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In Memorian
Marry, a gatinha do rabo torto.
Que deu seu último suspiro enquanto eu terminava de escrever esta
história.
Tente não enlouquecer os anjos, minha querida neném.
Um dia nos encontraremos nas nuvens.
Alguns anos antes de nossa história realmente começar...
Sofia
Rafael
Desgraçada.
Fernanda havia estragado meu coração. Nunca consegui me
apaixonar por outra mulher, porque ela sempre vinha em meus
pensamentos. Agora, eu sempre achava que elas se aproximavam
de mim pelo dinheiro que eu tinha.
Então eu tinha apenas encontros casuais. Mulheres que
passavam em minha cama e nada mais. Jurei nunca mais entregar
meu coração a ninguém e era assim que eu levava a vida.
Durante os anos, tive o desprazer de encontrar Fernanda em
algumas festas, afinal, ela era amiga de Andrew. Ao ver que ela
nunca mais me teria de volta, chegou a fazer propostas para sermos
amantes.
Só que eu nunca caí em sua lábia. Se eu quisesse, poderia tê-
la usado, porque ela era bem deliciosa na cama.
Mas não.
Eu não era esse tipo de homem.
Fernanda e Marcelo haviam se casado e, pelo que eu sabia, a
empresa de ambos não estava bem das pernas. Só que isso não
me importava.
O telefone do meu quarto tocou, atraindo-me de volta dos
meus pensamentos.
— Sim? — respondi, em inglês.
— Seu carro já chegou, senhor — o rapaz da recepção
respondeu, também na mesma língua.
— Ok. Obrigado.
Desliguei o telefone, olhei para minha única mala e depois
olhei ao redor do quarto.
Viver em hotéis era o que eu mais fazia nos últimos anos.
Talvez eu devesse comprar um apartamento em Nova York.
Facilitaria muito a minha vida.
Márcia.”
Cochilei por uma hora e depois fiquei quase uma hora debaixo
do chuveiro, pensando na droga que a minha vida era.
Coloquei uma roupa leve, um short jeans larguinho e uma
camiseta branca. Deixei os cabelos soltos para secarem
naturalmente. Então saí do quarto e desci as escadas. Ao chegar ao
último degrau ouvi as vozes furiosas de Aninha e Helena.
— Você não quer me deixar brincar com o Rabbit! — Aninha
gritou e cruzou os braços. — Eu vou contar tudo para o meu pai!
— Você não sabe brincar com ele! — Helena devolveu. — Tio
Rafa! Diz pra ela que não pode apertar o coelho, senão ele morde!
Rafael estava sentado no sofá, de costas para a escada. As
duas estavam na sua frente, talvez tentando fazer com que ele
chegasse a uma posição entre elas.
— Aninha, você apertou o coelho? — Rafa perguntou,
tentando manter a seriedade na voz.
Ela abriu a boca e começou a chorar.
— Não, não chora! — Ele a puxou para os braços e a colocou
em seu colo. — A Helena vai deixar você brincar com ele.
Ela continuou chorando.
— Tia Sof! — Helena levantou o rosto e me viu. Aproximei-me
deles.
— Nossa, mas que briga é essa? — Rafael me olhou como se
pedisse socorro. — Aninha?
— A He-Helena nã-não me-me deixa... — Ela tentou falar.
— Eu ouvi vocês falando, quer dizer, brigando. — Suspirei e
me sentei ao lado de Rafael, puxando-a para o meu colo. — Você
sabe que não pode apertar o Rabbit. Ele é muito sensível e pode te
machucar.
Aninha adorava animais e no sítio tinham muitos coelhos,
gatos e cachorros. Andrew dizia que na capital ficava complicado
cuidar deles, mas no sítio a festa era liberada. Então Aninha
escolheu alguns coelhos e um deles era o seu favorito. Rabbit. No
entanto, ele era o mais arisco também.
— Eu só estava tentando proteger ela, tia — Helena se
explicou.
