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ESTUDO

DISCERNIMENTO VS. JULGAMENTO


POR LORRAINE SINKLER

LORRAINE SINKLER'S PALM BEACH CLASS 1981


Fita III-Lado 2, Catálogo No. 8103

FONTE: THE VALOR FOUNDATION

TRADUÇÃO: NATANAEL ALMEIDA


INTRODUÇÃO
A maioria dos problemas que você pode ter, ou que alguém possa ter, diz
respeito a uma pessoa ou à condição de uma pessoa. E como contornamos
isso? Como podemos nos livrar disso? A resposta é 'matar' todos os seres
humanos. Essa é uma grande tarefa, mas, surpreendentemente, você pode
fazer isso. Você pode chegar ao ponto em que você não tem nenhum ser
humano em sua experiência. Onde tudo o que você tem é a Presença de Deus.
Onde tudo o que você tem é esse único Eu aparecendo como todos que você
conhece. E isto é possível através do Princípio da Impersonalização, que para
mim é um dos mais práticos, o mais importante e o maior dos Princípios.
Impersonalização; não tendo pessoas.
Devemos saber, antes de tudo, que Eu sou essa Consciência Divina,
individualizada e expressada. E que todos que encontro é essa mesma
Consciência Divina. Existe apenas o Um. Deus, o Infinito Invisível, Onisciente,
Onipotente, Onipresente, é o único Ser que existe. Não há outro ser. Há
apenas Deus aparecendo, Deus se manifestando, revelando e desdobrando a Si
mesmo como ser individual. Se realmente percebêssemos isso, teríamos o
Cristo. Pois essa Consciência de Cristo é uma convicção absoluta de que existe
apenas o Um.
Isto é uma coisa muito difícil de praticar porque estamos acostumados a olhar
para as pessoas e julgá-las. Portanto, temos que ver que não há ninguém que
seja bom, pois só Deus é bom, e não há ninguém que seja mau, porque Deus
manifesto não poderia ser mau. Esta imagem diante de mim é apenas uma
sugestão de que pode haver outra pessoa ao lado do Um. Isto está vindo a
mim para minha aceitação e eu tenho uma escolha. Eu quero comprá-la ou
não? Vou aceitar em minha consciência alguma pessoa má, doente ou com
falta? Essa é a minha escolha. E se eu aceitar isso, também aceito essa imagem
para mim mesma. Por quê? Porque não há outro, apenas o Um.
Temos que desistir de toda a abordagem da vida onde acreditamos que
podemos ver o que uma pessoa "realmente é" humanamente. Você conhece
pessoas que se orgulham disso. 'Eu vejo o que está operando nessa pessoa'. E
não a vemos como a mente carnal, nós a vemos como algo muito, muito
humano. Isso não é discernimento, isso é apenas julgamento. O que temos que
desenvolver é o Discernimento Espiritual que vê através deste disfarce que a
pessoa parece estar usando.
Portanto, voltamos ao Princípio: há apenas Deus aparecendo como ser
individual, dotado de todas as qualidades e capacidades de Deus, e apenas
com elas. Trabalhamos com esse Princípio, meditamos sobre ele, e toda vez
que a tentação vem para julgar alguma pessoa, lembramo-nos de quem é essa
pessoa. Dizemos a nós mesmos: 'Atrevo-me a julgar Deus feito manifesto?
Esta é a Consciência Divina se expressando, e Nela não encontro culpa'.
E não descanse no 'bem' que vemos também. Reinterprete esse bem e veja
que o bem não é do homem, é de Deus. Impersonalize o que você está vendo
para que sua gratidão por uma pessoa 'bonita' seja a gratidão por ela ser um
instrumento tão bonito para o Divino fluindo através dela.

Então, todos que entram em sua experiência viriam apenas como uma
bênção, uma bênção para você, e uma bênção para eles. Pois é sempre uma
via de mão dupla. E nossa bênção é conhecer a identidade Espiritual de cada
pessoa; saber que no centro de cada pessoa o Cristo está entronizado. O Cristo
é a individualização da Consciência Divina de toda criação espiritual.

Impersonalize, reconhecendo Deus como a Fonte de tudo, a Única Causa.


Veja qualquer coisa diferente dessa Causa Toda-Amorosa, Toda-Sábia, como
uma sugestão, uma miragem, uma ilusão que não tem substância, nenhuma lei
para mantê-la, nenhuma pessoa através da qual ela possa operar. Vestidos
com essa Armadura de Unidade, vamos para o mundo com confiança,
segurança e alegria sem fim.

'E houve um Silêncio no céu', como é verdade. No grau de silêncio interior, o


silêncio da mente de julgar pessoas, coisas ou condições, como 'boas' ou 'más',
alcançamos o Céu aqui e agora.
Métodos de estudo
Para estudo; meditação; e prática
DISCERNIMENTO VS. JULGAMENTO
Selecione neste estudo o que é mais espiritualmente inspirador para
você, medite sobre isso e trabalhe com isso até ouvir frutos.

A ALQUIMIA DA CONSCIÊNCIA por Lorraine Sinkler, Capítulo 5 -


A Sua Própria Imagem (Capítulo de Estudo Principal.)

Capítulos relacionados importantes: (esses são capítulos de estudo opcionais,


relacionados a esta lição.)
REALIZAÇÃO DA UNIDADE por Joel Goldsmith
Capítulos 2 - Libertação do Homem
3 - “Retira-te daqui Satanás”
5 – Descansando na Unidade
6 - Vivendo o Princípio da Impersonalização

A ALQUIMIA DA CONSCIÊNCIA por Lorraine Sinkler

Capítulos 8 - Ninguém Tem Maior Amor

9 – Armadura da Luz

PRATICANDO A PRESENÇA por Joel Goldsmith

Capítulo 5 – Ame teu Próximo


Reinterpretação, Impersonalização e “Nadificação”:
Estes são Princípios que nos levam à encruzilhada entre a experiência
humana e o desdobramento espiritual.
Por serem tão importantes, façamos a nós mesmos estas perguntas:
*Eu conheço esses Princípios tão bem, no que diz respeito à Letra da
Verdade, que agora posso começar a praticá-los sem medo de que alguma
imprecisão sobre o que fazer exatamente possa prejudicar a demonstração
deles?
*Será que também sei o suficiente sobre a Natureza de Deus, sobre Deus
aparecendo como ser individual, que quando impersonalizo algum aspecto
"deste mundo" aparecendo como pessoa ou condição, me encontro mais uma
vez descansando em Deus, descansando no universo Espiritual de Deus?
*Se houver alguma dúvida ao responder a estas perguntas, voltemos à Letra
da Verdade; meditemos sobre ela; e, sobretudo, pratiquemos o que
aprendemos.
Reinterpretação: ver através do "bem" e do "mal" humano à Realidade
Espiritual, que é que Deus é o Único Bem, a Única Presença, o Único Poder, a
Única Lei, Substância e Efeito; Deus é a Única Realidade, não importa que
imagem se apresente aos nossos cinco sentidos físicos.
Impersonalização: não ter outra pessoa senão o Um, o Eu Divino, não importa
qual seja a aparência.
Nadificação: não ter poderes a não ser o Poder Único, que é Deus, e descartar
qualquer aparência contrária como o nada (coisa nenhuma) que é.

A Natureza de Deus
Deus é Onisciente, Onipotente, Onipresente, o Infinito Invisível e não há
mais nada.
Há apenas Deus aparecendo, Deus se manifestando, revelando e
desdobrando a Si mesmo como ser individual, e Eu sou Isso, e todos os outros
também.
O único estado de ser que existe, é Ser de Deus, se desdobrando, revelando e
manifestando a Si Mesmo como ser individual, coisa e condição, apenas o Ser
de Deus se expressando através de uma pessoa (através de um ser individual,
coisa, condição) tem Poder, nada mais expressando através de uma pessoa
(através de um ser individual, coisa, condição) tem poder.

“Deus criou o homem à sua própria imagem”. (Gênesis 1: 27)

"A Terra é do Senhor e toda a sua plenitude." (Salmos 24:1)

E agora, para iniciar esta prática, tenha uma meditação na qual você pega a
pessoa (coisa, ou condição) que você achou "difícil", e comece a impersonalizar
e reconhecer o seu nada para que você veja a natureza do problema como o
sentido mesmérico, o hipnotismo, ou a mente carnal, aquilo que não tem
pessoa, substância, lei ou causa. Veja que o que você chamou de pessoa é
realmente esse Eu que é Deus, a Consciência Pura e não fisicalidade. Perceba
que a Natureza de Deus, a Natureza do Eu de todo ser, é Onisciência,
Onipotência e Onipresença. Seja uma transparência para que a Luz de Deus
brilhe, e deixe que Ela dissolva todas as sombras dos sentidos humanos.

Trabalhe com este Princípio pacientemente, persistentemente,


perseverantemente, até alcançar uma liberdade interior do julgamento
humano, até experimentar realmente a Única Identidade Espiritual, e sua
unicidade com Ela, até que não exista nada mais que o Um.

"Eu e meu Pai somos Um".


e meu vizinho também é, meu inimigo também é,
e esta imagem diante de mim também é.
CAPÍTULOS INDICADOS PARA O ESTUDO

A ALQUIMIA DA CONSCIÊNCIA
Lorraine Sinkler

Capítulo 5 – A Sua Própria Imagem


(Capítulo de Estudo Principal.)
Assim Deus criou o homem a sua própria imagem, à imagem de Deus o
criou; macho e fêmea ele os criou.
Gênesis 1:27
Muitos contos de fadas contêm profundas lições espirituais. Um exemplo é a
história de Hansel e Gretel, que Humperdinck usou como tema de sua ópera
melodiosa e colorida. Hansel e Gretel haviam sido enviados à floresta para
colher morangos, mas em vez de obedecerem às instruções dadas por sua
mãe, eles brincaram e se divertiram, esquecendo completamente o trabalho
que deveriam fazer. De repente a escuridão estava sobre eles, e quando não
conseguiram encontrar o caminho de volta para casa, ficaram aterrorizados
porque lembraram que esta era a floresta em que a bruxa má vivia.
Em uma apresentação da ópera, árvores de aspecto sinistro foram colocadas
no palco à distância como pano de fundo para definir o tom da peça. À medida
que as árvores se moviam ameaçadoramente em direção às crianças,
aproximando-se cada vez mais, seus medos tornavam-se cada vez mais
dominantes. Era como se as árvores as estivessem aprisionando, não deixando
nenhuma maneira de escapar. Naquele momento, uma fada apareceu e as
colocou para dormir, um sono ainda mais profundo do que o da humanidade.
Quando amanheceu, ali, no meio das árvores que tinham aparecido tão
aterrorizantes na noite anterior, havia uma casinha feita do tipo de material
que cativaria as crianças: Biscoitos de gengibre. Decorando a casa e servindo
de enfeites, eram pequenos homens biscoitos, o epítome do bem humano aos
olhos das crianças. A bruxa malvada saiu deste chalé encantador, saudando as
crianças e se regozijando com essas novas vítimas que ela poderia assar em
sua fornalha. Embora Hansel e Gretel já estivessem sob o feitiço da bruxa, eles
ainda estavam alerta o suficiente para descobrir que a bruxa, apesar de seus
poderes mágicos, era míope e tinha dificuldade de ouvir. Então, quando ela
abriu a porta do forno para jogá-los, eles rastejaram-se até a bruxa e a
empurraram para o forno onde, em uma explosão de chamas, ela foi
queimada.
E o que aconteceu depois? Todas as vítimas que ela havia hipnotizado,
transformadas em homens biscoitos, e assadas na fornalha para atrair outras
vítimas, voltaram à vida. Mais uma vez eram crianças dançando por aí,
provando que sua verdadeira identidade nunca havia sido alterada. No
entanto, sob o feitiço mesmérico da bruxa, eles haviam esquecido quem eram
e pensavam que eram homens biscoitos. Por mais poderosa que a bruxa má
parecesse ser, ela nunca foi capaz de mudar ou tocar o "Eu" real de suas
vítimas. As duas crianças, com a pouca consciência que tinham, puderam se
virar contra a bruxa e lançá-la em seu forno. Então o que ela era? Nada, apenas
uma crença mesmérica em um poder à parte de Deus.
Às vezes, enquanto respondo minha correspondência ou o telefone e leio ou
ouço sobre todas as imagens de discórdia, falta e doença batendo à minha
porta, não consigo deixar de pensar: "Homens biscoitos! apenas homens
biscoitos!".
O medo age como uma prensa, fazendo-nos sentir como se estivéssemos
apertados, quase imóveis. Existe alguma prensa para nos segurar? Ou o medo
não é nada mais que outro homem biscoito? Embora parecesse que as crianças
tinham sido transformadas em homens biscoito, sua essência ou realidade
nunca foi tocada. Somos capazes de entender isto quando começamos a
despertar e ver que o que aparece como poder fora no mundo do efeito é
realmente sem poder e sem substância para uma Consciência Espiritual
realizada. Qualquer que seja o problema sob o qual estamos trabalhando, a
vida, o amor e a paz que são parte integrante de nosso ser nunca são tocados
pela personificação do senso ilusório da dualidade aparecendo como o falso
sentido(ego) do Eu. O Eu que nós somos permanece a Consciência Pura e
Imaculada.
Deus nos deu Sua Consciência Divina como nossa consciência individual. Uma
vez que a natureza dessa Consciência Divina é Infinita, pode haver outra? Essa
Consciência em Sua Plenitude é nossa; é a Consciência de nosso amigo e a
Consciência de nosso inimigo, uma Consciência que não pode ser hipnotizada
nem destruída. O que vemos como amigos ou inimigos são homens biscoitos
hipnotizados, mas eles estão tão inconscientes de seu estado hipnotizado
quanto nós.
Com a realização de que existe apenas Um Poder, a aparência se dissolve e
desaparece. Para onde? Volta pra onde tudo começou, volta ao que era no
início - nada: sem poder, sem substância, sem lei, sem causa e sem efeito,
sempre um mesmerismo universal. Não é o seu mesmerismo ou o meu
mesmerismo. É um mesmerismo universal. O Eu que nós somos não pode ser
hipnotizado, então nunca digamos: "Como "eu" estou hipnotizado! Como "eu"
sou hipnotizado!". A Consciência Divina que aparece como indivíduo pode ser
hipnotizada? Não é má prática quando dizemos: "Eu” estou hipnotizado"? A
verdade é que Eu não pode ser hipnotizado. Por quê? Porque o Eu que somos
é o filho amado de Deus, e o filho de Deus nunca pode ser hipnotizado. O "eu"
que pode ser hipnotizado é apenas um falso senso do Eu. Se é um falso senso,
não pode ser uma pessoa real.
Portanto, vamos acabar de uma vez por todas com a crença de que o Eu, que
nós somos, pode ser hipnotizado. Se tal sugestão vier até nós, devemos
despertar e reconhecer: Isto é ridículo demais! Nós não combatemos o
hipnotismo; não lutamos contra ele. Se todos nós tivéssemos um senso de
humor suficientemente bom, principalmente sobre nós mesmos, seríamos
capazes de avançar no caminho muito mais rapidamente. Muitos de nós
levamos a nós mesmos e nossos problemas muito a sério. Por que não rir de
nós mesmos, especialmente da sugestão de que Deus como Ser Individual
pode ser hipnotizado ou ter qualquer senso pessoal, isto é, ter o senso de uma
pessoa separada e apartada do Próprio Deus - mesmo que seja essa a
aparência.
Nosso trabalho consiste em revelar a Identidade Espiritual de cada pessoa.
Essa revelação aparece externamente como cura, mas na realidade ela está se
libertando dos conceitos que escondem o que é. Todo problema é a mente
carnal. Mas de quem é a mente carnal? A Única Mente que existe, é a Mente
que é o instrumento para a Consciência Divina, uma pura transparência para
Deus. Portanto, na realidade, não pode haver uma mente carnal.

Impersonalize o Problema
Não importa qual seja o problema, devemos primeiro retirá-lo da pessoa no
sentido de separar a crença dela e colocá-lo onde ele pertence, na mente
carnal, que é apenas uma sacola de vento, um nada. E o que é o nada? A
resposta de uma criança a essa pergunta foi: "É um balão com a película
arrancada ". Com a película do balão arrancada, o que resta? Nada. Isso é o fim
da questão.
O Princípio de cura consiste em saber que só Deus É e que Deus é a Única
pessoa que existe. Essa pessoa não precisa de cura. Isto que aparece como
uma pessoa enferma ou desagradável é a mente carnal, o balão com sua
película arrancada, absolutamente nada. Nunca é a pessoa.
Após uma pessoa trabalhar com este Princípio por um período de tempo e
ele ter começado a tomar posse de sua consciência, ela se liberta de tentar
ajudar ou curar pessoas e de temer algumas delas. Enquanto houver uma
pessoa que ela está tentando ajudar, ela estará combatendo, resistindo e
lutando. O fato de não haver uma pessoa que ela esteja tentando ajudar, não
significa que não haja cura. Ao contrário, uma melhor cura vem com a
compreensão de sua própria Identidade Espiritual e da Identidade Espiritual de
cada pessoa. (Isto é, o Eu, o Único Eu, que é Deus aparecendo como você e
como eu.)
Os vários problemas que aparecem como pessoas são apenas as máscaras
que a crença universal tem aceitado como pessoas. Mas a máscara nunca é a
pessoa. Recentemente um estudante me escreveu: "Parece-me quase bobo
pensar que eu deveria expressar gratidão a alguma pessoa, bobo porque é tão
óbvio que toda gratidão pertence a Deus". Entretanto, se Ele escolhe disfarçar-
se de forma tão engenhosa e maravilhosa, suponho que não haja razão para
não entregar minha gratidão a Ele como Ele aparece em um de Seus muitos
disfarces". Em seguida, ela acrescentou: " Ame todos os outros disfarces", ou
seja, as outras pessoas da casa.
Colocar em prática o Princípio da Impersonalização exige uma renúncia total
do julgamento. Achamos isto difícil porque estamos tão convencidos de que
nosso julgamento de uma pessoa é correto que não estamos dispostos a ver
através do disfarce ao que realmente existe. Nós nos agarramos firmemente a
estes conceitos de pessoas, nutrindo-os e alimentando-os e acrescentando ao
disfarce, colocando algumas marcas mais feias para que se torne um pouco
pior cada vez que pensamos sobre ela, em vez de deixá-la de lado e
reconhecer:
“Isto não é uma pessoa. Isto não tem nada a ver com uma pessoa: esta é
uma sugestão impessoal ou uma tentação que chega para mim. Isto é
hipnotismo.”
Quando somos despertados do hipnotismo, vemos uma pessoa em sua Deus-
Identidade. O remédio para todos os males do mundo é despertar para a
Verdade da Identidade Espiritual. Essa é a única necessidade real que existe.
Não é necessário remover a falta ou a doença, porque no Infinito de Deus não
há falta nem doença. Não é necessário encontrar emprego para uma pessoa,
porque Deus individualizado está sempre empregado em ser Ele mesmo. Só é
necessário despertar para a Verdade, e podemos fazer isso melhor na
proporção em que impersonalizamos o que está sendo apresentado a nós.
Todo problema sempre envolve uma pessoa. O conflito que se estabelece
entre as pessoas tem que ser resolvido dentro de nós mesmos, não mudando a
pessoa ou olhando com uma atitude mais santa, murmurando para nós
mesmos: "Veja como ele está hipnotizado", mas impersonalizando o problema.
Seria muito reconfortante poder sentir que alguém diferente de nós é o
hipnotizado. O Princípio, entretanto, é que o problema está sendo
apresentado a nós como uma pessoa e, portanto, temos que separar o
problema da pessoa.
Não nos fará bem meditar e depois olhar rapidamente para cima para ver o
quanto a pessoa mudou. Quase sempre a tentação é procurar uma mudança
em outra pessoa, nunca em nós mesmos. Pensamos que não temos que
mudar; já somos perfeitos. E nós somos! Sim, somos, mas não estamos
expressando essa perfeição enquanto continuarmos a ver imperfeição nos
outros. Cabe a nós ver através de cada disfarce, através das máscaras que
aceitamos como nossos associados, amigos e inimigos. Cabe a nós reconhecer
que Deus constitui o ser individual, não apenas nosso ser individual, mas o ser
individual de cada pessoa.

O Trabalho É Sempre em Nós Mesmos


Nada que aparece na forma de uma pessoa precisa nos causar preocupação.
O que precisamos ser muito preocupados é com o que está acontecendo em
nós. Se reagimos a uma pessoa com um sentimento de amor, ódio, desgosto,
desconfiança ou medo, geralmente é porque vemos nela as próprias
qualidades que, em nosso estado hipnotizado, nós mesmos estamos
expressando. Se elas não estivessem dentro de nós, não trariam nenhuma
reação. Cada um de nós pode pensar em pessoas em nossa experiência a quem
reagimos e naquelas a quem não reagimos. Se reagirmos, é quase certo que o
que estamos reagindo é realmente alguma qualidade que nossa consciência
confundiu com uma pessoa - como pessoal para nós ou para outra pessoa. Ela
tem que se encontrar dentro de nós mesmos: nós não a encontramos na outra
pessoa, nós a encontramos em nós mesmos.
Se vemos algo que o mundo rotula como mal e não suscita nenhum
julgamento ou condenação dentro de nós, nenhuma reação de qualquer tipo,
isso geralmente indica que já encontramos esse problema específico nesta vida
ou em alguma outra vida. Não julgamos o malfeitor nem condenamos a má
ação. Não importa qual seja a situação, nunca estamos desamparados.
Podemos sempre nos ocupar com nós mesmos.
Uma estudante que tinha sentido uma grande onda de atividade espiritual
me escreveu que isto tinha vindo a ela: "Não só agora familiarize a ti mesmo
com Ele e a Paz, mas familiariza-te com Ele agora e ocupa-te". Sim, ocupe-se;
seja ativa; faça algo, em vez de sentar-se passivamente. Familiarize-se agora
com Ele e ocupe-se: ocupe-se com a meditação; ocupe-se com a prática dos
Princípios; ocupe-se com seu estudo. Faça algo, e o que podemos fazer é
trabalhar em nós mesmos. É possível despertar se estivermos dispostos a
reconhecer nossa própria identidade espiritual e a da pessoa que parece
precisar de ajuda, sabendo que somente as qualidades e capacidades de Deus
podem ser expressas como qualquer indivíduo. Qualquer discórdia que
apareça como pessoa é um erro impessoal que não tem canal ou avenida de
operação. É o nada daquele balão com a película arrancada.
Uma mulher muito perturbada que estava indo a um conselheiro para pedir
ajuda foi perguntada após várias visitas se algo lhe havia acontecido ou se ela
se sentia melhor. Sua resposta foi: "Não, eu não estou muito melhor. Mas
todos os outros estão muito mais agradáveis". Todos são muito mais
agradáveis quando elevamos sua identidade Espiritual como o filho amado de
Deus. Mas não estamos dando testemunho do amado filho de Deus enquanto
vemos e aceitamos as faltas de uma pessoa, suas doenças ou pecados.
Somente quando a mente fica quieta e livre de seus conceitos é que o amado
filho de Deus pode ser visto.
O que é que vemos como pecado, doença, morte, falta ou limitação? O que
senão hipnose, mente, imagens falsas? Toda a substância da imagem é a
mente. E que tipo de mente? Uma mente em turbulência. Quando a mente fica
silenciosa, ela se torna um painel de vidro transparente através do qual vemos
a Realidade de todo ser.
Quanto mais pensamos em um problema, mais o perpetuamos. Como cada
problema é formado pela mente, cada pensamento que derramamos nele é
como alimentar o corpo com o mais delicioso tipo de bolo de chocolate. De
acordo com a crença humana, comer bolo de chocolate acrescenta peso ao
corpo. Morar (Pensar) em um problema acrescenta peso à mente,
aumentando o problema. É como rolar uma pequena bola de neve na neve,
tornando-a maior e maior.
É um erro pensar que o problema se deve ao nosso pensamento errado e,
por isso, estamos sofrendo. O problema é um conceito na mente carnal
universal. Assim como existe apenas uma Consciência Divina que somos em
nossa verdadeira identidade, também existe apenas uma mente carnal que
funciona em nós, enquanto estivermos entretendo a crença no bem e no mal.
Quando estamos livres da crença no bem e no mal, a mente se torna silenciosa
e é a transparência que se pretendia que fosse. *
(*Para uma discussão mais aprofundada deste assunto, consulte "Transcendendo a
Mente" e "Mente Incondicionada" em O Trovejar do Silêncio por Joel S. Goldsmith
(Editora Martin Claret 2007), pág. 61 e 71).

Reconhecendo a Identidade Espiritual de uma Pessoa


Compreender que existe apenas uma Consciência torna o mundo novo para
nós. Tudo assume um brilho especial, pois estamos olhando para o mundo com
visão Espiritual e contemplando a identidade Espiritual.
Que transformação isso poderia fazer em nossa experiência com as pessoas!
Que surpresa para aqueles com quem entramos em contato quando não os
vemos mais apenas como seres humanos! Enquanto sorrimos e falamos a
língua do mundo, quebramos o muro da separação saudando aqueles que
encontramos com o amor e a alegria que sentimos através de nosso
reconhecimento silencioso de sua Cristandade. Esta prática específica deve ser
feita diariamente.
A identidade Espiritual de uma pessoa, sua Eu-identidade, o Cristo, é a
realidade de seu ser. Todo o resto é uma miragem, um mito, um estado de
auto-engano, um disfarce. Ao reconhecermos a Eu-identidade dos outros,
nossa visão penetra além da névoa do sentido pessoal, com seu julgamento,
crítica e condenação, ao que realmente é. Quem pode criticar, quem pode
condenar, quem se atreveria a julgar o filho de Deus que você é e que Eu sou?
Quando reconhecemos a identidade espiritual de uma pessoa, a verdadeira
unidade é revelada. Este é o amor, o único amor que existe, o amor que vê
através da máscara humana do crachá do nome de uma pessoa que usa o
único grande nome Eu, reconhecendo esse Eu como o único Ser que existe.
“Eu não tenho ascendência humana. Minha filiação é do Pai, e minha
herança é desse Princípio Criativo que inclui todos. Os traços de caráter que
Eu herdei são do Pai Interior.
É função de um pai prover o ambiente certo para seus descendentes, por
isso meu Pai, o Princípio Criativo, me colocou em um ambiente Espiritual que
nunca depende de qualquer coisa ou de qualquer pessoa no mundo. O Eu
dentro de mim tem criado e formado Seu próprio ambiente. O Princípio
Criativo da Vida é responsável pela minha educação e receptividade e por me
conduzir para fora das crenças humanas para a Consciência Espiritual.
Eu vivo sob a Autoridade Divina e o Governo do Pai, o Governo da Verdade,
do Amor e da Justiça.”
Todo pecado, doença e morte nascem da crença de que somos seres
humanos com uma herança humana, possivelmente um bom veículo físico e
possivelmente um veículo ruim. Mas é o Pai Interior que nos criou e formou,
que fez o corpo de Substância Espiritual e nos trouxe à existência. Esse Ser não
tem herança humana e não está sujeito às crenças humanas.
Quando não aceitamos nenhuma origem humana, mas reconhecemos a
origem puramente Espiritual de nosso ser, nosso Eu, Cristo, estamos livres das
crenças e sugestões da humanidade. Isto é ascender a uma dimensão mais
elevada da Consciência na qual não há nem nascimento nem morte, mas
apenas a eternidade desse Eu Divino que está sempre Se revelando e
expressando a Si Mesmo.
REALIZAÇÃO DA UNIDADE
Joel S. Goldsmith

