Você está na página 1de 161

PLANO DE

MANEJO

Parque Natural Municipal Mata da


Chuva
Bonito – Pernambuco

Março, 2017.

0
REALIZAÇÃO

CENTRO DE PESQUISAS AMBIENTAIS DO NORDESTE

Severino Rodrigo Ribeiro Pinto


Biólogo (Coordenador Técnico)

Joaquim José de Freitas Neto


Geógrafo (Coordenação Executiva, Mapeamento e Meio físico)

Carlos Frederico Lins e Silva Brandão


Biólogo (Especialista Ambiental – Meio biótico - fauna, flora e conservação)

Alexandra de Oliveira Luna


Geógrafa (Especialista em Socioeconomia)

Deivide Benício Soares


Geógrafo (Colaborador – Aspectos em Meio físico)

Tiago Andrade Lima


Advogado (Colaborador – Aspectos Jurídicos)

ILUSTRAÇÃO

Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste – Cepan

FOTOGRAFIAS

Créditos nas fotos

APOIO
Fundação SOS Mata Atlântica

Prefeitura Municipal do Bonito

1
APRESENTAÇÃO

O PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL MATA DA CHUVA

Plano de Manejo de Unidades de Conservação é um documento técnico e


fundamentado para o cumprimento dos objetivos gerais da unidade de conservação.
Sua obrigatoriedade ficou estabelecida pela lei federal nº 9.985/2000, que institui o
Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). Sendo assim, na
prática, o Plano de Manejo constitui o principal instrumento de planejamento e
gestão da UC, em que definem diretrizes e normas de uso e ocupação do solo, a partir
da realização de análises e diagnósticos dos elementos do meio físico, biótico,
socioeconômico e cultural, através de um processo de planejamento integrado,
flexível e participativo, envolvendo diversos segmentos da sociedade.
O projeto de elaboração do Plano de Manejo do PARQUE NATURAL
MUNICIPAL MATA DA CHUVA, realizado pelo Centro de Pesquisas Ambientais do
Nordeste-Cepan em parceria com a Prefeitura Municipal do Bonito-Pernambuco, foi
selecionado para apoio por meio de uma seleção pública realizada pela Fundação SOS
Mata Atlântica, a “Chamada de Projetos para Unidades de Conservação Municipais
Públicas e Privadas da Mata Atlântica e Ambientes Marinhos e Costeiros – Edital nº
01/2015”, onde foram aprovados 24 projetos em todo o Brasil, visando à criação e o
apoio à implementação e elaboração de instrumentos de gestão de unidades de
conservação.
Esse Plano vem a contribuir na consolidação da importante e diferencial
estratégia da gestão ambiental adotada pelo município, o qual possui três unidades
de conservação pública e um dos primeiros municípios a possuir o seu Plano
Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica (PMMA), previsto na lei
federal nº 11.428/2006, além de ter grande parte de suas atividades econômicas
voltadas para o ecoturismo, aliando o desenvolvimento à conservação.
Este Plano de Manejo está organizado em cinco capítulos. Os três primeiros
referem-se a informações gerais acerca da UC, iniciando com os Aspectos Gerais da
UC e seu Enquadramento legal (Capítulo 1), seguindo com a Contextualização
Regional da UC (Capítulo 2) e a Contextualização e Análise da UC (Capítulo 3), onde
são apresentados aspectos tanto em relação ao Parque quanto à sua área de
influência, suas características ambientais, principais conflitos, principais fontes de
informação de dados e os diagnósticos socioeconômicos, de meio físico e ambiental.
O Capítulo 4 trata do Planejamento para a UC, englobando o zoneamento e
programas temáticos, e no 5º, Monitoria e Avaliação para acompanhamento da
implementação e eficácia dos programas existentes.

2
Índice de Quadros
Quadro 1. Quadro do Conselho Gestor do Parque Natural Municipal Mata da Mata da
Chuva, município do Bonito, Pernambuco. .............................................................................. 20
Quadro 2. Principais bens culturais de natureza imaterial, conforme sua categoria, do
município do Bonito, Pernambuco............................................................................................ 23
Quadro 3. Relação de equipamentos e espaços de vivências culturais do município do
Bonito, Pernambuco. ................................................................................................................. 23
Quadro 4. Principais bens culturais materiais do município do Bonito, Pernambuco. .......... 25
Quadro 5. Estágios da obra desenvolvidas através do Plano de Aceleração do Crescimento
(PAC) no do município do Bonito, Pernambuco....................................................................... 36
Quadro 6. Ações previstas e objetivos do Componente ‘Produto Turístico’ do Plano de Ação
do Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável – PDITS (Polo Agreste)
para o Polo Agreste e o município do Bonito, Pernambuco.................................................... 44
Quadro 7. Ações previstas e objetivos do Componente ‘Comercialização’ do Plano de Ação
do Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável – PDITS (Polo Agreste)
para o do município do Bonito, Pernambuco. .......................................................................... 45
Quadro 8. Ações previstas e objetivos do Componente ‘Fortalecimento Institucional’ do
Plano de Ação do Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável – PDITS
(Polo Agreste) para o do município do Bonito, Pernambuco.................................................. 46
Quadro 9. Ações previstas e objetivos do Componente ‘Infraestrutura e Serviços Básicos’
do Plano de Ação do Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável – PDITS
(Polo Agreste) para o do município do Bonito, Pernambuco.................................................. 47
Quadro 10. Ações previstas e objetivos do Componente ‘Gestão Socioambiental’ do Plano
de Ação do Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável – PDITS (Polo
Agreste) para o do município do Bonito, Pernambuco. .......................................................... 47
Quadro 11. Unidades de mapeamento de solo existentes no Parque Natural Municipal Mata
da Chuva e seu entorno, município do Bonito, Pernambuco. ................................................. 84
Quadro 12. Informações sobre as Zonas do Parque Natural Municipal Mata da Chuva,
município do Bonito, Pernambuco........................................................................................... 129
Quadro 13. Formulário de Monitoria e Avaliação Anual da Implementação do Plano de
Manejo do Parque Natural Municipal Mata da Chuva, Bonito, Pernambuco. ....................... 145
Quadro 14. Formulário de Monitoria e Avaliação da Efetividade do Planejamento do Parque
Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco. ................................ 145
Quadro 15. Formulário de Avaliação da Efetividade do Zoneamento do Parque Natural
Municipal Mata da Chuva, Bonito, Pernambuco. ................................................................... 146

3
Índice de Tabelas
Tabela 1. O Parque Natural Municipal Mata da Chuva (Bonito, Pernambuco) e o cenário
federal. ......................................................................................................................................... 14
Tabela 2. Situação da área territorial do município do Bonito, Pernambuco. ....................... 28
Tabela 3. Estabelecimentos Agropecuários por utilização das Terras do município do Bonito,
Pernambuco. .............................................................................................................................. 33
Tabela 4. Assentamentos e comunidades rurais com algum tipo de incentivo a uso da terra
no município do Bonito, Pernambuco. ..................................................................................... 34
Tabela 5. Análise histórica da população residente nos anos de 2000 e 2010 no município do
Bonito, Pernambuco. ................................................................................................................. 37
Tabela 6. População residente por situação do domicílio e sexo do município do Bonito,
Pernambuco. .............................................................................................................................. 38
Tabela 7. Frequência em escola ou creche por nível de ensino ou curso no município do
Bonito, Pernambuco. ................................................................................................................. 38
Tabela 8. Pessoas alfabetizadas com 5 anos ou mais de idade no município do Bonito,
Pernambuco. .............................................................................................................................. 39
Tabela 9. Domicílios particulares com rendimento nominal mensal domiciliar per capita no
município do Bonito, Pernambuco............................................................................................ 40
Tabela 10. Estabelecimentos Agropecuários por utilização das Terras por Sistemas
agroflorestais no município do Bonito, Pernambuco. ............................................................. 43
Tabela 11. Classificação do uso e ocupação do solo do entorno direto (1 km) do Parque
Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito (Pernambuco), apresentando sua
classe, área e porcentagem. ...................................................................................................... 60
Tabela 12. Classificação do uso e ocupação do solo no interior do Parque Natural Municipal
Mata da Chuva, município do Bonito (Pernambuco), apresentando sua classe, área e
porcentagem. ............................................................................................................................. 62
Tabela 13. Levantamento primário e secundário das espécies arbóreas ocorrentes no
Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco. ..................... 91
Tabela 14. Lista da fauna encontrada através de dados primários e secundários para o
Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco. .................... 98

4
Índice de Figuras
Figura 1. Sede Batalhão dos Bacamarteiros nº15, município do Bonito, Pernambuco. .......... 24
Figura 2. Festa dos Bacamarteiros no ano de 2013 no município do Bonito, Pernambuco. .. 24
Figura 3. Igreja de São Sebastião no município do Bonito, Pernambuco. .............................. 25
Figura 4. Capela de N.S. de Mont Serrat no município do Bonito, Pernambuco. ................... 26
Figura 5. Casa em estilo colonial no município do Bonito, Pernambuco. ............................... 26
Figura 6. Sobrado em estilo colonial e letreiro com o nome da cidade, município do Bonito,
Pernambuco. .............................................................................................................................. 27
Figura 7. Imagem de satélite da área urbanizada do município do Bonito, Pernambuco. .... 28
Figura 8. Principais usos e equipamentos urbanos, e estratificação do padrão de habitação
do município do Bonito, Pernambuco. ..................................................................................... 29
Figura 9. Imagem de satélite da área urbanizada da Vila Alto Bonito, município do Bonito,
Pernambuco. .............................................................................................................................. 30
Figura 10. Principais usos e equipamentos urbanos, e estratificação do padrão de habitação
na Vila Alto Bonito, município do Bonito, Pernambuco. .......................................................... 30
Figura 11. Imagem de satélite da área urbanizada da Vila Bentivi, município do Bonito,
Pernambuco. ............................................................................................................................... 31
Figura 12. Principais Usos e equipamentos urbanos, e estratificação do padrão de habitação
da Vila Bentivi, município do Bonito, Pernambuco. .................................................................. 31
Figura 13. Imagem de satélite do aglomerado rural isolado no Estreito do Norte, município
do Bonito, Pernambuco. ............................................................................................................ 32
Figura 14. Cachoeira Véu de Noiva, município do Bonito, Pernambuco.................................. 35
Figura 15. Cachoeira Barra Azul, município do Bonito, Pernambuco. ..................................... 35
Figura 16. Análise histórica da população residente nos anos de 1992, 1996, 2000, 2004,
2008 e 2010 no município do Bonito, Pernambuco .................................................................. 37
Figura 17. Índice de Desenvolvimento Humano nos anos de 1991, 2000 e 2010 do município
do Bonito, Pernambuco. ............................................................................................................. 41
Figura 18. Produto Interno Bruto - PIB (Valor Adicionado) do município do Bonito,
Pernambuco. ............................................................................................................................... 41
Figura 19. Pessoas ocupadas por setor entre os anos 2007 e 2013 no município do Bonito,
Pernambuco. .............................................................................................................................. 42
Figura 20. Localização do Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito,
Pernambuco. .............................................................................................................................. 59
Figura 21. Classificação do uso e ocupação do solo do entorno direto (1 km) do Parque
Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco. ..................................61
Figura 22. Classificação do uso e ocupação do solo no interior do Parque Natural Municipal
Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco. ................................................................ 63
Figura 23. Isoietas e Isotermas do estado de Pernambuco. .................................................... 68
Figura 24. Climograma do posto pluviométrico “Bonito (Fazenda Vila Bela)”, estado de
Pernambuco. .............................................................................................................................. 69
Figura 25. Extrato de balanço hídrico do posto pluviométrico “Bonito (Fazenda Vila Bela)”,
estado de Pernambuco. ............................................................................................................. 70
Figura 26. Aspectos Geológicos nas proximidades do Parque Natural Municipal Mata da
Chuva, município do Bonito, Pernambuco. ............................................................................. 73

5
Figura 27. Vertente descampada expondo rochas graníticas nas proximidades do Parque
Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco. ................................. 75
Figura 28. Afloramento de rocha granítica nas proximidades do Parque Natural Municipal
Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco. ................................................................ 75
Figura 29. Unidades Geoambientais / Classes de Relevo nas proximidades do Parque Natural
Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco................................................ 77
Figura 30. Altimetria nas proximidades do Parque Natural Municipal Mata da Chuva,
município do Bonito, Pernambuco............................................................................................ 78
Figura 31. Declividade nas proximidades do Parque Natural Municipal Mata da Chuva,
município do Bonito, Pernambuco............................................................................................ 79
Figura 32. Vista do mirante do teleférico no Morro do Mont Serrat nas proximidades do
Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco. .................... 80
Figura 33. Diagrama de Roseta com o trend preferencial das feições geomorfológicas do
Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco. ..................... 81
Figura 34. Classes de solo nas proximidades do Parque Natural Municipal Mata da Chuva,
município do Bonito, Pernambuco............................................................................................ 83
Figura 35. Riacho no interior do Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do
Bonito, Pernambuco. ................................................................................................................. 88
Figura 36. Bacias hidrográficas nas proximidades do Parque Natural Municipal Mata da
Chuva, município do Bonito, Pernambuco. .............................................................................. 89
Figura 37. Famílias vegetais com maior riqueza no Parque Natural Municipal Mata da Chuva,
município do Bonito, Pernambuco............................................................................................ 90
Figura 38. Síndrome de dispersão das espécies vegetais encontradas no Parque Natural
Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco................................................ 94
Figura 39. Área de preferência das espécies vegetais encontradas no Parque Natural
Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco................................................ 95
Figura 40. Grupo de plantio das espécies vegetais encontradas no Parque Natural Municipal
Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco. ................................................................ 96
Figura 41. Pegadas da paca (Cuniculus paca) no interior do Parque Natural Municipal Mata
da Chuva, município do Bonito, Pernambuco. ......................................................................... 96
Figura 42. Famílias mais representativas para a fauna no Parque Natural Municipal Mata da
Chuva, município do Bonito, Pernambuco. .............................................................................. 97
Figura 43. Área convertida para uso de cultura agrícola no interior do remanescente
florestal do Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.104
Figura 44. Área convertida para uso de plantio de feijão e banana no interior do
remanescente florestal do Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito,
Pernambuco. .............................................................................................................................104
Figura 45. Corte e retirada de árvores no remanescente florestal do Parque Natural
Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco............................................... 105
Figura 46. Corte de árvores no remanescente florestal do Parque Natural Municipal Mata da
Chuva, município do Bonito, Pernambuco. ............................................................................. 105
Figura 47. Ponto de espera (tipo 1) para caça ilegal no interior do remanescente florestal do
Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco. .................. 106
Figura 48. Ponto de espera (tipo 2) para caça ilegal no interior do remanescente florestal do
Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco. .................. 106

6
Figura 49. Trilhas/estradas no interior do remanescente florestal do Parque Natural
Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco............................................... 107
Figura 50. Árvore de grande porto - Eriotheca gracilipes (Munguba) - em trecho mais
conservado no interior do remanescente florestal do Parque Natural Municipal Mata da
Chuva, município do Bonito, Pernambuco. ............................................................................ 108
Figura 51. Oficina de apresentação dos estudos realizados e discussão sobre o zoneamento
do Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco. ...............112
Figura 52. Registro da participação do Gestor na Oficina de apresentação dos estudos
realizados no Parque Natural Municipal Mata da Chuva e de discussão sobre as zonas da
Unidade, Bonito, Pernambuco. ................................................................................................ 113
Figura 53. Registro da participação dos Conselheiros na Oficina de apresentação dos
estudos realizados no Parque Natural Municipal Mata da Chuva e de discussão sobre as
zonas da Unidade, Bonito, Pernambuco. ................................................................................ 113
Figura 54. Resumo dos enfoques abordados durante a fase de planejamento participativo
para a elaboração do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal Mata da Chuva,
município do Bonito, Pernambuco........................................................................................... 114
Figura 55. Etapas realizadas para a elaboração do Plano de Manejo do Parque Natural
Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco............................................... 115
Figura 56. Enquadramento das zonas por grau de intervenção do Plano de Manejo do
Parque Natural Municipal Matas da Chuva, município do Bonito, Pernambuco. .................. 119
Figura 57. Síntese das principais Fortalezas e Fraquezas mencionadas pelo Conselho Gestor
e sociedade civil durante as oficinas de elaboração participativa do Parque Natural
Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco............................................... 120
Figura 58. Matriz de planejamento para a implementação dos Programas Temáticos no
Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco. ....................121
Figura 59. Representação gráfica do zoneamento do Parque Natural Municipal Matas da
Chuva, município do Bonito, Pernambuco. ............................................................................. 127
Figura 60. Representação gráfica da zona de amortecimento e o zoneamento do Parque
Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco. ................................ 128
Figura 61. Diferença entre Monitoria e Avaliação de um Plano de Manejo do Parque Natural
Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco...............................................144

7
Sumário

PARTE 1: ENQUADRAMENTO E DIAGNÓSTICO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO ..... 10


1 CAPÍTULO 1 – ASPECTOS GERAIS DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO E
ENQUADRAMENTO .........................................................................................................11
1.1 Introdução .........................................................................................................11
1.2 Contextualização da Unidade de Conservação, Enfoques Federal e Estadual
12
1.3 Informes Gerais ................................................................................................ 19
2 CAPÍTULO 2 – CONTEXTUALIZAÇÃO REGIONAL DA UNIDADE DE
CONSERVAÇÃO ............................................................................................................... 21
2.1 Descrição da região da UC ............................................................................... 21
2.2 Caracterização ambiental da região ............................................................... 21
2.3 Aspectos culturais e históricos ....................................................................... 21
2.4 Uso e ocupação da terra e problemas ambientais decorrentes ................... 27
2.5 Características da população .......................................................................... 27
2.6 Visão das comunidades sobre a UC ............................................................... 42
2.7 Alternativas de desenvolvimento econômico sustentável para a região ... 43
2.8 Legislação pertinente ..................................................................................... 48
2.9 Potencial de apoio à UC .................................................................................. 56
3 CAPÍTULO 3 – CONTEXTUALIZAÇÃO E ANÁLISE DA UNIDADE DE
CONSERVAÇÃO ...............................................................................................................57
3.1 Informações gerais sobre a Unidade de Conservação (Caracterização geral
da área atual, área de entorno, significância, possibilidades de conectividade)....57
3.2 Caracterização dos fatores abióticos e bióticos ........................................... 64
3.3 Situação fundiária .......................................................................................... 102
3.4 Ocorrência de fogo e fenômenos naturais excepcionais ............................ 103
3.5 Aspectos institucionais da Unidade de Conservação ..................................108
3.6 Declaração de significância ...........................................................................109
PARTE 2: PROPOSIÇÕES ................................................................................................ 111
4 CAPÍTULO 4 – PLANEJAMENTO ............................................................................ 112
4.1 Visão geral do processo de Planejamento .................................................... 112
4.2 Histórico do Planejamento ............................................................................ 119
4.3 Avaliação estratégica da Unidade de Conservação ..................................... 120
4.4 Objetivos específicos do manejo da Unidade de Conservação .................. 122
4.5 Zoneamento........................................................................................................ 123

8
4.6 Normas gerais da Unidade de Conservação ................................................ 134
4.7 Planejamento por áreas de atuação ............................................................. 135
4.8 Enquadramento das áreas de atuação por programas temáticos ............. 140
CAPÍTULO 5 – MONITORIA E AVALIAÇÃO .................................................................. 144
REFERÊNCIAS................................................................................................................ 147
ANEXOS ......................................................................................................................... 153
Lei de Criação da unidade de conservação ............................................................. 154
Lei de recategorização da unidade de conservação .............................................. 156
Lei Criação do Conselho Gestor do Parque Natural Municipal Mata da Chuva .... 158

9
PARTE 1: ENQUADRAMENTO E DIAGNÓSTICO DA UNIDADE DE
CONSERVAÇÃO

10
1 CAPÍTULO 1 – ASPECTOS GERAIS DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO E
ENQUADRAMENTO

1.1 Introdução
O conceito de Plano de Manejo adotado para elaboração deste trabalho foi o
mesmo que se encontra no Capítulo I, Art. 2º XVII da Lei Nº 9.985, de 18 de julho de
2000, que estabelece o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza
(SNUC):
“Documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos
gerais de uma Unidade de Conservação, se estabelece o seu
zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo
dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas
necessárias à gestão da Unidade”.

Para a elaboração deste Plano, foram utilizados como referências


metodológicas os roteiros da Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco -
CPRH, da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Estado de Pernambuco
- SEMAS/PE e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis - IBAMA.
Em consonância a isso, todos os trabalhos foram direcionados para atender o
que prevê o SNUC em relação à categoria de Parque – categoria da UC em questão –
que é de Proteção Integral. A seguir consta o artigo 11º que discorre sobre suas
propriedades e objetivos:
Art. 11. O Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação de
ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica,
possibilitando a realização de pesquisas científicas e o
desenvolvimento de atividades de educação e interpretação
ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo
ecológico.
§ 1o O Parque Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as
áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de
acordo com o que dispõe a lei.
§ 2o A visitação pública está sujeita às normas e restrições
estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas
pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas em
regulamento.
§ 3o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão
responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições
e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em
regulamento.
§ 4o As unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou
Município, serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e
Parque Natural Municipal.
Sendo assim, o Plano de Manejo foi constituído por seis capítulos/módulos
integrados, agrupados em 03 (três) Etapas:

11
✓ Na primeira Etapa, a UC é enfocada a partir do primeiro módulo que é o
Enquadramento, que tem por objetivo apresentar a Contextualização da UC
no cenário internacional, quando couber, seguindo-se dos cenários federal e
estadual.
✓ A segunda Etapa, denominada de Diagnóstico, conta com dois módulos
(contextualização regional e contextualização da UC) e objetiva a realização
de uma análise da região e/ou entorno da UC e mais detalhadamente procede-
se à análise da unidade de conservação propriamente dita. Uma vez dispondo-
se deste diagnóstico têm-se o conhecimento necessário para a definição da
tomada de decisão.
✓ A terceira etapa, as Proposições, onde deve estar contido o módulo quatro de
planejamento.

1.2 Contextualização da Unidade de Conservação, Enfoques Federal e


Estadual
1.2.1 Enfoque Federal

Em 2010, o Brasil figurava como a oitava economia mundial, com um


crescimento médio anual de 4% nos últimos oito anos. Esse crescimento é
possibilitado, entre outras razões, pela abundante disponibilidade de recursos
naturais do país, como terras férteis, água, recursos florestais e reservas minerais
variadas. No entanto, a disponibilidade desses recursos é limitada no tempo e no
espaço, de forma que realizar uma boa gestão dessa base de recursos naturais é
fundamental para garantir a capacidade de produção de riquezas no longo prazo. A
criação de unidades de conservação – áreas especialmente criadas pelo poder público
com o intuito de, entre outras finalidades, proteger recursos naturais relevantes – é
uma das formas mais efetivas à disposição da sociedade para atender essa
necessidade.
As unidades de conservação cumprem uma série de funções cujos benefícios
são usufruídos por grande parte da população brasileira – inclusive por setores
econômicos em contínuo crescimento, sem que se deem conta disso. Alguns
exemplos: parte expressiva da qualidade e da quantidade da água que compõem os
reservatórios de usinas hidrelétricas, provendo energia a cidades e indústrias, é
assegurada por unidades de conservação. O turismo que dinamiza a economia de
muitos dos municípios do país só é possível pela proteção de paisagens
proporcionada pela presença de unidades de conservação. O desenvolvimento de
fármacos e cosméticos consumidos cotidianamente, em muitos casos, utilizam
espécies protegidas por unidades de conservação.
Ao mesmo tempo, as unidades de conservação contribuem de forma efetiva
para enfrentar um dos grandes desafios contemporâneos: A mudança climática. Ao
mitigar a emissão de CO2 e de outros gases de efeito estufa decorrente da

12
degradação de ecossistemas naturais, as unidades de conservação ajudam a impedir
o aumento da concentração desses gases na atmosfera terrestre. Esses exemplos
permitem constatar que esses espaços protegidos desempenham papel crucial na
proteção de recursos estratégicos para o desenvolvimento do país, um aspecto
pouco percebido pela maior parte da sociedade, incluindo tomadores de decisão, e
que, adicionalmente, possibilitam enfrentar o aquecimento global. Já são
demonstradas evidências científicas que apontam para um cenário de mudanças
climáticas que provocarão um aumento das temperaturas médias da área onde se
insere a unidade de conservação, bem como a diminuição de precipitações,
reduzindo, por conseguinte, a disponibilidade hídrica, e aumentando a
vulnerabilidade das populações que dependem deste recurso. Esses cenários são
preocupantes, requerendo ações de planejamento para convivência e mitigação dos
seus impactos, sendo uma das estratégias mais proeminentes para isso, a
manutenção da floresta “em pé”.
Ao contrário do que alguns setores da sociedade imaginam, as unidades de
conservação não constituem espaços protegidos “intocáveis”, apartados de
qualquer atividade humana. Como os resultados contidos neste produto
demonstram, elas fornecem direta e/ou indiretamente bens e serviços que
satisfazem várias necessidades da sociedade brasileira, inclusive produtivas. No
entanto, por se tratar de produtos e serviços em geral de natureza pública, prestados
de forma difusa, seu valor não é percebido pelos usuários, que na maior parte dos
casos não pagam diretamente pelo seu consumo ou uso. Em outras palavras, o papel
das unidades de conservação não é facilmente “internalizado” na economia nacional.
Essa questão decorre, ao menos em parte, da falta de informações sistematizadas
que esclareçam a sociedade sobre seu papel no provimento de bens e serviços que
contribuem para o desenvolvimento econômico e social do país.

➢ A Unidade de Conservação Parque Natural Municipal Mata da Chuva e o


Cenário Federal
O Brasil possui registro de 252 unidades de conservação da categoria Parque
no bioma Mata Atlântica (em nível Federal, Estadual e Municipal) no Cadastro
Nacional de Unidades de Conservação do Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio), as quais abrangem um território de 23.260,00 km².
Ao realizar um comparativo com o Parque Natural Municipal Mata da Chuva,
a sua área de abrangência representa 0,00744368%, conforme Tabela 1. Tem
relevante importância, uma vez que é uma unidade de conservação de proteção
integral e é destinada a preservação ambiental do bioma brasileiro mais degradado
que é a Mata Atlântica.

13
Tabela 1. O Parque Natural Municipal Mata da Chuva (Bonito, Pernambuco) e o cenário federal.

Âmbito Federal
Parque Natural
Parâmetros (UCs Federais, Municipal Mata da
Estaduais e Chuva
Municipais)

Total de área protegida Km² 23.105,00¹ 1,7314


por Unidades de
Conservação da
Representatividade
categoria Parque no 100 0,00744368%
%
bioma Mata Atlântica

¹Fonte de dados federais: Tabela consolidada das Unidades de Conservação (com dados atualizados
em 26/02/2016).

O Parque Natural Municipal Mata da Chuva é uma das três UCs presentes no
município do Bonito, os quais propiciam uma grande extensão de cobertura
florestal do município – as outras UCs são o Parque Natural Municipal Matas de
Mucuri-Hymalaia (104 ha) e o Monumento Natural Orquidário Pedra do Rosário
(52,8016 ha).

➢ A Unidade de Conservação e o SNUC

Áreas protegidas podem ser definidas como "uma área terrestre e/ou marinha
especialmente dedicada à proteção e manutenção da diversidade biológica e dos
recursos naturais e culturais associados, manejados através de instrumentos legais
ou outros instrumentos efetivos" (IUCN, 1994). Contudo, em sentido geográfico mais
estrito, áreas protegidas são todos os espaços territoriais de um país, terrestres ou
marinhos, que apresentam dinâmicas de produção específicas (ocupação e uso,
sobretudo) e gozam de estatuto legal e regime de administração diferenciados
(MEDEIROS et al., 2004).
No Brasil, elas são representadas por diferentes tipologias e categorias, cuja
implementação vem sendo feita desde o início do século XX (MEDEIROS & GARAY,
2006; MEDEIROS, 2006). Estão enquadradas nesta definição não somente as
chamadas Unidades de Conservação – face mais evidente da proteção da natureza
no país ‐, mas também as Reservas Legais, as Áreas de preservação Permanente, as
Terras Indígenas e os sítios de proteção criados a partir de convenções e tratados
internacionais ‐ Reservas da Biosfera, Sítios do Patrimônio da Humanidade e Sítios
Ramsar (MEDEIROS & GARAY, 2006).
As unidades de conservação são espaços territoriais e seus recursos
ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes,
legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites
definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias

14
adequadas de proteção (Lei nº 9.985/2000). As áreas protegidas em todo o mundo
são importantes instrumentos de conservação in situ da biodiversidade, ou seja, são
áreas fundamentais à manutenção da integridade de espécies, populações e
ecossistemas, incluindo os sistemas e meios tradicionais de sobrevivência de
populações humanas (ERVIN, 2003; RYLANDS & BRANDON, 2005; LOVEJOY, 2006).
Nesse sentido, cada país tem a missão de criar e manter adequadamente uma
rede de áreas protegidas capaz de atender aos três objetivos fundamentais da CDB:
a conservação da diversidade biológica, a utilização sustentável de seus
componentes e a repartição justa e equitativa dos benefícios derivados da utilização
dos recursos genéticos. A importância do tema áreas protegidas para a conservação
da biodiversidade foi reforçada em 2004, durante a 7ª Conferência entre as Partes da
CDB (COP7) com a criação do “Programa de Trabalho em Áreas Protegidas”
(CDB/COP7, 2004). Este programa consolidou como um dos objetivos o:
“Estabelecimento e manutenção até 2010 para áreas terrestres e até
2012 para áreas marinhas, de sistemas nacionais e regionais de áreas
protegidas, efetivamente gerenciados e ecologicamente
representativos, interligados em uma rede global que possa contribuir
para o cumprimento dos três objetivos da Convenção e a meta de
reduzir significativamente até 2010 a taxa atual de perda de
biodiversidade em níveis global, regional, nacional e subnacional”.
Além disso, o programa “Metas para a Biodiversidade 2010” da CDB,
estabelecido em 2002, definiu como uma das submetas atingir “pelo menos 10% de
cada região ecológica do mundo efetivamente conservada” até 2010 (CDB, 2006). No
Brasil essa meta foi ratificada pela Comissão Nacional de Biodiversidade (CONABIO)
para todos os biomas à exceção da Amazônia, cujo percentual definido foi de 30%
(MMA, 2007). Na prática, porém, apesar da expansão do Sistema Nacional de
Unidades de Conservação ter sido significativa nos últimos dez anos, como veremos
adiante, este esforço foi insuficiente para o cumprimento da meta em todos os
biomas no país dentro do prazo estabelecido. Mesmo para o bioma amazônico, onde
significativos esforços e recursos foram alocados nos últimos anos, sobretudo
através da criação do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA), o percentual
de unidades de conservação ainda é inferior à meta nacional em 3,8% o que pode
parecer pouco, mas essa área corresponde a 185.098 km2, ou seja, uma área superior
a todo o bioma Pantanal (que possui 150.355 km2) ou Pampa (176.496 km²).
Contudo, este não é um problema exclusivo do Brasil já que em nível mundial,
dentre os governos que têm se reportado recentemente à CDB, apenas um pouco
mais da metade deles (57%) informaram ter uma quantidade de áreas protegidas igual
ou superior a 10% de suas áreas terrestres (CDB, 2010). O Brasil tem mobilizado uma
série de esforços no sentido de consolidar o seu sistema de áreas protegidas,
adequando seus objetivos aos do Programa de Trabalho em Áreas Protegidas e
procurando atingir as metas estabelecidas pela convenção, destacando‐se como
medidas nesse sentido, mesmo que ainda insuficientes, a criação do Plano Nacional
de Áreas Protegidas, o estabelecimento de Mosaicos de Áreas Protegidas, a
15
elaboração de planos de manejo e contratação de pessoal (BARROS, 2004;
FERREIRA, 2004; MEDEIROS et al, 2005, SILVA, 2005).
Apesar de todo o esforço, ainda prevalece uma interpretação equivocada de
que a política de criação de unidades de conservação representa um entrave ao
desenvolvimento visto que atividades produtivas como mineração, pecuária, geração
de energia, entre outras são incompatíveis com a conservação e que os investimentos
feitos em conservação não retornam benefícios tangíveis pela sociedade. Este falso
dilema se sustenta na significativa carência de dados e informações sistematizadas
sobre o real papel das unidades de conservação no provimento de bens e serviços
que direta e/ou indiretamente contribuem para o desenvolvimento econômico e
social do país.

