apenas abra-o ao acaso,
reflita sobre suas palavras e – talvez com o tempo ou

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Praticando o Poder do Agora

quem sabe imediatamente – descubra algo que leve a


uma mudança em sua vida. Você vai encontrar força e
habilidade para mudar e elevar não só a sua vida, mas
também o mundo.
Essa força está aqui, agora, neste momento: a sagrada
presença do seu Ser. Está aqui, agora, não em um futuro
distante: um lugar em nosso interior que está e sempre
estará além das turbulências da vida, um mundo de sereni-
dade além das palavras, de alegria que não tem oponentes.
Está em suas mãos. Descubra o poder do Agora.

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Parte I

ACESSANDO O
PODER DO AGORA
Quando a nossa consciência se volta para
o exterior, a mente e o mundo passam a existir.
Quando se dirige para o interior,
ela percebe a sua própria Fonte e regressa
ao Não Manifesto.
capítulo um

SER E ILUMINAÇÃO

Existe uma Vida Única, eterna e sempre presente, além


das inúmeras formas de vida sujeitas ao nascimento e à
morte. Muitas pessoas empregam a palavra Deus para
descrevê-la, mas eu costumo chamá-la de Ser. Tanto
“Deus” quanto “Ser” são palavras que não explicam nada.
“Ser”, entretanto, tem a vantagem de sugerir um conceito
aberto. Não reduz o invisível infinito a uma entidade
finita. É impossível formar uma imagem mental a esse
respeito. Ninguém pode reivindicar a posse exclusiva do
Ser. É a sua essência, tão acessível como sentir a sua pró-
pria presença. Portanto, a distância é muito curta entre a
palavra “Ser” e a vivência do Ser.

O SER NÃO ESTÁ apenas além, mas também dentro


de todas as formas, como a mais profunda, invisível
e indestrutível essência interior. Isso significa que
ele está ao seu alcance agora, sob a forma de um eu
interior mais profundo, que é a verdadeira natureza
dentro de você. Mas não procure apreendê-lo com a
mente. Não tente entendê-lo.

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Praticando o Poder do Agora

Só é possível conhecê-lo quando a mente está


serena. Se estiver alerta, com toda a sua atenção
voltada para o Agora, você até poderá sentir o Ser,
mas jamais conseguirá compreendê-lo mentalmente.

Recuperar a consciência do Ser e submeter-se a esse


estado de “percepção dos sentidos” é o que se chama
iluminação.
A palavra iluminação transmite a ideia de uma con-
quista sobre-humana – e isso agrada ao ego –, mas é
simplesmente o estado natural de sentir-se em unidade
com o Ser. É um estado de conexão com algo imensurá-
vel e indestrutível. Pode parecer um paradoxo, mas esse
“algo” é essencialmente você e, ao mesmo tempo, é muito
maior do que você. A iluminação consiste em encontrar a
verdadeira natureza por trás do nome e da forma.
A incapacidade de sentir essa conexão dá origem a
uma ilusão de separação, tanto de você mesmo quanto
do mundo ao redor. Quando você se percebe, consciente
ou inconscientemente, como um fragmento isolado, o
medo e os conflitos internos e externos tomam conta da
sua vida.
O maior obstáculo para vivenciar essa realidade é a
identificação com a mente, o que faz com que estejamos
sempre pensando em alguma coisa. Ser incapaz de parar
de pensar é uma aflição terrível, mas ninguém percebe
porque quase todos nós sofremos disso e, então, consi-
deramos uma coisa normal. O ruído mental incessante
nos impede de encontrar a área de serenidade interior,

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Ser e iluminação

que é inseparável do Ser. Isso faz com que a mente crie


um falso eu interior que projeta uma sombra de medo e
sofrimento sobre nós.
A identificação com a mente cria uma tela opaca
de conceitos, rótulos, imagens, palavras, julgamentos e
definições, que bloqueia todas as relações verdadeiras.
Essa tela se situa entre você e o seu eu interior, entre
você e o próximo, entre você e a natureza, entre você e
Deus. É essa tela de pensamentos que cria uma ilusão de
separação, uma ilusão de que existem você e um “outro”
totalmente à parte. Esquecemos o fato essencial de que,
debaixo do nível das aparências físicas, formamos uma
unidade com tudo aquilo que é.
Se for usada corretamente, a mente é um instrumento
magnífico. Entretanto, quando a usamos de forma errada,
ela se torna destrutiva. Para ser ainda mais preciso, não é
você que usa a sua mente de forma errada. Em geral, você
simplesmente não usa a mente. É ela que usa você. Essa é
a doença. Você acredita que é a sua mente. Eis aí o delírio.
O instrumento se apossou de você.
É quase como se algo nos dominasse sem termos cons-
ciência disso e passássemos a viver como se fôssemos a
entidade dominadora.

