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Faculdade de Direito da Universidade do Porto

Economia Política II
2º Semestre
Professor José Neves Cruz e José Reis

2021/2022
Aula 9/02 e 10/02
Como se mede a intervenção do Estado?
Despesa Pública (em determinado ano) : PIB a multiplicar por 100
Imaginando que o resultado é 50%, diríamos que metade da produção
desse ano foi utilizada pelo Estado, tendo este tido um peso na economia
de 50%. Numa economia de mercado, este valor seria muito elevado.
A despesa pública inclui os vencimentos considerados públicos, os
gastos correntes (eletricidade, manutenção dos edifícios) e a despesa de
capital. As empresas são deixadas de fora, pois o seu capital nem sempre é
público, mas se uma empresa pública apresenta um prejuízo, o montante é
transferido para o Estado para que este possa usá-lo a favor dos
contribuintes, isto faz também parte das despesas efetivas. Por sua vez, é
um indicador para medir o Estado.
Administrações Públicas: Estado, Serviços e Fundos Autónomos, a
Segurança Social, as administrações regionais e local e as PPPs (Parcerias
público-privadas).
 UP: Serviços e Fundos Autónomos – tem autonomia financeira,
administrativa e patrimonial, tendo capacidade para gerar receitas
próprias;
 Militares: Estado;
 Segurança Social: espécie de seguro em que os contribuintes pagam
parte do seu salário para continuarem a receber rendimentos em
situações de fragilidade;
 Administrações regionais: Açores e Madeira; Administrações
locais: autarquias;
 Empresas cujo capital pertence maioritariamente ao Estado ->
Caixa Geral de Depósitos.
As medidas são sempre correntes quando se realiza uma comparação com
determinado país.
Só é despesa do Estado, se este lhe der saldo (capital/dinheiro).
Qualquer que seja a medida de que seja usada ao longo do século XX nas
economias de mercado e democráticas, verificou-se o fenómeno de subida
da despesa pública face ao PIB.
Em 1960, as despesas públicas representavam 27,6% do PIB norte
americano. Nesse mesmo ano, a despesa pública do Estado Japonês
representava 18,3% do PIB. Também se pode medir a receita do Estado
(Receita do Estado/PIB). Em 1993, nos EUA, registou-se défice público,
algo que se regista via de regra nos países, sendo por isso que a despesa é
uma melhor medida do que a receita. Em 1993, a despesa pública em
Portugal correspondia a 53,2% do PIB e a verdade é que ainda não se tinha
em conta a TAP, a Caixa Geral de Depósitos. O Estado no século XX foi
aumentando e no século XXI o fenómeno manteve-se (qualquer que seja a
medida de dimensão do Estado utilizada, há um crescimento enorme, sendo
que tal não seria esperado numa economia de mercado o Estado ter assim
tanta eficiência uma vez que, supostamente, este apenas interveio para
corrigir as falhas de mercado).
Se os Estados não tivessem défice nem superavit, as receitas seriam iguais
à despesa pelo que ambas as formas dariam o mesmo resultado, como tal
não acontece e a despesa dá um retrato mais real do Estado, utilizamos a
fórmula que foi acima referida.
Em várias economias de mercado, a maior parte da produção está a ser
utilizada segundo lógica estatal e não segundo a do mercado e isso tem
deixado autores intrigados.
A despesa em capital é mais fácil de diminuir se assim se entender.
A despesa corrente é dificilmente alterável (muito difícil de diminuir).

As receitas de capital são quase nulas (a azul). O total das receitas (a


laranja) é quase todo ele composto pelas receitas correntes- impostos (a
verde). Regista-se uma subida da taxa de tributação desde 1995, estando
sempre abaixo dos 45% do PIB. Receitas têm origem nos impostos.
Até 2005, a % da despesa face ao PIB em Portugal estava abaixo da média
da UE. Em anos posteriores, registou crescimento que colocou valor da %
da despesa face ao PIB em Portugal muito próximo da média da UE ou
mesmo superior a ela. A despesa aumenta, mas a qualidade aumenta ou não
de uma maneira não geral, mas sim diversa de serviço para serviço.
Em Portugal, após a crise de 2008 que provocou um acentuado crescimento
da dívida pública em % do PIB, registou-se uma subida constante da dívida
pública, com quebra mais ou menos significativas a partir de 2016. Esta
pode ser contraída dos cidadãos nacionais (divida pública interna) ou junto
de outros países (dívida pública externa) Um dos critérios de convergência
nominal, para poder entrar no Euro, é que a dívida pública não poderia
exceder 60% do PIB. Apesar dos esforços para tal, em Portugal
verificavam-se algumas “dívidas escondidas”.
