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DIREITO DO AMBIENTE

Unidade 4 – O Direito Administrativo do Ambiente

Docente: Célio Da Conceição Varieque


Administração Pública e o Ambiente
A administração Pública é, não só o principal garante do ambiente, como
muito provalmente, o maior responsável pela sua destruição ou
danificação. Recorrendo a um exemplo quotidiano, veja – se que o
mesmo Governo que, nos últimos anos, criou novos parques e reservas
nacionais, tendo procedido à ampliação dos limites de alguns existentes,
assumindo – se, ao nível internacional, como grande dinamizador de
uma politica de proteção e conservação da natureza, surge – nos como
promotor de mega – empreendimentos susceptives de levantar sérias
duvidas ou reservas quanto ao possível impacto ambiental.
Cont
Nesse sentido, FREITAS DO AMARAL referiu, em relação ao caso
português o seguinte: “na verdade, se em muitos casos a Admininstração
Pública nos aparece como garante da protecção do ambiente – é essa sua
missão, é essa sua responsabilidade, noutros casos e, infelizmente, não
são raros, a Administração Pública aparece como cúmplice da
degradação do ambiente.

Esta tese parece, à partida, algo contraditorio, pelo que requer algumas
explicações.
A actuação da administração na observância dos princípios da
precaução e da prevenção

Entendemos ser em sede administrativa que melhor se prossegue a


politica de protecção ambiental, isto porque cabe à Administração
Pública o papel fundamental de implementar os princípios da precaução
e da prevenção, o que faz de diversas formas, como por exemplo, através
da emissão de licenças ou autorizações, ou por intermedio do exercício
da actividade de fiscalização. Ou seja, a Administração Pública tem o
poder de rejeitar a autorização ou licenciamento de qualquer
projecto/actividade que apresente características danosas irreversíveis
para o ambiente. Por outro lado, pode fiscalizar
Cont
regularmente a actividade desenvolvida pelos particulares, contribuindo,
deste modo, para a observância da legislação ambiental, e,
consequentemente, para a protecção do ambiente.

O papel da Administração Publica na danificação do ambiente:


A adminstração pública actua negativamente em relação ao ambiente
quer de forma directa (atraves de realizacao de obras públicas, tais como
estradas, barragens, portos, etc.) quer de uma forma indirecta
(licenciando actividades
Cont
Danosas ou poluidoras, sem observância de alguns dos princípios
básicos ambientais).
O acto administrativo e o ambiente:
O acto administrativo constitui o acto jurídico principal ou a expressão
máxima da actuação e manifestação da Administração Pública. É através
dele que, na maior parte das vezes, os seus órgãos actuam, violando o
direito fundamental ao ambiente de que gozam todos os cidadãos no
nosso pais.
Cont
Procedimento Administrativo e a protecção do ambiente:
Para GOMES CANOTILHO, o procedimento é “a manifestação do
proceder da administração (prossecução de interesses) na actuação da
função administrativa”. Sendo que o processo “é a exteriorização da
função jurisdicional no âmbito administrativo”.
Ora, o procedimento administrativo constitui o garante valioso e eficaz
do principio da prevenção. Por outro lado, o procedimento
administrativo constitui também garante do principio da participação dos
cidadãos no processo de tomada de decisões.
Cont
Contudo, não nos esqueçamos da ligação estreita que deve existir entre a
participação e a informação, pois não pode haver plena participação sem
a prestação de um serviço de informação serio, correcto e completo.
Uma das peças fundamentais do procedimento administrativo no
domínio da protecção do ambiente é a participação pública, prevista nos
termos do artigo 15 do regulamento da AIA.
Contudo a participação dos cidadãos no procedimento administrativo
pressupõe a transparência da administração pública.
Cont
Exploração por contrato de concessão florestal:

A exploração sob o regime de contrato de concessão florestal é exercida


por pessoas singulares ou colectivas e pelas comunidades locais nas
florestas produtivas e nas de utilização múltipla, para o abastecimento à
industria de processamento ou energética com observância do plano de
maneio. Este contrato esta sujeito a um prazo máximo de 50 anos
renovável por igual período a pedido do interessado.
DIREITO DE TERCEIROS NA EXPLORAÇÃO FLORESTAL E
FAUNÍSTICA

A exploração florestal e faunística para fins comerciais, industriais ou


energéticos, deve salvaguardar todos os direitos de terceiros existentes
dentro da área de exploração, bem como o livre acesso das comunidades
locais dentro da mesma, incluindo os direitos de utilização dos recursos
naturais que a comunidade necessita para sua subsistência.
Bibliografia recomendada

Amaral, Diogo Freitas do – Manual de Introdução ao Direito, Volume


I, Almedina, Coimbra, 2004 (reimpressão 2017);
Ascensão, José de Oliveira – O Direito. Introdução e Teoria Geral,
13.ª edição, Almedina, Coimbra, 2005 (reimpressão 2017);

Brito, Miguel Nogueira de – Introdução ao Estudo do Direito,


AAFDL, Lisboa, 2017 Bronze, Fernando José Pinto – Lições de
Introdução ao Direito, 2.ª edição, Coimbra Editora, Coimbra, 2006
(reimpressão 2010).

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