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RESUMO CAPÍTULO V de “Os Maias”

Este capítulo dá-nos informação muito importante para ficarmos a conhecer o


ambiente social e familiar da família Maia, mais precisamente de Carlos e do avô.

Em primeiro lugar, mostra-nos como são passados os serões no Ramalhete em que


participavam ambos os personagens e seus amigos. Enquanto um grupo, constituído
por: D. Diogo, General Sequeira, Vilaça (procurador da família Maia) e Afonso da Maia,
jogava Whist no escritório do anfitrião, um outro jogava bilhar: o Conde Steinbroken,
O marquês de Souselas, Cruges, o músico e o Silveirinha, que virá a ser mais referido,
na obra, como Eusebiozinho. De vez em quando Steinbroken animava o serão ,
cantando para os amigos “cançonetas brejêras”, como o próprio diz, uma vez que
estavam presentes só homens. Ou, então Cruges tocava piano.

Durante este encontro, através das conversas dos presentes e da narração/descrição


do narrador, vamos conhecendo melhor quem é Carlos da Maia e o ambiente social
em que se insere. Por exemplo, a descrição de alguns aspectos do Ramalhete é
reveladora do luxo e bem estar em que vivem avô e neto. Quanto aos convivas,
mostram-nos representantes da élite da sociedade lisboeta de finais do sec. XIX,
incluindo, por exemplo, a política (Steinbroken), a banca (Cohen), a nobreza (Marquês
de Souselas) …

De entre os vários temas de conversa, salientamos o primeiro êxito clínico de Carlos,


ao curar a mulher do padeiro do bairro, o que, evidentemente, é um “feito” para este
círculo de amigos. E, ainda a novidade de que João da Ega pretende instalar-se em
Lisboa ou o negócio entre Eusébiozinho e o marquês de Souselas “que havia semanas
que se arrastava”, tentando este último vender “uma parelha de éguas”, por um preço
superior ao que valiam.

Mais tarde, Taveira junta-se ao grupo e diz ter-se encontrado com os Cohen e João da
Ega e com os condes de Gouvarinho, descrevendo estes a Carlos, que ainda os não
conhecia.

É também neste capítulo, que o laboratório de Carlos fica pronto, mas este não tem
tempo para se ocupar dele, ocupado com a sua vida de luxo, imaginando grandes e
variados projectos que se revelam inconsistentes e que nos comprovam o seu
diletantismo. A ideia de fundar uma revista, que lhe fora sugerida por Ega, é deixada
também para trás. É ainda Ega quem propõe a Carlos travar conhecimento com o
conde e condessa de Gouvarinho, insinuando que esta estaria muito interessada nele.
Antevendo a aventura, Carlos, a princípio renitente, acaba por mudar de opinião.
Particularmente interessante é a entrada na acção do Conde de Gouvarinho, que
personifica o político imbecil, que do alto do seu pedestal, apresenta como
descobertas muito importantes as maiores vulgaridades.
Finalmente destacamos que é , neste capítulo, que surge pela primeira vez Dâmaso
Salcede, personagem que irá ter influência , no desenrolar da acção.

Relativamente ao tempo da acção, neste capítulo, toda ela tem lugar durante a noite,
no espaço físico do Ramalhete e no Teatro S. Carlos, onde Ega apresenta Carlos aos
Gouvarinho.

Relativamente à estrutura do romance, pensamos correto integrar este capítulo na


Crónica de costumes, ligada ao subtítulo – Episódios da vida Romântica, embora,
estejam presentes Afonso e Carlos da Maia, pois é sobretudo como a família convive
(com quem e como) que o narrador aproveita para caracterizar e criticar a sociedade e
os seus vícios, através de personagens que os tipificam.

Para ilustrar algumas características de linguagem em Eça de Queirós, transcrevemos o


seguinte excerto:

“E em torno do bilhar Carlos encontrou o mesmo silêncio de solenidade. O marquês,


estirado sobre a tabela, com a perna meio no ar, o começo de calva alvejando à luz
crua que caía dos abat-jours de porcelana, preparava a carambola decisiva. Cruges,
que apostara por ele, deixara o divã, o cachimbo turco, e coçando com um gesto
nervoso a grenha crespa que lhe ondeava até à gola do jaquetão, vigiava a bola
inquieto, com os olhinhos piscos, o nariz espetado. Do fundo da sala, destacando em
preto, o Silveirinha, o Eusebiozinho de Santa Olávia, estendia também o pescoço,
afogado numa gravata de viúvo, de merino negro e sem colarinho, sempre
macambúzio, mais molengo que outrora, com as mãos enterradas nos bolsos – tão
fúnebre que tudo nele parecia complemento de luto pesado …”

 uso do adjectivo ( estirado, crua, decisiva ….) e adjectivação expressiva


( fúnebre, macabúzio))
 empréstimos: abat-jours
 gerúndio: coçando, destacando
 diminutivo: olhinhos, Silveirinha …
 diferentes registos de língua: uma linguagem mais poética , na narração: 1ª
frase do excerto. E um registo mais corrente, na descrição das personagens.

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