1.2.2 Enfoque Estadual

➢ Implicações Ambientais

O Estado de Pernambuco segue o mesmo padrão nacional de uma série de


entraves para a implementação de um Sistema de Áreas Protegidas que desempenhe
o papel de conservação da biodiversidade e dos serviços ambientais essenciais para
a população. Apesar de Pernambuco possuir um Sistema Estadual de Unidades de
Conservação (SEUC), a grande maioria das 81 Unidades de Conservação do Estado
não são implementadas, ou seja, não possuem planos de manejo ou conselho gestor.
De maneira adicional, o Sistema de Áreas Protegidas do Estado não
representa nem 1% das áreas naturais ou remanescentes dos dois principais
ecossistemas encontrados que possuem ocorrência em PE que são a Floresta
Atlântica e a Caatinga. Para se ter uma ideia da gravidade disso, um colapso dos
processos ecológicos já começa a ser documentado nesses ecossistemas. Por
exemplo, os remanescentes de Floresta Atlântica ao Norte do Rio São Francisco
compreendem as florestas costeiras situadas entre os estados de Alagoas,
Pernambuco, Paraíba e o Rio Grande do Norte (SILVA & CASTELETTI 2002). Essa
região é categorizada como uma região biogeográfica única da Floresta Atlântica
Brasileira, devido à presença de um grupo de aves endêmicas dessa região (SANTOS
et al., 2007). Devido ao histórico de fragmentação e defaunação, que datam desde o
século XVI (GALINDO-LEAL & CÂMARA 2006), a quantidade de habitat natural
remanescente (incluindo fragmentos menores do que 100 ha, a classe de tamanho
mais representativa da região) correspondem a apenas 12% (RIBEIRO et al., 2009),
conferindo o título da porção mais ameaçada da Floresta Atlântica brasileira.
Devido a esse longo histórico de atividades deletérias registradas para essa
porção da Floresta Atlântica brasileira é possível entender e investigar os efeitos de
longo prazo relacionados à perda de habitat natural e suas consequências para a
dinâmica de funcionamento dos remanescentes de floresta e para os padrões de
retenção de biodiversidade. Alguns padrões já foram descritos para essa região. Por

16
exemplo, mudanças nas composições taxonômicas e funcionais podem ser
verificadas em pequenos fragmentos de floresta (> 100 ha) que conseguem reter uma
baixa riqueza de árvores (OLIVEIRA et al., 2004), poucas árvores emergentes
(OLIVEIRA et al., 2008), e uma baixíssima quantidade de espécies com grandes
sementes (SANTOS et al., 2008) e que são polinizadas por vertebrados (LOPES et al.,
2009). Ainda, diferenças entre as abundâncias de árvores ao longo de bordas,
pequenos fragmentos e interior de florestas foram identificadas (TABARELLI, 2010).
Para se ter uma ideia, Tabarelli et al., (2010) encontraram que um quarto de todas as
espécies de árvores amostradas em um conjunto de 20 fragmentos possuíam
pequenas sementes, e nesses mesmos habitats ocorre uma baixíssima frequência de
espécies que produzem grandes frutos (> 30mm) e que estão sempre verdes ao
longo do ano.
Somado a isso, foram identificadas alterações nos perfis funcionais (conjunto
de atributos compartilhados entre espécies ou populações) das assembleias de
árvores durante os processos de regeneração natural (SANTOS et al., 2008).
Especificamente, os autores documentaram uma redução na riqueza de espécies
com sistemas florais e de polinização complexos associados a vetores vertebrados
(GIRÃO et al., 2007). Por último, a Floresta Atlântica ao Norte do Rio São Francisco
possui elevados níveis de defaunação, não sendo encontradas espécies responsáveis
por um dos principais serviços de manutenção de diversidades de espécies de árvores
e, principalmente, por contribuir para os processos de regeneração natural, que é a
dispersão de sementes (SILVA & TABARELLI 2000; SILVA-JUNIOR & PONTES 2008;
FERNANDES 2003).
Em síntese, os fragmentos de floresta Atlântica dessa região são pobres em
grupos funcionais característicos da floresta madura, com estrutura física alterada
(i.e., ausência de extrato emergente) e se encontram vazios de animais dispersores.
Esses acúmulos de evidências deram suporte à postulação da hipótese de que os
remanescentes de floresta Atlântica dessa região estão em processo de
secundarização ou sucessão retrogressiva (SANTOS et al., 2008). Esse processo
caracteriza-se pela predominância de espécies de plantas características de estágios
sucessionais iniciais (espécies pioneiras e colonizadoras), por assembleias
empobrecidas, nas quais estão presentes apenas um pequeno subgrupo de espécies
associadas à perturbação (TABARELLI et al., 2008).
No caso da Caatinga, a baixa representatividade de Áreas Protegidas na forma
de Unidades de Conservação atuando em sinergia com práticas de uso do solo que
utilizam a prática da coivara (corte raso e queima) para abertura de novas frentes
agrícolas e a falta de manejo de caprinos ampliam o número de áreas susceptíveis ao
processo de desertificação.

17
➢ Implicações Institucionais
O Parque Natural Municipal Mata da Chuva pode ser beneficiado diretamente
através de projetos de demanda espontânea para o Fundo de Compensação
Ambiental que está sob a coordenação da Agência Estadual de Meio Ambiente
(CPRH). O Fundo de Compensação já vem sendo utilizado para diversas ações e
projetos para o fortalecimento e estruturação do Sistema Estadual de Unidades de
Conservação e possui uma série de linhas estratégicas para a submissão de
propostas.
Ainda, Pernambuco acaba de institucionalizar a sua Política Estadual de
Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) que dentro do seu escopo possui um
Programa de PSA voltado diretamente para as Unidades de Conservação. Esse
programa funciona basicamente valorando economicamente os serviços ambientais
prestados pelas UCs e mapeando possíveis pagadores para esses serviços.
Por último, o Parque Natural Municipal Mata da Chuva está inserido em uma
região de elevado potencial turístico e o desenvolvimento de modelos de gestão
público/privados com o objetivo de fortalecer o Parque com o turismo de natureza é
fundamental. Esse tipo de parceria win/win (ganha/ganha) é fundamental para criar
uma lógica de captação de recursos durante todo o ano e, principalmente, ampliando
o número de oportunidades de parceiros. Ainda, o Parque possui um elevado
potencial para o desenvolvimento de projetos de apoio a Pesquisa Científica com o
objetivo de utilização de parte dos resultados dos estudos servirem de subsídios para
projetos e programas de gestão.

➢ Potencialidades de Cooperação
No curto prazo se faz necessário o desenvolvimento de arranjos de parceria
com o setor de turismo, em específico com o setor hoteleiro e de pousadas. No médio
e longo prazo, em atividades coordenadas pelo conselho gestor, se faz estratégico o
desenvolvimento de um grupo de trabalho específico para captação de recursos
públicos e privados. O grande desafio desse grupo está em preparar projetos
competitivos para a atração desses recursos. Ainda, é imprescindível desenvolver a
cultura de estabelecimento de parcerias multi setoriais pautadas na vocação que a
unidade de conservação possui, pois dessa forma será possível criar um portfólio de
parceiros que possam apoiar as diversas demandas identificadas no Parque.

18
1.3 Informes Gerais
1.3.1 Ficha Técnica da unidade

FICHA TÉCNICA DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO


Nome da unidade de
Parque Natural Municipal Mata da Chuva
conservação:
Unidade Gestora responsável: Secretaria Municipal de Meio Ambiente,
Sustentabilidade e Desenvolvimento Rural
Endereço da Sede: Praça de São Sebastião, s/n, Centro, Bonito/PE. CEP:
55.680-000
Telefone:
Fax:
E-Mail: licambiental@bonitope.com
Site: -
Superfície da UC (ha): 173,14 hectares
Perímetro da UC (km): 11,28 km
Superfície da ZA (ha): 11.817 ha
Perímetro da ZA (km): 92,289 km
Abrangência e percentual
Município do Bonito (0,410439% da área municipal)
abrangido pela UC:
Estado/Município que abrange:
Pernambuco/Bonito
Coordenadas geográficas: 25L 200896 / 9056953
Data de criação e número do
Lei Municipal nº 936/2011
Decreto:
Biomas e ecossistemas: Mata Atlântica
Atividades ocorrentes:
Educação ambiental: Sim
Fiscalização: Sim
Pesquisa: Sim
Visitação: Sim
Atividades conflitantes: Agricultura, pecuária e moradias no interior dos limites
da UC

1.3.2 Localização e Acesso da UC

Localizada a 5 km da sede do município do Bonito, o Parque está localizado na


região de desenvolvimento do Agreste Central, que é caracterizada por um complexo
de serras conhecidas regionalmente como Serra dos Macacos que formam o divisor
de água dos Rios Sirinhaém e Una. Vindo da sede do município do Bonito, no sentido
Palmares, pega-se a vicinal sentido à comunidade agrícola Bananeira do Sul, até a vila
homônima. Limítrofe a esta ocupação se encontra o Parque, tendo seus fragmentos
situados a uma altitude de aproximadamente 800 metros acima do mar.

19
1.3.3 Histórico de Criação

A partir do ano de 2010, a Prefeitura Municipal do Bonito iniciou o processo do


estabelecimento de uma Política Ambiental, desenvolvendo um planejamento
estratégico e identificou uma série de iniciativas na área. Dentre essas iniciativas, a
criação e implantação de um Sistema Municipal de Conservação da Biodiversidade
foram priorizadas. A criação de Unidades de Conservação foi à primeira ação
relacionada a essa política.
Em 2011, conforme a Lei Municipal nº936 foi criada unidade de conservação
Parque Natural Municipal Mata da Chuva, apresentado por um fragmento florestal
com a presença de áreas esparsas de utilização agrícola.
É um remanescente secundário de Mata Atlântica, que é conhecido como
“brejo de altitude ou mata serrana”. O nome Mata da Chuva vem da recorrência
desse fenômeno de precipitação nas áreas do entorno da floresta.

1.3.4 Conselho do Parque Natural Municipal Matas da Chuva

O Parque Natural Municipal Matas da Chuva possui o Conselho Gestor


formado pelas instituições que seguem listadas a seguir (Quadro 1).

Quadro 1. Quadro do Conselho Gestor do Parque Natural Municipal Mata da Mata da Chuva, município
do Bonito, Pernambuco.

Representantes do Poder Público


Secretaria de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Desenvolvimento Rural
Secretaria de Turismo e Cultura
Câmara dos Vereadores Casa Leônidas Vila Nova
Secretaria de Saúde
Secretaria de Educação, Juventude, Esportes e Lazer
Secretaria de Infraestrutura e Desenvolvimento Urbano
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Companhia Independente de Policiamento do Meio Ambiente
Instituto Agronômico de Pernambuco – IPA
Secretaria de Administração e Gestão de Pessoas

Representantes da Sociedade Civil


Associação Comercial Empresarial Agroindustrial do Bonito - ACEAB
Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente - COMDEMA
Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural
Associação dos Trabalhadores Rurais de Guaretama
Associação dos Produtores Rurais de Bananeira do Sul
União dos Estudantes do Bonito – UESBO
Associação Bonitense de Guias e Condutores
Associação dos Produtores Rurais do Sítio Mucuri
Associação Pernambucana de Turismo Rural – APETUR
Centro de Educação e Preservação Ambiental Sabiá-da-Mata
Grupo de Guias do Bonito

20
2 CAPÍTULO 2 – CONTEXTUALIZAÇÃO REGIONAL DA UNIDADE DE
CONSERVAÇÃO

2.1 Descrição da região da UC


O Parque Natural Mata da Chuva está localizado no munícipio do Bonito, o
qual era, até o final do século XVIII, totalmente coberto de imensas florestas e
situava-se na área abrangida pelo célebre Quilombo dos Palmares. A beleza do local
deu à cidade o nome do Bonito. O município foi batizado por caçadores, vindos do
povoado de São José dos Bezerros, que percorriam as florestas e deparavam-se com
belos riachos de águas límpidas. Em 1812 foi edificada a Matriz de Nossa Senhora da
Conceição - padroeira da cidade - tendo contribuído para a povoação local.

2.2 Caracterização ambiental da região


O município do Bonito está inserido na Mesorregião da Mata Sul do estado de
Pernambuco que condiciona a vegetação, as culturas e a fixação do homem. Apesar
dessa localização, a Agencia CONDEPE/FIDEM classifica Bonito localizado no Agreste
setentrional de Pernambuco, pelo fato de esta situado na área de transição e não
desenvolver economicamente a atividade canavieira, como ocorre com todos os
demais municípios da Mata Sul.
O município do Bonito encontra-se inserido, geologicamente, na Província
Borborema, sendo constituído pelos litotipos do Complexo Belém do São Francisco,
da Suíte Intrusiva Leucocrática Peraluminosa, dos Granitoides Indiscriminados e da
Suíte Calcialcalina de Médio a Alto Potássio Itaporanga. A vegetação é
predominantemente do tipo Floresta subperenifólia, com partes de Floresta
hipoxerófila. Os solos dessa unidade geoambiental são representados pelos
Latossolos nos topos planos, sendo profundos e bem drenados; pelos Podzólicos nas
vertentes íngremes, sendo pouco a medianamente profundos e bem drenados e
pelos Gleissolos de Várzea nos fundos de vales estreitos, com solos orgânicos e
encharcados.
A vocação turística do município está relacionada aos remanescentes da Mata
Atlântica e à riqueza de água, com a presença de diversas cachoeiras, sendo a
Cachoeira Barra Azul, Cachoeira Pedra Redonda, Cachoeira Véu da Noiva, Cachoeira
da Gruta e a Cachoeira Poço Dantas as mais conhecidas e visitadas. No centro do
município também foi implantado recentemente um teleférico, o qual permite uma
visão panorâmica da região.

2.3 Aspectos culturais e históricos


De acordo com o IBGE (2016), a formação administrativa do Bonito teve início
em 1839, sendo criado como distrito subordinado ao município de Vitória. Através da
lei provincial nº 65, Bonito eleva para a categoria de Vila e se desmembra de Vitória.

21
Em seguida, pela lei municipal nº 3, de 1893, foi criado o distrito de Caruaru e anexado
a vila do Bonito. E, apenas em 1895, através da lei estadual nº130, Bonito é elevado à
condição de cidade e sede do município, denominado do Bonito. Em divisão territorial
de 01/06/1995, o município é constituído de três distritos e assim permanecendo em
divisão territorial datada de 2005, sendo estes: Bonito, Alto Bonito e Bentivi.
No que condiz ao processo de colonização e formação histórica do território
municipal, Bonito era, até o fim do século XVIII, uma região coberta de florestas,
situado na antiga área do Quilombo dos Palmares. Por abrigar vastas florestas e ser
entrecortado por rios e riachos perenes, aquela região favorecia a caça e a pesca,
sendo o local para onde alguns habitantes das margens do rio Ipojuca, em especial
do povoado de São José dos Bezerros, se deslocavam. Um certo dia, dois caçadores
descendo a Serra dos Macacos observaram um ribeiro de águas cristalinas e, um dos
caçadores, deslumbrado, exclamou: “Que rio bonito!”. A partir de então, a notícia das
ricas terras e belíssimas paisagens do local se espalharam e o aquela região passou a
ser conhecida por Bonito, se transformando em um ponto de interesse para outros
forasteiros. Pouco se conhece a respeito da fundação e evolução do povoado do
Bonito, mas no geral, é a partir do final do século XVIII que os primeiros povoadores
foram se estabelecendo próximo ao rio Bonito, utilizando os mesmos caminhos dos
caçadores provenientes de Bezerros. (IBGE, 2016; BONITO, 2016)
De acordo com a PREFEITURA MUNICIPAL DO BONITO (2016), a história do
município é marcada por diversos movimentos, como a Guerra dos Cabanos, a
Revolução Praeira, a Revolução do Quebra-Quilo e o “Massacre do Rodeador”. O
Massacre do Rodeador é apontado por GASPAR (2009) como um dos dois
movimentos sebastianistas trágicos que aconteceram em Pernambuco, sendo este
ocorrido entre 1819-1820, no município do Bonito, e o outro, o da Serra Formosa, em
São José do Belmonte, no período de 1836 a 1838.
Organizado pelo ex-soldado Silvestre José dos Santos, o arraial sebástico foi
fundado no sítio do Rodeador, zona rural do antigo Povoado do Bonito, distante
cerca de 134 km do Recife, e foi denominado de Reino ou Cidade do Paraíso Terreal.
Um dos locais mais representativos para os camponeses que ali se instalavam era a
grande pedra do Rodeador, sendo esta constituída numa espécie de lugar sagrado.
Nessa comunidade foi construída a expectativa de que com o retorno de Dom
Sebastião uma nova ordem seria inaugurada, sendo ideia, assim, entendida como
perigosa para a segurança do Estado, uma vez que essas e outras tentativas de
rebeldia transitavam em várias esferas coloniais às vésperas da Independência
(CABRAL, 2004). Em 25 de outubro de 1820 a comunidade foi destruída através da
ordem do governador de Pernambuco Luiz do Rego, sendo então denominado de
“massacre do Bonito” (GASPAR, 2009).
No que corresponde às manifestações culturais e arquitetônicas que podem
ser encontradas no município do Bonito, destaca-se a relação dos bens culturais
imateriais e materiais apontados no Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo

22
Sustentável do Polo Agreste (SETUR/PRODETUR NACIONAL, 2014), sendo a
integração desses bens capaz de transmitir a cultura e a história local. Dessa forma,
os bens culturais de natureza imaterial listados no município do Bonito
correspondentes às categorias de artesanato, gastronomia sertaneja, lenda e
folclore, bem como Festas Populares, são (Quadro 2):

Quadro 2. Principais bens culturais de natureza imaterial, conforme sua categoria, do


município do Bonito, Pernambuco.
Categoria Relação dos bens culturais imateriais

Artesanato Em madeira, bonecas de pano, bordados, peças de cerâmica.


Gastronomia Comidas típicas de São João, canjica, pamonha de milho verde, carne
Sertaneja de sol com feijão verde, galinha de cabidela, mão de vaca, sarapatel.
Bumba Meu Boi ou Boi Lavado, Grupo Folclórico Nossa Arte, Bloco
Boca de Ouro, Bloco Melindrosa, Bloco Unidos da Vila, Troça do
Lenda e Folclore
Lenhador, Troça do Urso, Banda de Pífano, Batalhão de
Bacamarteiros, Bichadrilha, Bonecadrilha
São Sebastião, N.S. da Conceição, Procissão de São Pedro e Festa da
Festas Populares
Batata Doce, Encontro dos Bacamarteiros
Fonte: FUNDARPE & Educação Patrimonial para o Agreste Central (2009) apud
SETUR/PRODETUR NACIONAL (2014).

Acrescentando-se às manifestações culturais imateriais, também foram


destacados pelo SETUR/PRODETUR NACIONAL (2014), os equipamentos e espaços
de vivências culturais onde são produzidos, promovidos e transmitidos os valores
culturais, como constam no Quadro 3.

Quadro 3. Relação de equipamentos e espaços de vivências culturais do município do Bonito,


Pernambuco.
Vivências Culturais Equipamentos e espaços de vivências culturais
Artísticas e/ou folclóricas Não consta
Informação cultural Auditório do Santa Luzia Plaza Hotel.
Lazer, espetáculo e Clube Municipal do Bonito, Grêmio Polimático do Bonito,
recreação Sede dos Bacamarteiros do Bonito.
Parque da Vaquejada Mizael Galindo, Sovabo – Sociedade
Festa, exposição e esporte
dos Vaqueiros do Bonito.
Fonte: SETUR/ PRODETUR NACIONAL (2014).

Sendo assim, como pode ser visto no Quadro 2, as manifestações folclóricas


se destacam na atração cultural local. Dentre elas, os Bacamarteiros têm grande
notoriedade no município. Os Bacamarteiros são grupos de danças armados com
bacamartes e compõem a atração principal da Festa de São Pedro. Em Bonito, há a

23
sede da Associação de Bacamarteiros do Batalhão nº15 (Figuras 1 e 2). Outra festa
popular de destaque em Bonito é a Festa religiosa do padroeiro da cidade, São
Sebastião. Essa festa acontece todo mês de janeiro e, em 2016, foi comemorada a
200ª edição.

Figura 1. Sede Batalhão dos Bacamarteiros nº15, município do Bonito, Pernambuco.

Fonte: Visita de campo equipe Ambiens (2013) apud SETUR/PRODETUR NACIONAL (2014).

Figura 2. Festa dos Bacamarteiros no ano de 2013 no município do Bonito, Pernambuco.

Fonte: SOARES, (2016).

Além dos bens culturais de natureza imaterial, Bonito também apresenta bens
culturais materiais (Quadro 4) que representam pontos estratégicos que, ao se
integrarem com os bens de natureza imaterial, “compõem atrativos turísticos e
também estruturam o fortalecimento da identidade do lugar, valorizando suas
origens e elevando a autoestima da comunidade local” (SETUR/PRODETUR, 2014
p.56). Dessa forma, em Bonito encontram-se os seguintes bens culturais imateriais:

24
Quadro 4. Principais bens culturais materiais do município do Bonito, Pernambuco.
Principais bens culturais materiais
8 edifícios urbanos isolados
Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição
Igreja de São Sebastião (Figura 3)
Capela de Nossa Senhora de Mont Serrat (Figura 4)
Núcleo Colonial Rio Bonito
3 engenhos
Sítio Arqueológico Pedra do Rodeador
Fonte: FUNDARPE & Educação Patrimonial para o Agreste Central (2009) apud
SETUR/PRODETUR NACIONAL (2014).

Figura 3. Igreja de São Sebastião no município do Bonito, Pernambuco.

Fonte: HORA, 2016.

25
Figura 4. Capela de N.S. de Mont Serrat no município do Bonito, Pernambuco.

Fonte: HORA, 2016.

Por fim, no que diz respeito as manifestações arquitetônicas, o


SETUR/PRODETUR NACIONAL (2014) ainda aponta um expressivo patrimônio
edificado constituídos por um conjunto de casas e casarões em estilo colonial
(Figuras 5 e 6), sendo alguns destes adquiridos pela Prefeitura para evitar a
descaracterização.

Figura 5. Casa em estilo colonial no município do Bonito, Pernambuco.

Fonte: HORA, 2016.

26
Figura 6. Sobrado em estilo colonial e letreiro com o nome da cidade, município do Bonito,
Pernambuco.

Fonte: Site da Prefeitura Municipal do Bonito (2016).

2.4 Uso e ocupação da terra e problemas ambientais decorrentes


O Município possui uso do solo rural, exclusivamente para a agricultura
familiar e produção agropecuária extrativista, com pastos para bovinos. Não há
legislação municipal de incentivo a conservação preservação dos recursos naturais e
há baixo índice de orientação a atividades agrícolas. Ainda, é visível a presença
de atividades de desmatamento para cultivo de culturas de subsistência no interior e
entorno da unidade de conservação e uma cultura de queimadas com incêndios
criminosos. É ainda possível verificar a edificação de moradias no limite norte da
unidade de conservação.
Essa falta de regramento das atividades e modificações de uso do solo se
traduzem em uma potencialização do principal efeito modificador da dinâmica de
funcionamento dos remanescentes de floresta do Município que são os efeitos
provenientes da fragmentação de habitats naturais. Esses efeitos se traduzem em
um comprometimento da prestação de serviços ambientais fundamentais, como por
exemplo, a manutenção da relação floresta e água como principal forma de garantir
segurança hídrica para as zonas de captação de água do Município.

2.5 Características da população


O município do Bonito possui uma área de 389,976 km². Nesse território, de
acordo com a contabilização das áreas dos setores censitários do IBGE (2010)
inseridos no município, a área rural abrange quase totalidade, correspondendo a
98,14%, enquanto a área urbana ocupa apenas uma porção de 1, 86% do território
municipal. Inseridos na área rural, encontram-se os aglomerados rurais, que

27
representam 0,22% desta área, restando, assim, 97,92% de área rural que não
correspondem aos aglomerados (Tabela 2).

Tabela 2. Situação da área territorial do município do Bonito, Pernambuco.

Área Área Área rural (Km2)


total urbana Área rural Área rural exclusive Aglomerados
(Km2) (Km2) (Km2) aglomerados rurais rurais

Áreas em 389,976 7,25 382,726 381,856 0,87


Km2
Percentual 100,00% 1,86 98,14 97,92 0,22
Fonte: IBGE. Setores Censitários 2010.

As áreas urbanas do Bonito conforme o IBGE (2010), correspondem as áreas


urbanizadas de cidade ou vila. Ou seja, condiz com a cidade do Bonito (a sede do
município) e as vilas de Alto Bonito e Bentivi, sedes dos distritos homônimos.
A cidade do Bonito (Figura 7), situada na porção central do município, é
cortada pelas rodovias estaduais PE-103 e PE-109. A PE-103 conecta a cidade até a BR-
232 em Bezerros, ao norte, e liga a cidade a porção sul do município, até chegar em
Palmares, ao sul; e a PE-109 conecta a cidade do Bonito ao oeste do município,
passando pela vila de Alto Bonito, até chegar no município de São Joaquim do Monte.

Figura 7. Imagem de satélite da área urbanizada do município do Bonito, Pernambuco.

PE-103

PE-109

Fonte: Google Earth, 2015.

No que corresponde à ocupação e as especificidades do uso do solo na cidade


do Bonito, de acordo com o Plano Diretor Municipal (BONITO, 2006), os usos que

28
prevalecem são o de comércio e serviços e o uso habitacional. Como pode ser visto
na Figura 8, a área comercial e de serviços concentra-se principalmente na porção
central da cidade, correspondente a Avenida Alberto Oliveira, bem como alguns
equipamentos de órgão governamental. Os demais equipamentos urbanos
encontram-se mais distribuídos entre os bairros, principalmente os mais próximos ao
Centro.
Em relação ao uso habitacional, são encontrados na cidade os tipos de
padrões A, B, C e D (Figura 8). As habitações do padrão “A” concentram-se
principalmente no Centro e no seu entorno imediato, sendo atendidas pelos serviços
de abastecimento d’água, com fossa séptica, coleta de lixo, energia elétrica,
iluminação pública, e maior proximidade com o comércio e os serviços (BONITO,
2006).

Figura 8. Principais usos e equipamentos urbanos, e estratificação do padrão de habitação


do município do Bonito, Pernambuco.

Fonte: BONITO, 2006.

O padrão “B” encontra-se também no Centro e em seu entorno,


principalmente nos Bairros Morena e Jucá. As habitações no padrão “C” são as
majoritárias, ocupam a área periférica mais afastadas do Centro, margeando as de
padrão “B”. De acordo com o Plano Diretor (BONITO, 2006), essas localidades têm
deficiência em serviços urbanos e infraestrutura. As habitações definidas como

29
padrão “D” e “E” localizam-se, em geral, em áreas periféricas, havendo algumas
construções em áreas íngremes.
Em relação aos problemas ambientais decorrentes do uso urbano, foi
destacado no Plano Diretor (BONITO, 2006) o desmatamento das margens do riacho
dos Macacos, ocasionando o assoreamento, bem como do despejo de resíduos
provenientes das residências. Outro problema apontado foi áreas de risco tanto por
alagamento quanto por deslizamento de barreiras, principalmente em áreas de
população de baixa renda.
Outra área urbana localizada no município do Bonito é a Vila Alto Bonito
(Figuras 9 e 10). Situada na porção oeste do município e limitada ao norte pela PE-
109, ela abriga uma área de comércio e serviços pouco expressivas e com habitações
principalmente de padrão C.

Figura 9. Imagem de satélite da área urbanizada da Vila Alto Bonito, município do Bonito,
Pernambuco.

Fonte: Google Earth, 2015.

Figura 10. Principais usos e equipamentos urbanos, e estratificação do padrão de habitação


na Vila Alto Bonito, município do Bonito, Pernambuco.

Fonte: BONITO, 2006.

30
A vila Bentivi, sede do distrito homônimo, está situada no extremo nordeste
do município do Bonito, delimitada com o município de Palmares pelo rio Camevô
(Figura 11).

Figura 11. Imagem de satélite da área urbanizada da Vila Bentivi, município do Bonito,
Pernambuco.

Fonte: Google Earth, 2015.

No que se refere aos principais usos e equipamentos urbanos (Figura 12),


Bentivi conta com uma área comercial pouco expressiva situada na porção central da
vila. As habitações, em sua grande maioria, são do tipo padrão “D”. As habitações
que estão situadas na porção sudeste da vila, de acordo com o Plano Diretor
(BONITO, 2006) são frequentemente são alagadas nas cheias do rio Camevô.

Figura 12. Principais Usos e equipamentos urbanos, e estratificação do padrão de habitação


da Vila Bentivi, município do Bonito, Pernambuco.

Fonte: BONITO (2016).

31
No que corresponde as áreas rurais, de acordo com o IBGE (2010), o município
do Bonito abriga 04 aglomerados rurais em seu território, sendo estes subdivididos
em três classificações: aglomerado de extensão urbana (Alto Bonito), aglomerados
isolados – outros aglomerados (Barra Azul e Brejão) e o aglomerado isolado –
povoado (Estreito Norte). Conforme o IBGE (1999), aglomerado rural é uma
localidade situada em área que não está definida legalmente como urbano,
caracterizada por um conjunto de edificações permanentes e adjacentes, formando
área continuamente construída, com arruamentos reconhecíveis e dispostos ao
longo de uma via de comunicação.
Dentre os aglomerados citados, destaca-se o povoado de Estreito do Norte
(Figura 13). Um povoado diz respeito a uma localidade que tem a característica
definidora de Aglomerado Rural Isolado e possui pelo menos 1 estabelecimento
comercial de bens de consumo frequente e 2 dos seguintes serviços ou
equipamentos: 1 estabelecimento de ensino de 1º grau em funcionamento regular, 1
posto de saúde com atendimento regular e 1 templo religioso de qualquer credo.

Figura 13. Imagem de satélite do aglomerado rural isolado no Estreito do Norte, município do
Bonito, Pernambuco.

Fonte: Google Earth, 2015.

Cobrindo muito além dos aglomerados rurais, a área rural do município do


Bonito abrange praticamente todo território municipal (98,14%). Dentro da área rural
encontram-se os estabelecimentos agropecuários, que ocupam 218 km² de área.
Desses, predominam as áreas ocupadas por lavouras temporárias, com 22%, seguida
das pastagens naturais, ocupando 19,76% e lavouras permanentes, ocupando 17,77%
das áreas ocupadas por estabelecimentos agropecuários, conforme consta na Tabela
3 (IBGE, 2006).
32
Tabela 3. Estabelecimentos Agropecuários por utilização das Terras do município do Bonito,
Pernambuco.
Área dos Área dos
estabelecimentos estabelecimentos
Utilização das terras
agropecuários agropecuários
(km2) (Percentual)
TOTAL 218,03 100
Lavouras - permanentes 34,62 15,88
Lavouras - temporárias 50,13 22,99
Lavouras - área plantada com forrageiras 6,8 3,12
para corte
Lavouras - área para cultivo de flores
(inclusive hidroponia e plasticultura),
0,13 0,06
viveiros de mudas, estufas de plantas e
casas de vegetação
Pastagens - naturais 43,08 19,76
Pastagens - plantadas degradadas 18,69 8,57
Pastagens - plantadas em boas condições 27,98 12,83
Matas e/ou florestas - naturais
destinadas à preservação permanente ou 6,69 3,07
reserva legal
Matas e/ou florestas - naturais (exclusive
área de preservação permanente e as em 7,11 3,26
sistemas agroflorestais)
Matas e/ou florestas - florestas plantadas 0,56 0,26
com essências florestais
Sistemas agroflorestais - área cultivada
com espécies florestais também usada 7,24 3,32
para lavouras e pastoreio por animais
Tanques, lagos, açudes e/ou área de
águas públicas para exploração da 4,05 1,86
aquicultura
Construções, benfeitorias ou caminhos 5,02 2,3
Terras degradadas (erodidas, 1,72 0,79
desertificadas, salinizadas, etc.)
Terras inaproveitáveis para agricultura
ou pecuária (pântanos, areais, pedreiras, 4,21 1,93
etc.)
Fonte: Censo Agropecuário (IBGE, 2006).

Na área rural do município também existem três Projetos de Assentamento


Rural implantados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).

33
Além desses assentamentos, de acordo com o Plano Diretor Municipal (BONITO,
2006), através do Governo Estadual, entre 2005 e 2006, sob os programas RENASCER
e FUNTERRA, ocorreram novos assentamentos com o objetivo de assentar famílias
que, ao menos, gerasse a agricultura de subsistência, conforme consta na Tabela 4.

Tabela 4. Assentamentos e comunidades rurais com algum tipo de incentivo a uso da terra
no município do Bonito, Pernambuco.
Assentamentos Famílias Área (ha)

INCRA 01 – Barra Azul 57 859,7


02 - Riachão 98 835,5
03 – Serra dos Quilombos 70 893,3
Crédito Agricultores Pedra do Rodeadouro – 06 44,50
Fundiário Fazenda Rodeadouro
Moradores Engenho Barbosa – Engenho 30 223,29
Santa Alice
Associações

Pequenos Agricultores Sítio Jussara – 10 102,85


Sítio Pratinha
Cédula da Pequenos Produtores do Sitio Mucuri – 09 66,44
Terra Dois Braços
Pequenos Produtores do Sítio Serra dos 20 292,61
Ventos – Fazenda Serra dos Ventos
Total 300 3.318,19
Fonte: INCRA, 2006, Plano Diretor do Município do Bonito, 2006.

Nessa área, além de atividades agropecuárias, também são encontrados


atrativos naturais que evocam a potencialidade turística do município. Dentre estes,
destacam-se o conjunto de 9 cachoeiras (Figuras 14 e 15) que motivam principalmente
fluxos turísticos regionais e locais. Durante a visita de campo para a realização do
Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável do Polo Agreste
(SETUR/PRODETUR NACIONAL, 2014), foram verificados que algumas cachoeiras
estão sendo prejudicadas pelo comportamento inadequado dos turistas e
proprietários, já que estes não atuam ativamente na estratégia de preservação do
ambiente, deixando inclusive lixo espalhado pela propriedade. Outro ponto
constatado durante essa visita foi que em determinados períodos de estiagem do
ano, os agricultores represam a água das cachoeiras para utilizar na irrigação das
plantações, impactando, assim, diretamente no volume de água das cachoeiras.

