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Apostila - 3
Aula - 16 a 20
ORIENTAÇÃO DE ESTUDO
Romantismo Português
Em Portugal, o Romantismo coincide com a Guerra Civil entre liberais, liderados por D Pedro
IV (D Pedro I do Brasil) e absolutistas, liderados por D Miguel. São dois irmãos disputando o
poder. Sai vitorioso D Pedro, o qual promulga uma Constituição, que dá poucos poderes à
burguesia ,que o apoiou. Os principais representantes são:
Almeida Garrett, autor da obra inovadora Viagens na Minha Terra . Numa viagem real ao
interior do país (origens), Garrett narra aos amigos a história fictícia dos desencontros
amorosos entre os primos Carlos e Joaninha, em meio à guerra entre absolutistas e liberais.
No final, Carlos abandona Joaninha, torna-se agiota e compra título de barão, tornando-se um
anti-herói materialista, ganancioso. A pura portuguesa Joaninha morre nos braços da racional
inglesa Georgina, ex-noiva de Carlos. Trata-se de uma alegoria de Portugal decadente diante
da Inglaterra. Garrett é autor do poemas líricos e da peça teatral Frei Luís de Sousa, uma
tragédia, que expõe a religiosidade cristã.
Coração, Cabeça, Estômago : Na primeira parte, o narrador Silvestre, movido pelo coração,
expõe suas várias decepções amorosas . Na segunda, tenta o sucesso sendo racional, mas
frustra-se na carreira de jornalista e na tentativa de casar com uma mulher rica. Na terceira
parte, deixa-se levar pelo instinto do estômago e tem um final feliz, casando-se com Tomásia,
moça simples, de posses e exímia cozinheira.
Também se destacam Castilho com sua poesia ultrarromântica e Júlio Diniz com AS
Pupilas do Senhor Reitor. Nesta última, o reitor, padre Antônio (vigário, padre responsável
por uma paróquia) , impõe a ordem nos desencontros amorosos entre os jovens, promovendo
o final feliz entre os casais Clara e Pedro, Margarida (Guida) e Daniel.
Gonçalves Dias: 1) Poesia Nacionalista: Canção do Exílio, escrita em Portugal – “aqui” e “cá”
= Portugal; “lá” = Brasil. Platonismo gerando equilíbrio “em cismar (pensar) sozinho à noite /
Mas prazer encontro eu lá”. Poema que mais recebeu diálogo intertextual em nossa literatura,
ora sendo exaltado, ora satirizado (paródia ).
2) Poesia Indianista: Marabá e Leito de Folhas Verdes – resgate das cantigas de amigo
medievais trovadorescas -autor masculino e eu lírico feminino (índias).
I Juca Pirama ( o que deve morrer ) – aprisionado por guerreiros antropófagos inimigos, Juca
Pirama chora na hora da morte por ter o pai inválido ( caráter lírico ). O chefe o considera
covarde e o liberta. O pai o amaldiçoa. Revoltado, Juca Pirama luta com os guerreiros inimigos
e é digno de ser morto. O pai chora por orgulho da valentia do filho ( caráter lírico e épico ).
Exímio trabalho, adequando métrica e ritmo aos momentos da narrativa.
2ª Geração: decepção com os ideais políticos, alienação. Mal do Século ou Spleen – tédio,
melancolia. Ultrarromantismo – evasão na vida desregrada, no sobrenatural, locus horrendus,
na morte. Byronismo – influência do poeta inglês Lord Byron – vida desregrada,
sentimentalismo, ironia, humor negro.
Álvares de Azevedo: morte aos 21 anos (tuberculose). Livro de contos de terror Noite na
Taverna. Poesia – Lira dos Vinte Anos: binomia ( duas vertentes ). Vertente Ultrarromântica:
sentimentalismo, melancolia, solidão, mulher idealizada, morta, platonismo, morte como alívio,
locus horrendus. Vertente Irônica: disfarça o medo da morte na ironia e humor negro; mulher
não tão idealizada.
3ª Geração: Condoreirismo –metáfora do alto voo do condor, ave dos Andes. Forma ou
Linguagem Condoreira : linguagem grandiloqüente (vibrante) tão elevada quanto o voo do
condor: exclamações, apóstrofes (vocativos, invocações), hipérboles, grandes elementos da
natureza ( mar, oceano, céu, tufão ). Conteúdo Condoreiro: ideais políticos de liberdade tão
elevados quanto o voo do condor; culto ao progresso, às revoluções; nacionalismo crítico –
pré-realismo. No Brasil, luta abolicionista e republicana.
Castro Alves – Poeta dos Escravos – morte aos 24 anos (tuberculose), amor tumultuado e
concreto com a atriz Eugênia Câmara.
2) Poesia Lírico-Amorosa: livro Espumas Flutuantes – mulher sensual, amor concreto, carnal,
repúdio à morte. Prenúncio de Realismo.