Capítulo 2 - Libertação do Homem


A liberdade é o estado normal e natural do filho de Deus. A pessoa que
realizou sua natureza e identidade Espiritual e que vive pelo Espírito não pode
ser limitada de forma alguma. Não há como confinar o ser Espiritual. Por outro
lado, um ser humano nunca pode escapar da escravidão, porque a escravidão
é o estado natural do ser humano. Um ser humano está destinado a ser
escravo durante todos os seus dias; ele nunca poderá conhecer a liberdade.
Portanto, a única esperança que um ser humano tem é sair de sua
humanidade.
A dignidade do indivíduo exige liberdade - liberdade da dominação política e
religiosa, dominação salarial, de toda forma de dominação, incluindo a mais
escravizante de todas, a dominação do corpo. Mesmo aqueles que
conseguiram uma medida de liberdade em relação a todas as outras formas de
escravidão finalmente devem reconhecer que são escravos do corpo. Eles
vivem dentro de seus limites, e o corpo é um mestre de tarefas difíceis. O
corpo nos diz quando ele está saudável e quando está doente. Ele nos diz o
quanto podemos caminhar e o quanto podemos correr. Ele nos diz quantas
horas por dia podemos trabalhar.
Parece que não temos controle sobre o corpo. Ele tem controle sobre nós:
obedecemos a seus mandatos e somos limitados por suas demandas. Isto não
é natural; isto não é normal; e isto não é o direito inato do homem. Esta
condição foi imposta à raça humana que vive na ignorância dos Princípios que
a tornarão livre.
A liberdade, no entanto, não vem do combate ao mal. Não vem por erro
avassalador, nem vem apelando a algum Deus desconhecido para que desça
do céu para nos resgatar de nossas prisões vis. Ela não vem por meio de uma
guerra de qualquer nome ou natureza. A liberdade vem através da iluminação,
e essa iluminação vem através da abertura de nossa consciência para Aquilo
que não pode ser visto, ouvido, provado, tocado ou cheirado, para um Poder
Invisível, um Poder que não guerreia com outros poderes, mas dissolve tudo o
que aparece na natureza de um inimigo - seja fora ou dentro de nosso ser.
A iluminação que nos liberta consiste em primeiro lugar em saber que existe
um Poder Divino, igualmente presente em cada indivíduo, independentemente
de sua nacionalidade, raça ou religião, independentemente de viver em
liberdade ou escravidão, de estar em uma prisão ou fora dela, em um hospital
ou fora dele. Dentro de cada um de nós existe este potencial, este Impulso
Espiritual, este Reino, esta Presença e Poder, que o Mestre nos revelou que
nos libertaria.
"Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará"*- não a espada, não uma
revolução, não uma rebelião, e não uma luta contra pessoas, governos ou
guardas prisionais externos, mas silenciosamente e suavemente percebendo
que a escravidão e a limitação estão dentro de nós mesmos, o resultado de
nossa ignorância do verdadeiro Ser, e que o remédio, portanto, também deve
estar dentro de nós. (*João 8: 32)
Apenas uma coisa tem a ver com nossa escravidão: a ignorância. Ser
ignorante não significa ser inculto ou sem escolaridade formal. A ignorância
neste contexto significa sempre uma ignorância da Verdade, pois é a Verdade
que nos tornará livres. Admitindo então que nossa ignorância da Verdade nos
mantém presos ao corpo e seus males e à limitação econômica ou política,
deve haver uma disposição de nossa parte para retirar a condenação do
mundo externo e reconhecer que, na proporção em que superamos a
ignorância espiritual dentro de nós mesmos e alcançamos uma medida de Luz
Espiritual, a liberdade entrará em nossa experiência.
Em grande medida, podemos ser capazes de viver tendo domínio sobre
nosso corpo, e mesmo que não pareçamos conseguir isso em sua totalidade e
plenitude neste momento particular, que isso não nos preocupe, pois se
pudermos demonstrar 80 a 90% de liberdade em relação àquelas coisas que
estão perturbando o mundo, teremos alcançado uma alta medida de harmonia
na vida enquanto ainda tabernaculamos aqui na Terra. Podemos experimentar
a liberdade apenas em um grau infinitesimal amanhã ou no dia seguinte, mas
mesmo que o progresso seja gradual, é certo, e conforme o tempo passa e
permanecemos fiéis aos Princípios Espirituais que aprendemos e aplicamos,
mais e mais liberdade é realizada.
Embora ainda reste uma medida de escuridão e ignorância espiritual que
deve ser superada, se houver algum reconhecimento de que existe um
potencial de liberdade dentro de nós, e se houver um reconhecimento de que
nossos problemas não são por causa de alguém ou alguma circunstância
externa a nós, mas sim através desta ignorância interior, então estamos
abrindo o caminho para que nossa própria liberdade comece a aparecer.
Independentemente de quão longe vamos no Caminho, nunca podemos
esperar exercer uma liberdade externa a nós mesmos, pois o Cristo, Aquilo que
vence, é um vencedor de nós mesmos e estabelece a liberdade dentro de
nossa consciência, que então se torna externalizada pelo Poder da Verdade.
A verdadeira liberdade só pode ser alcançada em virtude do reconhecimento
do Cristo dentro de nós, e aprendendo a viver, não apenas em sujeição a Ele,
mas na realização de Seu domínio sobre as circunstâncias e condições da
própria vida. Ele foi plantado no meio de nós para esse propósito. "Filho, tu
estás sempre comigo, e tudo o que Eu tenho é teu"* - mas até que O
reconheçamos em todos os nossos caminhos, não estaremos sob Seu governo.
(*Lucas 15: 31)

Deus Constitui o Ser Individual


Somente através da compreensão de que Deus, o Amor Infinito deste
universo, está Se expressando como ser individual, podemos liberar Deus da
responsabilidade pela escravidão em que este mundo é mantido, e então dar o
próximo passo para a libertação do homem. Deus está sempre Se expressando
como a realização de Seu próprio ser, e Deus aparece como a Vida do homem,
da mulher, da criança, do animal, do vegetal e do mineral, independentemente
de quão falso seja um conceito material que possamos ter dessa Vida. Por
causa da Natureza Infinita de Deus, só pode haver uma Vida, e essa Vida é
Deus Se expressando como Vida em formas e variedades infinitas.
Tendo isto como princípio básico, sempre que qualquer tipo de imagem
errônea se apresenta, seja na forma de uma pessoa, uma condição de saúde,
suprimento, emprego, ou de relações humanas, instantaneamente
percebemos:
“Deus Se expressa como ser individual. Independentemente da aparência
ou do grau de mortalidade que se apresenta aos meus olhos e ouvidos - seja
o criminoso, o louco, o moribundo ou o morto - independentemente de todas
as aparências, só Deus É, e só Deus é a Entidade e a Identidade de todo ser.
Deus constitui o ser individual. Deus é a Vida, a Alma, o Espírito, e a Mente
do ser individual; Deus é a Lei para o ser individual. Até mesmo o corpo é o
templo de Deus.
Deus constitui o ser individual e, portanto, a natureza do ser individual é
piedosa e boa, e nele não há nada que "contamine... ou faça uma mentira".*
(*Apocalipse 21; 27)

Quer neste momento esse ser esteja aparecendo como amigo, prisioneiro em
uma prisão, doente em um hospital ou em um manicômio,
independentemente do que possa ser a aparência, o ponto básico é que Deus
constitui o ser individual. Só Deus aparece como o ser individual em quem não
há culpa.

O Mal é Impessoal
Com a aceitação da premissa de que Deus aparece como ser individual, e
com isso como princípio básico, é inútil tentar encontrar a causa do erro em
uma pessoa ou tentar descobrir o pensamento errado que produziu o erro.
Pode haver algum pensamento errado em Deus aparecendo como ser
individual, em um ser constituído da natureza, caráter e qualidade de Deus?
Muitas vezes, quando estamos lidando com nossos amigos, nossos parentes,
nossos estudantes ou nossos pacientes, estamos propensos a retornar a um
senso humano de crítica e julgamento ou ao senso metafísico de acreditar que
há algo em suas mentes - talvez seu pensamento errado - que tem que ser
corrigido. Isso é verdade, mas não é verdade como geralmente se entende.
Não é seu pensamento errado sobre uma pessoa, coisa ou condição que
precisa ser corrigido. A única coisa que tem que ser corrigida é a mesma coisa
que tem que ser corrigida em todos nós: a crença em dois poderes, a crença
de que Deus não é Onipotente, que Deus não é Onisciente e Onipresente.
Toda a teoria de que o ressentimento causa reumatismo, o ciúme causa
câncer, ou a sensualidade causa tuberculose é um disparate - puro disparate.
Aqueles que aceitam uma causa psicossomática para a doença descobrem que
não sabem como se livrar das qualidades negativas do pensamento humano do
qual todos nós somos herdeiros, mesmo depois de terem diagnosticado este
negativismo como causa. A única maneira de se livrar dessas qualidades
indesejáveis é através da compreensão de que elas não são pessoais: são
impessoais; não são poder; não têm lei que as sustente.
As úlceras não são causadas por preocupações, e o câncer não é causado por
ódio ou ciúme, ou reumatismo por ressentimento. A verdade é que o erro não
é pessoal e não tem seu início em você ou em mim ou em qualquer outra
pessoa. Mas se não compreendermos a natureza do erro antes que ele nos
toque, podemos passar o resto de nossas vidas inclinados a moinhos de vento
e tentando lutar contra algo que não está lá. O mal não é pessoal: é impessoal.
Você e eu não somos maus. É verdade que podemos odiar, podemos temer,
podemos cometer adultério, podemos até mesmo matar; mas não é você ou
eu que estamos fazendo isso porque a verdade é que Cristo é a nossa
verdadeira identidade.
Então, o que dizer da aparência: a aparência do mal, a aparência de pecado,
doença, falta, limitação, desemprego, uma disposição desagradável, avareza
ou devassidão? O que dizer disso? É impessoal, e no exato momento em que o
entendemos e o declaramos impessoal, começamos a separá-lo de nós
mesmos. Tiramos a condenação de nossos próprios ombros, assim como o
Mestre fez quando disse à mulher apanhada em adultério: "Nem eu te
condeno: vai, e não peques mais".* Como o seu rosto deve ter se iluminado!
Você pode imaginar a condenação em que ela se mantinha, acreditando que
era uma adúltera, uma pecadora, e uma criminosa? Mas lá estava um homem,
a maior Luz Espiritual dos tempos, dizendo a ela: "Nem eu te condeno".
(*João 8: 11)

Esta verdade que eu mesmo senti quando a natureza humana queria ter o
seu caminho comigo, e eu tenho tido consciência de meus próprios erros
humanos. Isso me ajudou imensamente a perceber: "Espere um minuto,
espere um minuto - nenhuma condenação, nenhuma autocondenação!
Lembre-se de sua verdadeira identidade. Lembre-se de que isto que o está
perturbando é da terra. Ele estava aqui antes de você nascer, e
provavelmente afligirá outros que ainda não nasceram - a menos que seus
pais saibam o suficiente para trazê-los a este mundo como seres espirituais e
nunca os mantenham em condenação".
Não existe tal coisa como o mal pessoal, nem existe tal coisa como o mal pelo
qual você e eu somos individualmente responsáveis. Não somos responsáveis
por nenhum dos pecados, doenças, carências ou limitações que entram em
nossa experiência. Não é nosso pensamento errado que os produz; não é nossa
inveja, ciúme ou maldade que os produz; não é nossa ganância, luxúria ou
nossa ambição louca. Estes erros não se devem a nenhuma falha que se possa
encontrar em nós, porque na realidade não somos responsáveis pelos males
que se expressam em, como, ou através de nós.
Isto soa muito reconfortante no momento. Só se torna perturbador quando
levo isto até sua conclusão lógica e lhe digo que nem sua esposa nem seu
marido são responsáveis por nenhum desses males. A verdade a seu respeito
é que você, em sua verdadeira identidade, é o filho de Deus. Deus Se
expressou na Terra individualmente como você. A Vida que é Deus é sua vida
individual, e é Eterna e Imortal. Sua mente é na verdade aquela mesma
Mente que estava em Cristo Jesus, Infinitamente Sábia, Infinitamente Pura.
Sua Alma é imaculada, e não há nada que você pudesse fazer para mudar
isso, porque Deus é sua Alma. Deus é seu próprio ser, e até mesmo seu corpo
é o templo do Deus vivo. Esta é a verdade sobre você e sua vida, sua mente,
sua Alma, seu corpo e seu ser.
Deus constitui a identidade do ser individual. Não há outro, e não vamos
aceitar nenhum outro em nossa consciência. Deus é a Única Vida de todo ser.
Deus é a Única Mente. Deus é a Única Lei operando e funcionando. Deus é o
Único Ser, e além de Deus não há outro. Quando estabelecemos esta verdade
firmemente em nossa consciência, não estamos mais pensando em uma
pessoa como sendo doente ou má.

Todos os Problemas, Um Mesmerismo Universal


Mas o que dizer deste caso de gripe, desta infecção, deste contágio, desta
epidemia? Instantaneamente, deve vir a percepção de que o mal,
independentemente de seu nome ou natureza, nunca é pessoal. Ele não tem
sua origem em você ou em mim, nele ou nela. Portanto, nunca temos que
curar uma pessoa, reformar, melhorar ou enriquecê-la, porque não há mal
nela. Deus constitui seu ser, e somente aquilo que é Deus em expressão é
verdadeiro a respeito dela. Portanto, como filho de Deus, ele é sem idade,
sem doença, sem dor, Perfeito, Espiritual e Incorpóreo.
A aparência não é uma pessoa, nem uma condição, nem uma coisa; não
pertence a ninguém. Ela é um mesmerismo universal, uma sugestão universal,
e opera sem ser vista ou ouvida, mas entra em nossa consciência.
Na Primeira Guerra Mundial, os cidadãos dos Estados Unidos não tinham
desejo ou inclinação para a guerra, como é evidenciado pelo fato de que eles
reelegeram um homem para a presidência sob o slogan de que ele os tinha
mantido fora da guerra. No entanto, seis meses depois, o país estava em
guerra. Isto porque a sugestão da inevitabilidade da guerra foi lançada ao
espaço e, por fim, todos aqueles que tinham elegido o presidente porque ele
os tinha mantido fora da guerra, gritavam: "Vamos entrar nesta guerra! Vamos
atacar os hunos (os Alemães)"! Essa não era mais a natureza deles do que era
a sua natureza ou a minha de querer se envolver na Segunda Guerra Mundial.
Esta foi uma sugestão mesmérica imposta de fora.
É desta mesma forma que cada pedaço do mal de que fazemos parte foi
implantado primeiro em nós, e muito dele de tal forma que não temos
consciência disso. Parte disso, é claro, nos é sugestionado. Muitos filmes e
algumas produções teatrais apelam diretamente aos nossos sentidos e trazem
uma resposta sensual, mas esta mesma resposta poderia ser produzida sem
que estivéssemos conscientemente cientes disso, e talvez não entendamos por
que experimentamos alguma emoção bastante estranha para nós, mesmo que
possamos ter certeza de que ela deve ter existido em algum lugar na
consciência.
O medo também entra no mundo em uma pessoa pela manhã, e ela se
pergunta por que deveria ter medo quando aparentemente, não há razão
particular para isso. Esta também é uma atividade ou sugestão mesmérica que
entra em sua consciência sem que ela esteja realmente ciente disso. A doença,
o pecado e os falsos apetites são projetados da mesma maneira, não
conscientemente por alguém, mas através desta influência mesmérica da
crença em dois poderes: o bem e o mal.

Tornando-se Livre de Sugestões Universais


O metafísico e o estudante de sabedoria espiritual, no entanto, têm uma
maneira de se manterem livres de tais influências em suas vidas. Eles se
separam de se tornarem estatísticas - aqueles que estão sob a lei das médias
ou são afetados por essas influências visíveis e invisíveis - e em vez de culpar
alguma pessoa ou circunstância pelas discórdias da vida, eles aprenderam a
impersonalizar e perceber que todo o mal tem sua fonte na crença em dois
poderes, e que não tem poder de projeção porque não é ordenado por Deus
ou sustentado por Deus.
Apesar de nosso desejo de poupar nossas famílias e nossos filhos de
experiências difíceis, não podemos, porque esta verdade tem que ser aceita na
consciência individual. Até certo ponto, podemos fazer isso para uma pessoa
durante algum tempo, mas no final a própria pessoa, através de uma atividade
da Verdade em sua consciência, deve se separar do pecado, da doença, da
morte, da falta, da limitação, ou dos efeitos de guerras e depressões. Ela deve
se libertar, e deve fazê-lo conscientemente, percebendo:
"Eu e meu Pai somos um", e tudo o que o Pai tem é meu. Portanto, tudo o
que emana de Deus se expressa em minha experiência. Aquilo que não é de
Deus, o mal impessoal, não é mantido ou sustentado por Deus e não tem
pessoa em, sobre, como, ou através de quem operar.”
Assim, a pessoa se liberta.
Este é um Princípio universal, mas aqueles que não são abertos, receptivos e
responsivos a ele não se beneficiam dele. É por esta razão que este Princípio é
mais eficaz em nossa própria experiência, e muitas vezes na daqueles que
estão próximos a nós. Os professores de sabedoria espiritual também se
tornam uma lei de harmonia para seus alunos, mas isto pode não continuar se
seus alunos se tornarem mais descuidados e esperarem que o professor os
mantenha fora de problemas para sempre.
Não podemos nos separar do pecado, desejos pecaminosos, falsos apetites
ou acidentes, exceto através de uma atividade consciente de nossa própria
consciência, e esta atividade deve ser uma atividade específica:
“Eu estou sob a Lei Espiritual de Deus, não sob leis materiais ou mentais.
Não estou sujeito a tais leis porque em meu alinhamento com a Entidade
Espiritual, somente a Lei Espiritual pode agir em mim, sobre mim e através de
mim.”

“Um Braço de Carne”


Todo este Princípio do nada do poder temporal e da lei material é
exemplificado pela resposta de Ezequias quando seu povo veio até ele
atormentados pelo medo, porque o inimigo estava prestes a atacá-los e eles
estavam em grande desvantagem numérica:
"Com ele está um braço de carne; mas conosco está o Senhor nosso Deus
para nos ajudar".* Ele não negou que o inimigo tinha homens, equipamentos e
armas; ele simplesmente disse que eles tinham armamentos temporais, braços
temporais, " um braço de carne".
(*2 Crônicas 32: 8)

Hoje descobrimos que todos os males do mundo representam o "braço de


carne", ou poder temporal, que na Presença de Deus não é poder. Isto não é
usar a Verdade sobre o erro ou invocar a Deus para fazer algo ao mal. Não é
reconhecer um Grande Poder que fará algo a outros poderes. Não, isto é
permanecer firmemente na verdade de que Deus é o Único Poder. Tudo o
mais, quer seja chamado de poder material ou poder mental, é poder
temporal, o nada impessoal.
Essa foi a força que Davi teve quando se apresentou a Golias. Esta foi a força
de Jesus Cristo ao se apresentar diante de Pilatos: "Tu não poderias ter poder
contra mim, se de cima não te fosse dado." (João 19: 11)
E sobre os aleijados, os cegos, os pecadores, os pobres? Jesus voltou-se para
Deus e implorou-Lhe que os curasse, os perdoasse ou os enriquecesse? Ou ele
disse: "Levanta-te, toma a tua cama". 1... Sê limpo. 2... Teus pecados te são
perdoados. 3... Tudo o que Eu tenho é teu".4 Em outras palavras, que poder
existe além do Poder de Deus? Todo o ensinamento de Jesus é "não resistas ao
mal". 5
(1. Mateus 9: 6.) (2. Mateus 8: 3.) (3. Mateus 9: 2.) (4. Lucas 15: 31.) (5. Mateus 5: 39.)

Por que não devemos resistir ao mal? Porque o mal não é poder. É apenas
uma sugestão ou uma tentação, que não temos que aceitar. Ele vem a nós
como uma sugestão de bem ou mal, de saúde ou doença; ele vem a nós como
uma sugestão de poder, mas não temos que aceitá-lo. Não temos que aceitar a
queda de Adão e Eva, que aconteceu porque eles acreditavam em dois
poderes, o bem e o mal. Podemos voltar à nossa Identidade Espiritual e aceitar
Deus como Tudo e Todos os seres e então olhar as forças materiais ou mentais
como o "braço de carne", ou o nada.
Uma das coisas, que acima de tudo nunca devemos esquecer: se alguma vez
culparmos uma pessoa por algo, estamos armando a armadilha na qual nós
mesmos acabaremos por cair. Se culpamos os chefes de Estado por nossos
problemas, se culpamos os líderes sindicais ou a administração por nossos
problemas, se culpamos os políticos ou a política por eles, estamos armando a
armadilha para nós mesmos. É verdade que muitas destas pessoas são
instrumentos para o mal, mas não são o mal, e este mal não pode operar na
presença de uma consciência de um Poder.
A capacidade de impersonalizar o mal surge como o resultado de alguma
medida de realização espiritual. Por exemplo, se eu fosse a uma esquina e
anunciasse às pessoas ali reunidas que não há ladrões, nem pessoas imorais ou
más, você pode imaginar o que aconteceria? Eles estariam ouvindo com a
mente, sem nenhum senso espiritual desenvolvido, e não teriam nenhuma
compreensão do que estava sendo dito; ao passo que, quando eu digo que
nunca houve uma pessoa má no mundo e nunca haverá, você compreende o
que isso significa. Há momentos, porém, em que nós e todos os outros somos
os instrumentos através dos quais o mal se manifesta, mas isso não nos torna
maus. Isto apenas testemunha nossa ignorância de como nos proteger da
influência mesmérica das crenças mundiais.
Vamos entender claramente a natureza universal e impessoal do mal. Tanto o
bem quanto o mal estão flutuando no espaço assim como as transmissões de
rádio ou televisão estão no éter, e, portanto, qualquer lugar pode ser uma
massa de sugestões boas ou más. Subconscientemente, estamos sintonizados
com estas sugestões, e algumas delas têm um efeito sobre nós. Para nos
libertarmos de qualquer influência mesmérica que possa estar operando em
qualquer lugar, é necessário que saibamos:
“Somente aquilo que emana da Fonte Divina pode encontrar entrada e
saída através de mim. Eu e meu Pai, o Princípio Criativo da Vida, somos Um.
Todas as crenças mesméricas do bem e do mal - seja qual for seu nome ou
natureza - não têm entrada ou saída porque são desta única fonte, o nada de
uma crença universal impessoal.”

Capítulo 3 - “Retira-te daqui Satanás”


Foi necessário um grande místico para descobrir o segredo do mal impessoal
e inventar o nome "diabo" ou "Satanás" para ele. Este diabo ou Satanás, como
foi concebido inicialmente, não significava um adversário de Deus; não tinha
tal significado em absoluto. Ao contrário, significava algo na natureza de um
tentador - não um poder ou uma pessoa, mas um tentador oferecendo
tentação. O mal nunca está em nós; é o tentador que nos tenta em pecado,
doença, morte, falta e limitação, e este tentador deve ser reconhecido em
todo momento como a fonte impessoal do mal.
Quando o diabo se apresentou diante de Jesus no deserto, tentando-o a
transformar as pedras em pão, Jesus respondeu: "O homem não viverá só de
pão, mas de toda palavra que sai da boca de Deus".1 Novamente Satanás
tentou o Mestre a se lançar do pináculo do templo, e a resposta de Jesus foi:
"Não tentarás o Senhor teu Deus".2 Mais uma vez Satanás lhe ofereceu a
tentação na forma de glória mundana, e a isto Jesus respondeu: "Retira-te
daqui Satanás".3 Com este reconhecimento do diabo como a fonte impessoal
do mal, Satanás o deixou. (1. Mateus 4: 4.) (2. Mateus 4: 7.) (3. Mateus 4: 10.)
A partir de então, o que ouvimos sobre Satanás no que diz respeito ao
Mestre? Ele não aparece mais. Ele parece ter desaparecido, ali mesmo. Com
esse "Retira-te daqui Satanás", já não há mais Satanás. O Mestre está sozinho,
sozinho com Deus, conscientemente um com Deus, o vitorioso, com domínio
total. Mas o tentador, o diabo, se foi; a tentação se foi.

A Tentação Sempre Aparece como uma Pessoa ou uma Condição


Toda necessidade de ajuda para si próprio ou qualquer pedido de ajuda que
venha de outra pessoa deve ser reconhecida como uma tentação, uma
tentação a ser rejeitada. Mesmo que seja alguém próximo a cem anos,
sofrendo de velhice, lembre-se de que a reivindicação de idade tem a ver
apenas com o calendário. O calendário só nos afeta se o aceitarmos,
continuamos olhando para ele todos os dias e nos perguntando que história
ele conta, em vez de provar o quão impessoal ele pode ser ao ordenar que
"fique para trás de mim, Satanás".* (Mateus 16: 23)
A tentação virá sempre na forma de uma pessoa, uma doença, um pecado,
ou uma falta. Não virá na forma de um homem com um casco fendido, ou na
forma de qualquer pessoa ou qualquer coisa que possa ser identificada. Muitas
vezes vem disfarçado de bem, e devemos estar atentos para reconhecer que
às vezes o bem é tanto um mal quanto o próprio mal. Uma vez que tenhamos
aprendido a impersonalizar cada fase do bem, assim como do mal, entretanto,
não seremos enganados tão facilmente, nem jamais olharemos para qualquer
pessoa na tentativa de ver o que há nela que possa estar causando sua
dificuldade.
O erro tem sua origem em uma fonte impessoal que no início era chamada
de comer do fruto "da árvore do conhecimento do bem e do mal". 4 Qualquer
pessoa pode começar a demonstrar harmonia em sua experiência na
proporção de sua renúncia à tentação de falar sobre uma coisa como boa e
outra como má e na proporção de sua compreensão de que em um universo
criado por Deus não pode haver nem bem nem mal: só pode haver Deus,
Espírito. (4. Genesis 2: 17.)
A maior tentação que sempre nos surgirá é a de acreditar que uma pessoa é
boa e outra má, enquanto ninguém é bom e ninguém é mau. Nenhum ser
humano, em sua condição humana, pode jamais dizer verdadeiramente que é
espiritual. Reivindicar a espiritualidade como um bem pessoal é egoísmo em
seu auge. Ninguém é espiritual; ninguém é perfeito; e ninguém é mau: Deus é
Espírito e somente Deus é Perfeito; e o mal é um erro impessoal.

A Crença em Dois Poderes é a Tentação


Quando foi revelado que o homem pessoalmente não é um pecador, mas
que existe um tentador chamado diabo, ou Satanás, de alguma forma este
diabo ou Satanás ficou conhecido e entendido como sendo o oposto de Deus,
o adversário de Deus, um inimigo de Deus, algo do qual Deus tinha que lutar e
se livrar. Mas tenha certeza disto - e digo isto somente por revelação - Deus
não tem nada para lutar a qualquer momento, ninguém para combater, e
nada para superar. Deus É, e Deus é Onipotência, e além de Deus, não há
outro. Deus não tem batalhas. Deus não tem inimigos. Deus não tem
oponentes. O diabo pode subir e descer o mundo desfilando suas mercadorias,
mas se todos disserem: "Não", à tentação oferecida, isso será o fim do diabo, e
isto, sem qualquer ajuda de Deus. Não precisamos de Deus para lutar contra o
diabo por nós. Precisamos apenas das palavras: "Não, fique para trás de
mim".
Paulo nos deu outro nome para o diabo ou para o mal quando o chamou de
"mente carnal",5 embora ele também tenha cometido o erro que a maioria dos
metafísicos modernos cometem ao combater o mal. Paulo se encontrou com
todo tipo de perseguição - espancamentos e prisões - porque ele fez a mente
carnal "inimizade contra Deus". A mente carnal é o "braço de carne", 6 ou o
nada. É um tentador que pode nos tentar a acreditar em um poder à parte de
Deus, mas não pode fazê-lo mais do que o diabo poderia fazer Jesus sucumbir
a essas tentações. Não, a mente carnal é uma tentação; a mente carnal é uma
reivindicação de dois poderes; a mente carnal está sempre apresentando
aparências de pecado, doença, morte, falta e limitação; mas estas não são
mais do que aparências. Elas não são a realidade.
(5. Romanos 8: 7.) (6. 2 Crônicas 32: 8.)

Para nosso propósito, usamos termos como diabo, mente carnal, hipnotismo
ou mesmerismo. Na verdade, uma das melhores palavras a ser usada para
descrever o mal é a palavra "aparência". Assim como a ilusão no deserto não é
uma coisa ou uma entidade, mas uma aparência, também os males que se
apresentam a nós não são reais: eles não têm identidade; eles não têm
substância; e eles não têm lei. Podemos, portanto, considerá-los como
aparências.
O que quero dizer é o seguinte: o erro não tem sua origem em você ou em
mim; não tem sua origem em pensamentos errados; não tem sua origem no
ódio, inveja ou ciúme. Ele tem sua origem na aceitação da crença de que
existem dois poderes. Nenhum homem a inventou ou a descobriu. Esta crença
universal, que vem a nós a cada minuto do dia e da noite para aceitação ou
rejeição, esta crença no bem e no mal, esta crença em dois poderes, é tudo o
que existe para a mente carnal.

O Nada e o Não-Poder da Tentação


É coerente declarar que Deus é Infinito e Todo Poder, e então no mesmo
fôlego atribuir poder a algo mais, dando-lhe o poder de causar doença, pecado
ou falta? Se devemos amar a Deus supremamente, isso só pode ser porque
aceitamos Deus como o Único Poder que existe. Como pode alguém amar um
Deus que não só não é o único poder, mas nem sequer é forte o suficiente para
cuidar do diabo em todos esses milhares de anos? Não acredito que seja
possível que alguém ame a Deus com todo o seu coração e alma e, ao mesmo
tempo, acredite em dois poderes, independentemente do quanto ele possa
expressar seu amor a Deus. Só se pode amar a Deus na realização da Natureza
Suprema do Ser de Deus, e isso faz do mal sem poder.
Ao compreender Deus como sendo o Único e Todo-Poder, não tendo nada
com que lutar - ninguém e nenhuma condição - permanecendo na Suprema
Natureza Infinita do Ser de Deus, e assim reconhecendo todas essas aparências
como o "braço de carne", ou uma tentação de acreditar em dois poderes, as
más condições irão desaparecer e evaporar. Elas voltarão, porém, se
prendermos o mal a uma pessoa, ou seja, se personalizamos. "Não peques
mais, para que uma coisa pior não chegue a ti". 7
(7. João 5: 14.)

Quando lutamos contra o diabo, ou mente carnal, criamos nosso próprio


inimigo, o construímos em nossa mente e o autorizamos a ficar lá até que algo
mais se livre dele. Nós a colocamos lá, a construímos, chamamos de mente
carnal ou mortal, e depois lhe demos propensões malignas. Se tivéssemos
aceitado Deus como Onipotência, teríamos dito: "Mente carnal? Mente
mortal? O que é isto? Deve ser aquele braço de carne sobre o qual o profeta
hebreu falava e contra o qual não temos que lutar. O que temos que fazer é
descansar na Palavra".
Descansamos na palavra de que a mente carnal não é inimizade contra Deus.
É o "braço de carne", um nada que deve ser entendido como uma fonte
impessoal do mal, impessoal, ou seja, sem uma pessoa, sem um você ou um
eu. Nós somos a pessoa sem ela - quando a impersonalizamos.
Diabo, mente carnal, ou mente mortal? Ela tem apenas o poder que a crença
universal lhe confere, e é por isso que sofremos com ela sem mesmo saber que
ela existe. Mas quando despertamos, quando entendemos que o diabo,
Satanás, mente mortal ou mente carnal não é poder, mas é uma sugestão que
se oferece a nós para aceitação, podemos dizer " NÃO", e então esquecê-la.
O diabo, a mente carnal ou a mente mortal não existem. Em todo este
mundo, seria impossível encontrar uma mente carnal, uma mente mortal, ou
um diabo. Então o que é esse diabo, mente carnal, ou mente mortal de que
estamos falando? É a própria coisa que expulsou Adão e Eva do Jardim: uma
crença em dois poderes. Quando acreditamos em dois poderes, temos uma
mente mortal ou uma mente carnal, e ela pode nos desfazer em pedaços; mas
estamos livres dela na proporção em que entendemos que:
Deus nunca fez um poder para destruir Deus ou a criação de Deus. Deus é o
Único Princípio Criador deste universo, pois Deus é Onipotência, Onisciência,
Onipresença e, portanto, não existe poder do mal.