34
Figura 14. Cachoeira Véu de Noiva, município do Bonito, Pernambuco.

Fonte: Cepan, 2014.

Figura 15. Cachoeira Barra Azul, município do Bonito, Pernambuco.

Fonte: Cepan, 2014.

35
Na área rural do Bonito também está localizada a Barragem do Prata. Esta
barragem, administrada pela COMPESA, situa-se na porção oeste do município,
próximo à vila de Alto Bonito, abrangendo também os municípios de São Joaquim do
Monte e Belém de Maria. O Sistema do Prata abastece cinco municípios da região:
Ibirajuba, Cachoeirinha, Altinho, Agrestina e Caruaru, equivalente a
aproximadamente 422 mil pessoas dependendo da barragem que tem capacidade
total de 42 milhões de metros cúbicos. (JORNAL DE CARUARU, 2016)
Quando se trata de planos governamentais que abrangem o município do
Bonito, destaca-se no âmbito federal o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC)
desenvolvido através do Ministério do Planejamento. De acordo com o PAC (2016),
em Bonito, as obras em processo de licitação, execução, em obras, bem como as que
já estão concluídas corresponde ao eixo Infraestrutura Social e Urbana do programa
(Quadro 5).

Quadro 5. Estágios da obra desenvolvidas através do Plano de Aceleração do Crescimento


(PAC) no do município do Bonito, Pernambuco.
Estágio da obra
Em
Eixo
licitação Em execução Em obras Concluído
de obra
Infraestrutura
2 1 6 2
Social e Urbana
UPA, Quadras
UBS - Unidade
Quadras esportivas,
Infraestrutura básica de saúde/
esportivas creches e pré-
Social e Urbana Saneamento quadras
nas escolas,
(Descrição) esportivas nas
escolas recursos
escolas
hídricos
Fonte: PAC (2016).

Na esfera estadual destaca-se o Plano de Desenvolvimento Integrado de


Turismo Sustentável (PDITS) Polo Agreste, onde estão inseridos os municípios do
Bonito, Caruaru, Bezerros e Gravatá. Este plano é desenvolvido no âmbito da
Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer de Pernambuco e o PRODETUR NACIONAL,
contemplando, dentre outros pontos, a análise turística da área, a formulação de
estratégias e o plano de ação.
A nível municipal, destaca-se o Plano Diretor Participativo do Bonito publicado
no ano de 2006 e os seguintes planos que estão em processo de construção: Plano
Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica e os Planos de Manejo

36
do Parque Natural Municipal Mata da Chuva e do Parque Natural Municipal Matas de
Mucuri-Hymalaia.
No que consta a evolução da população do município do Bonito, como pode
ser visto na Figura 16, a população teve um pequeno aumento a partir dos anos 1995
até meados da primeira década dos anos 2000, quando começou a decrescer.
Entretanto, mesmo com a diminuição da população total, pode-se observar na Tabela
5 que quando se trata da população urbana do município, esta teve um aumento
significativo de 3.213 habitantes (correspondendo a 69,77% da população total de
2010), enquanto que a população rural diminuiu de 14.755 para 11.358 habitantes
(30,23% da população total de 2010). Dessa forma, essas informações podem
demonstrar o deslocamento intramunicipal da população das áreas rurais para as
áreas urbanas do Bonito.

Figura 16. Análise histórica da população residente nos anos de 1992, 1996, 2000, 2004, 2008
e 2010 no município do Bonito, Pernambuco

Fonte: Censo Demográfico (IBGE, 2010).

Tabela 5. Análise histórica da população residente nos anos de 2000 e 2010 no município do
Bonito, Pernambuco.

População
Anos
Urbana Rural Total
2000 22.995 14.755 37.750
2010 26.208 11.358 37.566
Fonte: Censo Demográfico (IBGE, 2010).

37
Ao tratar da distribuição da população por sexo, Bonito apresenta 50,55% de
mulheres no total, sendo estas também maioria na área urbana. Entretanto, na área
rural, a presença dos homens é maior do que a das mulheres, representado 16,1% dos
30,23% que corresponde à população rural. E a Zona de Amortecimento da UC segue
o mesmo padrão quando comparado com a população rural (Tabela 6).

Tabela 6. População residente por situação do domicílio e sexo do município do Bonito,


Pernambuco.

Situação do População residente


Sexo
domicílio (Pessoas) (Percentual)
Total 37.566 100
Total Homens 18.577 49,45
Mulheres 18.989 50,55
Total 26.208 69,77
Urbana Homens 12.530 33,35
Mulheres 13.678 36,41
Total 11.358 30,23
Rural Homens 6.047 16,1
Mulheres 5.311 14,14
Fonte: Censo Demográfico (IBGE, 2010).

No que diz respeito ao grau de escolaridade (Tabela 7), de acordo com o IBGE
(2010), dentre as pessoas que frequentavam alguma escola em Bonito destaca-se a
presença no ensino fundamental, correspondendo a 60,78% dessa população,
seguido pelo ensino médio (12,78%) e a pré-escola (9,57%).

Tabela 7. Frequência em escola ou creche por nível de ensino ou curso no município do


Bonito, Pernambuco.

Nível de ensino ou curso que Pessoas que frequentavam escola ou creche


frequentavam (Pessoas) (Percentual)
Total 12.669 100
Creche 192 1,52
Pré-escolar ou classe de
- -
alfabetização
Pré-escolar 1.212 9,57

38
Classe de alfabetização 584 4,61
Alfabetização de jovens e adultos 364 2,87
Alfabetização de adultos - -
Regular de ensino fundamental 7.701 60,78
Educação de jovens e adultos do
311 2,45
ensino fundamental
Fundamental - -
Regular do ensino médio 1.619 12,78
Educação de jovens e adultos do
287 2,26
ensino médio
Médio - -
Pré-vestibular - -
Superior de graduação 312 2,46
Especialização de nível superior 89 0,7
Mestrado - -
Doutorado - -
Mestrado ou doutorado - -
Fonte: Censo Demográfico (IBGE, 2010).

As pessoas alfabetizadas em Bonito são 34.454 habitantes, que correspondem


a 91,25% da população total. No que concerne a faixa etária dessa população (Tabela
8), em sua maioria encontra-se entre 30 a 39 anos (15,19%), seguida pela faixa etária
em idade escolar: 10 a 14 anos (12,18%) e 15 a 19 anos (11,19%).

Tabela 8. Pessoas alfabetizadas com 5 anos ou mais de idade no município do Bonito,


Pernambuco.

Município do Bonito
Grupo de idade Pessoas alfabetizadas com 5 anos ou mais de idade
(Pessoas) (Percentual)
Total 34.454 100
5 a 9 anos 3.626 10,52
10 a 14 anos 4.195 12,18
15 a 19 anos 3.855 11,19
20 a 24 anos 3.263 9,47

39
25 a 29 anos 2.843 8,25
30 a 39 anos 5.232 15,19
40 a 49 anos 4.034 11,71
50 a 59 anos 3.024 8,78
60 a 69 anos 2.184 6,34
70 anos ou mais 2.198 6,38
Fonte: Censo Demográfico (IBGE, 2010).

No que diz respeito a socioeconomia, o rendimento nominal mensal domiciliar


per capita do município é em maioria mais de ¼ a ½ de salário mínimo (26,47%),
seguido por mais de ½ a 1 salário mínimo (25,04%) e mais de 1/8 a ¼ de salário mínimo
(14,64%), como demonstrado na Tabela 9.

Tabela 9. Domicílios particulares com rendimento nominal mensal domiciliar per capita no
município do Bonito, Pernambuco.

Domicílios particulares
Classes de rendimento nominal
Bonito
mensal domiciliar per capita
(Domicílios) (Percentual)
Total 10.830 100
Até 1/8 de salário mínimo 1.604 14,81
Mais de 1/8 a 1/4 de salário 1.585 14,64
mínimo
Mais de 1/4 a 1/2 salário mínimo 2.867 26,47
Mais de 1/2 a 1 salário mínimo 2.712 25,04
Mais de 1 a 2 salários mínimos 919 8,49
Mais de 2 a 3 salários mínimos 170 1,57
Mais de 3 a 5 salários mínimos 158 1,46
Mais de 5 a 10 salários mínimos 91 0,84
Mais de 10 salários mínimos 10 0,09
Sem rendimento 715 6,6
Fonte: Censo Demográfico (IBGE, 2010).

De acordo com o PNUD (2010), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM)


do Bonito vem aumentando desde 1991 a 2010, porém ainda está situado na faixa de
Desenvolvimento Humano Baixo (IDHM entre 0,500 e 0,599). Como pode ser

40
observado na Figura 17, a dimensão que mais contribui para o IDHM do município é
Longevidade, com índice de 0,754, seguida de Renda, com índice de 0,559, e de
Educação, com índice de 0,420.

Figura 17. Índice de Desenvolvimento Humano nos anos de 1991, 2000 e 2010 do município
do Bonito, Pernambuco.

Fonte: PNUD, 2010.

No que corresponde ao Produto Interno Bruto (Valor Adicionado) municipal,


Bonito apresenta uma maior representatividade do setor de serviços, seguido pelo
setor agropecuário e, por após, a indústria (Figura 18). Quando se trata de pessoas
ocupadas por setor, pode-se observar no Figura 19, que o setor de serviços é o que
mais emprega, seguido pelo comércio, a indústria e, por fim, a agricultura.

Figura 18. Produto Interno Bruto - PIB (Valor Adicionado) do município do Bonito,
Pernambuco.

Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de


Governo NOTA: Os dados do Produto Interno Bruto dos Municípios para o período de 2010 a
2013 (série revisada) têm como referência o ano de 2010, seguindo, portanto, a nova
referência das Contas Nacionais.

41
Figura 19. Pessoas ocupadas por setor entre os anos 2007 e 2013 no município do Bonito,
Pernambuco.

Fonte: IBGE.

2.6 Visão das comunidades sobre a UC


Para a compreensão da visão dos diferentes setores da sociedade do
Município do Bonito sobre o Parque Natural Mata da Chuva, foram realizadas uma
série de atividades presenciais. Dessa forma, a equipe de mobilização do projeto
categorizou o público trabalhado durante as atividades em: comunidades urbanas e
rurais.
A comunidade urbana, que possuía representantes do comercio e de
proprietários de espaços de turismo, reconhecem a importância da existência e do
cuidado para com a unidade de conservação, mas não possuíam nenhuma atividade
efetiva para viabilizar alguma iniciativa em prol da UC. Já para a comunidade rural,
que possuem as suas dinâmicas de vida muito próxima a UC, foi observado, através
de visitas feitas in loco em diversos sítios agrícolas, o total desconhecimento da
importância da UC para a manutenção dos seus meios de vida. O interessante dessa
relação é que, parte das comunidades visitadas depende da água proveniente do
Parque Natural para as suas atividades.
Esse tipo de percepção deixa claro o grande vazio relacionado a atividades de
sensibilização e educativas para a aproximação das comunidades residentes no
entorno das UC. Esse é um padrão amplamente reconhecido em todo o território
nacional e se apresenta como um dos principais desafios para a implementação de
um sistema de gestão participativa para Unidades de Conservação de forma de
estabelecer um elo de parceria entre as comunidades do entorno e a implementação
da UC. Outro problema amplamente documentado em Unidades de Conservação, e
que, para o Parque Natural Matas da Chuva segue a mesma tendência é a ausência
de mão de obra, não havendo infraestrutura do poder público para vigilância, ou uma

42
rotina de realização de rondas na área, cuja fiscalização ocorre, em grande parte, de
forma difusa ou atuando para coibir práticas ilegais quando denunciadas.
Essa carência de recursos humanos qualificados para atividades operacionais
em Unidades de Conservação compromete de forma efetiva o sucesso de
implementação das mesmas, principalmente, se essas áreas possuem grande
vocação para o turismo de natureza, pois exige uma qualificação técnica mínima para
garantir a segurança dos visitantes e respeitar todas as condicionantes técnicas
exigidas durante a visitação na área protegida.

2.7 Alternativas de desenvolvimento econômico sustentável para a


região
Dentre as alternativas de desenvolvimento econômico sustentável
encontradas na região, destaca-se a agricultura, através de sistemas agroflorestais, e
o ecoturismo. De acordo com a EMBRAPA (2004), os sistemas agroflorestais
correspondem a consórcios de culturas agrícolas com espécies arbóreas, onde,
dentre outros benefícios, otimiza a produtividade, diminui a perda de fertilidade do
solo e o ataque de pragas, possibilita o restabelecimento de boa parte das relações
entre as plantas e os animais, bem como pode ser uma estratégia para o combate da
erosão.
Como pode ser visto da Tabela 10, os sistemas agroflorestais ocupam apenas
7,24 km² do município, correspondente a 3,32% da área dos estabelecimentos
agropecuários. Sendo assim, planos e projetos que envolvam esse tipo de sistema
agrícola, além de contribuir para a conservação do meio ambiente, também beneficia
os agricultores, uma vez que está aliada à produção de alimentos, permitindo, assim
oferecer produtos agrícolas e florestais, e incrementar a geração de renda das
comunidades agrícolas (EMBRAPA, 2004).

Tabela 10. Estabelecimentos Agropecuários por utilização das Terras por Sistemas
agroflorestais no município do Bonito, Pernambuco.

Área dos
Área dos
estabelecimentos
Utilização das terras estabelecimentos
agropecuários
agropecuários (km²)
(Percentual)
TOTAL 218,03 100
Sistemas agroflorestais - área cultivada
com espécies florestais também usada 7,24 3,32
para lavouras e pastoreio por animais
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário, 2006.

43
Como apontado no Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo
Sustentável – PDITS Polo Agreste (SETUR/PRODETUR NACIONAL, 2014), o município
do Bonito possui uma grande vocação para o desenvolvimento das atividades de
turismo de natureza, mais especificamente quando se trata de turismo de aventura,
ecoturismo e turismo rural. Dentre os recursos naturais que dão notoriedade para a
localidade ressalta-se o conjunto de cachoeiras, o rio Bonito e suas furnas da Pedra
Oca e do Rodeadouro, a Serra do Araticum e o Parque Natural Municipal Matas do
Mucuri-Hymalaia, sendo também cenários para atividades turísticas como trilhas,
rapel e banhos em piscinas naturais. Já o turismo rural em Bonito se destaca no
Núcleo Colonial Rio Bonito, onde são produzidas hortaliças e frutas. (SETUR/
PRODETUR NACIONAL, 2014)
No Plano (SETUR/ PRODETUR NACIONAL, 2014) citado anteriormente, foi
realizado um Plano de Ações que traz um detalhamento operacional de estratégias
em ações, tendo como referência o posicionamento de mercado adotado e o
desenvolvimento sustentável do turismo do Polo Agreste, sendo as ações detalhadas
no âmbito do Produto Turístico, da Comercialização, do Fortalecimento Institucional,
da Infraestrutura e Serviços Básicos e da Gestão Socioambiental. Essas ações, por
componentes, direcionadas ao Polo Agreste (Bonito, Bezerros, Gravatá e Caruaru) e
mais especificamente para o município do Bonito estão expostas nos Quadros de 6 a
10 a seguir:

Quadro 6. Ações previstas e objetivos do Componente ‘Produto Turístico’ do Plano de Ação


do Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável – PDITS (Polo Agreste)
para o Polo Agreste e o município do Bonito, Pernambuco.
COMPONENTE 1: PRODUTO TURÍSTICO
ÁREA DE
AÇÕES PREVISTAS OBJETIVO
ABRANGÊNCIA
Implantação do
Implantar o Centro Turístico e Ecológico no
Centro Turístico
Parque Natural Municipal Mata Mucuri-Hymalaia
Ecológico no
objetivando fortalecer a imagem do Bonito como
Parque Natural
destino referência em ecoturismo e diversificar a
Municipal Mata do
Bonito oferta turística do Polo Agreste
Mucuri-Hymalaia
Projeto de Ampliar as condições de uso e atratividade
Valorização turística da Serra do Araticum por meio da
Turística da Serra requalificação urbana das áreas e implantação de
do Araticum teleférico.
Aprimorar e diversificar os serviços e
equipamentos turísticos e aperfeiçoar a gestão do
Programa de
turismo no Polo, por meio da qualificação dos
Qualificação
Polo Agreste atores envolvidos direta e indiretamente no setor
Profissional do
turístico com o propósito de ampliar a satisfação
Turismo
dos visitantes e fortalecer a cadeia produtiva do
turismo do Polo Agreste.

44
Promover a valorização do patrimônio cultural do
Polo Agreste através da definição de
Valorização dos
instrumentos que retransmitam conhecimento e
Bens Culturais
oportunizem que a
através Educação
comunidade local desenvolva sentimento de
Patrimonial
apropriação e responsabilidade pelos bens
culturais dos municípios do Polo.
Ampliar e requalificar as formas de interpretação
do patrimônio resultando na implantação da
Plano de sinalização turística interpretativa e indicativa nos
Interpretação do atrativos dos
Patrimônio municípios do Polo, investindo nos elementos de
Cultural e informações de atrativos e roteiro, com vistas a
Ambiental facilitar a circulação de turistas pelo território
municipal
Programa de
Aprimorar a capacidade de gestão municipal e a
Qualidade do
qualidade dos serviços e procedimentos
turismo para o
ambientais aplicados nos serviços turísticos com a
setor de
implantação
alojamento,
de sistemas de inovação e de gerenciamento da
gastronomia,
sustentabilidade.
receptivo
Implantação da
Implantação da Sinalização Turística Gráfica
Sinalização
Vertical da Rodovia BR-232, no trecho
Turística da
compreendido entre a interseção com a BR-101
Rodovia BR-232 e
em Recife até o acesso
complementação
à cidade de Petrolina, no estado de Pernambuco
até Petrolina
Potencializar o artesanato como atrativo turístico
Valorização da
a fim de agregar valor a
Produção de
experiência turística e contribuir para o
Artesanato
posicionamento do Polo Agreste enquanto
Regional
destino cultural.
Fonte: SETUR/PRODETUR NACIONAL (2014).

Quadro 7. Ações previstas e objetivos do Componente ‘Comercialização’ do Plano de Ação


do Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável – PDITS (Polo Agreste) para
o do município do Bonito, Pernambuco.
COMPONENTE 2: COMERCIALIZAÇÃO
ÁREA DE
AÇÕES PREVISTAS OBJETIVO
ABRANGÊNCIA
Ordenar e integrar as estratégias de
Plano Operacional comunicação, distribuição e promoção turística
de Comunicação, para fortalecer a imagem do Polo Agreste,
Polo Agreste
Comercialização e ampliando e consolidando
Promoção Turística os seus produtos turísticos no mercado regional e
nacional

45
Implementação Ordenar e integrar as estratégias de
das Ações de comunicação, distribuição e promoção turística
Melhoria da para fortalecer a imagem do Polo Agreste,
Comunicação, ampliando e consolidando
Comercialização e os seus produtos turísticos no mercado regional,
Promoção Turística nacional e internacional.
Fonte: SETUR/PRODETUR NACIONAL (2014).

Quadro 8. Ações previstas e objetivos do Componente ‘Fortalecimento Institucional’ do


Plano de Ação do Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável – PDITS (Polo
Agreste) para o do município do Bonito, Pernambuco.
COMPONENTE 3 - FORTALECIMENTO INSTITUCIONAL
ÁREA DE
AÇÕES PREVISTAS OBJETIVO
ABRANGÊNCIA
Integrar as políticas de turismo nos municípios
Implantação e
que compõem o Polo, realizando discussões
Fortalecimento dos
com gestores públicos municipais, gestores
Conselhos
públicos estaduais,
Municipais/Regionais
representantes do trade turístico e sociedade
do Turismo
civil organizada.
Fortalecer o sistema de estatísticas de turismo
Melhoria do Sistema
do Estado de Pernambuco, no que diz respeito a
de Informações
qualificação da estrutura dos profissionais;
Estatísticas do
processos de coleta, armazenamento,
Turismo (projeto
tratamento, análise e divulgação de dados e;
estadual)
rede de governança das informações.
Capacitar o quadro de servidores públicos
Polo Agreste
Desenvolvimento da municipais e estaduais que atuam na gestão do
plataforma de turismo, buscando promover o
aprendizado online desenvolvimento de competências e habilidades
“Planejamento e com vistas à qualificação do processo de
Gestão do planejamento e execução das políticas públicas
Turismo” (projeto em turismo e, consequentemente, a melhoria
estadual) dos padrões
de qualidade e eficiência do serviço público.
Capacitar gestores públicos municipais para
Assessoria para utilização de instrumentos de gestão urbana
Gestão Urbana que possam impactar, direta ou indiretamente,
Municipal no desenvolvimento das políticas locais de
turismo.
Fonte: SETUR/PRODETUR NACIONAL (2014).

46
Quadro 9. Ações previstas e objetivos do Componente ‘Infraestrutura e Serviços Básicos’ do
Plano de Ação do Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável – PDITS (Polo
Agreste) para o do município do Bonito, Pernambuco.
COMPONENTE 4: INFRAESTRUTURA E SERVIÇOS BÁSICOS
ÁREA DE
AÇÕES PREVISTAS OBJETIVO
ABRANGÊNCIA
Requalificar as condições dos 21 km que dão
Requalificação do acesso às cachoeiras, por meio de elaboração de
Bonito acesso às estudo para adequação da mobilidade, com vistas
cachoeiras à melhoria
da circulação na região.
Requalificar as condições de mobilidade ao longo
dos 25Km da PE-103 que liga o município de
Requalificação da Bezerros à Bonito, por meio de elaboração e
Bezerros e
Mobilidade da PE- execução de
Bonito
103 projeto para adequação da pavimentação,
sinalização e acostamento, com vistas à melhoria
da circulação nessa via.
Implantação de Melhorar as condições de salubridade nos
Lixeiras nas Áreas municípios do Polo, investindo na coleta de
de Interesse resíduos sólidos, para que o aumento da
Turístico qualidade ambiental e de vida seja viabilizado.
Polo Agreste
Programa Requalificar as condições do trânsito, por meio de
Municipal de programa municipal, com vistas a proporcionar
Educação para melhoria nos parâmetros da população no que se
Trânsito refere à acessibilidade e à mobilidade.
Fonte: SETUR/PRODETUR NACIONAL (2014).

Quadro 10. Ações previstas e objetivos do Componente ‘Gestão Socioambiental’ do Plano de


Ação do Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável – PDITS (Polo Agreste)
para o do município do Bonito, Pernambuco.
COMPONENTE 5 - GESTÃO SOCIOAMBIENTAL
ÁREA DE
AÇÕES PREVISTAS OBJETIVO
ABRANGÊNCIA
Fortalecimento de
Elaborar o plano de manejo do Parque Natural
Gestão do Parque
Municipal Matas do Mucuri-Hymalaia, visando
Bonito Natural Municipal
ordenar as atividades turísticas na respectiva
Matas do Mucuri-
unidade de conservação.
Hymalaia
Programa de
Promover processo de gestão para
Gestão
empreendimentos privados das regiões serranas,
Socioambiental
visando à qualificação de áreas naturais e o
para
controle de visitantes, de forma a considerar a
Empreendimentos
capacidade de suporte natural do ambiente.
Privados
Polo Agreste
Criar um Sistema de Informações sobre Meio
Criação de Sistema Ambiente, com vistas a qualificar a gestão da
de Informações informação em matéria ambiental e objetivando a
sobre Meio sobreposição de informações no intuito do
Ambiente controle e avaliação dos impactos ambientais da
atividade turística.

47
Programa de Criar e promover Programa de Qualidade
Qualidade Ambiental, com vistas à capacitação de
Ambiental dos multiplicadores de informações ambientais e
Destinos Turísticos instrumentalização da gestão ambiental pública.
Fonte: SETUR/PRODETUR NACIONAL (2014).

2.8 Legislação pertinente


2.8.1 Base legal
A análise jurídica realizada para o Plano de Manejo do Parque Natural
Municipal Matas da Chuva, em Bonito/PE, está contemplada no rol de exigências
estabelecido no Roteiro Metodológico de Planejamento para Elaboração de Planos
de Manejo de Parques Nacionais, Reservas Biológicas e Florestas Nacionais (IBAMA,
2002) e abordou os aspectos inerentes à categoria da unidade de conservação bem
como à sua situação considerando o cenário atual.
Para tanto, analisou-se os dados gerados pela equipe técnica do projeto, além
das legislações e normas vigentes de âmbito local, estadual e Federal e das
informações obtidas junto aos membros do Conselho Gestor da UC.
Os aspectos jurídicos urbanísticos e ambientais tratados a seguir serão
sistematizados ao fim do texto, sob a forma de conclusões e recomendações que
deverão ser submetidas ao Conselho Gestor para fins de ciência e aprovação.

2.8.1.1 Do Sistema Nacional de Unidades de Conservação


As áreas protegidas, segundo o sistema normativo brasileiro, são todos
aqueles espaços territoriais que foram dotados de alguma proteção ambiental
prevista em uma norma jurídica como, por exemplo, as categorias específicas de
proteção, como Unidades de Conservação, Áreas de Preservação Permanente e
Reserva Legal.
No que se refere às Unidades de Conservação, foram criadas por meio da Lei
Federal nº 9.985/2000 que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação
– SNUC. Neste diploma foram instituídas diversas categorias de unidades de
conservação divididas em dois tipos básicos: UC de Proteção Integral e UC de Uso
Sustentável.
Ainda segundo o artigo 3º da Lei, o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza – SNUC é constituído pelo conjunto das unidades de
conservação federais, estaduais e municipais. Da mesma forma, também integram o
Sistema Estadual de Unidades de Conservação – SEUC de Pernambuco, instituído por
meio da Lei Estadual nº 13.787/2009, as Unidades de Conservação Estaduais e
Municipais inseridas neste território.
Assim, o Parque Natural Municipal Mata da Chuva, em Bonito/PE, integra o
SNUC e o SEUC – PE, motivo pelo qual se mostra apto a receber os recursos

48
decorrentes da compensação ambiental de empreendimentos causadores de
significativo impacto ambiental, consoante detalhado adiante.

2.8.1.1.1 Das Características Gerais da Unidade de Conservação


Trata-se de uma Unidade de Conservação, criada em 2011, por meio da Lei
Municipal nº 936/11, sendo, portanto, uma UC Municipal. Denominada Parque Natural
Municipal Mata da Chuva, cuja categoria é prevista no SNUC, esta unidade integra,
desde a sua criação, o SNUC e o SEUC-PE, apresentando-se como uma UC do grupo
de Proteção Integral, ou seja, onde o objetivo é o de preservar a natureza, sendo
admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais.
Esta categoria apresenta os seguintes usos determinados no artigo 11 do
SNUC:
Art. 11. O Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação de
ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica,
possibilitando a realização de pesquisas científicas e o
desenvolvimento de atividades de educação e interpretação
ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo
ecológico.
§ 1º O Parque Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as
áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de
acordo com o que dispõe a lei.
§ 2º A visitação pública está sujeita às normas e restrições
estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas
pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas em
regulamento.
§ 3º A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão
responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições
e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em
regulamento.
§ 4º As unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou
Município, serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e
Parque Natural Municipal.

Deste dispositivo se extrai que o Parque deve ser de posse e domínio público
e que as áreas particulares, caso existam, deverão ser desapropriadas. Neste sentido,
cumpre salientar, no perímetro desta UC, que existem uma série de usos que não são
compatíveis com o objetivo supracitado, valendo citar usos agrícolas e edificações
com finalidade residencial.
Ademais, a visitação pública deverá ser regulada por este Plano de Manejo e a
pesquisa científica dependerá de autorização prévia do órgão responsável pela
administração da unidade. Isto para que os usos dentro da unidade de conservação
sejam definidos com base em critérios técnicos e de acordo com os objetivos da UC.
Portanto, o Plano de Manejo, que é um documento obrigatório para toda a
unidade de conservação, deve ser o norteador do zoneamento da UC. Segundo o
artigo 27 do SNUC, este plano deve abranger ainda, além da área da unidade de
conservação, a sua zona de amortecimento e, se houverem, os corredores
49
ecológicos, incluindo medidas com o fim de promover sua integração à vida
econômica e social das comunidades vizinhas.
Assim, as medidas necessárias ao amortecimento dos impactos causados,
pelas comunidades vizinhas à unidade de conservação, deverão ser previstas pelo
Plano que inclusive analisará as atividades que devem ser vedadas no entorno da UC,
com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a área protegida.
Ademais, uma vez elaborado o Plano de Manejo, ficam proibidas, nos termos
do artigo 28 do SNUC, nas unidades de conservação, quaisquer alterações, atividades
ou modalidades de utilização em desacordo com este documento.
Como os limites desta Zona não foram definidos no ato de criação da unidade,
o Plano de Manejo deverá se encarregar desta delimitação, estabelecendo como
limite máximo o raio de 10 (dez) quilômetros, nos termos do artigo 27 do Decreto
Federal 99.274/1990.
Outrossim, delimitada a Zona de Amortecimento, as restrições aplicáveis
àquele território deverão ser obedecidas fielmente nos processos de licenciamento
ambiental de novos empreendimentos, sob pena de nulidade da licença e de
responsabilização do autor do dano, conforme decisão judicial expressa a seguir:
“PENAL. PROCESSUAL PENAL. CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE.
ARTS. 40 E 60 DA LEI Nº 9.605/98. PARQUE NACIONAL DA SERRA DA
CANASTRA. ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DE PRESERVAÇÃO
PERMANENTE. DANO OCORRIDO EM ZONA DE AMORTECIMENTO.
ENTORNO DO PARQUE NACIONAL. DANO EVIDENCIADO. RECURSO
PROVIDO. 1. O art. 40 da Lei nº 9.605/98, consistente em "causar dano
direto ou indireto às Unidades de Conservação", trata de crime
material, que depende da ocorrência de resultado naturalístico para
se caracterizar, ou seja, da efetiva causação de dano, direto ou
indireto, à unidade de conservação. É delito de perigo abstrato, pois
o prejuízo ao meio ambiente é presumido caso a conduta seja
praticada. 2. O art. 15, § 1º, da Lei 9.985/2000, que regulamenta o art.
225, § 1º, incisos I, II, III e VII, da Constituição Federal, e institui o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, dispõe que a Área
de Proteção Ambiental é constituída por terras públicas ou privadas.
O Decreto nº 99.274/90, por sua vez, dispõe, em seu art. 27, que "nas
áreas circundantes das Unidades de Conservação, num raio de dez
quilômetros, qualquer atividade que possa afetar a biota ficará
subordinada às normas editadas pelo Conama". 3. O Parque Nacional
da Serra da Canastra, unidade de conservação de proteção integral, foi
criado pelo Decreto 70.335/72 e tem área de 200.000ha, abrangendo a
zona de amortecimento, que se constitui pelo "entorno de uma
unidade de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a
normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os
impactos negativos sobre a unidade", consoante dispõe o art. 2º, XVIII,
da Lei nº 9.985/2000. 4. O fato de o Poder Público ainda não ter
efetivado a regularização fundiária de toda a área de 200.000ha do
Parque Nacional da Serra da Canastra não significa que as
propriedades privadas abrangidas pela respectiva zona de
amortecimento possam fazer uso incompatível do espaço, pois estão

50
sujeitas a limitações ambientais e sociais. A questão ambiental não
pode ser interpretada de modo meramente patrimonialista. 5.
Evidenciada, pelo laudo pericial realizado, a existência de impacto
ambiental negativo, causador de dano efetivo atual ou de repercussão
futura à fauna, flora ou cursos de água da região na qual ocorreu o
desmatamento, verifica-se não ser atípica a conduta das rés,
tipificadas nos arts. 40 e 60 da Lei nº 9.605/98. (TRF-1 - ACR: 1561 MG
0001561-45.2011.4.01.3804, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL
TOURINHO NETO, Data de Julgamento: 24/09/2012, TERCEIRA TURMA,
Data de Publicação: e-DJF1 p.1410 de 05/10/2012).

Ressalte-se ainda que, nos moldes do artigo 36, o processo de licenciamento


ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental no entorno das
unidades de conservação, quando este empreendimento afetar a sua zona de
amortecimento, só poderá ter continuidade mediante autorização do órgão
responsável por sua administração.
No caso dos empreendimentos que não sejam considerados de significativo
impacto ambiental, mas que estejam localizados na Zona de Amortecimento, a
Resolução do CONAMA 428/2010, informa, em seu artigo 5º, que o órgão ambiental
licenciador, ainda assim, deverá dar ciência ao órgão responsável pela administração
da UC.
Por fim, os artigos 12 e 16 do Decreto Federal 4340/2002 determinam que o
Plano de Manejo da unidade de conservação deverá ser aprovado por meio de
Portaria a ser expedida pelo órgão executor e deve estar disponível para consulta
pública na sede da unidade de conservação e no centro de documentação do órgão
executor.

