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Os Maias

As correntes literárias - O realismo


A geração de 70
A esta geração pertenceram muitos intelectuais (Antero de Quental, Eça de Queirós,
Ramalho Ortigão e Teófilo Braga) que, nas últimas décadas do séc. XIX, levaram a
cabo uma autêntica revolução no modo de pensar o país, a sociedade e a literatura.

Influenciados pelos modelos europeus, agitaram a consciências e o poder e legaram às


gerações seguintes uma obra inestimável nos diversos domínios da sua intervenção.

Antecedentes
- Romantismo muito limitado aos problemas nacionais e cheio de sentimentalismos –
Ausência de contacto com o estrangeiro.

- Romantismo muito desviado das qualidades verdadeiramente originais (com Garrett e


Herculano) – Período de modorra na cultura portuguesa.

Objetivos do realismo
- Libertar a literatura e a cultura portuguesas do romantismo desvirtuado.

- Pôr em questão toda a literatura portuguesa desde as origens.

- Preconizar uma profunda transformação na ideologia política e na estrutura social


portuguesa (prepara a Rev. Republicana de 1910).

- Revolucionar o país culturalmente tendo em conta que é importante a tradição cultural.

Questão Coimbrã
É o confronto entre duas conceções de romantismo: confronto entre os ultrarromânticos
que praticavam uma cultura puramente decorativa, e a Geração de 70, que considerava
que a literatura devia focar os problemas sociais.

Luta pelo fortalecimento da consciência crítica; a literatura deve ser um fenómeno de


intervenção crítica na vida da coletividade.

As correntes literárias - O naturalismo


Período literário que se segue ao Realismo, podendo-se considerar como seu
prolongamento. As fronteiras entre as duas correntes literárias são ténues.

No plano ideológico:
- Corrente influenciada pela Ciência e pela Filosofia, com especial relevo para o
Positivismo de Auguste Comte – análise rigorosa dos factos e das suas causas.

- Corrente influenciada pelo Determinismo – corrente que se preocupa mais com as


causas dos fenómenos do que com os fenómenos propriamente ditos.
No plano temático:
- O alcoolismo como deformação social/ de caracteres;

- O jogo – Consequência de determinadas situações de injustiça;

- O adultério como denúncia de certo modo de vida resultante de uma educação


romântica;

- A opressão social como resultado do conflito de interesses, denunciando as suas


causas económicas, políticas e sociais;

- A doença (loucura, por exemplo), enquanto manifestação de taras hereditárias.

As Conferências do Casino
Estas conferências realizaram-se na primavera de 1871 numa sala alugada do casino no
Largo da Abegoaria, em Lisboa. Foram incentivadas por Antero de Quental com o
intuito de introduzir Portugal nos assuntos políticos e sociais da Europa. Na altura, eram
constituídas por um grupo de jovens escritores e ex-estudantes de Coimbra chamados de
"grupo do Cenáculo".

Objetivos
- Discutir ideias que revelam preocupação com a transformação social, moral e política
dos povos.

- Ligar Portugal com o movimento cultural moderno.

- Procurar adquirir consciência dos factos que nos rodeiam na Europa.

- Agitar na opinião pública as grandes questões da Filosofia e da Ciência Moderna

- Estudar as condições de transformação política, económica e religiosa da sociedade


portuguesa

A ação
- Na intriga secundária temos: a história de Afonso da Maia (época de reação do
Liberalismo ao Absolutismo); a história de Pedro da Maia e Maria Monforte (época de
instauração do Liberalismo e consequentes contradições internas); e a história da
infância e juventude de Carlos da Maia (época de decadência das experiências Liberais).

- O desencadeamento da intriga principal é condicionado pela intriga secundária.

- São os amores infelizes de Pedro e Maria Monforte que levam à separação dos filhos,
que desconhecem a existência um do outro.

- Na intriga principal é retratada a relação incestuosa de Carlos e Mª. Eduarda que


termina com a desagregação da família (morte de Afonso e separação do
casal). Carlos é o protagonista da intriga principal
A ação principal d’ Os Maias desenvolve-se segundo os moldes da tragédia clássica:
peripécia, reconhecimento e catástrofe.

- A peripécia verificou-se com o encontro casual de Mª. Eduarda com Guimarães; com
as revelações casuais de Guimarães a Ega sobre a identidade de Mª. Eduarda; e com as
revelações a Carlos e Afonso da Maia também, sobre a identidade de Mª. Eduarda.

- O reconhecimento, acarretado pelas revelações do Guimarães, torna a relação entre


Carlos e Mª. Eduarda uma relação incestuosa, provocando a catástrofe consumada pela
morte do avô; a separação definitiva dos dois amantes; e as reflexões de Carlos e Ega

Os espaços
Espaço Físico
- Maioritariamente, a narrativa decorre em Portugal, mais concretamente em
Lisboa e arredores.

- O estrangeiro surge como um recurso para resolver problemas. Afonso exila-


se em Inglaterra para fugir à intolerância Miguelista; Pedro e Maria vivem em Itália
e em Paris devido à recusa deste casamento pelo pai de Pedro. Mª. Eduarda segue
para Paris quando descobre a sua relação incestuosa com Carlos. Carlos resolve a
sua vida falhada com a fixação definitiva em Paris.

