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Antecedentes
- Romantismo muito limitado aos problemas nacionais e cheio de sentimentalismos –
Ausência de contacto com o estrangeiro.
Objetivos do realismo
- Libertar a literatura e a cultura portuguesas do romantismo desvirtuado.
Questão Coimbrã
É o confronto entre duas conceções de romantismo: confronto entre os ultrarromânticos
que praticavam uma cultura puramente decorativa, e a Geração de 70, que considerava
que a literatura devia focar os problemas sociais.
No plano ideológico:
- Corrente influenciada pela Ciência e pela Filosofia, com especial relevo para o
Positivismo de Auguste Comte – análise rigorosa dos factos e das suas causas.
As Conferências do Casino
Estas conferências realizaram-se na primavera de 1871 numa sala alugada do casino no
Largo da Abegoaria, em Lisboa. Foram incentivadas por Antero de Quental com o
intuito de introduzir Portugal nos assuntos políticos e sociais da Europa. Na altura, eram
constituídas por um grupo de jovens escritores e ex-estudantes de Coimbra chamados de
"grupo do Cenáculo".
Objetivos
- Discutir ideias que revelam preocupação com a transformação social, moral e política
dos povos.
A ação
- Na intriga secundária temos: a história de Afonso da Maia (época de reação do
Liberalismo ao Absolutismo); a história de Pedro da Maia e Maria Monforte (época de
instauração do Liberalismo e consequentes contradições internas); e a história da
infância e juventude de Carlos da Maia (época de decadência das experiências Liberais).
- São os amores infelizes de Pedro e Maria Monforte que levam à separação dos filhos,
que desconhecem a existência um do outro.
- A peripécia verificou-se com o encontro casual de Mª. Eduarda com Guimarães; com
as revelações casuais de Guimarães a Ega sobre a identidade de Mª. Eduarda; e com as
revelações a Carlos e Afonso da Maia também, sobre a identidade de Mª. Eduarda.
Os espaços
Espaço Físico
- Maioritariamente, a narrativa decorre em Portugal, mais concretamente em
Lisboa e arredores.
Espaço Social
Aborda ambientes (jantares, chás, soirés, bailes, espetáculos), nos quais atuam
personagens que melhor representarem a sociedade criticada pelo narrador as classes
dirigentes, a alta aristocracia e a burguesia. Ou seja, o espaço social cumpre um papel
puramente crítico.
Espaço Psicológico
- É constituído pela consciência das personagens e manifesta-se em momentos de maior
densidade dramática. É, sobretudo, Carlos, que desvenda os labirintos da sua
consciência. Ega ocupa, também, um lugar de relevância.
- Destaca-se, como espaço psicológico, o sonho de Carlos em que evoca a figura de Mª.
Eduarda; nova evocação dela em Sintra; reflexões de Carlos sobre o parentesco que o
liga a Mª. Eduarda; visão do Ramalhete e do avô, após o incesto; e contemplação de
Afonso morto, no jardim.
Personagens
Afonso da Maia
Caracterização Física
- Um pouco baixo, maciço, de ombros quadrados e fortes; de face larga, nariz aquilino,
pele corada, quase vermelha; cabelo branco curto e barba longa.
Caracterização Psicológica
- Personagem mais valorizado por Eça; não se lhe conhecem defeitos; homem de
carácter culto e gostos requintados; representa simbolicamente a integridade moral e a
retidão de carácter; ama o progresso; generoso para com os amigos e necessitados;
símbolo do Portugal liberal da década de 20; incarnação do bom senso, da experiência,
dos valores da nação e da raça; defende o património português face à descaracterização
e à invasão das modas estrangeiras; modelo de autodomínio, mesmo com o suicídio do
filho.
- Em jovem, aderiu aos ideais do Liberalismo e foi obrigado, pelo pai, a sair de
casa; instalou-se em Inglaterra, mas com o falecimento do pai regressa a Lisboa
para casar com Mª. Eduarda Runa. Mais tarde, dedica-se ao neto, Carlos.