2.8.1.1.2 Do Papel do Conselho Gestor


Apenas duas categorias de unidades de conservação têm Conselhos com
caráter deliberativo, a saber, as Reservas Extrativistas e as Reservas de
Desenvolvimento Sustentável. As demais, incluindo os Parques Naturais, apresentam
Conselhos com caráter consultivo.
Resta claro, portanto, que o caráter consultivo, do Conselho do Parque
Natural, deixa o colegiado com poder apenas opinativo, o que não tira a sua
importância, uma vez que a opinião técnica do Conselho deve balizar as decisões do
órgão gestor da UC.
Estes Conselhos, nos termos do artigo 29, serão presididos pelo órgão
responsável por sua administração e constituídos por representantes de órgãos
públicos e de organizações da sociedade civil.
Neste caso, o Parque Natural possui Conselho Gestor constituído e possui as
seguintes atribuições previstas no Decreto Federal 4340/2002:
“Art. 20. Compete ao conselho de unidade de conservação:
I - elaborar o seu regimento interno, no prazo de noventa dias,
contados da sua instalação;

51
II - acompanhar a elaboração, implementação e revisão do Plano de
Manejo da unidade de conservação, quando couber, garantindo o seu
caráter participativo;
III - buscar a integração da unidade de conservação com as demais
unidades e espaços territoriais especialmente protegidos e com o seu
entorno;
IV - esforçar-se para compatibilizar os interesses dos diversos
segmentos sociais relacionados com a unidade;
V - avaliar o orçamento da unidade e o relatório financeiro anual
elaborado pelo órgão executor em relação aos objetivos da unidade
de conservação;
VI - opinar, no caso de conselho consultivo, ou ratificar, no caso de
conselho deliberativo, a contratação e os dispositivos do termo de
parceria com OSCIP, na hipótese de gestão compartilhada da unidade;
VII - acompanhar a gestão por OSCIP e recomendar a rescisão do termo
de parceria, quando constatada irregularidade;
VIII - manifestar-se sobre obra ou atividade potencialmente causadora
de impacto na unidade de conservação, em sua zona de
amortecimento, mosaicos ou corredores ecológicos; e
IX - propor diretrizes e ações para compatibilizar, integrar e otimizar a
relação com a população do entorno ou do interior da unidade,
conforme o caso.”

Por fim, importante salientar que a construção do plano de manejo está sendo
realizada de forma participativa, garantindo a legitimidade do documento técnico,
nos estritos termos do artigo 20, II, supracitado.

2.8.1.1.3 Da Compatibilidade da UC com o Plano Diretor Municipal


Considerando que todas unidades de conservação são consideradas como de
área rural, o Plano Diretor Municipal, instituído pela Lei Complementar 018/2006,
inseriu estas áreas na Macrozona Rural. Esta zona é destinada, segundo o seu artigo
14, às atividades econômicas não urbanas, à agricultura, à pecuária, ao extrativismo,
à recreação e aos sistemas agroflorestais e congêneres. São estes tipos de atividades
que deverão estar contemplados na Zona de Amortecimento da unidade de
conservação.
No que se refere à unidade de conservação objeto deste estudo, o seu
território já dispõe da própria proteção prevista na Lei Municipal que a criou.
Ademais, inserida na Macrozona rural, a UC recebe ainda a proteção do artigo 17 do
Plano Diretor – PD que apresenta, como diretriz para o desenvolvimento do meio
rural, a proteção do meio ambiente, em especial a biodiversidade e os mananciais.
Portanto, resta clarividente a compatibilidade da unidade de conservação com
o zoneamento municipal. Por fim, importante ressaltar que o plano diretor dedicou
ainda uma seção inteira para tratar das unidades de conservação, no entanto, no
corpo do texto, tratou apenas das áreas de preservação permanente cuja proteção é
definida pelo Código Florestal, não merecendo, portanto, análise por este parecer.

52
2.8.1.1.4 Dos Recursos de Compensação Ambiental
A unidade de conservação que integra o Sistema de Unidades de Conservação
previsto no ordenamento jurídico brasileiro, a exemplo do Parque Natural Municipal
Mata da Chuva, está apta a receber recursos de compensação ambiental decorrentes
de empreendimentos de significativo impacto ambiental, nos moldes do artigo 36 do
SNUC, a seguir:
“Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos
de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão
ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto
ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é
obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de
conservação do Grupo de Proteção Integral, de acordo com o
disposto neste artigo e no regulamento desta Lei.
§ 1º O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para
esta finalidade não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais
previstos para a implantação do empreendimento, sendo o percentual
fixado pelo órgão ambiental licenciador, de acordo com o grau de
impacto ambiental causado pelo empreendimento.
§ 2º Ao órgão ambiental licenciador compete definir as unidades de
conservação a serem beneficiadas, considerando as propostas
apresentadas no EIA/RIMA e ouvido o empreendedor, podendo
inclusive ser contemplada a criação de novas unidades de
conservação.
§ 3º Quando o empreendimento afetar unidade de conservação
específica ou sua zona de amortecimento, o licenciamento a que se
refere o caput deste artigo só poderá ser concedido mediante
autorização do órgão responsável por sua administração, e a unidade
afetada, mesmo que não pertencente ao Grupo de Proteção Integral,
deverá ser uma das beneficiárias da compensação definida neste
artigo”. (grifos acrescidos)

Com relação a este artigo, no ano de 2008, o Plenário do Supremo Tribunal


Federal julgou parcialmente procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade
3.378, declarando a inconstitucionalidade das expressões constantes do parágrafo 1º,
do artigo 36, da Lei 9.985, de 18 de julho de 2000, que trata da compensação
ambiental cobrada nos casos de licenciamento de empreendimentos de significativo
impacto ambiental.
Diante desses fatores, o Plenário do STF declarou a inconstitucionalidade das
expressões “não pode ser inferior a 0,5% dos custos totais previstos na implantação
de empreendimento” e “o percentual”, constantes do parágrafo 1º, do artigo 36, da
Lei 9.985/00. Ou seja, a definição do percentual e o cálculo dos recursos só podem
ter relação com os impactos negativos e não mitigáveis ao meio ambiente.
Cabe registrar que essa decisão tem efeito erga onmes, isto é, estende-se a
todos aqueles que se encontram sob a jurisdição da lei e vincula todos os órgãos do
Poder Judiciário e da administração pública federal, estadual e municipal.

53
Desta maneira, houve a necessidade de estabelecimento de metodologia para
valoração do grau dos significativos impactos ambientais, atendendo à decisão do
Supremo Tribunal Federal. Assim, os empreendimentos considerados como de
significativo impacto ambiental, nos termos da Resolução CONAMA nº 01/86, se
obrigam a cumprir a medida compensatória prevista na Resolução nº 04/2010 do
Conselho Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CONSEMA).
Ressalte-se por fim que o valor desta compensação ambiental deverá ser
destinado ao Fundo Municipal de Meio Ambiente, mediante assinatura de Termo de
Compromisso com o órgão ambiental e de acordo com o cronograma do
empreendimento, e deverá beneficiar as unidades que compõe o SNUC, conforme
decisão do órgão ambiental licenciador. Caso uma UC seja diretamente afetada pelo
empreendimento, será, necessariamente, uma das beneficiárias da compensação
definida neste artigo.
Assim caberá aos gestores das Unidades de Conservação, no intuito de buscar
a sustentabilidade da área protegida, elaborar projetos com o objetivo de captar
recursos, para a sua implantação, junto aos órgãos ambientais licenciadores.

2.8.1.1.5 Considerações Finais

A análise jurídica deste plano de manejo, que teve fundamento nas normas
jurídicas urbanísticas e ambientais e, ainda, nas informações de campo, CONCLUIU
que:
• O Plano de Manejo é um documento obrigatório para toda a unidade de
conservação e deve ser o norteador do zoneamento da UC, abrangendo, além
da área da unidade de conservação, a sua zona de amortecimento e os
corredores ecológicos existentes;
• Uma vez elaborado o Plano de Manejo, ficam proibidas, nos termos do artigo
28 do SNUC, nas unidades de conservação e na sua zona de amortecimento,
quaisquer alterações, atividades ou modalidades de utilização em desacordo
com este documento, sob pena de responsabilização nas esferas cível,
administrativa e criminal;
• O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC é
constituído pelo conjunto das unidades de conservação federais, estaduais e
municipais;
• O Parque Natural Municipal Mata da Chuva integra o SNUC e o SEUC-PE,
estando apto a receber recursos de compensação ambiental;
• A unidade de conservação, em razão da sua categoria – Parque Natural
Municipal, deve ser de posse e domínio público;
• Existem situações em desacordo com os objetivos da unidade de conservação
que merecem atenção para fins de regularização, sobretudo áreas agrícolas e
moradias no interior dos limites da área protegida;

54
• A visitação pública deverá ser regulada por este Plano de Manejo e a pesquisa
científica dependerá de autorização prévia do órgão responsável pela
administração da unidade;
• A área de uma unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral é
considerada zona rural e, do mesmo modo, a zona de amortecimento não
pode ser transformada em zona urbana;
• Os empreendimentos de significativo impacto ambiental, que afetarem a
unidade de conservação ou sua Zona de Amortecimento, só poderão ser
licenciados mediante autorização do órgão responsável por sua
administração;
• Os empreendimentos que não sejam de significativo impacto ambiental, que
afetarem a Unidade de Conservação ou sua Zona de Amortecimento, só
poderão ser licenciados após a ciência do órgão responsável por sua
administração;
• O Conselho Gestor do Parque é consultivo;
• A unidade de conservação é compatível com o Plano Diretor do Município;
• Caso uma UC seja diretamente afetada pelo empreendimento, deverá ser uma
das beneficiárias da compensação definida no SNUC;
• Caberá aos gestores das unidades de conservação, no intuito de buscar a
sustentabilidade da área protegida, elaborar projetos com o objetivo de
captar recursos para a sua implantação, junto aos órgãos ambientais
licenciadores.

Para tanto, RECOMENDA-SE, para implantação da unidade de conservação,


que:
• O Plano de Manejo inclua medidas com o fim de promover sua integração da
UC à vida econômica e social das comunidades vizinhas;
• A Zona de Amortecimento seja definida no Plano de Manejo, de acordo com
os termos desta base legal;
• A ocupação da Zona de Amortecimento se dê com atividades econômicas não
urbanas, agricultura, pecuária, extrativismo, recreação, sistemas
agroflorestais e congêneres, nos termos do Plano Diretor vigente;
Por fim, pode-se concluir que o Parque Natural Municipal Mata da Chuva, não
encontra óbice legal à sua implantação, devendo seguir estritamente as
recomendações deste Plano de Manejo e após ser devidamente implantado, atuar de
acordo com os seus objetivos gerais, de modo a garantir o bem-estar da população
do entorno e do meio ambiente em geral.

55
2.9 Potencial de apoio à UC
Foram identificados por parte da equipe técnica diversos setores do município
interessados em apoiar o Parque Natural Municipal Mata da Chuva, tanto da área
privada quanto pública. Diferente do que acontece em muitos municípios, há por
parte da população o conhecimento da existência da UC.
As potencialidades para a proposição de parcerias são inúmeras, pois o
contexto de inserção do Parque favorece esse tipo de arranjo. Citamos mais uma vez
o elevado potencial de aumento nas atividades de turismo de natureza para fins de
visitação na área, e para que isso seja viabilizado o estabelecimento de parcerias com
instituições que trabalhem com capacitação de guias de turismo voltados para trilhas
é fundamental, pois na região foram identificados poucos guias que possuíssem
formação adequada para esse tipo de atividade.
Ainda, com a finalização do Plano de Manejo da UC e com a proposição dos
diversos Programas que irão compor o mesmo será possível tanto o conselho gestor
quanto o poder público responsável pela gestão mapear possíveis apoiadores em
função dos objetivos dos programas. Bonito possui atividades econômicas residentes
nos diferentes setores da economia, o que, se apresenta como uma vantagem em
identificar um mix de apoiadores para as atividades de fortalecimento do Parque
Natural Municipal Mata da Chuva.

56
3 CAPÍTULO 3 – CONTEXTUALIZAÇÃO E ANÁLISE DA UNIDADE DE
CONSERVAÇÃO

3.1 Informações gerais sobre a Unidade de Conservação (Caracterização


geral da área atual, área de entorno, significância, possibilidades de
conectividade)
Foi realizado um mapeamento detalhado da unidade de conservação e seu
entorno, visando caracterizar o uso e cobertura da terra na área. Para o levantamento
das situações ambientais (i.e. Uso e cobertura da terra) no interior e entorno da
unidade de conservação, foram utilizadas técnicas de geoprocessamento para a
execução de mapeamentos da área, juntamente com as análises de campo para
validação dos dados obtidos, como detalhado abaixo.
O mapeamento dessas áreas foi realizado utilizando-se imagens de satélite
RapidEye com resolução espacial de 5 metros e radiométrica de 16 bits, da data de 04
de janeiro de 2015 a fim de se realizar uma caracterização detalhada das áreas-alvo
do projeto. Foram verificadas as áreas de cada unidade de conservação e em seu
entorno, as situações ambientais presentes para que se possa mapear como se dá a
dinâmica de uso e ocupação do solo nas áreas das unidades de conservação e seu
entorno. Esse processo seguiu alguns passos:
Passo 1 – Aquisição e correção das imagens
As imagens utilizadas para as atividades de mapeamento do projeto já
estavam disponíveis no banco de dados do Centro de Pesquisas Ambientais do
Nordeste. Foi realizada uma correção do seu histograma para que fossem
visualizadas de forma mais clara seus contrastes, que vão expressar as diferentes
feições existentes no interior da área avaliada, possibilitando a diferenciação visual
das diversas situações ambientais do local.
Passo 2 – Digitalização das situações ambientais
Para a realização do mapeamento que possa quantificar as áreas abarcadas
pelo projeto, foram criados manualmente, através de fotointerpretação, arquivos
vetoriais que possam expressar as feições presentes na paisagem (shapefiles),
possibilitando a medição de áreas e quantificação das situações ambientais
encontradas no interior da unidade de conservação estudada. Para isso, foi utilizado
o shapefile com os limites da unidade de conservação como área focal do
mapeamento, para que, com base nesses limites, sejam produzidas informações que
compõem os bancos de dados.
Passo 3 – Caracterização das áreas
Após o processo de digitalização das feições verificadas na unidade de
conservação em estudo, ainda através de fotointerpretação, foram atribuídas as
prováveis situações ambientais das áreas mapeadas. Assim, foram elaborados pré-
mapas utilizados na validação in loco das informações presentes na imagem. Para isso
foi utilizado um aparelho receptor GPS, que permitiu a coleta de pontos em campo

57
para melhor identificação e validação da situação ambiental das áreas do
mapeamento após as visitas. Esses pontos foram plotados no pré-mapeamento,
permitindo a adição ou correção das situações ambientais encontradas, ajustando o
produto final.
Passo 4 - Elaboração da base de dados georreferenciados com a quantificação e
caracterização das situações ambientais encontradas nas UCs analisadas
Foi elaborada, após a fase de digitalização e correção, de acordo com o que
foi visualizado em campo e marcado com o aparelho GPS, uma base de dados
georreferenciados que consta das situações ambientais presentes na unidade de
conservação analisada em formato shapefile (.shp), estando nela discriminadas as
áreas e perímetros de cada situação ambiental, sua caracterização por grande grupo
e específica, a bacia hidrográfica em que a UC faz parte, a fitofisionomia em que a UC
está inserida de acordo com dados disponíveis em bases de órgãos oficiais e
observações de campo e o município onde se encontram.

➢ Mapeamento
O Parque Natural Municipal Mata da Chuva, localizado no município do Bonito,
no estado de Pernambuco, foi criado no ano de 2011 no âmbito da Lei Municipal nº
936/2011, onde consta que o parque possui 173,14 hectares. No entanto, nas medições
realizadas no âmbito do projeto, foi verificado que a área possui 172,97 hectares como
mostra a Figura 20.

58
Figura 20. Localização do Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

59
Durante as atividades de mapeamento, foram inventariados os usos de solo
do interior das unidades de conservação e também de seu entorno direto, a fim de
prover subsídios para as estratégias de delimitação do zoneamento. Foi selecionada
uma área de influência de 1 quilômetro, partindo do limite da uc, para se executar os
mapeamentos.
Durante a execução das atividades de mapeamento, foram identificados os
seguintes usos de solo:
1. Corpo hídrico não represado – Corresponde a corpos hídricos existentes na
paisagem;
2. Floresta – Remanescentes de floresta existentes na paisagem;
3. Erosão – Áreas sem cobertura vegetal, com a presença de processos
erosivos;
4. Capoeira – Áreas em que a vegetação encontra-se em regeneração;
5. Área em uso agropecuário – Áreas com presença de cultivos diversos e/ou
pecuária;
6. Represa – Áreas onde ocorre acumulação de água decorrente de
barramentos;
7. Açude – Acumulações de água não decorrente de barramentos.

Através dos mapeamentos, foi possível identificar e quantificar cada um dos


usos do solo já listados, como mostra a Tabela 11 e a Figura 21.

Tabela 11. Classificação do uso e ocupação do solo do entorno direto (1 km) do Parque Natural
Municipal Mata da Chuva, município do Bonito (Pernambuco), apresentando sua classe, área
e porcentagem.

Uso Área (ha) %


Açude 2,77 0,18
Área em uso agropecuário 793,25 51,59
Capoeira 10,11 0,66
Corpo hídrico não-represado 1,18 0,08
Erosão 0,54 0,04
Floresta 721,48 46,93
Represa 8,15 0,53
Total 1537,48 100

60
Figura 21. Classificação do uso e ocupação do solo do entorno direto (1 km) do Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito,
Pernambuco.

61
É possível verificar que a classe de uso de solo mais expressiva na área é a de
“áreas em uso agropecuário”, apresentando 51,59% da área inventariada. Outra
classe de uso com um valor expressivo é a de Floresta, que representa áreas com
cobertura vegetal que forma dossel florestal. Essas áreas representam 46,93% do
total inventariado, tendo, outros tipos de usos, porcentagens bastante pequenas.
Quanto aos usos do solo no interior dos limites da unidade de conservação, foram
mapeadas 4 classes, como mostra a Tabela 12 e a Figura 22.

Tabela 12. Classificação do uso e ocupação do solo no interior do Parque Natural Municipal
Mata da Chuva, município do Bonito (Pernambuco), apresentando sua classe, área e
porcentagem.

Uso Área(ha) %
Área em uso agropecuário 29,68 17,16
Capoeira 2,64 1,53
Erosão 0,54 0,31
Floresta 140,11 81,00
Total 172,97 100

62
Figura 22. Classificação do uso e ocupação do solo no interior do Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

63
Como resultado, verifica-se que 81% da área delimitada como unidade de
conservação abriga remanescentes de floresta. Outra classe com destaque foi a
presença de áreas em uso agropecuário, com 17,16%, representados prioritariamente
por áreas de conversão de florestas para uso agrícola, bem como para construção de
benfeitorias relacionadas a esta atividade.

3.2 Caracterização dos fatores abióticos e bióticos


3.2.1 Metodologias

3.2.1.1 Metodologia – Diagnóstico Meio físico

O diagnóstico de meio físico foi realizado mediante o levantamento e análise


de dados primários e secundários, almejando-se obter um diagnóstico detalhado do
Parque Natural Municipal Mata da Chuva, bem como a identificação das principais
características de sua área de entorno direto.
Os dados primários foram levantados, basicamente, por meio de observação
direta em visita de campo, realizada com utilização de aparelho de GPS, da cartografia
disponível (cartas topográficas nas escalas de 1:25.000 e 1:100.000 do mapeamento
sistemático brasileiro) e da cartografia temática que foi previamente elaborada.
Quanto aos dados secundários, foram utilizadas informações armazenadas em
bancos de dados de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) de instituições oficiais
e especializadas em cada tema, prezando-se pela utilização das informações mais
atuais e confiáveis.
No levantamento dos aspectos climáticos foram utilizados os mapas de
isoietas e isotermas do Atlas das Bacias Hidrográficas de Pernambuco
(PERNAMBUCO, 2006), e a média histórica de precipitação do posto pluviométrico
Bonito (Fazenda Vila Bela), cujos dados datam do período de 2003 a 2016 e são
disponibilizados pela Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC). Este posto
pluviométrico é o mais próximo do Parque Natural Municipal Mata da Chuva, distante
cerca de 8 km. Por se tratar de um posto pluviométrico, não há informações
registradas de temperatura ou de outras variáveis meteorológicas, por isso, para
elaboração do climograma e do gráfico de balanço hídrico foi necessário estimar a
temperatura média mensal, utilizando-se para isso o software EstimaT,
disponibilizado na página da internet do Departamento de Ciências Atmosféricas da
Universidade Federal de Campina Grande. A discussão sobre a circulação atmosférica
regional foi feita a partir de levantamento bibliográfico em artigos científicos e livros.
Para a identificação dos aspectos da geologia no Parque Natural Municipal
Mata da Chuva e na sua área de entorno foi feito um levantamento das unidades
litoestratigráficas no SIG do projeto “Geodiversidade de Pernambuco” (TORRES;
PFALTZGRAFF, 2014) do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), na escala de 1:1.000.000,
disponível na página da internet desta instituição. Também foi realizada consulta

64
bibliográfica de artigos técnicos produzidos pelo CPRM, livros didáticos, artigos
científicos e outros materiais textuais disponíveis.
A geomorfologia do Parque Natural Municipal Mata da Chuva e de sua área de
entorno direto foi caracterizada mediante o uso das informações contidas no SIG do
Zoneamento Agroecológico de Pernambuco (EMBRAPA SOLOS, 2001) e da
observação das cartas topográficas nas escalas 1:100.000 do mapeamento
sistemático brasileiro, folhas Caruaru e Palmares.
Os aspectos da altimetria e da declividade foram identificados mediante o uso
dos arquivos matriciais do projeto TOPODATA, do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais. Para cobrir a área de estudo foi utilizada a imagem do quadrante 8S36W.
A identificação das classes de solo predominantes no Parque Natural
Municipal Mata da Chuva e na sua área de entorno direto foi realizada a partir de
consulta ao SIG do Zoneamento Agroecológico de Pernambuco (EMBRAPA SOLOS,
2001), na escala de 1:100.000. A descrição das características pedológicas foi feita
através da consulta ao Sistema Brasileiro de Classificação de Solo (EMBRAPA SOLOS,
2006) e de uma bibliografia complementar.
A análise dos aspectos hidrográficos foi realizada mediante consulta às
informações contidas no Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERNAMBUCO, 1998)
e no Atlas das Bacias Hidrográficas (PERNAMBUCO, 2006). Utilizou-se a cartografia
disponível para identificação dos principais corpos hídricos da UC e de sua área de
entorno direto.

3.2.1.2 Metodologia – Diagnóstico Meio biótico

➢ Flora

A caracterização da flora na unidade de conservação foi feita de duas formas:


através do levantamento primário nessas áreas (tempo de avaliação) e através do
levantamento de dados secundários, utilizando livros, teses, dissertações, artigos.
Para o levantamento primário das espécies vegetais ocorrentes na unidade de
conservação foi empregada a metodologia conhecida como “tempo de avaliação”.
Especificamente foi registrada a ocorrência de todas as espécies arbustivo-arbóreas
e palmeiras com mais de 1,3 metros de altura visualizadas durante um período de 20
minutos de caminhada no interior da UC. Quando a busca foi interrompida por outras
atividades como, por exemplo, a coleta ou identificação das espécies, o cronômetro
é parado, recomeçando no momento em que a identificação das espécies é
retomada.
As rotas percorridas em cada tempo foram georreferenciadas e distanciadas
entre si de forma a abranger várias áreas dos remanescentes florestais. Como
resultado, foram produzidas listas florísticas em que constou o nome cientifico, nome
popular e seus atributos ecológicos como síndrome de dispersão, espécies

65
endêmicas, exóticas, raras e/ou ameaçadas de extinção e seu uso econômico e/ou
cientifico.
Além do emprego desta metodologia foram elaboradas listas contendo
variedades florísticas ocorrentes na região através de pesquisas bibliográficas em
livros, artigos científicos nacionais e/ou internacionais, dissertações e teses buscando
consolidar uma lista com os mesmos atributos já destacados acima.
➢ Fauna

A análise sobre a fauna foi realizada também através de levantamentos de


dados primários e secundários. O estudo foi realizado utilizando a metodologia
elaborada por Sobrevilla & Bath (1992) para o Programa de Ciências para a América
Latina da The Nature Conservancy (TNC) e modificada por Paula e Lemos (2008).
As áreas de observação na UC foram baseadas nos trechos analisados do
tempo de avaliação utilizado na vegetação e em trilhas existentes na unidade de
conservação. Foi analisada a presença da mastofauna, como mamíferos de médio a
grande porte, de pequeno porte como roedores, marsupiais e quirópteros. Durante
as observações foram também analisados a avifauna e foi feito o levantamento de
répteis, anfíbios e ictofauna à medida que for verificada sua presença nas áreas de
observação e/ou ocorrência documentada em literatura de referência. Para isso
foram utilizados alguns métodos de amostragem presentes na metodologia acima
descritas, sendo eles:
1) Visualização – todas as espécies observadas, tanto nas trilhas como nos
trechos do tempo de avaliação da vegetação (observações oportunísticas) foram
anotadas e, quando possível, fotografadas.
2) Indícios – Foram amostrados os indícios indiretos (rastros, fezes,
arranhados, tocas, pelos, carcaças, entre outros sinais) encontrados nos trajetos
percorridos no interior e arredores das unidades de conservação. A identificação dos
vestígios foi feita com o auxílio de guias especializados como o de Becker & Dalponte
(1990) e Lima Borges; Tomás (2004), além da experiência prévia dos especialistas em
fauna.
3) Observação por populares – Foram realizadas conversas informais com
moradores nas regiões próximas da unidade de conservação, para que auxiliem no
registro de espécies que ocorrem nas áreas, mas que não foram encontradas durante
os trabalhos de campo.
Foram elaboradas ainda, listas da fauna ocorrente na região através de
pesquisas bibliográficas em livros, artigos científicos nacionais e/ou internacionais,
dissertações e teses buscando consolidar uma lista com os nomes científicos, vulgar
e com os seguintes atributos: espécies invasoras, endêmicas, ameaçadas de extinção,
bioindicadoras ou com uso econômico.

66
3.2.2 Diagnósticos

3.2.2.1 Diagnóstico Meio Físico

➢ Aspectos climáticos

Climaticamente a região Agreste de Pernambuco se apresenta como uma


faixa de transição entre a Zona da Mata úmida e o Sertão semiárido. O Agreste pode
ser considerado semiárido em seu conjunto, mas apresenta, em determinados locais,
características pluviométricas que se assemelham ao clima úmido da Zona da Mata e,
em função da altitude alcançada por algumas serras que compõem o Planalto da
Borborema, apresenta temperaturas mais amenas que o Sertão ou a Zona da Mata.
Analisando-se a distribuição espacial das médias climatológicas de
precipitação anual (isoietas) de Pernambuco (Figura 23), percebe-se o caráter de
transição do Agreste entre a Zona da Mata úmida, a leste, e o Sertão semiárido, a
oeste. Os valores médios de precipitação anual em Pernambuco são mais elevados
na fachada litorânea e vão decrescendo em direção ao interior. Nesse contexto,
observa-se que o Parque Natural Municipal Mata da Chuva está inserido numa faixa
de isoietas características da Zona da Mata (a leste), em função, justamente da sua
proximidade com esta região. Assim, pode-se concluir que o Parque Natural
Municipal Mata da Chuva está situada na porção mais úmida do Agreste
Pernambucano, cuja pluviometria se assemelha mais à Zona da Mata do que ao
Sertão.
Ainda através da Figura 23 pode-se constatar que o Agreste Pernambucano
possui temperaturas médias anuais (isotermas) em geral mais amenas do que a Zona
da Mata (a leste) e o Sertão (a oeste), e isto está relacionado com a topografia mais
elevada do Planalto da Borborema no Agreste pernambucano. O Parque Natural
Municipal Mata da Chuva se encontra na faixa das isotermas anuais de 22 a 23°C.

67
Figura 23. Isoietas e Isotermas do estado de Pernambuco.

Fonte: PERNAMBUCO, 2006.

68
O posto pluviométrico “Bonito (Fazenda Vila Bela)” é o mais próximo da UC,
distando aproximadamente 7,5 km. As médias mensais de precipitação e
temperatura deste posto pluviométrico (Figura 24), revelam que o período mais
quente se estende de outubro a abril, cujas temperaturas ultrapassam os 23°C, e entre
maio e setembro as temperaturas são mais amenas, sobretudo nos meses de julho e
agosto, quando as temperaturas ficam abaixo dos 21°C.

Figura 24. Climograma do posto pluviométrico “Bonito (Fazenda Vila Bela)”, estado de
Pernambuco.

Fonte: Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC) e EstimaT.

O período chuvoso coincide com o período mais frio, com os maiores volumes
de precipitação registrados entre maio e agosto, sendo o mês de junho o mais
chuvoso, com um média histórica de precipitação mensal de 183,6mm. Portanto,
pode-se afirmar que a região apresenta regime de chuvas de outono-inverno. O
período mais seco coincide com a primavera, sendo o mês de novembro o mais seco
do ano, com apenas 9,6mm de média histórica de chuva.
O extrato do balanço hídrico (Figura 25) revela que só há excedente hídrico
durante o período mais chuvoso da área, entre os meses de maio e agosto,
justamente quando a precipitação supera a evapotranspiração potencial. Nos outros
oito meses do ano a evapotranspiração é maior que a precipitação, configurando um
déficit hídrico. No saldo anual a evapotranspiração (1.150,8mm) supera a precipitação
(940,2mm).

69
Figura 25. Extrato de balanço hídrico do posto pluviométrico “Bonito (Fazenda Vila Bela)”,
estado de Pernambuco.

Fonte: Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC) e EstimaT.

Os principais volumes de chuva verificados entre maio e agosto são oriundos


da atuação das Ondas de Leste e das Frentes Frias, ou instabilidades influenciadas por
estas. As precipitações ocorridas em outras épocas são provocadas, sobretudo, pela
atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e pelos Vórtices Ciclônicos de
Altos Níveis (VCAN).
As Ondas de Leste, ou Distúrbios Ondulatórios de Leste (DOLs), são sistemas
que ocorrem na baixa troposfera tropical e vêm despertando interesse de vários
pesquisadores devido à influência na precipitação. Sua gênese inicia no Atlântico Sul,
próximo à costa da África, e se desloca longitudinalmente em direção oeste,
intensificando à medida que se aproxima da costa leste do nordeste brasileiro
(MACHADO et al., 2012; SILVA, 2010). Ocorrem, sobretudo, no período de outono-
inverno, quando modulam a precipitação em sistemas atmosféricos, nas diferentes
escalas, intensificando a convecção ao chegar à costa, devido à convergência de
umidade e ao contraste térmico entre continente e oceano (MACHADO et al., 2012).
Molion e Bernardo (2002) comentam que se os DOLs acompanharem as brisas
marinhas podem penetrar até 300km para o interior da região Nordeste do Brasil.
A atuação das Frentes Frias na produção de chuva é mais significativa nas
regiões sul e sudeste do Brasil, onde normalmente provocam consideráveis volumes
de precipitação e modificações em outros elementos climáticos (temperatura,
umidade, direção e velocidade do vento). Na região Nordeste, sua penetração é
menos significativa, devido ao enfraquecimento da massa polar na retaguarda do
sistema frontal, e, na maioria das vezes, alcança o sul da Bahia já com pouca
intensidade. A aproximação de sistemas frontais, provenientes do sul, muitas vezes

70
provoca o surgimento de linhas de instabilidade, que se propagam em sua vanguarda,
paralelas aos mesmos. Estas linhas são denominadas de pré-frontais e produzem
totais pluviométricos superiores a 50 mm por dia, sendo mais comum sua ocorrência
entre abril e julho (KOUSKY, 1979).
A ZCIT é caracterizada por uma extensa região de convergência dos ventos
alísios nordeste com os alísios de sudeste, oriundos do anticiclone subtropical do
hemisfério norte e do anticiclone subtropical do hemisfério sul, respectivamente
(HASTENRATH, 1985). Outra característica é estar localizada na região do cavado
equatorial, que apresenta áreas de máxima temperatura da superfície do mar,
possibilitando convergência de massa nos trópicos, dando origem a uma extensa
banda de nebulosidade.
Apresenta movimento norte-sul, podendo alcançar 5° de latitude Sul (entre
março e abril) e 10° a 14° de latitude norte, no Atlântico. Este movimento ocorre com
maior intensidade sobre o continente asiático e sobre a Austrália, com alcance de 20°
Sul e 30° Norte. Nos anos em que a temperatura do Oceano Atlântico está mais
elevada no hemisfério sul do que no norte (dipolo negativo), a ZCIT se expande mais
em direção ao hemisfério sul e favorece uma maior ocorrência de precipitação no
Nordeste do Brasil, porém quando as temperaturas da superfície do Atlântico são
mais altas no hemisfério norte do que no sul (dipolo positivo), a ZCIT atua mais tempo
no hemisfério norte, diminuindo a precipitação sobre o Nordeste do Brasil (MOURA;
SHUKLA, 1981). Isto vem sendo apontado como um dos principais motivos da
ocorrência de seca no semiárido brasileiro (NÓBREGA; SANTIAGO, 2014).
Os VCANs são caracterizados por centros de pressão relativamente baixa e
que se originam na alta troposfera, cujo centro tem por característica ser frio. Uma
particularidade que os Vórtices apresentam é a de provocar nebulosidade e grandes
totais pluviométricos em sua periferia (borda) e tempo estável em seu centro, onde
há movimentos verticais subsidentes. Seu deslocamento é em torno de 4° a 6° de
longitude, sentido leste a oeste (FERREIRA; MELO, 2005; MOLION; BERNARDO,
2002).
Os VCANs que penetram na região Nordeste do Brasil são formados sobre o
oceano Atlântico, principalmente entre os meses de novembro e março, e sua
trajetória, normalmente, é de leste para oeste, com maior frequência entre janeiro e
fevereiro. Seu tempo de vida varia, em média, entre 7 e 10 dias, período em que se
observa a formação de nuvens causadoras de chuva em sua periferia, enquanto que
em seu centro há subsidência, inibindo a formação de chuva (FERREIRA; MELLO,
2005). Constituem, portanto, um sistema com alta significância na precipitação do
Nordeste do Brasil, atuante principalmente no verão austral. São transientes, variam
muito de posição e não possuem uma sub-região preferencial para atuar, embora
possam modificar as condições de tempo em todo o Nordeste brasileiro por vários
dias, como observaram Kousky e Gan (1981).