Espaço Social
Aborda ambientes (jantares, chás, soirés, bailes, espetáculos), nos quais atuam
personagens que melhor representarem a sociedade criticada pelo narrador as classes
dirigentes, a alta aristocracia e a burguesia. Ou seja, o espaço social cumpre um papel
puramente crítico.
Espaço Psicológico
- É constituído pela consciência das personagens e manifesta-se em momentos de maior
densidade dramática. É, sobretudo, Carlos, que desvenda os labirintos da sua
consciência. Ega ocupa, também, um lugar de relevância.

- Destaca-se, como espaço psicológico, o sonho de Carlos em que evoca a figura de Mª.
Eduarda; nova evocação dela em Sintra; reflexões de Carlos sobre o parentesco que o
liga a Mª. Eduarda; visão do Ramalhete e do avô, após o incesto; e contemplação de
Afonso morto, no jardim.

- Quanto a Ega, reflexões e inquietações após a descoberta da identidade de Mª.


Eduarda.

- Este espaço permite definir estas personagens como personagens


modeladas.

Personagens
Afonso da Maia
Caracterização Física
- Um pouco baixo, maciço, de ombros quadrados e fortes; de face larga, nariz aquilino,
pele corada, quase vermelha; cabelo branco curto e barba longa.

Caracterização Psicológica
- Personagem mais valorizado por Eça; não se lhe conhecem defeitos; homem de
carácter culto e gostos requintados; representa simbolicamente a integridade moral e a
retidão de carácter; ama o progresso; generoso para com os amigos e necessitados;
símbolo do Portugal liberal da década de 20; incarnação do bom senso, da experiência,
dos valores da nação e da raça; defende o património português face à descaracterização
e à invasão das modas estrangeiras; modelo de autodomínio, mesmo com o suicídio do
filho.

- Em jovem, aderiu aos ideais do Liberalismo e foi obrigado, pelo pai, a sair de
casa; instalou-se em Inglaterra, mas com o falecimento do pai regressa a Lisboa
para casar com Mª. Eduarda Runa. Mais tarde, dedica-se ao neto, Carlos.

Pedro da Maia
Caracterização Física
- Pequenino, de face oval de "um trigueiro cálido", olhos belos

Caracterização Psicológica
- Eça dá grande importância à sua vinculação ao ramo familiar dos Runa e à semelhança
psicológica com eles. Temperamento nervoso, fraco e de grande instabilidade
emocional. É vítima do meio baixo lisboeta e de uma educação retrograda. O seu único
sentimento vivo e intenso foi a paixão pela mãe. Apesar da robustez física, dera de
uma cobardia moral (suicídio como reação face à fuga da mulher). Falha no
casamento e falha como homem (arrastou-se por uma paixão obsessiva e fatal.)
Carlos da Maia
Caracterização Física
-Rapaz belo e magnífico. Era alto, bem constituído, de ombros largos, olhos negros,
pele branca, cabelos negros e ondulados. Tinha barba fina, castanha escura, pequena e
aguçada no queixo. O bigode era arqueado nos cantos da boca.

Caracterização Psicológica
- Era culto, bem-educado, de gostos requintados. Ao contrário do seu pai, foi submetido
a uma educação Inglesa rígida (moderna e laica). É corajoso e frontal. Amigo do seu
amigo e generoso. Destaca-se na sua personalidade o cosmopolitismo, a sensualidade.

- Apesar da educação, fracassou, mas não devido a esta. Falhou, em parte, por causa do
meio onde se instalou – uma sociedade parasita, ociosa, fútil e sem estímulos; aos
aspetos hereditários – a fraqueza e a cobardia do pai, o egoísmo, a futilidade e o espírito
boémio da mãe.

- Eça quis personificar em Carlos a idade da sua juventude, a que fez a Questão
Coimbrã e as Conferências do Casino e que acabou no grupo dos Vencidos da Vida.
Carlos é um bom exemplo.

Mª. Eduarda Maia


Caracterização Física
- Bela mulher: alta, loira, bem feita, sensual, mas delicada, apresentada como uma
“deusa transviada”, como um ser superior que se destaca no meio das mulheres
lisboetas; era bastante simples na maneira de vestir; bondosa, terna, culta, requintada no
gosto. Incarna a heroína romântica, perseguida pela vida e pelo destino.

Caracterização psicológica
- Ao contrário das outras personagens femininas, esta nunca é criticada, Eça manteve
sempre a possibilidade do desenrolar de um desfecho dramático. Eduarda é delineada
em poucos traços, o seu passado é quase desconhecido o que contribui para o aumento e
encanto que a envolve.

- A sua caracterização é feita através do contraste entre si e outras personagens


femininas, e através do ponto de vista de Carlos, para quem tudo o que viesse de Mª.
Eduarda era perfeito.

- Descoberta toda a sua verdadeira identidade, o seu comportamento mantém-se


afastado da crítica de costumes (o seu papel na intriga amorosa está cumprido), e afasta-
se discretamente de "cena".
Maria Monforte
Caracterização Física
- É extremamente bela e sensual, leviana e amoral. Tinha cabelos loiros

Caracterização Psicológica
- Leviana e imoral, é, em parte, a culpada de todas as desgraças da família Maia.

Personagens Tipo

João da Ega
Caracterização Física
- Usava "um vidro entalado no olho", tinha "nariz adunco, pescoço esganiçado, punhos
tísicos, pernas de cegonha". Era o autêntico retrato de Eça.