A LIBERDADE COMEÇA quando você percebe que não


é a entidade dominadora, o pensador. Saber disso
permite observar a entidade. No momento em que
você começa a observar o pensador, ativa um nível
mais alto de consciência.

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Praticando o Poder do Agora

Começa a perceber, então, que existe uma vasta área de


inteligência além do pensamento e que este é apenas um
aspecto diminuto da inteligência. Percebe também que
todas as coisas realmente importantes, como a beleza, o
amor, a criatividade, a alegria e a paz interior, surgem de
um ponto além da mente.
Você começa a acordar.

LIBERTANDO -SE DA SUA MENTE

A boa notícia é que podemos nos libertar de nossas men-


tes. Essa é a única libertação verdadeira. Dê o primeiro
passo neste exato momento.

COMECE A OUVIR a voz na sua cabeça, tanto quan-


to puder. Preste atenção principalmente a padrões
repetitivos de pensamento, aquelas velhas trilhas
sonoras que você escuta dentro da sua cabeça há
anos.
É isso o que quero dizer com “observar o pensa-
dor”. É um outro modo de dizer o seguinte: ouça a
voz dentro da sua cabeça, esteja lá presente, como
uma testemunha.
Seja imparcial ao ouvir a voz, não julgue nada.
Não julgue ou condene o que você ouve, porque
fazer isso significaria que a mesma voz acabou de

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Ser e iluminação

voltar pela porta dos fundos. Você logo perceberá: lá


está a voz e aqui estou eu, ouvindo-a e observando-a.
Sentir a própria presença não é um pensamento, é
algo que surge de um ponto além da mente.

Assim, ouvir um pensamento significa que você está


consciente não só do pensamento, mas também de você
mesmo, como uma testemunha daquele pensamento.
Uma nova dimensão da consciência acabou de surgir.

QUANDO VOCÊ OUVE o pensamento, sente uma pre-


sença consciente, que é o seu interior mais profundo,
por trás ou por baixo do pensamento. O pensamen-
to, então, perde o poder que exerce sobre você e se
afasta rapidamente, porque a mente não está mais
recebendo a energia gerada pela sua identificação
com ela. Esse é o começo do fim do pensamento
involuntário e compulsivo.
Quando um pensamento se afasta, percebemos
uma interrupção no fluxo mental, um espaço de
“mente vazia”. No início, esses espaços são curtos,
talvez apenas alguns segundos, mas, aos poucos, se
tornam mais longos. Quando esses espaços aconte-
cem, sentimos uma certa serenidade e paz interior.
Esse é o começo do estado natural de nos sentirmos
em unidade com o Ser, que normalmente é encober-
to pela mente.
Com a prática, a sensação de paz e serenidade
vai se intensificar. Na verdade, essa intensidade não

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Praticando o Poder do Agora

tem fim. Você também vai sentir brotar lá de den-


tro uma sutil emanação de alegria, que é a alegria
do Ser.

Nesse estado de conexão interior, ficamos muito mais


alertas e muito mais despertos do que no estado de iden-
tificação com a mente. Estamos presentes por inteiro.
Isso também eleva a frequência vibracional do campo
energético, que dá vida ao corpo físico.
Ao penetrarmos mais profundamente nessa área de
mente vazia, como ela às vezes é chamada no Oriente,
começamos a perceber o estado de pura consciência.
Nesse estado, sentimos a nossa própria presença com tal
intensidade e alegria que os pensamentos, as emoções,
nosso corpo, o mundo exterior – tudo se torna insigni-
ficante comparado a ele. No entanto, não é um estado
egoísta, e sim generoso. Ele nos transporta para um
ponto além do que antes julgávamos ser o nosso “eu inte-
rior”. Essa presença é essencialmente você e, ao mesmo
tempo, muito maior do que você.

EM VEZ DE “observar o pensador”, podemos também


criar um espaço no fluxo da mente, direcionando o
foco da nossa atenção para o Agora. Torne-se bas-
tante consciente do momento.

Isso é profundamente gratificante de se fazer. Agindo


assim, desviamos a consciência para longe da atividade
da mente e criamos um espaço de mente vazia, em que

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Ser e iluminação

ficamos extremamente alertas e conscientes, mas não


sem pensar. Essa é a essência da meditação.