— Eu sei, querida.
Balancei Aninha por um bom tempo, até que ela se acalmou.
— Quer que a tia vá com você brincar com o Rabbit? —
perguntei.
— Não precisa, Sof. — A voz de Cristina, babá de Helena,
surgiu vindo da cozinha. — Julia pediu que eu olhasse as duas.
Mas pela sua cara não tinha sido só um “pedido”. Só não
queria imaginar quanto Julia havia pagado à babá para cuidar de
duas.
Aninha pulou do meu colo, pegando na mão de Helena.
— Vão lá brincar. E parem de brigar, hein?! — adverti.
Elas saíram correndo com a outra babá.
Rafael riu e depois de alguns instantes em silêncio, disse:
— Como você consegue ser assim?
— Assim como?
— Sei lá, tão paciente com crianças... elas te adoram.
Dei de ombros.
— Acho que eu sempre fui assim. Eu gosto delas.
— Você será uma ótima mãe — Rafael disse. Meu coração
deu uma pontada.
— E você também será um bom pai.
Ele riu e depois negou com a cabeça.
— Essa é a última coisa que quero na vida.
Fiquei em silêncio.
O que eu poderia dizer?
Rafael estava no auge de sua vida, conquistando mundos e
fundos. Claro que uma família não estava nos seus planos.
— Ahn, você não queria dar uma volta lá fora? — perguntei,
mudando de assunto. — Acho que logo vai escurecer.
Rafael assentiu e ficou em pé, me puxando pela mão.
— Vamos rápido então, porque a vista é linda. — Ele
entrelaçou nossos dedos e saímos pela porta da frente. — Você já
foi até o lago, né?
— Já, sim.
Continuamos caminhando, até que demos de cara com outro
casal, que parecia estar vindo do lago.
— Eita, nóis — resmunguei.
— Ora, ora. — Fernanda e Marcelo pararam na nossa frente,
quase um metro de distância. — Então é verdade que vocês são o
casal do ano.
Marcelo e sua voz de garoto mimado. Segurei para não revirar
os olhos.
— É... — Rafael soltou minha mão e me abraçou. — Acredito
que somos, mesmo.
Fernanda me encarou de cima a baixo.
— Você não é a babá da filha do Andrew? Como isso
aconteceu?
Ouvi o desdém em sua voz, porém, não me deixei abalar.
— Quando duas pessoas se gostam... elas ficam juntas. Claro,
quando se gostam de verdade — falei, dando uma risadinha. — É
assim que acontece.
Ela fechou o semblante.
— Bem, não dei meus parabéns lá dentro. — Marcelo
estendeu a mão e nós a apertamos, mesmo que fosse a última
coisa que queríamos fazer naquele momento. — Desejo felicidades.
— Obrigado, Marcelo — Rafael assentiu.
— É, desejo o mesmo — Fernanda disse, mas seu rosto
demonstrava outra coisa.
— Vocês estão indo ao lago? — Marcelo perguntou, passando
um braço pelos ombros da esposa.
Nós assentimos.
— Ah, sim. A vista lá é ótima.
— É, sim — Rafael concordou. — Bom, nós vamos logo,
porque senão iremos perder o pôr do sol.
— Hummm, programa romântico. — Marcelo deu uma piscada
e depois riu. — Vão lá, estamos tomando o tempo de vocês.
Nós nos despedimos e eles se foram na direção da casa.
Rafael pegou minha mão novamente e continuamos descendo
uma pequena colina que levava ao lago.
— Ela está me odiando — cantarolei.
— Mais do que ele me odeia? — Rafael bufou. — Impossível.
Olhei para Rafa de esguelha.
— Será que ele ainda te odeia?
— E não? — Ele ergueu uma sobrancelha. — Nos últimos
anos, eu ultrapassei a empresa deles e peguei vários clientes
poderosos. É claro que ele me odeia. E se ele souber que Fernanda
ainda tenta algo comigo, depois de tantos anos, vai me odiar ainda
mais.