Nas democracias há uma menor intervenção do Estado. Por sua vez, com
uma maior intervenção do Estado, ou seja, aumento da despesa, há uma
melhoria de vida. O Estado cresce e países começam a apresentar um
défice público.
O endividamento pode-se justificar em bens duradouros e que vão gerar
receitas nos anos posteriores e também proporcionar bem-estar à
população.
Os clássicos e a intervenção do Estado
Adam Smith- liberal, concluiu que, enquanto cada um procurava o melhor
para si, acabava por criar uma sociedade dinâmica em termos económicos e
mesmo tecnológicos, defendendo que o Estado não precisava de ser muito
interventivo, limitando-se a assegurar a segurança dos cidadãos, um
sistema de justiça, educação (para não se perder a reflexão intelectual, em
risco com a excessiva especialização).
Este autor assiste ao fenómeno da especialização – é possível dividir as
pessoas por tarefas de forma a produzir para produzir mais eficientemente e
a um custo médio inferior. Esta existia na produção e começou a existir no
ensino, colocando em risco a existência de pessoas com o saber mais
enciclopédico com o aparecimento de ciências que se autonomizaram. Com
a revolução industrial, o tempo era bastante escasso (as pessoas faziam
sempre a mesma coisa e não tinham tempo para executar outras tarefas), o
que assustava Adam Smith, pois as pessoas não estariam em contacto com
diversos ramos do saber de forma a contribuir para a evolução do
conhecimento. Sintetizando, a intervenção do Estado prende-se com a
função afetação, criando condições para que os mercados possam funcionar
(defesa contra agressões externas, segurança, defesa da propriedade) e
fornecendo alguns bens que, mesmo que o mercado funcione livremente,
não serão produzidos.
John Stuart Mill- liberal, considera que, se os agentes de mercado não
estiverem devidamente informados (falha que o mercado não consegue
corrigir; mão invisível pode falhar se as pessoas não estiverem
devidamente informadas sobre as transações que estão a efetuar), com
igualdade de informação, os resultados do mercado podem não ser
verdadeiramente eficientes. Assim, reconhece que, quando os agentes
privados não fornecem informação, deve ser o Estado a produzi-la (em
relação à produção de bens e de conhecimento – este deve ser de
preferência gratuito para que todos o possam aproveitar e todos possam
contribuir para melhorar a sociedade).
Escola Alemã
Antes de introduzir o pensamento do autor, interessa analisar o contexto da
Revolução Industrial na Alemanha. Vendo o fenómeno que se passava na
Inglaterra, o governo alemão enviou e subsidiou algumas pessoas para
estudaram o fenómeno em Inglaterra, para entender o que se passava nas
fábricas. Quando regressaram, trouxeram com eles novos conhecimentos e,
contrariamente a Inglaterra, em que o fenómeno era mais individualista, na
Alemanha era o Estado que procura criar as condições para que ocorra a
Revolução Industrial. O papel do Estado passa por financiar as empresas,
criar infraestruturas para que as empresas podem ser instaladas, subsidiar a
compra de máquinas, Estado vender terrenos baratos, criar estradas para
facilitar acessos às empresas, … O Estado deve criar capital imaterial para
que os indivíduos depois adquiram o capital material. Esta Revolução
Industrial alemã teve grande sucesso.
Wagner: reconhece que, embora com a Revolução industrial as
necessidades essenciais da população passassem a ser satisfeitas (produtos
essenciais que anteriormente eram caros, passam a ser produzidos em
massa, possibilitando preços mais baixos), as pessoas passam a aspirar a
outras necessidades (bens culturais, a saúde, higiene, …) que não estão
satisfeitas, às quais o mercado não responde. Neste sentido, o Estado passa
a intervir na questão do apoio aos bens e património culturais, saneamento.
Razões para a intervenção do Estado
Falhas de mercado
Justiça e segurança;
Risco e incerteza;
Assimetrias de informação;
Justiça social (desigualdade da distribuição do rendimento);
Imperfeições da Concorrência;
Bens públicos;
Correção das externalidades.
Abordagem normativa da intervenção do Estado: parte do princípio em
que o Estado intervém com base em alguns valores, sendo omnisciente e
sabendo o que é o melhor a fazer do ponto de vista social (Musgrave,
Samuelson) A partir do voto dos cidadãos, numa democracia, elege-se a
proposta mais preferida, tendo esta um programa que deve executar. O
objeto da análise normativa é produzir juízos de valor acerca da situação
atual de uma dada sociedade ou da adoção de uma política pública na sua
dupla componente da avaliação dos instrumentos usados e da valoração das
consequências possíveis.
