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O funcionamento da economia e os problemas ecológicos

Os trinta anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial (“Os trinta Gloriosos”) foram marcados por um forte
crescimento económico. Ainda assim, em termos ambientais, este foi um período marcado pela destruição do
ambiente e dos recursos naturais.

Assim, o custo dos milagres económicos do pós-guerra traduziu-se em verdadeiras crises ecológicas marcadas pela
incapacidade de a natureza absorver os resíduos produzidos pelas atividades humanas, Ex.: empobrecimento da
biodiversidade, esgotamento dos recursos, destruição da paisagem natural)

mecanismo de mercado nem sempre funciona como a solução mais eficiente, podendo gerar-se ineficiências, ou seja,
falhas de mercado.

Uma falha de mercado traduz-se numa situação em que o mercado deixado por sua conta não consegue a alocação
dos recursos.

Estas falhas de mercado associam-se à existência de externalidades e de bem públicos.

1. Externalidades
As atividades económicas provocam alguns impactos a vários níveis, quer na sociedade, na natureza quer nas
relações humanas. Alguns desses impactos são secundários em relação ao objetivo principal que motiva a atividade,
são difíceis de avaliar (medir/ contabilizar) e só são evidenciáveis a longo prazo.

As externalidades referem-se aos efeitos positivos ou negativos (em termos de custos ou benefícios) gerados pelas
atividades da produção ou consumo exercidos por um agente económico, e que se referem nos outros agentes, este
efeito não está refletido no sistema de preços.

 Externalidades positivas- são os efeitos positivos que uma atividade impõe a um terceiro não
relacionado. Semelhante a uma externalidade negativa, pode surgir tanto do lado da produção quanto do
lado do consumo.
Temos como exemplo a vacinação, uma vez que esta beneficia tanto aos que as recebem quanto aos que não as
recebem, tendo em conta que a incidência de contágio diminui drasticamente.

 Externalidade negativas- são atividades económicas que impõem efeitos negativos a um terceiro
relacionado com esta. Pode surgir tanto durante a produção quanto no consumo de um bem ou serviço.
Temos como exemplo de uma externalidade negativa a poluição emitida por uma fábrica, uma vez que esta poluição
acaba por prejudicar a saúde dos moradores que vivem nos arredores desta fábrica, ou até mesmo afetar o próprio
meio ambiente, pois, o aquecimento global tem vindo a crescer cada vez mais devido a este fator.

Estas externalidades ocorrem quando uma empresa ou um indivíduo, no desenvolvimento da sua atividade, não
suporta a totalidade dos custos inerentes à sua atividade.

No caso de determinadas externalidades negativas, o custo social da produção ou de consumo do bem responsável
pela emissão poluente é superior ao seu custo económico. O Estado, perante estas situações, deverá intervir,
utilizando dois instrumentos: a fiscalidade e a regulamentação.

fiscalidade: aplicação de impostos ambientais com base no princípio do poluidor-pagador. Orienta-se, na atualidade,
pelo princípio da responsabilidade ambiental, ou seja, devem pagar os danos ambientais que causaram.
É assim, desincentivada a produção ou o consumo do bem, aumentando o seu custo, o que, influenciará a empresa
e/ou o consumidor a encontrar soluções ou tecnologias menos poluentes ou mesmo limpas.

regulamentação: implementação, por parte do Estado, de legislação sobre uma determinada situação, com o objetivo
de exigir ou proibir determinado comportamento.
A poluição deverá possuir legislação adequada para evitar que esta tome valores desproporcionais, proibindo a
atividade que constitui a fonte poluidora ou atribuindo licenças de emissões comercializáveis, que podem impor
níveis máximos de emissão e descargas. Estas licenças podem ser compradas e vendidas entre os agentes que
originam este fenómeno, dando origem a um mercado de licenças de emissão.

Em 2005, é criado o regime de comércio de licenças de emissão da UE. O seu principal objetivo é promover a
redução das emissões de gases com efeito de estufa, de uma forma economicamente eficiente. É imposto, então, um
volume limite de gases com efeito de estufa que podem ser emitidos pelas indústrias que utilizam energia mais
intensamente, pelos produtores de eletricidade e pelas companhias aéreas.

mercados de carbono: Os mercados de carbono são instrumentos económicos difundidos internacionalmente para
incentivar a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE), como o CO₂, pelos diferentes setores da atividade
produtiva. Neles, a unidade negociada representa uma tonelada de carbono equivalente (tCO₂e), existindo dois tipos
principais: mercados regulados, nos quais são negociados direitos de emissão, e mercados voluntários, nos quais são
negociados créditos de carbono, que representam reduções ou recuperações voluntárias de carbono. Esses
instrumentos estão a crescer cada vez mais e surgem como um componente essencial da política climática para
estimular a mitigação das mudanças climáticas em diferentes economias, ajudando a tornar mais eficiente a
transição para atingir zero emissões líquidas.

2. Bens públicos e recursos comuns


Bens públicos são aqueles de que várias pessoas podem usufruir sem que se possa impedir alguém de os utilizar.
Apresentam duas características: a não rivalidade e não exclusão.
 Não rivalidade- a utilização do bem, feita por uma pessoa não impede outras de o usarem;
 Não exclusão- não é possível impedir alguém de o usar, dado que não é possível cobrar um preço pela sua
utilização.
Devido às suas características, existe uma falha no mercado relativamente à sua oferta, o que justifica a intervenção
do Estado, que deverá assegurar a sua provisão à população. Através da recolha de impostos a toda a população, o
Estado assegura a provisão dos bens públicos.
Bens ou recursos comuns são aqueles cujo o uso impede que as outras pessoas os possam utilizar, embora a sua
utilização não possa ser impedida.
 Rivais- a utilização do bem, feita por uma pessoa impede outras de o usarem.
 Não excluíveis- não é possível impedir alguém de o usar.
Estão sujeitos ao excesso de uso, no limite um só indivíduo pode levar à extinção de um dado recurso, prejudicando
todos os outros.
Uma vez que os bens públicos e os bens/recursos comuns são de acesso livre, não podemos proibir ninguém de os
usar. No entanto, por vezes a ação de alguns agentes económicos provocam externalidades negativas, impedindo as
outras de usufruir determinados recursos.
Assim, o Estado é chamado a intervir através:
o Aplicação de impostos e de taxas, como por exemplo, uma taxa para se poder entrar num parque público;
o Atribuição de licenças para se ter direito a utilizar um determinado recurso comum;
o Atribuição de direitos de propriedade, que são atribuídos a privados, que lhes darão um uso racional, de
forma a garantir a sua utilidade no tempo.
o Leis ambientais para regular as ações dos agentes económicos sobre o ambiente (motivadas pela
impossibilidade de definir direitos de prosperidade.

Os bens públicos tendem a ser insuficientemente fornecidos, enquanto os recursos comuns tendem a ser
consumidos em excesso.

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