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Módulo 3

Parte 2

1. A POLÍTICA NACIONAL SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Inicialmente, a lei delimitou alguns termos de necessária compreensão para


seus próprios fns e, em nosso caso, interessantes aos propósitos deste estudo.
Neste sentdo, diiz a lei em seu Art. 2º1:

I - adaptação: iniciatias e medidas para reduizir a iulnerabilidade dos


sistemas naturais e humanos frente aos efeitos atuais e esperados da
mudança do clima;

II - efeitos adiersos da mudança do clima: mudanças no meio fsico ou


biota resultantes da mudança do clima que tenham efeitos deletérios
signifcatios sobre a composição, resiliência ou produtiidade de
ecossistemas naturais e manejados, sobre o funcionamento de sistemas
socioeconômicos ou sobre a saúde e o bem-estar humanos;

III - emissões: liberação de gases de efeito estufa ou seus precursores na


atmosfera numa área específca e num período determinado;

IV - fonte: processo ou atiidade que libere na atmosfera gás de efeito


estufa, aerossol ou precursor de gás de efeito estufa;

V - gases de efeito estufa: consttuintes gasosos, naturais ou antrópicos,


que, na atmosfera, absoriem e reemitem radiação infraiermelha;

1 BRASIL. Lei 12.187 de 29 de deizembro de 2009. Insttui a Polítca Nacional sobre Mudança do
Clima – PNMC. Disponíiel em <http://www.planalto.goi.br/cciiil.03//.ato2007-
2010/2009/lei/l12187.htm> Acesso em 29 de agosto de 2021.
VI - impacto: os efeitos da mudança do clima nos sistemas humanos e
naturais;

VII - mitgação: mudanças e substtuições tecnológicas que reduizam o uso


de recursos e as emissões por unidade de produção, bem como a
implementação de medidas que reduizam as emissões de gases de efeito
estufa e aumentem os sumidouros;

VIII - mudança do clima: mudança de clima que possa ser direta ou


indiretamente atribuída à atiidade humana que altere a composição da
atmosfera mundial e que se some àquela proiocada pela iariabilidade
climátca natural obseriada ao longo de períodos comparáieis;

IX - sumidouro: processo, atiidade ou mecanismo que remoia da


atmosfera gás de efeito estufa, aerossol ou precursor de gás de efeito
estufa; e

X - iulnerabilidade: grau de suscetbilidade e incapacidade de um sistema,


em função de sua sensibilidade, capacidade de adaptação, e do caráter,
magnitude e taxa de mudança e iariação do clima a que está exposto, de
lidar com os efeitos adiersos da mudança do clima, entre os quais a
iariabilidade climátca e os eientos extremos.

A PNMC determina que todas as medidas a serem tomadas iisando seu


cumprimento deiam obseriar as seguintes proposições:

I - todos têm o deier de atuar, em benefcio das presentes e futuras


gerações, para a redução dos impactos decorrentes das interferências
antrópicas sobre o sistema climátco;
II - serão tomadas medidas para preier, eiitar ou minimiizar as causas
identfcadas da mudança climátca com origem antrópica no território
nacional, sobre as quais haja raizoáiel consenso por parte dos meios
cientfcos e técnicos ocupados no estudo dos fenômenos enioliidos;

III - as medidas tomadas deiem leiar em consideração os diferentes


contextos socioeconomicos de sua aplicação, distribuir os ônus e encargos
decorrentes entre os setores econômicos e as populações e comunidades
interessadas de modo equitatio e equilibrado e sopesar as
responsabilidades indiiiduais quanto à origem das fontes emissoras e dos
efeitos ocasionados sobre o clima;

IV - o desenioliimento sustentáiel é a condição para enfrentar as


alterações climátcas e conciliar o atendimento às necessidades comuns e
partculares das populações e comunidades que iiiem no território
nacional;

V - as ações de âmbito nacional para o enfrentamento das alterações


climátcas, atuais, presentes e futuras, deiem considerar e integrar as ações
promoiidas no âmbito estadual e municipal por entdades públicas e
priiadas;

Tendo como fundamento a necessidade pela preseriação da qualidade


ambiental com foco no clima, a PNMC iisará (objetioss:

I - à compatbiliização do desenioliimento econômico-social com a


proteção do sistema climátco;

II - à redução das emissões antrópicas de gases de efeito estufa em relação


às suas diferentes fontes;

III – (VETADOs;
IV - ao fortalecimento das remoções antrópicas por sumidouros de gases de
efeito estufa no território nacional;

V - à implementação de medidas para promoier a adaptação à mudança do


clima pelas 3/ (trêss esferas da Federação, com a partcipação e a
colaboração dos agentes econômicos e sociais interessados ou
benefciários, em partcular aqueles especialmente iulneráieis aos seus
efeitos adiersos;

VI - à preseriação, à conseriação e à recuperação dos recursos ambientais,


com partcular atenção aos grandes biomas naturais tdos como Patrimônio
Nacional;

VII - à consolidação e à expansão das áreas legalmente protegidas e ao


incentio aos reforestamentos e à recomposição da cobertura iegetal em
áreas degradadas;

VIII - ao estmulo ao desenioliimento do Mercado Brasileiro de Redução de


Emissões - MBRE.