Caracterização Psicológica
- Ega é a projeção literária de Eça. É uma personagem contraditória, por um lado,
romântico e sentimental, por outro, progressista e crítico, sarcástico do Portugal
Constitucional. Amigo íntimo de Carlos desde os tempos de Coimbra, onde se formou
em Direito (muito lentamente).

- Era boémio, excêntrico, exagerado, caricatural, ateu e sem moral. É leal com os
amigos. Sofre de diletantismo, concebe grandes projetos literários que nunca chega a
executar. Terminado o curso, vem viver para Lisboa e torna-se amigo inseparável de
Carlos.

- Como Carlos, também teve a sua grande paixão - Raquel Cohen.

- Ega, um falhado, corrompido pela sociedade, encarna a figura defensora dos valores
da escola realista por oposição à romântica. Na prática, revela-se em eterno romântico.

- Nos últimos capítulos ocupa um papel de grande relevo no desenrolar da intriga. É a


ele que o Sr. Guimarães entrega o cofre. Juntamente com ele, Carlos revela a verdade a
Afonso. É ele que diz a verdade a Mª. Eduarda e a acompanha quando esta parte para
Paris definitivamente.

Conde de Gouvarinho
Caracterização Física
- Alto, de luneta de ouro, bigode encerado, pera curta e provinciano.

Caracterização Psicológica
- “Um asno”, “um caloteiro”, maçador, forreta, aborrecido, grosseiro que fala de um
modo depreciativo das mulheres.

- E um deputado pertencente ao Centro Progressista e apresenta-se sem cultura


histórica. É um político incompetente.
Condessa de Gouvarinho
Caracterização Física
- Cabelos crespos e ruivos, nariz petulante, olhos escuros e brilhantes, bem feita, pele
clara, fina e doce.

Caracterização Psicológica
- É imoral e sem escrúpulos. Trai o marido, Conde de Gouvarinho, com Carlos, sem
qualquer remorso. Questões de dinheiro e a mediocridade do Conde fazem com que o
casal se desentenda.

- Envolve-se com Carlos e revela-se apaixonada e impetuosa.

Dâmaso Salcede
Caracterização Física
- Era baixo, gordo, "frisado como um noivo de província", sobrinho de Guimarães. A
ele e ao tio devem-se, respetivamente, o início e o fim dos amores de Carlos com Mª.
Eduarda.

Caracterização Psicológica
- É cheio de defeitos: exibicionista, cobarde e grosseiro na expressão linguística; não
tem dignidade; mesquinho, pouco inteligente e gabarola. É quem envia a carta anónima
a Castro Gomes e é, também, quem envia a notícia contra Carlos n'A Corneta do Diabo.

- Representa o novo riquíssimo e os vícios da Lisboa da 2ª metade do séc. XIX. O seu


carácter é tão baixo, que se retrata, a si próprio, como um bêbado, só para evitar bater-se
em duelo com Carlos.

Sr. Guimarães
Caracterização Física
- Usava largas barbas e um grande chapéu de abas à moda de 1830.

Caracterização Psicológica
- Conheceu a mãe de Mª. Eduarda, que lhe confiou um cofre contendo documentos que
identificavam a filha. É, portanto, o mensageiro da trágica verdade que destruirá a
felicidade de Carlos e de Mª. Eduarda.

Alencar
Caracterização Física
- Era "muito alto, com uma face encaveirada, olhos encovados, e sob o nariz aquilino,
longos, espessos, românticos bigodes grisalhos".

Caracterização Psicológica
- Era calvo, em toda a sua pessoa "havia alguma coisa de antiquado, de artificial e de
lúgubre".

- Simboliza o romantismo piegas.

- Eça serve-se de Alencar para construir discussões de escola, entre naturalistas e


românticos, numa versão caricatural da Questão Coimbrã. Não tem defeitos e possui um
coração grande e generoso. É o poeta do ultrarromantismo.
Cruges
Caracterização Física
- "De grenha crespa que lhe ondulava até à gola do jaquetão", "olhinhos piscos" e nariz
espetado.

Caracterização Psicológica
- Maestro e pianista patético, era amigo de Carlos e íntimo do Ramalhete. Era
demasiado chegado à sua velha mãe. É desmotivado devido ao meio lisboeta - "Se eu
fizesse uma boa ópera, quem é que ma representava".

Craft
- É uma personagem com pouca importância para o desenrolar da ação, mas que
representa a formação britânica, o protótipo do que deve ser um homem.

- Defende a arte pela arte, a arte como idealização do que há de melhor na natureza.
É culto e forte, de hábitos rígidos, "sentindo finamente, pensando com retidão".

- Inglês rico e boémio, colecionador de "brica-brac".

Eusebiozinho
- Representante da educação tradicional portuguesa;

- Fúnebre, forreta, macambúzio; frequentador de bordéis.

- É caracterizado de forma caricatural; o seu nome, que aparece quase sempre no grau
diminutivo, realça a sua fraqueza e cobardia. Cresceu tísico, molengão, tristonho e
corrupto. Casou-se, mas enviuvou cedo.

Capítulo I

- Os Maias não possuíam casa em Lisboa, pois a sua única casa, o Ramalhete, estava
inabitável; Afonso nesta idade adorava o sossego de Santa Olávia, mas o seu neto,
Carlos, depois de formado não iria querer viver na quinta. Afonso não queria viver mais
afastado do seu neto, e Carlos com uma carreira ativa, e um gosto pelo luxo, queria
habitar o Ramalhete. Então, são feitas obras no Ramalhete.

