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1.

É possível a desapropriação por interesse social para fins de


criação de unidade de conservação de proteção integral?
Explique (3,0 pontos)

Sim, é possível a desapropriação por interesse social para a criação


de uma unidade de conservação de proteção integral. No Brasil, a
desapropriação é um instrumento previsto na Constituição Federal e em
legislações específicas para a efetivação da função social da
propriedade.

No caso das unidades de conservação de proteção integral, o


processo de desapropriação pode ocorrer quando há a necessidade de
preservar áreas de grande importância ambiental, cultural ou científica.
Essas áreas são destinadas à preservação integral da biodiversidade,
sendo vedadas atividades que possam alterar o equilíbrio natural do
ecossistema.

A Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei nº


9.985/2000) estabelece os critérios para a criação e gestão de unidades
de conservação no Brasil. Ela prevê que a desapropriação pode ser uma
das formas de aquisição de áreas para a criação de unidades de
conservação, quando necessário para a consecução de seus objetivos.

É importante destacar que o processo de desapropriação deve seguir


os trâmites legais estabelecidos, respeitando os direitos dos proprietários
e garantindo a justa indenização pela desapropriação. Além disso, a
criação de unidades de conservação deve ser embasada em estudos
técnicos que justifiquem a importância da área para a conservação da
natureza.

2. Em que consiste a litigância climática? (1,0 ponto)

A litigância climática refere-se a ações judiciais que têm como


objetivo abordar questões relacionadas às mudanças climáticas,
buscando responsabilizar governos, empresas ou outras entidades por
ações ou omissões que contribuam para o aquecimento global,
degradação ambiental ou impactos negativos nas comunidades devido às
mudanças climáticas.

Essas ações podem envolver uma variedade de questões, incluindo:

Responsabilidade de Emissões: Algumas ações buscam


responsabilizar empresas ou países por emissões de gases de efeito estufa
que contribuem para as mudanças climáticas. Isso pode incluir
processos movidos por comunidades afetadas por eventos climáticos
extremos atribuídos ao aquecimento global.

Políticas de Mitigação: Algumas litigâncias climáticas abordam a


eficácia das políticas de mitigação adotadas por governos ou empresas.
Por exemplo, processos podem ser movidos para contestar a falta de
implementação de medidas eficazes para reduzir as emissões de gases de
efeito estufa.

Proteção de Recursos Naturais: Casos também podem ser


apresentados em defesa de recursos naturais específicos, como áreas
costeiras ameaçadas pelo aumento do nível do mar, florestas que
desempenham um papel crucial na absorção de carbono, entre outros.

Direitos Humanos e Mudanças Climáticas: Algumas ações judiciais


argumentam que a inação em relação às mudanças climáticas viola os
direitos humanos, especialmente quando comunidades vulneráveis são
prejudicadas por eventos climáticos extremos.

Transparência e Informação: Algumas litigâncias climáticas buscam


garantir maior transparência e divulgação de informações sobre as ações
tomadas por governos e empresas em relação às mudanças climáticas.

Em diversos países ao redor do mundo, tribunais têm sido acionados


para analisar casos relacionados às mudanças climáticas, e há uma
tendência crescente de envolvimento do sistema judicial nessas questões.
Isso reflete o reconhecimento crescente da importância das ações legais
para impulsionar ações efetivas na mitigação e adaptação às mudanças
climáticas.
3. Identifique e contextualize 2 casos que se relacionam o tema
litigância climática julgados no Brasil (4,0 pontos)

ADPF 708, originariamente ajuizada como Ação Direta de


Inconstitucionalidade por Omissão em que foram apontadas omissões do
governo federal por não adotar providências para o funcionamento do
Fundo Clima, que fora indevidamente paralisado em 2019 e 2020. Além
de diversas outras ações e omissões na área ambiental que levaram o
Brasil a uma situação de retrocesso e de desproteção em matéria
ambiental.

Em seu julgado o STF proibiu de modo exemplar, após a realização


de audiência pública multidisciplinar, o contingenciamento das receitas
que integram o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (Fundo Clima)
e determinou ao Governo Federal que este adote as providências cabíveis
ao seu funcionamento salientando ainda a importância da destinação de
recursos. Salienta-se ainda que o STF reconheceu, a omissão da União
devido à não alocação integral das verbas do fundo referentes ao ano de
2019.