NA VIDA DIÁRIA é possível pôr isso em prática dando


total atenção a qualquer atividade rotineira, nor-
malmente considerada como apenas um meio para
atingir um objetivo, de modo a transformá-la em
um fim em si mesma. Por exemplo, todas as vezes
que você subir ou descer as escadas em casa ou no
trabalho, preste muita atenção a cada passo, a cada
movimento, até mesmo a sua respiração. Esteja
totalmente presente.
Ou, quando lavar as mãos, preste atenção a todas
as sensações provocadas por essa atividade, como
o som e o contato da água, o movimento das suas
mãos, o cheiro do sabonete, e assim por diante. Ou
então, quando entrar em seu carro, pare por alguns
segundos depois que fechar a porta e observe o fluxo
da sua respiração. Tome consciência de um silencio-
so, mas poderoso, sentido de presença.
Para medir, sem errar, o seu sucesso nessa prática,
verifique o grau de paz dentro de você.

O passo mais importante na caminhada em direção


à iluminação é aprendermos a nos dissociar de nossas
mentes. Todas as vezes que criamos um espaço no fluxo
do pensamento, a luz da nossa consciência fica mais forte.
Um dia você pode se surpreender sorrindo para a voz
dentro da cabeça, como sorriria para as travessuras de

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Praticando o Poder do Agora

uma criança. Isso significa que você não está mais levan-
do tão a sério o que vai pela mente, pois o seu eu interior
não depende dela.

ILUMINAÇÃO : ELEVANDO -SE


ACIMA DO PENSAMENTO

No processo de crescimento, construímos uma imagem


mental de nós mesmos, baseada em nosso condicio-
namento pessoal e cultural. Podemos chamar isso de
“o fantasma pessoal do ego”. Consiste em uma ativi-
dade mental e só pode ser mantido através do pensar
constante. A palavra “ego” tem sentidos diferentes para
pessoas diferentes, mas aqui significa um falso eu inte-
rior, criado por uma identificação inconsciente com
a mente.
Para o ego, o momento presente dificilmente existe.
Só o passado e o futuro são considerados importantes.
Essa total inversão da verdade explica por que, para o
ego, a mente não tem função. O ego está sempre preo-
cupado em manter o passado vivo, porque pensa que
sem ele não seríamos ninguém. E se projeta no futuro
para assegurar a continuação da sua sobrevivência e bus-
car algum tipo de escape ou satisfação lá adiante. Ele diz
assim: “Um dia, quando isso ou aquilo acontecer, vou
ficar bem, feliz, em paz.”

20
Ser e iluminação

Mesmo quando o ego parece estar preocupado com o


presente, não é o presente que ele vê, porque constrói uma
imagem completamente distorcida, a partir do passado.
Ou então reduz o presente a um meio para obter o fim
desejado, um fim que sempre consiste em um futuro pro-
jetado pela mente. Observe sua mente e verá que é assim
que ela funciona.
O momento presente tem a chave para a libertação.
Mas você não conseguirá percebê-lo enquanto você for
a sua mente.
A iluminação significa chegar a um nível acima do
pensamento. No estado iluminado, continuamos a usar
nossas mentes quando necessário, mas de um modo mais
focalizado e eficiente. Assim, utilizando nossas mentes
com objetivos práticos, não ouvimos mais o diálogo
interno involuntário e sentimos uma serenidade interior.
Quando usamos de fato nossas mentes e, em especial,
quando necessitamos de uma solução criativa, há uma
oscilação, de segundos, entre o pensamento e a sereni-
dade, entre a mente e a mente vazia. O estado de mente
vazia é a consciência sem o pensamento. Só assim é pos-
sível pensar criativamente, porque somente desse modo
o pensamento tem alguma força real. O pensamento
sozinho, quando não mais conectado com a área da cons-
ciência, que é muito mais ampla, rapidamente se torna
árido, doentio e destrutivo.

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Praticando o Poder do Agora

EMOÇÃO : A RE AÇÃO DO CORPO À MENTE

A mente, no sentido em que emprego o termo, não


é apenas pensamento. Ela inclui nossas emoções, assim
como todos os padrões de reações mentais e emocionais
inconscientes. A emoção nasce no lugar onde a mente e
o corpo se encontram. É a reação do corpo à nossa mente
ou, podemos dizer, um reflexo da mente no corpo.
Quanto mais identificados estivermos com nosso
pensamento, com as coisas que nos agradam ou não,
com nossos julgamentos e interpretações, ou seja, quanto
menos presentes estivermos como consciência obser-
vadora, mais forte será a carga de energia emocional,
tenhamos ou não consciência disso. Se você não consegue
sentir as suas emoções, se as mantém a distância, termi-
nará por senti-las em um nível puramente físico, como
um sintoma ou um problema físico.