- A Família Maia muda-se para o Ramalhete em 1875

0- Caetano
- Caetano, o bisavô de Carlos (forte apoiante do absolutismo), expulsara Afonso de casa
por este apoiar ideias do liberalismo. Apesar disso, Afonso conseguira, graças à mãe, a
Quinta de Santa Olávia.

1- Afonso
- Afonso muda-se para Inglaterra, devido às suas ideologias liberais, mas regressa a
Portugal após a morte de Caetano. Por essa altura, conhece Maria Eduarda Runa e tem
um filho, Pedro. Maria Eduarda era morena, linda, católica, mimosa, e um pouco
adoentada.
- Afonso retorna a Inglaterra com a sua família, mas Maria Eduarda Runa desgosta
imenso do país. Andava triste com saudades do seu país, da família, das igrejas.

- M.ª Eduarda manda vir de Lisboa o Padre Vasques, que dava a Pedro uma educação
demasiado tradicional e centrada da Religião.

- Maria Eduarda Runa morre.

2- Pedro
- Pedro apaixona-se por Maria Monforte, a filha de um negreiro. Afonso odiava a
família Monforte, e não aceitou o seu relacionamento. Apesar disso, Pedro casa-se com
ela e partem para Itália.

Capítulo II

2- Pedro
- Passado alguns dias de estarem em Roma, Maria sentiu um enorme desejo de ir para
Paris, e lá foram para França.

- Quando decidiram que iam regressar a Portugal, acharam necessária a reconciliação


entre Pedro e seu pai. Escreveram uma carta na qual foi referido que se Maria desse à luz
a um menino, que lhe iria por o nome do velho Afonso.

- O casal desembarcou rumo a Benfica. Mas, o que não sabiam era que Afonso tinha
partido para Santa Olávia dois dias antes, e isto magoou Pedro. E foi com esta situação
que a relação entre pai e filho acabou.

- Quando Maria deu à luz a uma menina, Pedro não contou a seu pai

- Mas, Maria teve outro filho, um menino desta vez. Para acalmar Afonso da Maia, Pedro
quis dar o nome do seu pai a este bebé, mas Maria não permitiu. Andava a ler uma novela
onde existia um Carlos Eduardo, e é este nome que queria dar ao pequeno: Carlos Eduardo
da Maia.

- Pedro decide ir a Santa Olávia apresentar a Afonso os seus dois filhos, mas esta visita é
adiada após este ferir acidentalmente um italiano numa caçada, Tancredo. Tancredo fica
a recuperar na casa de Pedro, tempo suficiente para este e Maria Monforte se apaixonarem
e fugirem com a filha de Pedro, deixando Carlos com o pai.

- Numa tarde de dezembro, Afonso da Maia estava a ler calmamente, quando, de repente,
a porta do escritório abre violentamente e o velho vê o seu filho. Pedro não estava normal,
estava todo desarranjado e o seu olhar refletia uma certa loucura. Mal Afonso se levantou,
o seu filho caiu-lhe nos braços a chorar como se o mundo fosse acabar. É então, passado
uns minutos, que pedro diz o sucedido.

- Nesse mesmo dia, Afonso acorda assustado com o som de um tiro que se ouviu em toda
a casa. Pedro suicidara-se e deixara uma carta que dizia “Para papá”.
Capítulo III

- Vilaça nunca tinha visto Afonso da Maia assim tão alegre, e toda esta alegria devia-se
ao menino, ao seu neto, Carlos; foi esta criança que fez reviver Afonso da Maia e fez
reviver a casa.

- Família Silveirinha: Terezinha – primeira namorada de Carlos; Eusebiozinho – Oposto


de Carlos, um rapaz muito frágil, tímido, medroso e estudioso.

- Carlos tinha uma educação inglesa, e Eusebiozinho, tradicional.


-Fica-se a descobrir que Maria Monforte está pobre e doida, e acaba por se tornar numa
prostituta.

- Afonso questionou por sua neta, filha de Maria Monforte, com quem esta havia fugido,
e Vilaça respondeu que desconfiava que ela estava morta, caso contrário, Maria já tinha
vindo bater à porta de Afonso a pedir ajuda.

- Vilaça morre.

- Numa manhã de julho, em Coimbra, Carlos tinha feito o seu primeiro exame que lhe
daria acesso à universidade.

Capítulo IV

- Carlos descobre a sua vocação para Medicina e matricula-se na Universidade de


Coimbra. Para que nada o perturbe, Afonso oferece-lhe uma casa em Celas – Paços de
Cela. A vida que Carlos leva em Paços de Cela é tudo menos calma. Este exerce um tipo
de vida quase boémio, sempre rodeado de amigos com ideia filosóficas e liberais. É muito
amigo de João da Ega, que estudava direito e era sobrinho de André da Ega, amigo de
infância de Afonso.

- Após a sua formatura, parte para uma viagem de um ano pela Europa.

- Regressa no outono de 1875 onde se instala no Ramalhete com seu avo, e abre uma
clínica e um laboratório.
Capítulo V

- O negócio na clínica de Carlos já começara a ter alguma popularidade, devido ao seu


sucesso com o caso da Marcelina (a mulher do padeiro que tivera às portas da morte).