Abordagem positiva: a partir da realidade como ela é, tiram ilações,
procurando saber o que leva o Estado a agir de determinada maneira,
respondendo a interação de interesses e atua em resposta a equilíbrios de
poder. O Estado não é uma entidade que a priori procura concretizar o
interesse geral (ter em conta os gostos e motivações egoístas). (Downs,
Buchanan, Niskanen, Tullock). Numa análise positiva, medem-se e
avaliam-se consequências, em certas variáveis-objeto, de alterações de uma
ou mais variáveis instrumentais ou estruturais. Basicamente, o Estado
responde a interação de interesses e atua em resposta a equilíbrio de poder.
Ambas as perspetivas fazem com que nos seja dada uma visão completa do
que é o Estado.
Não há uma visão melhor que a outra. Musgrave olha para o Estado como
um copo meio cheio, procurando descobrir sobretudo o que o Estado faz
tendo em conta o interesse geral. Buchanan encara o Estado como copo
meio vazio, tentando identificar o que o Estado devia ter feito e não fez,
por exemplo. No fundo, estão a ver a mesma realidade. Se os cidadãos não
revelarem as suas preferências, o Estado não pode saber o que eles querem.
Um dos critérios para sustentar a tributação é segundo a capacidade
contributiva e, se este princípio é implementado, quem tem mais
capacidade contributiva, terá tendência a não demonstrar a que tem na
verdade. No caso das taxas (de acordo com o benefício), para cobrar a taxa,
o Estado tem de saber qual é o benefício. Assim, os indivíduos terão
interesse em não revelar qual o seu benefício. Isto caba por ser uma falha e
acaba por ser difícil para o Estado ser omnisciente. Na tradução das
preferências, não há um sistema político perfeito.
A intervenção do Estado
Tem três funções e não é fácil distinguir uma política de acordo com as
funções. Como é complexa, Musgrave criou um modelo simplista para se
perceber os objetivos do Estado
Função afetação (de recursos, utilizamos os recursos para criar bens e
serviços, normalmente, devem ser afetados pelo mercado, sendo que
em determinadas situações é o Estado)- visa a eficiência (políticas
eficientes não se preocupam com justiça social), procurando produzir bens
e serviços e tomar decisões de forma mais eficiente (mínimo de desperdício
possível).
 Bens públicos: provisão de bens ou serviços públicos que, sendo
desejados pelos cidadãos, não encontram satisfação através do
funcionamento do mercado.
 Efeitos externos (externalidades) na produção ou consumo de
bens: há casos em que os preços aos quais os bens são
transacionados não refletem o custo global que a sociedade tem de
suportar devido à sua produção.
 Regulação: um dos seus objetivos é evitar que as empresas
pratiquem preços de monopólio.
Função redistribuição- visa a equidade (justiça social). Verificam-se
certas correções à distribuição do rendimento gerada pelo livre
funcionamento das forças do mercado.
Função estabilização- função mais recente que visa equilibrar a procura
agregada e a oferta agregada (estabilização da evolução das variáveis
macroeconómicas.
Todas as funções são, de certa forma, difíceis de exercer. A intervenção do
Estado torna-se difícil, pois não se consegue dividir as políticas por
funções, por exemplo, o Estado constrói uma escola, a função principal
onde se enquadra é na função redistribuição, porém a construção da escola
faz aumentar a despesa pública e, assim, ao aumentar a procura agregada
insere-se também na função estabilização.
FUNÇÃO AFETAÇÃO
Preocupação no sentido de eficiência, o Estado intervém para combater
falhas de eficiência no mercado (se as economias são de mercado, a
intervenção do Estado será quase residual).
Bens Privados (computador, relógio, caneta)
 Rivalidade: se alguém está a consumir este bem, ninguém o pode
fazer ao mesmo tempo, havendo rivalidade do consumo.
 Risco de exclusão do consumo: é possível excluir um indivíduo de
consumir o bem ou monitorar individualmente o seu consumo, de
modo que se possa praticar um preço associado à utilização do bem.
 Rejeitabilidade: posso rejeitar o bem e não sou obrigado a consumi-
lo.
Bens Públicos (defesa nacional, parques públicos farol marinho)
Os bens públicos são exceções, enquanto os bens privados são os
transacionados no mercado sem problemas.
