1) Ega planeja adular Cohen para se aproximar de sua esposa Raquel durante um jantar no Hotel Central. 2) A discussão literária revela a mediocridade mental do Conde de Gouvarinho e de Sousa Neto. 3) Os jornais da época refletem a estagnação cultural em Portugal através de sua baixa qualidade e compadrio político.
1) Ega planeja adular Cohen para se aproximar de sua esposa Raquel durante um jantar no Hotel Central. 2) A discussão literária revela a mediocridade mental do Conde de Gouvarinho e de Sousa Neto. 3) Os jornais da época refletem a estagnação cultural em Portugal através de sua baixa qualidade e compadrio político.
1) Ega planeja adular Cohen para se aproximar de sua esposa Raquel durante um jantar no Hotel Central. 2) A discussão literária revela a mediocridade mental do Conde de Gouvarinho e de Sousa Neto. 3) Os jornais da época refletem a estagnação cultural em Portugal através de sua baixa qualidade e compadrio político.
Episódio I - O jantar no Hotel Central: Propósito do O Jantar em casa dos Gouvarinho- Reunir a alta as suas personagens, tomando por
s, tomando por base os dados
jantar: Ega pretende adular Cohen, para poder estar burguesia e aristocracia do país Reunir a camada que lhe são fornecidos pela hereditariedade, pela mais perto da mulher deste, Raquel. No Hotel dirigente do país Radiografar a ignorância das educação, pelas influências ambientais e a Central, onde jantam Carlos e Ega, e outras classes dirigentes personagem é como que um produto dessas forças personagens, podemos assistir a uma discussão que determinam as suas atitudes e o seu literária e às reflexões trocistas sobre a situação O episódio evidencia especialmente a mediocridade comportamento. política e económica de Portugal. Objetivos: mental de dois figurantes : o conde de Gouvarinho e homenagear o banqueiro Jacob Cohen - Sousa Neto. É um romance realista (e naturalista) onde não proporcionar a Carlos um primeiro contacto com a faltam o fatalismo, a análise social, as peripécias e a vida social lisboeta - apresentar a visão crítica de CONDE DE GOUVARINHO Voltado para o passado catástrofe próprias do enredo passional. alguns problemas - proporcionar a Carlos a visão de Tem lapsos de memória Comenta muito A obra ocupa-se da história de uma família (Maia) ao Maria Eduarda. desfavoravelmente as mulheres Revela uma visível longo de três gerações, centrando-se depois na falta de cultura Não acaba nenhum assunto Não última geração. Apresenta dois planos cruzados: o A Literatura e a crítica literária compreende a ironia sarcástica de Ega da intriga sentimental, com a história de amor incestuoso, marcada por ingredientes trágicos, Tomás de Alencar - Opositor ao entre Carlos da Maia e Maria Eduarda, SOUSA NETO Acompanha as conversas sem Realismo/Naturalismo - Preocupado com os desdobramento dos amores infelizes entre Pedro da intervir Desconhece o sociólogo Proudhon formalismos da literatura - Refugia-se na moral por Maia e Maria Monforte, e o da crítica social. A Defende a imitação do estrangeiro Não entra nas não ter outra - arma de defesa; condena o realismo história é também um pretexto para o autor fazer discussões Acata todas as opiniões alheias (mesmo por ser imoral - Desfasado do seu tempo, uma crítica à situação decadente do país (a nível as mais absurdas) Defende a literatura de incoerente. político e cultural) e à alta burguesia lisboeta folhetins, de cordel É deputado oitocentista, por onde perpassa um humor (ora fino, João da Ega- defensor do Realismo/Naturalismo; ora satírico) que configura a derrota e o desengano Superficialidade dos juízos dos mais destacados de todas as personagens. Vincando nesta obra o defende o cientificismo na literatura (não distingue funcionários do Estado; incapacidade de diálogo por conflito que o opunha ao país, Eça procede a um ciência de literatura) manifesta falta de cultura. inquérito da sociedade portuguesa nos mais Carlos e Craft - recusam o ultra-romantismo de diversos domínios: o parlamentarismo, A Imprensa- Os jornais da época não escapam ao representado pelo conde de Gouvarinho e por