- Ega, amigo de Carlos, estava apaixonado por Raquel Cohen, uma mulher casada.

- Após a um encontro com uns amigos de Ega, Carlos não parava de pensar na
Condessa Gouvarinho. Estava apaixonado. Esta também demonstra interesse em Carlos,
apesar de ser casada.

Capítulo VI

- Ega organiza um jantar no Hotel Central

- Neste jantar é proporcionado a Carlos um primeiro contacto com o meio social


lisboeta.

- Carlos cruza-se com uma mulher deslumbrante à porta do Hotel Central, enquanto
aguardava com Craft os restantes amigos para o jantar

- Carlos conhece Alencar, quem emprestou a sua mãe o romance graças ao qual esta
decidiu nomear o seu filho de Carlos Eduardo.

- Discutem-se, neste jantar, vários temas pertinentes da época:

LITERATURA
- Alencar defende o ultrarromantismo, considera o realismo/naturalismo imorais (pois
estatelam a realidade feia das coisas num livro)

- Ega defende a inserção da ciência na literatura.

FINANÇAS e POLÍTICA
- Ega e Cohen defendem uma catástrofe nacional como forma de acordar o país.

- Ega afirma que a raça portuguesa é a mais covarde e miserável da Europa. Afirma que
todos iriam fugir quando se encontrassem perante um soldado espanhol, e que a
sociedade tinha receio de perder a independência, mas só uma sociedade tão estúpida
como a do Primeiro de Dezembro pensaria que a invasão traria esta consequência

- Alencar, por sua vez, teme a invasão espanhola e defende o romantismo político,
esquecendo o adormecimento geral do país.
- Deste jantar sobressai a falta de personalidade de Ega e Alencar, que mudam de
opinião quando Cohen quer

- Carlos conhece também Dâmaso Salcede, um grande admirador seu

- Alencar tinha uma paixão platónica por Raquel Cohen.

Capítulo VII

- Ultimamente Carlos saía pouco de casa, pois andava ocupado a escrever um livro e
com a sua profissão, que por sua vez não estava a dar grandes frutos, pois dizia-se que
Carlos fazia experiências mortais aos seus pacientes.

- Um dia, Carlos convida o Senhor Salcede para jantar no Ramalhete, mas este não
aparece, para surpresa de todos, visto a admiração que Salcede tinha por Carlos.

- Certo dia, Carlos voltou a ver a mulher lindíssima que vira no Hotel Central. Ele
pensou para ele mesmo que achava que era um anjo, uma deusa, porém, ele não
conseguiu ver muito, principalmente a sua cara. Carlos não consegue deixar de pensar
naquele anjo que tinha visto, e durante 3 dias seguidos vai sempre por volta da mesma
hora ao mesmo sítio ver se encontra a tal mulher, mas sem resultados.

- Carlos convida Gruges a ir a Sintra no dia seguinte, pois tomara conhecimento, por
intermédio de Taveira, que Maria Eduarda aí se encontrava na companhia de seu marido
e de Dâmaso.

Capítulo VIII

- Neste capítulo, Carlos da Maia e o seu bom amigo, o maestro Cruges, vão de visita a
Sintra, ondem encontram o amigo Eusebiozinho e Alencar.

- Carlos informado sobre o destino de Maria Eduarda, que havia deixado Sintra na
véspera, depressa quis voltar para Lisboa.

Capítulo IX

- Carlos vai progressivamente ficando íntimo dos Gouvarinhos. Visita a Gouvarinho e


dá-lhe um tremendo beijo mesmo antes da chegada do conde Gouvarinho.

Capítulo X
- Passam-se 3 semanas. Carlos sai de um coupé, onde acabara de estar com a
Gouvarinho. Nota-se que já estava farto dessas 3 semanas e que se quer ver livre da
Gouvarinho.

- Carlos, para animar as corridas do Hipódromo, decide apostar e, surpreendentemente,


acaba por ganhar muito dinheiro.

- Carlos recebe uma carta de Maria Eduarda a pedir-lhe para consultar “uma pessoa de
família”.

Críticas sociais destacadas


Os objetivos deste episódio são: o contacto de Carlos com a alta sociedade lisboeta,
incluindo o Rei; uma visão panorâmica desta sociedade sobre o olhar critico de Carlos;
tentativa frustrada de igualar Lisboa às demais capitais europeias; denunciar o
cosmopolitismo postiço da sociedade.

A visão caricatural é dada pelo espaço do Hipódromo: parecendo um arraial, as


pessoas não sabiam ocupar os seus lugares e as senhoras traziam vestidos de missa. O
buffett tinha um aspecto nojento. As corridas terminaram grotescamente e a primeira
corrida terminou mesmo numa cena de pancadaria.

É uma sátira ao desejo de imitar o que se faz no estrangeiro, por um esforço de


cosmopolitismo, e ao provincianismo do acontecimento. As corridas de cavalos
permitem apreciar de forma irónica e caricatural uma sociedade que vive de
aparências.

O comportamento da assistência feminina é naturalmente caricaturado. A


conformidade do vestuário à ocasião parece não ser a melhor e acaba por traduzir
a falta de gosto e, sobretudo, o ridículo de uma situação que se pretende requintada
sem o ser.

