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Resumo do capítulo V d’Os Maias

Neste momento da ação, toma-se contacto com alguns tipos sociais, nomeadamente a
família dos Gouvarinhos e dos Cohen, gente da política e da banca. Já agora é
importante que se recorde a definição de personagem tipo (personagem que representa
um grupo social, pretendendo-se, através dela, criticar os vícios da classe a que
pertence). Conhece-se o teatro da vida burguesa, com os seus representantes, entregues
a uma vida de diletantismo e de ociosidade. São apontados, como locais de encontro e
espaço físico da vida social, o Chiado, o Rossio, os cafés e o teatro de S. Carlos.
CAPÍTULO V
De regresso a casa, após uma visita à sua primeira doente, uma bela rapariga de origem
alsaciana, casada com um padeiro do bairro, que tinha sido atingida por uma
pneumonia, Carlos ainda veio encontrar o avô envolvido numa partida de whist com os
seus amigos. Afonso sentia-se grato para com esta doente, que possibilitava o
reconhecimento de Carlos como médico, tendo por isso chegado a enviar-lhe umas
garrafas de Bordéus.
Carlos pediu informações acerca de Ega, que andava desaparecido, e entretanto Vilaça
esclareceu que ele tinha aparecido no escritório, indagando sobre os preços da
decoração do consultório de Carlos. Constava-se que Ega pretendia montar casa e, na
opinião de Vilaça, ele vinha talvez meter-se na política, mas, segundo D. Diogo, a
ocupação de Ega relacionava-se com uma mulher.
No Ramalhete jogava-se também bilhar e discutia-se política. Cruges alegrou o
ambiente com a sua música, tocando piano. Os escudeiros serviam bebidas (St Emilion,
Porto, ponche quente), croquetes e sanduíches.
É feita uma descrição da sala, referindo-se o seu luxo, a sua decoração, estilo
Luís XV, as tapearias, as poltronas, etc.
Vilaça confidenciou com Eusebiozinho acerca das extravagâncias dos Maias,
referindo o facto de Carlos ter “ tomado uma frisa de assinatura “, em S. Carlos, quando
afinal ia tão poucas vezes ao teatro, acabando a frisa por ser mais frequentemente
ocupada pelos amigos. Gastava-se muito em esmolas, pensões, empréstimos que nunca
mais eram pagos, não se fazendo reservas de dinheiro, embora a casa tivesse
rendimentos bastantes para suportar todas as despesas.
Conversando-se sobre ópera,Taveira fez alusão ao conde Gouvarinho, par do
reino, e à sua mulher, condessa de Gouvarinho. Este casal também tinha tomado uma
frisa de assinatura no teatro, ao lado da de Carlos. Respondendo a uma pergunta de
Carlos sobre o seu amigo Ega, Taveira esclareceu ainda que o tinha visto na frisa dos
Cohens e fizeram-se comentários sobre a possível aventura de Ega com Raquel Cohen,
mulher do banqueiro Cohen. Os convivas foram, entretanto, abandonando o Ramalhete.
O laboratório de Carlos estava finalmente pronto e Carlos tinha entretanto ganho
alguma fama de médico, devido à cura de Marcelina, a mulher do padeiro. Tinha, assim,
alguns doentes no bairro e recebia algumas visitas no consultório. Os colegas que, a
princípio, lhe atribuíam algum reconhecimento, começaram a considerá-lo “ um asno “,
devido à sua reduzida clientela. Carlos pouco mais fazia do que ocupar-se dos seus
cavalos, do seu luxo e do seu bricabraque (objetos de arte / antiguidades). Para além
disto, tinha escrito dois artigos para a “ Gazeta Médica “, planeava escrever um livro
com o título “ Medicina Antiga e Moderna “ e sentia-se, ainda, atraído pela ideia de
criar uma revista, proposta por Ega, que entretanto se esquivava a discutir este plano,
pois andava sempre fugido, sendo visto no teatro na companhia dos Cohen.
Ega dizia que andava muito ocupado a procurar casa, mas era visto a deambular
constantemente pelo Chiado e pelo Loreto, em jeito de aventura. O romance do Ega já
começava a ser comentado no “Grémio “ e na “ Casa Havanesa “.
Um dia Ega irrompeu pelo consultório de Carlos, para lhe ler um excerto do seu livro, “
Memórias de um Átomo “, um capítulo que remetia para a Idade Média, sobre os
amores contrariados de uma judia por um poeta e cavaleiro. Carlos percebeu
perfeitamente, nessa judia, a representação da amada Raquel Cohen. Uns dias depois,
Carlos encontrou num jornal uma referência à leitura deste capítulo das “ Memórias de
um Átomo “, em casa dos Cohen, num artigo que causou a indignação de Ega, que não
gostou das apreciações dos jornalistas.
Ega falou a Carlos no interesse que a família Gouvarinho tinha manifestado em
conhecê-lo, sobretudo a condessa. Carlos lembrou-se, então, dos olhares que madame
Gouvarinho lhe dirigia à noite, no teatro. Carlos foi então essa noite a S. Carlos, mas a
saída revelou-se inútil, porque esse dia não estavam presentes nem Ega nem os Cohen
nem os Gouvarinho. Ao deitar-se, em conversa com Baptista, o seu criado de quarto,
Carlos procurou obter informações sobre a família dos Gouvarinhos, já que Baptista
conhecia o criado de quarto do conde. Carlos soube então que o conde era um sovina,
que tinha oferecido ao criado um fato já em tão mau estado que o criado o tinha deitado
fora. Além disso o casal também não se dava bem, tendo o criado presenciado uma cena
em que madame Gouvarinho tinha partido a loiça, durante uma discussão.
Carlos foi finalmente apresentado aos Gouvarinho, uma noite, em S. Carlos. A
condessa observou a Carlos que o tinha visto, no verão, em Paris. No final do
espectáculo, o conde mostrou-se honrado por conhecer um homem com a distinção de
Carlos, e a condessa informou-o que recebiam às terças-feiras.

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