Pedro da Maia
Caracterização Física
- Pequenino, de face oval de "um trigueiro cálido", olhos belos
Caracterização Psicológica
- Eça dá grande importância à sua vinculação ao ramo familiar dos Runa e à semelhança
psicológica com eles. Temperamento nervoso, fraco e de grande instabilidade
emocional. É vítima do meio baixo lisboeta e de uma educação retrograda. O seu único
sentimento vivo e intenso foi a paixão pela mãe. Apesar da robustez física, dera de
uma cobardia moral (suicídio como reação face à fuga da mulher). Falha no
casamento e falha como homem (arrastou-se por uma paixão obsessiva e fatal.)
Carlos da Maia
Caracterização Física
-Rapaz belo e magnífico. Era alto, bem constituído, de ombros largos, olhos negros,
pele branca, cabelos negros e ondulados. Tinha barba fina, castanha escura, pequena e
aguçada no queixo. O bigode era arqueado nos cantos da boca.
Caracterização Psicológica
- Era culto, bem-educado, de gostos requintados. Ao contrário do seu pai, foi submetido
a uma educação Inglesa rígida (moderna e laica). É corajoso e frontal. Amigo do seu
amigo e generoso. Destaca-se na sua personalidade o cosmopolitismo, a sensualidade.
- Apesar da educação, fracassou, mas não devido a esta. Falhou, em parte, por causa do
meio onde se instalou – uma sociedade parasita, ociosa, fútil e sem estímulos; aos
aspetos hereditários – a fraqueza e a cobardia do pai, o egoísmo, a futilidade e o espírito
boémio da mãe.
- Eça quis personificar em Carlos a idade da sua juventude, a que fez a Questão
Coimbrã e as Conferências do Casino e que acabou no grupo dos Vencidos da Vida.
Carlos é um bom exemplo.
Caracterização psicológica
- Ao contrário das outras personagens femininas, esta nunca é criticada, Eça manteve
sempre a possibilidade do desenrolar de um desfecho dramático. Eduarda é delineada
em poucos traços, o seu passado é quase desconhecido o que contribui para o aumento e
encanto que a envolve.
Caracterização Psicológica
- Leviana e imoral, é, em parte, a culpada de todas as desgraças da família Maia.
Personagens Tipo
João da Ega
Caracterização Física
- Usava "um vidro entalado no olho", tinha "nariz adunco, pescoço esganiçado, punhos
tísicos, pernas de cegonha". Era o autêntico retrato de Eça.
Caracterização Psicológica
- Ega é a projeção literária de Eça. É uma personagem contraditória, por um lado,
romântico e sentimental, por outro, progressista e crítico, sarcástico do Portugal
Constitucional. Amigo íntimo de Carlos desde os tempos de Coimbra, onde se formou
em Direito (muito lentamente).
- Era boémio, excêntrico, exagerado, caricatural, ateu e sem moral. É leal com os
amigos. Sofre de diletantismo, concebe grandes projetos literários que nunca chega a
executar. Terminado o curso, vem viver para Lisboa e torna-se amigo inseparável de
Carlos.
- Ega, um falhado, corrompido pela sociedade, encarna a figura defensora dos valores
da escola realista por oposição à romântica. Na prática, revela-se em eterno romântico.
Conde de Gouvarinho
Caracterização Física
- Alto, de luneta de ouro, bigode encerado, pera curta e provinciano.
Caracterização Psicológica
- “Um asno”, “um caloteiro”, maçador, forreta, aborrecido, grosseiro que fala de um
modo depreciativo das mulheres.
Caracterização Psicológica
- É imoral e sem escrúpulos. Trai o marido, Conde de Gouvarinho, com Carlos, sem
qualquer remorso. Questões de dinheiro e a mediocridade do Conde fazem com que o
casal se desentenda.
