Você está na página 1de 10

Funções económicas e sociais do Estado

○ Eficiência
○ Falhas de mercado:
- Concorrência imperfeita
- Externalidades negativas
- Bens públicos
○ Equidade
○ Estabilidade

Esta apresentação visa sistematizar a matéria incluída nas tarefas:

A Mão Invisível de Adam Smith

O papel económico do Estado


Eficiência
Adam Smith mostrou que em concorrência perfeita - quando nenhuma empresa ou
consumidor é suficientemente forte para influenciar o preço no mercado - o
mecanismo de preços, ie. a “mão invisível”, conduz a uma situação eficiente, onde
não se pode melhorar o bem-estar de alguém sem piorar o de outro indivíduo.
Então, qualquer intervenção do Estado seria perniciosa, justificando o laissez-
faire. Porém, hoje, a teoria económica defende que cabe ao Estado a promoção da
eficiência, quando se verificam falhas de mercado, como:

- Concorrência imperfeita

- Externalidades negativas

- Bens públicos
Eficiência / Concorrência imperfeita
Os monopólios são o caso extremo da concorrência imperfeita Por exemplo, a
Microsoft tem quase 90% do mercado dos SO para desktops e laptops. O
monopólio leva a sociedade a deslocar-se para um ponto interior da Fronteira
de Possibilidades de Produção, porque o vendedor estabelece preços
elevados, obtendo lucros anormais. Num computador, o hardware custa tanto
quanto software!

Os governos criaram leis anti-trust, regulam os preços e os lucros dos


monopólios. Em muitos sectores de actividade um só produtor consegue
providenciar os bens a todo o mercado, sendo difícil a entrada de concorrentes,
devido aos elevados custos fixos: distribuição de água, electricidade, transportes
ferroviários. Na gasolina até conheces muitas marcas, mas
a Galp é a única refinadora que as produz todas, embora se diga pequena à
Eficiência / Externalidades negativas 1/2
Quando compras um bolo entregas ao vendedor a totalidade do seu valor. Mas
quando as empresas extraem areia (AS GUERRAS DA AREIA - vídeo), a pretexto
de o bem estar “à mão de todos, pelo que não é de ninguém”, não pagam o seu
valor. De facto, numerosos custos sociais, económicos e ambientais passam à
margem deste mercado, constituindo uma externalidade negativa. Igualmente,
as pessoas não são indemnizadas pelo ruído dos aviões, junto aos aeroportos ou
dos comboios junto à linha.

Quando a AT&T inventou o transistor iniciou uma revolução da qual apenas uma
pequena parte transitou para os seus lucros, mas as externalidades positivas
não constituem uma preocupação dos governos. Idem para outras descobertas
científicas, saúde pública ou educação.
Eficiência / Externalidades negativas 2/2
Os países subdesenvolvidos têm escassa regulação, mas o desenvolvimento
arrasta regulamentações mais fortes.

Num certo sentido, os governos são como os pais, sempre a dizer “não”. Não
é permitido expor a condições perigosas os trabalhadores desprotegidos. Não é
permitido expelir fumo pelas chaminés. Não é permitido vender medicamentos
perigosos. Não é permitido viajar sem cinto de segurança. Não é permitido fumar.
Não é permitido trabalhar com menos de 16 anos. Não é permitido o suicídio
assistido.

Encontrar o equilíbrio entre os mercados livres e a regulação do governo constitui


uma tarefa que exige análise cuidada, mas poucos desejariam viver numa selva
onde as empresas pudessem descarregar como lhes apetecesse, poluentes como
o plutónio.
Eficiência / Bens públicos
Embora as externalidades negativas como a poluição e o aquecimento global
formem as parangonas dos jornais, as externalidades positivas podem ser
mais importantes. A construção de uma rede de transportes públicos, de uma
rede de auto-estradas, o funcionamento de um instituto de meteorologia, o
desenvolvimento da investigação fundamental para a saúde pública, a segurança
pública que desmantela redes terroristas ou desarma bombas, são bens que não
podem ser comprados ou vendidos nos mercados, porque é impossível e
proibido excluir pessoas que não paguem (ver definição).