71
Em função da dinâmica da circulação atmosférica da região e dos valores de
precipitação e temperatura médias históricas do posto pluviométrico “Bonito
(Fazenda Vila Bela)”, seu clima pode ser classificado como Tropical do Nordeste
Oriental Quente Semiúmido – o mês mais frio possui temperatura acima de 18°C, por
isso é considerado quente, e ao longo do ano apresenta quatro meses secos (cuja
precipitação é menor ou igual ao dobro da temperatura), por isso é considerado
semiúmido. O principal período chuvoso do Clima Tropical do Nordeste Oriental está
concentrado no outono-inverno, por isso ele é chamado de pseudo-tropical, tendo
em vista que no Clima Tropical típico (Brasil central) as chuvas são mais abundantes
no verão e o inverno é seco.
Uma observação importante precisa ser feita: apesar da proximidade com a
Unidade de conservação, o posto pluviométrico “Bonito (Fazenda Vila Bela)” está
situado a uma altitude aproximada de 440m e, por isso, não expressa com fidelidade
as características climáticas da área, que está situada acima dos 700m de altitude,
possuindo, certamente, uma temperatura mais amena e um volume anual de chuva
maior do que é verificado naquele posto pluviométrico. Faz-se necessária a instalação
de um posto pluviométrico ou, se possível, uma estação meteorológica, dentro da
área da UC para que sejam retratadas com mais precisão suas características
climáticas.
Os chamados brejos de altitude e exposição constituem áreas de exceção, ou
ilhas de umidade, no Agreste e no Sertão nordestinos, como retrataram Andrade e
Lins (2000). A combinação entre relevo e exposição ao fluxo predominante de ventos
(de sudeste) propicia a diminuição das temperaturas e o aumento das chuvas, além
da condensação do vapor diretamente na superfície dos vegetais, que funciona como
uma precipitação oculta, como apontou Melo (1988), que mesmo não sendo
registrada pelos pluviômetros, contribui com o aporte de água no solo ao longo do
ano. Segundo Andrade e Lins (2001) os brejos de altitude e exposição são
considerados áreas de exceção no Agreste e no Sertão por uma conjuntura de
fatores, não só os de ordem climática, pois apresentam vegetação do tipo mata
serrana e os solos são mais profundos e mais aptos ao desenvolvimento das lavouras,
o que reflete sobre os tipos de organizações socioeconômicas destas áreas. Durante
muito tempo os brejos de altitude e exposição foram considerados os celeiros de
produção agrícola do Agreste e do Sertão.

➢ Geologia e Relevo
Geologicamente, o Parque Natural Municipal Mata da Chuva está assentada
sobre a Província Borborema, tendo sido identificadas duas unidades
litoestratigráficas na área da UC e na sua área de Entorno Direto: a Suíte intrusiva
leucocrática peraluminosa e a Suíte intrusiva Itaporanga (Plúton sem denominação),
como pode ser observado a partir da Figura 26.

72
Figura 26. Aspectos Geológicos nas proximidades do Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

Fonte: TORRES; PFALTZGRAFF, 2014.

73
Não foram identificadas falhas geológicas na UC ou na sua área de entorno
direto.
A Província Borborema (ou Sistema Orogênico Borborema) constitui um
mosaico de porções de embasamento, micro continentes e faixas orogênicas do
Arqueano ao Neoproterozoico separadas por zonas de cisalhamento transcorrente e
de empurrão. Na rede de zonas de cisalhamento, as maiores correspondem aos
chamados lineamentos Patos e Pernambuco, que delimitam os três setores da
Borborema: o setor transversal, confinado entre os dois lineamentos; o setor
setentrional, ao norte do lineamento Patos e; o setor meridional, ao sul do
lineamento Pernambuco (HASUI et al., 2012).
É no setor meridional da Província Borborema que se encontra o Parque
Natural Municipal Mata da Chuva. Na classificação adotada por Gomes et al. (2001) o
setor meridional da Província Borborema – ao sul do Lineamento Pernambuco – é
chamado de domínio externo, e foi subdividido em Terreno Riacho do Pontal e
Terreno Pernambuco/Alagoas, estando a UC e sua área de entorno direto inseridas
neste último.
A intensa atividade magmática relacionada com a orogênese brasiliana na
Província Borborema, está representada por inúmeros corpos com dimensões e
formas variadas, constituindo às vezes extensos batólitos (GOMES et al., 2001). Nesse
contexto de atividade magmática sob processos tectônicos foram formados os
terrenos plutônicos que constituem o “complexo dos granitoides indiscriminados”,
dentro do qual estão inseridas as suítes intrusivas leucocrática peraluminosa e
Itaporanga, sobre as quais está assentada a Mata da Chuva e toda sua área de
entorno direto.
A UC, portanto, é constituída por rochas ígneas plutônicas do complexo dos
granitoides indiscriminados, predominando, na Suíte intrusiva leucocrática
peraluminosa, rochas do tipo Metagranitóide, Leucogranitóides granodioríticos a
graníticos, muscovita e biotita e/ou granada, e na Suíte intrusiva Itaporanga (Plúton
sem denominação) predominam o granito e granodiorito associados a diorito e
monzonito.
Na área de entorno direto da UC, foram identificados alguns afloramentos de
rochas graníticas. Alguns destes afloramentos são encontrados em vertentes
parcialmente desprovidas de vegetação (Figura 27) ou em áreas dissecadas por
processos erosivos que arrastam o material superficial e fazem aflorar blocos
rochosos que se originaram através da solidificação do magma em profundidade
(plutonismo), como pode ser observado na Figura 28.

74
Figura 27. Vertente descampada expondo rochas graníticas nas proximidades do Parque
Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

Fonte: Deivide Soares (abril/2016).

Figura 28. Afloramento de rocha granítica nas proximidades do Parque Natural Municipal
Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

Fonte: Deivide Soares (abril/2016).

75
O relevo regional é representado pelo Planalto da Borborema, um conjunto
de maciços ou blocos falhados e dobrados que se estende desde o Estado de Alagoas
até o Estado do Rio Grande do Norte (JATOBÁ, 2003).
Conforme divisão apresentada no Zoneamento Agroecológico de
Pernambuco (EMBRAPA SOLOS, 2001), a UC está inserida na Unidade Geoambiental
das Superfícies Retrabalhadas (Figura 29), integrante da conhecida “Encosta Oriental
do Planalto da Borborema. É justamente no relevo das Superfícies Retrabalhadas que
são encontradas as maiores altitudes (Figura 30) da área de entorno direto do Parque
Natural Municipal Mata da Chuva.
Na área as maiores altitudes são encontradas na sua fachada meridional, onde
as cotas altimétricas ultrapassam os 800m, diminuindo gradativamente para o seu
limite norte, até o patamar médio de 730m de altitude.
Da sede municipal do Bonito (área urbana), que está situada a uma altitude
média de 430m, para a parte mais elevada do Parque Natural Municipal Mata da
Chuva, cuja cota altimétrica atinge os 810m, há uma diferença de, aproximadamente,
380m de altitude.
A altitude de um ponto sobre a superfície terrestre pode ser entendida como
a distância vertical a partir do nível médio do mar, que é tomado como altitude 0m
(OLIVEIRA, 1993), e não pode ser confundida como altura.
Esta diferença de altitude entre a base e o topo das elevações nas Superfícies
Retrabalhadas é acompanhada, normalmente, por declividades acentuadas. Diversas
vertentes da área de entorno direto da UC apresentam declividades acima de 45°,
como é o caso da vertente a norte da Unidade de Conservação (Figura 31). As áreas
com declividade acima de 45 graus possuem alta suscetibilidade a movimentos
gravitacionais de massa e são consideradas Áreas de Preservação Permanente (APP)
pela Lei Federal 12.651/2012 (Lei de proteção à vegetação nativa).
Dentro da área da UC predominam declividades no intervalo de 25 a 45°, que
representam um relevo montanhoso, sendo encontradas também, em menor
proporção, áreas de relevo ondulado, com declividades entre 5 e 10°.

76
Figura 29. Unidades Geoambientais / Classes de Relevo nas proximidades do Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

Fonte: Embrapa Solos, 2001.

77
Figura 30. Altimetria nas proximidades do Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

Fonte: TOPODATA, 2016.

78
Figura 31. Declividade nas proximidades do Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

Fonte: TOPODATA, 2016.

79
Em alguns topos do relevo da UC, ou da sua área de entorno direto, há pontos
que oferecem uma ampla visualização da região ao redor, o que representa um
potencial para possível instalação de infraestrutura para mirantes ou outros tipos de
exploração turística que propiciem contemplação da paisagem.
Na extremidade norte da área de entorno direto da UC, distante cerca de 2Km
do Parque Natural Municipal Mata da Chuva, a condição de mirante está sendo
valorizada no Morro do Montserrat. Na localidade onde há uma capela dedicada à
Nossa Senhora do Montserrat está sendo implantado um teleférico (Figura 32), de
onde o turista poderá visualizar o núcleo urbano do Bonito, bem como as superfícies
elevadas do entorno.

Figura 32. Vista do mirante do teleférico no Morro do Mont Serrat nas proximidades do
Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

Fonte: Deivide Soares (abril/2016).

A disposição do topo (cimeira) das elevações na UC e em sua área de entorno


direto indica o trend preferencial NE-SO das feições geomorfológicas. O diagrama de
roseta (Figura 33) elaborado para a área de estudo corrobora esta disposição do
trend NE-SO, com a indicação das barras (laranjas) destacando a direção principal de
41° (NE) do trend.

80
Figura 33. Diagrama de Roseta com o trend preferencial das feições geomorfológicas do
Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

Em função de as feições geomorfológicas da Mata da Chuva apresentarem um


trend NE-SO, as áreas mais elevadas do relevo se dispõem como anteparo transversal
aos ventos alísios de sudeste (ventos predominantes ao longo do ano em toda a
fachada leste de Pernambuco). Esta combinação de relevo e fluxo de vento propicia
a formação de chuva e cria o fenômeno conhecido por brejo de exposição, como
explicaram Andrade e Lins (2001):
Quando uma corrente de ar vai de encontro a um obstáculo
topográfico transversalmente oposto ao fluxo, é forçada a elevar-se
e em consequência resfria-se. Se o fluxo é suficientemente úmido,
esse resfriamento acarreta, a partir de certo nível, a formação de
nunes, e, em seguida, precipitações tanto mais abundantes, em
princípio, quanto mais alto seja o obstáculo. Nas regiões quentes e
úmidas as massas de ar que desse modo se elevam atingem o ponto
de saturação com rapidez relativamente maior do que noutros
climas, de sorte que tais efeitos de “barlavento” ocorrem mesmo
em anteparos de modesta altitude. Em linguagem náutica,
“barlavento” é o bordo do navio que fica do lado de onde sopra o
vento; o lado oposto é o de “sotavento”.
A condição de brejo de exposição garante uma maior disponibilidade hídrica
do que em outras áreas mais rebaixadas do Agreste Pernambucano, por isso, na área
dos brejos o intemperismo químico (promovido pela água) se torna mais intenso, o
que provoca o desenvolvimento de solos mais profundos, como os Latossolos,
encontrados, principalmente, no topo das elevações, como ocorre na área.

81
➢ Solos
Na área do Parque Natural Municipal Mata da Chuva são encontrados,
predominantemente, os Latossolos Amarelos.
Para entender o significado das siglas que representam as unidades de
mapeamento de solo é preciso fazer uma reflexão sobre o conceito de solo. Não há
uma definição universalmente aceita para o solo, vários conceitos são atrelados a
esse termo graças a variedade de interesse quanto à ampla possibilidade do uso dos
solos. Há, no entanto, uma definição que, segundo Santos et al., (2005), é
normalmente empregada em nível mundial, particularmente para atender a
trabalhos pedológicos, como os de levantamentos de solos:
Corpos naturais independentes constituídos de materiais minerais e
orgânicos, organizados em camadas e, ou, horizontes resultantes da
ação de fatores de formação, com destaque para a ação biológica e
climática sobre um determinado material de origem (rocha,
sedimentos orgânicos etc.) e numa determinada condição de
relevo, através do tempo (SANTOS et al., 2005) (grifo nosso).
Por menor que seja a área de estudo é possível que haja variações locais de
solos em função, por exemplo, da sua posição no relevo (no alto de uma elevação se
desenvolve um tipo de solo diferente do que aparece na vertente ou na base desta
elevação), ou do tempo de exposição do material de origem aos agentes do
intemperismo. Estas variações locais são difíceis de serem contempladas em
determinadas escalas de mapeamento, por isso, faz-se necessário identificar o tipo
predominante de solo e, quando possível, se estima uma proporção da frequência de
ocorrência desta classe de solo predominante e das outras classes encontradas na
unidade de mapeamento.
A unidade de mapeamento, onde está inserida a área da UC de estudo,
apresenta as classes dos Latossolos Amarelos, Argissolos Amarelos e Vermelho
Amarelos, Gleissolos, Cambissolos e Afloramentos de Rocha, mas predominam os
Latossolos Amarelos. O mesmo acontece com as outras unidades de solo que
aparecem na Figura 34.

82
Figura 34. Classes de solo nas proximidades do Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

Fonte: Embrapa Solos, 2001.

83
A seguir, será apresentada uma descrição detalhada de cada uma das
unidades de mapeamento de solo existentes na UC e no seu entorno direto (Quadro
11), bem como será feita uma discussão sobre as principais características das classes
de solo predominantes.

Quadro 11. Unidades de mapeamento de solo existentes no Parque Natural Municipal Mata
da Chuva e seu entorno, município do Bonito, Pernambuco.

UNIDADE DE CLASSE
DESCRIÇÃO COMPLETA E PROPORÇÃO
MAPEAMENTO PREDOMINANTE
Associação de Latossolo Amarelo de textura
argilosa + Argissolo Amarelo e Vermelho
Amarelo latossólico e não latossólico de textura
média/argilosa, ambos álicos e distróficos, em
área de floresta subperenifólia relevo ondulado
a montanhoso + Gleissolo e Cambissolo gleico
distróficos de textura argilosa em ambiente de
LA12 Latossolo Amarelo
floresta subperenifólia e campo de várzea com
relevo plano e Argissolo Amarelo álico e
distrófico plíntico e não plíntico de textura
média/argilosa em floresta subperenifólia e
relevo plano e suave ondulado; todos com
horizonte A moderado e proeminente +
afloramentos de rocha (35-35-15-15 %).
Associação de Latossolo Amarelo de textura
argilosa + Argissolo Amarelo e Vermelho
Amarelo latossólico e não latossólico de textura
média/argilosa, ambos álicos e distróficos, em
área de floresta subperenifólia e/ou
subcaducifólia e relevo ondulado e forte
ondulado + Gleissolo e Cambissolo gleico
LA14 Latossolo Amarelo distróficos de textura argilosa em ambiente de
floresta subperenifólia e campo de várzea com
relevo plano e Argissolo Amarelo álico e
distrófico plíntico e não plíntico de textura
média/argilosa em floresta subperenifólia e
relevo plano e suave ondulado; todos com
horizonte A moderado e proeminente (40-40-20
%).
Associação de Argissolo Amarelo e Vermelho
Amarelo, com argila de atividade baixa (Tb),
profundos e pouco profundos, com horizonte A
PA’19 Argissolo Amarelo
moderado e proeminente, de textura
média/argilosa + Neossolos Litólicos com
horizonte A moderado, textura média,
cascalhento com substrato de gnaisse, granito e
sienito; ambos distróficos e eutróficos, em
floresta subcaducifólia e/ou caducifólia e relevo
ondulado e suave ondulado + afloramentos de
rocha (60-25-15 %).
Associação de Argissolo Vermelho Amarelo com
argila de atividade baixa (Tb) distrófico,
horizonte A proeminente, textura
média/argilosa com e sem cascalho + Neossolos
Litólicos eutróficos e distróficos, horizonte A
moderado e proeminente, textura média, com
cascalho a cascalhento, em substrato gnaisse e
Argissolo
PV31 granito + Argissolo Amarelo e Vermelho
Vermelho Amarelo
Amarelo, com argila de atividade baixa (Tb) e
horizonte A moderado e proeminente, de
textura média/argilosa, com e sem cascalho;
todos em ambiente de floresta subcaducifólia
e/ou caducifólia e relevo suave ondulado a forte
ondulado + afloramentos de rocha (40-25-20-15
%).
Associação de Planossolo com horizonte A
mediano e espesso em relevo suave ondulado +
Neossolos Litólicos eutróficos, de textura
média, com cascalho a cascalhento, em relevo
PL10 Planossolo Háplico
suave ondulado e ondulado e substrato gnaisse
e granito; todos com horizonte A moderado em
floresta caducifólia e/ou caatinga hipoxerófila +
afloramentos de rocha (40-30-30 %).
Associação de Planossolo com horizonte A
moderado e mediano + Argissolo Vermelho
Amarelo com argila de atividade baixa (Tb)
eutrófico, pouco profundo com horizonte A
moderado e proeminente, textura média/média
e argilosa, com cascalho a cascalhento +
PL12 Planossolo Háplico Neossolos Litólicos eutróficos, horizonte A
moderado, textura média, com cascalho a
cascalhento, em substrato gnaisse e granito;
todos em ambiente de floresta caducifólia e/ou
caatinga hipoxerófila e relevo suave ondulado e
ondulado + afloramentos de rocha (45-20-20-15
%).
Fonte: Embrapa Solos, 2000.

Os Latossolos são solos extremamente maduros, profundos e


intemperizados, possuidores de um horizonte “B” latossólico (Bw) de coloração
amarelada – em função da presença e goethita, fração argila, essencialmente,
caulinítica, com baixos teores de óxido de ferro (Fe2O3), e baixa quantidade de bases,
sendo, portanto, distróficos, o que compromete sua fertilidade natural e o torna
pobre quimicamente (OLIVEIRA; JACOMINE; CAMARGO, 1992). São solos comuns em
ambientes úmidos, podendo ser encontrados em ambiente semiárido em função do
material de origem, do relevo, ou representando solos herdados de um período em
que este ambiente possuía um clima mais úmido. Em função das condições físicas e
químicas que apresentam, os Latossolos da unidade de mapeamento LA12, onde se
encontra integralmente a UC, foram classificados como áreas não indicadas para
atividades agrícolas e com potencial muito baixo para irrigação.(EMBRAPA SOLOS,
2001).
Os Argissolos são solos minerais, não hidromórficos, com profundidade
variável – desde rasos a muito profundos (bem desenvolvidos), que apresentam
horizonte B textural (Bt) logo abaixo do A ou E, possuindo na parte superior teor
maior de areia e na parte inferior maior quantidade de argila. A variação de areia e
argila atribui uma drenagem rápida no horizonte A e lenta no B, o que permite uma
acumulação maior de umidade e torna estes solos suscetíveis à erosão (EMBRAPA
SOLOS, 2006). Tanto os Argissolos Amarelos quanto os Vermelho Amarelos que
aparecem na porção noroeste da área de entorno direto da UC foram classificados
como terras agricultáveis de potencial regular e com potencial médio para irrigação,
pelo Zoneamento Agroecológico do Estado Pernambuco (EMBRAPA SOLOS, 2001).
Os Planossolos são solos minerais imperfeitamente ou mal drenados, cuja
característica principal é a presença de um horizonte B plânico, subjacente a um
horizonte (A) ou (A+E) mais arenoso e de uma mudança textural abrupta (EMBRAPA
SOLOS, 2000). O horizonte B plânico é adensado com teores elevados de argila, o
que favorece a retenção de água formando um lençol de água suspenso, de
existência temporária. Apresenta permeabilidade lenta ou muito lenta, cores
acinzentadas ou escurecidas, podendo ou não possuir cores neutras de redução, com
ou sem mosqueados (IBGE, 2007). Essa condição de má drenagem contribui para o
aumento dos teores de sais, com elevada saturação por sódio trocável, tornando-os
extremamente susceptíveis à salinização/sodificação quando cultivados
inadequadamente. Diante das limitações físicas e químicas que apresentam, estes
solos foram classificados como terras agricultáveis de potencial restrito e indicados
para o uso através de pastagem plantada, com potencial muito baixo para irrigação
(EMBRAPA SOLOS, 2001).

➢ Recursos hídricos
O Parque Natural Municipal Mata da Chuva está situada no divisor de águas,
ou interflúvio, das bacias do rio Una e do rio Sirinhaém.
A bacia hidrográfica do rio Una, intitulada Unidade de Planejamento Hídrico
05 (UP05) no contexto do Plano Estadual de Recursos Hídricos de Pernambuco
(PERNAMBUCO, 19998), apresenta uma área de, aproximadamente, 6.785,79km² dos
quais apenas 492,89km² (7,3% da bacia) estão situados no Estado de Alagoas,
enquanto que os outros 6.292,90km² (92,7% da bacia) estão inseridos em
Pernambuco, o que corresponde a 6,32% da superfície total deste Estado. O trecho
pernambucano da bacia do Una se distribui pelas microrregiões do Vale do Ipojuca,
Brejo Pernambucano e Mata Meridional Pernambucana, abrangendo 41 municípios,
dentre os quais 27 tem suas sedes inseridas na bacia, a exemplo da sede urbana do
Bonito.
O rio Una nasce na serra da Boa Vista no município de Capoeiras, a uma
altitude de aproximadamente 900 metros e percorre uma extensão aproximada de
255km. A direção do seu curso em geral é oeste-leste e apresenta-se intermitente até
aproximadamente a cidade de Altinho, e a partir daí torna-se perene. Seus principais
afluentes pela margem direita são o riacho Salobro, riacho Salgadinho, riacho Quatis,
riacho da Mandioca, rio da Chata, rio Piranji e rio Jacuípe. Na margem esquerda
destacam-se: riacho Games, riacho Gravatá, riacho Exú, rio Mentiroso, rio Maracujá,
rio Camevô, rio Preto, rio Camocim-Mirim e rio José da Costa (PERNAMBUCO, 1998).
A bacia do rio Sirinhaém, classificada como Unidade de Planejamento Hídrico
04 (UP04), possui uma área de 2.069,60km² e está totalmente inserida em
Pernambuco, cobrindo cerca de 2,09% da superfície do Estado. Se distribui pelas
microrregiões do Brejo Pernambucano e da Mata Meridional Pernambucana, e
engloba terras de 18 municípios, dos quais 8 tem suas sedes dentro da bacia.
O rio Sirinhaém nasce nas encostas da Serra do Alho no município de Camocim
de São Félix, a uma altitude aproximada de 800 metros. Ao longo do seu curso, com
direção noroeste-sudeste, percorre uma distância de 116km, desaguando no Oceano
Atlântico. Seus principais afluentes são: pela margem direita, riacho Tanque das
Piabas, riacho Barra do Penon, riacho Amaragi, rio Camaragibe, rio Tapiruçu e rio
Sabiró, e pela margem esquerda, riacho Seco, riacho Bonito Grande, rio Cuiambuca e
riacho Espírito Santo (PERNAMBUCO, 1998).
Dentro do Parque Natural Municipal Mata da Chuva, toda água superficial
drena no sentido Noroeste-sudeste, alimentando os riachos existentes nas Matas da
região (Figura 35).
Figura 35. Riacho no interior do Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do
Bonito, Pernambuco.

Fonte: Joaquim Freitas (Outubro/2016)

Do Parque Natural Municipal Mata da Chuva, a água drena para o riacho


Bonitinho, no qual foi construída a barragem do Bonitinho, principal fonte de
abastecimento hídrico da cidade do Bonito, que tem capacidade para 1.836.390m³
d’água. Da barragem do riacho Bonitinho a água drena para o riacho Bonito Grande,
que corre na direção NE e deságua no Rio Sirinhaém nas proximidades do núcleo
urbano de Barra de Guabiraba (Figura 36).
Figura 36. Bacias hidrográficas nas proximidades do Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

Fonte: PERNAMBUCO, 2006; Carta topográfica SC.25-V-A-IV (Palmares) na escala de 1:100.000.

89
O período de cheia dos corpos d’água na região coincide com o período
chuvoso, que se estende de maio a agosto. A vazante se dá nas estações da primavera
e verão.
De acordo com as cartas topográficas na escala de 1:100.000 do mapeamento
sistemático brasileiro, folhas Caruaru (SC-25-V-A-I) e Palmares (SC-25-V-A-IV), todos os
cursos d’água existentes no UC e na sua área de entorno direto são intermitentes, ou
seja, secam no período de estiagem. Dentro das matas da área, porém, há pequenos
córregos perenes, com extensão de poucos de metros de largura e profundidade de
poucos centímetros, que drenam as águas que brotam de olhos d’água em direção
aos açudes.
Quanto aos recursos hídricos subterrâneos a Mata da Chuva, bem como sua
área de entorno direto, está inserido no domínio hidrogeológico fissural, ou aquífero
fissural, formado de rochas do embasamento cristalino que englobam o domínio das
rochas ígneas da Suíte intrusiva Itaporanga e da Suíte intrusiva leucocrática
peraluminosa.
Na região é comum a existência de olhos d’água onde brotam a água
subterrânea, popularmente chamados de “minador”. A população local utiliza
orgulhosamente a expressão “em Bonito, se cavar o chão a água mina”.

3.2.2.1 Diagnóstico Meio Biótico

➢ Vegetação
O levantamento da flora permitiu a identificação de 63 espécies distribuídas
em 32 famílias botânicas (Tabela 13). As famílias com maior número de espécies estão
representadas na Figura 37, na qual, é possível notar que a família Fabaceae
concentra uma maior quantidade de espécies correspondendo a 14% de todas as
espécies encontradas no estudo.

Figura 37. Famílias vegetais com maior riqueza no Parque Natural Municipal Mata da Chuva,
município do Bonito, Pernambuco.

Sapotaceae 3

Melastomataceae 4

Annonaceae 5

Fabaceae 9

0 2 4 6 8 10

90
Tabela 13. Levantamento primário e secundário das espécies arbóreas ocorrentes no Parque
Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.
Legenda: AP: área de preferência (F - floresta / C- campo e F/C – transição), AE – ameaçadas
de extinção, SD – síndrome de dispersão (Zoo – zoocoria e Abio – abióticas) e GP – grupo de
plantio (C- cobertura e D – diversidade).

A G
Nome científico Família / Nome popular AP SD
E P
Anacardiaceae
Tapirira guianensis Aubl. Cupiúba ou Pau pombo F Zoo C
Thyrsodium spruceanum Benth. Caboatã de leite F Zoo C
Annonaceae
Anaxagorea dolichocarpa Sprague & - F Abio D
Sandwith
Guatteria pogonopus Mart. - F Zoo D
Guatteria schomburgkiana Mart. aticum F Zoo D
Xylopia frutescens Aubl. embira vermelha F Zoo C
Annona glabra L. aticum F Zoo D
Apocynaceae
Himatanthus phagedaenicus (Mart.) Banana de papagaio F/C Abio D
Woodson
Araliaceae
Schefflera morototoni (Aubl.) Maguire Sambaquim F Zoo D
et al.
Boraginaceae
Cordia nodosa L. grão-de-galo F - D
Burseraceae
Protium heptaphyllum (Aubl.) amescla-de-cheiro F Zoo D
Marchand
Protium giganteum Engl. amesclão F Zoo D
Celastraceae
Maytenus disticophylla Mart. bom nome F Zoo D
Maytenus erythroxyla Reissek - F Zoo D
Chrysobalanaceae
Couepia rufa Ducke Oiti coró F Zoo D
Clusiaceae
Clusia nemorosa G.Mey. Orelha de burro F Abio C
Symphonia globulifera L. Bulandi F Zoo C
Elaeocarpaceae
Sloanea sp. mamajuda F Zoo D
Sloanea guianensis (Aubl.) Benth. mamajuda preta F Zoo D
Euphorbiaceae
Mabea occidentalis Benth. Canudo de cachimbo F Abio D

91
Erythroxylaceae
Erythroxylum squamatum Sw. cumichá F Zoo D
Fabaceae
Albizia pedicellaris (DC.) L.Rico Jaguarana F/C Abio D
Bowdichia virgilioides H. B. K. Sucupira F Abio C
Hymenolobium nitidum Benth - F Abio C
Inga edulis Mart. Inga de rio F Zoo C
Plathymenia reticulata Benth. Amarelo F Abio C
Stryphnodendron pulcherrimum Favinha F Zoo C
(Willd.) Hochr.
Parkia pendula (Willd.) Benth. ex Visgueiro F Zoo C
Walp.
Maprounea guianensis Aubl. pinga orvalho F Zoo D
Tachigali densiflora (Benth.) L.G.Silva Inga porco
& H.C.Lima
Lauraceae
Nectandra cuspidata Nees & Mart. Louro canela F Zoo D
Ocotea glomerata (Nees) Mez. Louro canela F Zoo D
Lecythidaceae
Eschweilera ovata (Cambess.) Mart. ex Embiriba F Zoo C
Miers
Gustavia augusta L. japaranduba F Zoo C
Malpighiaceae
Byrsonima sericea DC. Murici F Zoo C
Malvaceae
Eriotheca gracilipes (K.Schum.) Munguba F Abio C
A.Robyns
Luehea sp. - F Abio C
Melastomataceae
Henriettea succosa (Aubl.) DC. - F Zoo D
Miconia francavillana Cogn. - F/C Zoo C
Miconia minutiflora (Bonpl.) DC. Rama branca F/C Zoo C
Miconia prasina (Sw.) DC. Brasa apagada F Zoo C
Meliaceae
Guarea guidonia (L.) Sleumer Gitó F Zoo D
Trichilia hirta L. - F/C Zoo D
Moraceae
Brosimum guianense (Aubl.) Huber Amora F Zoo D
Helicostylis tomentosa (Poepp. & Amora da mata F X Zoo D
Endl.) Rusby
Myrtaceae
Myrcia splendens (Sw.) DC. Purpunha F/C Zoo D
Myrcia sylvatica (G.Mey.) DC. Murta da mata F Zoo C
Nyctaginaceae

92
Guapira sp. -
Ochnaceae
Ouratea sp. - F Zoo D
Ouratea crassifolia (Pohl) Engl. - F Zoo D
Peraceae
Pogonophora schomburgkiana Miers Cocão F Zoo D
ex Benth.
Rubiaceae
Genipa americana L. - F Zoo D
Psychotria carthagenensis Jacq. - F Zoo D
Rutaceae
Zanthoxylum rhoifolium Lam. mamica-de-porca F/C Zoo D
Salicaceae
Casearia javitensis Kunth Cafezinho da mata F Zoo D
Casearia sylvestris Sw. - F/C Zoo C
Sapindaceae
Cupania racemosa (Vell.) Radlk. Caboatã de rêgo F Zoo D
Sapotaceae
Diploon cuspidatum (Hoehne) -
Cronquist
Pouteria grandiflora (A.DC.) Baehni. leiteiro F Zoo D
Pouteria bangii (Rusby) T.D.Penn. leiteiro
Simaroubaceae
Simarouba amara Aubl. praíba F Zoo D
Urticaceae
Cecropiasp. embaúba C Zoo D
Violaceae
Paypayrola blanchetiana Tul. Martelo F Zoo D

As quatro famílias botânicas listadas acima agrupam cerca de 33% de todas as


espécies analisadas no presente levantamento. Quanto a família Fabaceae, que
concentrou 9 espécies, segundo Chada et al., (2004), são fundamentais para
recuperação de áreas degradadas, pois apresentam, em geral, rápido crescimento
em ambientes adversos devido, principalmente, a capacidade de se associarem a
fungos micorrízicos e bactérias do gênero Rhizobium.
Devido ao auxílio dessas espécies no reestabelecimento do solo com o
aumento da atividade biológica, há uma crescente probabilidade de estabelecimento
de outras espécies arbóreas menos tolerantes as condições estressantes
encontradas em áreas em baixo estado de conservação, sendo de grande
importância o uso destas em projetos de restauração (PEREIRA et al. 2013).
Outro fator fundamental para o conhecimento da flora é sobre o
comportamento de como são dispersas as sementes dos espécimes selecionados.
Com isso, das 63 espécies presentes neste estudo 82% possui a forma de dispersão

93
das diásporas do tipo zoocórica e 16% do tipo abiótica (dispersão pelo vento, água e
gravidade), apenas 2% não possuíram identificação (Figura 38).