— Será que há um jeito nos livrarmos dessa cruz? — perguntei
baixinho.
— Talvez. — Rafael me fitou. — Quem sabe um dia.
Abri um pequeno sorriso e continuei concentrada em nossa
caminhada.
Se Fernanda estava daquele jeito, eu não queria nem imaginar
como Paulo estava. Seria preciso fugir dele o tempo todo.
Rafael tinha razão quando disse que a vista do pôr do sol na
beira do lago era linda. Era impressionante, na verdade.
Sentamo-nos em um banco de madeira posicionado ali para
quem gostava de apreciar uma imagem como aquela.
— E então, Sof — Rafael se acomodou ao meu lado —, como
estão as coisas? Nós conversávamos pelo telefone, mas sempre
foram conversas rápidas nesses últimos meses.
Suspirei lentamente. Ah, se ele soubesse.
— Está tudo bem — menti. — Minha avó teve um problema de
infecção urinária, esses tempos atrás, mas já está melhor.
Conseguimos um médico bonitão e ela disse que só iria tomar os
remédios por causa dele. — Parei. — Dá para acreditar?
— Dá, sim. — Rafael deu uma risada gostosa. — Mas se
precisar de qualquer coisa, sabe que pode contar comigo. — Ele
colocou a mão sobre a minha.
Desci o olhar até onde sua mão estava e meu coração se
apertou.
Ah, Rafa... bem que podia ser você o pai do meu bebê.
— Obrigada.
Ele sorriu e a levantou, depositando um beijo entre os meus
dedos.
— Imagina. Você é a única pessoa que me aguentou por todos
esses anos e, aliás, a única que guarda os meus segredos mais
sombrios.
Ele deu uma piscadela e eu sorri.
Realmente eu era a única pessoa que sabia a fundo sobre o
desastre do relacionamento dele com Fernanda Casablanca.
— Nunca contou à Julia a verdade?
— Não. — Ele colocou minha mão na sua coxa e olhou para o
lago. — Não quero que ela pense que seu irmão é um patético.
— Você não é patético — retruquei. — Você é um bom
homem, que cometeu o erro de entregar seu coração a alguém que
não valia nada.
Ah, céus. Às vezes eu falava demais.
Rafael me olhou de volta e levantou a mão, colocando uma
mecha do meu cabelo atrás da orelha.
— Você é muito gentil, Sofia — ele disse baixinho. — Aliás, eu
não sei se disse isso, mas... — Ele sorriu. — Você está ainda mais
bonita do que a última vez que a vi.
Seu elogio me pegou desprevenida.
— O... obrigada.
— É sério. — Ele me olhou com mais intensidade. — Não sei o
que aconteceu nesses últimos meses, mas você está diferente
também.
Seria o instinto da maternidade?
Como eu poderia explicar a ele esse detalhe?
Bem, não havia explicações, então resolvi mudar de assunto.
— Você vai voltar para os Estados Unidos?
Ele retirou a mão do meu rosto e voltou a olhar para o lago.
— Acredito que daqui a dois meses. Por enquanto, meu
trabalho está aqui.
Abri um meio sorriso.
Pelo menos, por dois meses eu teria um amigo ao meu lado.
Rafael
Céus.
O problema era que quando esse dia chegasse, mulheres do
mundo inteiro certamente chorariam.
— Vamos? — Rafael interrompeu meus pensamentos.
— Claro, desculpe. Obrigada pelo elogio.
Ele sorriu e abriu a porta do carona para mim.
Rafael estava com outro carro, um SUV preto, muito bonito.
— Trocou de carro? — perguntei, enquanto colocava o cinto.
— Não... apenas tirei este da garagem. — Ele sorriu. — O
outro já está sendo preparado para você.
Ah, o acordo envolvendo a EcoSport, claro.