Pare de Combater o Erro


Estranho como, através dos tempos, homens e mulheres religiosos têm
dedicado suas vidas ao único propósito de vencer o diabo, e o diabo não tem
poder! O diabo não é nada, exceto o que decidimos fazer dele. O mundo
metafísico cometeu o mesmo erro. Ele lhe dirá que não existe o diabo ou
Satanás: existe apenas a mente mortal. No entanto, todos os tipos de citações
e afirmações são feitos para superar esta mente mortal, e assim, muitos
estudantes sinceros da verdade levam uma surra por causa de sua crença na
mente mortal.
Tudo o que existe para o que é chamado de mente mortal é a crença no bem
e no mal. Não existe a mente mortal como uma entidade; não existe a mente
carnal como uma entidade; não existe o diabo ou Satanás como uma entidade:
existe apenas uma crença universal em dois poderes, e essa crença é a causa
de cada pedaço de discórdia e desarmonia que já existiu na face da terra.
Na medida em que lutarmos ou batalharmos contra essa chamada mente
carnal ou qualquer de suas formas e expressões individuais, nesse grau
perderemos porque criamos um inimigo maior que nós mesmos, um inimigo
com o qual Deus não pode nos ajudar porque Deus não tem conhecimento
dele. Deus é puro demais para contemplar a iniquidade.
Não foi o ensinamento de Jesus Cristo orar a Deus: "Por favor, vença meus
inimigos! Por favor, destrua meus inimigos! Por favor, saia antes de mim e
mate estas pessoas terríveis"! Essa é uma forma supersticiosa e ignorante de
oração, mas certamente não é uma oração cristã iluminada. A superação tem
que estar dentro de nós, e a superação que tem que ocorrer dentro de nós, é o
nosso reconhecimento da verdade:
Eu nunca o deixarei, nem o abandonarei. Se você atravessar as águas, não
se afogará, e se atravessar o fogo, as chamas não acenderão sobre você.
Por quê? Porque eles não têm esse poder.
Ao percebermos isso, entenderemos porque Jesus pôde perdoar a mulher
apanhada em adultério, o ladrão na cruz e Judas que o traiu. Ele sabia através
da revelação Divina que estes não tinham tal poder.
"Destrua este templo, e em três dias eu o levantarei.... Mas ele falou do
templo de seu corpo".8 Isto se aplica também ao corpo de nossos negócios, ao
corpo de nossas relações, de nosso lar, de nosso trabalho, e de nosso
suprimento. Certamente, as depressões podem vir e nos privar de nossas
economias, de nossa riqueza e de nossos investimentos, mas elas são apenas o
corpo do suprimento: elas não são suprimento. Deus é o nosso Suprimento, e
se perdermos o que consideramos ser o corpo de nosso suprimento, podemos
começar de imediato a construí-lo novamente. Não há limite. Não existe tal
coisa como ter apenas uma chance, ou mesmo duas ou três. A única questão é
o quanto nós mesmos somos capazes de aceitar os Princípios Espirituais e
depois o quanto os praticamos até que se tornem uma força viva dentro de
nosso próprio ser. (8. João 2: 19, 21.)

Não Há Poder nas Discórdias deste Mundo


Compreendo, é claro, como é difícil olhar para os pecados, doenças e
horrores do mundo e não acreditar que haja poder neles. É possível fazer isso
somente depois de sentir dentro de você uma certa certeza sobre esses
Princípios e, então, estar disposto a colocá-los em prática até o momento em
que você testemunhar a primeira cura como resultado da aplicação deles.
A primeira vez que alguém é curado através de sua compreensão de que
você não apelou a Deus e não esperou que a Verdade removesse o erro, mas
descansou na realização de que existe apenas Um Poder e que nada tem
qualquer poder, exceto o que vem de cima, você saberá que testemunhou
estes Princípios em ação. Então você terá a coragem de prosseguir
indefinidamente até que seja capaz de fazer algumas das obras maiores,
porque você viu o inimigo destruir-se a si mesmo; você viu as aparências se
destruírem.
Se Deus fez tudo o que foi feito e tudo o que Deus fez é bom, então Deus não
fez uma mente carnal, uma mente mortal, um diabo, ou um satanás, e isto,
portanto, não tem existência, exceto como um conceito mental no
pensamento humano. Se você gostaria de demonstrar quão impotente é um
conceito humano, feche os olhos e construa a maior bomba que você puder
construir. Construa uma bomba atômica e combine-a com hidrogênio e com
todas as formas de fissão nuclear de que você já ouviu falar, multiplique por
mil, depois jogue-a e veja como ela é impotente para fazer qualquer coisa. É
apenas um conceito mental, e um conceito mental não tem substância; não
tem lei; não tem entidade; não tem ser. É verdade, ele tem forma, e é por isso
que você pode vê-lo, mas só pode vê-lo em sua mente como uma imagem
mental.
Quando você começa a compreender que o diabo é uma entidade feita pelo
homem, formada na mente do homem - não na Mente de Deus - e que não
tem lei, nenhuma substância, nenhuma atividade, nenhuma fonte, nenhuma
avenida, e nenhum canal, você o anula. Você o reconheceu pelo que ele é:
poder temporal, o "braço de carne", nada.
É com essa compreensão que começa o trabalho de cura. Na verdade,
independentemente do nome ou da natureza do problema com o qual você é
confrontado, você pode estar certo disso: não é nada mais do que uma
tentação do diabo vindo até você para aceitação ou rejeição. Este demônio
nada mais é do que a mente carnal, a mente humana, que existe por causa de
uma crença no bem e no mal. Quando não há crença no bem e no mal, não há
mais mente humana, nem mente carnal. Então você está operando dentro,
através e com a Mente de Deus. É somente enquanto houver uma crença no
bem e no mal que haverá limitação, finitude, negatividade.
A razão pela qual a cura é possível é porque Deus É, e Deus constitui este
universo. Deus constitui o seu ser e o meu, e esse Ser é Perfeito. Mas por causa
de um senso de separação estamos hipnotizados pela crença em dois poderes,
e sem nosso conhecimento consciente, ela se torna parte de nossa
consciência, e respondemos a ela da mesma forma que respondemos à
propaganda subliminar que é jogada no inconsciente ou no subconsciente. 9
9. Para uma discussão completa sobre este assunto, ver A Arte da Cura Espiritual (pdf
traduzido por Giancarlo Salvagni, pág. 31- 33)

Obs: Achei conveniente colocar o trecho aqui, mas sugiro que deem uma
estudada no capítulo inteiro.

Trecho do livro A Arte da Cura Espiritual


Quando você começa a alcançar o significado de despertar, você percebe que
os erros deste mundo, pecados e doenças, faltas e limitações, não existem
como reais condições ou estados do ser, mas como imagens ilusórias ou
conceitos da mente. Isso faz deles tão dolorosos ou incômodos como eles eram
quando você sofria com eles, mas isso torna possível que você seja curado
deles. Você não pode ser curado espiritualmente enquanto aceitar o pecado, a
doença ou a privação como condição real. Só é possível curar espiritualmente
quando você conhece a natureza irreal daquilo que causa o problema na sua
experiência.
Aqueles que estudaram a metafísica aprenderam que a natureza do pecado e
da doença é ilusão; e você aprendeu a chamar isso de mente mortal, ou "nada".
Para a maioria dos estudantes, essa ilusão, mente mortal ou nada ainda
permanece como alguma coisa por ser removida, mas ninguém deveria ter algo
para se livrar, após descobrir que o que está causando o problema é apenas
uma ilusão. Se alguém visse um fantasma na esquina e lhe dissesse "livre-se
dele!", você entenderia que ele estava vendo um fantasma como um "ele" na
esquina, mas depois de acordar para o fato de que era uma ilusão, o que você
pensaria dele se continuasse a insistir "livre-se dele"?
Uma vez que você perceba que o que Jesus chamou de "este mundo", ou seja,
o sentido material do universo que é, na verdade, uma ilusão, você entenderá
porque o Mestre pôde vencer o mundo. Ele o venceu pelo entendimento de
que ele era uma ilusão: nisso consistia a superação; e se você quer seguir o
exemplo de Jesus, terá que aprender que o único meio para "vencer o mundo"
é sabendo que uma coisa não é uma coisa como você a percebe; uma pessoa
não é a pessoa que você percebe. Você está sempre lidando com uma ilusão, e
saber que isso é uma ilusão deveria dissolvê-la, se é que há convicção nesse
saber.
Toda a discórdia do mundo é o produto da mente, quando distorcida pela
ignorância. Esse estado de apreensão incompleta do que é real e eterno é
sempre referido no Caminho Infinito como um estado de hipnotismo. Qualquer
um que observe como uma nação ou multidão podem ser influenciadas por
propaganda pode entender prontamente o quão fácil é produzir o hipnotismo
em massa, mais ainda quando as pessoas estão sob estresse ou tensão. Nesses
casos, não há alguém agindo como hipnotizador, e nem há um sujeito
específico sobre o qual atuar, mas mesmo assim, o efeito produzido é
hipnótico, no sentido de "notável susceptibilidade à sugestão e à perda do
poder da vontade". Todos os afetados nada têm a ver diretamente com a
promulgação ou disseminação da prática, mas são parte dela como vítimas de
hipnotismo de massa. Um indivíduo, num certo sentido, nasce hipnotizado, pois
nasceu inserido no dilema humano. Todas as suas relações percebem sua
manifestação material como uma existência real, e por isso ele também cai sob
o feitiço. Em outras palavras, ele é hipnotizado. Há um mesmerismo universal
que atinge uma pessoa como enfermidade, como falsos desejos, como
sensualidade, como pobreza ou outras coisas mais. É um hipnotismo universal,
e todos, por terem sido concebidos no ventre de sua mãe, são vítimas dele.
O efeito desse hipnotismo universal é fazer com que a pessoa aceite a doença,
morte, privação, limitação, desemprego, depressão, guerras ou acidentes como
realidade. Lance o machado na raiz da árvore, não perca tempo podando os
galhos; nem se incomode em curar um pequeno pedaço de carne aqui e um
falso desejo ali. Perceba que, numa cura, você não lida com uma condição ou
pessoa em si: você está lidando com o hipnotismo universal.
Para ajudá-lo a chegar à compreensão da natureza universal do hipnotismo,
eu chamo à sua memória os estudos sobre influência subliminar que foram
feitos nos últimos anos. Descobriu-se que muitas pessoas respondem a
sugestões das quais elas nem sequer têm consciência. Num cinema, alguns
slides sugerindo o consumo de pipoca e coca-cola piscaram rapidamente na
tela, imperceptíveis. Mesmo sendo invisíveis para o olho e não sendo
registrados pela mente consciente, as pessoas dirigiram-se ao saguão no
intervalo em número inusitado, para comprar pipoca e coca-cola que não
necessariamente queriam. Elas não ouviram ninguém sugerir; elas não viram
nenhuma propaganda conscientemente; mas responderam às sugestões que
nem sequer sabiam ter recebido e, portanto, agiram de forma que nem tinham
consciência. Claro que, se essas sugestões fossem feitas diretamente, com seu
conhecimento, elas poderiam aplicar seu juízo e discernimento e decidirem se
queriam ou não comprar.
Se você compreender como esse mesmerismo opera, você saberá porque
todo mundo é vítima dos males deste mundo até que compreenda a natureza
desses erros. Essas pessoas no cinema poderiam captar coisas como "você tem
um câncer" ou "você tem medo". Você sabe que isso é verdade, porque você,
sem dúvida, já se sentiu com medo muitas vezes, sem saber de onde ou porque
isso veio. Mas talvez você tivesse saído, provavelmente tivesse visto uma
manchete de desastre no jornal ou uma notícia trágica no rádio. Seu medo foi o
resultado de um hipnotismo universal. Não era você; era essa coisa universal
que vai de pessoa a pessoa, lugar a lugar, situação a situação, e de repente você
se descobre como vítima dela.

Erro, um Sentido Mesmérico da Realidade


Existe um Deus que mantém e sustenta a integridade deste universo, e ele é
perfeito, exceto quando o vemos "através de um vidro, sombriamente", 10
exceto quando o vemos através de um sentido que tem sido, até certo ponto,
hipnotizado pela crença no bem e no mal. A cura está em nossa realização de
que o universo de Deus está intacto e, portanto, estamos intactos, pois tudo o
que Deus é nós somos, e tudo o que o Pai tem é nosso. Isto que está
aparecendo é apenas o produto do sentido mesmérico, mas como não é
criado por Deus, ordenado por Deus ou sustentado por Deus, é um nada, o
"braço de carne". (10. I Coríntios 13: 12.)
À medida que permanecemos nesta verdade da natureza irreal do mal, ele
começa a se dissolver diante de nossos próprios olhos, porque não existe como
pessoa e não existe como condição. Existe como uma influência mesmérica,
devido a nossa aceitação da crença em dois poderes como reais.
Uma pessoa não é má, mesmo que apareça como o ditador mais cruel e
tirânico que o mundo já conheceu. Ele será mau para nós se o virmos como
mau, mas ele não pode ser isso para nós se o virmos como ele é em sua
verdadeira identidade e percebermos que o mal que estamos vendo não é
uma pessoa má: é uma influência mesmérica que está sendo aceita como
realidade. Esse é o segredo. Se não o aceitamos como realidade, ele não pode
operar contra nós.
Como nós semeamos, assim colheremos. Se acreditamos que há um homem
pecador, então o pecado pode ser cometido contra nós. Se acreditamos que há
um homem pobre, a pobreza pode bater à nossa porta. Se acreditarmos que
há doença e morte, podemos experimentá-las. No Reino de Deus, nenhum
homem, mulher ou criança jamais morreu. Nunca houve uma morte desde que
o tempo começou no Reino de Deus - nunca houve uma morte. Passar da vista
é parte da influência mesmérica. Aqueles que nascem devem morrer; aqueles
que acreditam no nascimento devem acreditar na morte, pois são aqueles que
não foram capazes de ver que esta imagem humana é realmente imortal,
eterna e espiritual, mas que é vista falsamente através da crença em dois
poderes.
O começo da sabedoria é saber que Deus É, que Deus constitui e é a
Substância de tudo o que existe, a Vida, a Atividade e a Lei de tudo o que
existe, e, portanto, este é um universo Imortal e Eterno, e nós somos seres
eternos e imortais. Então o que vemos como um mundo finito limitado, como
mal em qualquer forma - pecado, doença, falta, limitação, guerra, depressões,
tempestades - devemos entender que é o produto de um sentido mesmérico
universal, aquilo que originalmente era chamado de diabo, mas agora é
chamado de mente carnal, ou mente mortal. Porque nunca foi de Deus, mas
foi formada na mente do homem após a Queda do Homem e sua aceitação de
dois poderes, esta crença existe apenas como uma imagem mental, sem poder
e sem continuidade. Desta forma, ela começa a desaparecer e se desvanecer
até não existir mais.
O trabalho de cura é realizado nessa base, mas não é realizado orando a
Deus por ajuda, orando a Deus por emprego, suprimento, atividade ou
qualquer outro tipo de presente. É realizado ao perceber que a Mente de Deus
é realmente nossa própria mente, que todas as capacidades dessa Mente de
Deus são nossas capacidades, e que a imagem que nos confronta é uma
imagem mesmérica, para sempre sem lei.
As curas acontecem, não porque Deus nos tenha feito um favor e não porque
tenhamos encontrado alguma pessoa que pensamos estar mais próxima de
Deus do que estamos. Tudo isso é um absurdo. Não há ninguém mais próximo
de Deus do que nós. Há apenas aqueles que aprenderam a natureza e a origem
do pecado e da doença e, portanto, sabem como dissolvê-los.
Se a doença, o pecado ou qualquer condição terrena fosse realmente um
fato, uma verdade ou um ser, Deus teria que ser responsável por isso, e a
natureza disso seria boa em vez de má. Não é possível que Deus esteja dividido
contra Ele mesmo. Não é possível que uma Inteligência Infinita aja
destrutivamente contra Si mesma ou contra Sua própria criação. Portanto,
podemos aceitar o fato de que Deus é a própria Perfeição, e tudo o que Deus
fez e tem feito é bom, e qualquer coisa que Deus não fez não existe. Nem o
pecado, doença, morte, tempestades, nem nada parecido jamais foi feito por
Deus. Eles aparecem para nós por causa de uma crença universal em dois
poderes, e nossa realização (Convicção e certeza profunda) disso é a agência de
cura. Nossa percepção do nada daquilo que é assustador e nos confronta como
o mal é a própria presença e poder que o dissolve, e nada mais o fará.

Quebrando o Mesmerismo
Quando nos deparamos com discórdias, desarmonias, infelicidade, falta e
limitação, não vamos a Deus para tentar fazer com que Deus mude essas
discórdias. Vamos nos afastar delas, olhar para o mundo e perceber:
Isto é apenas uma parte do mesmerismo universal, tentando me convencer
de que Deus não está em campo, que Deus não é minha Vida e meu Ser,
tentando me convencer de que existem dois poderes na Terra. Mas eu sei
bem. Eu sei que não pode existir um Deus Infinito e um poder maligno.
Permanecendo nessa palavra e deixando essa palavra permanecer em nós,
quebramos o mesmerismo - não por força, nem por poder, mas por
compreensão. O Céu não pode ser conquistado pela tempestade. Não
podemos ganhar o Céu pelo poder ou pela força, mas apenas por uma
comunhão interior, silenciosa e sagrada, e isso não para qualquer propósito,
exceto pela alegria de comungar. Quando há algo que interfere em nosso bem-
estar ou no de alguém que nos procura por ajuda, ali mesmo Deus está em
campo. Deus está sempre presente. Não temos que pedir a Deus para agir em
nome de ninguém. Tudo o que temos que fazer é enfrentar a fonte impessoal
de todo o mal e reconhecer seu nada, sua ilegalidade, e então ficar quietos e
assistir - observar a mente carnal e suas imagens desaparecerem de nós. É
necessário apenas nos assegurarmos do que Deus É:
Deus é a Substância de todas formas, e este mundo é perfeito porque é o
mundo de Deus. Se estou diante de uma imagem de uma pessoa moribunda,
de uma pessoa pobre ou pecadora, ou de um prisioneiro, esta é a atividade
mesmérica da mente carnal apresentando esta imagem para mim.
Como sou grato por ter aprendido que não há nenhuma lei nesta imagem
para sustentá-la, nenhuma substância, nenhuma forma, nenhuma atividade,
portanto ela deve se dissolver!
Se tivermos constantemente em mente estes Princípios fundamentais,
devemos chegar a uma completa convicção de que Deus É, e isto significa que
a Harmonia É. Isso significa que todo o Reino de Deus está em paz e em
harmonia com Deus. Então percebemos que a única perturbação à nossa paz e
harmonia é causada por tudo aquilo que tenha nos convencidos de que
existem dois poderes. Quando começamos a entender que esta crença é a
mente carnal, o "braço de carne", ou um nada, é quando as imagens dos
sentidos são dissolvidas.
É por isso que a pessoa que não sai correndo como um bombeiro para pegar
seu chapéu e casaco e correr para ver o paciente, faz o melhor trabalho. A
pessoa que corre para o local provavelmente perderá seu caso rapidamente
porque aceitou a condição como um poder. O mesmerismo é quebrado pela
pessoa que pode perceber:
Nada está acontecendo no Reino de Deus que eu precise ser perturbado, e o
que está acontecendo ao sentido humano das coisas não é real, não tem lei
para sustentá-lo, e nenhum poder ou continuidade.
Obs. do tradutor: Isto me trouxe a lembrança do capítulo da Bíblia João 11.
Quando Jesus Cristo é informado da morte de Lázaro, seu grande amigo e que o
amava, ele se mantém tranquilo, sereno, firme na convicção de que nada está
acontecendo no Reino de Deus, pois a morte não tem poder e não tem lei para
mantê-la ou sustentá-la.
Segui um pequeno trecho deste capítulo:
1 - Ora, havia um certo homem enfermo, chamado Lázaro, de Betânia, da aldeia
de Maria e de sua irmã Marta.
2 - (Era aquela Maria que ungiu o Senhor com unguento, e secou os seus pés
com os seus cabelos, cujo irmão, Lázaro, estava enfermo).
3 - Portanto, suas irmãs enviaram até ele dizendo: Senhor, eis que está
enfermo aquele que tu amas.
4 - Quando Jesus ouviu isso, ele disse: Esta enfermidade não é para morte,
mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela.
5 - Ora, Jesus amava a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro.
6 - Ouvindo, pois, que ele estava enfermo, ficou ainda dois dias no lugar
onde ele estava.
7 - Depois disso, então, ele diz aos seus discípulos: Vamos outra vez para a
Judeia.
8 - Seus discípulos lhe disseram: Mestre, recentemente os judeus procuravam
apedrejar-te, e tu vais para lá novamente?
9 - Jesus respondeu: Não há doze horas no dia? Se algum homem andar de dia,
ele não tropeça, porque ele vê a luz deste mundo.
10 - Mas se um homem andar de noite, ele tropeça, porque nele não há luz.
11 - Essas coisas ele falou, e depois disso ele lhes disse: Nosso amigo Lázaro
dorme, mas eu vou, para que eu possa despertá-lo do sono.
12 - Disseram-lhe, então, os seus discípulos: Senhor, se dorme, ele ficará bom.
13 - Todavia Jesus havia falado de sua morte, mas eles pensavam que falava do
repouso do sono.
14 - Então, Jesus disse-lhes claramente: Lázaro está morto.
15 - E estou contente por causa de vós, de que eu não estivesse ali, para que
creiais; no entanto, vamos até ele...
Na contemplação silenciosa desta verdade, o mesmerismo é quebrado, e
junto com ele a imagem desaparece. É assim que o trabalho de cura é
realizado.
Em nosso próprio ser, tenhamos certeza de que não estamos olhando para
Deus por algo, de que desistimos de todo pensamento ou crença de que vamos
receber algo de Deus que Deus ainda não está nos dando. Ao contrário disso,
vamos compreender que tudo que Deus É, está fluindo agora. Tudo o que Deus
tem está derramando agora. Deus É. Deus é o mesmo ontem, hoje e para
sempre, portanto, não vamos aborrecer Deus! Deus É.
Todos os males deste mundo nada mais são do que imagens na mente, e
quando sabemos disso, elas começam a se dissolver. Elas começam a se
dissolver no exato minuto em que conhecemos a natureza do erro.
Todo o mal funciona como a mente carnal universal, a mente mesmérica
universal, mas como não é lei e não tem lei, como não é ser, como Deus não
a ordenou, como Deus não a mantém nem a sustenta, não a tememos, nem a
combatemos. Nós não resistimos ao mal. Não erguemos nossa espada.
Estamos em paz. Deus É.

A Cura Vem através da Realização dos Princípios da


Impersonalização e "Nadificação".
Suas curas serão milagrosas, mas somente na proporção de sua capacidade
de impersonalizar e "nadificar". * Não é seu paciente que é responsável por
seus males, nem qualquer outra pessoa. Não é seu paciente que é responsável
por sua natureza ou seu caráter - ou falta deles. É apenas sua ignorância de
como separar-se dessas influências impessoais ou diabólicas que lhe vêm como
tentações ou sugestões, mas que, em si mesmas, não são nada até que ele as
aceite ou acredite.
(* [Filosofia] segundo a doutrina sartriana, processo pelo qual a consciência, exercendo o
modo de ser que lhe é próprio, torna para si o que é em si e o anula. Fonte:
https://www.dicio.com.br/nadificar/ )

A cura Espiritual tem seu fundamento em Deus, mas não é uma ida a Deus
para a cura, nem esperar que Deus faça alguma coisa. Tem seu fundamento na
compreensão de que Deus nunca dá e Deus nunca retém: Deus é Ser, para
sempre Ser Harmonioso. Então, segue seu reconhecimento do fato de que
tudo e qualquer coisa de natureza diferente de Deus pertence à categoria do
diabo, satanás ou mente carnal, que é o poder temporal, o nada.
Na prática efetiva, você se deparará com condições específicas, como
infecção e contágio, que você terá que aprender a lidar desta maneira
impessoal. Sempre, há epidemias de uma ou outra natureza, e você terá que
aprender que estas não são condições da matéria, nem são condições do
tempo: estas são projeções da mente carnal, não tendo poder.
No momento em que você tentar lidar com infecção ou contágio, você
falhará porque estará no nível da matéria médica que opera do ponto de vista
do poder dos germes, infecção e contágio. Mas você não pode fazer isso. Você
pode trabalhar somente a partir do nível Espiritual, e esse nível conhece o
nada do que aparece como germes destrutivos. Nós não negamos os germes.
Suponho que, em nossa experiência humana, não poderíamos viver sem eles.
O que negamos é a natureza destrutiva dos germes porque Deus nunca deu
poder a algo de natureza destrutiva para destruir Sua própria criação.
Você também se deparará com crenças e doenças hereditárias. Estas devem
ser tratadas da mesma maneira. Nós não nascemos da carne. Deus é nosso
Único Pai; Deus é nossa Única Mãe. O que é chamado de nascimento humano
não é criação. A criação começa no Invisível; tem sua origem em Deus porque
Deus é o Princípio Criativo de toda a Vida, e, portanto, Deus é o Único Pai, e é
somente de Deus que as qualidades individuais podem fluir.
Então, o que dizer dessas qualidades malignas? Elas pertencem a essa mente
carnal que não é mente. Reconhecendo-as como a mente carnal, elas são
anuladas. Na medida em que você as planta em um homem, na medida que
você culpa sua mãe ou seu pai, você está personalizando-as. Você tem que
remover a crença em características herdadas dos pais, avós e bisavós. Você
tem que parar de acreditar que esta pessoa é assim devido a certas
características nacionalistas, raciais ou religiosas, porque todas estas
características provêm da mesma fonte. Elas emanam da mente carnal; e
porque sua substância é a mente carnal, elas não são poder, não são presença,
não são substância, não são lei.
Alguns dos males que você encontrar, lhe aparecerão como formas que você
pode não reconhecer pelo que são, e você pode esquecer que estas também
devem ser rebaixadas à mente carnal onde podem ser "nadificadas".
Em meus trinta anos de trabalho de cura, tive os mesmos problemas que
qualquer outro praticante. Descobri, e talvez você também tenha descoberto,
que existem certas doenças que não se rendem prontamente. Entretanto, nem
um único caso que é chamado de incurável é realmente incurável.
Não há nada impossível, uma vez que você compreende a natureza de Deus e
conhece verdadeiramente a natureza do erro como um nada impessoal. Mas
você tem que estar disposto a aceitar esse Princípio até que possa demonstrá-
lo. Novamente, lembre-se que não é porque o mal é nada que ele pode ser
anulado. É somente na proporção em que você pode atingir a consciência de
seu nada que você pode provar seu não-poder. Se o nada do mal pudesse
removê-lo, já teria sido removido porque ele é um nada. Mas o seu nada não o
removerá. É necessária a Consciência Iluminada de um indivíduo. É necessária
a Consciência Espiritual dedicada de um indivíduo, e é por isso que existem tão
poucos curadores nesta era capazes de fazer as maiores obras. Qualquer
pessoa poderia fazê-los se dedicasse sua vida a este trabalho, se pudesse
abandonar outras responsabilidades e se dedicar ao estudo e à meditação até
que sua natureza espiritual evolua tanto que o mal desapareceria
automaticamente com sua aproximação.
Pode haver milhões e centenas de milhões de pessoas que podem ser
curadores de grande sucesso, mas é uma vida de dedicação. O
desenvolvimento da consciência curativa não pode ser feito no tempo livre de
cada um. Sim, é claro, a cura de constipações, gripe ou uma coisinha menor -
isso pode ser feito. Mas para se tornar parte de um ministério mundial de cura
e abrir o resto deste mundo à visão de viver em Deus, deve surgir da sociedade
um grupo de pessoas que desejam tanto a Deus e querem tanto trazer o
governo de Deus à Terra que se dediquem a este objetivo dia e noite.

Através da Mesa
Você notará que a cada mês o Caminho Infinito está sendo cada vez mais
reconhecido pelo mundo religioso e educacional e, por causa disso,
inevitavelmente, você será chamado a explicar qual é a contribuição do
Caminho Infinito para o mundo.
Para você, portanto, deve estar claro que O Caminho Infinito revela isso:
1. Há uma Consciência Transcendental disponível ao homem aqui e agora,
que, quando alcançada, resulta no "morrer diariamente" do velho homem e no
renascimento do novo homem, o filho de Deus. Esta Consciência
Transcendental ou Espiritual é o Poder da Graça na experiência do homem,
libertando-o da "lei" e estabelecendo sua vida sob a Graça.
2. Existem Princípios de vida pelos quais esta Consciência elevada é
alcançada.
3. Através do Discernimento Espiritual agora possível, a Natureza de Deus
como Consciência individual é revelada, o Reino de Deus e o segredo do Poder
Espiritual.
Se tudo isso não estiver claro para você, comece imediatamente um estudo
sério de A Vida Contemplativa 11 e dos seguintes capítulos em Um Parênteses
na Eternidade 12: "Realidade e Ilusão", "A Natureza do Poder Espiritual" e
"Vivendo Acima dos Pares de Opostos".
(11, 12: Ambos livros de Joel Goldsmith)

Você não pode passar toda a sua vida recebendo, mas deve esperar ser
chamado a dar, e você não pode dar mais do que compreende. O que você
compreende do Caminho Infinito é a medida de sua demonstração de
harmonia espiritual. " De graça recebestes, de graça dai". 13
(13. Mateus 10: 8.)

