1. Breve apresentação da obra; 2. Biografia do autor; 3. Explicação do capítulo XVII; 4. Caracterização de Carlos neste capítulo; 5. Conclusão “Os Maias, a obra-prima de Eça de Queirós e considerada por muitos o maior romance português de sempre, centra-se na história da família Maia e dos amores incestuosos entre Carlos da Maia e a sua irmã Maria Eduarda. Além de uma trágica história de amor, Os Maias é ainda feroz e mordaz crítica à sociedade decadente a nível político e cultural do final do século XIX e ao diletantismo da alta burguesia lisboeta oitocentista, com o humor satírico e refinado tão característicos do autor.” José Maria Eça de Queirós foi um escritor português. Autor da obra “O Crime do Padre Amaro”, considerada o marco inicial do Realismo em Portugal. Nascido no dia 25 de novembro de 1845 na cidade de Póvoa de Varzim, Portugal. Filho de pai brasileiro, mãe portuguesa e foi criado pelos avós paternos. Era aluno interno no Colégio da cidade do Porto e ingressou em 1861 na Universidade de Coimbra, onde se formou em Direito em 1866. Exerceu a advocacia e seus primeiros trabalhos no jornalismo. Em 1867, já na cidade de Évora, dirigiu o jornal de oposição “O Distrito de Évora”. Voltou para Lisboa e iniciou como escritor no folhetim “Gazeta de Portugal”. Em 1869, atuando somente como jornalista, assistiu a inauguração do Canal de Suez no Egito, vivência que inspirou a criação da obra “O Egito”. Em 1871 escreveu a novela policial “O Mistério da Estrada de Sintra”, com a colaboração do escritor Ramalho Ortigão. Nesse mesmo ano lançou o folheto mensal "As Farpas", recheado de sátiras direcionadas à sociedade portuguesa. Em 1871, Eça de Queirós profere uma conferência no Cassino de Lisboa, com o tema "O Realismo Como Nova Expressão de Arte". Em 1872 ingressa na carreira diplomática e é nomeado cônsul em Havana, sendo transferido para a Inglaterra em 1874. Em 1888 foi nomeado cônsul em Paris e publicou "Os Maias", história de uma família durante três gerações e uma das mais importantes da literatura portuguesa. “Os Maias” encerra uma crónica de costumes, retratando, com rigor fotográfico e muito humor, a sociedade lisboeta da segunda metade do século XIX. Vale principalmente pela linguagem em que está escrita e pela fina ironia com que o autor define os caracteres e apresenta as situações. É um romance realista (e naturalista), onde não faltam o fatalismo, a análise social, as peripécias e a catástrofe próprios do enredo passional. A obra ocupa-se da história de uma família (Maia) ao longo de três gerações, centrando-se depois na última geração e dando relevo aos amores incestuosos de Carlos da Maia e Maria Eduarda. Mas a história é também um pretexto para o autor fazer uma crítica à situação decadente do país (a nível político e cultural) e à alta burguesia lisboeta oitocentista, por onde perpassa um humor (ora fino, ora satírico) que configura a derrota e o desengano de todas as personagens. Eça de Queirós morreu na França no dia 16 de agosto de 1900. Foi o único escritor português a conquistar fama internacional na sua época, sendo considerado o maior representante da prosa realista em Portugal. Agora, está na hora de prosseguirmos para a apresentação do décimo sétimo capítulo. Ega tem em mãos a tarefa difícil de fazer chegar a Carlos a revelação de que ele é irmão de Maria Eduarda. Faltando-lhe a coragem, incumbe o procurador Vilaça de entregar ao amigo o cofre deixado por Maria Monforte. Vive-se um momento dramático, tendo em conta a mudança de rumo que seguem os amores das duas personagens principais do romance. A ação avança precipitadamente em direção a um desfecho trágico. No Ramalhete, Ega foi acordado por Baptista às sete horas da manhã. Não tendo coragem para revelar a verdade a Carlos acerca do seu parentesco com Maria Eduarda, inventou uma ida a Sintra como desculpa para não passar a tarde com o amigo. Para resolver o problema da entrega a Carlos dos papéis que o senhor Guimarães lhe confiara, Ega havia marcado um encontro com o procurador Vilaça. Quando Ega finalmente se encontrou com o procurador, contou-lhe toda a história, incumbindo-o de revelar a verdade a Carlos. Vilaça apareceu então no Ramalhete e expôs a situação a Carlos. Sentindo-se desesperado, Carlos convocou a presença do avô, na esperança de que houvesse um desmentido, mas o avô não tinha respostas para lhe dar. Afonso revelou a Ega que conhecia a relação que unia Carlos a Mª Eduarda e que naquele momento se tornava incestuosa. Entretanto Carlos planeou uma mentira para ganhar tempo, enquanto não contava a Mª Eduarda a verdade sobre eles. Contudo Carlos, na presença de Mª Eduarda, não soube lhe resistir e cometeu incesto conscientemente, por vontade própria. Apesar da grande paixão que existia entre ambos, Carlos começou então a sentir repugnância física por Maria Eduarda, devido à consciência de que ela era sua irmã e começara também a ter consciência do sofrimento que causava a seu avô, ao seu amigo Ega e a si próprio. Uma noite, quando regressava de um encontro com Maria Eduarda, procurando entrar sub-repticiamente em casa, sem ninguém dar conta, cruzou-se com o avô, que o esperava, para o acusar com o seu olhar reprovador, sem lhe dizer uma palavra. Na manhã seguinte Carlos foi chamado ao jardim, onde os criados tinham encontrado o seu avô morto, caído sobre a mesa. Carlos sentiu-se culpado e atormentado pelo remorso, pois sabia que o seu avô tinha morrido de desgosto. Afonso da Maia, depois de ter enfrentado todos os desaires da sua vida, não conseguiria sobreviver à dura prova de ver o seu neto a cometer incesto voluntariamente. Após o funeral do avô, Carlos viajou para a quinta de Santa Olávia, deixando dinheiro a Ega para que o entregasse a Mª Eduarda, juntamente com o conteúdo da carta de Mª Monforte. Maria partiu então no comboio que a levaria a França. Ega acompanhou-a até ao Entroncamento, onde saiu, para depois ir ao encontro de Carlos à quinta de Santa Olávia. A leitura deste capítulo permite-nos reconhecer uma característica do caráter de Carlos, que é hereditária. Assim, apesar da educação à inglesa a que fora sujeito, com o propósito de se fazer um homem de caráter forte, ele acaba por se revelar um ser frágil, num momento em que precisa de pôr determinadamente um termo à sua relação incestuosa. Neste momento da ação Carlos assemelha-se ao pai, mostrando-se incapaz de tomar uma decisão e adiando sempre para mais tarde a tarefa de revelar a verdade a Maria Eduarda. O romance poderia certamente terminar neste momento da ação, mas o certo é que a vida de Carlos continua, assim como a do amigo Ega, de Mª Eduarda e da filha… E assim sendo, o que irá acontecer na vida destas personagens? Como irá ser o seu final? Provavelmente, estas são algumas das perguntas às quais teremos resposta no capítulo seguinte.