 Não rivalidade: o facto de alguém estar a consumir o bem não
diminui a quantidade disponível para os outros. Aquilo que é
fornecido é imediatamente disponibilizado para todos os indivíduos
na mesma quantidade, o que não quer dizer que todos usufruam da
mesma forma.
 Sem risco de exclusão do consumo: não é tecnicamente ou
legalmente possível excluir alguém da utilização do bem,
independentemente do facto de se pagar o respetivo preço
(capacidade de excluir é o que dá motivação aos empresários para
produzir- só paga quem pode, o consumidor cede o seu dinheiro).
Exemplo
Empresa que quer produzir o farol e assegurar a sua manutenção e
essa empresa afirma que os barcos que querem usufruir deste farol
vão ter de pagar por tal serviço. Mas e se um barco não paga, esse
barco usufrui desse bem, só não é possível tecnicamente. Não pagar
é a escolha mais racional, a consequência é que não há nenhuma
empresa privada que queria fazer a sua manutenção.
 Em alguns bens públicos, não há rejeitabilidade (as pessoas são
obrigadas a consumi-lo quer queiram, quer não, não sendo possível
rejeitar os benefícios que o bem produz).
Como se financia o custo destes bens? O Estado pode lançar impostos e
utilizar a receita para fornecer bens públicos.
Bens mistos (ou tem rivalidade e não tem exclusão ou tem exclusão e
não tem rivalidade)
Temos o exemplo das piscinas e da educação, recursos naturais, ambiente,
peixe nos oceanos.
Não há exclusão, por exemplo, não se pode excluir determinado barco de
pescar se um cardume aparece à sua frente, nem rivalidade, pois se uns
pescarem, os outros já não poderão pescar o mesmo peixe). O Estado pode
tomar medidas: a partir de determinado nível de pesca ninguém pesca.
Bem misto (aula - na reunião zoom, há um limite de utilizadores na mesma
(ex.: 300). Ao estarmos 55 alunos, se entrar mais 1, os outros não são
afetados no aproveitamento da aula. No limite é que poderá haver
rivalidade. A exclusão passa pelo processo de autenticação, sendo possível
deixar de fora os que não estão inscritos nem pagam propina; peça de
teatro, piscina).
Bem público puro: o (defesa nacional, iluminação pública, farol - o facto de
um navio ver a luz do farol para se deslocar das rochas não diminui a
quantidade de luz que os outros navios poderão ver se por ali passarem. O
custo marginal de servir mais um navio com a luz do farol é de 0, não
acresce um custo, quanto mais se usufruir, melhor.
Supõe-se que quem quiser usufruir do farol, tem de pagar. Um dono do
navio não quis contribuir para a coleta para a construção do farol. Se depois
este navio pertencente a uma companhia que não pagou para a construção
do farol passasse à beira do mesmo, não iriam apagar a luz. Não é
tecnicamente ou legalmente possível excluir alguém da utilização do bem).
A fiscalização do pagamento de contribuição para a criação de x bem
público acaba por ser muito cara e até ridícula em vários casos, pelo que
esta não é feita e não se faz a exclusão, por exemplo na circulação em
parques públicos. No limite, poderia haver rivalidade se estivesse muito
cheio, mas normalmente não acontece.
Tragédia dos bens comuns
É um dos maiores problemas da humanidade. O maior exemplo são os
terrenos baldios, que são utilizados para a produção de gado, vinho, entre
outros, toda a comunidade pode utilizar estes terrenos.
Em Portugal a sua percentagem é enorme.
Não é possível excluir o gado a esses terrenos, a população de determinada
aldeia cresce e começa a comprar cada vez mais ovelhas e todos decidem
fazer o mesmo (é um bom negócio), mas só aumentam as ovelhas e não
aumenta o espaço, o que acontece é que as ovelhas começam a emagrecer e
morrem e a atividade económica daquela aldeia destrói-se completamente.
Se se tivesse previsto que a população de ovelhas ia aumentar poderíamos
ter evitado tal problema.
Como?
 Fixar o número máximo de ovelhas com que se pode pastar em X
terreno;
 Criar uma espécie de imposto/tributação por ovelha (diminui o seu
número, empresários sabem que as adquirir tem um determinado
custo);
 Leilão no mercado do nº de licenças para pastar;
 Dividir os terrenos baldios pelos habitantes, tornando os terrenos
privados (privatização).
INSERIR GRÁFICO!!!
Curva Di- Inês
Curva Dj- João, que também tem um maior preço-reserva, maior
preferência por X, bem privado, e G, bem público
Como determinar a curva de procura do mercado? Somar as duas curvas da
procura, onde só existe a da Inês e a do João.