Dâmaso Salcede
Caracterização Física
- Era baixo, gordo, "frisado como um noivo de província", sobrinho de Guimarães. A
ele e ao tio devem-se, respetivamente, o início e o fim dos amores de Carlos com Mª.
Eduarda.
Caracterização Psicológica
- É cheio de defeitos: exibicionista, cobarde e grosseiro na expressão linguística; não
tem dignidade; mesquinho, pouco inteligente e gabarola. É quem envia a carta anónima
a Castro Gomes e é, também, quem envia a notícia contra Carlos n'A Corneta do Diabo.
Sr. Guimarães
Caracterização Física
- Usava largas barbas e um grande chapéu de abas à moda de 1830.
Caracterização Psicológica
- Conheceu a mãe de Mª. Eduarda, que lhe confiou um cofre contendo documentos que
identificavam a filha. É, portanto, o mensageiro da trágica verdade que destruirá a
felicidade de Carlos e de Mª. Eduarda.
Alencar
Caracterização Física
- Era "muito alto, com uma face encaveirada, olhos encovados, e sob o nariz aquilino,
longos, espessos, românticos bigodes grisalhos".
Caracterização Psicológica
- Era calvo, em toda a sua pessoa "havia alguma coisa de antiquado, de artificial e de
lúgubre".
Caracterização Psicológica
- Maestro e pianista patético, era amigo de Carlos e íntimo do Ramalhete. Era
demasiado chegado à sua velha mãe. É desmotivado devido ao meio lisboeta - "Se eu
fizesse uma boa ópera, quem é que ma representava".
Craft
- É uma personagem com pouca importância para o desenrolar da ação, mas que
representa a formação britânica, o protótipo do que deve ser um homem.
- Defende a arte pela arte, a arte como idealização do que há de melhor na natureza.
É culto e forte, de hábitos rígidos, "sentindo finamente, pensando com retidão".
Eusebiozinho
- Representante da educação tradicional portuguesa;
- É caracterizado de forma caricatural; o seu nome, que aparece quase sempre no grau
diminutivo, realça a sua fraqueza e cobardia. Cresceu tísico, molengão, tristonho e
corrupto. Casou-se, mas enviuvou cedo.
Capítulo I
- Os Maias não possuíam casa em Lisboa, pois a sua única casa, o Ramalhete, estava
inabitável; Afonso nesta idade adorava o sossego de Santa Olávia, mas o seu neto,
Carlos, depois de formado não iria querer viver na quinta. Afonso não queria viver mais
afastado do seu neto, e Carlos com uma carreira ativa, e um gosto pelo luxo, queria
habitar o Ramalhete. Então, são feitas obras no Ramalhete.
0- Caetano
- Caetano, o bisavô de Carlos (forte apoiante do absolutismo), expulsara Afonso de casa
por este apoiar ideias do liberalismo. Apesar disso, Afonso conseguira, graças à mãe, a
Quinta de Santa Olávia.
1- Afonso
- Afonso muda-se para Inglaterra, devido às suas ideologias liberais, mas regressa a
Portugal após a morte de Caetano. Por essa altura, conhece Maria Eduarda Runa e tem
um filho, Pedro. Maria Eduarda era morena, linda, católica, mimosa, e um pouco
adoentada.
- Afonso retorna a Inglaterra com a sua família, mas Maria Eduarda Runa desgosta
imenso do país. Andava triste com saudades do seu país, da família, das igrejas.
- M.ª Eduarda manda vir de Lisboa o Padre Vasques, que dava a Pedro uma educação
demasiado tradicional e centrada da Religião.
2- Pedro
- Pedro apaixona-se por Maria Monforte, a filha de um negreiro. Afonso odiava a
família Monforte, e não aceitou o seu relacionamento. Apesar disso, Pedro casa-se com
ela e partem para Itália.
Capítulo II
2- Pedro
- Passado alguns dias de estarem em Roma, Maria sentiu um enorme desejo de ir para
Paris, e lá foram para França.