Rafael ligou o carro e nos levou pelas ruas de São Paulo até
um restaurante na área mais rica da cidade. Quis xingá-lo por fazer
isso, mas ele apenas deu um sorriso e disse que a comida
compensava o valor.
O restaurante era lindo.
Ele era decorado de forma rústica, mas também havia
bastante vegetação ao seu redor. Na parte de trás, segundo Rafael,
havia um jardim e alguns bancos para sentar e aproveitar o clima.
Havia também uma música ambiente, música clássica. Era um lugar
aconchegante.
Rafael me guiou até o mezanino, onde uma mesa muito bem-
arrumada já nos esperava.
— Tenho que confessar uma coisa — ele disse, assim que nos
sentamos e o garçom nos entregou os cardápios.
— O quê?
— Eu comprei este restaurante.
Arregalei os olhos levemente.
— Sério?
Ele balançou a cabeça afirmativamente.
— Que bom, Rafa. — Sorri de volta e pousei minha mão sobre
a dele em cima da mesa. — Fico feliz por você estar realizando
todos os seus sonhos.
Ele me encarou e sorriu singelamente.
— Você é a primeira pessoa que eu trago aqui, desde então.
Meu coração se apertou. Um pouco por alegria, nessa frase
que toda mulher gostaria de ouvir, mas também de tristeza por
saber que aquilo era apenas amizade.
Ah, como seria bom se esse homem realmente me amasse.
— Obrigada, Rafa. — Recolhi minha mão e voltei a me atentar
ao cardápio.
Nós escolhemos os pratos. Uma entrada de saladas e o prato
principal: massa, porque era o que mais gostávamos de comer.
Rafael pediu vinho para ele e uma jarra de suco de laranja para
mim, já que eu não podia beber álcool.
Quando o garçom voltou com nossos pedidos, Rafael pegou
da mão dele e disse que podia deixar por sua conta.
Habilmente ele me serviu, o que me deixou um pouco
desconfortável enquanto olhava para seus braços fortes e suas
mãos viris segurando a jarra, despejando o líquido em minha taça.
O olhar de Rafael encontrou o meu e eu tive que desviar. O
que eu estava pensando, pelo amor de Deus? Àquela altura, até no
meio das minhas pernas já começava a sentir uma leve pressão.
Os médicos diziam que mulheres grávidas tinham um apetite
sexual maior do que o normal.
Se isso fosse verdade, que Deus me ajudasse.
Rafael encheu sua própria taça e sorriu novamente para mim.
— Você está calada hoje, Sof. Aconteceu alguma coisa?
— Não... eu só estou pensando em algumas coisas.
Tipo, em como seria bom suas mãos no meio das minhas
pernas.
Ele ergueu uma sobrancelha.
— Que me envolva diretamente?
Ah, danadinho. Ele sabia.
Dei de ombros.
— Quem sabe.
Rafael pegou a taça e a ergueu, como em um brinde.
— Ao bebê que você está esperando? — ele perguntou.
Ergui minha taça também e abri um sorriso tímido.
— Ao bebê.
Nós sorrimos um para o outro e brindamos.
Rafael e eu comemos, bebemos e conversamos sobre coisas
aleatórias. Com ele era fácil conversar, rir e debochar de situações
engraçadas. Com ele eu me sentia leve, animada, conseguia
enxergar as coisas de outras perspectivas.
Com ele eu conseguia esquecer que o pai do meu bebê era
um cretino, que queria que eu abortasse.
— Espero que Paulo não tenha dado às caras — Rafael falou,
erguendo uma das sobrancelhas.
— Ele não apareceu.
Rafael relaxou no assento.
— Ótimo. Espero que ele não apareça mesmo — ele disse
baixinho, mas eu ouvi.
— Como disse?
Ele me encarou.
— Ahn, como está a sua avó?
— Está bem — disse, pousando o talher no meu prato. —
Semana que vem tem consulta com o médico bonitão. Ela está toda
animada.