Neste caso, o Estado substitui-se aos privados, providenciando a produção


dos bens à comunidade, na qual irá cobrar impostos, que podem observar-se
como outro “preço”. A falha dos votos monetários foi substituída pelos políticos.
Equidade 1/2
Os mercados não conduzem necessariamente a uma justa repartição do
rendimento. Uma economia de mercado pode gerar desigualdade na repartição
do rendimento e do consumo inaceitáveis para o eleitorado. A repartição depende
do esforço e da educação, mas também das heranças, dos preços, da sorte, do
poder, do enquadramento legal, da ganância,...

O Estado promove a equidade redistribuindo o rendimento. Segundo os dados de


2018 (PORDATA), após as transferências do Estado, 17,2% dos portugueses
são pobres, mas se não fossem estas, 43,4% da população seria pobre.

A teoria indica que os impostos progressivos são uma medida para a promoção
da equidade. Porém, a sua eficácia será particularmente limitada, em regimes
com fraco enquadramento normativo (vejam-se os “super-ricos”).
Equidade 2/2
José Azevedo Pereira (*), ex-Director-Geral da Autoridade Tributária,
quando saiu (2014), revelou que uma equipa especial por si chefiada
tinha identificado cerca de 1.000 famílias ricas – os chamados "high net
worth individuals" (ou “super-ricos”) – que, por definição, acumulavam
25 milhões de euros de património ou, alternativamente, recebiam 5
milhões de euros de rendimento por ano. “Em qualquer país que leva os
impostos a sério", este grupo de privilegiados garante habitualmente
cerca de 25% da receita do IRS do ano. Por cá, os nossos
multimilionários apenas asseguravam 0,5% do total de imposto pessoal.
http://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/visto_por_dentro/elisabete_miranda/detalhe/as_1000_familias_que_mandam_nisto_tudo_e_nao_pagam_impostos.html

(*) Administrador executivo do EuroBic (Isabel dos Santos)...


Estabilidade macroeconómica e crescimento 1/2
Desde as suas origens que o capitalismo tem apresentado periodicamente surtos de
inflação (subida de preços) e de recessão (queda do PIB e desemprego elevado).
Porém, graças ao trabalho de Keynes, muitos pensaram que a Economia tinha
ferramentas suficientes para controlar os piores excessos dos ciclos económicos.

Os 30 anos gloriosos de progresso económico após a II GGM (1945/73!) ajudaram


a sustentar esta ideia.

As políticas macroeconómicas de estabilização e crescimento incluem políticas


orçamentais (de receita e de despesa pública, G) bem como as políticas
monetárias (taxas de juro e crédito influenciam o consumo e o investimento, C e I).
Estabilidade macroeconómica e crescimento 2/2
Apesar das dúvidas posteriores a 1973 (crise do petróleo*), o crescimento sem
precedentes da União Europeia e dos EUA contribuíram para credibilizar as
ferramentas de política económica, mas a crise financeira veio colocar novas dúvidas
a um modelo onde a circulação do trabalho é limitada, mas o capital se desloca à
velocidade da luz. Liberais insuspeitos, como Vítor Bento **, propõem “o fim dos off-
shores – que não têm qualquer justificação que possa ser tida como razoável, –, a
eventual dificultação dos movimentos de capitais de grande volatilidade, e uma
supervisão financeira internacional, eventualmente a cargo do FMI”.

(*) Os preços do barril de petróleo chegaram a aumentar 400% em cinco meses, de 17/OUT/73 a 18/MAR/74,
Wikipédia.

(**) Vítor Bento foi indigitado para Ministro das Finanças por Passos Coelho em 2011. Foi a sua recusa que
deu oportunidade a Vítor Gaspar.

Você também pode gostar