- O casal desembarcou rumo a Benfica. Mas, o que não sabiam era que Afonso tinha
partido para Santa Olávia dois dias antes, e isto magoou Pedro. E foi com esta situação
que a relação entre pai e filho acabou.
- Quando Maria deu à luz a uma menina, Pedro não contou a seu pai
- Mas, Maria teve outro filho, um menino desta vez. Para acalmar Afonso da Maia, Pedro
quis dar o nome do seu pai a este bebé, mas Maria não permitiu. Andava a ler uma novela
onde existia um Carlos Eduardo, e é este nome que queria dar ao pequeno: Carlos Eduardo
da Maia.
- Pedro decide ir a Santa Olávia apresentar a Afonso os seus dois filhos, mas esta visita é
adiada após este ferir acidentalmente um italiano numa caçada, Tancredo. Tancredo fica
a recuperar na casa de Pedro, tempo suficiente para este e Maria Monforte se apaixonarem
e fugirem com a filha de Pedro, deixando Carlos com o pai.
- Numa tarde de dezembro, Afonso da Maia estava a ler calmamente, quando, de repente,
a porta do escritório abre violentamente e o velho vê o seu filho. Pedro não estava normal,
estava todo desarranjado e o seu olhar refletia uma certa loucura. Mal Afonso se levantou,
o seu filho caiu-lhe nos braços a chorar como se o mundo fosse acabar. É então, passado
uns minutos, que pedro diz o sucedido.
- Nesse mesmo dia, Afonso acorda assustado com o som de um tiro que se ouviu em toda
a casa. Pedro suicidara-se e deixara uma carta que dizia “Para papá”.
Capítulo III
- Vilaça nunca tinha visto Afonso da Maia assim tão alegre, e toda esta alegria devia-se
ao menino, ao seu neto, Carlos; foi esta criança que fez reviver Afonso da Maia e fez
reviver a casa.
- Afonso questionou por sua neta, filha de Maria Monforte, com quem esta havia fugido,
e Vilaça respondeu que desconfiava que ela estava morta, caso contrário, Maria já tinha
vindo bater à porta de Afonso a pedir ajuda.
- Vilaça morre.
- Numa manhã de julho, em Coimbra, Carlos tinha feito o seu primeiro exame que lhe
daria acesso à universidade.
Capítulo IV
- Após a sua formatura, parte para uma viagem de um ano pela Europa.
- Regressa no outono de 1875 onde se instala no Ramalhete com seu avo, e abre uma
clínica e um laboratório.
Capítulo V
- Ega, amigo de Carlos, estava apaixonado por Raquel Cohen, uma mulher casada.
- Após a um encontro com uns amigos de Ega, Carlos não parava de pensar na
Condessa Gouvarinho. Estava apaixonado. Esta também demonstra interesse em Carlos,
apesar de ser casada.
Capítulo VI
- Carlos cruza-se com uma mulher deslumbrante à porta do Hotel Central, enquanto
aguardava com Craft os restantes amigos para o jantar
- Carlos conhece Alencar, quem emprestou a sua mãe o romance graças ao qual esta
decidiu nomear o seu filho de Carlos Eduardo.
LITERATURA
- Alencar defende o ultrarromantismo, considera o realismo/naturalismo imorais (pois
estatelam a realidade feia das coisas num livro)
FINANÇAS e POLÍTICA
- Ega e Cohen defendem uma catástrofe nacional como forma de acordar o país.
- Ega afirma que a raça portuguesa é a mais covarde e miserável da Europa. Afirma que
todos iriam fugir quando se encontrassem perante um soldado espanhol, e que a
sociedade tinha receio de perder a independência, mas só uma sociedade tão estúpida
como a do Primeiro de Dezembro pensaria que a invasão traria esta consequência
- Alencar, por sua vez, teme a invasão espanhola e defende o romantismo político,
esquecendo o adormecimento geral do país.