Rafael riu abertamente.
— Sua avó é demais. Eu gosto muito dela.
— Ela também gosta muito de você. Inclusive, ela acha que eu
deveria lhe fazer uma proposta.
— Ah, é? Qual? — ele perguntou, interessado. — Se for um
namoro de mentira, incluindo ser pai de mentira, já estamos nessa.
Eu ri.
— Não é isso. — Balancei a cabeça. — Ela acha que eu devo
abrir um café, tipo uma doceria, para poder vender as guloseimas
que eu gosto de fazer. Ela acha que eu devo fazer uma sociedade
com você.
Os olhos de Rafael brilharam de interesse.
— Eu me lembro que você comentou algo sobre abrir um café,
alguns anos atrás, mas depois não disse mais nada. Desistiu do
sonho?
— Não, é que... — Olhei para a minha taça vazia e suspirei. —
É um dinheiro que eu não tenho. Bom, agora talvez eu possa vender
o carro que você vai me dar e com o dinheiro dele conseguir realizar
esse sonho.
Rafael assentiu e bebeu o restante do vinho.
— Podemos conversar sobre isso em outro momento. Eu
adoro investir meu dinheiro.
— Talvez, quem sabe. Se bem que... acho melhor não — falei,
encarando-o novamente.
Nós já tínhamos negócios demais “em comum”, se assim
pudéssemos dizer.
Eu só esperava que nosso acordo e nossa amizade não
chegassem ao fim quando tudo isso acabasse.
Rafael me encarou por um longo instante. Depois pediu a
sobremesa.
Rafael
1 – Com os dentes.
2 – Usando uma tesoura. Mas aí corria o risco de machucá-la.
3 – Agindo como uma pessoa normal e abrindo o zíper.
Tenho fragmentos
De uma vida com você
E tantos intervalos só
De longe, mas querendo crer
Sofia
Rafael
“Espero por você no bar que há neste hotel. Coloque o vestido que
separei para você no closet.
Seu marido, Rafa.”
— Você acha que vai ficar legal colocar o berço deste lado? —
Julia perguntou. — Talvez, desse outro...
— Mas eu gostei do desenho que a designer fez — falei,
mexendo o açúcar na minha xícara de chá. — Vai ficar legal.
Julia assentiu.
— Não vejo a hora de começar a fazer isso também — ela
disse, animada. — Mas, no meu caso, ainda vai demorar um tempo.
Minha gravidez é muito recente.
E a barriga dela nem tinha começado a aparecer.
— Andrew deve estar extasiado — falei.
— Ah, ele está. — Ela sorriu. — Queremos que seja um
menino, para fazer companhia à Ana. Mas se não for, tudo bem
também.
— Eu já não vejo a hora de nascer — falei. — Cada dia me
sinto mais pesada, mais cansada. Tem dias que quero comer até o
reboco das paredes.
Julia riu.
— Bem, cada mulher reage de um jeito, né?! — Ela deu de
ombros. — Bom, vou deixar isso aqui. — Julia deixou uma sacola
com algumas decorações para o quarto perto das caixas. — E o
Rafa, como está? — ela perguntou, enquanto saíamos do quarto. —
Faz semanas que não o vejo.
— Trabalhando muito. Depois que voltamos de viagem, ele
entrou de cabeça no trabalho.
— Mas espero que ele esteja te dando à devida atenção. —
Julia me olhou de esguelha.
— Ah, sim. Ele está. — Dei um meio sorriso. — Esses dias
apenas que ele voltou mais tarde que o normal.
Julia e eu descemos as escadas e fomos direto para o sofá da
sala.
— Desculpa me intrometer nisso, mas — ela passou as mãos
pelos cabelos castanhos — a vida sexual, está ativa?
Respirei fundo e bebi o restante de chá.
— Confesso que esses dias ando muito cansada e sem
vontade alguma.
