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FINANÇAS PÚBLICAS
Aula Teórica n° 2
TEORIA DAS FINANÇAS PÚBLICAS
Falhas de mercado
Funções do Governo.
Razões da Presença do Governo no Mercado
A teoria das finanças públicas, de modo geral, está fundamentada na existência das falhas de
mercado. As falhas de mercado acabam gerando necessidades, tais como: presença do governo
no mercado, estudo das funções do governo, da teoria da tributação e do gasto público.
Quando estamos na presença destas falhas, o mercado já não conduz a uma afectação eficiente
dos recursos. Em tais situações, a intervenção do Estado para corrigir essas falhas de mercado
poderá conduzir a uma afectação mais eficiente dos recursos do que aquela que resultaria se
deixasse o mecanismo de mercado operar livremente (forças do mercado: Procura e Oferta).
Os bens públicos são caracterizados como bens cujo consumo por parte de um indivíduo não
prejudica o consumo dos demais indivíduos (consumo indivisível ou não-rival), pois todos se
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Também chamado de eficiência de Pareto, o conceito macroeconômico de ótimo de Pareto foi
desenvolvido pelo italiano Vilfredo Pareto Vilfredo Pareto (1848-1923), O ótimo de Pareto corresponde a
uma afetação de recursos aos agentes económicos a partir da qual não existe nenhuma reafectação
possível que seja preferida por um indivíduo e não implique a perda de bem-estar de um outro. Assim
sendo, as afetações de recursos correspondentes a ótimos de Pareto são aquelas a partir das quais
deslocações mutuamente benéficas não são possíveis, pelo que não é possível melhorar a situação de
um indivíduo sem prejudicar a situação de outro.
Outra característica importante dos bens públicos resulta do fato de que é praticamente
impossível impedir que um indivíduo desfrute de um bem público, também conhecida como
princípio da não-exclusão. Por exemplo, se o governo melhora a iluminação da determinada via
pública, todos os indivíduos que utilizarem esta via serão beneficiados, e não há possibilidade de
distinção entre estes indivíduos. Essa característica dificulta o rateio dos custos de produção dos
bens públicos entre a população, pois não há como mensurar o quantum de benefício de cada
indivíduo.
Os exemplos mais comuns de bens públicos são: justiça, segurança pública e defesa nacional
(bens intangíveis) e praças, ruas e iluminação pública (bens tangíveis).
Há uma espécie de bens, denominados bens meritórios ou semi-públicos, que podem ser
considerados como uma classificação intermediária entre os bens públicos e os de mercado, e
possuem a seguinte característica: podem ser produzidos pela iniciativa privada, pois são
submetidos ao princípio da exclusão, mas também podem ser produzidos, total ou parcialmente,
pelo sector público, devido aos benefícios sociais gerados e às externalidades positivas.
Nos bens privados existe sempre a possibilidade de exclusão no consumo, a qual resulta do facto
de o usufruto desses bens envolver o pagamento de um preço. De salientar, contudo, que para
alguns bens privados não há rivalidade no consumo. Se quiser assistir a um filme, terei que
pagar a entrada. Mas uma vez dentro do cinema, todos os espectadores podem assistir
simultaneamente à exibição do filme.
Então, a existência desses bens puramente públicos no mercado cria falhas de mercado. Nenhum
indivíduo pagaria por um bem ou serviço, que é oferecido por um privado, sabendo que o Estado
oferece um igual, a custo zero. Isto impossibilitaria aos privados fornecerem os mesmos bens e
serviços que o Estado oferece.
1.5.1.2. Externalidades
Uma das hipóteses por detrás de muitos modelos microeconómicos é a existência de informação
perfeita. A informação encontra-se disponível no mercado e todos os agentes económicos têm
igual acesso a ela. Os custos da informação para qualquer agente económico são nulos.