Ponto alto é quando a curva da procura do mercado interceta a da oferta.
Bem privado
A quantidade procurada é Qi + Qj, traduzindo-se na curva Di + j ao preço
P. Neste preço equilíbrio, i consome Qi e j consome Qj, não havendo
desperdícios no mercado. A um preço superior a Di, i já não está
disponível para adquirir o bem.
Bem público
Como não há rivalidade, as quantidades não se irão somar. Somam-se os
preços de reserva dos indivíduos (P) para obter a curva da procura de
mercado. Ambos consumiriam a mesma quantidade de iluminação pública,
apesar de estarem dispostos a pagar valores diferentes pela utilização em
função do benefício que cada um tem.
O Estado não sabe determinar P se não forem reveladas as preferências. Se
J é rico, sabe que se for o sistema da capacidade contributiva, pode preferir
não demonstrar a preferência. Somamos benefícios.
Há muitos bens que são tornados bens públicos devido ao princípio de
afetação do Estado. Como a justiça, a defesa nacional, a segurança e a
polícia, a proteção ambiental e a administração pública.
Samuelson diz que se utilize o princípio benefício, só a solução D e P. Não
se sabe se J é rico ou pobre, só se utilizar o princípio da capacidade
contributiva, a Inês que é rica paga Pj e o João que é pobre paga Pi, embora
seja o João que beneficia mais é quem paga menos e a Inês que beneficia
menos a que paga mais. Surge uma dificuldade, a Inês vai procurar
esconder rendimentos do Estado para não pagar tanto como é suposto; por
outro lado, o João vai revelar que é mais pobre do que verdadeiramente é.
Mais pobres fazem pressão para aumentar os bens públicos, pois sabem que
são os mais ricos que vão pagar mais.
Basicamente, é muito difícil existir eficiência no caso dos bens públicos.
Estado gasta demasiado nestes e não tem o necessário para gastar nos bens
privados.
O Estado é omnisciente, mas na prática não, precisa de perguntar aos
consumidores o sistema que pretendem/preferem, através do sistema
democrático. Não traduz bem tais gostos, já que os cidadãos estão
muitas das vezes mal informados.
Intervenção direta do Estado- grande parte dos bens públicos estão
consagrados na nossa Constituição. Como os cuidados de saúde, a não
exclusão está no artigo 64º; educação, 74º; justiça 202º; defesa nacional
173º e seguintes; soberania 210º.
Efeitos externos- resulta do bem privado e tem características do bem
público (produzo papel, mas a fábrica produz mau cheiro- efeito
externo, já que as pessoas à volta sentem o cheiro, o malefício-; não
rivalidade e exclusão, já que a quantidade de mau cheiro não se exclui
a quaisquer pessoa da aldeia onde se produz o papel, não se exclui o
mau cheiro)
São efeitos no bem-estar de terceiros que resultam de uma relação
mercantil entre duas partes e não estão incluídos nos preços. Acontece
quando o sistema de preços não consegue transmitir a alteração do
bem-estar económico, provocada pela ação de outro agente. Afeta a
sociedade, em determinado exemplo era necessário produzir mais vacinas
ou investir mais na educação.
Efeitos externos negativos: provocam perdas de bem-estar que não estão
incluídas no preço de mercado- não rivalidade e não exclusão num espaço
territorial delimitado (rio) ou no espaço global (como o efeito de estufa que
é causada pelas cada vez maiores emissões de dióxido de carbono).
Efeitos externos positivos: provocam o aumento do bem-estar (aumento
das vacinas e investimento na educação).
Problema da externalidade positiva:
Efeito externo positivo da educação
(gráfico)
Como se vê, existe uma falha de mercado perante um efeito externo
positivo, pois os benefícios sociais são superiores aos benefícios
apreendidos pelo mercado, pelo que a quantidade socialmente ótima de
fornecimento de educação (Qs) é superior à que resultaria do simples
funcionamento do mercado (Qo).
Governo tem 3 alternativas: dar subsídio aos vendedores (produtores de
educação) baixando os custos de maneira que ofereçam mais educação; dar
um subsídio aos indivíduos que procuram educação para estarem dispostos
a procurar mais aquele preço; o próprio estado estabelecer a diferença entre
Qs e Qo.
Efeito externo negativo da poluição
(inserir gráfico)
O que nos interessa saber são os custos de produção de alumínio.
Soma das distâncias corresponde à externalidade.