— Bem, são os hormônios. Eu também tinha picos de desejo
sexual como também picos de desejo de matar Andrew. — Ela riu.
— Pobrezinho do meu marido.
— Mas isso passa, né? — perguntei.
— Passa. Claro. — Ela sorriu. — Vocês só precisam ter
diálogo aberto. Para que não haja interpretações erradas.
Assenti lentamente.
Rafael e eu conversávamos bastante, mas nunca sobre
nossos sentimentos e às vezes eu achava que isso era péssimo.
— Tem visto a Fernanda? — perguntei, como quem não queria
nada.
— A vi esses dias — Julia respondeu. — Ela estava saindo do
escritório de Andrew.
— Hum.
— Pelo que sei, Andrew está à frente da negociação em nome
do Rafael — ela disse, tentando me tranquilizar. — Mas não sei
exatamente como anda essa negociação, porque eles enrolaram
demais. Agora quem quer enrolar os dois é Rafael.
Dei uma risadinha.
— Se eu fosse ele, nem me enfiava nesse negócio.
— Eu também acho. — Julia cruzou as pernas. — Mas
homens não podem ver a palavra “dinheiro” que ficam loucos. E
talvez ele queira esfregar essa pequena vitória na cara da
Fernanda. Sabe que até hoje eu não sei exatamente por que os dois
se odeiam tanto, mas eu acho que o Rafa deve ter um bom motivo.
Rafael e Fernanda na mesma frase era algo que não me
agradava. Nem um pouco. Mas eu não queria falar isso em voz alta.
— E Paulo... apareceu novamente? — Julia perguntou
baixinho.
Neguei com a cabeça.
— Ele rejeitou a criança. Não há motivos para ele aparecer.
— Se ele fizer alguma gracinha, não hesite em contar ao Rafa,
hein?! — Ela apontou o dedo. — Não quero vocês correndo riscos
desnecessários.
— Pode deixar.
Julia e eu ficamos mais um bom tempo conversando. Ela me
contou que estava gostando da nova babá da Ana, mas que ela
ainda precisava aprender a controlar a menina.
Eu gostava de conversar com Julia, porque a hora passava
mais rápido. Agora como eu não trabalhava mais e não podia fazer
muitas coisas devido à gravidez, os dias pareciam passar
lentamente.
— Você precisa sair um pouco. — Julia me deu um abraço
quando já estava na porta, indo embora. — Por que não vai visitar o
Rafa? Garanto que ele irá adorar receber sua visita. — Ela olhou
para os lados e deu uma risadinha sugestiva. — Bebês podem ser
gerados em cima da mesa de um escritório, sabia?
— Meu Deus, Julia.
Ela riu.
— Bem — ela ergueu um ombro —, nossos maridos são ricos
e lindos, se não nos colocarmos na posição de esposa, as
vagabundas acham que podem dar em cima deles. Ouça meu
conselho. Vá assegurar o que é seu.
Dei um último sorriso e me despedi de Julia.
Quando fechei a porta, me encostei nela e repassei toda
aquela tarde em minha cabeça.
Julia tinha razão, afinal de contas.
Já fazia quase um mês que havíamos voltado às nossas vidas
e eu não tinha ido visitar Rafael nem um dia. Talvez estivesse na
hora de fazer isso e mostrar que eu também me interessava pelo
que ele fazia.
Amanhã eu faria isso.
— Dona Márcia? — gritei, enquanto ia para a sala.
— Sim, querida? — Ela apareceu minutos depois.
— Pode me preparar um banho bem relaxante e depois uma
panqueca de chocolate com morangos?
— Pode deixar. Quer doce de leite na panqueca?
— Quero!
— A senhora quer que tire o prato do senhor Rafael? — dona
Márcia perguntou, ao ver que eu já havia terminado meu jantar.
Suspirei.
— Pode tirar.