SE VOCÊ TEM DIFICULDADE de sentir suas emoções,


comece concentrando a atenção na área de ener-
gia interior do seu corpo. Sinta o seu corpo lá no
fundo. Essa prática colocará você em contato com
as suas emoções.
Se quisermos conhecer mesmo a nossa mente, o
corpo sempre nos dará um reflexo confiável. Por-
tanto, observe a sua emoção, ou melhor, sinta-a em
seu corpo. Se houver um aparente conflito entre os
dois, a verdade estará na emoção e não no pensa-
mento. Não a verdade definitiva sobre quem você

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Ser e iluminação

é, mas a verdade relativa ao estado da sua mente


naquele momento.
Mesmo que você ainda não seja capaz de trazer
a sua atividade mental inconsciente para um estado
de consciência sob a forma de pensamento, ela estará
sempre refletida no seu corpo como uma emoção, e
isso você pode passar a perceber.
Observar uma emoção assim é o mesmo que ouvir
ou observar um pensamento. A diferença é que o
pensamento está na sua cabeça, enquanto a emoção,
por conter um forte componente físico, se manifesta
em primeiro lugar no corpo.
Você pode permitir que a emoção esteja ali, sem
deixar que ela assuma o controle. Você não é mais a
emoção. Você é o observador, a presença que observa.

Ao praticar isso, tudo o que está inconsciente será tra-


zido à luz da sua consciência.

HABITUE-SE A PERGUNTAR o que está acontecendo


com você neste exato momento. Essa questão lhe
indicará a direção certa. Mas não analise, apenas
observe. Concentre sua atenção dentro de você.
Sinta a energia da emoção.
Se não há emoção presente, concentre sua aten-
ção mais fundo no campo da energia interna do seu
corpo. Essa é a porta de entrada para o Ser.

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capítulo dois

A ORIGEM DO MEDO

A doença psicológica do medo não está presa a qualquer


perigo imediato concreto e verdadeiro. Manifesta-se de
várias formas, tais como agitação, preocupação, ansie-
dade, nervosismo, tensão, pavor, fobia, etc. Esse tipo de
medo psicológico é sempre de alguma coisa que poderá
acontecer, não de alguma coisa que está acontecendo
neste momento. Você está aqui e agora, ao passo que a
sua mente está no futuro. Essa situação cria um espaço de
angústia. E, caso estejamos identificados com as nossas
mentes e tenhamos perdido o contato com o poder e a
simplicidade do Agora, essa angústia será nossa compa-
nhia constante. Podemos sempre lidar com uma situação
no momento em que ela se apresenta, mas não podemos
lidar com algo que é apenas uma projeção mental. Não
podemos lidar com o futuro.
Além do mais, enquanto estivermos identificados com
a mente, o ego regerá as nossas vidas. Por conta da sua
natureza ilusória e apesar dos elaborados mecanismos
de defesa, o ego é muito vulnerável e inseguro e vê a si
mesmo sob constante ameaça. Esse é o caso aqui, mesmo
que o ego seja muito confiante, em sua forma externa.
Agora, lembre-se de que uma emoção é a reação do

25
Praticando o Poder do Agora

corpo à mente. Que mensagem o corpo está recebendo


permanentemente do ego, o falso eu interior construído
pela mente? Perigo, estou sob ameaça. E qual é a emoção
gerada por essa mensagem permanente? Medo, é claro.

O medo parece ter várias causas. Tememos perder,


falhar, nos machucar, mas em última análise todos os
medos se resumem a um só: o medo que o ego tem da
morte e da destruição. Para o ego, a morte está bem ali na
esquina. No estado de identificação com a mente, o medo
da morte afeta cada aspecto da nossa vida.
Por exemplo, mesmo uma coisa aparentemente trivial
ou “normal”, como a necessidade compulsiva de estar
certo em um argumento e demonstrar à outra pessoa
que ela está errada, acontece por causa do medo da
morte. Se estivermos identificados com uma atitude
mental e descobrirmos que estamos errados, nosso sen-
tido de eu interior baseado na mente correrá um sério
risco de destruição. Portanto, assim como o ego, você
não pode errar. Errar é morrer. Muitas guerras foram
disputadas por causa disso, e inúmeros relacionamentos
foram destruídos.
Uma vez que não estejamos mais identificados com a
mente, não faz a menor diferença para o nosso eu inte-
rior estarmos certos ou errados. Assim, a necessidade
compulsiva e profundamente inconsciente de termos
sempre razão – o que é uma forma de violência – vai
desaparecer. Você poderá declarar de modo calmo e
firme como se sente ou o que pensa a respeito de algum