Há custos sociais não refletidos na curva da oferta azul, pelo que a
verdadeira curva da oferta é a vermelha. Como o custo social do bem
excede o custo privado, a quantidade produzida é Qoptimum, inferior a
Qmarket.
Estado pode intervir (queremos subir o preço do produto) lançar imposto
sobre os produtores ou consumidores (neste último, tal imposto faz com
que se baixe a quantidade procurada); Estado definir uma quota máxima de
produção de papel.
Mercado onde o problema da externalidade é muito forte- falhas do
mercado dos bens culturais
Incerteza quanto ao valor do bem cultural- temos o exemplo de uma obra
de arte, cujo não é previsível no momento em que a realizamos o seu valor;
a concorrência não se aplica na medida em que cada bem cultural é único e
tem o seu próprio significado;
Em alguns, há não rivalidade no consumo, não desaparece com o
consumo (salas de espetáculo não cheia; mercado que tem falhas no setor
cultural, não há carreiras estáveis no setor artístico);
Procura induzida está presente nestes bens, que é só experimentando, ou
seja, só temos experiências culturais com o que temos medo de gostar,
nestes bens há medida que começo a consumir um destes bens, cada nova
utilidade dá-me mais prazer;
Não exclusão- bens patrimoniais à vista (pirâmides, esculturas em lugares
públicos, espetáculos de rua); nestes bens, o valor simbólico é muito
elevado e presente nestes tipos de bens (ex.: Torre dos Clérigos), são
testemunhos históricos e há externalidades positivas muito elevadas devido
à manutenção deste tipo de bens e estão, normalmente, em mãos do Estado
(tem a responsabilidade);
Falhas na organização do mercado de trabalho (falta de estabilidade de
trabalho, dificuldade em garantir subsídio de desemprego e, por vezes,
reforma).
Não investimento nos bens culturais leva ao atrofiamento cultural de
determinado país, temos o exemplo do Salazarismo.
Avaliação económica do objeto cultural tendo em conta as
características de bem privado e de bem público de objeto cultural
Mediação de custos e de benefícios com preços de mercado;
Mediação de benefícios sem preço de mercado (valor: estético, espiritual,
social, histórico, simbólico, de autenticidade);
Problema das artes performativas não populares (de vanguarda) em
que a “procura” é educada a gostar. Contrariamente a outros bens,
quanto mais se consome, mais se quer consumir e verifica-se uma falta de
interesse privado em fornecê-los (ao contrário da cultural popular);
Mercado de trabalho desorganizado, com trabalho temporário, com
trabalho temporário e, muitas vezes, precário, não regulado, não registado.
Algumas pessoas investem bastante nestes percursos querendo ser
“estrelas”, mas este é desproporcional tendo em conta a probabilidade de
realmente obter o sucesso (atração de massas para serem o mesmo, querem
ser como as estrelas, efeito Cristiano Ronaldo).
Produção de conhecimentos e inovações
A produção de conhecimentos e inovações tem características de bem
público: não rivalidade e não exclusão.
Não rivalidade- o facto de alguém usar um conhecimento não diminui a
quantidade de conhecimentos disponíveis para os outros;
Não exclusão: uma vez produzido e divulgado um conhecimento, não é
possível excluir alguém do acesso ao conhecimento – não apropriabilidade
dos conhecimentos.
Se o Estado tiver alguma intervenção, isso poderá ser corrigido. A
quantidade de investimento na produção de conhecimento seria mais
reduzida.
Falhas do mercado de produção e difusão de conhecimentos
A informação é imperfeita:
Cumulativa: nem todos têm igual acesso ao mesmo – os que não puderam
percorrer o processo de aquisição do conhecimento, depois podem não
conseguir utilizar um determinado conhecimento. Normalmente, a
informação disponível acerca de uma dada inovação cresce ao longo do
processo de difusão, pois os que potencialmente virão a adotá-la adquirem
conhecimentos pela experiência dos que já a adotam.
Incerteza: como não á certeza quanto aos resultados, os investimentos
efetuados são arriscados. Há incerteza em relação aos resultados, mas
também ao custo de aquisição da inovação, o que conduz a que o
investimento seja abaixo do ótimo em produção de conhecimentos.
Efeitos externos no mercado de produção e difusão de conhecimentos
Negativos: não são um pretexto para não difundir os conhecimentos,
servem para o Estado (tem de ajudar na difusão dos conhecimentos)
intervenha como dando programas de formação para combater o
desemprego ou a falta de especialização técnica. Derivados do facto de
existirem vantagens de ser o primeiro a adotar. Pode gerar uma “destruição
criativa”, com problemas de instabilidade pelo desemprego que advém da
destruição de empresas. Os empregados que não se conseguiram adaptar e
modernizar tendo em conta as mudanças terão de abandonar o mercado,
caso contrário, essa mão de obra seria obsoleta.