Figura 38. Síndrome de dispersão das espécies vegetais encontradas no Parque Natural
Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

2%

16%

Indeterminado

Abiótica

Zoocoria

82%

Mesmo estando geograficamente em área de agreste onde existe uma


predominância de vegetação da caatinga, onde a maioria de suas espécies arbóreas
é dispersas por mecanismos abióticos contrasta com o resultado encontrado, uma
vez que, as condições de temperatura e pluviosidade nessas áreas se assemelham
mais aos encontrados, por exemplo, na floresta tropical (TABARELLI; PERES, 2002) e
dessa forma, nessas áreas, grande parte das espécies arbóreas é dispersas por
animais conforme o resultado observado.
A partir do levantamento, ainda foi possível conhecer a área de preferência
das espécies encontradas. Assim como demonstrado na Figura 39, 82% das espécies
ocorrem em áreas de floresta, estando presentes em bordas e/ou no interior de
remanescentes florestais e 14% foram classificadas como sendo espécies de transição,
ou seja, que podem ser encontradas tanto em áreas de floresta, nas bordas, quanto
em clareiras e áreas abertas. Apenas 2% não obtiveram identificação e outros 2% que
são comuns em áreas abertas, conhecidas nesse estudo como campo.

94
Figura 39. Área de preferência das espécies vegetais encontradas no Parque Natural
Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

2% 2%

14%

Indeterminado

Campo

Floresta

Transição

82%

Outro fator importante a ser considerado é quanto a questão de restaurar


algumas áreas presentes no fragmento e em sua área de entorno. Dessa forma como
listado na Figura 40, a análise do percentual das espécies em relação ao grupo de
plantio que pertencem, existe um predomínio de espécies de diversidade (67%),
seguida pelas de cobertura (com 33%).
Salienta-se que este tipo de informação é de extrema importância no sentido
de haver a necessidade de restauração nessa região e disponibilizar as espécies que
podem ser indicadas para este fim. Quanto a utilização desse remanescente florestal
para criação de uma unidade de conservação, salienta-se que as áreas que
atualmente foram invadidas e que são utilizadas para culturas agrícolas poderão
futuramente serem restauradas aumentando ainda mais a importância dessa
informação contida neste estudo.
Segundo Brancalion et al. (2009) o grupo de cobertura é composto por
espécies de rápido crescimento, que proporcionam grande cobertura do solo,
fechando rapidamente a área plantada; enquanto que, as espécies do grupo de
diversidade são aquelas que não possuem as características citadas mas são
fundamentais para garantir a perpetuação da área plantada, sendo elas que irão
substituir as de cobertura e ocupar definitivamente a área.
Com base nesta informação, nota-se a importância de se ter o maior número
de espécies do grupo de diversidade, visto que estas irão gradativamente substituir
o grupo das espécies de cobertura quando entrarem em senescência, dando
continuidade e mantendo a comunidade estabelecida.

95
Figura 40. Grupo de plantio das espécies vegetais encontradas no Parque Natural Municipal
Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

33%

Cobertura
Diversidade
67%

➢ Fauna
Para a caracterização da fauna destaca-se que foi realizado durante as
caminhadas para caracterização da flora, dessa forma o percurso e distancia
percorrida é o mesmo. O levantamento dos dados secundários foi realizado
utilizando-se os trabalhos de Burgos e Cintra (2010) e Farias et al., (2016).
Durante as caminhadas foi observado pouco a presença de animais na área,
apenas a presença de pegadas da paca (Cuniculus paca), registrado na Figura 41, e de
aves no interior do fragmento.
Figura 41. Pegadas da paca (Cuniculus paca) no interior do Parque Natural Municipal Mata da
Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

Fonte: Carlos Frederico (Outubro/2016).

96
Este animal é uma espécie noturna que ocupa preferencialmente florestas
tropicais úmidas, contudo ocorre numa variedade de habitats, incluindo manguezais,
florestas decíduas, semidecíduas e usualmente procuram áreas florestadas próximas
a cursos de água. Forrageia ao entardecer e no crepúsculo se deslocando por trilhas
fixas e próprias de cada indivíduo, que os levam diretamente aos locais de
alimentação. A paca é considerada generalista quanto à dieta e alimenta-se
principalmente de frutos disponíveis no decorrer das estações (BECK-KING et al.,
1999). São consideradas dispersoras de sementes pequenas e de algumas maiores,
uma vez que se afastam dos locais de alimentação carregando os frutos e não
consomem todas as sementes carregadas.
O levantamento da fauna permitiu a identificação de 110 espécies distribuídas
em 49 famílias da fauna (Tabela 14). A família mais representativa foi a Tyrannidae
com 14 espécies seguida de Thraupidae (8 sp.), Trochilidae (7 sp.), Thamnophilidae (5
sp.) e com 4 espécies cada as famílias Ardeidae, Cuculidae e Furnariidae. Juntas essas
famílias apresentam 42% de todas as espécies observadas (Figura 42).

Figura 42. Famílias mais representativas para a fauna no Parque Natural Municipal Mata da
Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

Furnariidae 4

Cuculidae 4

Ardeidae 4

Thamnophilidae 5

Trochilidae 7

Thraupidae 8

Tyrannidae 14

0 2 4 6 8 10 12 14 16

97
Tabela 14. Lista da fauna encontrada através de dados primários e secundários para o Parque
Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

NÍVEL DE
MATA DA CHUVA - BONITO
VULNERABILIDADE
Extin- Amea- Baixo
Família / Espécie Nome Comum
tos çados Risco
Accipitridae
Elanus leucurus gavião-peneira - - x
Apoidae
Cypseloides senex taperuçu-velho - - x
Ardeidae
Ardea alba garça-branca-grande - - x
Tigrisoma lineatum socó-boi - - x
Ixobrychus exilis socó-vermelho - - x
Butorides striata socozinho - - x
Boidae
Boa constrictor Jiboia - - x
Callitrichidae
Callithrix jacchus sagüi - - x
Canidae
Cerdocyon thous raposa - - x
Caprimulgidae
Nyctidromus albicollis bacurau - - x
Saltator maximus estavão - - x
Cathartidae
Cathartes burrovianus urubu-de-cabeça- - - x
amarela
Coragyps atratus urubu-de-cabeça-preta - - x
Cathartes aura urubu-de-cabeça- - - x
vermelha
Characidae
Colossoma macropomum tambaqui - - -
Charadriidae
Gallinago paraguaiae agachadeira - - x
Vanellus chilensis tetéu - - x
Coerebidae
Coereba flaveola sebito - - x
Colubridae
Chironius bicarinatus cobra-cipó - - -
Columbidae
Leptotila rufaxilla juriti-gemedeira - - x
Columbina minuta rolinha-cafofa - - x
Columbina talpacoti rolinha-caldo-de-feijão - - x
Conopophagidae

98
Conophaga melonops nigrifrons cuspidor-de máscara- - - -
preta
Cracidae
Ortalis guttata aracuã - - x
Cuculidae
Piaya cayana alma-de-gato - - x
Guira guira anu-branco - - x
Crotophaga ani anu-preto - - x
Coccyzus melacoryphus papa-lagarta - - x
Cuniculidae
Cuniculus paca paca - - x
Dasypodidae
Euphractus sexcinctus tatu-pepa - - x
Dasyprocta sp. cutia - - -
Dasyprocta aguti cutiá - - x
Elapidae
micrurus corallinus cobra-coral - - -
Emberizidae
Emberizoides herbicola joã-mole - - x
Sporophila nigricollis papa-capim - - x
Vaolatinia jacarina tiziu - - -
Falconidae
Herpetotheres cachinnaus acuã - - -
Caracara plancus carcará - - x
Felidae
Leopardus wiedii gato maracajá - - x
Fringillidae
Euphonia violacea guriatã - - x
Euphonia chlorotica vem-vem - - x
Furnariidae
Phacellodomus rufifrons ferreiro - - x
Synallaxis hypospodia joão-grilo - - x
Synallaxis infuscata tatac - x -
Synallaxis frontalis tio-antônia - - x
Galbulidae
Galbula ruficauda bico-de-agulha - - x
Icteridae
Curaeus forbesi anumará - x -
Molothrus bonariensis papa-arroz - - x
Icterus cayanensis xexéu-de-bananeira - - x
Jacanidae
Jacana jacana jaçanã - - x
Mimidae
Mimus saturnumus sabiá-de-facheiro - - -
Passeridae

99
Passer domesticus pardal - - x
Picidae
Picummus exilis pica-pau-anão-de-pintas- - - -
pernambucensis amarales
Veniliornis passerinus picapauzinho-anão - - x
Pipridae
Manacus manacus rendeira - - x
Pipra rubrocapilla soldadinho - - x
Poeciliidae
Poecilia reticulata guarú - - -
Polooptilidae
Ramphocaenus melanurus bico-assovelado - - x
Polioptila plumbea gatinha - - x
Psittacidae
Forpus xanthopterygius tapacu - - x
Rallidae
Porphyrio martinica galinha-d'agua-azul - - x
Pardirallus nigricans saracura-sanã - - x
Strigidae
megascops choliba coruja-de-frio - - x
Thamnophilidae
Taraba majos cancã-de-fogo - - x
Thamnophilus caerulescens espanta-raposa - - x
pernambucensis
Formicivora grisea papa-formiga-pardo - - x
Formicivora rufa papa-formiga-vermelho - - x
Pyriglena leuconota papa-taioca - - -
pernambucensis
Thraupidae
Tangara cayana frei-vicente - - -
Euphonia violacea guriatã - - x
Tangara cyanocephala carollina pintor-coleira - - x
Tangara fastuosa pintor-verdadeiro - x -
Ramphocelus bresilius sangue-de-boi - - x
Thraupis sayaca sanhaçu-do-azul - - x
Trhaupis palmarum sanhaçu-do-verde - - x
Dacnis cayana verdelim - - x
Threskiornithidae
Theristicus caudatus curicaca - - x
Tinamidae
Crypturellus tataupa lambu-de-pé-roxo - - x
Crypturellus parvirostri lambu-espanta-boiada - - x
Crypturellus soui lambu-mata-cachorro - - x
Tityridae
Pachyramphus polychopterus caneleiro-preto - - x

100
pachyramphus viridis caneleiro-verde - - x
Trochilidae
Glaucis hirsutus balança-rabo-de-bico- - - x
torto
Thalurania watrtonii beija-flor-de-costa- - - -
violeta
Amazilia fimbriata beija-flor-de-garganta- - - x
verde
Phaethornis pretrei beija-flor-rabo-branco- - - x
acanelado
Eupetomena macroura beija-flor-rabo-de- - - x
tesoura
Chrusolampis mosquitus beija-flor-vermelho - - -
Anthracothorax nigricollis bizunga - - x
Troglodytidae
Pheugopedius genibarbis garrinchão - - -
Cantorchilus longirostris garrinchão-de-bico- - - -
grande
Troglodytes musculus rouxinol - - -
Trudidade
Turdus leucomelas sabiá-branco - - -
Tyrannidae
Euscarthmus meloryphus barulhento - - x
Pitangus sulphuratus bem-ti-vi - - x
Megarynchus pitanga bem-ti-vi-bico-do-caixão - - x
tyrannus melancholicus bem-ti-vi-de-cercado - - x
Myiozetetes similis bem-ti-vi-do-pequeno - - x
Myiodynastes maculatus bem-ti-vi-rajado - - x
Tolmomyias flaviventris bico-chato-amarelo - - x
Tolmomyias sulphurescens bico-chato-da-orelha- - - x
preta
Fluvicola nengeta lavadeira - - x
Todirostrum cinereum reloginho - - x
Camptostoma obsoletum risadinha - - x
Poecilotriccus plumbeiceps tororó - - x
Arundinicola leucocephala viuvinha - - x
Arundinicola leucocephala viuvinha - - x
Viperidae
Crotalus durissus terrificus cobra-cascavel - - -
Vireonidae
Cyclarhis guajanensis pitiguari - - -
Hylophilus amaourocephalus vite-vite-de-olho-cinza - - -

101
Em relação Tyrannidae, segundo Bissoli et al., (2014), as aves que fazem parte
desta família se alimentam essencialmente de insetos, predominantemente de
artrópodes, mas algumas espécies são frugívoras, granívoras e carnívoras. Essas aves
insetívoras obtiveram maior êxito, devido a grande diversidade de nichos ecológicos
e da entomofauna em áreas como a floresta atlântica.
Em relação as aves encontradas no estudo destacam-se as espécies Synallaxis
infuscata (tatac) e Curaeus forbesi (anumará) que aparecem como estando em
situação de emergência quanto ao risco de extinção, uma vez que, são espécies
bastante procuradas por conta do canto emissor do som (RED LIST, 2016 ; PEREIRA,
2009).
Outra espécie que merece destaque é a ave conhecida como pintor verdadeiro
(Tangara fastuosa) que se encontra na categoria de vulnerável, podendo entrar
dependendo dos impactos ambientais existentes na situação de emergência. De
acordo com Pereira (2009) esta espécie vem sofrendo diminuição em sua população
decorrente do elevado desmatamento na região e da captura de indivíduos para
suprir o comércio ilegal de aves silvestres.
Quanto as demais espécies da lista, a grande maioria (78%) apresentou
situação de baixo risco e que ainda algumas espécies (16%) que não foram avaliadas
quanto a esta situação por falta de informações.

3.3 Situação fundiária


Incialmente, considerando os aspectos inerentes às características da
propriedade, importante salientar que, conforme o artigo nº49 do SNUC, o território
de uma unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral deve ser considerado
como rural. E, do mesmo modo, a zona de amortecimento das unidades de
conservação, uma vez definida formalmente, não pode ser transformada em zona
urbana.
No mais, consoante levantamento de campo realizado no local, a referida
Unidade de Conservação apresenta uma série de situações de potenciais conflitos
com seus objetivos de criação, com a presença de áreas onde foi realizada a
conversão de florestas para o estabelecimento de culturas agrícolas e em seu setor
norte, o estabelecimento de moradias e uso notadamente agropecuário. A equipe
executora do projeto, durante a vigência de sua execução, pleiteou vistas à
documentação comprobatória de posse por parte da prefeitura das terras que
compõem a unidade de conservação, sem sucesso. No entanto, os entes municipais
afirmam que a área onde se assenta o Parque é fruto de doação pelo Instituto de
Colonização e Reforma Agrária (INCRA) ao poder público municipal.
Dessa forma, é indicado ao poder público a realização de um resgate dessa
documentação e a realização de um estudo que vise a regularização fundiária da área
da unidade de conservação, uma vez que tais atividades desempenhadas em seus
limites na atualidade, não condizem com seu objetivo e regramentos.
102
3.4 Ocorrência de fogo e fenômenos naturais excepcionais
Em função das características ambientais apresentadas pelo Parque Natural
Municipal Mata da Chuva, as chances de ocorrerem fenômenos naturais que afetem
a estrutura da UC são muito pequenas.
Não há registros de queimadas naturais na região, no entanto, são frequentes
as queimadas voltadas a tratos agrícolas, seja para plantio, ou para o estabelecimento
de pastagens.
As elevadas altitudes e declividades não favorecem a ocorrência de
enchentes, mesmo na ocorrência de chuvas intensas.
Os episódios de seca que afetam periodicamente o Nordeste do Brasil não
atingem o município do Bonito com a mesma frequência que atingem outros
municípios do Agreste e o Sertão pernambucanos. Segundo o Mapa de Incidência de
Secas, apresentado por Carvalho et al. (1973), o município do Bonito está inserido na
faixa de frequência de 0 a 20%, ou seja, menos de 20% das secas registradas no
Nordeste atingiram o município do Bonito.
De acordo com os levantamentos do Projeto Geodiversidade de Pernambuco
(TORRES; PFALTZGRAFF, 2014), no levantamento realizado para todo o território
brasileiro entre os anos de 1720 a 2007 foram registrados 80 sismos no Estado de
Pernambuco. Conforme esta base de dados, nenhum tremor de terra teve seu
epicentro localizado no município do Bonito, mas em Palmares, município vizinho, há
o registro de um tremor de magnitude 3,5 na escala Richter, com data de ocorrência
em maio de 1983.

➢ Atividades ou Situações Conflitantes e Seus Impactos

Com relação à utilização dos recursos naturais


A transformação de áreas de floresta em sítios e culturas agrícolas são os
principais impactos negativos observados neste estudo. Em vários trechos foram
observados um cenário de conversão de áreas florestadas pertencentes à UC para
usos agrícolas, transformação que traz impactos negativos para este remanescente
florestal (Figuras 43 e 44). Além desta mudança também foi possível observar a
presença de corte e extração de lenha deste remanescente o que impacta ainda mais
o estado de conservação desse fragmento (Figura 45 e 46). De acordo com Tabarelli
et al., (2012) problemas como a perda de biodiversidade representada pela morte e
afugentamento de animais juntamente com a diminuição da riqueza de espécies da
flora além da exposição ao solo a problemas como a erosão e o seu empobrecimento
podem ser evidenciadas por conta de ações como o desmatamento e a conversão de
florestas em culturas agrícolas, que trazem problemas diretos quanto ao estado de
conservação do fragmento.

103
Figura 43. Área convertida para uso de cultura agrícola no interior do remanescente florestal
do Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

Fonte: Carlos Brandão (Outubro/2016).

Figura 44. Área convertida para uso de plantio de feijão e banana no interior do
remanescente florestal do Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito,
Pernambuco.

Fonte: Joaquim Freitas (Outubro/2016).

104
Figura 45. Corte e retirada de árvores no remanescente florestal do Parque Natural Municipal
Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

Fonte: Joaquim Freitas (Outubro/2016).

Figura 46. Corte de árvores no remanescente florestal do Parque Natural Municipal Mata da
Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

Fonte: Carlos Brandão (Outubro/2016).

Outro impacto negativo observado neste fragmento é quanto à caça. Em


vários trechos foi possível encontrar armadilhas e pontos de espera para caça
(Figuras 47 e 48). Dessa forma esses tipos de atividade juntamente com o
desmatamento são os grandes responsáveis pelo processo conhecido como
defaunação. De acordo com Jorge et al., (2013) a defaunação consiste na diminuição
da riqueza, diversidade e/ou biomassa de animais da floresta que ocorre
principalmente devido à caça e desmatamento do habitat. Esse tipo de atividade
reduz de forma rápida e drástica as espécies de mamíferos e aves de médio e grande
porte, tendo consequências imediatas na demografia, diversidade e densidade de
espécies animais. Além disso, por conta desse processo há a quebra ou relaxamento

105
das interações animal-planta, interferindo na dinâmica florestal, o que tem sérias
implicações sobre a manutenção dos ecossistemas e seu estado de conservação.

Figura 47. Ponto de espera (tipo 1) para caça ilegal no interior do remanescente florestal do
Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

Fonte: Carlos Brandão (Outubro/2016).

Figura 48. Ponto de espera (tipo 2) para caça ilegal no interior do remanescente florestal do
Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

Fonte: Carlos Brandão (Outubro/2016).

Outro fato importante é em relação à borda deste remanescente. Toda área


de entorno do fragmento é formada por sítios e por culturas agrícolas diversas
(milho, feijão, banana, etc.) que afetam a estrutura deste remanescente. Dessa forma
a borda se encontra em baixo estado de conservação sendo formada por muitas
espécies pioneiras como Vismia guianensis (pau lacre), Miconia minutiflora (rama
branca) e Miconia prasina (brasa apagada), Schefflera morototoni (sambaquim) e
Cecropia sp. (embaúba) e algumas exóticas invasoras como o Artocarpus

106
heterophyllus (jaqueira). Há ainda a presença de várias trilhas e de uma estrada que
corta esta área, impactando ainda mais o remanescente florestal (Figura 49).

Figura 49. Trilhas/estradas no interior do remanescente florestal do Parque Natural Municipal


Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

Fonte: Carlos Brandão (Outubro/2016).

A presença da espécie exótica invasora conhecida como jaqueira, oriunda dos


pomares no entorno da área florestada, acarreta em sérios problemas ao estado de
conservação de todo o fragmento uma vez que, segundo Leão et al.,(2011), a jaqueira
ocupa áreas florestais e substitui a vegetação nativa, inibindo a germinação de
sementes por alelopatia. A diminuição da riqueza de pequenos mamíferos é
observada também. Em áreas naturais dominadas por jaqueiras, a fauna de pequenos
mamíferos acaba alimentando-se quase que exclusivamente dos frutos da espécie e
dispersando-a, em detrimento da dispersão de espécies nativas, afetando, no longo
prazo, o processo de sucessão natural.
Em relação a bordas, Nascimento e Laurance (2006) destacam que a criação
delas leva à modificações nas condições microclimáticas e o aumento da turbulência
de ventos, resultando num aumento nas taxas de mortalidade e danos de árvores e
consequente abertura de clareiras próximos às bordas. Consequentemente,
mudanças na abundância relativa e composição de espécies de plantas podem
ocorrer, em grande parte devido ao aumento no recrutamento e densidade de
espécies arbóreas pioneiras, aumento na densidade de lianas a locais degradados e
diminuição na densidade de plântulas de espécies tardias.
Em alguns trechos é possível observar um bom estado de conservação
representado por árvores de grande porte, que ultrapassam 25 metros de altura e
formam um dossel contínuo, tratando-se de uma floresta secundária madura. Na
área, é possível encontrar indivíduos bem desenvolvidos, como é o caso da
Helicostylis tomentosa (amora da mata), Simarouba amara (praíba), Stryphnodendron

107
pulcherrimum (favinha) e a Eriotheca gracilipes (Munguba), registrada na Figura 50.
Estas espécies nativas são consideradas secundárias iniciais e tardias da Mata
Atlântica e possuem sua ocorrência limitada para o interior de fragmentos florestais.
Outro fato importante nesses trechos é quanto à regeneração natural que
apresenta também a ocorrência de espécies iniciais e tardias, o que demonstra que a
floresta está mantendo sua capacidade de regeneração.

Figura 50. Árvore de grande porto - Eriotheca gracilipes (Munguba) - em trecho mais
conservado no interior do remanescente florestal do Parque Natural Municipal Mata da
Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

Foto: Carlos Brandão (Outubro/2016)

3.5 Aspectos institucionais da Unidade de Conservação


➢ Pessoal

A gestão do Parque Natural Municipal Mata da Chuva é de responsabilidade


da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Bonito, o qual
possui cerca de oito funcionários, mas nenhum deles está alocado diretamente para
atividades exclusivas da UC.

➢ Infraestrutura equipamentos e serviços

Não existem equipamentos e serviços oferecidos na área do Parque. É


indicada a construção de um centro de acolhimento a visitantes e pesquisadores e a
sinalização da UC.

108
➢ Estrutura Organizacional

A gestão do Parque Natural Municipal Mata da Chuva é de responsabilidade


da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Bonito. São
realizadas visitas de inspeção e atendimento a denúncias, principalmente com a ajuda
da Companhia Independente de Policiamento do Meio Ambiente (CIPOMA).

➢ Recursos Financeiros

O município do Bonito no ano de 2011 passou a receber o ICMS Socioambiental


devido à criação do Parque, mas não há um recurso específico destinado ao mesmo.

➢ Cooperação Institucional

A principal parceria institucional existente é com a Companhia


Independente de Policiamento do Meio Ambiente (CIPOMA), no que diz respeito à
fiscalização da área do Parque.

3.6 Declaração de significância


Quando comparada a outras regiões semiáridas da Terra, a diversidade
biológica do semiárido nordestino é extremamente significativa, com características
marcantes sendo uns dos biomas menos conhecidos no Brasil. Os Refúgios Florestais
Úmidos ou Brejos Altitude fazem parte da diversidade biológica do semiárido, e são
encontrados em vários estados do Nordeste, entre eles Pernambuco (RODAL et al.,
2005).
De acordo com Tabarelli e Peres (2002), serras e planaltos favorecem a
ocorrência de zonas fisiográficas de clima úmido. Nestes acidentes as áreas tornam-
se úmidas devido à concentração de umidade e condensação, resultando em uma
maior umidade atmosférica no local. Os encraves úmidos (florestas) presentes nos
Brejos são considerados uma disjunção ecológica da Mata Atlântica, por apresentar
peculiaridades fisionômicas, florísticas e ecológicas de matas úmidas refugiadas em
domínios de Caatinga.
Mesmo com essa tamanha riqueza e importância para a diversidade biológica
na região, essas áreas são também bastante exploradas para o uso agropecuário que
causa impactos negativos ao ecossistema como a perda e fragmentação de hábitats,
extração seletiva de plantas e eliminação de grandes vertebrados pela caça (SILVA;
TABARELLI, 2000). Salienta-se também que a grande maioria das principais cidades
situadas na região do semiárido nordestino está situada nas áreas de brejo (LINS,
1989).
O Parque Natural Municipal Matas da Chuva é formado por um remanescentes
florestais que se encontra ameaçado por atividades agrícolas. O fragmento florestal
apresenta problemas quanto ao estado de conservação, uma vez que, são

109
impactados através da conversão de áreas florestadas e historicamente foram
praticamente suprimidos para diversos fins. Na mata da chuva as atividades
desenvolvidas em seu interior ao longo do tempo afetaram sensivelmente a
conservação e preservação desse fragmento, fazendo com que alguns trechos
estivessem em melhor estado de conservação do que outros.
A flora do Parque Natural Municipal Mata da Chuva se apresentou rica com a
presença de 63 espécies arbóreas, sendo a família Fabaceae a maior representante
em termos de riqueza. Salienta-se que foram encontradas espécies ameaçadas de
extinção, como a Helicostylis tomentosa. A maior quantidade de espécies é dispersa
por animais, que é uma característica das florestas tropicais. A maioria das espécies
é, para uma eventual restauração de áreas degradadas que existem na UC, do grupo
de diversidade.
O levantamento da fauna permitiu a identificação de 110 espécies distribuídas
em 49 famílias. Onde a família Tyrannidae (aves) apresentou maior riqueza. O
levantamento verificou que as espécies de aves Synallaxis infuscata (tatac) e Curaeus
forbesi (anumará) estão em situação de emergência quanto ao risco de extinção (RED
LIST, 2016; PEREIRA, 2009), assim como o Tangara fastuosa (pintor verdadeiro) que
se encontra na categoria de vulnerável mostrando a necessidade em priorizar a
conservação e restauração dessas áreas para a manutenção dessas e de outras
espécies observadas no levantamento.

110
PARTE 2: PROPOSIÇÕES

111
4 CAPÍTULO 4 – PLANEJAMENTO

4.1 Visão geral do processo de Planejamento


O planejamento constitui-se em um trabalho prévio e necessário para
qualquer iniciativa seguindo métodos determinados, o que aumenta a probabilidade
de êxito do Plano de Manejo capturar as características regionais no qual a Unidade
de Conservação está inserida de forma a assegurar o cumprimento dos objetivos
propostos. Em específico para a Unidades de Conservação Municipal contemplada
pelo projeto (Parque Natural Municipal Mata da Chuva) o planejamento ocorreu de
forma processual e caracterizou-se por ter um caráter contínuo, gradativo, flexível e
participativo.
Essas características são necessárias para a manutenção da correlação entre a
evolução e o acúmulo de conhecimento, a motivação dos atores sociais envolvidos
no processo e a definição dos graus de intervenção de manejo nas Unidades de
Conservação. Ainda, o planejamento define a relação de prioridades entre as ações
presentes dentro do escopo do plano, mantendo, no longo prazo, as grandes
diretrizes que orientam o manejo e o envolvimento da sociedade nas diferentes
etapas de sua elaboração.
Durante o período de elaboração dos Planos de Manejo foram viabilizadas
oficinas participativas para captar as contribuições dos diferentes segmentos da
sociedade civil para a construção do documento de forma a dar protagonismo e
empoderar esses atores sociais em todo o processo (Figuras 51, 52 e 53).

Figura 51. Oficina de apresentação dos estudos realizados e discussão sobre o zoneamento
do Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

Foto: Géssica Vasconcelos (novembro/ 2016).

112
Figura 52. Registro da participação do Gestor na Oficina de apresentação dos estudos
realizados no Parque Natural Municipal Mata da Chuva e de discussão sobre as zonas da
Unidade, Bonito, Pernambuco.

Foto: Géssica Vasconcelos (novembro/ 2016).

Figura 53. Registro da participação dos Conselheiros na Oficina de apresentação dos estudos
realizados no Parque Natural Municipal Mata da Chuva e de discussão sobre as zonas da
Unidade, Bonito, Pernambuco.

Foto: Géssica Vasconcelos (novembro/ 2016).

Essa foi uma etapa fundamental para nortear a elaboração técnica dos planos.
A seguir constam os enfoques abordados durante a fase de planejamento
participativo para a elaboração do Plano de Manejo do Parque (Figura 54).

113
Figura 54. Resumo dos enfoques abordados durante a fase de planejamento participativo
para a elaboração do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município
do Bonito, Pernambuco.

As diretrizes gerais estabelecidas para a elaboração do Plano de Manejo do


Parque Natural Municipal Mata da Chuva seguiram a seguinte lógica de
operacionalização:

a) Equipe de Planejamento: a elaboração técnica do conteúdo do Plano de


Manejo ficou sob a responsabilidade das instituições Cepan (Centro de
Pesquisas Ambientais do Nordeste) e Processo Engenharia, que formaram um
consórcio para a execução desse serviço. Vale deixar claro que toda a
construção do Plano seguiu com um enfoque participativo para a construção
de uma visão comum entre os representantes da sociedade civil e os
executores técnicos da proposta.
b) Apresentação do Plano: (1) Documento Integral- contendo todas as
informações exigidas para a construção do Plano. Esta versão constitui um
instrumento de trabalho e se destina aqueles atores sociais que pretendem
utilizar o plano como documento como fonte de informação; (2) Versão
Resumida- deverá conter as informações chaves do Plano como objetivos
específicos, mapa do zoneamento e das áreas estratégicas internas e
externas, assim como as suas principais atividades e recomendações.

114
c) Aprovação do Plano: após a análise de todo o conteúdo técnico realizado pela
equipe executora o plano deverá ser validado pelo conselho gestor e
posteriormente apresentado em audiência pública para a sociedade civil.
d) Divulgação do Plano: caberá a todas as instituições envolvidas no processo de
elaboração do plano divulgar o conteúdo do documento e a sua importância
para a implementação da Unidade de Conservação.

Uma das características regionais do Parque Natural Municipal Mata da Chuva,


é que, a mesma está inserida dentro de uma área com relevante presença de
atividades de turismo no Estado de Pernambuco. Essa característica dialoga com a
estratégia de proposição de atividades que envolvam turismo de natureza com a
implementação dos objetivos da unidade de conservação. Adicionalmente, durante
a primeira fase das atividades de elaboração do plano um grande diagnóstico foi
empreendido para o entendimento pleno das características socioeconômicas,
bióticas, físicas e legais para que fosse possível iniciar as atividades de Zoneamento
participativo e elaborar os planos de uso de cada zona definida. A figura a seguir
sintetiza toda as etapas de elaboração do Plano de Manejo da Unidade de
Conservação (Figura 55).

Figura 55. Etapas realizadas para a elaboração do Plano de Manejo do Parque Natural
Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

Ainda, foram apresentados nas oficinas de planejamento dados como limite


da Unidade de Conservação, Zona de Amortecimento, principais elementos da
paisagem natural e antrópica que caracterizam o Parque Natural Municipal Mata da

115
Chuva e seu entrono (Estradas, rios, assentamentos, infraestrutura existente na UC,
população residente entre outros). Nas oficinas foram apresentadas e validadas as
Zonas definidas dentro do escopo das atividades de Zoneamento no qual foram
definidas as áreas estratégicas internas (áreas que já possuem ou poderão possuir
atividades de manejo no Parque) e as áreas estratégicas externas (áreas externas
onde se identificam riscos ou oportunidades para o manejo).
Uma vez identificadas as áreas estratégicas foram estabelecidas atividades de
integração da Unidade de Conservação com seu entorno. Para o Parque Natural
Municipal Mata da Chuva o desenvolvimento de um programa de Comunicação Social
e de Educação Ambiental são estratégicos/fundamentais para a aproximação da
população do entorno junto a Unidade. Esses programas devem ser estabelecidos
utilizando métodos de comunicação participativa e de resolução de conflito com o
objetivo claro de apresentar o Parque como uma grande oportunidade de
manutenção de qualidade de vida das pessoas através de provimento de serviços
ambientais quanto de incrementar as atividades de turismo na região através da
inclusão do Parque Natural Municipal Mata da Chuva no roteiro de turismo de
natureza das empresas que operam esse tipo de serviço em parceria com a rede
hoteleira e de pousadas.
Uma vez estabelecida a agenda de trabalho prioritária e de posse de todos os
dados foi dado início ao processo de Zoneamento da Unidade de Conservação. É
importante ressaltar que essa atividade está prevista pela lei nº 9.985/2000 e é
definida como definição de setores ou zonas em Unidades de Conservação com o
objetivo de manejo e normas específicas, com o propósito de proporcionar os meios as
condições para que todos os objetivos unidade possam ser alcançados de forma
harmônica e eficaz.
Foram utilizados critérios físicos, especializáveis e indicativos da singularidade
do Parque Natural Municipal Mata da Chuva para a definição das zonas. Os critérios
utilizados seguem listados abaixo:
• Grau de conservação da vegetação – esse critério está correlacionado com o
estado de conservação das áreas zoneadas. Áreas pouco antropizadas
possuem grupos ecológicos e variáveis de estrutura de floresta que indicam
um alto grau de conservação, logo essas áreas estarão sujeitas a maiores
restrições em seu tipo de atividade.
• Variabilidade Ambiental – esse critério foi definido em função do nível de
compartimentação do relevo. Quanto mais recortado for o relevo maior será
a quantidade de habitats a serem protegidos.
• Representatividade – esse critério está correlacionado com a presença de
espécies ameaçadas de extinção, raras, endêmicas, frágeis o que necessitem
de alguma atividade de manejo direto como, por exemplo, retirada de
espécies exóticas e invasoras, transposição de ovos, e que devem estar
inseridas dentro das zonas que permitam esse tipo de manejo.