A ADO-59/STF, sob a relatoria da ministra Rosa Weber, em foi


discutida a omissão estatal em relação ao Fundo Amazônia, que fora
criado pelo Decreto nº 6.527/2008.

Dados oficiais apresentados pelo INPE, demonstravam o crescente


aumento das taxas de desmatamento no bioma Amazônia nos últimos
anos. A partir da captação de imagens de satélites e dados do Sistema de
Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), o Inpe apontou para
uma evolução das taxas de desmatamento entre 2013 e 2019: 2013
(5.891 km2/ano), 2014 (5.012 km2/ano) 2015 (6.207 km2/ano), 2016
(7.893 km2/ano), 2017 (6.947 km2/ano), 2018 (7.536 km2/ano) e 2019
(10.129 km2/ano).

Sendo assim, ambos julgados supramencionados relacionam-se


com a omissão governamental e o risco que tais omissões causam a
mudança climática mundial.
4. Qual a diferença entre economia linear e economia circular e
qual sua relação com o meio ambiente? (2,0 pontos)

A economia linear trata-se de um modelo de produção em que o


consumo é predominante ao longo dos anos. Sendo assim, os recursos
naturais são extraídos, transformados em produtos e após utilizados são
descartados como resíduos. Seu objetivo principal é a produção em
massa, ocorrendo a extração de matérias primas ocorrendo em grande
escala resultando em danos ambientais, tais quais a degradação de
ecossistemas, esgotamento de recursos naturais não renováveis e a
poluição do ar, água e solo.

Seguindo tal linha de raciocínio, os produtos fabricados possuem


vida útil curta, sendo descartados após pouco tempo de uso, causando
então acumulo de resíduos que normalmente são descartados em aterros
sanitários ou incinerados poluindo o meio ambiente. Mesmo a economia
linear promovendo importantes avanços no desenvolvimento econômico,
a metodologia por ela utilizada causa consequências negativas
importantíssimas tal qual a escassez de recursos e a degradação
ambiental.

A economia linear é o modelo de produção e consumo que tem sido


predominante ao longo dos últimos séculos. Nessa abordagem, os
recursos naturais são extraídos, transformados em produtos e, após o
uso, são descartados como resíduos.

Na economia linear, a produção em massa é o objetivo central. Desse


modo, a extração de matérias-primas ocorre em grande escala, o que
resulta em danos ambientais, como, por exemplo, a degradação de
ecossistemas, o esgotamento de recursos naturais não renováveis e a
poluição do ar, água e solo.

A economia circular possui diferente abordagem, onde a economia


desenvolve produtos considerando sua durabilidade, possibilidade de
reparo e capacidade de desmontagem onde o reaproveitamento,
reutilização e regeneração minimizando então o consumo de recursos
naturais e reduzindo a geração de resíduos e diminuindo os impactos
ambientais. Ocasionando então impacto não apenas da sustentabilidade
ambiental, mas também das áreas econômicas e sociais.

Ademais, a economia circular também enfatiza a importância do


trabalho interligado entre os diferentes setores da sociedade tais quais
empresas, governos e consumidores, para acelerar a transição para o
modelo circular.

Quando há a implementação da economia circular, é possível


reduzir a dependência de recursos limitados, minimizar a pressão sobre
o meio ambiente e desenvolvendo ainda mais os sistemas econômicos.

Sendo assim, a economia linear é baseada no consumo desenfreado


de recursos e na produção exacerbada de resíduos, seguindo o fluxo de
extrair, produzir e descartar.

Já a economia circular é possui como principal objetivo maximizar


a eficiência de recursos prolongando a vida útil dos produtos e então
diminuir o impacto ambiental decorrente da exploração. Em resumo,
enquanto a economia linear é baseada no consumo de recursos e na
produção de resíduos, seguindo um fluxo de extrair, produzir e descartar,
a economia circular busca maximizar a eficiência dos recursos, prolongar
a vida útil dos produtos e diminuir o impacto ambiental.

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