Capítulo 5 - Descansando na Unidade


É uma grande responsabilidade quando alguém vem até você em busca de
ajuda espiritual. Ele está vindo para ser alimentado, espiritualmente
alimentado; ele espera ajuda, e você não pode dar-lhe uma pedra. Se, no
momento, entretanto, você não estiver vivendo nessa consciência elevada que
lhe permite dar essa ajuda, você pode alcançar esse estado através do
processo de uma meditação contemplativa.
Esta meditação contemplativa deve consistir em cada afirmação que você
pode trazer à lembrança consciente que tem a ver com a verdade de que o
Espírito é o Único Poder— não a matéria e não a mente. O Espírito, a
Consciência Divina, é o Único Poder; Causa Invisível é o Único Poder. Habite
sobre cada verdade que estabelecerá em você a convicção de que Todo o
Poder é Espiritual, Todo o Poder é Invisível, e que não há poder em efeito. A
verdade é que NENHUM efeito é poder, quer esse efeito apareça como uma
pessoa ou como uma coisa.
Muitas pessoas se perguntam quanto tempo esta meditação deve durar. A
resposta é bem simples. Deve continuar até que você tenha perdido todo o
medo da condição que lhe foi trazida para a cura. Você deve continuar
trabalhando com essas verdades até sentir uma liberação interior, um "clique",
um sentimento interior que lhe diz que essa aparência é apenas o "braço de
carne",1 apenas o poder temporal, o nada; e como não é de Deus, não tem
poder. Como não é de Deus, não tem vida; como não é de Deus, não tem
continuidade, não tem substância, não tem ser, não tem forma exteriorizada.
(1 II Crônicas 32: 8)
Quando você é capaz de descansar nessa realização em completo silêncio,
sua meditação está no fim. Isso não significa necessariamente que o seu
paciente será curado instantaneamente. É verdade que é possível que ele seja
curado instantaneamente, mas por outro lado, sua falta de receptividade pode
não permitir que ele aceite uma cura através de uma realização, duas ou
mesmo cem.

Solo fértil
Muitos fatores entram na cura que tem que ver, não tanto com você como
um praticante, mas com seus pacientes. Às vezes, eles têm estado agarrados às
suas condições por tanto tempo que não podem libertá-las ou deixá-las ir.
Às vezes, também, uma pessoa não está realmente querendo de todo o
coração Deus, ou o Reino de Deus, mas tem apenas o desejo de se livrar da sua
dor, e nenhum objetivo maior do que tornar-se livre o mais rápido possível
para sair e ser um ser humano novamente. Tais casos nem sempre são
quebrados fácil ou rapidamente. Às vezes, há uma rebelião absoluta à verdade
em seus pacientes, que você pode nunca descobrir.
Muitas coisas diferentes acontecem na consciência de uma pessoa que
tornam impossível para você saber por que ela não responde, mesmo depois
de você ter tido a certeza interior de que ela está curada. Se ela for paciente o
suficiente e você for paciente o suficiente, eventualmente uma cura será
realizada. Mesmo assim, por mais estranho que pareça, pode levar um ou dois
anos antes que um paciente volte para lhe falar sobre isso, e geralmente é
porque surgiu outra coisa, e ela quer mais ajuda.
O solo mais fértil para a cura está na consciência de uma pessoa que chegou
a um lugar de indiferença à cura, e realmente sente que não é a cura física com
a qual ela está tão preocupada, mas sim, com a experiência de Deus: viver, se
mover e ter o seu ser no Reino de Deus. Mas quão são poucas as pessoas que
virão até você nesse ponto de prontidão!
Sua função não é julgar o paciente, mas conscientemente perceber a
Presença de Deus. Cada vez que você é chamado para ajudar, a sua meditação
deve incorporar qualquer verdade que trará a você a realização de Deus como
Tudo, e o nada da condição, o nada da lei material ou mental.
Quer seja a segunda, terceira, quarta ou centésima vez que você é chamado,
você medita. Você não usa uma fórmula, nem tenta se lembrar da última
verdade que sabia. Na verdade, acima de tudo, você deve tentar esquecer essa
última meditação. Não acredite que a repetição ou a recitação de certas
verdades vai curar alguém. O propósito de trazer essas verdades à lembrança
consciente é apenas para que você possa alcançar aquele silêncio que traz à
tona a cura.
Todo silêncio contemplativo deve ser espontâneo, e deve ser uma realização
de uma forma ou de outra, de Deus como Onipotência, como Onipresença,
como Onisciência. Quando alguém pede ajuda, você deve ser capaz de lembrar
instantaneamente que existe apenas UM PODER e que isto para o qual ele está
pedindo ajuda NÃO é poder.

Erguer-se acima Tanto do Bem como do Mal


Recentemente, quando o Princípio de Um Poder surgiu com alguém que
estava bebendo demais, eu o adverti: "Tenha cuidado para não acreditar que o
álcool é poder, poder para o bem ou para o mal". A princípio, isso pode
parecer chocante, porque os efeitos devastadores do alcoolismo podem ser
vistos de todos os lados, mas, se você aceitar a crença de que o álcool é poder,
você será um cego guiando outro cego. Você nunca será capaz de ajudar
ninguém a sair do alcoolismo a menos que você mesmo tenha percebido
claramente a verdade de que só existe UM PODER. Qual é a diferença,
realmente, entre uma aparência de alcoolismo e uma aparência de germes
infecciosos? Qual é a diferença? Se você afirma que os germes não têm poder,
você deve estar igualmente certo de que o álcool e as drogas também não têm
poder.
Sua posição de manhã à noite e da noite até de manhã deve ser a de que só
há UM PODER. Eu não digo isso levianamente. Estou bem ciente de todas as
aparências que existem no mundo. Conheço todas as reivindicações de poder
que existem, mas digo a você que, para viver a vida espiritual, você deve
chegar ao ponto em que Adão e Eva estavam antes de terem comido do fruto
da árvore do conhecimento do bem e do mal, antes de serem expulsos do
Jardim do Éden.
Todas as nossas discórdias têm a ver com a nossa crença de que sabemos o
que são coisas boas e o que são coisas más. Mas não existem coisas que sejam
boas e não existem coisas que sejam más.
Deus é a Substância de todas formas, e por isso não existem formas más em
todo o mundo. Quer você esteja pronto para aceitar ou não, a verdade é que
também não existem boas formas. Existem apenas as formas de Deus, formas
que não tem opostos. O que são então estas formas que contemplamos com
os olhos? Conceitos, conceitos que foram gravados em nossas mentes pela
crença no bem e no mal. "Não há nada bom ou mau, mas pensar faz com que
seja assim."* Independentemente do que se possa chamar de bom, o rótulo
"bom" foi dado por alguma pessoa por alguma razão, mas em algum lugar na
terra pode haver quem possa chamar a essa mesma coisa de má. Tome
qualquer forma de mal que você conheça, e veja se você não consegue
encontrar um lugar onde essa mesma coisa não seja considerada maligna.
Nada é bom ou mau, mas pensar faz com que seja assim.
(*William Shakespeare. Hamlet, Ato II, Sc. 2.)

Deixe sua meditação contemplativa ser uma elevação acima de ambos. o


bem e o mal. Fique quieto e comece com a premissa:
Não há poder do mal no mundo, por isso não posso ser levado a temer esta
coisa. Deus existe. Deve existir, e se existe, Deus não poderia ser Deus sem
ser Infinito, Onipotente, Onisciente e Onipresente. Isso significa que não
pode existir nada além de Deus. Isso significa que não pode existir dois
poderes. Só existe UM.
Viva com essa ideia até chegar a um lugar na consciência onde você sabe que
não existem dois poderes, e quando você chegar a esse lugar, você está de
volta ao Jardim do Éden, e você terá levado seu paciente junto com você.

Habitando na Onipotência, Onipresença e Onisciência


A repetição de palavras terá pouco efeito: você deve levar as palavras à sua
consciência e deixar que a profundidade do seu significado seja revelada:
Todo Poder! Com que poder estou lidando, se Deus é Todo Poder? Existe
algum poder neste assim chamado paciente, mesmo um poder para resistir a
este tratamento? Se Deus é o Único Poder operando como a consciência
desta pessoa, existe algum outro poder? Existe algum poder no que o mundo
chama de doença ou inimigo?
E assim você medita sobre o que realmente constitui poder até que o poder
material ou mental tenha perdido todo o significado para você, e você fica com
a realização e a certeza: "Eu, no meio de você, Sou Poderoso". Eu Sou o Único
Poder."
Na próxima meditação que você tiver para a mesma pessoa ou para a mesma
condição, você pode tomar a palavra "Onipresença".
Deus é Onipresença. Mas o que isso significa? Se Deus é Onipresença, isso
deve significar que Deus é a Presença deste paciente. Não pode haver
presença de um paciente a não ser a Presença de Deus. Não pode haver
presença de uma doença, já que só Deus é Onipresença, e Deus é Espírito.
Deus é a Presença desta pessoa; Deus é a Presença de tudo o que existe
porque Deus é a Única Presença.
Deus não tem que ser removido, curado, corrigido, reformado ou
melhorado. Porque Deus é Onipresença, eu sei que não existe tal presença
como um paciente, um pecado, uma doença, um falso apetite, ou mesmo
uma lei material ou mental.
Essa realização, no entanto, também pode não trazer a cura. E assim você
chega à palavra "Onisciência", que significa Todo Conhecimento, Toda Ciência,
Toda Sabedoria.
Deus é Onisciência. Eu não tenho que dizer nada ao Onisciente Deus sobre o
meu paciente ou sua condição. Se Deus não o sabe agora, Deus nunca saberá,
e certamente eu não poderia ser culpado de tal egoísmo a ponto de acreditar
que sei algo que Deus não sabe. Portanto, eu não tenho que dizer nada a
Deus sobre meu paciente, o que meu paciente precisa ou requer, ou o que
meu paciente gostaria. Só tenho de me sentar aqui e saber que Deus é
Onisciência, a Inteligência Onisciente.
O Pai sabe de que coisas preciso, e é Seu "bom prazer dar [a mim] o
Reino".2 Como é maravilhoso poder sentar-me aqui e não ter que dizer algo a
Deus sobre meu paciente! Que maravilha saber que tudo o que é para ser
conhecido, Deus já sabe, e Deus já sabe o que fazer, quando fazer e como
fazer.
(2 Lucas 12: 32.)

Em sua meditação contemplativa, você continua a se lembrar de cada


passagem da Escritura e cada passagem da literatura espiritual que lhe traz a
certeza e a segurança de que Deus já conhece a necessidade, e então descanse
nisso até que você tenha um sentimento interior de que tudo está bem.
Uma meditação de cura só é completa se incorporar a Verdade sobre Deus: A
Lei de Deus, a Onipotência de Deus, a Onisciência de Deus, a Onipresença de
Deus. Então, mesmo que o paciente possa ter uma febre alta, possa estar com
dor, angústia ou pobreza, tudo de natureza temerosa é erradicado do seu
pensamento, e um sentimento interior de segurança vem a você:
Este é o filho amado de Deus. O que então, tenho a temer? Existe um filho
de Deus fora do Reino de Deus, ou estou sendo enganado pelas aparências?
Deve ser aí que reside a dificuldade. Eu fui enganado a acreditar nas
aparências porque meus olhos e meus ouvidos testificam uma
individualidade fora do Reino de Deus.

Não Existe Deus "e" um Paciente


Se você for olhar para este mundo com seus olhos, você nunca será capaz de
acreditar em Deus, porque tudo que você pode ver, ouvir, provar, tocar e
cheirar é finitude, apenas finitude: limitação, pecado, doença, morte,
estupidez. Uma vez que você fecha os olhos para as aparências e se pergunta:
"Como é o Reino de Deus? O que é o Jardim do Éden?" você vai ouvir a Voz
mansa e silenciosa, e mesmo enquanto você está olhando diretamente para o
homem doente, pecador ou moribundo, essa voz vai dizer-lhe:
"Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo."3 Não temas, Sou Eu.
(3 Mateus 3: 17.)

Eu, Deus, constituo todos os seres, apesar de todas as aparências em


contrário. Só há um Eu. Portanto, "Sou Eu; Não tenhas medo." 4
(4 João 6: 20.)

Mas não olhe com os olhos, porque você será enganado. Eu estou em ti, e Eu
estou em mim. Nós somos Um. Só há lugar no céu para EU. Só há lugar para
Um, e esse Um é Deus. Você ficaria surpreso com o que às vezes acontece na
meditação, quando você percebe que não há lugar no Reino de Deus para Deus
e seu paciente; e uma vez que não há nada além do Reino de Deus, o seu
medo desaparece. Você percebe:
Eu tenho olhado com meus olhos; Tenho acreditado no que meus olhos
veem, acreditando no testemunho dos sentidos. Tenho julgado pelas
aparências, quando na realidade só existe Deus. Há apenas o Eu que Eu Sou.

Mantenha Sua Meditação e Oração Centradas em Deus


Sempre comece sua meditação com uma contemplação da verdade, mas a
esta altura você sabe que não há verdade sobre "o homem, cujo fôlego está
em suas narinas".5 Portanto, não adianta ponderar ou contemplar nada sobre
seu paciente ou sua condição. Se, então, você não deve levar o seu paciente ou
a sua condição para a sua meditação, o que você deve fazer? Não há mais nada
além de Deus. Portanto, em sua meditação contemplativa, você medita em
Deus:
(5 Isaías 2: 22.)

Deus! Por que estou buscando Deus, quando Deus já está mais perto de
mim do que a respiração? Por que estou lutando tanto para alcançar Deus?
Por que estou fazendo tanta ginástica mental? Por que acho que tenho de
repetir as fórmulas? Por que eu deveria acreditar que tenho que estar sobre
minha cabeça, ou jejuar, ou banquetear-me para encontrar o Deus que já é o
meu próprio ser? É verdade, a julgar pelas aparências, estou separado e
distante de Deus, mas qual é a verdade? Que verdade há além de que Eu e o
Pai somos um?
Deus É; Eu sou. Não estou meditando para encontrar Deus. Estou
meditando apenas para trazer à lembrança consciente a verdade de que Eu e
o Pai somos um, que o lugar em que eu estou é Solo Sagrado. Tudo o que
Deus É, Eu sou, pois Ele disse: "Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que Eu
tenho é teu".6
(6 Lucas 15: 31.)

Aqui e agora, tudo o que o Pai tem é meu: sabedoria, vida, amor, paz,
confiança, serenidade e alegria. Não preciso lutar física ou mentalmente por
isso. Não preciso ir a nenhum lugar para encontrá-los porque aqui onde Eu
estou Deus está— Eu em Deus, e Deus em mim. Esta é a verdade sobre mim;
esta é a verdade sobre o meu paciente; esta é a verdade sobre minha família.
Não há realmente família a não ser a família de Deus, uma vez que só há um
Pai: "E a nenhum homem na terra chameis de vosso pai, porque um só é o
vosso Pai, o qual está no céu.".7 Somos todos uma mesma família.
(7 Mateus 23: 9.)

Deus no meio de mim é a minha vida, o pão na minha mesa, a carne, o


vinho e a água. Deus "é a saúde do meu semblante".8
(8 Salmos 42: 11.)

Eu não preciso ir a lugar nenhum; Não tenho que pensar em nada. "Fique
quieto e saiba que Eu sou Deus."9 Eu sou Deus. Eu sou Infinito. Eu é Todo-
Inclusivo. Na Presença do Eu, há realização.
(9 Salmos 46: 10.)

Onde está o Espírito do Eu, há paz, alegria, completude e harmonia. Eu não


tenho que merecê-lo: A chuva de Deus cai igualmente sobre os justos e sobre
os injustos. Só tenho de estar quieto porque "não é por força, nem pelo
poder"10 que isto se realiza: É "na quietude e na confiança". 11 Em quietude e
confiança, sei que a Presença de Deus está aqui comigo, mesmo que não
possa senti-la.
(10 Zacarias 4: 6.) (11 Isaías 30: 15.)

O Retorno à Casa do Pai É uma Atividade da Consciência


Deus tem um filho e depois o deserda? Será que Deus tem um filho para
depois rejeita-lo? Não, mesmo o pródigo foi capaz de encontrar o seu caminho
de volta à realização de Deus— não viajando para qualquer lugar no tempo ou
no espaço, mas fazendo uma jornada na consciência. Assim, também, você não
tem que ir a nenhum lugar no tempo ou no espaço. A jornada espiritual que
você está fazendo está sendo feita na consciência. Tudo acontece na sua
consciência, onde você chega à lembrança consciente:
Eu e o Pai somos um. Mesmo que eu faça minha cama no inferno, mesmo
que "eu ande pelo vale da sombra da morte",12 Eu e o Pai somos um. Nem a
vida nem a morte podem me separar da Vida de Deus, do Amor de Deus, da
Consciência de Deus, da Presença e do Poder de Deus. "Eu nunca te deixarei,
nem te abandonarei."13 Nunca te deixarei, nunca! Eu estarei "sempre com
você, até o fim do mundo".14
(12 Salmos 23: 4.) (13 Hebreus 13: 5.) (14 Mateus 28: 20.)
Você deve trazer de volta à sua consciência uma lembrança de toda a
verdade espiritual que você já leu nas Escrituras ou em escritos místicos e
espirituais. Tudo deve acontecer como uma atividade da consciência, porque a
jornada desde o banquete do pródigo com os porcos de volta à casa do Pai e à
consciência da Onipotência, Onipresença e Onisciência é uma jornada feita na
consciência.
Ninguém pode alcançar esta consciência por você. Você deve alcançá-la
através de uma realização consciente de toda a verdade espiritual que você já
conheceu, e você deve continuar em sua meditação ou oração - chame-a como
você quiser - até que o medo se afaste de você. Então, você pode sentar-se
"em quietude e em confiança" e deixar a Graça de Deus fluir através de você.
Deixe a voz de Deus falar com você, se quiser; Que a voz de Deus troveje se
quiser, ou apenas respire em seu ouvido um:
"Paz, fique quieto", um "não tenhas medo"; Sou Eu." O que tens a temer, se
Eu estiver contigo? Esse Eu que nunca te deixará, nem te abandonará - nem
na pureza nem no pecado, nem na saúde nem na doença, nem na vida nem
na morte. Eu estava com você antes de você nascer, e Eu estarei com você até
o fim do mundo.
Se Eu está mais perto de você do que o respirar, você está na Presença de
Deus, e podes pedir mais do que isso? Você pode desejar outra coisa que não
seja estar na Presença de Deus? Assim, o medo desaparece, e de algum lugar
no fundo de você vem uma libertação. E quando isso acontece, você não tem
mais medo porque você está na Presença de Deus. Você alcançou aquela
mente que estava em Cristo Jesus, aquela mente na qual não há medo.

Nunca Leve uma Pessoa para a Meditação


O propósito da meditação é trazê-lo à união consciente com Deus, mas
quando é com o propósito de ajudar a si mesmo ou aos outros, pode ser
chamado de meditação contemplativa, que às vezes carrega consigo o sentido
de intenção de fazê-la. Quando você contempla Deus ou quando sua
meditação consiste em conhecer toda a verdade sobre Deus e a criação
espiritual, então você está realmente no caminho místico da vida e no caminho
espiritual da cura.
Em uma meditação de cura, você nunca projeta seu pensamento para seu
paciente, nunca sob nenhuma circunstância, porque, se o fizesse, estaria
tentando remendar a ilusão. Fazer isso não é nada mais nem menos que o
poder mental projetado, que é uma forma de terapia sugestiva. É a cura por
sugestão, e a sugestão é uma forma branda de hipnotismo, nenhuma das quais
tem nada a ver com a cura espiritual. Você nunca se dirige ao seu paciente
pelo nome, nem nunca diz "você" ao seu paciente. A sua meditação não tem
nada a ver com o seu paciente: tem a ver apenas com você e seu
relacionamento com Deus e sua consciência de Deus. Porque o seu paciente
lhe pediu ajuda, ele obterá o benefício da sua unidade realizada com Deus.
Não são as declarações de verdade que trazem a cura. Se o fizessem, você
nunca superaria as declarações da verdade, e chegará o dia em que você as
superará. As declarações de verdade têm o propósito de reforçar a sua própria
compreensão e segurança, para que possas chegar a um lugar de
"relaxamento", e então, esperar que o Espírito anuncie a Si mesmo. Você não
pode fazer isso enquanto teme pelo seu paciente. Você não pode fazer isso
enquanto estiver se perguntando o que pode ajudá-lo ou como você pode
alcançar Deus. Você só pode descansar em paz interior depois de ter chegado
à compreensão de que não existem poderes do bem e poderes do mal: há
apenas o Poder de Deus. Você não pode descansar em sua meditação até ter
alcançado uma consciência na qual não existe dois poderes, duas leis, ou duas
substâncias operando.

Fique Firme no Princípio da Unidade


Às vezes, pode ser-lhe apresentado um problema de algum tipo de lei: uma
lei de hereditariedade, uma lei de infecção ou contágio, uma lei de tempo ou
idade, ou alguma lei legal. E então você se senta em sua meditação:
Lei, Lei! Deus é o Único Legislador e Deus é Espírito. Então, toda a Lei deve
ser Espiritual. Como pode existir uma lei destrutiva? Como pode existir uma
lei finita? Como pode existir uma lei de limitação?
Existe apenas uma Lei e ela é Espiritual. Não existem leis materiais; não
existem leis que são vinculadas sobre o filho de Deus.
Mesmo as leis legais não podem vincular ninguém na presença da Graça
Espiritual. A Única Lei é a Lei do Espírito, e no preciso momento em que o
Espírito toca, mesmo uma pessoa na prisão, a pena de violação da lei legal cai,
e o prisioneiro é libertado. Um ser espiritual não pode ser mantido em
qualquer tipo de prisão, e quando uma pessoa foi tocada pelo Espírito, ela
"morreu" para a sua humanidade e renasceu do Espírito. Como que uma
pessoa assim pode ser mantida na prisão?
Em outra ocasião, pode ser-lhe dito que o seu paciente vai morrer e que nada
pode ser feito para salvá-lo. Com isso, a palavra "poder" pode vir à sua mente:
"Poder para causar a morte? Poder para perpetuar a doença? Poder?
Poder? Poder?" até que essa palavra toque em você, e você percebe, "Deus é
Poder". Se Deus é Poder, pode existir dois poderes? O que, então, tenho a
temer? Eu não temerei o que o poder possa me fazer."

O Único Problema É a Crença de Que a Mente Carnal É um Poder


Lembre-se sempre disto: o seu paciente não está sofrendo de reumatismo;
ele não está sofrendo de uma constipação; ele não está sofrendo de dor de
cabeça: ele está sofrendo com a aceitação universal da mente carnal como um
poder. Consciente ou inconscientemente, ele aceitou dois poderes, o Poder de
Deus e o poder do erro chamado mente carnal. Para anular o erro na sua
experiência, na experiência da sua família, paciente ou aluno, você vê através
da crença de que a mente carnal é poder.
Você tem apenas uma demonstração a fazer, e essa é a realização da
Presença de Deus. Você tem apenas um demônio para superar, e não é
reumatismo, câncer, consumo, imoralidade, pobreza ou desemprego. Não ore
por emprego para uma pessoa desempregada. Lembre-se, é a mente carnal
afirmando que há falta e limitação, falta de oportunidade ou falta de alguma
outra coisa. Então perceba que a mente carnal não é poder e que não existe
falta no Reino de Deus. Se os negócios não são bons, não ore por bons
negócios. Reze para perceber que a mente carnal e suas sugestões não são
poder.
Nós temos um Princípio que funciona, e o Princípio é este: Só há uma
demonstração a fazer: a Consciência da Presença de Deus, pois em Sua
Presença a mente carnal se dissolve. Existe apenas um pecado, doença, morte,
falta ou limitação: a mente carnal. Se você chama isso de mente carnal ou
algum outro nome não faz diferença. Em meus escritos, você encontrará a
mente carnal referida sob o nome de hipnotismo, sugestão, mesmerismo,
crença mundial, ou aparência. Todos eles significam a mesma coisa: uma
crença de que existe um poder destrutivo.
Isso é tudo do que estamos sofrendo: uma crença em dois poderes que,
consciente ou inconscientemente, todos nós aceitamos. Suponha que você
tenha se convencido neste instante de que Deus é o Único Poder. Então, o que
poderia incomodá-lo? Nada! Um circo inteiro cheio de leões selvagens poderia
ser solto nesta sala, e você não se levantaria para sair do caminho. Que
diferença faria, mesmo que eles estivessem na sala, se só existe Um Poder? Se
as bombas estivessem caindo para a direita e para a esquerda, que diferença
faria para você se só existe Um Poder? Se só existe Um Poder, o que podem
fazer as bombas? Ou leões selvagens, ou germes, ou tempo, ou clima?
Sua meditação não se torna efetiva até que você mesmo chegue ao lugar da
Unidade: Um Poder, Uma Lei, Uma Presença, Uma Vida, Um Ser, Uma Causa, e
Um Efeito. Então você pode esperar que a Graça de Deus esteja sobre você,
que o Espírito de Deus o envolva, e que a libertação de Deus venha até você.
Quando isso acontecer, a sua meditação estará completa.
Nunca esqueça que sua meditação não estará completa até que você chegue
ao lugar da paz interior através da realização de Um - seja um poder, uma
pessoa, uma causa, ou uma lei - sempre Um. Quando você chegar a esse lugar
na sua própria consciência, você estará em paz, e muito em breve a Graça de
Deus estará sobre você.
Esta paz nem sempre vem com a sua primeira meditação. Você pode ter que
meditar novamente para seu paciente uma hora, duas ou três horas depois, ou
pode ter que repeti-la naquela noite, ou no meio da noite, ou na manhã
seguinte. Você pode ter que repetir por dias e dias. Isto ocorre porque, como
seres humanos, estamos vivendo uma vida de separação de Deus, e nem
sempre é fácil em qualquer momento ou a cada momento que escolhemos nos
tornar um com Deus. Portanto, pode ser necessário meditar muitas vezes até
que finalmente chegue o "clique" que nos liberta.
A simplicidade da mensagem do Caminho Infinito está na verdade de que
você tem apenas um inimigo. E não é uma mente carnal! É a crença de que a
mente carnal é poder, e quando você tiver superado a crença de que a mente
carnal é poder, ela está acabada, no que lhe diz respeito. Então, você não
precisa demonstrar o suprimento; você não tem que demonstrar saúde; você
não precisa demonstrar felicidade; você não tem que demonstrar
companheirismo: você demonstra apenas a Presença Realizada de Deus. Tudo
o que você precisa é da Graça de Deus Realizada, e Ela se cumpre em todas as
coisas.

Através da Mesa
A Primavera está aqui enquanto escrevo isto, e por isso, o meu pensamento
se volta para a renovação, renascimento e ressurreição, e, como estes podem
ser experimentados. Há um passo necessário, que sem o qual, não podemos
"morrer" do velho e renascer para o novo homem, o homem ressuscitado.
Escreva isto na sua testa onde você verá cada vez que for ao espelho: “Deus
não se importa o quanto pecador você é ou o quanto puro você pode ser. Deus
não tem interesse na sua humanidade: santo ou pecador, bem ou doente, rico
ou pobre.”
Cabe a você se afastar do seu estado atual de consciência, que pode estar se
expressando como santidade ou pecaminosidade, e focalizar sua atenção no
reconhecimento da Natureza Espiritual do Ser Individual. Quando você puder
esquecer a minha humanidade e contemplar o Cristo em mim, o Cristo em
você ressuscitará. Quando você perdoa - você liberta os outros da penalidade
dos seus pecados - assim sua penalidade também se dissolve.
Não espere se tornar bom antes de buscar a Deus, porque não O encontrará.
Não é fácil reconhecer sua própria Cristandade porque você conhece tão bem
as suas falhas humanas. Portanto, reconheça o Cristo naqueles que você
encontrar, e então, fique face a face com o Cristo ressuscitado de você mesmo.
Pare de me ver ou a qualquer pessoa como um homem da terra, e encontre-
os como o Cristo-homem. Liberte todos do seu passado e fique face a face com
o teu agora— o teu momento de Cristandade. Isso não significa que, quando
você contrata um funcionário você não vai procurar a pessoa mais qualificada,
ou que quando você vai às urnas você não vai votar no candidato que mais se
encaixa na sua ideia de retidão. Você usará a discriminação, mas também
libertará o homem da condenação, e assim, descobrirá a sua própria liberdade.
Esteja certo, você alcança a liberdade apenas quando liberta os outros; você
alcança a justiça apenas quando se é justo; você alcança a abundância apenas
quando dá.
Você admite o Cristo, o Espírito de Deus, em sua consciência, ao reconhecer
o Cristo no homem. "Eis que estou à porta e bato."* Quando você admite o Eu,
o Cristo, então, Eu venho para que você possa ter vida abundante.
(*Apocalipse 3: 20.)

Que Eu então se torne o pão e a carne da vida para você, o vinho da


inspiração e as águas puras da Vida Eterna. Abra a porta da tua consciência e
admita o Espírito de Deus, e assim o Cristo viverá a tua vida. Você já sentiu que
existe um Eu, um Eu realmente tangível, mais perto de você do que a
respiração? Se não, comece a saudar-Me em todos que você encontrar,
especialmente o inimigo, e rapidamente Me encontrarás em você.

Capítulo 6 – Vivendo o Princípio da Impersonalização


Para diferentes pessoas, e por muitas razões diferentes, viajar é uma
atividade estimulante e fascinante, mas, em minha experiência, a principal
função das viagens tem sido conhecer pessoas. Meu interesse sempre esteve
nas pessoas. Já vi todos os cenários, às vezes uma e por muitas vezes também
já vi as galerias de arte. Mas eu gosto das pessoas e não vou ao redor do
mundo uma e outra vez para ver mais cenários ou mesmo para ver mais
galerias de arte, mas para conhecer pessoas. A vida é para viver, e o viver não
pode ser feito a não ser com os outros. Ninguém pode viver uma vida para si
mesmo e ser realizado, e nenhuma nação, raça ou credo pode viver para si
mesmo e se tornar qualquer coisa a não ser encravado.
Quanto mais se viaja, mais oportunidades existem para um encontro de
mentes e para uma maior compreensão dos outros, mesmo no nível humano.
Pense no que significaria para o mundo se, em nosso contato com outras
pessoas, pudéssemos alcançar a consciência de que todos são o templo do
Deus vivo, se não mais atribuíssemos o mal uns aos outros, não
acreditássemos mais que o mal é parte integrante desta ou daquela raça, desta
ou daquela nação, mas aprendêssemos a impersonalizar. Pense no tipo de
relacionamentos que poderiam existir no mundo se incorporássemos estes
Princípios Espirituais. Pense no vínculo invisível que seria estabelecido entre
todos os povos do mundo através dessa iluminação espiritual.
No entanto, estes Princípios nunca se tornarão efetivos em escala mundial, a
menos que você e eu comecemos a aplicá-los onde estamos, em nossa casa,
aqui e agora. Vamos supor que há um membro de sua família que não está
vivendo de acordo com os mais altos padrões de humanidade, muito menos de
sua identidade espiritual, uma pessoa que é indisciplinada, desobediente,
desonesta, mentirosa, não confiável, infiel, ou uma pessoa que não está se
adequando ao padrão normal de saúde, fisicamente ou mentalmente.
Certamente, deve estar claro para você que você tem uma responsabilidade
em sua própria casa. É verdade que você não é necessariamente responsável
pela pureza de todos em sua casa, nem é sua responsabilidade que todos lá
estejam em conformidade com seus padrões de vida, já que um dos privilégios
de viver em um país livre é que cada pessoa é um indivíduo e tem o direito de
viver sua própria vida.
Isto é verdade, no entanto, apenas até um certo ponto. Toda e qualquer
pessoa tem direito à liberdade, mas não à licença. Há coisas que ninguém deve
tolerar em sua casa. Lembre-se de que sua casa é seu domínio, e você não
deve permitir que nada entre nessa casa "que contamine... ou que faça uma
mentira".1 Portanto, é sua função impedir a entrada de qualquer coisa que
possa perturbar sua casa, ou eliminá-la depois que ela estiver lá, em outras
palavras, provocar uma mudança na situação.
(1. Apocalipse 21: 27.)