Existem muitas situações onde tal não acontece. O mercado pode, em certas situações, não
fornecer informação aos agentes económicos, ou fazê-lo em quantidade insuficiente. Tais
situações têm motivado a intervenção dos Governos. São disso exemplo as leis que obrigam os
bancos a fornecer determinado tipo de informação aos seus clientes, ou as empresas a
publicarem as suas contas, ou os produtores a especificarem na embalagem as características do
seu produto. O serviço público de informação meteorológica constitui outro exemplo.
As Finanças Públicas surgem devido à existência dessas Falhas de Mercado. A teoria das
Finanças Públicas fundamenta-se na existência das falhas de mercado. Elas geram necessidades,
tais como: presença do governo no mercado, estudo das Funções do Governo, da Teoria da
Tributação e do Gasto Público.
Um mercado é considerado incompleto quando um bem ou serviço não é ofertado, mesmo que
seu custo de produção esteja abaixo do preço que os consumidores em potencial estariam
dispostos a pagar.
Um exemplo de mercado incompleto ocorre em países onde o sistema financeiro e o mercado de
capitais são pouco desenvolvidos. Com isso, não há financiamentos de longo prazo e o sector
privado se torna apreensivo de investir em determinados sectores da economia, pois não está
disposto a assumir tantos riscos. Ou seja, existe mercado consumidor para o produto ou serviço,
mas não existe quem produza. Uma maneira de resolver esse problema é a intervenção do
governo no mercado, através da concessão de financiamentos longo prazo e redução das taxas de
financiamento para o sector produtivo.
Devido à existência de falhas de mercado, tendo em vista a necessidade de aumentar o bem estar
da sociedade, o estado intervém na economia desempenhando três funções clássicas: função
alocativa, estabilizadora e distributiva.
Função alocativa
Função distributiva
Função estabilizadora
Os bens públicos não podem ser fornecidos de forma compatível com as necessidades da
sociedade através do sistema de mercado. Os bens que produzam externalidades também não são
adequadamente ofertados / demandados.
Função Alocativa: com esta função, o Governo coloca/aloca os recursos com o intuito de
oferecer bens e serviços públicos (ex.: rodovias, segurança), bens semi-públicos ou meritórios
(ex.: educação, saúde), desenvolvimento (fábricas); O governo corrige a alocação de recursos
quando oferece (ou estimula a oferta) de bens públicos e bens que produzem externalidades
positivas ou desestimula ou inviabiliza a produção de bens que produzem externalidades
negativas.
Função Distributiva: o Governo faz a redistribuição das receitas, através das transferências, dos
impostos e dos subsídios governamentais e dos gastos na área social (assistência social, saúde,
saneamento, habitação, educação etc.). Exemplo, a destinação de parte dos recursos provenientes
da tributação ao serviço de saúde, serviço ao qual é mais utilizado por indivíduos de menor
renda; O livre funcionamento do mercado não é capaz de assegurar elevados níveis de emprego,
estabilidade dos preços, elevadas taxas de desenvolvimento económico e estabilidade nas
transacções com o exterior.
Caso se queira combater a inflação, políticas que restrinjam a demanda podem ser
recomendáveis (cortes nos gastos ou aumento de impostos). Caso se queira ampliar o nível de
emprego pode-se optar por políticas que ampliem a demanda (aumento de gastos e redução de
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A demanda agregada é um termo da macroeconomia dada pela soma de quatro componentes:
consumo, investimento, gastos do governo e as exportações líquidas. A teoria da demanda agregada é,
até hoje, utilizada para medir a produção dos países.
9 UEM-Esnec/Apontamentos de Finanças Públicas
Por: Eugénio Nhavotso
tributos). O governo pode também actuar através dos instrumentos de política monetária. Pode
alterar o depósito compulsório dos bancos comerciais no Banco Central, modificar a taxa de
redesconto ou actuar no open market, vendendo ou comprando títulos junto ao público através
do Banco Central. Também é comum a utilização do instrumento cambial. Nesse caso, o
governo actua sobre o valor da moeda em relação às demais, vendendo e comprando divisas.