Positivos: a adoção pode gerar fluxos de informação que se expandem para
outros setores (a informação vai crescendo ao longo do caminho de
difusão).
Todos defendem que o Estado deve intervir. Como o Silicon Valley, que
começa por ser um deserto e o Estado ofereceu a empresas que se queriam
iniciar, eram nascentes, aproveitaram tal situação e como o Estado
americano queria que existisse produção tecnológica utiliza tal área para o
desenvolvimento tecnológico e empresarial.
Correção de falhas na produção e difusão de conhecimentos
 Registo de patentes e garantia de propriedade intelectual,
protegendo o facto de certas empresas fazerem investimentos para
produzir conhecimento e, assim, este não é usado pelas que não
investiram;
 Fornecimento de informação (publicação gratuita de
conhecimentos);
 Apoiar as atividades inovadoras ou facilitadoras de Inovação e
Desenvolvimento de forma que a incerteza diminua (benefícios
fiscais ou subsídios);
 Fornecer infraestruturas (redes de comunicação, parques
tecnológicos);
 Procura das novas tecnologias (algumas atividades, como a Saúde
têm forte componente tecnológica);
 Financiar o ensino e a investigação, laboratórios, publicações
científicas.
Intervenção direta do Estado- correção dos efeitos externos positivos
Internalizar uma externalidade consiste em alterar os incentivos de forma a
que as pessoas tenham em conta os efeitos externos nas suas ações.
 Fixação de comportamentos ou de procedimentos: níveis mínimos
obrigatórios de educação, vacina obrigatória;
 Subsídio aos consumidores;
 Subsídio aos produtores;
 Complemento de provisão pública para fornecer a quantidade ótima.
Correção dos efeitos externos positivos
Inserir gráfico
 Atribuir subsídio aos consumidores que implicaria que a curva da
procura se expandisse de Dp para Ds (curva Dp + subsídio). O valor
do subsídio seria AB por estudante e a procura expandir-se-ia. O
montante total de subsídios seria PABPs (tracejado)
 Atribuir subsídio aos produtores levaria à diminuição dos seus custos
(curva da oferta iria baixar no montante do subsídio - curva a
tracejado). e à expansão da oferta da educação de S para Se (curva S
– subsídio por unidade de educação). O montante de subsídio por
aluno seria AB e o montante total de subsídios seria PABPs. O
montante total de benefícios sociais (áreas abaixo da curva E) é
superior ao montante total de subsídio (obtidos através de impostos),
o que indica que a sociedade tem um aumento de bem-estar. Em
termos de eficiência, as políticas têm as mesmas consequências,
sendo elas preferidas, respetivamente, pelos consumidores e pelos
produtores.
O Estado fornece a quantidade QpQs com “número clausus” de modo a que
a quantidade total fornecida seja Qs, cobrando Ps. O setor privado fornece
Q0 ao preço P (os estudantes que iriam frequentar o ensino público seriam
os que não podem pagar P no ensino privado). Neste sentido, o Estado
procuraria fornecer o ensino mais barato.
Efeitos externos negativos- poluição
Inserir gráfico
O custo social do bem excede o custo privado, a quantidade ótima é por
isso inferior à quantidade fornecida no mercado.
Social cost: custo para a sociedade englobando a verdadeira curva de
custos
Tributar os produtores- elevariam os custos
Tributar os consumidores
Obrigar que as empresas no mercado, não produzam mais do que Qótima
Correção dos efeitos externos negativos
Inserir o gráfico
No eixo das abcissas, não há diferença face ao gráfico da procura e oferta –
quantidade produzida. No eixo vertical, já não está o preço, mas custos e
benefícios que a produção de determinado bem provoca. Supõe-se que esse
bem provoca poluição ao lançar detritos para o rio.
Externalidade representada em CME: quando se produz uma unidade do
bem, a quantidade do bem gera benefícios, mas simultaneamente gera
prejuízos no rio. Nas primeiras unidades, não há muito dano, mas, à medida
que a produção aumenta, há um impacto cada vez maior na poluição do rio.
A partir do momento em que o rio está saturado, pode até ficar sem vida.
Vale a pena produzir se o benefício marginal for superior ao custo
marginal. (benefício marginal líquido = benefício marginal – custo
marginal) O benefício marginal líquido vai baixando porque se admite que
há custos crescentes na produção.