Mudando a Atmosfera da Sua Casa


Para cada um de nós, então, vem esta pergunta: "Como posso mudar a
atmosfera da minha casa? Como posso melhorá-la? E, mesmo que seja
humanamente boa, como posso elevá-la acima da bondade humana para a
demonstração de harmonia espiritual, saúde espiritual, pureza espiritual,
abundância espiritual"?
É neste ponto que você coloca em operação os três Princípios Básicos do
Caminho Infinito. Primeiro de tudo, você deve perceber que não faz diferença
se, no momento, você está olhando para uma pessoa em pecado, doente ou à
beira da morte. A verdade é que Deus constitui o ser individual. Deus é a
Qualidade, Deus é a Quantidade, Deus é a Essência, e Deus é a Lei para cada
pessoa em sua casa. Deus constitui seu ser; e, portanto, sua natureza é pura,
piedosa, boa.
Com isso completamente estabelecido em sua consciência, você pode passar
para o segundo passo, que é o Princípio mais importante de todos, a
Impersonalização. Se um membro de sua família sofre de doença, pecado,
falso apetite, desemprego, falta, má disposição, ódio, inveja, ciúme ou malícia,
o passo mais importante é impersonalizar o erro. Você deve impersonalizar.
Você deve ser capaz de olhar para esse indivíduo, percebendo que a única
natureza que existe, é piedosa. Este pecado, esta doença, o que quer que seja,
não é de uma pessoa. Ela tem sua origem na mente carnal. Isso do qual ele é
uma vítima, isso que está se manifestando nele, sobre ele, através dele, ou
como ele, na verdade é uma atividade ou substância da mente carnal ou do
diabo.
Isso não contradiz muito do que você tem pensado sobre essa pessoa?
Talvez, por causa de seus históricos metafísicos anteriores, você tenha
sondado a consciência dele, procurando encontrar o erro para que você
pudesse removê-lo. Você pode ter culpado suas crenças religiosas, ou a falta
delas, ou de alguma forma ou de outra forma você pode ter tentado erradicar
o erro dele. Agora você deve entender que é impossível fazer isso porque o
erro não é, e nunca foi, parte do seu ser. Deus constitui seu ser, e Deus
constituiu seu ser de eternidade a eternidade.
Deixe-me lembrá-lo novamente que é por esta razão que você nunca deve
usar o nome de uma pessoa no tratamento, nem nunca deve nomear a doença
ou o problema, porque então você está personalizando-o e prendendo-o ao
próprio indivíduo que você gostaria de ver livre. É de vital importância que
você compreenda que esta característica ou qualidade de caráter, esta
natureza aparentemente má, este falso apetite, ou esta condição de doença é
uma atividade da mente carnal.
Portanto, quando você tiver impersonalizado qualquer que seja o problema,
na medida em que você realmente liberou o indivíduo e pode sentir que isto é
algo que não lhe pertence, mas algo que existe apenas na mente carnal, você
então dá o terceiro e último passo e percebe:
“Existe apenas uma mente, a mente que é o instrumento de Deus.
Portanto, não há mente carnal ou mente mortal. O que foi chamado de
mente carnal não é uma mente: é uma crença em dois poderes. Quando não
há crença em dois poderes, não há mente carnal.”
Em outras palavras, se você pudesse remover totalmente de si mesmo a
crença em dois poderes, no que lhe diz respeito, não sobraria nenhum ser
humano para ser curado ou melhorado. Haveria apenas filhos de Deus, ou
Adão e Eva no Jardim do Éden, antes de comerem do fruto. Tudo o que existe
para a humanidade é a crença em dois poderes. Sem essa crença, não há mais
raça humana: há somente o Ser Imortal.
Amando Seu Próximo Vivendo os Princípios
Depois de ter praticado estes três princípios em sua casa e ter começado a
ver algumas mudanças, você amplia seu horizonte ao praticá-los quando vai ao
mercado, ao seu escritório ou fábrica, ou quando está dirigindo um automóvel
ou andando de ônibus.
No momento em que você sai de sua casa, você se depara com inúmeras
imagens da mente carnal: embriaguez, obscenidade, vício, temperamento
mesquinho, pobreza, deformidade. Você não pode passar para o outro lado da
rua. Você tem que ser aquele que ministra a essas pessoas tão aflitas - para
fazer isso você não precisa deixar o que quer que esteja fazendo. Tudo o que
você tem que fazer é reconhecer:
Deus constitui todo ser; portanto, a natureza do homem é piedosa. Até
mesmo o corpo é o Templo do Deus vivo. Corpo, Mente, Alma e Espírito -
estes são o Templo do Deus vivo, e isto que estou vendo ou ouvindo é a
mente carnal, o "braço de carne",2 o nada. É uma crença em dois poderes.
(2. II Crônicas 32: 8.)

Obrigado, Pai, que eu sei o suficiente para saber que existe apenas Um
Poder, Uma Mente, Uma Vida, Uma Lei; e que o Poder, a Mente, a Vida e a
Lei são Espirituais.

Nesta meditação ou tratamento, você não tratou nenhuma pessoa; você não
usou o nome de ninguém ou identificou sua culpa; você não dirigiu um
tratamento a ele. Tudo isso foi uma verdade percebida dentro de você sobre a
aparência. Não importa quem é a aparência ou o que é a aparência: não é nada
além de uma aparência, e você está reconhecendo-a como a mente carnal, o
"braço de carne", ou o nada - e você pode descansar nessa palavra.

Sigilo
Não demorará muito para que você descubra que está tendo experiências
diferentes das que já teve antes, e que uma mudança está ocorrendo dentro
de você. Mas aqui devo alertá-lo sobre algo tanto em sua casa como fora dela.
Certifique-se de que tudo isso esteja acontecendo em segredo. Nunca expresse
isto para qualquer pessoa. Nunca se deve dizer a ninguém; ninguém deve
saber que você está conhecendo a Verdade.
O dia chega, entretanto, quando alguém em sua família diz: "Você mudou",
ou "Você sabe de algo", e então, se você achar que ele está realmente falando
sério em querer saber o que provocou a mudança em você, você pode
começar a transmitir o que aprendeu. Mas você tem que ter muita, muita
certeza de que ele realmente quer saber, de que ele não vai deixar você se
desabafar e depois ridicularizá-lo, e assim provavelmente o privará de sua
"pérola". Esteja muito seguro de que você trata esta verdade como a "pérola
de grande preço".3 Se alguém vier até você por ela, tenha certeza de que está
vindo até você com humildade e seriedade, que está vindo até você realmente
e verdadeiramente buscando, e não apenas por curiosidade.
(3. Mateus 13: 46.)

Até que uma pessoa esteja bem fundamentada nestes Princípios, não é
preciso muito para que ela perca a pouca consciência que ganhou e o benefício
dela. Quando as pessoas zombam, desprezam ou ridicularizam seus estudos ou
crenças, isso começa a minar sua fé, e, a menos que ela tenha observado sua
atividade e testemunhado seus frutos repetidamente, ela pode ser levada a
vacilar. Muitas pessoas a fizeram. Como a esposa de Ló*, estas às vezes olham
para trás se não conhecem os Princípios completamente, e se não os viram
trabalhar com tanta frequência que nada, nem mesmo a crucificação, poderia
fazê-las mudar suas mentes.
(*Sugiro ler o capítulo da Bíblia: Gênesis 19.)

O Mal É Impessoal
Lembre-se sempre que, qualquer que seja a crença que você ou eu possamos
estar sofrendo, não é a sua crença ou a minha: é uma crença universal que nós
temporariamente captamos, aceitamos, ou à qual nós temos cedido. Nunca
culpe ninguém e nunca tente fazer ninguém melhor do que ele é. Você não
terá sucesso, e só se dará dor de cabeça. É inútil dizer a uma pessoa para ser
mais amorosa, mais generosa, ou mais misericordiosa porque ela não pode ser
nada mais do que é, até que ocorra uma mudança de consciência através da
percepção de que quaisquer qualidades indesejáveis que ela pareça possuir
nunca foram dela. Elas são da mente carnal: não são, e nunca foram, poder; e
operam somente por causa da crença universal em dois poderes.
Se você ver um homem roubando, não o chame de ladrão. Perceba
instantaneamente: "Esta é uma crença em dois poderes operando, mas não
pode operar porque não existe dois poderes". Se você fizer isso, você não
apenas curará a si mesmo, mas estará amando seu próximo como a si mesmo -
e isso é importante. Se, por qualquer razão, você for tentado a roubar, e
alguém vê-lo, certamente a única coisa que você mais apreciaria seria que essa
pessoa soubesse que você não é um ladrão, que você estava apenas
respondendo a um impulso impessoal, e que isso não é poder. Se tal verdade
fosse conhecida por você quando atacado pela tentação, provavelmente você
pararia bem no meio do ato.
Quando vivemos nesta consciência elevada, estamos vivendo em uma
atmosfera totalmente diferente, em um mundo onde não estamos conscientes
das más características das pessoas, ou mesmo das errôneas. Estamos muito
mais conscientes das boas qualidades que estão sendo expressas. Esta não é
de modo algum uma atitude Poliana, porque quando estamos na consciência
de Deus como o único Ser, o mal que pode ser apresentado a nós como pessoa
se dissolve, e trazemos a essa pessoa uma experiência mais elevada e rica do
que ela conhecia antes - especialmente se ela está de alguma forma receptiva
ao modo de vida espiritual.
Isto foi comprovado em grande medida no trabalho que desenvolvi nas
prisões. Foi enquanto trabalhava com os detentos em uma prisão que tomei
consciência do Princípio de que não há mal, como tal, nas pessoas, nem
mesmo nas que estão na prisão.
Vários anos atrás, fui convidado a falar com um grupo de prisioneiros que
haviam encontrado alguns panfletos do Caminho Infinito através de um dos
professores que trabalhavam na prisão. Evidentemente, estes panfletos
haviam circulado bastante porque encontrei um grupo de homens de bom
tamanho esperando para me ouvir. Antes de entrar na sala onde os homens
estavam reunidos, o homem encarregado de tais atividades me chamou de
lado e disse: "Você está em apuros e eu vou tirar você disso. Há sessenta e seis
homens lá dentro esperando por você, mas eu li O Caminho Infinito, então
posso lhe dizer que eles não querem nada que você tenha. Tenho uma ideia
que você será capaz de segurá-los por cerca de dez minutos, então quando
você se encontrar escorregando, basta olhar para mim e me piscar o olho, e eu
chamarei um recesso para fumar, e então farei com que outra pessoa assuma".
"Tudo bem", respondi. "Estarei alerta".
Uma hora se passou, e não havia um som naquela sala. A essa altura, o
homem encarregado estava começando a se perguntar do que se tratava e
chamou um recesso para fumar, mas os homens disseram: "Não vamos fumar
e você poderia continuar com sua palestra?". Duas horas se passaram, e então
ele anunciou que o tempo tinha acabado. Ele me disse depois que estava
surpreso de que estes prisioneiros tivessem demonstrado um interesse tão
profundo e pudessem estar tão atentos a uma palestra desta natureza.
Na verdade, o segredo foi o que eu tinha aprendido em minha primeira
experiência no trabalho na prisão, e isso foi que não existem homens
pecadores. Não existe tal coisa como o mal na mente do homem. O mal é
absolutamente impessoal. O homem, ele mesmo, é uma encarnação de Deus.
Deus é a própria fibra e tecido do ser humano, e tudo o mais está sobreposto a
essa expressão perfeita. Não é mais uma parte da identidade espiritual do
homem do que a sujeira é uma parte da água em um balde. Mesmo depois que
a sujeira entra na água, ela sempre pode ser removida, pois nunca se torna
água.
O mal nunca se torna homem, nem se torna uma parte do homem. O que
quer que pareça existir pode ser removido por qualquer pessoa que perceba a
natureza impessoal da aparência. Esse tem sido o segredo do Caminho Infinito
no trabalho com toda forma de pecado, falso apetite, doença, e todas as
outras desarmonias que ocorrem na experiência humana.
Não há um de nós que tenha uma falha - e todos nós as temos - quem não
ficaria grato se os membros de nossa família que conhecem nossas falhas, ao
invés de nos culpar ou tentar nos reformar, soubessem silenciosa, secreta e
sagradamente esta verdade: "Esta é uma crença impessoal em dois poderes,
apenas uma reivindicação impessoal de um poder à parte de Deus. Não há
mente a não ser aquela mente que é o instrumento de Deus; portanto, a
mente carnal não é inimizade contra Deus. Ela é um nada. A mente carnal é
uma crença em dois poderes, uma crença universal. Não é a minha crença.
Ela não tem pessoa em quem, sobre quem, ou através de quem operar".
Pratique, pratique, pratique, até você poder olhar o santo ou o pecador e
saber que o santo nunca poderia ser um santo, assim como o pecador não
poderia ser um pecador. Não cometa o erro de dizer que não existe o mal, mas
que tudo é bom. O bem e o mal são apenas duas pontas da mesma vara. "Por
que me chamas de bom?"4 Não chame ninguém de bom. Não esqueça que não
existem santos. Só Deus é Bom.
(4. Lucas 18: 18.)
Quando uma pessoa está demonstrando qualquer medida de bondade,
esteja certo de que é somente Deus expressando através dela. A parte pela
qual uma pessoa merece crédito é que ela está disposta a ser uma
transparência e, portanto, desempenha seu papel neste trabalho. Nenhum
indivíduo pode ser bom: Só Deus é Bom, mas essa bondade deve encontrar
expressão como ser individual. Uma vez que você perceba isso, você achará
muito fácil nunca julgar, criticar ou condenar um indivíduo porque você saberá
que qualquer mal que esteja presente não é nada mais nem menos do que
uma crença universal no bem e no mal. Se esse indivíduo não souber o
suficiente para aniquilar essa crença, você pode ajudar a fazê-lo por ele, mais
especialmente se ele estiver buscando ajuda.

O Significado de Ananias e Safira


Qualquer pessoa que vive, se move e tem seu ser na realização da Presença
de Deus como Onipotência está vivendo em Um Poder, e não há nenhum
poder secundário que possa tocá-la. Quer esse poder esteja na forma de uma
projeção mental, um germe, uma condição hereditária, uma infecção ou
contágio, a idade, ou o que for, tenha certeza de que nenhum indivíduo que
está vivendo em uma vida de Unidade - Um Poder, Uma Lei, Um Ser, Uma
Causa - pode ser vítima de negligência.
Muitas pessoas interpretam mal o significado do termo "negligência ". Elas
acreditam que se alguém odeia, não gosta ou desconfia delas ou se uma
pessoa está dirigindo pensamentos maldosos para elas, seu ódio, desgosto,
desconfiança ou pensamentos maldosos age como uma forma de negligência,
e pode ter um efeito prejudicial sobre elas. Sem dúvida, isto opera onde quer
que haja uma crença em dois poderes, mas esteja certo de que o único poder
que tem é o poder que elas lhe dão. Para a pessoa que sabe que não há
ninguém para maltratar ou ser maltratado, e que assim o impersonaliza,
qualquer mal que venha batendo à sua porta não lhe tocará: só fará ricochete
para aquele que o enviou.
Esse é realmente o significado da história de Ananias e Safira. Após a
Crucificação, os discípulos foram tão perseguidos que foram forçados a ir para
a clandestinidade. Eles não conseguiam ganhar a vida, então se uniram e
concordaram em colocar em um único fundo tudo o que possuíam, ajudando
assim a apoiar uns aos outros a partir deste fundo comum até que o período
de perseguição passasse. Todos eles fizeram isso e entregaram o fundo aos
cuidados de Pedro para guardá-lo em segurança. Safira e seu marido, no
entanto, decidiram guardar um pouco do que tinham, uma decepção que
Pedro rapidamente percebeu. Quando ele os repreendeu, "Tu não mentiste
aos homens, mas a Deus",5 o que ele realmente estava dizendo era que não há
homem, mas apenas Deus-Identidade, e que seu ato de engano era para Deus,
cujas consequências foram tão grandes que tanto Safira como seu marido
caíram mortos.
(5. Atos 5: 4.)

No exato momento em que conscientemente enganaram a Deus, o mal


voltou para cima deles e os destruiu. Deus não causou isto; Deus não fez isto: o
mal que eles cometeram contra aquele pequeno grupo de discípulos bateu
contra a Deus-Identidade que é invisível e incorpórea. Não havia nada ali e
ninguém para recebê-lo, então ele teve que retornar como um bumerangue
para os remetentes. Assim é que o mal que é dirigido contra o homem está
realmente sendo dirigido contra Deus. Mas quando não há nada no homem a
não ser o Cristo-Espírito, não há nada para o mal atacar, e ele volta como um
boomerang e destrói o remetente.
Ao pensar no episódio de Safira e seu marido, é importante lembrar que não
foi realmente Safira e seu marido que resistiram às suas economias de Deus.
Foi a mente carnal. O mesmo se aplica a nós: não somos nós que somos maus.
É a mente carnal que opera através de nós, e na medida em que esta mente
carnal não é uma pessoa e não tem pessoa em quem, através de quem, ou
sobre quem operar, ela se torna um nada. Quando a impersonalizamos e
começamos a entender que nenhuma pessoa nos fez qualquer mal porque não
há "nós" separados de Deus - não temos identidade, além da Identidade com
"I" maiúsculo - e, portanto, ninguém nos fez mal ou nos prejudicou, ninguém
dirigiu qualquer mal a nós, mas a Deus, descobriremos que temos
impersonalizado nosso próprio eu e todos os outros, que qualquer erro
humano que seja dirigido a nós não nos atingirá.
Então, se lembrarmos, também, que aqueles que visam o mal em nossa
direção não estão realmente visando o mal, mas que eles são meramente
instrumentos através dos quais a mente carnal está operando, é mais do que
provável que os libertemos de seus pecados e lhes traga o perdão. Em outras
palavras, se impersonalizarmos o mal e reconhecermos que ele não nos foi
feito, ele pode retornar e atingir o remetente. Nesse caso, a culpa seria
provavelmente dele, no sentido de se permitir ser usado.
Queremos ir mais alto, entretanto, do que ser vingados ou se vingar de
alguém: queremos ver aqueles que nos fazem mal perdoados e libertados de
qualquer mal que os esteja segurando em suas garras.
Se houver alguma ingratidão dirigida a nós, ou qualquer falta de misericórdia
ou justiça, percebemos primeiro nossa Identidade com "I" maiúsculo e depois
percebemos que, por causa dela, isto não é dirigido a nós: é dirigido a Deus.
Além disso, percebendo que nunca é uma pessoa que está visando o mal em
nossa direção, mas que ela é apenas uma vítima inocente da mente carnal,
uma vítima da ignorância, podemos repetir verdadeiramente: "Pai, perdoa-
lhe, pois ele não sabe o que faz", e então podemos perceber que esta mente
carnal é um nada. Assim, nós a anulamos e, então, descobriremos quão
rapidamente entramos em nossa liberdade. Há uma liberdade alegre quando
vivemos em um mundo onde ninguém tem nada contra nós, e se parece haver
alguém, agora reconhecemos que não é uma pessoa, mas uma fonte impessoal
que realmente não é poder.
Este ato de impersonalização é um ato consciente. Por fim, ele nos
esclarecerá por que poderíamos ficar sentados de agora até o dia do juízo final
orando a Deus por algo, e isso deve não vir. Poderíamos rezar por justiça,
cooperação ou gratidão de agora até o fim dos tempos e não os obter. Em
outras palavras, o bem só pode entrar em nossa experiência através de um ato
de nossa própria consciência. Não há Deus fora de nosso ser para ver se
recebemos misericórdia, justiça ou bondade.

A Universalidade da Identidade Divina


Em nossas meditações, vamos impersonalizar os males deste mundo e
começar a saber que não somos a fonte do mal para ninguém, porque Deus
constitui a identidade de nosso ser. Além disso, nenhuma pessoa é a avenida
ou canal do mal para nós, pois Deus constitui sua identidade, e qualquer mal
aparente em nosso mundo é um produto da mente carnal universal que, em si
mesma, não é nada até que aceitemos uma pessoa como uma saída para sua
atividade. A responsabilidade é nossa. O Mestre disse: "Conhecereis a verdade,
e a verdade vos libertará",6 mas ele não disse que a verdade nos libertaria sem
o nosso conhecimento da verdade.
(6. João 8; 32.)

Como nós semeamos, assim colheremos. Toda harmonia e sucesso na vida


depende do indivíduo, e semear para o Espírito significa impersonalizar na
medida em que percebemos Deus como a verdadeira identidade, não apenas
de cada ser humano, mas de cada animal e cada planta.
Deus é a Vida de todos nós, e essa Vida não começa nem termina com um ser
humano. A Vida de Deus é Infinita; a Vida de Deus é a vida de você e de mim,
de animais, vegetais e minerais. Até mesmo as rochas e as pedras são coisas
vivas; elas não são inanimadas como parecem ser, mas vivem e respiram, e
Deus é a vida e o fôlego de seu ser.
Isto, também, é impersonalização. É fazer de Deus o Eu Divino, o Eu de você
e o Eu de mim e o Eu de todos os seres vivos do universo. Para a maioria de
nós, será necessário meditar sobre isto dia após dia até que sua verdade
comece a se desdobrar de dentro de nós mesmos, até que ganhemos a
convicção disso e algo brote de dentro de nós e diga: "Isto realmente é
verdade. Esta é a verdade do ser. Deus constitui minha identidade e,
portanto, minha identidade não está sujeita ao ódio, inveja, ciúme ou
pensamento errado. Minha individualidade está intacta em Deus. Minha
identidade é Divina, um Ser Imortal".
Ao meditar sobre isso, não demorará muito até que você comece a ver os
frutos aparecerem. Lembrem-se, a promessa é que você dará frutos
abundantes por causa de sua identificação com Deus, seu Pai dentro de você.
Uma vez que isto tenha sido estabelecido em você, você agora tem que
começar a olhar secretamente, silenciosamente e muito sagradamente para os
membros de sua casa e para seus amigos e começar a mudar seus conceitos
sobre eles, para que você perceba que tudo isso que você tem declarado de si
mesmo é igualmente verdadeiro a respeito deles. Eles, também, são um com
este Ser Divino. O fato de que, no momento, eles não sabem disso não é da
sua conta. Você não está lidando com a demonstração deles, mas com a sua
própria, e você não terá nenhum tipo de demonstração a menos que comece a
perceber que esta verdade que você tem declarado e percebido sobre si
mesmo deve ser uma verdade universal.

Toda Negligência é Auto-Negligência


Independentemente da falta de demonstração de qualquer pessoa,
independentemente de sua falta de vontade até mesmo de querer aprender
sobre sua verdadeira identidade, você está secretamente e silenciosamente
conhecendo a verdade. Você está conhecendo a verdadeira identidade de seus
empregadores, empregados, seus fregueses ou clientes, e dos funcionários do
governo. Não faz diferença o que essas pessoas parecem ser ou parecem estar
fazendo. Agora você está percebendo a unidade delas com sua Fonte. Isto não
é com o propósito de dar-lhes um tratamento, mas apenas para evitar que
você seja um mal praticante, porque a menos que você esteja vendo as
pessoas como elas realmente são, você as está negligenciando, e sua
negligência acaba voltando para casa para se empoleirar. Sua negligência com
outras pessoas nunca as prejudica, e a negligência delas com você nunca lhe
prejudica.
Qualquer negligência age como um bumerangue: sai de nós e acaba não
atingindo nada porque é dirigida apenas ao nosso conceito de pessoa - não à
pessoa - e, portanto, ela se vira, retorna e corta nossas cabeças. Ela nunca
atinge aqueles a quem é dirigida. Sempre se vira e reage sobre o remetente.
Nem toda negligência é maliciosa; nem toda negligência se destina a
prejudicar alguém; mas a menos que você esteja vendo todos, mesmo seus
inimigos - e este é o significado de rezar por seus inimigos - como um com
Deus, a menos que você esteja vendo que o Eu com "E" maiúsculo como a
verdadeira identidade de todos, você está negligenciando. A menos que você
possa fazer isso, você está estabelecendo uma hierarquia especial composta
por seus amigos e você, todos perfeitos aos seus olhos, e todo o resto das
pessoas no mundo não o são. Isto não é verdade.
A verdade é que somos todos um em Cristo Jesus; somos todos descendentes
de Deus. Nenhum de nós tem um pai humano. Existe apenas um Pai neste
universo, e este é Deus. Todos nós somos descendentes desse Único Princípio
Criador, e estamos negligenciando quando não vivemos essa verdade.
Reconhecer a verdade da Unidade é impersonalizar nosso senso de eu, como
aplicado a você e a mim mesmo e como aplicado a todas as pessoas deste
mundo, incluindo nossos inimigos.
O que acontece quando você medita o suficiente sobre esta verdade para
que não reconheça nenhuma identidade à parte de Deus? Você poderia sofrer
perda ou destruição por parte de outro? Você poderia alguma vez ser vítima
de injustiça, desigualdade ou qualquer mal se não houvesse outra identidade
além de Deus?
Este Princípio da Unidade pode ser aplicado nos casos em que os indivíduos
estão buscando justiça. A menos que a pessoa envolvida no litígio esteja vendo
Deus como sua Identidade e como a Identidade do juiz, júri e advogados, como
ela pode esperar justiça? Pode a justiça, equidade ou misericórdia vir do
"homem, cuja respiração está em suas narinas"? 7 Qualquer pessoa que olhe
por esse âmbito provavelmente ficará muito desapontada. Em todas as nossas
relações na vida, a menos que estejamos olhando para o Eu Divino de todos os
seres para nosso bem, estamos olhando errado e podemos não o encontrar.
(7. Isaías 2: 22.)

A meditação sobre este assunto acabará por trazer a uma pessoa a


consciência de que Deus constitui a Identidade de cada indivíduo. Portanto,
quer ela esteja buscando justiça no tribunal, de seu empregador ou de um
sindicato de trabalhadores, ela deve estar certa de que está esperando essa
justiça da Identidade Divina do ser individual e de que está reconhecendo Deus
como sendo essa Identidade. Quando ela fizer isso, terá impersonalizado o
bem que espera e o mal que teme.
Sempre que temos uma reclamação contra alguém, somos confrontados com
a crença de injustiça dessa pessoa ou de falta de misericórdia ou cooperação; e
ao aceitar isso, estamos colocando o mal sobre ela. Nossa solução para este
problema consiste em nossa capacidade de impersonalizar, e isso significa que
independentemente de quem possamos achar que é ingrato, injusto, imoral ou
negligente conosco, isto deve ser revertido instantaneamente na compreensão
de que identificar o erro como uma pessoa é ser culpado de negligência,
porque isso é ver o filho de Deus como um pecador, como ingrato, ilegal,
impiedoso, em vez de perceber Deus como a Identidade do ser individual, e,
desta forma, impersonalizar qualquer aparência errônea.
Por fim, incluímos o mundo inteiro em nossa compreensão de Deus como ser
individual. Não atribuímos erros a nenhum indivíduo - nem mesmo a nós
mesmos. Não afirmamos que nosso ciúme, inveja, ganância ou luxúria são
responsáveis por nossos males porque não temos tais qualidades. Se
temporariamente essas qualidades podem estar se expressando através de
nós, elas devem ser reconhecidas como tendo sua fonte na mente carnal
impessoal, e enquanto estiverem lá fora, elas serão nada. Este Princípio da
Impersonalização é um dos mais importantes em nosso trabalho, e devemos
fazer todo esforço para incorporá-lo em nossa consciência, pois não o
encontraremos expresso em nossa experiência até que o tornemos nosso.
Observe o que este segredo da impersonalização faz por você; observe o que
ele faz na experiência dos que o rodeiam; e você compreenderá por que o
Mestre pôde dizer: "Ame teu próximo como a ti mesmo". 8
(8. Mateus 22: 39.)