26
A origem do medo

assunto, mas sem agressividade ou qualquer sentido de


defesa. O sentido do eu interior passa a se originar de
um lugar profundo e verdadeiro dentro de você, não
mais de sua mente.

TENHA CUIDADO COM qualquer tipo de defesa dentro


de você. Está se defendendo de quê? De uma identi-
dade ilusória, de uma imagem em sua mente, de uma
entidade fictícia. Ao trazer esse padrão à consciência,
ao testemunhá-lo, você deixa de se identificar com
ele. À luz da sua consciência, o padrão de incons-
ciência irá se dissolver rapidamente.
Esse é o fim de todos os argumentos e jogos
de poder, tão prejudiciais aos relacionamentos. O
poder sobre os outros é a fraqueza disfarçada de
força. O verdadeiro poder é interior e está à sua
disposição agora.

A mente procura sempre negar e escapar do Agora.


Em outras palavras, quanto mais nos identificamos com
as nossas mentes, mais sofremos. Ou ainda, quanto mais
respeitamos e aceitamos o Agora, mais nos libertamos da
dor, do sofrimento e da mente.
Se não quer gerar mais sofrimento para você e para os
outros, se não quer acrescentar mais nada ao resíduo do
sofrimento do passado que ainda vive em você, não crie
mais tempo, ou, pelo menos, não mais do que o necessá-
rio para lidar com os aspectos práticos da sua vida. Como
deixar de criar tempo?

27
Praticando o Poder do Agora

TENDO UMA PROFUNDA consciência de que o momen-


to presente é tudo o que você tem. Faça do Agora o
foco principal da sua vida.
Se antes você se fixava no tempo e fazia rápidas
visitas ao Agora, inverta essa lógica, fixando-se no
Agora e fazendo visitas rápidas ao passado e ao futu-
ro quando precisar lidar com os aspectos práticos da
sua vida.
Diga sempre “sim” ao momento atual.

O FIM DA ILUSÃO DO TEMPO

A chave do segredo está em acabar com a ilusão do


tempo. O tempo e a mente são inseparáveis. Tire o tempo
da mente e ele para, a menos que você escolha utilizá-lo.
Estar identificado com a mente é estar preso ao tempo.
É a compulsão para vivermos quase exclusivamente atra-
vés da memória ou da antecipação. Isso cria uma preocu-
pação infinita com o passado e o futuro, e uma relutância
em respeitar o momento presente e permitir que ele
aconteça. Temos essa compulsão porque o passado nos
dá uma identidade e o futuro contém uma promessa de
salvação e de realização. Ambos são ilusões.
Quanto mais nos concentramos no tempo, no passado
e no futuro, mais perdemos o Agora, a coisa mais impor-
tante que existe.

28
A origem do medo

Por que o Agora é a coisa mais importante que existe?


Primeiramente, porque é a única coisa. É tudo o que
existe. O eterno presente é o espaço dentro do qual se
desenvolve toda a nossa vida, o único fator que permane-
ce constante. A vida é agora. Nunca houve uma época em
que a nossa vida não fosse agora, nem haverá.
Em segundo lugar, o Agora é o único ponto que pode
nos conduzir para além das fronteiras limitadas da mente.
É o nosso único ponto de acesso para a área atemporal e
amorfa do Ser.
Você alguma vez vivenciou, realizou, pensou ou sentiu
alguma coisa fora do Agora? Acha que conseguirá algum
dia? É possível alguma coisa acontecer ou ser fora do
Agora? A resposta é óbvia, não é mesmo?
Nada jamais aconteceu no passado, aconteceu no
Agora. Nada jamais irá acontecer no futuro, acontecerá
no Agora.
A essência dessas afirmações não pode ser compreendi-
da pela mente. No momento em que captamos a essência,
ocorre uma mudança na consciência, que passa a desviar
o foco da mente para o Ser, do tempo para a presença. De
repente, tudo parece vivo, irradia energia, emana do Ser.

29
INFORMAÇÕES SOBRE A SEXTANTE

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