No Romantismo a prosa passou a ter prestígio literário e foi veiculada como romance ou
folhetim. Levemos em conta que o gênero romance consiste na narrativa em prosa, dividida
em capítulos , e de assunto variado. Já no folhetim, os capítulos eram encartados
separadamente em jornais dominicais, mantendo suspense e proximidade entre narrador e
leitor. No Romantismo, predomina a narrativa passional , que também pode ser urbana, no
caso o Rio de Janeiro do século XIX; indianista, histórica (baseados em fatos históricos),
regionalista (retratação do interior do país, do sertão, da zona rural, com seus costumes,
folclore e falares ). Estes aspectos dos romances passionais reforçam o nacionalismo, a cor
local ou nativismo.
José de Alencar
Retrata o amor impossível entre o português Martim e a índia Iracema, a virgem dos lábios
de mel, prometida ao deus Tupã, por ser a guardiã dos segredos da jurema, preparo de um
licor que causa sonhos aos guerreiros. Caso ela se entregasse a um homem, Tupã a mataria.
A índia apaixona-se pelo branco e, enquanto ele dorme, ela se entrega a ele. Iracema dá à luz
um filho, chama-o de Moacir (filho da dor) e morre. Seu corpo é enterrado ao lado de uma
palmeira, onde sua amiga jandaia ou ará canta em vão o seu nome. Os guerreiros locais
passam a chamar a região de Ceará (o canto da ará). Martim, Moacir e o rafeiro (cão) Japi,
presente do índio Poti partem para a Europa, mas, anos depois, retornam para colonizar o
local. Iracema, anagrama de América, é uma alegoria da colonização cearense, brasileira e
americana. Dessa forma a morte de Iracema simboliza a morte da cultura primitiva, a
sobrevivência do português alegoriza a supremacia da cultura europeia nas Américas e o filho
representa a raça americana miscigenada de índio e branco, já que o negro não era aceito
como cidadão pelos leitores escravocratas. O enredo começa pelo fim num capítulo que
configura a prosa poética::
“Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba;(...)
Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa, para que o barco aventureiro
manso resvale à flor das águas. Onde vai afoita jangada, que deixa rápida a costa cearense?”
“Ver/des/ma/res/bra/vios
De/mi/nha/te/rra/na/tal”
Veiculado primeiro como folhetim e, depois, convertido a romance. Narra o amor do índio
goitacá Peri pela branca Cecília ou Ceci (coita, na língua tupi-guarani). Esta é desejada
sexualmente pelo vilão Loredano, amada pelo fidalgo português Álvaro e idolatrada pelo
índio Peri (vassalagem amorosa). No final, todos morrem com o ataque dos Aimorés mas Peri
salva a menina. Para salvá-la, o índio aceita receber o batismo cristão, uma aceitação da
cultura europeia em nome do amor, do qual, em meio à natureza tropical, nascerá uma raça
mestiça (branca e índio).
Fernando Seixas abandona sua amada Aurélia Camargo para se casar com a rica
Adelaide. Aurélia torna-se milionária ao receber grande herança do avô. Compra Fernando
como marido. Ela torna-se senhora e ele, vassalo. Dormindo em quartos separados,
humilhando o marido. Este devolve-lhe o dote e pede a liberdade. Ambos se reconciliam, vão
para o quarto nupcial e dá-se o final feliz típico do Romantismo, com o amor os regenerando. 4
partes: O Preço, Quitação, Posse, Resgate.
Bernardo Guimarães – O Seminarista – regionalismo – sertão mineiro
Por ser uma moça pobre, Margarida é impedida de casar-se com Eugênio, o qual, por
imposição dos pais, torna-se padre. Final trágico com a morte de Margarida e a loucura de
Eugênio. Prerrealismo: crítica ao celibato clerical e à vocação forçada.
Amor entre a escrava branca Isaura e o republicano Álvaro. São impedidos pelo proprietário
dela, Leôncio, que a deseja sexualmente. Final feliz entre Isaura e Álvaro; morte de Leôncio.
Amor proibido entre a bela cabocla Inocência e Cirino. O pai a prometera em casamento ao
vaqueiro Manecão. Final trágico: morte de Cirino numa emboscada armada por Manecão e de
Inocência, que definha por amor.
Trata das aventuras do pícaro (malandro simpático) Leonardo, filho de Leonardo Pataca e
Maria da Hortaliça. Nasceu de “beliscões e pisadelas” (convite sexual ). Criança peralta, é
abandonado pelo pai, pois a mãe fora flagrada em adultério, é criado pelo padrinho, um
barbeiro, e pela madrinha, a parteira. Frustra-se nos estudos e como coroinha. Envolve-se
com Luisinha, que se casa com o interesseiro José Manuel; e com a mulata Vidinha. É preso
por vadiagem pelo rígido Major Vidigal, mas, graças à intervenção da madrinha e de Maria
Regalada, amante do Vidigal, é feito sargento de milícias e casa-se com a rica Luisinha, que
enviuvara e abandona a malandragem , tendo direito a várias heranças. Final Feliz, típico do
Romantismo. A narrativa inicia com a frase “Era no tempo do rei”( Rio Joanino -1808 a
1821). A obra alegoriza o jeitinho brasileiro herdado dos portugueses: “ladrão que rouba ladrão
tem cem anos de perdão”, “ele rouba mas faz”.
BOM ESTUDO!!!