Ela tirou rapidamente nossos pratos, então me levantei,
olhando em meu celular se havia alguma mensagem. No WhatsApp
a última mensagem que Rafael havia me mandado, foi às 13h,
dizendo que estava saindo para almoçar com um cliente importante.
Sentei-me no sofá e assisti a um pouco de televisão, até que a
dona Márcia se despediu e foi embora.
O relógio marcava 20h.
Olhei no celular e não havia nenhuma mensagem.
Resolvi subir para o quarto e tomar um banho. Enchi a
banheira, e mergulhei, tentando esquecer que na última semana o
meu marido estava chegando muito tarde em casa.
Eu estava grávida, inferno. Será que ele não se importava
mais?
Calma, Sofia. Ele está trabalhando.
Saí da banheira quando a água já estava esfriando e vesti um
pijama comum. Liguei a TV do quarto e me enfiei debaixo dos
lençóis.
O cansaço me venceu e eu fechei os olhos gradualmente.
Não sei quanto tempo se passou, mas fui acordada com beijos
demorados em meu pescoço. Mãos sedentas percorriam meu
corpo, dedos acariciavam meus seios.
— Rafa? — resmunguei, ainda sonolenta.
— Perdão por não ter vindo jantar — ele sussurrou em meu
ouvido. — Trabalhei como um condenado hoje.
Sua boca veio até a minha em um beijo sedento, possesso.
Não sabia dizer, mas ele já deveria ter tomado banho, pois seu
cabelo estava molhado, sua barba recém-feita e ele cheirava ao seu
sabonete favorito.
— Você me perdoa, Sofia? — ele perguntou, deslizando uma
mão para dentro da minha calcinha.
— Perdoo.
Ele massageou minha carne e foi impossível resistir.
Entreguei-me à paixão dele.
Rafael não demorou nas preliminares, mas garantiu que eu
atingisse o orgasmo. Depois me penetrou e estocou com vontade,
como se estivesse sedento disso havia dias.
Bem, eu não podia culpá-lo. Nossa vida sexual não estava tão
ativa quanto no começo de tudo.
Quando acabou, ele se deitou ao meu lado e puxou a coberta
para nos cobrir. Depois acariciou meu rosto e meus cabelos.
— Como vocês estão?
— Estamos bem.
Ele deu um meio sorriso.
— Durma. Já se passa da meia-noite.
Arregalei os olhos.
Meia-noite?
— Você trabalhou até agora? — perguntei baixinho, mas o
pânico podia ser sentido em meu tom.
— Não, querida. — Ele alisou meu rosto. — Trabalhei até às
21h. Depois dei uma passada na casa da Julia, porque precisava
falar com Andy. Cheguei às 23h, mas você já estava dormindo.
— Ah, sim...
Abracei Rafael e tentei acalmar meus pensamentos.
Acredite nele, Sofia.
Mas como eu podia acreditar em um homem que sequer
conseguia me amar?
Sofia
Rafael
Rafael
Sofia
Amo vocês.
Olívia Molinari.
São muitas pessoas que preciso agradecer aqui, mas em
primeiro lugar: a Deus, que é o meu amor maior. Quem me dá
forças nos momentos de tristeza e desânimo. Depois, às minhas
leitoras que gostam e apoiam o meu trabalho. Eu amo todas vocês.
Bah Pinheiro, minha revisora e amiga para todos os momentos. Às
meninas da Sala da Justiça, às meninas do Clube do Chá das
Cinco, onde nos reunimos para falar sobre os nossos amores
platônicos por cavalheiros de época. Aos pastores e bispos da igreja
Universal, lugar onde encontrei paz e abrigo nos momentos mais
difíceis da vida. Aos meus pais e, principalmente ao meu marido,
que não mede esforços para me ver feliz.
Muito obrigada!