Através da Mesa
Por favor, use o seguinte como uma meditação tão frequentemente que você
nunca mais a esquecerá:
Independentemente do que eu pense ou acredite, isto não muda Aquilo
que É. Independentemente do que eu possa ter fé, esta fé não carrega
nenhum poder, pois o Poder é Aquilo que É, quer eu tenha fé ou não Nele.
Não há realmente poder em minhas crenças ou em minha fé, uma vez que o
Poder existe, quer eu acredite e tenha fé ou não.
Saber que existe céu, terra e mar não requer crença ou fé. Saber que as
maçãs vêm de macieira ou pêssego de pessegueiro não requer crença nem fé.
Saber que os peixes estão no mar, os pássaros no ar e que a chuva é úmida não
requer crença nem fé.
Suponha que não acreditemos nessas coisas ou que tenhamos fé nelas, isso
muda alguma coisa? Nossa falta de crença ou falta de fé impede a operação
das leis da natureza? Portanto, nossa falta de crença ou falta de fé não impede
a operação das Leis de Deus. Saber que Deus É, é uma conquista espiritual.
Não saber não muda o que Deus É.
Visto que Deus não funciona na cena humana, nenhuma crença ou fé em
Deus o fará funcionar ali. Por esta razão, milhões estão orando a Deus,
acreditando em Deus e tendo fé em Deus, e não recebendo nenhuma resposta
a suas orações. Deus não está na cena humana. Para trazer Deus para nossa
vida e atividade, é necessário experienciar Deus, e o conhecimento da
Verdade, tornando-se realmente consciente da Verdade e meditação - é o que
nos ajuda a alcançar a experiência de Deus.
Vamos supor que estamos diante de problemas humanos que parecem
intransponíveis. Há uma saída! Relaxe. Descanse. Deixe Meu Espírito estar
sobre você. Deixe que Minha Paz seja estabelecida dentro de você. Deixe
Minha Graça tomar conta da situação. Há uma Presença Invisível dentro de
você que irá à sua frente quando você retirar o pensamento e a emoção e
deixar o Invisível Interior viver e trabalhar através de você.
Quando não houver problemas, reserve um tempo para meditações diárias,
para que as armas do mundo não prosperem. Vista-se com o Meu manto
Invisível. Deixe Minha Luz fluir através de você para a consciência humana em
todos os lugares: amigos e inimigos, próximos e distantes. Viva
conscientemente em Minha Presença através de Minha Graça, e você sempre
experimentará Minha Paz.

A ALQUIMIA DA CONSCIÊNCIA
Lorraine Sinkler

Capítulo 8 – Ninguém Tem Maior Amor


Ninguém tem maior amor do que este, de algum homem entregar a sua
vida pelos seus amigos.
João 15:13

Durante a Segunda Guerra Mundial, a esposa de um funcionário de uma


província da indonésia foi capturada pelos japoneses quando eles invadiram
aquele país. Enquanto encarcerada em um campo de trabalho, ela ficou tão
exausta e doente com a falta de comida adequada e o trabalho físico árduo
que lhe era exigido que uma manhã ela não pôde comparecer à fila para
responder à chamada. Quando a contagem dos prisioneiros indicou que ela
estava desaparecida, o comandante mandou trazê-la diante dele e a colocou
na frente do grupo. Ele então tirou o cinto e o levantou para golpeá-la com a
fivela do cinto em uma posição tal que a atingiria no rosto e, com toda a
probabilidade, a mataria.
Quando ele levantou o braço lentamente, ela disse que conhecia tanto ódio
que nunca havia pensado que alguém pudesse conhecer. Mas de repente e
inexplicavelmente no meio daquele sentimento de ódio, um tremendo
sentimento de amor tomou conta dela, e ela foi capaz de olhar através do que
lhe parecia ser o mal mais hediondo possível ao perceber, em seu coração mais
íntimo, que realmente ali: estava a própria Presença de Deus, o Cristo.
Envolvida na Consciência dessa Presença, ela se elevou acima do horror que a
enfrentava.
O comandante ficou paralisado com o cinto em sua mão erguida. Por fim, ele
baixou a mão, mandou-a de volta aos seus aposentos e perguntou a um
ajudante quem ela era. Depois disso, os guardas a observaram com mais
cuidado e lhe deram um pouco mais de alimento que a ajudou a sobreviver à
provação da experiência do campo de prisioneiros. Naquela crise, diante do
que parecia ser a mais cruel das pessoas e a morte iminente, ela foi capaz de
elevar-se a tais alturas de Consciência que para ela havia apenas o Cristo
presente.
Você e eu provavelmente nunca teremos que enfrentar uma situação tão
difícil como essa. Dia após dia, porém, encontramos oportunidades para tomar
consciência de que aquelas pessoas que encontramos são Deus aparecendo
como seres individuais. Qualquer pessoa que nos pareça como um Pilatos,
possuindo todo o poder, é realmente a Presença de Deus, e o único poder que
ele pode ter é o Poder Divino que é Um Poder do Bem e Um Poder do Amor.

O Senso Pessoal é Dissolvido no Reconhecimento do Único Eu


Enquanto houver seres humanos com quem lidar, haverá alguém com quem
lutar. O que aparece como uma pessoa problemática, no entanto, na verdade
é um senso de uma individualidade à parte de Deus. Mas pode haver uma
individualidade à parte de Deus? Pode haver qualquer outra pessoa além da
Única Pessoa Divina? Há espaço na Onipresença para qualquer outra coisa que
não seja a Única? Um significa Um, e esse Um é Todo-Inclusivo, existe apenas
um Eu. Esse Único Eu aparece infinitamente. Por causa de uma falsa sensação
de separação, entretanto, surgiu um sentido pessoal desse Único Eu, e é esse
sentido pessoal que identificamos como uma pessoa, bom, mal ou indiferente.
Mas não é uma pessoa: é apenas um falso senso do Único Eu, a Única Pessoa,
do Eu que nós somos.
O que estou vendo como uma pessoa doente, moribunda, enganosa ou
desonesta é o senso pessoal, um falso senso de uma pessoa. Não é o seu falso
sentido e não é o meu falso sentido. É um sentido pessoal universal que todos
aceitaram através de gerações de condicionamento humano.
Enquanto personalizarmos, isto é, encararmos uma pessoa como boa ou má,
haverá alguém a temer, alguém a amar, ou alguém a odiar. Sempre haverá
medo: o medo de que aqueles que nos amam sejam removidos e que aqueles
que nos odeiam não sejam removidos.
Todos nós tivemos a experiência de pensar que alguma pessoa nos fez algo
de natureza prejudicial, apenas para descobrir mais tarde que não era nada
além de nossa imaginação, uma imagem que estávamos entretendo na mente
humana, que está sempre oscilando entre o bem e o mal. Colocamos rótulos
fixos nas pessoas: esta pessoa é tão boa, tão maravilhosa - e é, por um tempo!
Mas às vezes o amigo em quem depositamos tal fé e esperança se torna bem
diferente, quase uma inversão completa da imagem que tínhamos em nossa
mente, um conceito - bom, mal ou indiferente - que nunca é a verdade sobre
uma pessoa. Quem pode parecer um modelo de virtude para uns pode ser a
pessoa mais difícil e desagradável do mundo para outros. Mas a mesma pessoa
dificilmente poderia ser as duas. Ambos são conceitos mentais da pessoa.
Que diferença quando nos voltamos para o Centro dentro de nós e elevamos
a consciência! Então, não estamos mais olhando para imagens de pessoas. Em
vez disso, o Espírito interior nos mostra a verdadeira natureza da pessoa, e na
meditação nos diz que este é o nosso Eu, pois não há outro senão o Eu dentro
de nós. Ao nos libertarmos do sentido pessoal ou falso da vida, despertamos
para a liberdade sem limites que vem quando cada pessoa que encontramos é
reconhecida como Deus individualizado. Ao invés de julgar, condenar e criticar,
aceitamos nada menos que a Perfeição.
Isto não significa que as más ações devem ser negligenciadas ou que a pessoa
que está se permitindo ser usada como instrumento para a mente carnal deve
ser chamada de filho perfeito de Deus. Muitas vezes devem ser tomadas
medidas fortes ao lidar com tais pessoas. Mas interiormente nunca se deve
esquecer que atos malignos são a mente carnal, uma tentação, e sempre
impessoal, a ser reconhecida como um nada- senso pessoal, que não tem
nenhuma pessoa em quem, sobre quem, ou através de quem operar.
Quando nos elevamos a esse nível de consciência onde somos capazes de
reconhecer a Divindade de cada indivíduo, o sentido pessoal é dissolvido. Mas
o sentido pessoal não pode ser dissolvido na pessoa que nos perturba. Ele
pode ser dissolvido em apenas um lugar: dentro de nós mesmos. Não existe
um sentido pessoal no espaço. O hipnotismo do sentido pessoal está em nossa
percepção errada da identidade já espiritual e perfeita de cada pessoa, uma
identidade que nunca se perde. Existe apenas Uma Pessoa. Existe apenas Uma
Identidade, mas essa Identidade é individualizada infinitamente e essa
Identidade individual permanece sempre. Ao levantarmos o Eu e vermos
através das brumas que nos escondem o filho de Deus em cada pessoa,
tornamo-nos verdadeiramente amorosos.
Muitos anos atrás, quando tive a oportunidade de andar de metrô
regularmente, vi a dor e o sofrimento da humanidade e, às vezes, a sujeira da
humanidade. Era difícil olhar para tanta sordidez, tristeza e sofrimento, e não
reagir. Interiormente eu me encontrava chorando. Mas um dia, ao olhar para o
espetáculo mais triste que eu já havia visto, como um flash me veio: Ora, atrás
daquela máscara, Eu me sento, Eu, o Único Eu. Como posso ter pena daquele
Eu abençoado e amado do Pai?
Nunca mais senti aquela tristeza, porque, por trás da imagem que estava
sendo apresentada, eu podia ver em cada pessoa o Espírito de Deus. Depois
disso, como reconheci o Eu nas pessoas, a tensão muitas vezes parecia aliviar e
um pouco de leveza se infiltrava. Claro, não havia como saber se havia alguma
resposta, mas pelo menos mantive minha integridade espiritual ao ver através
da imagem a Realidade que estava ali. Através da prática, estava aprendendo a
lição que meu professor havia me ensinado: "Lorraine, por dentro você deve
ser fria como aço à aparência, mas externamente calorosa e amorosa, sempre
expressando a compaixão que você sente".
Todo estudante no caminho espiritual deve aceitar a responsabilidade de
tirar a máscara que está em seus próprios olhos - não nos olhos de outra
pessoa. Ele não tem que mudar ninguém: o que ele tem que fazer é ver através
da máscara que a crença universal colocou sobre seus olhos. Com a visão
Espiritual, vemos Deus aparecer onde até então havia um ser humano
miserável ou impossível.
Todos nós notamos aqueles pequenos refletores que são colocados a alguns
metros de distância na rodovia para guiar o motorista à noite. Nenhuma luz
brilha deles, mas quando um automóvel atira seus faróis sobre eles, eles se
acendem. Assim, quando somos capazes de ver através do mal que aparece
como pessoa, impersonalizá-lo e levantar o Eu nela, somos os faróis que
lançam uma luz sobre os discos não iluminados da consciência humana, uma
luz que é refletida de volta para nós.

O Amor É Ver Através das Máscaras da Crença Universal


O mundo está faminto por amor, e ainda assim o mundo não entende o
significado do amor verdadeiro. Ele nunca entendeu o amor. Isto não é
verdade para a maioria de nós? Olhamos o que é mau e desagradável em uma
pessoa, fingindo amar isso, e acabamos sendo completamente hipócritas. Isso
não pode ser feito. Ninguém pode amar o mal; ninguém pode amar a maldade.
A maneira de amar ou perdoar é remover o senso pessoal do Eu e ver Deus
por trás da aparência. É quase impossível perdoar muitas das coisas que
vemos, mas podemos perdoar na medida em que impersonalizamos e
compreendemos que o que estamos vendo nunca é uma pessoa.
Se acreditamos que alguém vai tirar algo de nós ou nos fazer mal, estamos
vivendo sob o hipnotismo universal do senso pessoal. A verdade é que não há
pessoa para nos fazer mal, seja ela malvada, perversa, cruel, enganosa ou
luxuriosa. Deus é a Única pessoa que existe, e quando vemos Deus como ser
individual, tal amor fluirá de nós que elevará a todos dentro da esfera de nossa
consciência.
Quando compreendemos nossa própria Identidade, nunca vamos olhar para
alguém por alguma coisa, nem mesmo por amor, porque enquanto olharmos
para os outros por qualquer coisa, não pode haver amor puro. O verdadeiro
amor só é possível quando estamos ancorados em nossa própria
Autocompletude. Ninguém tem nada de que precisamos, mas todos podem ser
um instrumento para o Amor de Deus. Nossa atenção não está mais centrada
no que podemos obter de qualquer pessoa ou no que qualquer um pode nos
dar, mas no quanto podemos deixar o amor interior fluir de nós.
O lugar mais difícil para começar é com nossa família, com aqueles que estão
mais próximos de nós. Mas, para começar, como seria muito mais fácil se cada
um de nós pudesse experimentar o despertar de um homem que disse: "Esta
manhã, quando desci as escadas depois de uma noite bastante indiferente,
ainda meio adormecido, passei por um membro de minha família com uma
saudação monossilábica. De repente percebi: "Esta pessoa é Deus, e está
disfarçado, e me dei conta do que estava perdendo". O quanto todos nós
perdemos em nossas casas, famílias e associações se não conseguimos ver
cada pessoa como Deus aparecendo, como o filho de Deus disfarçado, usando
a máscara da crença universal!
O que precisamos fazer é ver através de todas as máscaras que a crença
universal colocou sobre os seres humanos para a Divindade interior. Eles
podem não estar cientes de sua Divindade, mas nós estamos. Isto ajudará a
libertá-los. Acima de tudo, nós nos libertaremos porque o que mantemos na
escravidão da condenação e do julgamento nos prende também a nós.
Alguém em nossa casa tem que ser um instrumento para o amor, e não
temos o direito de esperar que outra pessoa cumpra essa função. Temos que
ser o instrumento através do qual o amor flui e irradia para todos em nossa
casa. Todos eles anseiam por isso. Dê isso a eles. E a luz que está dentro deles,
o amor que está dentro deles, começará a ser liberado. É tudo uma atividade
da consciência individual, vendo através dos conceitos e assim expressando
esse amor que é maior do que qualquer ser humano pode ter.
Aqueles que foram tocados pelo Espírito têm o amor que está disposto a
deixar seus conceitos do outro para ver Deus aparecendo como ele, às vezes
muito disfarçado, mas ainda assim Deus manifestado. Se você pudesse ter
Deus morando em sua casa, como você O trataria? Se Deus pudesse aparecer
de repente como uma pessoa, quão gracioso você seria! Você faria tudo o que
pudesse por Deus. Você esperaria nas mãos e pés Dele e daria a Ele o melhor
que você tem.
Tratar os membros de nossa casa com o respeito e amor que daríamos a
Deus transformaria a atmosfera de nossa casa. Não importa se recebemos
respeito ou amor: nós o damos. Não importa se recebemos compreensão ou
bondade: nós a damos e deixamos a Consciência Divina trazer à tona a
frutificação.
Ao olharmos para cada membro de nossa família, a exigência que nos é feita
é ver apenas Deus aparecendo como o filho amado em quem não há culpa.
Aqueles que tentarem isso ficarão surpresos com o que acontecerá, à medida
que se agarrarem firmemente a este Princípio diante de cada sugestão
apresentada a eles. Se houver algum grau de receptividade na pessoa, ela será
libertada. Mas estamos fazendo algo ainda mais importante para nós: estamos
nos libertando.
Esta é a casa de Deus. Nesta família não há marido, não há esposa, não há
filhos, não há irmãos e irmãs, não há tias, não há tios, não há sobrinhos, não
há sobrinhas e não há primos. Ninguém mora nesta casa ou entra nela, a não
ser o filho de Deus. Há somente Deus, Deus expressando como ser individual
de infinitas maneiras, mas sempre Deus.
A Única Consciência é a consciência de cada pessoa nesta casa. Toda a
atividade de comunicação e relacionamento está ocorrendo dentro da Única
Consciência, harmoniosa e completa. Não há mal-entendidos, porque Um não
pode se mal entender Consigo Mesmo. É tudo Um, a Única Consciência
comunicando, a Única Consciência ouvindo, a Única Consciência entendendo.
Tal realização contribuirá muito para eliminar os frequentes mal-entendidos
que podem surgir em qualquer relação familiar próxima. Nem você nem eu
temos nenhuma maneira de saber como o Espírito irá funcionar em um
relacionamento específico, mas quando trazemos o Espírito de Deus para ouvir
sobre a situação, esse Espírito faz todas as coisas certas. A situação pode ter
chegado a um ponto em que não há esperança e aparentemente não há saída.
No entanto, essa ainda é a imagem, a projeção mental. Nossa função é ver
através dessa imagem, reconhecendo a identidade espiritual de todas as
pessoas envolvidas.
Um foco embaçado pode revelar muitas pessoas com muitas mentes, mas
quando o foco é nítido, percebemos que existe apenas Um. Assim, o resultado
é a harmonia e um relacionamento satisfatório porque o relacionamento é o
da Unidade. Aqueles que não podem responder à nossa realização são
removidos. Nós não os removemos: Ele o faz. Deixemos o Espírito fazer o que
precisa ser feito, removido e produzir qualquer separação - ou reconciliação -
que deva ser feita. O Amor não é fraco. O Amor é tão forte que não há nada
que ele não possa fazer.
Amar é fazer aos outros como gostaríamos que outros fizessem a nós. Que
maior presente podemos dar a alguém do que ver através da máscara ao
Espírito de Deus nele e assim levantar o filho de Deus? Isso é amor, e deve ser
a base de todos os relacionamentos. E quando assim for, haverá paz na Terra!
Não começará com milhares de pessoas: começará por nós e por nossas
famílias. Cada pessoa pode começar a amar, não somente aqueles que ela
considera como pessoas queridas, amorosas e dignas, mas aqueles que ela
considera como seus inimigos.

Uma Nova Abordagem para o Perdão


Se há uma pessoa perturbadora em nossa experiência, nosso trabalho é ficar
ocupado. Ocupar-se onde? Com ele? Não, não sobre ele porque não existe tal
"ele". O único "ele" que existe, é o filho de Deus. Temos que mudar o filho de
Deus, corrigir seu temperamento, ou torná-lo mais generoso ou menos
avarento? Temos que fazer alguma coisa com ele? Ou temos que corrigir a
sugestão dentro de nós mesmos, reconhecendo a natureza impessoal de
qualquer característica que esteja aparecendo como pessoa? O que temos que
fazer é trabalhar sobre nós mesmos e continuar esse trabalho até vermos que
não poderia haver nenhuma pessoa como aquela que estamos aceitando em
nossa consciência. Quando percebemos isso, somos livres, não tentando
mudar outra pessoa, nem mesmo tentando fazer as pazes com ela, mas
fazendo as pazes com nosso Eu, e nosso Eu é ele ou ela.
Esta lição é uma das lições mais difíceis de aprender. Quantas vezes já
ouvimos alguém dizer: "Mas você não entende o que essa pessoa me fez"!
Quando eu explico este Princípio a um aluno, esta é a resposta que geralmente
recebo: "Mas você não entende!" Mas eu entendo. Sei como é difícil praticar o
Princípio. Sei o tempo e o esforço que tive que trabalhar com ele. Sei o quanto
um estudante terá que trabalhar duro, mas também sei o quanto esse trabalho
é gratificante.
No início de minha experiência no Caminho Infinito, uma grave injustiça foi
feita a mim. Isso me deixou com muita raiva, cheia de ressentimento e com
sentimentos que certamente eram tudo menos sentimentos de amor e
perdão. Entretanto, eu sabia que o perdão não poderia ser apenas uma palavra
em minha mente. Eu sabia que tinha que vivê-lo, mas ao mesmo tempo sabia
que, com toda honestidade, não podia amar e que era impossível para mim
perdoar.
Lembrei-me de que Joel Goldsmith havia me dito certa vez como ele estava
diante de uma situação em que simplesmente não conseguia encontrar em seu
coração o perdão ou o amor. Mas ele estava disposto a liberá-lo para Deus e
deixar Deus o amar através dele. "Isso é ótimo", pensei, "mas não sou Joel". Eu
não quero que Deus perdoe esta pessoa. Eu não quero que ela seja perdoada".
Esta situação gerou em mim um grave conflito interno. Por fim, depois de
muitos dias de luta comigo mesma, veio a resolução do conflito com estas
palavras: "Suponha que esta pessoa me pedisse ajuda espiritual...". Suponha
que ela estivesse em uma dor intensa, possivelmente morrendo, e dissesse:
"Lorraine, você poderia me dar alguma ajuda? O que eu deveria fazer?" Sim, o
que eu faria?
Claro que havia apenas uma coisa que eu deveria ou poderia fazer: ajudá-la.
Por isso, sempre que eu pensava nessa pessoa, eu a via como um chamado
dela em busca de ajuda espiritual. Cada vez que ela entrava em minha mente
eu respondia como se ela tivesse realmente me chamado para pedir ajuda. Em
vez de pensar no que realmente pensava sobre ela, o que era tudo menos
elogioso, eu me lembrava que Deus constitui um ser individual e que somente
as qualidades e capacidades de Deus podem ser expressas através e como um
indivíduo.
Não uma vez por dia, mas até quarenta vezes por dia e ainda mais, tantas
vezes quanto o pensamento dela me incomodava e me corroía a consciência,
eu me apegava à sua identidade espiritual. Reconhecia sua Cristandade.
Repetidamente, quantas vezes, nunca pude contar, eu percebia que Deus
constitui o ser individual. Isso não foi fácil. Foi mais difícil, mais difícil do que
qualquer um jamais poderia imaginar.
Uma estudante protestou quando eu tentei ensiná-la que o Cristo está em
todos: "Bem, eu não acho que o Cristo tenha um julgamento muito bom". E
certamente senti, às vezes, que poderia concordar com ela. Portanto, era uma
disciplina não me permitir pensar o que realmente pensava sobre a pessoa e a
situação, mas lembrava que Deus constitui o ser individual e que somente as
qualidades de Deus podem se manifestar como qualquer indivíduo. O Princípio
nem sempre vinha nessas palavras, mas essa era a essência do Princípio. O
valor da prática era que ela me afastava de pensar os pensamentos críticos que
queria pensar. E como eu queria pensar neles! Como ansiava por me deleitar
com o luxo da condenação, do ódio e do julgamento! Mas me forcei a
continuar sabendo que Deus constitui o ser individual.
Após semanas de prática contínua, não foram quarenta vezes ao dia que este
homem veio à minha mente, mas com menos frequência, e após alguns meses
minha mente estava cada vez menos cheia de ressentimento, raiva e
condenação. Às vezes, passava um dia inteiro quando ele nunca entrava em
minha mente. Mas houve momentos depois que pensei que o problema tinha
sido completamente resolvido, quando aparecia novamente. Assim, ele
continuou, não por um dia, não por uma semana, não por um mês, mas
inacreditavelmente por dois anos sólidos. Perto do final do segundo ano, só
raramente tive um pensamento perturbador sobre a pessoa, mesmo tendo a
oportunidade de vê-la com frequência. Finalmente, chegou o dia em que não
houve reação, nenhuma.
Desde aquele tempo, há muito tempo atrás, houve muitas pessoas que me
pediram e receberam ajuda espiritual, mas nunca em todos os anos seguintes
eu dei tanta ajuda espiritual a qualquer pessoa como foi dada a essa pessoa.
Nunca fui tão instantânea na época e tão persistente. Por tudo que é bom e
santo, ele deveria ter sido capaz de caminhar no Lago Michigan no auge da
estação do verão. E que efeito toda esta ajuda teve sobre ele? Será que ele
mudou? Eu gostaria de poder dizer que essa mentira mudou, mas ele não
mudou, nem um pouco.
Um erro que alguns de nós que trabalham espiritualmente cometemos é
acreditar que se, através da meditação, formos elevados o suficiente em
consciência, haverá uma mudança em alguém. Quando não há mudança,
podemos nos sentir desapontados e derrotados e pensar que nossas
meditações foram inúteis. Não, no que diz respeito a este homem, nada
aconteceu. Mas algo aconteceu, e o que aconteceu foi ainda melhor para mim
do que se ele tivesse mudado: eu mudei! De toda a experiência surgiu uma
nova liberdade e uma forma de atividade totalmente diferente. Fui tirada de
uma situação e empurrada para o que viria a ser meu trabalho de vida, tudo
porque não conseguia perdoar uma pessoa, mas sabia que tinha que perdoar.
Que todo aquele que esteja trabalhando em um problema pessoal se anime
ao não ver nenhuma mudança em resultado de seu trabalho. Mudar as
pessoas não é nosso negócio. Não há ninguém para ser mudado. A única
mudança a ser feita está em nosso conceito do que vemos. Todo o trabalho
que fazemos tem que estar sobre nós mesmos, e no minuto em que
estendemos a mão para curar uma pessoa, estamos fora do alcance da luz. Se
aceitamos um falso conceito, ou seja, se aceitamos algo menos do que o filho
de Deus, então o falso conceito em nós deve ser corrigido, e somos nós que
temos que nos tornar livres.
O verdadeiro perdão é saber que não há ninguém para perdoar. Se pensamos
que existe, nós mesmos não capturamos o significado de perdão. Ninguém
pode nos ferir ou prejudicar quando sabemos que Deus é a Única Presença e o
Único Poder. Estabelecidos nessa verdade, estamos cientes de que ninguém
precisa de perdão.
Se está difícil perdoar uma pessoa, podemos meditar por ela: Que esta
pessoa conheça a sua verdadeira identidade e a Fonte de sua vida. Como
filho de Deus, ele é possuidor de todas as qualidades de Deus e somente as
qualidades de Deus.
"Ame seus inimigos... ore por aqueles que maltratam e usam você". Se
pudéssemos começar não tentando amar nossos chamados inimigos, mas
começando por orar por eles sabendo que eles são Deus aparecendo e que
Deus está sendo expresso como sua consciência, então o amor fluiria de nós
sem esforço.
Se é difícil para nós amar alguma pessoa em particular, esqueçamos de amá-
la. Em vez disso, começamos a dar-lhe ajuda espiritual, meditando por ela,
abandonando o conceito dela como pessoa, e sabendo que como Deus é a
Única Presença, Deus é a Presença dessa mesma pessoa e não há nada além de
Deus. Se pudéssemos fazer isso cerca de vinte vezes por dia durante uma
semana, um mês ou um ano, estaríamos tão cheios de amor pela pessoa que
não teríamos sequer que tentar amá-la: o amor estaria transbordando.

O Amor É Abandonar Nossos Conceitos de Pessoas


Não basta falar de amor. Temos que amar, e amor é conhecer a Cristandade
de cada pessoa. De nós mesmos, não temos a capacidade de amar, mas
podemos fazer de nós mesmos um instrumento através do qual e como Deus
pode amar em nós e como nós. Podemos nos queixar de alguém: "Ele nem
sequer falou comigo". Bobagem! Que diferença isso faz? Nós falamos. "Bem,
Ele não fez nada por mim". Nós fazemos por ele. Ele pode nunca apreciar isso.
Nosso bem pode ser mal falado, mas isso não é importante. Nós o fazemos. O
Pai, nossa própria Consciência Divina que vê em segredo, nos recompensa
abertamente. Deixemos Deus expressar seu Amor e Compreensão através de
nós.
Quando somos confrontados com pessoas ignorantes, arrogantes ou más,
podemos nos perguntar: Quem me disse que ela é uma criatura miserável?
Como posso saber? Somente com a mente. Esta é uma imagem na mente.
Agora, mente, fique quieta; fique quieta e deixe que Deus me mostre o que
realmente é. Deus, Você me revela quem é essa pessoa. Você me revela a
verdade sobre ela.
Quando Deus nos falar, ouviremos: "Este é meu filho amado, em quem Eu
não encontro falha". Ficaremos satisfeitos quando virmos o filho de Deus.
Nosso trabalho é amar, reconhecendo a Cristandade de cada indivíduo que
encontramos. Quando fazemos isso, caminhamos nesta terra como uma
bênção.
Nenhuma pessoa pode viver só para si mesma. Cada um é o guardião de seu
irmão, e nós cumprimos esta responsabilidade não interferindo em seus
assuntos, mas levantando a Divindade dentro dele. Isto pode ter que ser feito
milhares de vezes para a pessoa que estamos tentando ajudar. Uma tentativa
pode não trazer nenhum resultado. É como o gotejamento da água sobre a
rocha. Cada gota de realização está desgastando a rocha da resistência
humana, rompendo gradualmente a dura crosta de separação. Não há como
saber qual gota de reconhecimento irá dissolver completamente aquela crosta
dura. Mas cada vez que o Eu é reconhecido em uma pessoa, Ele ajuda a
dissolver a crosta do eu humano com seu egoísmo e separatividade. Isso pode
ser nosso derramamento, nossa doação.
Às vezes esse derramamento pode ser dado tangivelmente como pão, carne
ou água, mas sempre por trás disso deve estar a doação espiritual e o
derramamento puro. Ninguém está operando sob um sentimento tão
profundo de pobreza que não possa derramar dessa forma. Vamos derramar,
não para obter, não para que ele volte para nós, mas derramar porque temos,
derramar da alegria que sentimos por causa de nossa própria Auto-
completude. De nós mesmos não podemos fazer isso, mas de nossa
Cristandade podemos alimentar os famintos, curar os quebrantados de
coração e reformar o pecador.
Nunca haverá qualquer amor para experimentarmos, absolutamente
nenhum, exceto o amor que nós mesmos expressamos. Se aqueles que têm
pouco amor em suas vidas questionassem a si mesmos, logo veriam o pouco
amor que estão expressando. Quando expressarmos o amor espiritualmente, o
amor fluirá de volta para nós, não em uma pequena gota, mas em tal
abundância que será como um grande rio de amor fluindo infinitamente, como
o amor que expressamos e estamos expressando. O amor não pode ser nos
dado: o amor deve ser expressado por nós.
A exigência que nos é feita é amar elevando o filho de Deus em cada pessoa
e acima de tudo não esquecer de elevá-Lo em nós mesmos, pois fomos
ensinados a amar nosso próximo como nosso Eu. Talvez uma razão pela qual
haja tanta discórdia no mundo, uma razão pela qual existem tantas qualidades
ímpias como ódio, inveja, ciúme e indelicadeza, é porque ainda não
aprendemos a amar nosso Eu o suficiente. Se realmente amássemos esse Eu,
amaríamos a todos, porque veríamos cada pessoa como nosso Eu. Quando
atingirmos esse estado de consciência, será fácil deixar o amor fluir para o
mundo.
O Princípio foi estabelecido. Só precisa ser praticado. Ele não pode ser falado
sobre: ele deve ser vivido. Toda tentação de aceitar a dualidade, duas pessoas,
deve ser respondida com a compreensão de que Deus aparece como ser
individual, com uma convicção absoluta de que só Deus É. À medida que
impersonalizamos tudo o que vemos neste mundo das aparências, nos será
dado o discernimento que revelará o Universo Espiritual em toda a sua
Plenitude e Perfeição. Esta é a nossa função: ser uma luz que abraça o mundo
inteiro, incluindo cada pessoa, em nossa consciência de paz e amor.
"Ninguém tem maior amor do que este, de algum homem entregar a sua vida
pelos seus amigos." Gostaria de parafrasear isso desta maneira:
"Ninguém tem maior amor do que aquele que abandona seus conceitos
sobre seus amigos e inimigos". Todos nós somos chamados a abandonar
nossos conceitos sobre nosso próximo, a sacrificar nosso senso pessoal a
respeito dele e a reconhecer sua Cristandade. Esse é o maior amor, e esse é o
amor que devemos dar a todos que encontramos: ver através da aparência e
reconhecer a sua identidade espiritual.
Não somos todos um pouco como um riacho claro e cristalino da montanha
que foi coberto de destroços? Não existem ainda vestígios dos resíduos de
senso pessoal que restam em todos nós? O quanto gostaríamos que alguém
empurrasse esses destroços para o lado e visse além da poluição até o límpido
riacho da montanha que realmente somos! Isso é o que significa o amor. Esse é
o presente que podemos dar a cada pessoa.