As corridas servem, para Eça, criticar a mentalidade e o comportamento da alta


burguesia:
- O aborrecimento, motivado pelo facto de as pessoas não revelarem qualquer interesse
pelo evento, e a desordem.

Capítulo XI

- Carlos vai a casa dos Castro Gomes auxiliar a familiar de Maria Eduarda. É a
governanta, Miss Sara, que está doente. Examina Miss Sara. Falando com Maria
Eduarda, descobre que é portuguesa, não brasileira

- Nas semanas seguintes, Carlos vai-se familiarizando com Maria Eduarda, graças à
doença de Miss Sara. Falam ambos das suas vidas e dos seus conhecidos
- Dâmaso fica amuado e vai pedir explicações a Carlos sobre a sua estadia em casa de
Maria Eduarda.

Capítulo XII

- Ega regressa a Lisboa, instala-se no Ramalhete e confidencia a Carlos que a Condessa


de Gouvarinho, fala constantemente dele e conta-lhe que o casal os convidou para jantar
na segunda-feira.

- Entretanto, durante o jantar a própria Gouvarinho toca no assunto do romance de


Carlos com a Maria Eduarda, deixando Carlos com a sensação que já todos sabem do
romance; a Condessa fica “amuada” com Carlos e dá toda a atenção a Ega;

- Na tarde seguinte, em visita a Maria Eduarda, Carlos declara-lhe o seu amor, que é
correspondido, e ambos se beijam pela primeira vez. Mediante o desejo de Maria
Eduarda de viver num lugar mais recatado, longe da coscuvilhice dos vizinhos, e com
espaço livre para Rosa brincar, Carlos compra a Quinta dos Olivais a Craft.

- Carlos conta a Ega o seu romance com Maria Eduarda e a sua intenção de fugir com
ela; Ega pensa para ele próprio que esta mulher seria para sempre, o seu irreparável
destino.

Temas abordados
- Literatura, crítica literária, finanças, atraso intelectual do País, educação, decadência
do jornalismo português e corrupção do jornalismo, gosto convencional,
provincianismo snob e falta de espírito crítico da sociedade lisboeta.

- Ambiente marcado pela futilidade e ociosidade da alta burguesia e aristocracia


lisboeta; apresenta uma visão crítica relativamente à mediocridade, ignorância e
superficialidade da elite social lisboeta, em geral, e à incapacidade da classe política
dirigente, em particular

- No jantar podemos apreciar duas conceções opostas sobre a educação das


mulheres: salienta-se o facto de ser conveniente que "uma senhora seja prendada,
ainda que as suas capacidades não devam permitir que ela saiba discutir, com um
homem, assuntos de carácter intelectual" (Ega, provocador, defende que "a mulher
devia ter duas prendas: cozinhar bem e amar bem").

- A falta de cultura dos indivíduos que são detentores de cargos que os inserem na
esfera social do poder – Sousa Neto (oficial superior de um cargo de uma grande
repartição do Estado, da Instituição Pública), desconhece Proudhon, começando
por responder a Ega que, provocante, lhe pergunta a sua opinião sobre o socialista,
que não se recorda textualmente, depois "que Proudhon era um autor de muito
nomeada", e finalmente, perante a insistência de Ega, sintetiza a sua ignorância,
afirmando que não sabia que "esse filósofo tivesse escrito sobre assuntos escabrosos",
como o amor, acrescentando que era seu hábito aceitar "opiniões alheias, pelo que
dispensava as discussões". Posteriormente, perguntará a Carlos se existe literatura em
Inglaterra.

- O deslumbramento pelo estrangeiro – Sousa Neto manifesta a sua curiosidade em


relação aos países estrangeiros, interrogando Carlos, o que revela o aprisionamento
cultural de Sousa Neto, confinado ás terras portuguesas.

Capítulo XIII

Carlos falta a dois compromissos com a condessa em casa da tia sem dizer uma única
palavra. Ega afirma que esta é a altura perfeita para meter fim à “relação” deles e Carlos
concorda.

Ega informa Carlos de que Dâmaso anda a difamá-lo e a Maria Eduarda também.
Assim que ouviu isto, Carlos pensou ir imediatamente a casa de Dâmaso “fazer justiça”,
mas depois pensou melhor e talvez fosse melhor continuar a passar por Dâmaso e
acenar como se nada fosse.

Encontra Alencar, que refere a crescente antipatia de Dâmaso por Carlos. Do outro lado
da rua, aparece o Gouvarinho, o Cohen e o Dâmaso. Carlos atravessa a rua e ameaça
Dâmaso.

Dias depois, Maria Eduarda visita a sua nova casa nos Olivais, à qual dão o nome de
“Toca”. Têm a sua 1ª relação sexual.

Carlos acaba a sua relação com Gouvarinho.

Capítulo XIV

Maria Eduarda instala-se nos Olivais.

Sabe-se que Carlos e Maria Eduarda pretendem fugir para Itália.

Castro Gomes recebe uma carta anónima dizendo que a sua mulher tinha um amante,
Carlos. Revela não ser realmente marido de Maria Eduarda, apenas que ela usava o seu
nome. Conta a sua história: ele vivia há três anos com Maria, que trouxe do Brasil para
o acompanhar. Toda a gente via Maria com Castro Gomes, e dormiam juntos, por isso,
para todos os efeitos Maria era mulher dele. A pequena Rosa não é filha dele; quando
eles se conheceram, três anos antes, Rosa já tinha 3 anos de idade Maria era apenas a
mulher paga por Castro Gomes.