Sousa Alencar - recusam o exagero de Ega - Carlos acha olhar atento de Eça: A Corneta do Diabo O diretor Neto; o meio cultural, satirizado no episódio do intoleráveis os ares científicos do Realismo e é Palma “Cavalão”, um imoral; A redação é um sarau no Teatro da Trindade; o jornalismo corrupto, defende que o carácter se manifesta pela ação - antro de porcaria; Publica um artigo contra Carlos, encarnado por Palma Cavalão; as consequências da Craft defende a arte como idealização do que há de mediante dinheiro Vende a tiragem do número do educação beata e provinciana, espelhada em melhor na natureza; defende a arte pela arte. jornal onde saíra o artigo Publica folhetinzinhos de Eusebiosinho; o romantismo literário, tipificado em baixo nível; A Tarde- O diretor é o deputado Neves Tomás de Alencar; sendo João da Ega, o inseparável Narrador - recusa o ultra-romantismo de Alencar Recusa publicar a carta de retratação de Dâmaso amigo de Carlos, o principal acusador dos males do mas também a distorção do Naturalismo contido nas porque o confunde com um seu correligionário país, mas estando ele próprio não isento de afirmações de Ega - afirma uma estética próxima da político Desfeito o engano, serve-se da mesma ridículos. Sob o ponto de vista da evolução estético- de Craft: “ estilos novos tão preciosos e dúcteis” carta como meio de vingança contra o inimigo literária de Eça de Queirós, o romance tem sido (tendência parnasiana). político Só publica artigos ou textos dos seus entendido como um momento de confrontação do correligionários políticos. Realismo-Naturalismo. De facto, se, por um lado, a CRÍTICA: estagnação da cultura em Portugal composição de personagens como Pedro da Maia, O baixo nível; a intriga suja; o compadrio político; Eusebiosinho ou até Carlos da Maia em criança, bem 2. As Finanças - absoluta dependência do país como a crónica social conducente ao diagnóstico tais jornais, tal país relativamente aos empréstimos do estrangeiro - pessimista da desgraça do país e da degenerescência Cohen = calculista cínico – embora assumindo um da raça são de cariz naturalista, por outro lado, a O Sarau do Teatro da Trindade “sarau” – termo que cargo que lhe confere responsabilidade, ‘lava as ambiguidade do protagonista Carlos, o estatuto e as sugere um público frequentador culto, NO ENTANTO mãos’ e afirma que o país “vai direitinho para a perspetivas do narrador e sobretudo o peso da os espectadores frequentam estes lugares, não pela bancarrota” fatalidade transcendente que parece surgir como a qualidade do espetáculo, mas pela importância do convívio social. principal determinante do incesto, cuja progressão 3. História e Política trágica é assinalada por uma série de presságios, Objectivos da realização do sarau: Ajudar as constituem fatores de questionamento do Realismo- João da Ega - Aplaude as afirmações do Cohen, Naturalismo, sem que levem o autor a afastar-se vítimas das inundações do Ribatejo Apresentar um defende a invasão espanhola; defende o definitivamente dele. tema querido da socieda lisboeta – a Oratória afastamento violento da monarquia e a instauração Reunir novamente as várias camadas das classes da República. “A raça portuguesa é a mais covarde e 1. O público feminino que está a assistir às corridas mais destacadas, incluindo a família real Criticar o miserável da europa.” no hipódromo encontra-se totalmente ultra-romantismo que encharcava o público Contrastar a festa com a tragédia. desenquadrado em tal ambiente. As senhoras estão Tomás de Alencar - Teme a invasão espanhola, que vestidas como se fossem à missa («A maior parte vê como um perigo para a independência nacional. tinha vestidos sérios de missa», l. 5) e mantêm uma Defende o romantismo político. OS ORADORES RUFINO O bacharel transmontano atitude de imobilidade, adequada a uma procissão, O tema do Anjo da Esmola Desfasamento entre a mas não a um evento desportivo («numa fila muda, realidade e o discurso Falta de originalidade Corridas no Hipódromo de Belém- As corridas olhando vagamente, como de uma janela em dia de Recurso a lugares-comuns Retórica