116
• Riqueza e diversidade de espécies – áreas com maior número de espécies
dentro da Unidade de Conservação devem estar inseridas nas zonas com
maior grau de proteção.
• Áreas de Transição – são áreas que possuem atributos ecológicos
compartilhados entre dois ecossistemas diferentes e que requerem maior
grau de proteção.
• Suscetibilidade Ambiental – são as áreas provedoras de serviços ambientais e
que possuem alta susceptibilidade as atividades antrópicas como áreas
úmidas, nascentes, encostas etc.
• Presença de sítios arqueológicos e ou paleontológicos – áreas onde são
encontrados sítios arqueológicos e paleontológicos relevantes para a
conservação. Essas áreas possuem uma zona específica para o seu uso.
• Potencial de Visitação – esse critério foi inserido devido ao alto potencial de
desenvolvimento de atividades de turismo de natureza no Parque Natural
Municipal Mata da Chuva. Nessa área foram identificadas as potencialidades
para fins de visitação.
• Potencial para Conscientização Ambiental – identificação de características
relevantes no interior do Parque Natural que possam servir como objeto de
estudo para ações de Educação Ambiental.
• Presença de Infraestrutura – identificação dentro do interior da UC de
equipamentos que possam ser utilizados para atividades de fiscalização,
educação ambiental, apoio a pesquisa etc.

Para o Parque Natural Municipal Mata da Chuva foram definidas as seguintes


zonas seguindo todos os critérios técnicos e regramento de uso de acordo com a
categoria da UC:
1. Zona intangível - É aquela onde a primitividade da natureza permanece a mais
preservada possível, não se tolerando quaisquer alterações humanas,
representando o mais alto grau de preservação. Funciona como matriz de
repovoamento de outras zonas onde já são permitidas atividades humanas
regulamentadas. Esta zona é dedicada à proteção integral de ecossistemas,
dos recursos genéticos ao monitoramento ambiental. O objetivo básico do
manejo é a preservação, garantindo a evolução natural.
2. Zona Primitiva - É aquela onde tenha ocorrido pequena ou mínima
intervenção humana, contendo espécies da flora e da fauna ou fenômenos
naturais de grande valor científico. Deve possuir características de transição
entre a Zona Intangível e a Zona de Uso Extensivo. O objetivo geral do manejo
é a preservação do ambiente natural e ao mesmo tempo facilitar as atividades
de pesquisa científica e educação ambiental permitindo-se formas primitivas
de recreação.

117
3. Zona de Uso Extensivo - É aquela constituída em sua maior parte por áreas
naturais, podendo apresentar algumas alterações humanas. Caracteriza-se
como uma transição entre a Zona Primitiva e a Zona de Uso Intensivo. O
objetivo do manejo é a manutenção de um ambiente natural com mínimo
impacto humano, apesar de oferecer acesso ao público com facilidade, para
fins educativos e recreativos.
4. Zona de Recuperação - É zona destinada a atividades de restauração florestal
para a manutenção dos processos ecológicos. Uma vez restaurada essa zona
a mesma será incorporada às Zonas Permanentes. Diversas intervenções de
restauração estão previstas para a essa zona e o objetivo do manejo é retirar
os fatores de degradação e restaurar os processos ecológicos para fins de
provimento de serviços ambientais.
5. Zona de Ocupação Temporária - São áreas dentro das Unidades de
Conservação onde ocorrem concentrações de populações humanas
residentes e as respectivas áreas de uso. Zona provisória, uma vez realocada
a população, será incorporada a uma das zonas permanentes.
6. Zona de Amortecimento - Essa zona foi definida em um raio variável à partir
do limite do Parque Natural Municipal Mata da Chuva. O objetivo do manejo
dessa zona é minimizar os impactos negativos das atividades humanas sobre
a UC.

As zonas também estão definidas de acordo com o grau de intervenção que


as mesmas estarão submetidas de acordo com a Figura 56. Esses níveis de
intervenção refletem o tipo de manejo que cada área estará submetida.

118
Figura 56. Enquadramento das zonas por grau de intervenção do Plano de Manejo do Parque
Natural Municipal Matas da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

Uma vez definido os graus de intervenção das zonas do Parque Natural


Municipal Mata da Chuva foram elaborados Programas de Manejo com o objetivo de
potencializar os usos de solo e a vocação de cada zona de forma a gerar as primeiras
condicionantes técnicas de regramento das atividades e de ordenamento territorial
da Unidade de Conservação.

4.2 Histórico do Planejamento


Criado em 2011, com o status de Reserva Biológica Municipal, reconhecida pela
lei 9.985/2000. Teve em 2016 a alteração de sua categoria para Parque Natural
Municipal por meio da lei 1098/2016. Embora seja uma área protegida desde sua
criação, nunca foram estruturadas e sistematizadas diretrizes de planejamento para
seu manejo sustentável.
Em 2015, a Fundação SOS Mata Atlântica possibilitou a elaboração deste
documento por meio de seu edital de apoio às unidades de conservação municipais,
sendo realizadas, além de diretrizes para o manejo de seus recursos naturais, análises
e a viabilidade do parque enquanto atrativo turístico, aliado à conservação ambiental.
Foram realizadas oficinas com equipe da unidade e do conselho gestor em
temáticas-chave para a gestão da unidade de conservação e implementação efetiva
das ações do plano de manejo e validação das informações coletadas em campo, a
fim de gerar um produto que, além de refletir a realidade do parque, abarcasse as
demandas da população e fosse de fácil operacionalização.

119
4.3 Avaliação estratégica da Unidade de Conservação
O Parque Natural Municipal Matas da Chuva possui um alto potencial para o
desenvolvimento de atividades de turismo de natureza e atividades de educação
ambiental. Ao longo de todo o processo de capacitação do Conselho Gestor, oficinas
participativas para divulgação do projeto, expedições de campo para a realização do
plano de manejo essa foi uma característica enfatizada por diversos segmentos da
sociedade. Durante a fase de elaboração do plano foi realizado junto ao conselho
gestor e representantes da sociedade civil uma análise de fortalezas e fraquezas do
Parque Natural Municipal Mata da Chuva de forma visualizar atividades prioritárias a
serem incorporadas no plano de manejo. O cenário dessa atividade consta a seguir
resumido (Figura 57).

Figura 57. Síntese das principais Fortalezas e Fraquezas mencionadas pelo Conselho Gestor
e sociedade civil durante as oficinas de elaboração participativa do Parque Natural Municipal
Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

Após a análise de fortalezas e fraquezas foi dado início a construção de uma


agenda de trabalho elaborada pelo conselho gestor com o objetivo claro de definir
ações prioritárias a serem realizadas em função do gradiente de tempo de execução.
Os Programas Temáticos a serem desenvolvidos no Parque Natural Municipal Mata
da Chuva estão descritos em função de sua localização na área de abrangência da UC
sendo enquadrado nas áreas estratégicas internas e externas (serão descritos nos
itens a seguir). Em síntese os principais temas a serem desenvolvidos e
contemplados tanto nos itens de projetos específicos quanto estratégicos são:

120
• Gestão Ambiental, fiscalização e enfrentamento às mudanças climáticas
• Regularização fundiária
• Restauração florestal
• Apoio à pesquisa científica
• Pagamento por serviços ambientais
• Educação ambiental
• Turismo de natureza

Na sequência consta a matriz de planejamento com os objetivos dos


Programas a serem implementados no Parque Natural Municipal Mata da Chuva
(Figura 58).

Figura 58. Matriz de planejamento para a implementação dos Programas Temáticos no


Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

A matriz de planejamento acima nos permite visualizar de maneira sintética o


fluxo da operacionalização da implementação dos programas tendo os objetivos dos
programas informar, desenvolver e capacitar um tempo curto (1-12 meses) de
implementação enquanto os objetivos conquistar a adesão e “tornar advogado”
médio e longo prazo (12-48 meses). Essas diferenças nos tempos de implementação
estão correlacionadas principalmente com a necessidade de uma série de ações para
a identificação de uma mudança de comportamento através da sensibilização das
informações que serão geradas pelos Programas para os diferentes tipos de
Beneficiários descritos na matriz de planejamento.
Essas informações são necessárias para que se possa iniciar um processo de
construção de pertencimento e de apropriação que estamos conceituando como
“tornar advogado” por parte dos beneficiários o que leva um maior intervalo de
tempo para uma mudança de comportamento em relação ao Parque Natural
Municipal Mata da Chuva.

121
Vale salientar que a operacionalização dos objetivos dos programas, tipo de
informação a serem geradas e as ferramentas necessárias para a realização das
atividades foram pensadas de maneira participativa levando-se em conta o cenário
desafiador de se implementar uma Unidade de Conservação Municipal. Fatores
internos da UC foram bastante citados como forma a serem melhorados como, por
exemplo, a falta de estrutura para as atividades de visitação e uma completa
desapropriação por parte dos diversos segmentos da sociedade civil em relação à
área. Por último, esses programas que serão descritos nos itens abaixo junto com os
seus objetivos aqui descritos se apresentam como uma primeira iniciativa de se
implementar atividades na área de abrangência da UC, e que, deverão ser revisados
no futuro.

4.4 Objetivos específicos do manejo da Unidade de Conservação


A unidade de conservação em questão se enquadra na categoria de Parque
Natural Municipal, categoria para qual todo o planejamento foi dimensionado, cujo
objetivo constante na lei federal nº 9.985/2000:
Art. 11. O Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação
de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza
cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o
desenvolvimento de atividades de educação e interpretação
ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo
ecológico.

No mesmo artigo, em seu § 4º diz:


§ 4o As unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou
Município, serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e
Parque Natural Municipal.

Esta categoria de manejo preconiza a realização de pesquisas para


crescimento do conhecimento científico e o caráter de visitação, no consoante a
educação, interpretação ambiental, recreação e turismo ecológico. O parque nos dias
atuais já demonstra essa potencialidade, mesmo não tendo anteriormente sido alvo
de qualquer processo de planejamento que visasse regular suas atividades, possui
uma sensível visitação, sobretudo no sentido de educação ambiental. Escolas da
região visitam o parque buscando promover o contato dos discentes com a natureza
por meio das diversas atividades existentes, como uma pequena trilha que passa
pelos remanescentes de floresta existentes, formações rochosas e mirantes que
permitem uma visão privilegiada das formações geomorfológicas e processos de uso
e ocupação da terra no entorno.
Há ainda uma série de usos relacionados à visitação turística, acontecendo
este de forma esporádica, sobretudo ligada a festas e comemorações que atraem

122
esses turistas. Apesar de estar apenas a 2,5 km do principal atrativo do município, a
área é pouco conhecida enquanto atrativo turístico.
Dessa forma, os objetivos específicos do manejo da Unidade de Conservação
vão em consonância com todo o arcabouço legal que a protege, sendo eles:
1- Possibilitar a pesquisa científica de forma a contribuir com o aumento do
conhecimento acerca das variedades de fauna, flora, meio físico e clima existentes no
domínio da Unidade de Conservação e em seu entorno;
2- Possibilitar a visitação com fins turísticos e educacionais seguindo as regras
e de maneira a causar o mínimo impacto ao ecossistema da UC;
3- Possibilitar a proteção e representatividade do ecossistema englobado pela
Unidade de Conservação.

4.5 Zoneamento
Uma das ferramentas capazes de gerar diretrizes precisas acerca das ações de
manejo e gestão de uma unidade de conservação é seu zoneamento. Sendo este um
instrumento para auxiliar no ordenamento territorial que estabelece usos
diferenciados para cada zona da unidade, baseado em suas características naturais e
antrópicas, bem como seus desafios, oportunidades e restrições de acordo com sua
categoria de manejo. O zoneamento é descrito na lei nº 9.985/2000 como:
“Definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com
objetivos de manejo e normas específicas, com o propósito de
proporcionar os meios e condições para que todos os objetivos da
unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz”.

Dessa forma, o zoneamento consiste na definição de áreas no interior e


entorno da Unidade de Conservação onde se permite determinadas atividades ou se
restringe e proíbe outras, de acordo com a característica de cada uma das áreas.
Entende-se que no interior da Unidade de Conservação existe uma heterogeneidade
de cobertura da terra, de graus de conservação de remanescentes florestais e de usos
preexistentes que devem ser compatibilizados e regrados de forma a promover a
operacionalização dos objetivos da UC de forma harmônica e minimizar conflitos. Se
possível ainda, promover a sustentabilidade da Unidade de Conservação por meio de
identificação de potencialidades em seu interior.
Assim, para a definição do zoneamento da Unidade de Conservação, foi
realizada uma análise multicriterial, utilizando-se como base os parâmetros:

• Uso e ocupação do solo e cobertura vegetal – O uso do solo se mostra um dos


fatores preponderantes para a definição de zoneamento em unidades de
conservação. Áreas muito próximas a fatores de degradação, grandes
manchas urbanas, empreendimentos de grande movimentação ou estradas,
normalmente vão apresentar graus de conservação diferenciados de áreas

123
core do fragmento florestal, devendo assim, ser verificadas as zonas com usos
mais adequados a cada uma das áreas.
• Grau de conservação dos remanescentes florestais – Áreas com um menor
grau de degradação em áreas florestadas, normalmente abrigam maior
biodiversidade, menor grau de degradação de solos, ambientes hídricos e
maior circulação de fauna. Já áreas com um grau de degradação mais elevado,
tendem a abrigar menos biodiversidade, espécies exóticas, entre outros
fatores. Assim, esse é um critério chave para definição do zoneamento da UC.
• Variabilidade ambiental – Relacionada diretamente com a
compartimentalização apresentada pelo relevo da área, podendo ocasionar
diferenciação de regimes de precipitação, vegetação e fauna. Um relevo
muito acidentado, pode ainda contribuir para a formação de processos
erosivos.
• Representatividade – Áreas com a maior presença de espécies endêmicas,
raras ou em extinção, áreas com recursos naturais representativos da UC, com
susceptibilidade ambiental, presença de sítios arqueológicos, áreas com
grande riqueza e/ou diversidade de espécies, entre outros fatores, devem
estar situadas em zonas de maior proteção.
• Potencial de visitação - Áreas com potencial para serem visitadas por sua
característica de poderem ser fonte de lazer para visitantes, tendo suas
atividades reguladas de acordo com a categoria de manejo da UC, devem ser
levadas em consideração.
• Potencial para atividades de conscientização ambiental – Áreas específicas na
UC que podem ser utilizadas para fins educativos, como trilhas, estruturas, de
acordo com a categoria de manejo da UC.
• Presença de infraestrutura – Será considerado no zoneamento a presença de
infraestrutura na UC e seus possíveis usos. Ou ainda, a possibilidade de
implantação de infraestrutura para atividades.
• Uso conflitante – Nas unidades de conservação podem ocorrer áreas com
usos de empreendimentos de utilidade pública, para que essas áreas
mantenham seu funcionamento, devem ser enquadradas em zonas
compatíveis com esse uso.
• Presença de população – Áreas com a presença de pessoas residindo no
interior da UC, devem ter uma zona compatível para isso, de acordo com os
objetivos da UC.

• Outros critérios, não elencados, encontrados em cada uma das UCs que
possam afetar o zoneamento.

O enquadramento das áreas da UC nas diversas zonas se deu através de uma


análise multicritério (EASTMAN, 1998), que leva em conta os diversos fatores que são

124
ponderados para determinado uso em um espaço, ajudando a definir que tipo de
zona pode ser implantada em cada área da unidade de conservação. Esta técnica faz
uso de diversos planos de informação e inter-relaciona cada variável para que se
possa verificar em que setor do zoneamento determinado local se enquadra. Para
isso, foram reunidos os dados levantados na fase de caracterização das unidades de
conservação acerca do seu meio físico, antrópico, legislação, oficinas e mapeamentos
e foi realizado o cruzamento dessas informações, tomando-se como base para o
planejamento, o objetivo de manejo para cada zona delimitada na unidade de
conservação visando dar informações precisas das potencialidades que podem ser
aproveitadas, das áreas que necessitam de maior proteção, de possível interesse
científico, entre outras.
Assim, foram definidas para cada zona delimitada, seus objetivos geral e
específico, normas gerais de manejo (permissões, recomendações e proibições de
atividades em determinado local) e suas possibilidades de exploração (turística, entre
outras). Para o Parque Natural Municipal Mata da Chuva foram definidas (IBAMA,
2002):
I - Zona intangível
É aquela onde a primitividade da natureza permanece o mais preservada
possível, não se tolerando quaisquer alterações humanas, representando o mais alto
grau de preservação. Funciona como matriz de repovoamento de outras zonas onde
já são permitidas atividades humanas regulamentadas. Esta zona é dedicada à
proteção integral de ecossistemas, dos recursos genéticos ao monitoramento
ambiental. O objetivo básico do manejo é a preservação, garantindo a evolução
natural. No parque, com 38,75 hectares, estão delimitadas nas áreas “core”, ou áreas
centrais, dos fragmentos florestais identificados como sendo os que apresentam
melhor estado de conservação, a presença de espécies endêmicas ou ameaçadas de
extinção.
II - Zona Primitiva
É aquela onde tenha ocorrido pequena ou mínima intervenção humana,
contendo espécies da flora e da fauna ou fenômenos naturais de grande valor
científico. Deve possuir características de transição entre a Zona Intangível e a Zona
de Uso Extensivo. O objetivo geral do manejo é a preservação do ambiente natural e
ao mesmo tempo facilitar as atividades de pesquisa científica e educação ambiental
permitindo-se formas primitivas de recreação. Esta área abrange a maior parte do
fragmento florestal incluído na área do parque, perfazendo 90,55 hectares. Essa área
abrange porções de fragmentos florestais que se encontram com sinais de
perturbação humana, mantendo porém, um bom estado de conservação e sendo
estratégica para a biodiversidade existente. Essas áreas geralmente estão localizadas
no intermediário entre borda florestal e centro do fragmento florestal, estando
sujeita a impactos relacionados com esta conformação espacial.
III - Zona de Uso Extensivo

125
É aquela constituída em sua maior parte por áreas naturais, podendo
apresentar algumas alterações humanas. Caracteriza-se como uma transição entre a
Zona Primitiva e a Zona de Uso Intensivo. O objetivo do manejo é a manutenção de
um ambiente natural com mínimo impacto humano, apesar de oferecer acesso ao
público com facilidade, para fins educativos e recreativos. Essas zonas perfazem 11,79
hectares e encontram-se localizadas nas áreas onde existe circulação de pessoas,
buscando os diversos atrativos que a área tem a oferecer. Trilhas, áreas de beleza
exuberante, áreas passíveis de instalação de equipamentos turísticos de baixo
impacto, entre outros.
IV - Zona de Recuperação
É zona destinada a atividades de restauração florestal para a manutenção dos
processos ecológicos. Uma vez restaurada essa zona a mesma será incorporada às
Zonas Permanentes. Diversas intervenções de restauração estão previstas para a
essa zona e o objetivo do manejo é retirar os fatores de degradação e restaurar os
processos ecológicos para fins de provimento de serviços ambientais. Nessa zona,
com extensão de 2,2 hectares, estão inclusas áreas em estágio inicial de regeneração
e áreas desnudas que serão destinadas à recuperação.
V - Zona de Ocupação Temporária
São áreas dentro das Unidades de Conservação onde ocorrem concentrações
de populações humanas residentes e as respectivas áreas de uso. Zona provisória,
uma vez sanados os conflitos, será incorporada a uma das zonas permanentes. Perfaz
29,68 hectares.
VI - Zona de Amortecimento
Essa zona foi definida em um raio variável a partir do limite do Parque Natural
Municipal Mata da Chuva, perfazendo 11.817 hectares. O objetivo do manejo dessa
zona é minimizar os impactos negativos das atividades humanas sobre a UC.
O zoneamento está representado na Figura 59, a área de amortecimento na
Figura 60, e o quadro mais à frente consta um resumo das Zonas (Quadro 12).

126
Figura 59. Representação gráfica do zoneamento do Parque Natural Municipal Matas da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

127
Figura 60. Representação gráfica da zona de amortecimento e o zoneamento do Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito,
Pernambuco.

128
Quadro 12. Informações sobre as Zonas do Parque Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

Legenda: A= alto; M= médio; B= baixo.


Critérios de Valores Caracterização geral Principais Usos
Zonas
Zoneamento (A/M/B) Meio físico Meio biótico Conflitos Permitidos
Grau de
As áreas abrangidas
conservação dos Pela baixa
A pela Zona
remanescentes presença de
correspondem a
florestais circulação de
áreas mais altas da
Variabilidade pessoas na área,
A Unidade de
ambiental se configuram Desenvolvimento
Conservação
Representatividade A como as áreas que A existência de indícios de de pesquisa
Zona Intangível apresentando cerca
apresentam o atividades de caça na área. científica;
de 800 metros,
maior grau de
sendo
conservação
Riqueza ou consequentemente
A dentre os
diversidade as que possuem
fragmentos
menor acesso
florestais da UC.
público.
Grau de As áreas Desenvolvimento
conservação dos abrangidas na de pesquisa
A
remanescentes Zona possuem a científica;
As áreas abrangidas
florestais característica de,
na Zona localizam-se
Variabilidade mesmo não Visitação turística
M em locais com
ambiental apresentando um Presença de lixo e indícios guiada;
Zona Primitiva altitude
Representatividade A grau de de atividades de caça.
intermediária,
Riqueza ou conservação tão infraestrutura de
A apresentando cotas
diversidade alto quanto a apoio ao visitante
de até 700 metros.
anterior, (requalificação e
Potencial para
A salvaguardar adequação de
atividades de
ainda grande trilhas e sinalização

129
conscientização biodiversidade. Já vertical de baixo
ambiental possuem impacto).
infraestrutura de
trilhas que
necessitam de
requalificação,
podendo ser
utilizadas de
forma regulada
para atividades de
contemplação e
conscientização
ambiental.
Grau de Área
conservação dos representada pela Visitação turística
B
remanescentes área de guiada;
florestais remanescentes Visitação para fins
Potencial de florestais mais de educação
A
Visitação Situada nas áreas de impactados que ambiental;
menor altitude da compõem a Desenvolvimento
Uso desordenado das
unidade de unidade de de pesquisa
Zona de Uso áreas para retirada de
conservação, essa conservação, bem científica;
Extensivo madeira;
zona compreende como seus Instalação de
Potencial para Presença de lixo.
áreas de florestas atrativos infraestrutura de
atividades de
A em regeneração. turísticos e trilhas, apoio ao visitante
conscientização
apresentando (requalificação e
ambiental
uma vegetação adequação de
com grau de trilhas e sinalização
antropização o vertical).
que afeta seu

130
estado de
conservação.
Grau de Visitação turística
conservação dos guiada;
-
remanescentes Visitação para fins
florestais de educação
Áreas com baixa
Riqueza ou ambiental;
B cobertura
diversidade Desenvolvimento
Situada em áreas florestal,
Potencial para de pesquisa
mais baixas da constando
atividades de científica;
A unidade de principalmente de
conscientização Instalação de
conservação, abriga áreas destinadas
ambiental infraestrutura de
Zona de áreas utilizadas para ao manejo dos Presença de moradias,
apoio ao visitante
Ocupação agricultura, pecuária açudes e atividades agrícolas e
(requalificação e
Temporária e ocorrência de infraestruturas da pecuária.
adequação de
moradias, esta área Unidade de
trilhas, reforma e
possui feições com Conservação, esta
implantação do
um alto grau de área apresenta
Presença de centro de visitantes
A antropização. um baixo estado
infraestrutura e sinalização
de conservação
vertical).
devido ao seu uso.
Necessidade
urgente de
regularização
fundiária.
Grau de Área representa Visitação para fins
conservação dos diversos locais na de educação
B Utilização das áreas para
Zona de remanescentes unidade de ambiental;
fins diversos, retirada de
Recuperação florestais conservação que Desenvolvimento
areia;
Potencial de possuem solo de pesquisa
B
Visitação exposto ou científica.

131
Potencial para B vegetação em
atividades de estágio inicial de
conscientização recuperação.
ambiental
Grau de Área acidentada do O complexo Moradias de baixo
conservação dos município, com a elevado do Bonito impacto e suas
M
remanescentes ocorrência de uma abriga, além do infraestruturas
florestais série de elevações parque, uma série associadas
Potencial de que formam a sua de remanescentes (plantios, linhas de
B
Visitação parte alta. florestais energia elétrica,
caracterizados água e
como Brejos de esgotamento
Altitude, de sanitário,
grande iluminação
importância para pública);
a biodiversidade Retirada de madeira para Instalação de
regional. Esses subsistência/construções; infraestrutura de
Zona de
Remanescentes moradia e de apoio
Amortecimento
possuem estados Conversão de áreas para ao turismo (hotéis,
Potencial para
variados de fins de usos agrícolas. pousadas,
atividades de
B desenvolvimento infraestrutura de
conscientização
e conservação e atrativos),
ambiental
estão inseridos respeitando as
dentro da Zona de regras de
Amortecimento. licenciamento
vigentes para a
área, devendo ser
estudada
cautelosamente a
instalação de
empreendimentos

132
de alto impacto e a
conversão de áreas
florestadas para
usos diversos;
Visitação turística
guiada ou não;
Visitação para fins
de educação
ambiental;
Desenvolvimento
de pesquisa
científica;
Instalação de
infraestrutura de
apoio ao visitante
(requalificação e
adequação de vias
e sinalização
vertical).

133
4.6 Normas gerais da Unidade de Conservação

✓ São proibidas a caça, a pesca, a coleta e a apanha de espécimes da fauna e da


flora, em todas as zonas de manejo, ressalvadas aquelas com finalidades
científicas, desde que autorizadas pelo órgão gestor da área.
✓ São proibidos o ingresso e a permanência na unidade, de pessoas portando
armas, materiais ou instrumentos destinados ao corte, caça, pesca ou a
quaisquer outras atividades prejudiciais à fauna ou à flora, salvo em casos de
forças armadas e forças de segurança estaduais e municipais no exercício de
sua função.
✓ O uso do fogo é estritamente proibido.
✓ Não serão permitidas atividades agrícolas, pecuária e criação de animais
domésticos no interior do limite da Unidade de Conservação. Animais
domésticos poderão transitar quando necessários à execução de serviços na
Unidade.
✓ A fiscalização da unidade deverá ser permanente e sistemática, sob a
competência e responsabilidade municipal, estadual e federal.
✓ A infraestrutura a ser instalada na unidade limitar-se-á àquela necessária para
o seu manejo.
✓ É vedada a construção de quaisquer obras de engenharia que não sejam de
interesse da Unidade ou consideradas de utilidade pública.
✓ As pesquisas a serem realizadas na unidade deverão ser autorizadas pelo
órgão gestor, ouvidos o gestor da unidade e seu Conselho Consultivo, de
acordo com regulamento.
✓ A reintrodução de espécies da flora ou da fauna somente será permitida
quando autorizadas pelo órgão gestor, orientada por projeto ou parecer
específico.
✓ São proibidos o transporte e o consumo de bebida alcoólica, cigarro e outras
drogas no interior da unidade de conservação.
✓ Não será permitido o ingresso e permanência de veículos motorizados nas
dependências da Unidade de Conservação, salvo em situações necessárias a
seu processo de gestão;
✓ Não será permitido o ingresso nas dependências da Unidade de Conservação
de equipamentos que possam gerar poluição sonora, salvo em situações
necessárias a seu processo de gestão;

4.6.1 Normas específicas para as atividades turísticas

✓ O número diário de visitantes deverá ser compatível, através dos estudos de


capacidade de carga das áreas;

134
✓ É proibida a gravação de quaisquer tipos de informação e colocação de placas
nas rochas, vegetação ou trilhas da unidade de conservação, salvo em casos
aprovados pela gestão e pelo conselho gestor;
✓ As atividades turísticas serão permitidas unicamente nas zonas destinadas a
esse fim;
✓ As visitas à unidade de conservação deverão ser realizadas por guias
especializados incluídos no programa de turismo de natureza, salvo em casos
de autorização dada pela gestão do parque;
✓ Todas as atividades de turismo de natureza precisam estar de acordo com o
estabelecido pelo programa destinado a este fim da Unidade de Conservação.

4.7 Planejamento por áreas de atuação


A seguir constam descritos os principais programas a serem desenvolvidos no
Parque Natural Municipal Mata da Chuva em função de sua vocação e da construção
participativa junto aos diversos segmentos da sociedade:

135
GESTÃO AMBIENTAL, FISCALIZAÇÃO E ENFRENTAMENTO ÀS
PROGRAMA
MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Objetivo Ações Parceiros
1 - Criação de uma rotina de fiscalização
eficiente na área, que seja
interinstitucional, inserindo a população,
secretaria de meio ambiente e órgãos de
policiamento;
2 - Promover a manutenção da prestação
dos Serviços Ambientais pela Unidade de
Conservação
Assegurar a
proteção de 3 - Elaboração do plano de
ecossistemas e a monitoramento semestral do CIPOMA, Sabiá da
manutenção dos cumprimento dos programas Mata, Comunidades do
serviços ambientais entorno da Mata da
prestados à
4 - Elaboração de um calendário anual de Chuva, Prefeitura
população e seu reuniões do conselho gestor em conjunto municipal do Bonito,
correto manejo por com as reuniões do Conselho Municipal CPRH, Conselho
meio de ações de de Defesa do Meio Ambiente Gestor, Iniciativa
fiscalização e Privada.
5 - Elaboração de soluções de adaptação
manutenção dos
ecossistemas visando cenários de mudanças climáticas,
com vistas a reduzir as vulnerabilidades
na área do Parque Natural Municipal
Mata da Chuva e entorno
6 - Realizar capacitação nas temáticas de
Adaptação Baseada em Ecossistemas,
ferramentas de geoinformação e
biodiversidade para os gestores, conselho
gestor e parceiros do Parque

PROGRAMA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA


Objetivo Ações Parceiros
1 - Realizar diagnóstico fundiário da área
Verificar e
do Parque Natural Municipal Mata da
cadastrar as
Chuva, visando verificar a titularidade das Prefeitura Municipal do
famílias que
terras à que pertence. Bonito, INCRA, CPRH,
residem no
Posseiros da área do
interior do Parque
2 - Realizar diagnóstico fundiário das Interior da UC,
Natural Municipal
famílias que residem e fazem uso da área Conselho Gestor,
Mata da Chuva,
do Parque Natural Municipal Mata da MPPE.
visando verificar
Chuva,
sua situação

136
fundiária e
encaminhamentos
acerca da
titularidade das 3 - Elaborar estratégias de atuação com
propriedades as famílias e situações irregulares
verificadas no interior do Parque Natural
Municipal Mata da Chuva

PROGRAMA RESTAURAÇÃO FLORESTAL


Objetivo Ações Parceiros
Recuperar áreas 1 - Desocupação gradativa das áreas INCRA, CPRH,
degradas no ocupadas com usos irregulares no interior Prefeitura Municipal do
entorno e interior da UC Bonito, Cepan,
do Parque Natural Comunidades do
Municipal Matas entorno da UC,
2 - Elaboração de um plano de
da Chuva Conselho Gestor.
recuperação de áreas degradadas (PRAD)
utilizando todo o
visando a restauração de áreas com usos
potencial da
irregulares na UC
cadeia produtiva
da restauração
para a
incorporação das
áreas degradadas
a zonas da UC. 3 - Prospecção e estímulo a atividades de
Esse programa viveirismo florestal no entorno da UC,
pretende visando a inclusão da população local na
desenvolver execução da recuperação das áreas
atividades que
4 - Capacitação nas temáticas de
fortaleçam o
restauração florestal e adequação
estabelecimento
ambiental para os gestores, conselho
de um mercado
gestor e parceiros na gestão da UC
florestal de
espécies nativas
para atividades de
restauração, e
que, envolvam
pequenos
agricultores do
entorno do
Parque nessas
atividades.

137
PROGRAMA APOIO À PESQUISA CIENTÍFICA
Objetivo Ações Parceiros
Esse Programa 1 - Elaboração de uma rotina de registro
Temático tem por dos projetos de pesquisa executados na
objetivo Unidade de Conservação ou em sua Zona
desenvolver de Amortecimento
projetos de 2 - Implantação de infraestrutura para UFPE, UPE, UFRPE,
pesquisa que pernoite de pesquisadores na área IFPE, Prefeitura
fortaleçam o valor Municipal do Bonito,
de conservação e Instituições privadas de
apresentem ensino, Câmara dos
soluções de 3 - Realização de parcerias com Vereadores do
gestão dos instituições públicas e privadas de ensino, Município do Bonito,
recursos naturais visando a realização de pesquisas que Instituto Agronômico
para auxiliar a atendam os objetivos da Unidade de de Pernambuco
implementação do Conservação
Parque Natural
Municipal Mata da
Chuva

PROGRAMA PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS


Objetivo Ações Parceiros
O programa tem
por objetivo 1 - Realização de estudo de
fortalecer o potencialidades para estratégias de PSA
capital natural no interior da Unidade de Conservação
presente no
Parque Natural
Municipal Mata da
2 - Realização de diagnósticos e
Chuva de forma a UFPE, IFPE, UFRPE,
quantificação dos diferentes serviços
desenvolver Cepan, Prefeitura
ambientais gerados pela UC
oportunidades de Municipal do Bonito,
captação de SEMAS/PE, CPRH,
recursos Conselho Gestor
financeiros
utilizando fundos 3 - Mapeamento de beneficiados e
e políticas públicas stakeholders para implementação de
existentes quanto programas de PSA
estabelecendo
parcerias como a
iniciativa privada.