Capítulo 9 - A Armadura da Luz

A noite é passada, e o dia é chegado. Portanto, rejeitemos as obras das


trevas e vistamo-nos com a armadura da luz.
Romanos 13:12
As boas donas de casa geralmente planejam fazer uma limpeza completa da
casa pelo menos uma vez por ano, de preferência na primavera, quando toda a
natureza coloca um vestido novo. Durante essa limpeza de primavera, os
utensílios domésticos são separados, roupas e móveis não mais necessários
são doados, e caixas de lixo inúteis são jogadas na pilha de lixo. Então, depois
de muito esfregar e limpar, a casa é colocada em ordem.
Mas que pobres donas de casa a maioria de nós somos com nossas vidas!
Não é sempre que fazemos uma limpeza realmente boa da nossa mente e
consciência, não com muita frequência. Raramente tentamos limpar a bagunça
de falsos conceitos e crenças materiais que se acumulou em nossa mente. Na
verdade, assim como muitas vezes descobrimos em nossa limpeza doméstica
algo que nem sabíamos que estava lá, poderíamos descobrir se procurássemos
em nossa mente que coletamos todo tipo de detritos que impedem o nosso
progresso. Geralmente nem sequer temos consciência de que deixamos que a
crença mundial não desejada se aloje em nossa mente. Uma boa limpeza
mental para limpar o lixo seria uma atividade gratificante para todos nós.
Eu estou como muitos de nós no mesmo estado de consciência de hoje que
estávamos há uma semana, um ano, ou dez anos atrás? Ou será que deixamos
para trás muito do que nos perseguia anteriormente? Em que medida estamos
impersonalizando? Quão mais livres estamos do julgamento? Será que uma ou
duas das camadas de cebola foram descamadas para que menos senso
pessoal, esse falso senso de uma pessoa, permaneça? Temos avançado,
mesmo que um pouco? Estamos permitindo que grandes feixes do passado
permaneçam em nossa mente e consciência, permitindo que estes
condicionem nossa experiência presente por causa de suas lembranças felizes
ou tristes? Devemos estar dispostos a deixar tudo isso para trás.
Nossa limpeza espiritual de casa deve liberar, renunciar e descartar
completamente o passado com sua miríade de erros. Será que estamos
realmente dispostos a desistir daqueles conceitos que estão desorganizando
nossa mente - as glórias do passado, as mágoas e os medos do passado? Ou
vamos nos apegar a eles, e pensar: "Se, se... Se eu só tivesse feito isso em vez
disso"? Mas assim como viver no passado deve ser abandonado, o futuro
também, com suas esperanças, desejos e medos, devem ser abandonados. A
vida não pode ser vivida amanhã, mas somente neste momento, não daqui a
três minutos ou daqui a uma hora. Se quisermos viver plenamente agora, não
podemos permitir que arrependimentos ou triunfos passados, medo ou
esperança do futuro permaneçam em nossa consciência dando cor à nossa
vida.
Quando olhamos para nós mesmos no dia-a-dia, podemos não ver qualquer
mudança, mas se durante um período de tempo não ocorrer uma rendição,
temos motivos para estarmos preocupados. Não podemos permanecer em um
estado estático de consciência: ou avançamos ou retrocedemos. Em vez de dar
um passo para frente e dois para trás e depois dois passos para frente e um
para trás, nosso movimento deve ser uma progressão constante, lenta,
gradual, sim, semelhante a uma tartaruga, se necessário, deixando que nossa
consciência seja dedicada ao Espírito interior para que Ele possa assumir o
controle de nossa vida.
Para atingir esse objetivo, devem ser reservados períodos definidos durante
o dia para a meditação, o estudo e a prática dos Princípios. Não acontecerá
muita coisa se fizermos isso durante um dia ou uma semana, mas se o fizermos
todos os dias sem falhar, possivelmente, em um ano, não poderemos ser a
mesma pessoa que somos hoje. Independentemente da quantidade ou do grau
de consciência espiritual e iluminação que tenhamos atingido, nós apenas
tocamos a superfície do que está por vir. Como alguém pode sondar o Infinito?
Se vivêssemos centenas de anos e trabalhássemos com os Princípios da Vida
Espiritual todos os dias, ainda sentiríamos que mal tínhamos tocado a ponta de
um iceberg.
Deve haver uma prática diária. O mais importante de tudo é o tempo dado
todas as manhãs para nos estabelecermos na Consciência de Uma Presença e
de Um Poder que nos guiará ao longo de nosso dia, dissolvendo a presença
aparente de qualquer pessoa ou condição maligna. Não apenas isso deve ser
feito pela manhã, mas muitas vezes durante o dia devemos trazer à lembrança
consciente a Única Presença e o Único Poder.
Talvez o maior inimigo do progresso espiritual seja a inércia. Iniciamos um
programa deste tipo com grande entusiasmo, com um senso de dedicação e
determinação, e então, se não estivermos despertos e alertas, a inércia
começa a tomar conta. Se continuarmos a viver na Consciência de Um Poder,
entretanto, a inércia não encontrará nenhum lugar ou atividade em nossa
consciência, pois nossa consciência será a Consciência de Deus pura e
imaculada, na qual nada de natureza perturbadora pode entrar.
Uma maneira de se preparar para o dia é ler literatura espiritual até que uma
frase ou parágrafo nos atinja, algo que desperte nossa meditação matinal, que
podemos levar conosco durante todo o dia, pensar e meditar sobre. Podemos
começar com uma declaração como "Só existe Uma Presença". A partir disso,
poderíamos perceber que nessa Presença não pode haver a presença de
muitas mentes com propósitos e interesses conflitantes.
Preencha-me neste dia com a Consciência de Tua Presença. Deixe-me
perceber a Tua Presença como a Única e Toda Presença. Neste dia não me
deixe ter desejos, anseios ou vontades próprias. Que eu possa ser receptiva à
Tua vontade de que eu seja um instrumento na Terra para Ti, receptiva à Tua
orientação e sabedoria.
De mim mesma, não tenho a sabedoria, nem a força ou o poder para passar
por este dia e satisfazer as demandas que me são feitas. Não é a minha força
e não é a minha sabedoria: Tua Compreensão, Tua Força e Tua Sabedoria são
Infinitas.
Elas me levarão ao longo do dia para que seja vivido para Tua glória. Em
Tua Presença não há outra presença para magoar, ferir ou prejudicar. Limpa-
me e purifica-me de toda crença de que pode haver qualquer coisa além da
Tua Presença, da qual é a Única Presença que encontro ao longo do dia, a
Presença do Amor, da Paz e da Alegria.
Devemos nos estabelecer todos os dias na Consciência da Unidade,
começando nosso dia com a realização da Única Vida, da Única Atividade e da
Única Lei que governa o dia inteiro e todos nele, e devemos continuar a
reservar momentos de conscientização durante o dia em que tomamos uma
atitude de escuta, esperando que essa Presença Se revele. Desta forma,
estaremos morando "no lugar secreto do Altíssimo" e testemunhando o
Espírito interior, que está sempre falando e Se revelando.

A Realização de Um Poder e Uma Presença É a Nossa Proteção


No mundo, somos confrontados com todo tipo de sugestão e tentação. As
forças destrutivas parecem estar operando na forma de bombas, germes e
pensamentos maliciosos. Nosso trabalho diário não é tentar obter um super
poder para nos proteger do mal, mas perceber que, porque existe apenas Um
Poder e Uma Presença, não há mal do qual ser protegido.
Este dia veio a existir como a Operação da Graça e do Amor Divino, que
governam o dia. É função de Deus manter este dia e todos nele na perfeição
que já está estabelecida. Por causa da Onipresença, não há nada fora dessa
Harmonia Divina, nada para combater, nada para ser aperfeiçoado ou salvo.
A Única Presença está Se expressando como a Plenitude da Vida, a
Abundância da Paz, da Alegria e de Todo Bem. Este não é o meu dia, mas o
dia de Deus.
Hoje estou na presença da Única Lei Espiritual que não conhece opostos e
não conhece oposição. Esta Lei que Eu sou me mantém a cada momento do
dia e a cada momento da minha vida, governando minhas idas e vindas. Ela
me estabelece no caminho, mesmo que seja um caminho que eu não
conheça.
Hoje sigo em frente com confiança e segurança porque meus caminhos são
ordenados pela Sabedoria Divina, e Ela direciona meu caminho e faz o
caminho reto diante de mim, suavizando todos os lugares ásperos.
Sendo uma Sabedoria Infinita e Toda-Abrangente, Ela traz-me a atividade
deste dia e tudo o que é necessário para sua conclusão. Ela sabe o que é
necessário para que a Presença Divina possa ser cumprida em mim, e Ela Se
revela Infinitamente, Abundantemente e Perfeitamente.
Cada momento do dia Eu vivo, me movo e tenho meu ser na Consciência de
que não há poderes a serem superados: não há poderes para combater, não
há poderes para resistir. Existe apenas um
Poder a Consciência Invisível que Eu sou, da qual nunca posso ser separada.
Esse Único Poder no qual permaneço é o Poder do Amor, da Ressurreição, da
Renovação e da Restauração.
A Paz que é além de toda compreensão está comigo enquanto caminho por
este dia; vivendo na Consciência da Única Presença. Nesta Presença não há
espaço para a presença de discórdia, desarmonia, doença, falta,
desonestidade ou ódio. Só há lugar para a Presença do Amor, da Paz, da Vida
Eterna, da Graça Divina, da Substância Espiritual Indestrutível.
Na realização da Única Presença meu cálice transborda, porque estou
morando conscientemente na Presença de Deus, na casa do Senhor, onde há
Plenitude.
Somos nós mesmos que determinamos e decidimos como será o nosso dia.
Cada dia é uma folha de papel em branco na qual escrevemos o registro. Nosso
dia não é determinado por pessoas, circunstâncias ou condições. Mas se
deixarmos nossa mente se desorganizar com as sugestões, visíveis e invisíveis
que captamos, se acreditarmos que somos vítimas do que quer que seja que
esteja flutuando na atmosfera, assim será conosco. Se, em vez disso,
reconhecermos que temos dentro de nós o domínio inerente de Deus sobre
nossa experiência, podemos enfrentar cada novo dia com coragem e
convicção.
Isso significa que temos domínio sobre as pessoas, ou que podemos subir e
descer no mundo ditando ordens a outras pessoas? Não, de forma alguma, e
mesmo assim temos o domínio. O domínio reside em nossa resposta ao que
nos é apresentado. Se sairmos ao mundo cheios da crença de que há um poder
do bem ou do mal fora de nós mesmos que pode agir sobre nós, podemos
experimentar o bem ou podemos experimentar o mal. Mas, se percebermos
que não há poder de fora que possa agir sobre nós tanto para o bem como
para o mal, porque todo Poder está na Consciência Divina individualizada
como nós, não seremos atingidos pela crença mundial no bem e no mal. Se
respondermos lembrando que existe apenas Um Poder, Uma Presença e Uma
Sabedoria, seremos conduzidos ao longo do dia de maneira pacífica e
harmoniosa.
Eu acordo com alegria para este novo dia que ainda nem o vi. Não tenho
ideia do que o dia me reserva, mas se estiver estabelecida na Consciência de
Deus, o que quer que seja, será um desdobramento da Presença e da
Atividade de Deus. Eu permaneço como uma testemunha de Deus em ação
no meu corpo, mantendo a ordem e plenitude de suas partes internas; Deus
em ação no meu lar, trazendo Paz, Harmonia e Abundância; Deus em ação
nos meus negócios, governando-o com Infinita Sabedoria e Inteligência; Deus
em ação nos meus relacionamentos, estabelecendo-os em Amor e Perfeita
Compreensão.
Eu reconheço a natureza Ilimitada da Consciência Se expressando como
minha consciência individual, e que a Consciência não conhece qualquer
barreira ou limitação. Eu vivo apenas neste dia, e neste dia nada do passado
pode operar como causa ou lei sobre a Consciência Infinita que Eu sou. Não
pode haver medo do futuro, porque Deus está sempre funcionando. A Única
Causa está sempre em funcionamento e, portanto, este dia é um
desdobramento contínuo da Atividade da Graça e do Amor da Única
Presença. A natureza Ilimitada da Consciência que Eu sou Se revela como a
Graça que é minha suficiência e que não necessita de absolutamente nada, já
que é completa e plena.
Hoje percebo que não sou influenciada por poderes externos porque estou
estabelecida na Onipotência, o Todo Poder no qual não há outros poderes.
Não há poder de fora que possa agir sobre mim. Todo poder flui do Centro da
minha consciência.
A Sabedoria Divina que está sempre presente me mantém em meu lugar de
direito no Reino de Deus. Eu vivo no mundo, mas não sou dele. Hoje, mesmo
enquanto estou no trabalho do mundo, vivo conscientemente em Meu
Reino, onde tudo é paz e onde só há realização.
Sou uma observadora de Deus em ação, Deus como Atividade do meu
corpo, pois este corpo não poderia se mover ou funcionar, exceto pela Força
Vital que está dentro dele. Dou testemunho de Deus como a Atividade do
que aparece como meu conceito dos órgãos do corpo, que são regidos pela
Lei Espiritual.
Neste dia, não sou vítima de falsos apetites sob qualquer forma porque sou
uma com o Pai e, na minha unidade com o Pai, sou Autocompleta. Não
preciso de nada externo para minha completude ou satisfação. Completude é
uma qualidade inerente ao meu ser. Ela flui de dentro de mim, nunca
dependendo de nada fora da minha consciência.
Tomo posse de minha mente, pois minha mente é um instrumento de Deus,
e somente os pensamentos que Deus me dá para pensar podem operar
dentro, através e como minha mente. Minha mente não é um campo de
batalha para crenças e sugestões universais que testemunham doenças, falta,
falsos apetites, infelicidade ou acidente. Nada pode entrar em minha mente
que "contamine"... ou que faça uma mentira. "Minha mente é o templo de
Deus, e Eu a mantenho santa, santificada para o propósito de Deus, uma
transparência clara para a Atividade Divina que está sempre em operação.
Eu libero meu corpo para o Governo Divino enquanto solto todos os
conceitos sobre o corpo. No silêncio e na quietude tomo consciência de que
meu corpo é o templo de Deus, um lugar sagrado formado da Substância
Espiritual e mantido pela Lei Espiritual. Sua função é ser um instrumento para
a Perfeição Divina e mostrar a Glória de Deus e a beleza da Plenitude.
Eu libero minha casa, minha família e meus entes queridos para o Governo
Divino. Meu lar é o templo de Deus, governado por Deus, mantido por Deus,
e suprido por Deus. Todos os que estão nesta casa são da família de Deus,
mostrando a Graça Divina. Eles não são minha família, mas a família de Deus,
cada um sendo um ramo da Árvore da Vida, mantida pela Sabedoria Divina.
Libero esta nação para o Governo de Deus, sabendo que, apesar das
aparências, há uma Atividade Divina em operação.
Hoje eu vivo como uma observadora. Nunca sou a fazedora: sou a
"espectadora", uma testemunha de Deus sendo como eu, Deus sendo como
todos que encontro. Somente o Amor pode fluir de cada pessoa sendo Deus,
entre cada pessoa que encontro é dotada com o poder do amor e somente
do amor.
Aqueles que dedicam os primeiros minutos de cada manhã a esta prática
acabarão por viver na segurança da realização de Deus. Este trabalho matinal
não deve ser um ritual, feito tão rápido que perdemos o fôlego repetindo-o
enquanto saltamos da cama, correndo para fazer preparativos para o dia. Ele
não deve ser abordado com o sentimento: Agora tenho que me sentar e fazer
isto e é melhor que o faça, ou então... Em vez disso, damos de bom grado os
primeiros dez minutos, quinze minutos, ou qualquer tempo disponível para a
realização, contemplação e comunhão com a Presença Interior.

Tornando-se Consciente do Governo Divino em Operação


Durante o dia, as decisões terão de ser tomadas. Então é o momento de
lembrar que a Onisciência sabe muito melhor do que nós qual deve ser a
decisão. Se nos estabelecemos na Consciência da Onisciência, a direção na qual
devemos ir nos será dada no momento em que ela for necessária. O único
problema é que queremos saber o que fazer com um mês ou um ano de
antecedência, e isso nem sempre é possível. Devemos estar dispostos a
esperar até sentir a agitação da Onisciência interior e conscientizar-nos Dela.
Então, quando nos estabelecemos conscientemente Nele, podemos seguir em
frente com coragem, convicção e confiança, sabendo que Ele dentro de nós,
Onipotente, Onisciente e Onipresente, vai à nossa frente a cada passo do
caminho e permanece atrás de nós como uma bênção.
A Presença proporciona a atividade do dia e a realiza sem luta, medo ou
preocupação. Há uma luta somente quando saltamos para o assento do
motorista e pensamos que sabemos como o dia deve correr. Fazemos isso
porque não aprendemos a confiar na Sabedoria Divina, que sabe o que
necessitamos. Estas necessidades nunca são materiais, mas quando temos a
Consciência do Espírito de Deus dentro de nós, temos a Substância da qual
tudo é feito. Tudo o que necessitamos é desse Espírito, e tendo isso, podemos
ficar satisfeitos e em paz.
Provavelmente, nosso maior problema é que ainda pensamos que Deus pode
nos falhar e não cumprir Suas promessas. Mas Deus está sempre sobre Seu
negócio de ser Deus, e nossa responsabilidade é nos liberarmos para Ele.
Embora possa haver confusão no mundo neste mesmo dia e eu possa me
encontrar no meio da turbulência, volto-me para esse Centro Interior para
que Ele possa dissolver a turbulência em Sua Paz.
Levo toda a nossa nação a essa Consciência da Paz para que ela possa
experimentar a Paz em meio à confusão, opiniões divergentes, corrupção,
rupturas áridas. "Minha Paz" Eu dou a esta terra, não a paz do mundo, mas
aquela Paz Espiritual que sabe que a luxúria e a ganância pelo poder não são
poder. Existe apenas Um Poder, esse Poder que flui para iluminar as trevas
da consciência humana.
Eu abraço o mundo inteiro nesta Consciência da Paz para que ele possa
conhecer uma Paz verdadeira e duradoura na qual não haverá mais guerra.
Não há ninguém com quem contender ou lutar, pois cada pessoa é essa
Presença Divina que expressa Sua realização. Cada nação é Autocompleta,
nunca precisando lutar com outra para obter algo, mas sim procurando doar
e compartilhar. Vejo todo este mundo abraçado nessa Paz que sabe que a
consciência humana é o único inimigo e que a consciência humana se dissolve
na Consciência Espiritual.
Abra Tu os meus olhos para que eu possa ver verdadeiramente e
contemplar o mundo como realmente é. Então ficarei satisfeita, pois verei
que onde parece haver confusão, caos e desordem, há a própria Presença de
Deus. Onde a falta, a pobreza e a fome estão, há uma Infinita Abundância do
Espírito. Abra meus olhos para que eu possa ver que o Governo está sobre
Seus ombros, o Governo de minha vida individual, desta nação, e deste
mundo. Sob esse Governo Divino, há uma Lei Espiritual de Ordem, Paz e
Harmonia em operação, para que os homens possam andar para cima e para
baixo no mundo sem medo ou preocupação. Eles não andam sozinhos, pois a
Presença realizada está presente em qualquer lugar e em todos os lugares
ativos.
Eu cubro a terra com o profundo silêncio que vem do repouso na
Consciência da Unidade, para que a desconfiança, a desonestidade e o medo
que aflige indivíduos e nações possam ser banidos para sempre. Contente
com esse manto Invisível do Silêncio, não posso ser tocada pelas armas deste
mundo, pois vivo não pelo poder ou pela força, mas pelo Espírito que não
conhece poder. Esse Silêncio é meu refúgio, e os Braços Eternos me carregam
para cima e para frente.
Aqueles que têm uma consciência suficientemente profunda da Onisciência,
Onipotência e Onipresença devem por fim despertar o resto do mundo de seu
profundo sono para que não haja mais conflitos e lutas, corrupção,
desonestidade e falta de integridade nos assuntos públicos. Não importa qual
seja a aparência, quão difícil ou quão insuperável possa parecer o problema, há
uma Atividade Divina em operação.

Ser Testemunha da Glória de Deus


A Presença Interior é mais forte do que qualquer reivindicação de poder no
mundo. É maior do que qualquer problema e, sendo Sabedoria Divina, sabe
como lidar com todas as situações. Estabelecidos na Consciência de Sua
incessante atividade, caminhamos com coragem, confiança e segurança, não
deixando que as armadilhas ao longo do caminho nos prendam ou nos tirem
nosso elevado propósito, que é o de viver este dia para que Deus possa ser
glorificado.
E o que significa glorificar Deus? Uma menina da escola dominical respondeu
a essa pergunta desta maneira: "Acho que glorificamos Deus vivendo cada dia
para que Deus se alegre por estarmos vivos". Por que não poderíamos todos
passar o dia, sentindo que tudo o que fazemos é para a glória de Deus, que
Deus se alegrará por estarmos vivendo como Seu filho amado?
Talvez isso possa vir a você como tem vindo a mim tantas vezes: "E a terra
será cheia da glória de Deus", a glória que preenche cada canto e fenda de Seu
próprio Universo Espiritual.
Este é o dia de Deus, no qual Deus será glorificado na medida que produzo
frutos ricos, Deus não é glorificado em meu sofrimento ou
descontentamento. Deus é glorificado na alegria, na felicidade do coração e
na paz que carrego comigo durante todo o dia.
Vivo do meu domínio dado por Deus, um domínio sobre os conceitos que
em meu estado não iluminado eu aceitei. Agora, à medida que a Luz Interior
assume cada vez mais, os conceitos caem e o Universo Espiritual é revelado.
Deixe-me ter o discernimento para ver através de todos os disfarces que
aparecem como pessoas, reconhecendo que cada pessoa é dotada com Teu
Amor, Tua Graça, Tua Verdade e Tua Sabedoria, e que cada pessoa árida
nesta terra está sob Tua Lei.
Nesse estado desperta, vejo a todos como o único Eu expressando Suas
qualidades. Por isso, saio para a atividade deste dia vestida com a
inexpugnável Armadura da Unidade.
A atitude adequada para nossos trabalhos preparatórios matinais é a de
silêncio e escuta. Muitas vezes, porém, não é possível atingir esse estado de
silêncio porque as sugestões, tentações e problemas do mundo surgem sobre
nós. A atmosfera abomina o vácuo, e quando nos sentamos em meditação sem
nada ativo na consciência, algo está fadado a surgir. Se não estivermos bem
fundamentados na verdade da Unidade, esse algo pode ser todas as sugestões
do mundo que tão facilmente encontram alojamento em nossa consciência.
Em vez de habitar em Deus e nas coisas de Deus, podemos permitir que as
sugestões do mundo nos envolvam enquanto cantamos nossa canção com
suas notas azedas uma e outra vez.
Muitas pessoas não compreendem este trabalho matinal e pensam que seu
objetivo é fazer da mente um espaço em branco. Ao contrário, a meditação
deve ser uma atividade de consciência na qual, para começar, utilizamos uma
forma contemplativa de meditação, permanecendo conscientemente na
Verdade da Presença de Deus, do Poder de Deus, da Graça de Deus e do Amor
de Deus. Na verdade, estamos percebendo conscientemente toda a verdade
que sabemos sobre a Presença, o Poder e a Atividade do Espírito dentro de
nós.

Vivendo Sob o Governo de Deus


Ou estamos nos abrindo a Única Consciência e Presença ou estamos nos
abrindo ao que quer que esteja flutuando na atmosfera, atingindo uma pessoa
de uma forma e outra pessoa de outra.
Todos os dias nossa prática deve começar realizando Uma Presença, Um
Poder, Uma Atividade, uma Lei, uma Substância, uma Consciência. No entanto,
não descansamos e sentimos que ela está completa até o fim da contemplação
e até que haja uma sensação de sossego e paz. Pode ter muito menos duração
do que um segundo, tão curta que é quase imperceptível. A princípio estamos
libertando a mente de seus conceitos, alimentando-a com a Verdade,
estabelecendo-a assim na Consciência da Unidade. "Temos o poder ou de fazer
o que queremos com a mente ou de deixar o mundo fazer com ela o que quer.
Se não tomarmos posse consciente de nossa mente, nossa experiência está
sujeita ao fluxo e refluxo do mundo - bom às vezes e mal em outras.
O governo deste dia está sobre Seus ombros, por isso ficarei feliz e me
regozijarei. O governo desta vida, que é realmente a Vida de Deus, está sob
Sua responsabilidade.
O governo deste corpo está sobre Seus ombros. Eu o libero para o que o
formou de Sua própria Consciência Divina e que mantém o corpo em perfeito
equilíbrio com atividade equilibrada. A Substância Espiritual da Consciência,
da qual o corpo é formado, mostra sempre a Plenitude da vida, não
conhecendo nenhuma desintegração, deterioração ou degeneração. Não
conhece tal coisa como a idade, pois Eu sou tão jovem e revigorada como
cada novo dia, com Toda a Sabedoria e Inteligência do Pai Eterno e
Infindável. Neste dia libero o corpo à Atividade rítmica do Espírito que
mantém cada atividade do corpo de acordo com uma Lei Divina de harmonia.
Como o governo deste dia está sobre Seus ombros, libero meu lar e minha
família para o governo do Amor, que mantém meu lar em uma atmosfera de
amor e paz onde a beleza e a harmonia reinam porque Deus está governando
e mantendo este lar. Eu libero cada membro de minha família para o governo
Divino, pois cada um deles é mantido pela Força-Vital, não por mim. A Força-
Vital que está fluindo através de cada pessoa mantém cada membro desta
família, que na realidade não é minha família, mas a família de Deus. Assim
como não tenho vida própria, também não tenho família própria. O que
penso como minha família é a família de Deus, e Deus mantém Sua própria
família.
Eu libero meu negócio para o governo Divino, sabendo que não é meu
negócio, mas de Deus, uma atividade da Consciência Divina. A Onisciência
proporciona a este negócio tudo o que é necessário para manter sua plena e
completa atividade. Por estar sob o governo de Deus, este negócio não está
sujeito às leis humanas ou às crenças da economia. Ele está sujeito apenas ao
governo Divino.
Hoje eu saio vestida com a Armadura da Luz, segura, sólida e protegida.
Não vivo no mundo, mas moro no "lugar secreto do Altíssimo", e nada pode
penetrar, perturbar ou prejudicar esse lugar secreto.
O governo de minha mente está sobre Seus ombros, pois esta mente que
chamo de minha é Seu instrumento, aberta e receptiva aos pensamentos de
Deus e fechada às crenças e sugestões do mundo. Minha mente é uma
transparência através da qual a Atividade Divina é revelada.
Carrego comigo uma atmosfera de paz que é impermeável à agitação do
tempo e às discórdias deste mundo. Ao baterem contra a Paz do Cristo, eles
saltam para longe.

Ao meu redor estão os Braços Eternos do Amor. Eu me aninho de volta


neles e sinto Seu Terno apoio e cuidado. Com esses Braços ao meu redor, não
há nada no mundo que possa me tocar ou perturbar a paz que sinto.

Neste dia, subo e desço pelo mundo como uma bênção, reconhecendo a Paz
de Deus no centro de cada pessoa e levando essa Paz comigo aonde quer que
eu vá.

O governo deste dia está sobre Seus ombros, e Seu governo em meio à paz
não haverá fim. O aumento de Seu governo e de Sua Paz continuará até que
nossa nação e o mundo inteiro entrem nessa Consciência de Unidade.

Como despertar para o dia deve ser motivo de preocupação, pois muitas
vezes a atitude com a qual despertamos será a tônica do dia inteiro. Será que
nos levantamos pela manhã atolados com os problemas com os quais fomos
dormir, ou tentamos ir dormir, deixando-os correr em nossa mente? Será que
nossa mente está cheia de preocupação e medo pelo dia que está por vir?
Deixamos que os problemas, frustrações e dificuldades da vida nos
pressionem? É difícil não permitir que isso aconteça e difícil não tomar a
atitude de muitas pessoas que acordam a cada dia de suas vidas com "Oh,
Deus, outro dia! E o tom de voz implica que não vai ser muito bom.

Em vez disso, devemos despertar com entusiasmo e alegria para a


oportunidade de sermos testemunhas da atividade de Deus: "Ó Deus, mais um
dia para dar testemunho de Tua glória! Mais um dia para dar meus primeiros
frutos a Você"!
Se fizermos isso, estaremos cumprindo a promessa bíblica: "Trazei todos os
dízimos para o armazém, para que haja alimento na minha casa, e provai-me
agora com isto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do
céu, e derramar sobre vós uma bênção, que não haverá espaço suficiente para
recebê-la." Um dos dízimos mais importantes que podemos oferecer é o
dízimo de nosso tempo, a entrega de seus primeiros frutos a Deus. Quando
esta é nossa primeira preocupação, as bênçãos da Consciência Divina
derramam-se sobre nós e somos guiados, dirigidos, renovados e restaurados
ao longo do dia, provando que "os que esperam no Senhor renovarão suas
forças; subirão com asas como águias; eles correrão, e não se cansarão;
caminharão, e não desfalecerão".