Nascida e criada em Jacareí, interior do Estado de São Paulo,
Olívia é casada e mamãe de um gato laranja. Desde criança sempre
foi apaixonada por livros, gastando horas dentro da biblioteca da
escola. Aos quinze anos começou a escrever fanfics que
conquistaram leitoras em sites como Nyah! Fanfiction. Sempre
gostou de criar personagens femininas fortes, que apesar de seus
conflitos interiores, lutam pelos seus sonhos. Acredita que os livros
transformam as pessoas.
E-mail:
autoraoliviamolinari@gmail.com
Instagram:
@oliviamolinarii
Grupo no Facebook:
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O bebê, a secretária & o CEO
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Sinopse:
Julia Souza almeja a mesma coisa que todo mundo após sair da
faculdade: encontrar o emprego dos sonhos e ser bem-sucedida.
Então em um lance com a sorte, Julia é chamada para fazer
entrevista em uma grande empresa no ramo de Tecnologia. Ela
consegue a vaga e vai trabalhar para o meio americano, meio
brasileiro, Andrew Sanches.
Apesar de exigente, Andrew se mostra um bom chefe, até o dia em
que uma encomenda deixada na recepção o pega desprevenido.
Um bebê e um bilhete anunciando que Andrew é o pai.
Então, desesperado, com uma ex-noiva que não aceita o fim do
relacionamento, sem saber quem foi a louca que deixou um bebê
em seu escritório, Andrew recorre à única pessoa que lhe transmitiu
confiança nos últimos dias: sua nova secretária.
E é nessa jornada que a vida de ambos vai mudar completamente.
Uma proposta conveniente
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Sinopse:
Sinopse:
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Sinopse:
Sinopse:
Sinopse:
Lauren Stewart sonha com o dia em que será uma estrela do Rock.
A convite de sua melhor amiga, Jessica, ela parte para a Califórnia
em busca de novas oportunidades que poderão colocá-la no
caminho do sucesso. Porém, Lauren não contava que um acidente
de trânsito mudaria sua vida, ao colocar Bruce Hastings em seu
caminho.
Bruce é um empresário, apaixonado por sua única filha, mas que
carrega consigo um passado terrível e cheio de mágoas. Entretanto,
suas convicções serão colocadas em jogo quando conhecer a
rebelde Lauren, que não abaixará a cabeça mediante as suas
“regras”.
Lauren e Bruce são completamente diferentes, mas, aos poucos,
vão perceber que aquela famosa lei de que “os opostos se atraem”
faz mais sentido do que um dia já imaginaram.
Notas
[←1]
Uma hipótese suposição ou especulação é uma formulação provisória, com
intenções de ser posteriormente demonstrada ou verificada, constituindo
uma suposição admissível.
[←2]
Bonnie Elizabeth Parker e Clyde Chestnut Barrow foram um casal de criminosos
norte-americanos que viajavam pela região central dos Estados Unidos da América
com sua gangue durante a Grande Depressão, roubando e matando pessoas quando
encurralados ou confrontados.
[←3]
Dementadores são não-seres das trevas, considerados uns dos mais sujos
a habitar o mundo. Dementadores se alimentam de felicidade humana e,
assim, causam depressão e desespero para qualquer um perto deles.
[←4]
Déjà vu é o termo francês que significa literalmente "já visto". Este termo é
usado para designar a sensação que a pessoa tem de já ter vivido no
passado um exato momento pelo qual está passando no presente, ou de
sentir que um local estranho é familiar.
[←5]
Érick Jacquin é um chef de cozinha francês, naturalizado brasileiro, que atua
na América Latina. Tornou-se mais conhecido após entrar como jurado no
talent show MasterChef, transmitido no Brasil pela Band e pelo Discovery
Home & Health
[←6]
Em Harry Po er, os bruxos não falam o nome do Lorde Voldemort, adotando assim
a frase “aquele que não deve ser nomeado”
[←7]
Personagem da Walt Disney, o Tio Pa nhas, considerado o pato mais rico do Mundo,
tem acumulada uma fortuna que faz dele o dono de um vasto império empresarial
espalhado pelos quatro cantos do planeta.