- Deste jantar sobressai a falta de personalidade de Ega e Alencar, que mudam de
opinião quando Cohen quer
Capítulo VII
- Ultimamente Carlos saía pouco de casa, pois andava ocupado a escrever um livro e
com a sua profissão, que por sua vez não estava a dar grandes frutos, pois dizia-se que
Carlos fazia experiências mortais aos seus pacientes.
- Um dia, Carlos convida o Senhor Salcede para jantar no Ramalhete, mas este não
aparece, para surpresa de todos, visto a admiração que Salcede tinha por Carlos.
- Certo dia, Carlos voltou a ver a mulher lindíssima que vira no Hotel Central. Ele
pensou para ele mesmo que achava que era um anjo, uma deusa, porém, ele não
conseguiu ver muito, principalmente a sua cara. Carlos não consegue deixar de pensar
naquele anjo que tinha visto, e durante 3 dias seguidos vai sempre por volta da mesma
hora ao mesmo sítio ver se encontra a tal mulher, mas sem resultados.
- Carlos convida Gruges a ir a Sintra no dia seguinte, pois tomara conhecimento, por
intermédio de Taveira, que Maria Eduarda aí se encontrava na companhia de seu marido
e de Dâmaso.
Capítulo VIII
- Neste capítulo, Carlos da Maia e o seu bom amigo, o maestro Cruges, vão de visita a
Sintra, ondem encontram o amigo Eusebiozinho e Alencar.
- Carlos informado sobre o destino de Maria Eduarda, que havia deixado Sintra na
véspera, depressa quis voltar para Lisboa.
Capítulo IX
Capítulo X
- Passam-se 3 semanas. Carlos sai de um coupé, onde acabara de estar com a
Gouvarinho. Nota-se que já estava farto dessas 3 semanas e que se quer ver livre da
Gouvarinho.
- Carlos recebe uma carta de Maria Eduarda a pedir-lhe para consultar “uma pessoa de
família”.
Capítulo XI
- Carlos vai a casa dos Castro Gomes auxiliar a familiar de Maria Eduarda. É a
governanta, Miss Sara, que está doente. Examina Miss Sara. Falando com Maria
Eduarda, descobre que é portuguesa, não brasileira
- Nas semanas seguintes, Carlos vai-se familiarizando com Maria Eduarda, graças à
doença de Miss Sara. Falam ambos das suas vidas e dos seus conhecidos
- Dâmaso fica amuado e vai pedir explicações a Carlos sobre a sua estadia em casa de
Maria Eduarda.
Capítulo XII
- Na tarde seguinte, em visita a Maria Eduarda, Carlos declara-lhe o seu amor, que é
correspondido, e ambos se beijam pela primeira vez. Mediante o desejo de Maria
Eduarda de viver num lugar mais recatado, longe da coscuvilhice dos vizinhos, e com
espaço livre para Rosa brincar, Carlos compra a Quinta dos Olivais a Craft.
- Carlos conta a Ega o seu romance com Maria Eduarda e a sua intenção de fugir com
ela; Ega pensa para ele próprio que esta mulher seria para sempre, o seu irreparável
destino.
Temas abordados
- Literatura, crítica literária, finanças, atraso intelectual do País, educação, decadência
do jornalismo português e corrupção do jornalismo, gosto convencional,
provincianismo snob e falta de espírito crítico da sociedade lisboeta.
- A falta de cultura dos indivíduos que são detentores de cargos que os inserem na
esfera social do poder – Sousa Neto (oficial superior de um cargo de uma grande
repartição do Estado, da Instituição Pública), desconhece Proudhon, começando
por responder a Ega que, provocante, lhe pergunta a sua opinião sobre o socialista,
que não se recorda textualmente, depois "que Proudhon era um autor de muito
nomeada", e finalmente, perante a insistência de Ega, sintetiza a sua ignorância,
afirmando que não sabia que "esse filósofo tivesse escrito sobre assuntos escabrosos",
como o amor, acrescentando que era seu hábito aceitar "opiniões alheias, pelo que
dispensava as discussões". Posteriormente, perguntará a Carlos se existe literatura em
Inglaterra.