oca e balofa representam um esforço desesperado de procissão», ll. 2-3). Destacam-se algumas tentativas Aclamação por parte do público tocado no seu cosmopolitismo, concretizado à custa de uma de imitar o glamour das corridas de cavalos inglesas imitação do estrangeiro. sentimentalismo; Alencar O poeta ultra-romântico («Aqui e além um desses grandes chapéus O tema da Democracia romântica Desfasamento emplumados à Gainsborough, que então se entre a realidade e o discurso Excessivo lirismo começavam a usar, carregava de uma sombra maior Hipódromo = palco onde desfila o cortejo das figuras carregado de conotações sociais Exploração do o tom trigueiro de uma carinha miúda», ll. 5-7), principais em que assenta crítica social feita pelos público seduzido por excessos estéticos tentativas essas falhadas até porque o próprio meio outros. estereotipados Aclamação do público envolvente não lhes é favorável («a condessa de Linhas conceptuais: 1. Moda/status social 2. O Soutal, desarranjada, com um ar de ter lama nas (des)interesse da corrida 3. Atitudes das As classes dirigentes alheadas da realidade: uma saias», ll. 14-15). 2. Entre outros, podemos destacar personagens – linguagem sociedade deformada pelos excessos líricos do ultra- o tom corrosivo da adjetivação, neste caso tripla, em romantismo: tal oratória, tal país. «as peles apareciam murchas, gastas, moles» (l. 8), OBJECTIVOS: Novo contacto de Carlos com a que explicita como o vestuário das senhoras em sociedade lisboeta, incluindo o próprio rei; Visão NATURALISMO (explica) Movimento estético- nada contribuía para abrilhantar o evento; o uso panorâmica dessa sociedade (masculina/feminina) literário ligado ao Realismo (pode considerar-se o expressivo e depreciativo do diminutivo, em «as sob o olhar crítico de Carlos; Tentativa frustrada de seu prolongamento). No romance naturalista duas irmãs do Taveira, magrinhas, loirinhas, […] igualar Lisboa às capitais europeias, sobretudo Paris; encaram-se os factos como resultado de causas vestidas de xadrezinho» (ll. 9-10), que demonstra a Cosmopolitismo (postiço) da sociedade; determinantes – por exemplo, a educação, o meio, a pálida cópia que constituíam em relação às inglesas; Possibilidade de Carlos encontrar aquela figura hereditariedade,... O indivíduo é uma entidade o uso da metáfora, em «um canteirinho de camélias feminina que viu à entrada do Hotel Central. passiva, condicionada por estes fatores e incapaz de meladas», que revela, pelo seu ar de enfado, o lhes escapar. daqui advém o carácter fatalista pouco interesse pelas corridas. 3. Este excerto deste movimento O Realismo (denúncia) – remete para o subtítulo «Episódios da Vida Visão Caricatural - o hipódromo parecia um perspetiva filosófica e artística que: privilegia o Romântica» já que relata um episódio da crítica de palanque de arraial; - as pessoas não sabiam ocupar método analítico de apreensão da realidade, o costumes: as corridas de cavalos. Serve, sobretudo, os seus lugares; - as senhoras traziam vestidos sérios existente, o mundo objetivo; procura transmitir todo para demonstrar o provincianismo da sociedade de missa; - o bufete tinha um aspeto nojento; - a 1ª o real, na sua diversidade e na variedade dos seus lisboeta (sinédoque de todo o país), que deseja corrida terminou numa cena de pancadaria; - as 3ª e aspetos, sobretudo os mais insólitos; reage contra o imitar as famosas corridas de cavalo inglesas, mas o 4ª corridas terminaram de forma grotesca. Romantismo, contra o seu centrar-se no “eu”, evento cai no ridículo, já que as pessoas não sabem contra a sua inverosimilhança e contra as suas estar e tudo acaba em pancadaria de «arraial». Fracasso total dos objectivos das corridas; ilusões; recusa a evasão no tempo e no espaço bem Radiografia perfeita do atraso da sociedade lisboeta; como o fantástico; preocupa-se com problemas O verniz da civilização estalou completamente; A sociais. sorte de Carlos, ganhando todas as apostas, é indício de futura desgraça. A caraterização de Pedro da Maia é tipicamente naturalista. No Naturalismo, o narrador caracteriza