Carlos decide confrontar Maria Eduarda nos Olivais.

Maria Eduarda, em choro, conta a verdadeira história da sua vida (foi basicamente
obrigada a vir morar com Castro Gomes devido a dificuldades financeiras). Carlos
pede-a em casamento.
Capítulo XV

Rosa aceita Carlos como seu papá.

Recebe, através do Ega, um n.º da Corneta do Diabo, que o difama, afirmando que ele
tem um “caso com uma gaja brasileira”. Descobre que o autor do artigo é Dâmaso e
Eusebiozinho.

Carlos começou a pensar se “a honra doméstica, honra social, a pureza dos seus
descendentes, a dignidade da sua família” permitiam o seu casamento com Maria.

Agora Carlos só tinha em mente uma coisa: desafiar Dâmaso para um duelo de armas.
Carlos precisava de dois padrinhos para o duelo e escolheu Cruges e Ega, que foram a
casa de Dâmaso desafia-lo em nome de Carlos. Porém, nesse momento, Dâmaso sentiu-
se humilhado por Carlos, o seu “amigo”, estar a fazer-lhe uma coisa destas, e decidiu
escrever uma carta a dizer que era um bêbado e que quando escreveu o artigo não estava
em si.

Nessa noite, Carlos regressa para casa e abandona definitivamente os Olivais com Maria
para se instalarem em Lisboa, na Rua de São Francisco, por seis meses.

A história da vida de Maria Eduarda resume-se então aos seguintes pontos:


- Nascera em Viena, mas como não se lembrava nada da sua infância, apenas recordava
algumas imagens (largos passeios de árvores, militares vestidos de branco, as histórias
do avô, etc.);

- Não sabia nada do pai, a não ser que era um nobre de grande beleza;

- Tivera uma irmã de nome Heloísa que morreu com dois anos;

- Posteriormente viveu em Paris tendo memórias mais nítidas desta altura: o seu avô
tinha falecido e a sua mãe estava de luto; lembra-se ainda da sua aia, que era italiana e
que a levava todas as manhãs brincar aos campos elísios. Durante a noite lembrava-se
de ver a mãe decotada e um homem loiro que lhe costumava trazer bonecas num quarto
muito decorado.

- Entretanto a sua mãe meteu-a num convento perto de Tours

- A casa da mãe nessa altura era uma casa de jogo

- A mãe de Maria teve uma filha com Mac Gren, Rosa.

- Mac Gren alista-se no exército e semanas depois é morto. A morte de Mac Gren
fora o início de uma vida muito carenciada pela parte de Maria, de Rosa e da
mãe de Maria que começou a apresentar uma doença no coração o que,
posteriormente, a matou.

- Quando rosa já estava a morrer à fome e a mãe já estava doida, maria encontrou o
Castro Gomes
Critica-se, neste episódio, a decadência do jornalismo português, pois os jornalistas
deixavam-se corromper, motivados por interesse económicos ou evidenciam uma
parcialidade comprometedora, originada por motivos políticos (é o caso de Neves,
diretor do Jornal A Tarde.

Capítulo XVI

A caminho para o Chiado, Ega é parado por Guimarães, que lhe diz ter um cofre da mãe
de Carlos para entregar à família. No meio da conversa, descobre inconscientemente
uma verdade terrível a Ega: Carlos tem uma irmã; é a Maria Eduarda.

Guimarães conta a Ega tudo o que sabe sobre M.ª Monforte, inclusive a mentira que
ela dissera a Maria Eduarda sobre a sua origem de pai austríaco. Enquanto Guimarães
vai buscar o cofre nessa mesma noite, Ega fica a atormentar-se com os seus
pensamentos.

EPISÓDIO DO SARAU DO TEATRO DA TRINDADE


Evidencia-se o gosto dos portugueses, dominados por valores caducos, enraizados
num sentimentalismo educacional e social ultrapassados. Total ausência de espírito
crítico e analítico da alta burguesia e da aristocracia nacionais e a sua falta de
cultura.

Rufino, o orador “sublime”, que pregava a “caridade” e o “progresso”, representa a


orientação mental daqueles que o ouviam: a sua retórica vazia e impregnada de
artificialismos barrocos e ultrarromânticos traduz a sensibilidade literária da época, o
seu enaltecimento á nação e à família.

Cruges, que tocou Beethoven, representa aqueles que, em Portugal, se distinguiam


pelo verdadeiro amor à arte e que, tocando a Sonata patética, surgiu como alvo de
risos mal disfarçados, depois de a marquesa dizer que se tratava da Sonata Pateta, o
que o tornaria o fiasco da noite.

Alencar declamou “A Democracia”, depois de “um maganão gordo” lamentar que


nós Portugueses, não aproveitássemos “herança dos nossos avós”, revelando um
patriotismo convincente. O poeta aliava, agora, poesia, e política, numa encenação
exuberante, que traduzia a sua emoção pelo facto de ter ouvido “uma voz saída do
fundo dos séculos” e que o levava a querer a República, essa” aurora” (e os aplausos
foram numerosos) que viria com Deus
Capítulo XVII

Ega não tem coragem de contar a Carlos. Sai, à procura de Vilaça. Come no Café
Tavares e volta à R. da Prata. "Despeja" tudo ao Vilaça. Incumbe-o de contar tudo a
Carlos. Abrem a caixa de M.ª Monforte. Encontram um documento provando que
Maria Eduarda é filha de Pedro da Maia.