Parágrafo único. Os objetios da Polítca Nacional sobre Mudança do Clima


deierão estar em consonância com o desenioliimento sustentáiel a fm de
buscar o crescimento econômico, a erradicação da pobreiza e a redução das
desigualdades sociais.

Frente ao exposto, fcam claros os caminhos a serem seguidos pela sociedade


em seu níiel mais amplo, do público ao priiado, dos indiiíduos às comunidades, etc.
Porém, para se buscar o atendimento aos objetios da PNMC são necessários meios
iiáieis para tal.
No Artgo 6º da lei em questão são apresentados os instrumentos primários
iiabiliizadores. Passamos a destacar alguns que são considerados importantes para
os fns deste estudo, apresentando comentários pertnentes:
(…s III - os Planos de Ação para a Preienção e Controle do Desmatamento
nos biomas;

O desmatamento é um ponto essencial no combate às mudanças climátcas.


Várias são as contribuições da supressão de iegetação para o agraiamento da
situação climátca atual. Em primeiro lugar, há a remoção da cobertura iegetal e a
perda do seu seriiço ambiental referente a captura de carbono da atmosfera e
emissão de oxigênio. Além da remoção da cobertura iegetal e a perda de seus
seriiços, na maioria das ieizes, são realiizadas queimadas para a “limpeiza” da área,
faizendo com que hajam emissões gigantescas de carbono na atmosfera em
decorrência das áreas deiastadas pelo fogo.
Há, ainda, o fm da emissão de iapor de água na atmosfera por parte da
iegetação que foi remoiida, contribuindo para redução do iolume das chuias, o
que, dentre inúmeras outras consequências, contribuí para o aumento dos incêndios
forestais.
Estes são alguns exemplos dos diiersos problemas e das iárias contribuições
que o desmatamento pode traizer para a sociedade, principalmente no que diiz
respeito às questões ligadas ao clima.

(…s VII - as linhas de crédito e fnanciamento específcas de agentes


fnanceiros públicos e priiados;

Linhas de crédito e fnanciamentos para projetos, atiidades e


empreendimentos que busquem apresentar soluções para a questão climátca.
Linhas específcas são essenciais para o fomento do mercado e da economia rumo a
soluções sustentáieis.
São exemplos as linhas de crédito fornecidas por bancos estatais para projetos
de redução da emissão de gases de efeito estufa e transição energétca, como as
usinas de energia solar. Ou então oportunidades oferecidas por bancos de fomento
(BNDES, BDMG, etcs, para que empresas passem a faizer uso de energia solar
fotoioltaica em suas plantas e escritórios.

(…s XII - as medidas existentes, ou a serem criadas, que estmulem o


desenioliimento de processos e tecnologias, que contribuam para a
redução de emissões e remoções de gases de efeito estufa, bem como para
a adaptação, dentre as quais o estabelecimento de critérios de preferência
nas licitações e concorrências públicas, compreendidas aí as parcerias
público-priiadas e a autoriização, permissão, outorga e concessão para
exploração de seriiços públicos e recursos naturais, para as propostas que
propiciem maior economia de energia, água e outros recursos naturais e
redução da emissão de gases de efeito estufa e de resíduos;

Aqui são apresentados meios de facilitação por parte do Estado para que
atiidades ou empreendimentos que contribuam com a redução dos impactos
ambientais climátcos nos diiersos âmbitos de competência da União. O Estado dará
preferência em seus processos administratios (autoriizações, licenças, parcerias e
licitações, por exemplos a quem desempenhe funções de releiante interesse à
questão climátca.
Por exemplo, em uma licitação pública onde os interessados em prestar
determinado seriiço ao Estado concorram igualmente, caso as propostas
apresentadas sejam iguais em termos de preço, o Estado dará preferência para a
parte que deseniolia o seriiço com tecnologia e/ou processos que não contribuam
para o agraiamento da questão climátca. Que sejam climatcamente responsáieis
(uma analogia às prátcas ambientalmente responsáieiss.

