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OS MAIAS

Este episódio pertence à crónica de costumes de “OS MAIAS” e está inserido no cap. XVI,
além de irmos assistir a um Sarau, este episódio tem uma grande importância para o
desenvolvimento da intriga principal, pois associado a um espetáculo “divertido” surge a
“tragédia”, criando assim um grande impacto de contrastes “FESTA VS DESGRAÇA”.
A grande ausência da família real no espetáculo de beneficência é a maior crítica à
monarquia e a sociedade da época.
João da Ega surge neste capítulo como sendo a personagem principal, pois é ele que de
repente descobre que Carlos da Maia e Maria Eduarda são irmãos, através do tio de
Dâmaso, o Sr. Guimarães, este pensando que todos já sabiam da verdade entrega o cofre
de Maria Monforte a João da Ega.

SARAU –» Provém do latim “Serãnu, de serus - «Tardio»


--» É um espetáculo/reunião noturno no qual contém dança, poesia, música,
oratória discursiva (esta era muita apreciada pela sociedade lisboeta daquela época).

“SARAU DO TEATRO DA TRINDADE” (cap. XVI)


Personagens Intervenientes

Rufino, o Orador – representa o modo de como os ricos viam a monarquia;


Cruges, o Pianista – representa todos os que possuem um verdadeiro amor à arte;
Alencar, o Poeta ultra romântico;
Guimarães, tio de Dâmaso, é o portador da verdade sobre Carlos e Mª Eduarda;
João da Ega, mensageiro do amor incestuoso entre Carlos e Mª Eduarda;
Carlos da Maia;
Marquesa do Soutal, mulher sem cultura, a qual critica a sonata de Cruges como
“Sonata Pateta”;
Eusébiozinho.

Objetivos deste Sarau

Destinava-se a ajudar as vítimas das cheias do Ribatejo;


Reunir as classes mais destacadas, incluindo a família real;
Apresentar um tema muito apreciado pela sociedade lisboeta;
Revelar aspetos caricatos da sociedade lisboeta;
Imitar mais uma vez as capitais europeias “Sarau- em francês – Soirée”;
Criticar o Ultra Romantismo que inundava o público;
Contrastar o clima de festa com o de tragédia.

Críticas

Eça de Queirós dá novamente muito destaque à sátira social, retratando fielmente


mais uma vez a sociedade lisboeta.
Neste capítulo a crítica social é dirigida essencialmente ao provincianismo do país
e ao atraso cultural visível em todas as classes sociais portuguesas, pelo
desconhecimento da arte, evidencia-se o gosto dos portugueses, dominados por
valores caducos, com raízes num sentimentalismo educacional e social
ultrapassado.
Existe uma grande ausência de espírito crítico e analítico da alta burguesia e da
aristocracia nacional demonstrando a sua falta de cultura, o desinteresse pela arte
e cultura em geral, pois toda a plateia ri, goza e fala alto no momento de atuação
de alguém que deviriam ter respeito e consideração, em vez disso acham que a
sonata tocada nada tem a ver com a sociedade portuguesa, deveria antes tocar
uma “melodia” alegre tipo uma cantiga popular. O objetivo da ida destas pessoas
ao Sarau acaba por revelar que é simplesmente social e não cultural, ou seja, só
desejam mostrar-se à sociedade.

Resumo

Neste capítulo Mª Eduarda já estava instalada na Rua de S. Francisco e o romance


entre ela e Carlos já era vivido sem sobressaltos, fazendo planos para o futuro.
Terminado o jantar Ega insistia com Carlos para irem ao sarau de beneficência no
Teatro da Trindade que era para ajudar as vítimas das cheias do Ribatejo.
Inicialmente Carlos rejeita o convite, mas depois lembrando-se que o seu amigo
Cruges era um dos participantes decide então ir. Carlos e Ega assistiram à oratória
de Rufino, que discursou “Tudo sobre a caridade, sobre o progresso!”, sendo
aplaudido pela plateia; ouviram o recital de Cruges, que tocou ao piano a "Sonata
Patética", de Beethoven, e acabou por ser um “fiasco completo”, sendo apelidada
pela marquesa do Soutal como a sonata de “Pateta”, pois deveria ser algo
sentimental e triste, mas acabou por ser motivo de riso, fazendo com que Cruges
saísse sem terminar; presenciaram o triunfo do “lirismo humanitário e sonoro” de
Alencar, que foi o último a atuar, após um intervalo de dez minutos como no “circo”,
recitou um poema da sua autoria "A Democracia" sempre intercalando com idas ao
botequim, para “espairecer a impaciência”, termina com fortes aplausos, com
propostas sociais imaginárias de uma República em que o milionário abre os
braços ao operário e lhe sorri. É também no botequim que Ega trava conhecimento
com o Sr. Guimarães, o tio do Dâmaso que pretendia esclarecer sobre a carta que
Ega obrigou Dâmaso a assinar devido ao que foi publicado no jornal, após este
esclarecimento ficam amigos.
Carlos apercebendo-se que Eusébiozinho ia sair do sarau, foi atrás dele e cobrou-
lhe com uma tareia a intervenção que tivera no caso da Corneta. Carlos e Ega,
desencontram-se no regresso a casa. O Sr. Guimarães sabendo que Ega era
íntimo de Carlos da Maia pede-lhe que entregue a ele ou à sua irmã Mª Eduarda o
cofre da mãe destes que continha documentos importantes, pois esta tinha-lhe
confiado antes de morrer. Ega descobre que Carlos tem uma irmã e o Sr.
Guimarães, diz tê-los vistos aos três juntos numa carruagem, Ega fica então a
saber que os dois amantes são irmãos, continuando a conversa percebe que tudo
condiz com o que Mª Eduarda contara a Carlos sobre a sua história de vida. Com o
cofre em sua posse, Ega corre para o Ramalhete e atordoado sem saber o que
fazer devido a esta revelação,pede ajuda a Vilaça, para que seja ele a dar a
notícia a Carlos.

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