Carlos, insensatamente, não acredita no que lhe contam. Mostra ao avô os papéis da
Monforte. Mas Afonso não os refuta, dando a Carlos uma insegurança de que tudo pode
ser verdade. Afonso, no corredor, diz a Ega que sabe que "essa mulher" é a amante de
Carlos.

Carlos vai a casa de Maria e tem relações sexuais.

Ega e Afonso acabam por descobrir que Carlos continua a ir "visitar" Maria Eduarda.

Carlos debate-se com os seus pensamentos: o desejo e a culpa simultâneo;

Já era dia, quando dizem a Carlos que o avô estava desmaiado no jardim; estava
morto (em princípio trombose, visto que tinha um fio de sangue aos cantos da boca).

Carlos culpa-se a si mesmo dessa morte, pois achava que o avô tinha morrido de
desgosto.

Ega escreve um bilhete a informar Maria Eduarda do facto.

Carlos, depois do enterro, pede a Ega para falar com Maria Eduarda, contar-lhe tudo e
dizer-lhe que parta para Paris, levando 500 libras.

Carlos parte.

Encontra-se com ela na estação de Sta. Apolónia, no dia seguinte. Segue no mesmo
comboio até o Entroncamento. E nunca mais a vê.

Capítulo final

Passam-se semanas. Sai na "Gazeta Ilustrada" a notícia da partida de Carlos e Ega numa
longa viagem.

Ano e meio depois (1879), regressa Ega, trazendo a ideia de escrever um livro,
"Jornadas da Ásia; Carlos ficara em Paris. (1886) Carlos passa o Natal em Sevilha;
de lá, escreve a Ega que vai voltar a Portugal.

Chega a Sta. Olávia em 1887

Carlos pergunta pela Gouvarinho. Aparece o Alencar. Aparece o Cruges.

Ega e Carlos vão visitar o Ramalhete.


Sabe-se que Maria Eduarda ia casar.

EPISÓDIO DO PASSEIO FINAL DE CARLOS E EGA


Este episódio é o epílogo do romance:10 anos depois, quando Carlos visita Lisboa,
vindo de Paris.

Este passeio é simbólico, por isso, os espaços percorridos são espaços históricos e
ideológicos, que se podem agrupar-se em três conjuntos:
- No primeiro, domina a estátua de Camões que, triste, representa o Portugal heroico,
glorioso, mas perdido, e desperta um sentimento de nostalgia. A estátua está envolvida
numa atmosfera de estagnação, tal como o país.

-No segundo conjunto, dominam aspetos ligados ao Portugal absolutista. É a zona


antiga da cidade, os bairros antigos representam a época anterior ao Liberalismo, o
tempo absolutista, recusado por Carlos por causa da sua intolerância e do seu
clericalismo, que levam a que toda a sua descrição seja depreciativa.

- No terceiro conjunto, domina o presente, o tempo da Regeneração, como é o caso do


Chiado e dos Restauradores, símbolos de uma tentativa falhada de reconstrução do país,
e a prová-lo está o ambiente de decadência e amolecimento que cerca o obelisco.
O Ramalhete integra-se neste conjunto, também ele atingido pela destruição e pelo
abandono.

Este último capítulo apresenta os últimos retoques na imagem betuma da sociedade


portuguesa, contrastando com a beleza e autenticidade da terra. O mal de Portugal
foi não ter sido genuíno, adotando tudo o que era estrangeiro.

Ramalhete
No último capítulo, a imagem deixada pelo Ramalhete, abandonado e tristonho, cheio
de recordações de um passado de tragédia e frustrações, está muito relacionado com o
modo como Eça via o país, em plena crise do regime. As paredes do Ramalhete foram
sempre sinal de desgraça para a família Maia.

O quintal do Ramalhete, também sofre uma evolução. No primeiro capítulo a cascata


está seca porque o tempo da ação d’ Os Maias ainda não começaram. No último
capítulo, o fio de água da cascata é símbolo da eterna melancolia do tempo que passa,
dos sentimentos que leva e traz, mostra-nos também que o tempo está mesmo a esgotar-
se e o final da história d' Os Maias está próximo. Este choro simboliza também a dor
pela morte de Afonso da Maia.

A estátua de Vénus que, enegrece com a fuga de Maria Monforte. Agora, (no último
capítulo) coberta de ferrugem simboliza o desaparecimento de Maria Eduarda, os seus
membros agora transformados dão-lhe uma forma monstruosa fazendo lembrar Maria
Eduarda e monstruosidade do incesto. Esta estátua marca então, o início e o fim da ação
principal. Ela é também símbolo das mulheres fatais d' Os Maias - Maria Eduarda e
Maria Monforte.

O cedro e o cipreste, são árvores que pela sua longevidade, significam a vida e a morte,
foram testemunhas das várias gerações da família. Mas também simbolizam a amizade
inseparável de Carlos e João da Ega.
A morte instala-se nesta família. No Ramalhete todo o mobiliário degradado e disposto
em confusão, todos os aposentos melancólicos e frios, tudo deixa transparecer a
realidade de destruição e morte. E se os Maias representam Portugal, a morte instalou-se
no país.

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