(…s XIII - os registros, inientários, estmatias, aialiações e quaisquer outros


estudos de emissões de gases de efeito estufa e de suas fontes, elaborados
com base em informações e dados fornecidos por entdades públicas e
priiadas;

Aqui, todas as formas preiistas na lei iisam compreender o real montante de


gases de efeito estufa (termo também conhecido como emissões de carbonos
emitdo periodicamente pelas organiizações, públicas ou priiadas.
Estar informações são essenciais para a compreensão do real impacto
ambiental que as emissões de cada organiização causam no planeta. Estas
informações orientarão diiersos aspectos da tomada de decisão interna de cada
entdade para o desenioliimento de suas polítcas e ações de responsabilidades
ambiental e climátca.
Dada a característca pública destas informações, tendo em iista o interesse
público pela preseriação ambiental e, por dedução lógica, das ações que possam
ameaçar a qualidade ambiental, elas podem ser utliizadas como base para o
desenioliimento também de polítcas públicas pois expressam uma fata do impacto
ambiental de uma determinada localidade, região ou nação.
Exemplos que podem ser citados são os Inientários de Gases de Efeito Estufa
elaborados todos os anos por diiersas empresas, os quais seriem de base para suas
polítcas de compensação de carbono. O montante calculado é utliizado como
parâmetro para a compensação do que foi emitdo.

XIV - as medidas de diiulgação, educação e conscientização;

Aqui, como em todas as polítcas e ações que iisem deseniolier na população


o respeito e a responsabilidade para com o meio ambiente, recorre-se à educação
ambiental, pois trata-se do meio mais efcaiz, porém de médio e longo praizos, para o
desenioliimento socioeconômico com iistas ao Desenioliimento Sustentáiel.
Por educação ambiental não deie-se entender apenas processos educatios e
de ensino nos bancos escolares, mas sim um programa educatio prátco que iise
diiulgar efetiamente a importância de se preseriar o meio ambiente e, mais
especifcamente, para os fns da lei em questão, da importância do clima e dos
perigos das mudanças climátcas.

(…s XVI - os indicadores de sustentabilidade;

Os indicadores de sustentabilidade são ferramentas ou parâmetros que


permitem a realiização de aialiações para se determinar qual o níiel de
sustentabilidade uma determinada organiização, pública ou priiada.
Por exemplo: O percentual de energia renoiáiel utliizada em comparação à
energia não renoiáiel. A quantdade de energia desperdiçada em relação à
quantdade de energia consumida. Pegada de carbono (emissões iersus
compensação de carbonos. Pegada hídrica (impacto nos recursos hídricoss. Pegada
ecológica (perda de biodiiersidade, etcs.

XVII - o estabelecimento de padrões ambientais e de metas, quantfcáieis


e ierifcáieis, para a redução de emissões antrópicas por fontes e para as
remoções antrópicas por sumidouros de gases de efeito estufa;

Os padrões e metas ambientais seriem para orientarem ações iisando a


redução das emissões de GEEs. Os sumidouros de gases de efeito estufa são
conhecidos atualmente de forma corriqueira como sumidouro de carbono. São
sistemas, naturais ou não, que capturam o carbono da atmosfera.
O melhor exemplo de sumidouro de carbono são as forestas. O processo
realiizado pelas áriores é conhecido como sequestro de carbono, onde é retrado o
carbono da atmosfera, transformado em oxigênio e deioliido para o meio ambiente.
Este processo natural realiizado pelas áriores, em contraponto às emissões de
carbono das indústrias, do mercado agropecuário, etc, deu origem a um noio e
interessante mercado no planeta, bem desenioliido em alguns países e pouco
desenioliido em outros, como é o caso do Brasil: O mercado de carbono.
Em poucas palairas, e de forma totalmente simples, o mercado de carbono
consiste na aquisição de créditos compensatórios por suas emissões. Por exemplo,
uma empresa que emita 10 toneladas de carbono por ano deierá, no mínimo,
capturar 10 toneladas de carbono por ano.
Como tais empresas não possuem meios próprios para realiizar este sequestro,
elas pagam para quem tenha os meios corretos para tal. Neste âmbito, também
entram os países. Aqueles incapaizes de compensarem suas emissões anuais, pagam
pelos seriiços de captura de carbono que outras nações realiizam pelo planeta.

XVIII - a aialiação de impactos ambientais sobre o microclima e o


macroclima.

A aialiação de impactos ambientais é uma ferramenta que iisa estudar todos


os possíieis impactos que determinada atiidade ou empreendimento poderá
causar no meio ambiente ou que já tenha causado.
Vale destacar que a aialiação de impactos ambientais é uma ferramenta
ampla, composta por diiersos tpos de estudos ambientais, como, por exemplo, o
estudo realiizado antes do início das atiidades ou do empreendimento, o conhecido
Estudo Préiio de Impacto Ambiental, do qual decorre o Relatório de Impacto
Ambiental, ambos conhecidos como EIA/RIMA.
Assim, existem diiersos métodos de aialiação de impactos ambientais, como
o EIA/RIMA, o EIV (Estudo de Impacto de Viizinhanças, o EAS (Estudo Ambiental
Simplifcados, et.
Estes métodos aialiatios iisam dar fundamentos para a tomada de decisão,
como ocorre no licenciamento ambiental, que aialia-se a iiabilidade ambiental de
um projeto para conceder ou não suas licenças préiia, de instalação e operação.

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