Neste caso, a quantidade que maximiza os lucros da empresa é Q0. Vai
haver procura para esta quantidade também, porque o benefício marginal
líquido já resulta da intercessão da curva da oferta e da procura.
Do ponto de vista da sociedade, não há perda nem ganho ao produzir Qs.
Em relação a Qs-1, do ponto de vista da empresa e da sociedade vale a
pena produzir: o benefício que a empresa tem é superior à perda que os
banhistas têm ao utilizar o rio.
Demonstra-se que, se produzir Qs, irá existir alguma poluição, o ótimo
ecológico pode ser diferente do ótimo económico pelo que Qs pode ser um
nível em que o habitat não se regenera, não sendo um ponto ótimo
ecológico.
Num país em que a maior parte das pessoas não têm qualidade de vida nem
o suficiente para satisfazer as suas necessidades, há maior disposição para
instalar indústrias poluidoras. Confrontados com a escolha de
sobrevivência ou ecológica, preferem conseguir assegurar o mínimo para a
sobrevivência humana.
Fixação de “standards”: níveis máximos de poluição permitidos às
empresas (interseção entre o benefício marginal líquido e o custo da
externalidade - empresa concreta ou setor como um todo não pode produzir
mais do que Qs, se o fizer, será punida com multas); comportamentos
obrigatórios para diminuir emissões (compra de filtros, manutenção).
Mercado de licenças para contaminar
Alternativa dos impostos e aos subsídios conjugando virtualidades do
mercado com intervenções do Estado, sendo mais flexível. Nesta solução o
Estado vende licenças (Qs), admitindo uma relação de licença por cada
unidade produzida e, quem quer poluir, tem que comprar uma licença.
As licenças podem ser compradas e vendidas no mercado de acordo com as
necessidades das empresas. Isto faz com que o preço das licenças seja
estabelecido.
Uma empresa não tem muitas encomendas, então vai vender licenças a
outra empresa para obter capital. Tem de ser capaz de produzir/após
melhorar a sua tecnologia, dispensa licenças. Isto gera um efeito
competitivo no esforço de mudança para tecnologias menos nocivas. Na
competição entre empresas por licenças formar-se-á um preço de mercado
para as licenças que garantiria os níveis de produção ótimo.
O próprio Estado a qualquer momento pode aumentar o número de licenças
aumentando o seu número ou retirando licenças (outra parte da sua
flexibilidade). Se se verificar que há o aumento da poluição há, então, o
aumento das licenças.
Como a análise é dinâmica deixa de existir uma relação constante entre
contaminação e “output”. Quando uma empresa melhora a tecnologia, o
seu “output” global não tem de diminuir, mas sim o número de licenças
relativas a emissões poluentes (passa a ter uma relação mais favorável entre
“output” e as emissões).
A teoria das licenças de emissão

Se forem lançadas licenças, ao preço P1, as unidades acima de Q1 até Q0


deixam de ser produzidas porque o benefício marginal líquido de produzir
essas unidades é inferior ao preço da licença. Para produzir estas unidades,
seria necessário pagar um preço de P1.
Se o preço de cada licença for Pe, valia a pena produzir porque o benefício
marginal líquido seria bastante superior. Todas as unidades com preço
acima de Pe valem a pena produzir.
Acima de Qe, já ninguém procura licenças.
O volume de licenças vende-se todo ao preço Pe na quantidade de Qe.
Quanto menor o custo marginal de redução de emissões, menor o preço que
se está disposto a pagar por uma licença (da esquerda para a direita –curva
CMR decrescente). Quando não existe a variável tempo a tecnologia não
muda, por isso a redução de contaminação só se faz por redução de
“output”, levando a que as empresas percam benefício marginal líquido
(BMGL). Nesse caso a curva CMR é simplesmente a curva BMGL
O preço sobe, algumas empresas alteram as tecnologias. Preço baixa faz
com que seja menos motivador para as empresas alterarem as suas
tecnologias.
Vantagens das licenças negociáveis
Minimização de custos: os contaminadores têm diferentes custos de
redução de contaminação e automaticamente surge mercado em que os que
tem baixo custo venderiam licenças aos que tem custos de redução mais
altos. A negociação levaria a…
Novos participantes e flexibilidade: se um setor de atividade tem novos
contaminadoras, a curva da procura de licenças desloca-se para a direita. Se
as autoridades mantem o nível de licenças, o preço subiria e as empresas
com menor CMR venderiam licenças e optariam por não poluir. As piores
empresas iriam comprar licenças, agora mais caras. Mantém-se a
minimização de custos.

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