Capítulo XIII
Carlos falta a dois compromissos com a condessa em casa da tia sem dizer uma única
palavra. Ega afirma que esta é a altura perfeita para meter fim à “relação” deles e Carlos
concorda.
Ega informa Carlos de que Dâmaso anda a difamá-lo e a Maria Eduarda também.
Assim que ouviu isto, Carlos pensou ir imediatamente a casa de Dâmaso “fazer justiça”,
mas depois pensou melhor e talvez fosse melhor continuar a passar por Dâmaso e
acenar como se nada fosse.
Encontra Alencar, que refere a crescente antipatia de Dâmaso por Carlos. Do outro lado
da rua, aparece o Gouvarinho, o Cohen e o Dâmaso. Carlos atravessa a rua e ameaça
Dâmaso.
Dias depois, Maria Eduarda visita a sua nova casa nos Olivais, à qual dão o nome de
“Toca”. Têm a sua 1ª relação sexual.
Capítulo XIV
Castro Gomes recebe uma carta anónima dizendo que a sua mulher tinha um amante,
Carlos. Revela não ser realmente marido de Maria Eduarda, apenas que ela usava o seu
nome. Conta a sua história: ele vivia há três anos com Maria, que trouxe do Brasil para
o acompanhar. Toda a gente via Maria com Castro Gomes, e dormiam juntos, por isso,
para todos os efeitos Maria era mulher dele. A pequena Rosa não é filha dele; quando
eles se conheceram, três anos antes, Rosa já tinha 3 anos de idade Maria era apenas a
mulher paga por Castro Gomes.
Maria Eduarda, em choro, conta a verdadeira história da sua vida (foi basicamente
obrigada a vir morar com Castro Gomes devido a dificuldades financeiras). Carlos
pede-a em casamento.
Capítulo XV
Recebe, através do Ega, um n.º da Corneta do Diabo, que o difama, afirmando que ele
tem um “caso com uma gaja brasileira”. Descobre que o autor do artigo é Dâmaso e
Eusebiozinho.
Carlos começou a pensar se “a honra doméstica, honra social, a pureza dos seus
descendentes, a dignidade da sua família” permitiam o seu casamento com Maria.
Agora Carlos só tinha em mente uma coisa: desafiar Dâmaso para um duelo de armas.
Carlos precisava de dois padrinhos para o duelo e escolheu Cruges e Ega, que foram a
casa de Dâmaso desafia-lo em nome de Carlos. Porém, nesse momento, Dâmaso sentiu-
se humilhado por Carlos, o seu “amigo”, estar a fazer-lhe uma coisa destas, e decidiu
escrever uma carta a dizer que era um bêbado e que quando escreveu o artigo não estava
em si.
Nessa noite, Carlos regressa para casa e abandona definitivamente os Olivais com Maria
para se instalarem em Lisboa, na Rua de São Francisco, por seis meses.
- Não sabia nada do pai, a não ser que era um nobre de grande beleza;
- Tivera uma irmã de nome Heloísa que morreu com dois anos;
- Posteriormente viveu em Paris tendo memórias mais nítidas desta altura: o seu avô
tinha falecido e a sua mãe estava de luto; lembra-se ainda da sua aia, que era italiana e
que a levava todas as manhãs brincar aos campos elísios. Durante a noite lembrava-se
de ver a mãe decotada e um homem loiro que lhe costumava trazer bonecas num quarto
muito decorado.
- Mac Gren alista-se no exército e semanas depois é morto. A morte de Mac Gren
fora o início de uma vida muito carenciada pela parte de Maria, de Rosa e da
mãe de Maria que começou a apresentar uma doença no coração o que,
posteriormente, a matou.
- Quando rosa já estava a morrer à fome e a mãe já estava doida, maria encontrou o
Castro Gomes
Critica-se, neste episódio, a decadência do jornalismo português, pois os jornalistas
deixavam-se corromper, motivados por interesse económicos ou evidenciam uma
parcialidade comprometedora, originada por motivos políticos (é o caso de Neves,
diretor do Jornal A Tarde.
