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Iara Saldanha | Luíz Kleim | Mariana Correia | Nicole Correia | Vinícius Colaço

“OS MAIAS” | ESPAÇO SOCIAL DA CRÓNICA DE COSTUMES

Ao subtítulo de “Os Maias”, Episódios da Vida Romântica, corresponde uma crónica de


costumes. Estes episódios, descritos ao longo da obra, têm como objetivo elaborar o relato da
sociedade portuguesa na segunda metade do século XIX.

Eça de Queirós brinda-nos com um conjunto de personagens que representam grupos de


classes sociais e as mentalidades da época, com o propósito de realçar aos leitores da obra o
estado de corrupção aprontado da sociedade portuguesa, assim como os seus vícios e
costumes.

Capítulo XV
Nos acontecimentos anteriores ao episódio do Sarau no Teatro da Trindade, Carlos é
informado de um artigo difamador, onde são denunciados o passado de Mª Eduarda e a
relação deles os dois. Carlos exige saber quem o escreveu e descobre que os autores haviam
sido Dâmaso e Eusebiozinho. O Jovem envia Ega e Cruges numa cruzada pela sua honra ou a
vida de Dâmaso, que termina com este a escrever uma carta de desculpas onde afirmava ser
um bêbado. Após ser provocado por Dâmaso, Ega publica a carta no jornal com o intuito de o
humilhar.

Capítulo XVI
O Capítulo XVI da obra “Os Maias” é certamente o mais crucial de toda a história, pois é aquele
onde se dá a ação desencadeadora da tragédia.

Carlos e Ega decidem comparecer ao Sarau no Teatro da Trindade para ouvirem Cruges e
Alencar, que nessa noite iriam marcar presença. Aí, escutam o discurso de Rufino sobre a
família real, a Sonata patética de Cruges e Alencar com a declamação do seu poema, um
exemplo legítimo de realismo, que encanta a audiência com o seu arbítrio sobre o estado
político português.

Ega conhece Guimarães, um de tio de Dâmaso, que mais tarde lhe diz ter um cofre da mãe de
Carlos para entregar à família. No decurso da conversa, Ega descobre que Carlos tem uma irmã
e Guimarães diz tê-los visto numa carruagem com Ega, Carlos e a irmã, Mª Eduarda. Chocado
com o facto perturbante, Ega pede auxílio a Vilaça para divulgar a verdade a Carlos.

Sarau no Teatro da Trindade


Neste episódio, evidencia-se o gosto dos portugueses pelos valores arcaicos e é demonstrada a
ausência de espírito crítico e analítico, bem como a falta de cultura por parte da alta burguesia
e da classe aristocrata.

Durante o Sarau intervêm personagens de destaque como Rufino, um orador que pregava a
“caridade” e o “progresso”, retratando a encerebração mental daqueles que o ouviam. A sua
eloquência, dominada pela retórica e a impregnação de artificialismos barrocos e
ultrarromânticos traduz a inexistência da sensibilidade literária da época. Cruges, que
representa aqueles que se distinguiam pelo verdadeiro amor à arte e à cultura moderna,
expõe a futilidade das ações célebres e das conversas acríticas do público. A sua atuação não
foi bem recebida pela plateia, o que o transformou no fracasso da noite. Alencar declamou “A
Democracia”, onde o poeta alia a poesia à política numa encenação exuberante, que manifesta
a sua grande emoção por ter escutado “uma voz saída do fundo dos séculos” que o levava a
almejar a República, desejada até então por muitos.

Entre estes três intervenientes, são também mencionadas as personagens de Ega, Carlos, Sr.
Guimarães, Taveira, D. Maria da Cunha, Teles Darque, Prata, Condessa e Conde de Gouvarinho
e, por fim, o Marquês.

À custa do episódio, o Sarau no Teatro da Trindade, Eça de Queirós procura censurar a


sociedade portuguesa quanto ao seu atraso cultural, como em casos de celebração de arte
sem qualidade e no desconhecido de artistas famosos da época. O escritor sublima ainda o
modo de vida imprudente e inano das altas classes do século XIX.

Capítulo XVII
Posteriormente ao episódio anterior, Vilaça e Ega contam a verdade a Carlos, que
desacreditado procura o avô na esperança de que lhe desminta tal história, no entanto não
será esse o caso. Afonso da Maia confia ainda a Ega estar a par do caso entre Carlos e Mª
Eduarda e ao ter conhecimento de que o neto continua a encontrar-se com a jovem, mesmo
depois de saber que eram irmãos, o velho morre desgostoso. Carlos lacrimoso e desolado,
culpa-se a si mesmo pela morte do avô e após o enterro, parte para Sta. Olávia. Num ato de
cobardia, pede a Ega que conte tudo a Mª Eduarda.

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