Praticando a Presença
Joel Goldsmith
Tradução: Reginaldo Silva (Reggisbrother)

Capítulo 5 - Ame Teu Próximo


Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, e com toda a tua alma e
com toda a tua mente. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo
é: Tu deverás amar o teu próximo como a ti mesmo. (Mateus 22: 37-39)
Os dois grandes mandamentos do Mestre formam a base do nosso trabalho
do Caminho Infinito. No primeiro e grande mandamento, somos ensinados que
não há poder separado de Deus. Nossa percepção deve ser sempre que o PAI
dentro de nós, o Infinito Invisível, é a nossa vida, a nossa alma, o nosso
suprimento, a nossa fortaleza e a nossa torre alta. Em seguida, em
importância, está o mandamento de “amar o próximo como a ti mesmo”, e seu
corolário que devemos fazer aos outros como gostaríamos que os outros
fizessem a nós.
O que é Amor no sentido Espiritual?
Qual é o Amor que é Deus?
Quando nos lembramos de como Deus estava com Abraão, com Moisés no
deserto, com Jesus, João e Paulo, ministrando a eles, a palavra “Amor” ganha
um novo significado. Nós vemos que esse amor não é algo distante, nem é algo
que possa vir até nós. Já faz parte do nosso ser, já estabelecido dentro de nós;
e mais do que isso, é universal e impessoal. À medida que esse amor universal
e impessoal flui de nós, começamos a amar o próximo, porque é impossível
sentir esse amor por Deus dentro de nós e não amar o próximo.
“Se alguém disser que ama a Deus, e se aborrece com seu irmão, é
mentiroso; porque aquele que não ama a seu irmão, a quem ele viu como
pode amar a Deus a quem não viu?” (I João 4:20)
Deus e o homem são Um, e não há como amar a Deus sem que parte desse
amor flua para o próximo.
Vamos entender que qualquer coisa da qual possamos nos tornar
conscientes é um próximo, esteja isso como pessoa, lugar ou coisa. Toda ideia
na consciência é um próximo. Podemos amar o próximo como o vemos, ou não
possuindo poder, exceto o que vem de Deus. Quando vemos Deus como a
causa e nosso próximo como aquilo que está “em” e “de” Deus, então estamos
amando nosso próximo, quer esse próximo apareça como um amigo, parente,
inimigo, animal, flor ou pedra. É em tal Amor, que se entende que todos os
vizinhos são de Deus, derivados da substância de Deus, assim descobrimos que
toda ideia na consciência toma seu lugar de direito. Os vizinhos que fazem
parte da nossa experiência encontram o caminho para nós e os que não são,
estes serão removidos.
Vamos resolver amar o nosso próximo em uma atividade espiritual, vendo o
amor como a substância de tudo o que é, não importa qual seja a forma. À
medida que nos elevamos acima de nosso estado de humano para uma
dimensão mais elevada da vida, na qual entendemos que nosso próximo é um
ser espiritual puro, governado por Deus, nem bom nem mau, somos
verdadeiramente amorosos.
O Amor é a Lei de Deus. Quando estamos em sintonia com o Amor Divino,
amando seja amigo ou inimigo, então o Amor é uma coisa gentil trazendo paz.
Mas é gentil apenas enquanto estamos em sintonia com Ele. É como
eletricidade. A eletricidade é muito gentil e cordial dando luz, calor e energia,
desde que as leis da eletricidade sejam obedecidas. No minuto em que elas são
violadas ou trocadas, a eletricidade se torna uma faca de dois gumes. A Lei do
Amor é tão inexorável quanto a lei da eletricidade.
Agora, vamos ser muito claros em um ponto:
Não podemos prejudicar ninguém, e ninguém pode nos prejudicar. Ninguém
pode nos ferir, mas podemos nos prejudicar por uma violação da Lei do Amor.
A penalidade é sempre sobre aquele que está fazendo o mal, nunca sobre
aquele a quem o mal é feito. A injustiça que fazemos ao outro recaí sobre nós
mesmos; o roubo de outro nos rouba. A Lei do Amor torna inevitável que a
pessoa que parece ter sido prejudicada seja realmente abençoada. Ele tem
uma oportunidade maior de se levantar do que nunca, e geralmente algum
benefício maior vem a ele do que jamais sonhara ser possível. A prova
completa de que isso é verdade está na única palavra “Eu”. Deus é nossa
individualidade. Deus é meu “Eu” e Deus é o seu “Eu”. Deus constitui meu ser,
pois Deus é minha vida, minha alma, meu espírito, minha mente e minha
atividade. Deus é meu “Eu”. Esse “Eu” é o único “Eu” que existe – o meu “Eu” e
o seu “Eu”.
− Se eu roubar o seu “Eu”, a quem estou roubando?
− eu mesmo.
− Se eu mentir sobre o seu Eu, sobre quem estou mentindo?
− eu mesmo.
− Se enganar seu Eu, Qual Eu trapaceio?
− eu mesmo.
Existe apenas um Eu, e o que faço para outro, faço para o meu Eu.
O Mestre ensinou essa lição no vigésimo quinto capítulo de Mateus, quando
Ele disse:
“Visto que fizestes a um destes meus irmãos, fizestes a Mim”.
O que faço de bom para você, não está fazendo nada por você; na verdade é
para o meu próprio benefício. O que faço de mal para você, não vai machucá-
lo, pois você encontrará uma maneira de se recuperar deste mal; a reação de
fato recairá sobre mim. Devemos chegar ao lugar onde realmente acreditamos
e podemos dizer com todo o nosso coração:
“Existe apenas um Eu. A injustiça que estou fazendo a outro, estou fazendo
comigo mesmo. A falta de consideração que mostro a outra pessoa, estou
mostrando a mim mesmo”.
Somente nesse reconhecimento, o verdadeiro significado de fazer aos outros
o que gostaríamos que fizessem a nós é revelado.
Deus é um ser individual, o que significa que Deus é o único Ser, e não há
como ocorrer ferimento ou acontecer de o mal entrar para contaminar a
infinita pureza da Alma de Deus, nem nada que o mal possa atingir ou ao qual
possa se ligar. Quando o Mestre repetiu a antiga sabedoria: “Portanto, tudo
quanto quiserdes que os homens vos façam, assim também façam a eles,
porque esta é a lei dos profetas”.
Ele estava nos dando UM PRINCÍPIO. A menos que façamos aos outros o que
gostaríamos que os outros fizessem a nós, prejudicamos não os outros, mas a
nós mesmos. Neste estado atual da consciência humana, é verdade que os
maus pensamentos, atos desonestos e palavras impensadas que infligimos a
outros, prejudicam eles temporariamente, mas sempre no final, descobriremos
que o dano não era tão grande para eles como foi para nós mesmos.
Nos dias que estão por vir, quando os homens reconhecerem a Grande
Verdade de que: Deus é a individualidade de cada indivíduo, o mal que se
dirige a nós de outros nunca nos tocará, mas se voltará imediatamente sobre
aquele que o envia. Na medida em que reconhecemos Deus como nosso ser
individual, percebemos que nenhuma arma que é forjada contra nós pode
prosperar porque o único “Eu” é Deus. Não haverá medo do que o homem
pode fazer para nós, já que nosso Ser é Deus e não pode jamais ser ferido. Tão
logo a primeira realização desta verdade nos chega, não nos preocupamos
mais com o que nosso próximo faz para nós. De manhã, ao meio dia e a noite
devemos vigiar nossos pensamentos, nossas palavras e nossos atos para
assegurar que nós mesmos não somos responsáveis por qualquer coisa de
natureza negativa, que teria repercussões indesejáveis.
Isso não resultará em sermos bons porque temos medo de consequências
maléficas. A revelação do único “Eu” vai muito além disso. Permite-nos ver que
Deus é nossa individualidade, e que qualquer coisa de natureza errônea ou
negativa que emana de qualquer indivíduo tem poder apenas no grau em que
nós mesmos lhe damos poder. Assim, o que quer que seja do bem ou do mal
que fazemos aos outros, fazemos ao Cristo do nosso próprio ser. “Na medida
em que o fizestes a um dos menores destes meus irmãos, tendes feito a mim.”
Nesse entendimento, veremos que esta é a verdade sobre todos os homens, e
que o único caminho para o sucesso e satisfação em nossa experiência de vida
é entender o próximo como nosso Ser.
O Mestre nos instruiu especificamente sobre as maneiras pelas quais
podemos servir nossos semelhantes. Ele enfatizou a ideia de serviço. Sua
missão inteira era: curar os enfermos, ressuscitar os mortos e alimentar os
pobres.
No momento em que nos fazemos de “canais” para a saída do Amor Divino, a
partir desse momento, começamos a servir uns aos outros, expressando amor,
devoção e partilha, tudo em nome do Pai.
Vamos seguir o exemplo do Mestre e não buscar glória para nós mesmos.
Com Ele sempre foi: o PAI quem faz as obras. Nunca há espaço para a
autojustificação ou autoglorificação no desempenho de qualquer tipo de
serviço. Compartilhar de bens uns com os outros não deve ser reduzido a mera
filantropia. Algumas pessoas se perguntam por que se encontram sem nada
quando sempre foram tão caridosas. Eles se encontram em dias difíceis porque
acreditam ter dado de suas próprias posses; enquanto A Verdade é que: “a
Terra é do Senhor e toda a sua plenitude”. Se expressamos nosso amor por
nossos semelhantes, percebendo que não estamos dando nada de nós
mesmos, mas tudo é do PAI, de quem todo dom bom e perfeito vem do PAI,
então poderemos dar livremente e descobrir que, com toda a nossa doação,
ainda restam doze cestos cheios. Acreditar que estamos dando nossa
propriedade, nosso tempo ou nossa força reduz tal doação à uma mera
filantropia e não traz recompensa. A entrega verdadeira vem quando dar é um
reconhecimento de que “a Terra é do Senhor”, e que, se doamos nosso tempo
ou esforço, não estamos dando do nosso, mas a do Senhor. Então estamos
expressando o Amor que é de Deus.
Quando perdoamos, o Amor Divino está fluindo de nós. Ao orarmos por
nossos inimigos, estamos amando Divinamente. Orar por nossos amigos não
há proveito nenhum. As maiores recompensas da oração irão surgir quando
aprendemos a separar períodos específicos todos os dias para orar por aqueles
que nos usam inoportunamente, orar por aqueles que nos perseguem, orar
por aqueles que são nossos inimigos – não apenas inimigos pessoais, porque
há algumas pessoas que não têm inimigos pessoais, mas inimigos religiosos,
raciais ou nacionais. Aprendemos a orar: “Pai, perdoa-lhes; porque eles não
sabem o que fazem”. Quando oramos pelos nossos inimigos, quando oramos
para que os seus olhos se abram à Verdade, muitas vezes estes inimigos se
tornam nossos amigos.
Comecemos essa Prática em nossos relacionamentos pessoais: Se há
indivíduos com os quais não estamos em termos de harmonia, descobrimos
quando nos voltamos para dentro e oramos para que o amor fraternal e a
harmonia sejam estabelecidos entre nós, que em vez de inimigos, entramos
em um relacionamento de fraternidade espiritual com eles. Nosso
relacionamento com todos então assume uma harmonia e uma alegria
desconhecida.
Isso não é possível enquanto sentirmos antagonismo em relação a alguém.
Se estamos abrigando em nós ressentimento pessoal, ou se estamos nos
entregando ao ódio nacional ou religioso, preconceito ou fanatismo, nossas
orações são inúteis.
Devemos ir a Deus com as mãos limpas para orar e nos aproximar de Deus
com as mãos limpas, devemos abandonar nossos rancores. Dentro de nós
mesmos, devemos antes de tudo rezar a oração de perdão para aqueles que
nos ofenderam, uma vez que eles não sabem o que fazem; e em segundo
lugar, reconhecer em nós mesmos:
“Eu tenho um relacionamento com Deus como um filho e, portanto, eu me
relaciono com todo homem como um irmão.”
Quando estabelecemos esse estado de pureza dentro de nós mesmos, então
podemos pedir ao Pai:
Dá-me graça; dá-me entendimento; Dá-me paz; Dá-me hoje meu pão diário
– dá-me este dia pão espiritual, entendimento espiritual. Dá-me perdão,
mesmo por essas transgressões inofensivas, que inadvertidamente cometi.
A pessoa que procura por luz, graça, compreensão e perdão nunca falha em
suas orações.
A Lei de Deus é a Lei do Amor, a Lei de amar nossos inimigos – não temê-los,
não os odiar, mas amá-los. Não importa o que um indivíduo faça conosco, não
devemos revidar. Resistir ao mal, retaliar ou até mesmo buscar vingança
porque isso é reconhecer o mal como realidade. Se resistirmos ao mal, se o
refutamos, se nos vingarmos, ou se atacarmos, não estamos orando por eles,
que nos usam inoportunamente e nos perseguem.
Como podemos dizer que reconhecemos o bem, somente Deus como o único
poder, se odiamos o próximo ou fazemos mal a alguém?
Cristo é a verdadeira identidade e reconhecer uma identidade diferente de
Cristo é retirar-se da consciência de Cristo.
Amai os vossos inimigos, abençoe os que te amaldiçoam, faze o bem aos
que te odeiam e ore por aqueles que te maltratam e perseguem. Para que
sejais filhos do vosso Pai que está nos céus, porque Ele faz o sol se levantar
contra os maus e os bons, e faz chover sobre os justos e os injustos.
(Mateus 5:44, 45)

Não há outro caminho para ser o Cristo, o Filho de Deus. A mente de Cristo
não tem crítica, nem julgamento, nem condenação, mas contempla o Cristo de
Deus como a atividade do ser individual, como a sua alma e a minha. Os olhos
humanos não compreendem isso porque, como seres humanos, somos bons e
maus; mas, espiritualmente, somos os Filhos de Deus e, através da consciência
espiritual, podemos discernir o bem espiritual um do outro. Não há espaço na
vida espiritual para a perseguição, ódio, julgamento ou condenação de
qualquer pessoa ou grupo de pessoas.
Não é apenas inconsistente, mas hipocrisia, falar sobre o Cristo e nosso
grande amor a Deus uma hora, e, no segundo momento, falar
depreciativamente de um próximo de raça, credo, nacionalidade, filiação
política ou situação econômica de diferente status. Não se pode ser filho de
Deus enquanto se persegue e odeia alguém ou alguma coisa, mas apenas
conforme se vive em uma consciência de nenhum julgamento ou condenação.
A interpretação usual de “não julgar” é que não devemos julgar o mal de
ninguém. Na verdade, temos que ir muito além disso; não ousamos julgar nem
mesmo o bem a ninguém. Devemos ter o cuidado de não chamar ninguém de
bom, pois não devemos chamar mal a ninguém. Nós não devemos rotular
ninguém ou qualquer coisa como má, mas da mesma forma, não devemos
rotular ninguém ou algo tão bom. O Mestre disse: “Por que me chamas bom?
Não há bom senão Um, que é Deus.”
É o cúmulo do egoísmo dizer: “Eu sou bom; Eu tenho entendimento; Sou
moral; Sou generoso; Eu sou benevolente.” Se quaisquer qualidades do bem
estão se manifestando através de nós, não nos chamemos de bons, mas
reconhecemos essas qualidades como a atividade de Deus. “Filho, tu estas
sempre comigo, e tudo o que Eu tenho é teu.” Todo o bem do Pai é expresso
através de mim.
Um dos princípios básicos de O Caminho Infinito é que um estado humano
bom não é suficiente para garantir nossa entrada no Reino Espiritual, nem para
nos levar à unidade com a Lei Cósmica. Sem sombras de dúvida, é melhor ser
um bom ser humano do que um mau, assim como é melhor ser um estado
humano saudável do que doente; mas atingir a saúde ou alcançar a bondade,
em si e por si, não é viver a vida espiritual. A vida espiritual vem somente
quando nos elevamos acima do bem humano e do mal humano e percebemos:
“Não existem bons seres humanos ou maus seres humanos. O Cristo é a única
identidade.”
Então olhamos para o mundo e não vemos nem homens e mulheres bons,
nem homens e mulheres maus, mas reconhecemos Cristo como a realidade de
cada ser.
Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e lembre-se de que o teu irmão
tem algo contra ti; Deixa ali a tua oferta diante do altar e segue-te; primeiro
reconcilia-te com teu irmão e depois vem e oferece teu presente.
(Mateus 5:23, 24)

Se estivermos mantendo alguém em condenação como ser humano, bom ou


mau, justo ou injusto e não fizemos as pazes com nosso irmão então não
estamos prontos para a oração de comunhão com o Infinito Invisível. Nós nos
elevamos acima da justiça dos escribas e fariseus somente quando paramos de
ver o bem e o mal, e paramos de nos gabar sobre a bondade como se qualquer
um de nós pudesse ser bom. A bondade é uma qualidade e atividade somente
de Deus, uma vez que ela é Universal.
Nunca aceitemos um ser humano em nossa consciência que precise de cura,
emprego ou enriquecimento, porque, se o fizermos, seremos seu inimigo em
vez de seu amigo. Se houver algum homem, mulher ou criança que
acreditamos estar doente, pecando ou morrendo, não oremos até que
tenhamos feito as pazes com esse irmão. A paz que devemos fazer com esse
irmão é pedir perdão por cometer o erro de julgar qualquer indivíduo, porque
todo mundo é Deus em expressão. Tudo é Deus manifestado. Somente Deus
constitui este Universo; Deus constitui a vida, a mente e a alma de todo
indivíduo.
“Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” tem uma conotação
muito mais ampla do que simplesmente não espalhar rumores ou ceder às
fofocas sobre o nosso próximo. Não devemos manter nosso próximo no estado
de ser humano. Se dissermos: “Eu tenho um excelente vizinho”, estamos
dando falso testemunho contra ele, tanto quanto se disséssemos: “Eu tenho
um péssimo vizinho”, porque estamos reconhecendo um estado de ser
humano, às vezes bom e às vezes ruim. mas nunca Espiritual. Dar falso
testemunho contra o nosso próximo é declarar que ele é humano, que ele é
finito, que ele tem falhas, que ele é algo menos que o próprio Filho de Deus.
Toda vez que reconhecemos o estado ser humano de alguém, violamos a Lei
Cósmica. Toda vez que reconhecemos nosso próximo como pecaminoso,
pobre, doente ou morto, toda vez que reconhecemos que ele é diferente do
ser Filho de Deus, estamos dando falso testemunho contra nosso próximo.
Na violação dessa Lei Cósmica, nós atraímos nosso próprio castigo. Deus não
nos pune. Nós nos punimos porque se eu disser que você é pobre, eu
praticamente digo que sou pobre. Existe apenas um “Eu” … um único “Eu”;
qualquer verdade que eu saiba sobre você é a verdade sobre mim. Se aceito a
crença da pobreza no mundo, isso reage sobre mim. Se digo que você está
doente ou que não é gentil, estou aceitando uma qualidade à parte de Deus,
uma atividade à parte de Deus, e dessa forma estou me condenando porque
existe apenas um “Eu”. Em última análise, me convenço dando falso
testemunho contra o meu vizinho, e sou eu quem sofre as consequências.
A única maneira de evitar dar falso testemunho contra o próximo é perceber
que o Cristo é nosso próximo, que o nosso próximo é um Ser Espiritual, o Filho
de Deus, assim como nós. Ele pode não saber disso agora; nós também
podemos não saber disso; mas a verdade é: Eu sou Espírito; Eu sou alma; Eu
sou consciência; Eu sou expresso por Deus – e ele também é, bom ou mau,
amigo ou inimigo, ao lado ou através dos mares.
No Sermão da Montanha, o Mestre nos deu um guia e um código de conduta
humana para seguir enquanto vamos desenvolvendo a Consciência Espiritual.
O Caminho Infinito enfatiza os valores espirituais, um código espiritual que
resulta automaticamente em um bom estado humano. O bom estado humano
é uma consequência natural da identificação espiritual. Seria difícil entender
que o Cristo é a Alma e a vida do ser individual, e então brigar com o nosso
próximo ou difamar ele. Colocamos nossa fé, confiança e garantia no Infinito
Invisível, e não levamos em consideração as circunstâncias ou condições
humanas; nós os vemos em seu relacionamento verdadeiro. Quando dizemos:
“Amarás o teu próximo como a ti mesmo”, não estamos falando de amor,
afeição ou amizade humanos; estamos mantendo nosso próximo na identidade
espiritual, e então vemos o efeito dessa identificação correta na imagem
humana.
Muitas vezes achamos muito difícil amar o próximo porque acreditamos que
nosso vizinho está entre nós e o nosso bem. Deixe-me lhe assegurar que isso
está longe de ser verdade. Nenhuma influência externa para o bem ou o mal
pode agir sobre nós. Nós mesmos liberamos o nosso bem. Entender o
significado completo disso requer uma transição de consciência. Como seres
humanos, pensamos que existem aqueles indivíduos no mundo que podem, se
quiserem, serem bons para nós; ou pensamos que existem alguns que são uma
influência para o mal, dano ou destruição. Como isso pode ser verdade se Deus
é a única influência em nossa vida – Deus, que é “mais próximo. . . do que
respirar, e mais perto que mãos ou pés?
A única influência é a do PAI interior, que é sempre bom. “Não poderias ter
poder algum contra mim, a não ser que te fosse dado do Alto.”
Quando percebemos que a nossa vida está se desdobrando de dentro do
nosso próprio ser, chegamos à conclusão de que ninguém na Terra jamais nos
feriu, e ninguém na Terra jamais nos ajudou. Toda mágoa que já chegou à
nossa experiência tem sido o resultado direto de nossa incapacidade de
contemplar esse Universo como Espiritual. Nós olhamos para ele com louvor
ou condenação, e não importa qual foi, nós trouxemos uma penalidade sobre
nós mesmos. Se olharmos para trás ao longo dos anos, poderíamos quase
esboçar as razões de toda a discórdia que entrou em nossa experiência. Em
todos os casos, é a mesma coisa – sempre porque vimos alguém ou algo que
não era espiritual.
Ninguém pode nos beneficiar; ninguém pode nos prejudicar. É o que sai de
nós que retorna para abençoar ou nos condenar. Criamos o bem e criamos o
mal. Criamos o nosso próprio bem e criamos o nosso próprio mal. Deus
também não faz; Deus É. Deus É um Princípio de Amor. Se estamos de acordo
com esse princípio, então trazemos o bem para a nossa experiência; mas se
não estamos de acordo com esse princípio, então trazemos o mal para nossa
experiência. O que quer que esteja fluindo de nossa consciência, aquilo que
está saindo em segredo, está sendo mostrado ao mundo em manifestação
externa.
O que quer que emana de Deus na consciência do homem, individual ou
coletivamente, é poder. O que é que emana de Deus e opera na consciência do
homem, senão o amor, a verdade, a perfeição, a totalidade – todas as
qualidades de Cristo?
Porque existe apenas um Deus, um Poder infinito, o amor deve ser a
emoção controladora nos corações e almas de cada pessoa na face da Terra.
Agora, em contraste com isso, estão aqueles outros pensamentos de medo,
dúvida, ódio, ciúme, inveja e ressentimentos, que são provavelmente os mais
importantes na consciência de muitas das pessoas do mundo. Nós, como
buscadores da verdade, pertencemos a uma pequena minoria daqueles que
receberam a comunicação de que os maus pensamentos dos homens não são
poder; eles não têm controle sobre nós. Nem todo pensamento maldoso ou
falso na Terra tem qualquer poder sobre você ou sobre mim quando
entendemos que o Amor é o único poder. Não há poder no ódio; não há poder
no ressentimento; não há poder no rancor, luxúria, ganância ou ciúme. Há
poucas pessoas no mundo que são capazes de aceitar o Ensinamento de que o
Amor é o único poder e que estão dispostos a “se tornarem uma criança
pequena”. Aqueles que aceitam este ensinamento básico do Mestre, no
entanto, são aqueles a quem Ele disse:
… Eu te agradeço, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, que tu tens escondidos estas
coisas dos sábios e prudentes, e as revelou aos meninos: assim também Pai;
pois assim parecia bom aos teus olhos.… Bem-aventurados os olhos que vêem
as coisas que vedes: Pois eu digo que muitos profetas e reis desejaram ver as
coisas que vedes, e não as vestes; e ouvir as coisas que ouvistes e não as
ouviste. Lucas 10:21, 23, 24
Uma vez que aceitamos esse importantíssimo ensinamento do Mestre e
nossos olhos enxergam além da aparência, conscientemente perceberemos
diariamente que todas as pessoas no mundo estão capacitadas com o amor do
Alto, e que o Amor em sua consciência é o único poder, poder do bem para
vós, para mim e para si próprio; mas que o mal no pensamento humano, se
toma a forma de cobiça, ciúme, luxúria ou louca ambição, não é poder, não
deve ser temido ou muito menos odiado. Nosso método de amar nosso irmão
como a nós mesmos está nessa percepção:
O bem em nosso irmão é de Deus e é poder; o mal em nosso irmão não é
poder, não tem poder contra nós e, em última análise, nem mesmo poder
contra ele mesmo, uma vez que ele despertar para a Verdade. Amar nosso
irmão significa conhecer a Verdade sobre nosso irmão; saber que, naquele
que é de Deus, é poder, e que naquele que não é de Deus, não é poder. Então
estamos amando verdadeiramente nosso irmão.
Séculos de ensino ortodoxo instilaram em todos os povos do mundo uma
sensação de separação, de modo que eles desenvolveram interesses separados
e apartados uns dos outros e também separados do mundo em geral. Quando
dominamos o princípio da Unidade, porém esse princípio se torna uma
convicção profunda dentro de nós, nessa unidade o leão e o cordeiro podem
se deitar juntos.
Isto é provado ser verdade através de uma compreensão do significado
correto da palavra “Eu”. Uma vez que realizamos a primeira percepção da
verdade de que o Eu de mim é o “Eu” de você, o “Eu” de você é o “Eu” de mim,
então veremos porque não temos interesses separados uns dos outros. Não
haveria guerras, conflitos de espécie alguma, se pudesse ficar claro que o ser
real de todos no Universo é o único Deus, o único Cristo, a única Alma e o
único Espírito. Tais benefícios ajudam um e o outro por causa dessa Unidade.
Nessa união espiritual, encontramos nossa paz um com o outro. Se
experimentarmos isso, veremos rapidamente como isso é verdade. Quando
vamos ao mercado, percebemos que todos que encontramos são os mesmos
que somos, que a mesma vida o anima, a mesma Alma, o mesmo amor, a
mesma alegria, a mesma paz, o mesmo desejo pelo bem. Em outras palavras, o
mesmo Deus está entronizado em todos aqueles com quem entramos em
contato. Eles podem, no momento, não estarem conscientes desta Presença
Divina dentro de seu ser, mas eles responderão como nós a reconhecermos
isto neles. No mundo dos negócios, seja entre nossos colegas de trabalho,
nossos empregadores ou nossos funcionários, seja entre concorrentes, seja em
relacionamentos administrativos e trabalhistas, mantemos essa atitude de
reconhecimento:
Eu sou você. Meu interesse é seu interesse; seu interesse é meu, pois a vida
única anima o nosso ser, a única Alma, o único Espírito de Deus. Tudo o que
fazemos um pelo outro, fazemos por causa do Princípio que nos une.
Uma diferença é imediatamente perceptível em nossos relacionamentos
pessoais, em nossos relacionamentos comerciais e em nossos relacionamentos
com a comunidade – em última análise, em relacionamentos nacionais e
internacionais. O momento em que desistimos do nosso senso humano de
separação, este Princípio torna-se operativo em nossa experiência. Nunca
falhou e nunca deixará de produzir frutos ricos. Todos estão aqui na Terra,
mas com um propósito, e esse propósito é mostrar a Glória de Deus, a
Divindade e a plenitude de Deus. Nessa compreensão, seremos colocados em
contato apenas com aqueles que são uma bênção para nós, pois somos uma
bênção para eles. No momento em que olhamos para uma pessoa para o
nosso bem, podemos encontrar hoje o bem e, o mal amanhã. O bem espiritual
pode vir através de você para mim do PAI, mas não vem de você. Você não
pode ser a Fonte de qualquer bem para mim, mas o PAI pode usar você como
um instrumento para o Seu bem fluir através de você para mim. Então, quando
olhamos para nossos amigos ou nossa família nessa Luz, eles se tornam
instrumentos de Deus, do bem de Deus, alcançando-nos através deles.
Estamos sob a Graça, assumindo a posição de que todo o bem emana do PAI
interior. Pode parecer que vem através de inúmeras pessoas diferentes, mas é
uma emanação do bem, de Deus de dentro de nós. Qual é o princípio?
“Ama o teu próximo como a ti mesmo.”
Ao obedecer a este mandamento, amamos amigos e inimigos; oramos pelos
nossos inimigos; perdoamos, embora seja 70×7; não damos falso testemunho
contra o nosso próximo, mantendo-o em condenação; nós julgamos não como
bons ou maus, mas vemos através de toda aparência a identidade de Cristo – o
Eu Único que é o seu Eu e o meu Eu. Então pode ser dito de nós:
… Vem, abençoado de meu Pai, herde o Reino preparado para você desde a
fundação do mundo: Porque tive fome, e me deste alimento; estava com sede e
me deste de beber; eu era um forasteiro, e me acolhestes; nu, e me vestistes;
adoeci, e me visitastes; estive na prisão, e viestes a mim. Então os justos lhe
responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome e te demos de
comer? Ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos forasteiro e te
acolhemos? Ou nu, e te vesti? Ou quando te vimos doente, ou na prisão, e
viemos a ti? E o Rei responderá e dirá a eles: Em verdade vos digo que, na
medida em que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, o fizestes a
mim.
(Mateus 25: 34-40)

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