138
PROGRAMA PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Objetivo Ações Parceiros
1 - Criação de uma rotina de realização Cepan, Prefeitura
Desenvolver de atividades de Educação Ambiental na Municipal do Bonito,
atividades área, vinculado ao calendário ambiental ONG Sabiá da Mata,
educacionais e de do município CPRH, UFPE, UPE, IFPE,
sensibilização que UFRPE, Instituto
aproximem os Agronômico de
diversos 2 - Articulação de parcerias para a Pernambuco, Associação
segmentos da realização de visitações guiadas por Comercial do Bonito,
sociedade ao parte das escolas locais na área Associações de
Parque Natural agricultores do entorno
Municipal Mata da da UC (Mucuri,
Chuva de forma a Bananeira do Sul e
criar um Rodeador, Guaretama,
3 - Buscar financiamento para a
sentimento de Riacho Escuro, Sítio
elaboração e colocação de placas
pertencimento das Luzia, Associação de
educativas na área da UC e entorno
pessoas junto a Condutores
UC. Credenciados de
Turismo do Bonito).

PROGRAMA PROGRAMA DE TURISMO DE NATUREZA


Objetivo Ações Parceiros
Potencializar as
atividades de 1 - Elaboração do Plano de Comunicação
turismo de da Unidade de Conservação
natureza no
Parque Natural
Municipal Mata da 2 - Realização de capacitações em Conselho Gestor do
Chuva de forma a ecoturismo e turismo sustentável para Parque, Prefeitura
criar uma nova os guias e condutores do Parque, bem Municipal do Bonito,
fonte de recursos como para a equipe gestora CPRH, Associação de
financeiros para a guias e condutores,
gestão da UC 3 - Instalação de sinalização para Trade turístico local.
quanto de ampliar utilização do Parque com segurança
a divulgação da
4 - Criação de rede de parcerias para
importância do
divulgação da UC
Parque para a
região.

Por último, vale deixar claro que todos os programas descritos acima possuem
um caráter de atuar em sinergia com atividades econômicas que estão em
andamento no entorno do Parque Natural Municipal Mata da Chuva de forma a
diminuírem o impacto ambiental e aos recursos naturais protegidos pela UC.

139
4.8 Enquadramento das áreas de atuação por programas temáticos
No interior e entorno da unidade de conservação, foram apontadas pela
população e identificadas nos estudos desenvolvidos ao logo da elaboração do plano
de manejo, as áreas estratégicas da UC. Essas áreas são divididas em (IBAMA, 2002):
✓ Áreas Estratégicas Internas – AEI  São áreas relevantes para o
manejo e o alcance dos objetivos de criação da UC, com identidade
fundamentada em condições ecológicas peculiares e/ou vocação para
atividades específicas, para as quais serão direcionadas estratégias
visando reverter ou otimizar as forças/fraquezas da UC.
✓ Áreas Estratégicas Externas – AEE  São áreas relevantes para
interação de UC com sua região, especialmente sua zona de
amortecimento, que apresentam situações específicas
(ameaças/oportunidades) para as quais serão direcionadas estratégias
visando reverter ou otimizar o quadro.

Dessa forma, foram definidas estratégias de atuação para cada uma das áreas
estratégicas identificadas.

ÁREAS ESTRATÉGICAS INTERNAS

Para o Parque Natural Municipal Mata da Chuva, foram identificadas duas


Áreas Estratégicas Internas, sendo elas:

1 – TRILHAS DO PARQUE
O parque possui uma série de trilhas que se mostram um potencial para a
execução de atividades educativas e recreativas na área. Essas áreas quando
inseridas na zona de uso extensivo e primitiva, permitem sua utilização por parte dos
visitantes da área. A condição de acessibilidade das trilhas nos dias atuais não é
adequada, uma vez que estas possuem acentuados aclives e declives, bem como
áreas de difícil acesso. O solo é de terra batida, sendo intercalado com áreas de
vegetação semifechada, dificultando a passagem das pessoas com mobilidade
reduzida.
Resultados esperados:
o Requalificação de trilhas para utilização e promoção da acessibilidade;
o Trilhas e demais atrativos da unidade de conservação como atrativos à
visitação pública com diversas finalidades.
Indicadores:
o Número de trilhas requalificadas;
o Número de visitantes à unidade de conservação.
Atividades:

140
1. Elaboração de projeto de requalificação de trilhas.
1.1 Elaboração de projetos específicos para cada uma das trilhas identificadas
1.2 Execução dos projetos elaborados.

2 – REMANESCENTES DE FLORESTA QUE COMPÕEM O PARQUE


O parque possui 140,11 hectares de remanescente de floresta, onde foram
identificadas espécies de relevância para o cenário regional. Dessa forma, são
necessárias estratégias para sua proteção.
Resultados esperados:
o Diminuição de impactos existentes nos remanescentes florestais do parque e
entorno, provocados pelas visitas de forma desregulada.
o Diminuição de impactos provocados por queimadas na uc e entorno
Indicadores:
o Quantidade de lixo presente nas áreas florestadas do parque e entorno;
o Evolução do estado de conservação da floresta;
o Ocorrência de queimadas.
Atividades:
1. Regramento das visitas ao interior do parque, conforme o plano de manejo
1.1 Capacitação de condutores para guiar as visitas ao interior da UC;
1.2 Promoção de um programa de comunicação para atrair visitantes ao
parque.
2. Instalação de infraestrutura educativa acerca da UC
2.1 Instalação de lixeiras no interior do parque;
2.2 Instalação de sinalização educativa, orientando as regras de utilização do
parque e o descarte correto de materiais.
3. Atividades de conscientização dos moradores do entorno quanto ao uso do fogo e
pecuária nos limites da UC
3.1 Instalação de uma rotina de fiscalização.

ÁREAS ESTRATÉGICAS EXTERNAS

Para o Parque Natural Municipal Mata da Chuva, foram identificadas duas


Áreas Estratégicas Externas, sendo elas:
1 – HOTEL REFÚGIO DO RIO BONITO
O hotel funciona como um ponto de atração de pessoas para a área de
entorno do parque, sendo um dos mais procurados pelos visitantes do local,
localizando-se próximo ao limite norte da unidade de conservação, tendo seu acesso
realizado através da estrada do Mucuri.

141
Resultados esperados:
o Programa de atração de pessoas que vão ao hotel para conhecerem também
o parque.
Indicadores:
o Quantidade de visitantes da área após a aplicação das atividades.
Atividades:
1. Elaboração de projetos de melhoria das trilhas e de infraestrutura para a unidade
de conservação;
1.1 Execução dos projetos de melhoria das trilhas;
1.2 Execução dos projetos de implementação de infraestrutura na área do
parque, contemplando os mirantes.
2. Elaboração de projetos de sinalização de atrativos para a área do parque
2.1 Execução dos projetos de sinalização de atrativos para a área do parque e
entorno.

2 – VILA DO MUCURI
Vila existente no entorno do Parque.
Resultados esperados:
o Conscientização dos moradores da vila em relação aos regramentos da UC
visando diminuir conflitos e gerar o reconhecimento da comunidade para o
parque.
Indicadores:
o Número de pessoas conscientizadas.
Atividades:
1.Elaboração dos projetos de sinalização para o entorno da unidade de conservação.
1.1 Execução dos projetos de sinalização para o entorno da unidade de
conservação, prevendo placas no anfiteatro indicando a existência do parque e seus
atrativos, bem como as distâncias.
1.2 Execução de atividades lúdicas e educativas com os moradores da vila para
integrá-los ao Parque.

3 – CACHOEIRAS DO MUNICÍPIO
O município do Bonito é conhecido regionalmente pelas suas cachoeiras que
atraem muitos turistas à visitação todos os anos. Ao longo do curso do rio Verdinho
existem cerca de 8 cachoeiras e 2 campings que constituem atrativos para a área.
Resultados esperados:
o Programa de atração de pessoas que vão às cachoeiras para conhecerem
também o Parque.
Indicadores:
Quantidade de visitantes da área após a aplicação das atividades;
Atividades:

142
1. Elaboração de projetos de melhoria das trilhas e de infraestrutura para a unidade
de conservação
1.1 Execução dos projetos de melhoria das trilhas;
1.2 Execução dos projetos de implementação de infraestrutura na área do
parque, contemplando áreas de visitação.
2. Elaboração de projetos de sinalização de atrativos para a área do parque
2.1 Execução dos projetos de sinalização de atrativos para a área do parque e
entorno.

143
CAPÍTULO 5 – MONITORIA E AVALIAÇÃO

Esse Capítulo tem por objetivo fornecer diretrizes de monitoria e avaliação


para que se constitua em um instrumento, que assegurem a interação entre o
planejamento e a execução, possibilitando a correção de desvios e a
retroalimentação permanente de todo o processo de planejamento, de acordo com
a experiência vivenciada coma execução do Plano de Manejo Natural Municipal Mata
da Chuva.
A diferença entre Monitoria e Avaliação estão representadas na Figura a
seguir (Figura 61):

Figura 61. Diferença entre Monitoria e Avaliação de um Plano de Manejo do Parque Natural
Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

É indicado realizar a monitoria e avaliação em três momentos, e para cada um


deles há um quadro para auxiliar no acompanhamento. Seguem:

1º Monitoria e Avaliação Anual da Implementação do Plano de Manejo


Recomendações:
✓ Para facilitar o processo de avaliação, indica-se utilizar o formulário disponível
no Quadro 13, com a periodicidade anual;

144
✓ Preenchê-lo para as ações gerenciais gerais e as áreas estratégicas
individualmente;
✓ Sempre preencher com a indicação das ações previstas no cronograma físico-
financeiro para o ano;
✓ Ações parcialmente ou não realizadas deverão ser justificadas e/ou planejadas
novamente, quando for o caso.

Quadro 13. Formulário de Monitoria e Avaliação Anual da Implementação do Plano de Manejo


do Parque Natural Municipal Mata da Chuva, Bonito, Pernambuco.

Estágios de
Ações implementação Justificativas Reprogramação
R PR NR

R – Realizada; PR – Parcialmente Realizada; NR – Não Realizada.

2º Monitoria e Avaliação da Efetividade do planejamento


Recomendações:
✓ Ser realizada no meio do período de vigência do plano de manejo e outra vez
no final do mesmo;
✓ Caso avalie-se que o planejamento não está se mostrando eficaz, deve-se
indicar as ações para correção;
✓ Para facilitar o processo de avaliação, indica-se utilizar o formulário disponível
no Quadro 14.

Quadro 14. Formulário de Monitoria e Avaliação da Efetividade do Planejamento do Parque


Natural Municipal Mata da Chuva, município do Bonito, Pernambuco.

Resultados Fontes de Resultados


Indicadores
esperados verificação alcançados

3º Avaliação da Efetividade do Zoneamento


Recomendações:
✓ Indica-se realizá-la ao final do período de validade do Plano de Manejo, no
intuito de serem sugeridas adequações relacionadas com o zoneamento da
UC na atualização do Plano;
✓ Para facilitar o processo de avaliação, indica-se utilizar o formulário disponível
no Quadro 15;
145
✓ Em caso de identificação de readequação nas zonas, deverá ser justificada e
embasada, utilizando-se de evidências e pesquisas na área.

Quadro 15. Formulário de Avaliação da Efetividade do Zoneamento do Parque Natural


Municipal Mata da Chuva, Bonito, Pernambuco.

Área/Zona:
Critérios de Estado inicial Estado atual
Zoneamento A M B A M B

Observações:

A – Alto; M – Médio; B – Baixo.

146
REFERÊNCIAS

ANDRADE, Gilberto Osório de; LINS, Rachel Caldas. Introdução ao Estudo dos Brejos
Pernambucanos. Revista de Geografia. Recife: UFPE/DCG-NAPA, v. 16, n. 2, jun/dez, p.5-25,
2000.

ANDRADE, Gilberto Osório de; LINS, Rachel Caldas. Os Climas do Nordeste. Revista de
Geografia. Recife: UFPE/DCG-NAPA, v. 17, n. 1, jan/jun, p.3-32, 2001.

ANDRADE-LIMA, D. 1966. Esboço fitoecológico de alguns “brejos” de Pernambuco. Boletim


Técnico. Instituto de Pesquisas Agronômicas de Pernambuco, v. 8, p. 3-9.

ANDRADE-LIMA, D. 1982. Present day forest refuges in Northeastern Brazil. Pp. 245-254, in:
PRANCE, G.T. (ed.). Biological Diversification in the Tropics. Columbia University Press, New
York.

BECKER, M.; DALPONTE, J. C. 1991. Rastros de mamíferos silvestres brasileiros: um guia de


campo. 2° ed. Brasília: Universidade de Brasília.

BELIZÁRIO, W. S. Impactos ambientais decorrentes da expansão urbana no córrego pipa


em Aparecida de Goiânia, Goiás. Revista Mirante, Anápolis (GO), v. 7, n. 2, 2014.

BISSOLI, L. B.; SOUZA, M. M.; ROPER, J. J. Espécies da família Tyrannidae partilham espaço
de forrageio em um fragmento de Mata Atlântica, Brasil ? Nature line, v. 12, p. 235–239,
2014.

BONITO. Plano Diretor Participativo e Saudável: Município do Bonito. Bonito, 2006.

BONITO. Site da prefeitura do município do Bonito. Disponível: <http://bonitope.com/site/ >


Acesso em setembro de 2016.

BORGES, P.A.L.; TOMÁS, W.M. 2004. Guia de rastros e outros vestígios de mamíferos do
pantanal. Embrapa Pantanal, Corumbá, 148 p.

BRANCALION, P. H. S. et al. Principais iniciativas de restauração florestal na Mata Atlântica,


apresentadas sob a ótica da evolução dos conceitos e dos métodos aplicados - Fase 2. In:
RODRIGUES, R. R.; BRANCALION, P. H. S.; ISERNHAGEN, I. (Ed.). Pacto pela restauração da
Mata Atlântica: referencial dos conceitos e ações de restauração florestal. São Paulo: LERF/
ESALQ, Instituto BioAtlântica, 2009. cap.1, p. 14 -23.

BURGOS, K.; CINTRA, D. Bonito Pernambuco: História ecologia. Ed. Cepe, v 1. Pernambuco.
2010. 241 p.

BUSH, M. B.; FLENLEY, J. R. Tropical rainforest responses to climatic change. New York: Ed.
Springer Berlin Heidelberg, 2007. 393 p.

CABRAL, F. J., Desertores, desempregados e outros elementos perigosos na “cidade do


paraíso terreal”. A rebelião sebastianista na serra do rodeador (Pernambuco, primeira

147
metade do século XIX). Revista História & Perspectivas, Uberlândia, (29 e 30) : 7-31, Jul./Dez.
2003/Jan./Jun. 2004

CÂMARA, I. G. Brief history of conservation in the Atlantic forest. In: GALINDO-LEAL, C.;
CÂMARA, I. G. The Atlantic Forest of South America: biodiversity status, threats, and
outlook. Washington. D.C.: Center for Applied Biodiversity Science; Ed. Island Press, 2003, p.
31-42.

CARVALHO, Otamar [Et al]. Plano integrado para o combate preventivo aos efeitos das
secas no Nordeste. Brasília: Ministério do Interior, 1973.

CHADA, S. S.; CAMPELLO, E. F. C.; FARIA, S. M. Sucessão vegetal em uma encosta


reflorestada com leguminosas arbóreas em Angra do Reis, RJ. Revista Árvore, Viçosa, v. 28,
n. 6, p. 801-809, 2004.

CONSERVATION INTERNATIONAL - Sociedade Nordestina de Ecologia. Biodiversitas. Mapa


de áreas prioritárias para a conservação da Mata Atlântica do Nordeste. Recife, 1993.

EMBRAPA SOLOS. Levantamento de reconhecimento de baixa e média intensidade dos


solos do Estado de Pernambuco. Rio de Janeiro, 2000.

EMBRAPA SOLOS. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 2.ed. Rio de Janeiro, 2006.

EMBRAPA SOLOS. ZAPE Digital. Zoneamento Agroecológico do Estado de Pernambuco.


Recife, 2001. CD-ROM. (Embrapa Solos. Documentos, 35).

EMBRAPA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Sistemas Agroflorestais (SAFs).


Disponível em: <https://www.embrapa.br/busca-de-produtos-processos-e-servicos/-
/produto-servico/112/sistemas-agroflorestais-safs> Acesso em outubro de 2016.

FARIAS, G. B.; PEREIRA, G. A.; DANTAS, S. M.; VASCONCELOS, E. T. S.; BURGOS, K.; BRITO,
M. T.; PACHECO, G. L.; GUIMARÃES, E. Aves observadas no município do Bonito,
Pernambuco, Brasil. Disponível em: http://www.ao.com.br/download/AO150_41.pdf. Acesso
em: 30 Abr 2016. 2016.

FERREIRA, A.G.; MELLO, N.G.S. Principais sistemas atmosféricos atuantes sobre a região
Nordeste do Brasil e a influência dos oceanos Pacífico e Atlântico no clima da região.
Revista Brasileira de Climatologia, v.1, n.1, p 15-28, 2005.

GASPAR, Lúcia. Sebastianismo no Nordeste Brasileiro. Disponível em:<


http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&
id=419&Itemid=1> Acesso em outubro de 2016.

GOMES, Hermanilton Azevedo et al. Geologia e recursos minerais do estado de


Pernambuco. Recife: CPRM; AD-DIPER, 2001. (Programa Levantamentos Geológicos Básicos
do Brasil - PLGB; Projeto de Mapeamento Geológico/Metalogenético Sistemático)

HASTENRATH, S. Climate and circulation of the tropics. Dordrecht: D. Reidel, p. 455, 1985.

HASUI, Y. et. al. Geologia do Brasil. São Paulo: Beca, 2012.

148
HORA, Juliano. O último que chegar a Bonito é mulher do padre. Disponível em:<
http://acidadeeahistoria.blogspot.com.br/2013/07/o-ultimo-que-chegar-bonito-e-mulher-
do.html >. Acesso set. 2016.

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Agropecuário. Rio de Janeiro,


2006.

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico, Dados do Universo.


Rio de Janeiro, 2010.

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estatísticas do Cadastro Central de


Empresas, 2014.

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE Cidades@ – Bonito. Disponível em:
<http://cod.ibge.gov.br/q3a> Acesso em setembro de 2016.

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Noções Básicas de Cartografia. Rio de


Janeiro, 1999.

IBGE. 1985. Atlas nacional do Brasil: região Nordeste. IBGE, Rio de Janeiro.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual técnico de pedologia. Rio de


Janeiro, 2007. (Manuais Técnicos em Geociências, 4).

INCRA, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Informações gerais sobre os


assentamentos da Reforma Agrária. Disponível em:<
http://painel.incra.gov.br/sistemas/index.php> Acesso em outubro de 2016.

INTERNATIONAL UNION FOR CONSERVATION OF NATURE AND NATURAL RESOURCES.


Red list. Disponível em: http://www.iucnredlist.org/details, acesso em 21/05/2016.

JATOBÁ. L. Relevo. In: ANDRADE, M. C. O. Atlas Escolar Pernambuco. João Pessoa: Grafset,
2003.

JORNAL DE CARUARU. Barragem do Prata está com 62% da sua capacidade e Jucazinho só
dura mais noventa dias. Caruaru, 04 de fevereiro de 2016. Disponível em:<
http://www.jornaldecaruaru.com.br/2016/02/barragem-do-prata-esta-com-62-da-sua-
capacidade-e-jucazinho-so-dura-mais-noventa-dias/> Acesso em outubro de 2016.

KOUSKY, V.E. Frontal influences on northeast Brasil. Mon. Wea. Rev., v. 108, n. 9, p. 1140-
1153, 1979.

KOUSKY, V.E.; GAN, M.A. Upper Tropospheric Cyclone Vortices in the Tropical South
Atlantic. Tellus, v. 33, 538-551, 1981.

LEÃO, T.C.C.; ALMEIDA, W.R.; DECHOUM, M.; ZILLER, S.R. Espécies Exóticas Invasoras no
Nordeste do Brasil: Contextualização, Manejo e Políticas Públicas, Recife: CEPAN, 2011.

LINS, R.C. 1989. As áreas de exceção do agreste de Pernambuco. Sudene, Recife.

149
MACHADO, C.C.C; NÓBREGA, R.S.; OLIVEIRA, T.H.; ALVES, K.M.A.S. Distúrbio ondulatório de
leste como condicionante a eventos extremos de precipitação em Pernambuco. Revista
Brasileira de Climatologia, Vol., 11, jul/dez, p. 146-188, 2012.

MANTOVANI, W. Delimitação do bioma mata atlântica: implicações legais e


conservacionistas. In: SALES, V. C. Ecossistemas brasileiros: manejo e conservação.
Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2003. cap.6, p. 287 - 298.

MARANGON, G. P. et al. Dispersão de sementes de uma comunidade arbórea em um

MITTERMEIER, R.A. et al. Hotspots revisited: earth's biologically richest and most
endangered terrestrial ecoregions. 2. ed. Boston: University of Chicago Press, 2005.

MOLION, L.C.; BERNARDO, S. O. Uma revisão da Dinâmica das chuvas no Nordeste


brasileiro. Revista Brasileira de Meteorologia, v. 17, n.1, 1-10, 2002.

MOURA, A.D.; SHUKLA, J. On the Dynamics of Droughts in Northeast Brazil: Observations,


Theory and Numerical Experiments with a General Circulation Model. Journal of the
Atmospheric Science, v. 38, n. 12, p. 2653-2675. 1981.

MYERS, N. R. A. et al. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, New York,
USA, n. 403, p. 853-845, 2000.

Nascimento, H. E. M. & Laurance, W. F. 2006. Efeitos de área e de borda sobre a estrutura


florestal em fragmentos de floresta de terra - firme após 13 - 17 anos de isolamento. Acta
Amazonica, v. 36, n.2, p. 183-192.

NÓBREGA, R.S.; SANTIAGO, G.A. Tendência de temperatura na superfície do mar nos


oceanos Atlântico e Pacífico e a variabilidade de precipitação em Pernambuco. Mercator, v.
13, n. 1, p. 107-118, jan./abr. 2014.

OLIVEIRA, Cêurio de. Dicionário Cartográfico. 4. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 1993.

OLIVEIRA, J.B. de; JACOMINE, P.K.T.; CAMARGO, M.N. Classes gerais de solos do Brasil: guia
auxiliar para seu reconhecimento. Jaboticabal-SP: FUNEP, 1992.

PAC, Plano de Aceleração de Crescimento. Obras do PAC por município: Bonito. Disponível
em: <http://www.pac.gov.br/> Acesso em outubro de 2016.

PEREIRA, A. C. S.; SIEGLOCK, A. M.; MARCHIORI, J. N. Anatomia do lenho de Mimosa


micropteris Benth. Bulduínia. Santa Maria, n. 40, p. 18-22, 2013.

PEREIRA, G. A. Aves da Fazenda Morim, São José da Coroa Grande, Pernambuco, Brasil.
Relatório Técnico. Recife: Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste, 2009.

PERNAMBUCO. Atlas de bacias hidrográficas de Pernambuco. Recife: Secretaria de Ciência,


Tecnologia e Meio Ambiente, 2006.

PERNAMBUCO. Plano estadual de recursos hídricos. Recife: Secretaria de Ciências,


Tecnologia e Meio Ambiente, 1998.

150
PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Atlas do desenvolvimento
humano no Brasil: Bonito, PE. Disponível em: <
http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/perfil_m/bonito_pe>. Acesso em outubro de 2016.

PORTO, K. C.; CABRAL, J .J. P; TABARELLI, M. Brejos de Altitude em Pernambuco e Paraíba,


História Natural, Ecologia e Conservação. Ministério do Meio Ambiente, Brasília (série
Biodiversidade, n. 9), 2004.

remanescente de Mata Atlântica, município do Bonito, PE. Revista Verde, Mossoró-RN, v.5,
n.5, p. 80 – 87. 2010.

RIBEIRO, M.C., METZGER, J.P., MARTENSEN, A.C., PONZONI, F., HIROTA, M.M., 2009.
Brazilian Atlantic forest: how much is left and how is the remaining forest distributed?
Implications for conservation. Biological Conservation, v. 142, n. 1141–1153.

RIBEIRO, M.C., METZGER, J.P., MARTENSEN, A.C., PONZONI, F., HIROTA, M.M., 2009.
Brazilian Atlantic forest: how much is left and how is the remaining forest distributed?
Implications for conservation. Biological Conservation, v. 142, n. 1141–1153.

RODAL, M. J. N.; LINS-e-SILVA, A. C. B.; PESSOA, L. M; CAVALCANTI, A. D. C. 2005.


Vegetação e flora fanerogâmica da área de Betânia, Pernambuco. In: Araújo, F. S.; Rodal, M.
J. N.; Barbosa, M. R. V. (orgs.). Análise das variações da biodiversidade do bioma Caatinga:
suporte a estratégias regionais de conservação. Ministério do Meio Ambiente, Brasília. Pp.
141-168.

RODAL, M.J.N. Florestas serranas de Pernambuco: Localização e conservação dos


remanescentes de brejos de altitude. Recife: Imprensa Universitária, UFPE, 1998. 25p.

SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. Editora Oficina de


textos, 326 P. 2006.

SANTIAGO, A. C. P.; SOUSA, M. A.; SANTANA, E. V.; BARROS, I. C. L. Samambaias e licófitas


da Mata do Buraquinho, Paraíba, Brasil. Biotemas, V. 27, N.2, P. 9 - 18, 2014.

SANTOS, R. D. et al. Manual de descrição e coleta de solo no campo. 5 ed. Viçosa/MG:


Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2005.

SETUR/ PRODETUR NACIONAL. Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo


Sustentável – PDITS Polo Agreste. Recife, 2014.

SILVA, V.P. Distúrbios Ondulatórios de Leste: estudo de casos que afetaram a costa leste do
NEB, 2010. Dissertação (Mestrado em Meteorologia) – Centro de Tecnologia e Recursos
Naturais Unidade Acadêmica de Ciências Atmosféricas, Universidade Federal de Campina
Grande, Campina Grande, 2010. 77p.

SOARES, Marcelo. Bacamarte em Pernambuco. Disponível em: http://bacamarte


empernambuco.blogspot.com.br/2013/07/festa-em-bonito-reune-multidao-de.html. Acesso
set. 2016.

151
SOBREVILLA, C.; BATH, P. 1992. Evaluación ecológica rápida: un manual para usuarios de
América Latina y el Caribe. Washington, The Nature Conservancy.

SOUZA, L. R. T. Chrysocyon brachyurus – Ecologia e Comportamento do Lobo-guará.


Faculdade de Ciências da Saúde do Centro Universitário de Brasília, monografia
(Licenciatura em Ciências Biológicas), Brasília, 2000.

SOUZA, M. A. N.; LANGGUTH, A.; GIMENEZ, E. A. Mamíferos dos Brejos de Altitude Paraíba e
Pernambuco. Brasília, DF. 2004. 229-254 p. In: PORTO, K. C.; CABRAL, J. J. P.; TABARELLI, M.
Brejos de altitude em Pernambuco e Paraíba: História natural, ecologia e conservação.
Brasília, DF. 2004. 324 p.

SOUZA, M. A. N.; LANGGUTH, A.; GIMENEZ, E. A. Mamíferos dos Brejos de Altitude Paraíba e
Pernambuco. Brasília, DF. 2004. 229-254 p. In: PORTO, K. C.; CABRAL, J. J. P.; TABARELLI, M.
Brejos de altitude em Pernambuco e Paraíba: História natural, ecologia e conservação.
Brasília, DF. 2004. 324 p.

TABARELLI, M.; PERES, C. A. Abiotic and vertebrate seed dispersal in brazilian atlantic
forest: implications for forest regeneration. Biological Conservation, [S.I.], v. 106, n. 2, p.
165-176, 2002.

TORRES, F. S. M.; PFALTZGRAFF, P. A. S.. Geodiversidade do estado de Pernambuco. Recife:


CPRM, 2014. 282 p + DVD-ROM (Programa Geologia do Brasil. Levantamento da
Geodiversidade).

VELOSO, H.P., RANGEL FILHO, A.L.R. & LIMA, J.C.A. 1991. Classificação da vegetação
brasileira, adaptada a um sistema universal. IBGE, Rio de Janeiro.

152
ANEXOS

Lei de Criação da unidade de conservação

Lei de recategorização da unidade de conservação

Lei Criação do Conselho Gestor do Parque Natural Municipal Mata da Chuva

153
✓ Lei de Criação da unidade de conservação

PREFEITURA MUNICIPAL DO BONITO

LEI nº 936/2011

EMENTA: Cria Unidades de Conservação


“Monumento Natural Municipal Pedra da Rosária” e
a Reserva Biológica Mata da Chuva”, no Município
do Bonito e dá outras providências.

Faço saber que a Câmara de Vereadores aprovou e eu SANCIONO a seguinte Lei:

Art. 1º - Fica criado o “Monumento Natural Municipal Orquidário Pedra da Rosária” com
52,8016 ha e a “Reserva Biológica Municipal Mata da Chuva” com 174,4184 ha,
totalizando uma área de 225,22 ha (duzentos e vinte e cinco vírgula vinte e dois hectares),
conforme memorial descrito e delimitação geográfica constantes do anexo único desta
lei.

Art. 2º - Entende-se por Unidade de Conservação o espaço territorial e seus recursos


ambientais com características naturais relevantes legalmente instituídos pelo Poder
Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de
administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.

Art. 3º - As Unidades de Conservação tem os seguintes objetivos:

I – Contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no


município;

II – Contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas


naturais encontrados no município;
III – Promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no
processo de desenvolvimento no município;

IV – Proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica encontrados


no município;

V – Proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica,


espeleológica, histórica e cultural encontrados no município;

VI – Proteger as espécies endêmicas, raras e ameaçadas de extinção encontradas no


município;

154
VII – Proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos encontrados no município;

VIII – A visitação pública está sujeita às condições e restrições estabelecidas no Plano de


Manejo da unidade, às normas estabelecidas pela administração municipal;

Capítulo I - Do “Monumento Natural Municipal da Pedra da Rosária”

Art. 4º - O “Monumento Natural Municipal Pedra da Rosária” tem como objetivo básico
preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica.

§ 1º - O Monumento Natural pode ser constituído por áreas particulares desde que seja
possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos
naturais do local pelos proprietários.

§ 2º - Para viabilizar a gestão da unidade poderá ser estabelecida parceria entre órgão
gestor e o proprietário da terra.

§ 3º - Havendo incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas ou


não havendo aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão gestor da
unidade para a coexistência do Monumento Natural com o uso da propriedade, a área
deve ser desapropriada, de acordo com o disposto em lei.

§ 4º - A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de


Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão gestor, e aquelas previstas em
regulamento.

Capítulo II - Da “Reserva Biológica Municipal Mata da Chuva”

Art. 5º - A “Reserva Biológica Municipal Mata da Chuva” tem como objetivo a


preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem
interferência humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de
recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para
recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos
ecológicos naturais.

Parágrafo Único - É proibida a visitação pública, exceto aquela com objetivo educacional,
de acordo com regulamento específico.

Gabinete do Prefeito, em 22 de novembro de 2011.

RUY BARBOSA
Prefeito

155
✓ Lei de recategorização da unidade de conservação

GABINETE DO PREFEITO

LEI Nº 1.098/2016

EMENTA: Altera a Lei Municipal nº 936/2011.

O PREFEITO DO MUNICÍPIO DO BONITO, Estado de Pernambuco, no uso de suas


atribuições legais e de conformidade com a Lei Orgânica, Capítulo II, artigo 44. Inciso II.

Faço saber que a Câmara Municipal do Bonito, aprovou e eu SANCIONO a seguinte Lei:

Art. 1º - Ficam alterados a Ementa, o artigo 1º e o Capítulo II da Lei Municipal nº 936/2011,


que passará a ter a seguinte redação:
EMENTA : Cria Unidades de Conservação “Monumento Natural Municipal Orquidário
Pedra da Rosária” e “Parque Natural Municipal Mata da Chuva”.

“Art. 1º - Fica criado o “Monumento Natural Municipal Orquidário Pedra da Rosária, com
52,8016ha e o “Parque Natural Municipal Mata da Chuva”, com 174,4184ha, totalizando
uma área de 227,22ha, conforme memorial descrito e delimitação geográfica constantes
do anexo único desta Lei.”

CAPÍTULO II

Do “Parque Natural Municipal Mata da Chuva”

“ Art. 5º - O “Parque Natural Municipal Mata da Chuva” tem por finalidade a preservação
de ecossistema natural de grande relevância ecológica e beleza, possibilitando a
realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e
interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo
ecológico.

Art. 2º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogando-se às disposições
em contrário.

Art. 3º - revogando-se às disposições em contrário.

156
Gabinete do Prefeito, 15 de dezembro de 2016.

RUY BARBOSA

Prefeito

157
✓ Lei Criação do Conselho Gestor do Parque Natural Municipal Mata da Chuva

158
159
160

Você também pode gostar