Administração Pública e o Ambiente A administração Pública é, não só o principal garante do ambiente, como muito provalmente, o maior responsável pela sua destruição ou danificação. Recorrendo a um exemplo quotidiano, veja – se que o mesmo Governo que, nos últimos anos, criou novos parques e reservas nacionais, tendo procedido à ampliação dos limites de alguns existentes, assumindo – se, ao nível internacional, como grande dinamizador de uma politica de proteção e conservação da natureza, surge – nos como promotor de mega – empreendimentos susceptives de levantar sérias duvidas ou reservas quanto ao possível impacto ambiental. Cont Nesse sentido, FREITAS DO AMARAL referiu, em relação ao caso português o seguinte: “na verdade, se em muitos casos a Admininstração Pública nos aparece como garante da protecção do ambiente – é essa sua missão, é essa sua responsabilidade, noutros casos e, infelizmente, não são raros, a Administração Pública aparece como cúmplice da degradação do ambiente.
Esta tese parece, à partida, algo contraditorio, pelo que requer algumas explicações. A actuação da administração na observância dos princípios da precaução e da prevenção
Entendemos ser em sede administrativa que melhor se prossegue a
politica de protecção ambiental, isto porque cabe à Administração Pública o papel fundamental de implementar os princípios da precaução e da prevenção, o que faz de diversas formas, como por exemplo, através da emissão de licenças ou autorizações, ou por intermedio do exercício da actividade de fiscalização. Ou seja, a Administração Pública tem o poder de rejeitar a autorização ou licenciamento de qualquer projecto/actividade que apresente características danosas irreversíveis para o ambiente. Por outro lado, pode fiscalizar Cont regularmente a actividade desenvolvida pelos particulares, contribuindo, deste modo, para a observância da legislação ambiental, e, consequentemente, para a protecção do ambiente.
O papel da Administração Publica na danificação do ambiente:
A adminstração pública actua negativamente em relação ao ambiente quer de forma directa (atraves de realizacao de obras públicas, tais como estradas, barragens, portos, etc.) quer de uma forma indirecta (licenciando actividades Cont Danosas ou poluidoras, sem observância de alguns dos princípios básicos ambientais). O acto administrativo e o ambiente: O acto administrativo constitui o acto jurídico principal ou a expressão máxima da actuação e manifestação da Administração Pública. É através dele que, na maior parte das vezes, os seus órgãos actuam, violando o direito fundamental ao ambiente de que gozam todos os cidadãos no nosso pais. Cont Procedimento Administrativo e a protecção do ambiente: Para GOMES CANOTILHO, o procedimento é “a manifestação do proceder da administração (prossecução de interesses) na actuação da função administrativa”. Sendo que o processo “é a exteriorização da função jurisdicional no âmbito administrativo”. Ora, o procedimento administrativo constitui o garante valioso e eficaz do principio da prevenção. Por outro lado, o procedimento administrativo constitui também garante do principio da participação dos cidadãos no processo de tomada de decisões. Cont Contudo, não nos esqueçamos da ligação estreita que deve existir entre a participação e a informação, pois não pode haver plena participação sem a prestação de um serviço de informação serio, correcto e completo. Uma das peças fundamentais do procedimento administrativo no domínio da protecção do ambiente é a participação pública, prevista nos termos do artigo 15 do regulamento da AIA. Contudo a participação dos cidadãos no procedimento administrativo pressupõe a transparência da administração pública. Cont Exploração por contrato de concessão florestal:
A exploração sob o regime de contrato de concessão florestal é exercida
por pessoas singulares ou colectivas e pelas comunidades locais nas florestas produtivas e nas de utilização múltipla, para o abastecimento à industria de processamento ou energética com observância do plano de maneio. Este contrato esta sujeito a um prazo máximo de 50 anos renovável por igual período a pedido do interessado. DIREITO DE TERCEIROS NA EXPLORAÇÃO FLORESTAL E FAUNÍSTICA
A exploração florestal e faunística para fins comerciais, industriais ou
energéticos, deve salvaguardar todos os direitos de terceiros existentes dentro da área de exploração, bem como o livre acesso das comunidades locais dentro da mesma, incluindo os direitos de utilização dos recursos naturais que a comunidade necessita para sua subsistência. Bibliografia recomendada
Amaral, Diogo Freitas do – Manual de Introdução ao Direito, Volume
I, Almedina, Coimbra, 2004 (reimpressão 2017); Ascensão, José de Oliveira – O Direito. Introdução e Teoria Geral, 13.ª edição, Almedina, Coimbra, 2005 (reimpressão 2017);
Brito, Miguel Nogueira de – Introdução ao Estudo do Direito,
AAFDL, Lisboa, 2017 Bronze, Fernando José Pinto – Lições de Introdução ao Direito, 2.ª edição, Coimbra Editora, Coimbra, 2006 (reimpressão 2010).
Direito Ambiental: aplicação dos princípios ambientais como fundamento das políticas públicas e entendimentos jurisprudenciais para efetivação da proteção ambiental