Capítulo XVI
A caminho para o Chiado, Ega é parado por Guimarães, que lhe diz ter um cofre da mãe
de Carlos para entregar à família. No meio da conversa, descobre inconscientemente
uma verdade terrível a Ega: Carlos tem uma irmã; é a Maria Eduarda.
Guimarães conta a Ega tudo o que sabe sobre M.ª Monforte, inclusive a mentira que
ela dissera a Maria Eduarda sobre a sua origem de pai austríaco. Enquanto Guimarães
vai buscar o cofre nessa mesma noite, Ega fica a atormentar-se com os seus
pensamentos.
Ega não tem coragem de contar a Carlos. Sai, à procura de Vilaça. Come no Café
Tavares e volta à R. da Prata. "Despeja" tudo ao Vilaça. Incumbe-o de contar tudo a
Carlos. Abrem a caixa de M.ª Monforte. Encontram um documento provando que
Maria Eduarda é filha de Pedro da Maia.
Carlos, insensatamente, não acredita no que lhe contam. Mostra ao avô os papéis da
Monforte. Mas Afonso não os refuta, dando a Carlos uma insegurança de que tudo pode
ser verdade. Afonso, no corredor, diz a Ega que sabe que "essa mulher" é a amante de
Carlos.
Ega e Afonso acabam por descobrir que Carlos continua a ir "visitar" Maria Eduarda.
Já era dia, quando dizem a Carlos que o avô estava desmaiado no jardim; estava
morto (em princípio trombose, visto que tinha um fio de sangue aos cantos da boca).
Carlos culpa-se a si mesmo dessa morte, pois achava que o avô tinha morrido de
desgosto.
Carlos, depois do enterro, pede a Ega para falar com Maria Eduarda, contar-lhe tudo e
dizer-lhe que parta para Paris, levando 500 libras.
Carlos parte.
Encontra-se com ela na estação de Sta. Apolónia, no dia seguinte. Segue no mesmo
comboio até o Entroncamento. E nunca mais a vê.
Capítulo final
Passam-se semanas. Sai na "Gazeta Ilustrada" a notícia da partida de Carlos e Ega numa
longa viagem.
Ano e meio depois (1879), regressa Ega, trazendo a ideia de escrever um livro,
"Jornadas da Ásia; Carlos ficara em Paris. (1886) Carlos passa o Natal em Sevilha;
de lá, escreve a Ega que vai voltar a Portugal.
Este passeio é simbólico, por isso, os espaços percorridos são espaços históricos e
ideológicos, que se podem agrupar-se em três conjuntos:
- No primeiro, domina a estátua de Camões que, triste, representa o Portugal heroico,
glorioso, mas perdido, e desperta um sentimento de nostalgia. A estátua está envolvida
numa atmosfera de estagnação, tal como o país.
Ramalhete
No último capítulo, a imagem deixada pelo Ramalhete, abandonado e tristonho, cheio
de recordações de um passado de tragédia e frustrações, está muito relacionado com o
modo como Eça via o país, em plena crise do regime. As paredes do Ramalhete foram
sempre sinal de desgraça para a família Maia.
A estátua de Vénus que, enegrece com a fuga de Maria Monforte. Agora, (no último
capítulo) coberta de ferrugem simboliza o desaparecimento de Maria Eduarda, os seus
membros agora transformados dão-lhe uma forma monstruosa fazendo lembrar Maria
Eduarda e monstruosidade do incesto. Esta estátua marca então, o início e o fim da ação
principal. Ela é também símbolo das mulheres fatais d' Os Maias - Maria Eduarda e
Maria Monforte.
O cedro e o cipreste, são árvores que pela sua longevidade, significam a vida e a morte,
foram testemunhas das várias gerações da família. Mas também simbolizam a amizade
inseparável de Carlos e João da Ega.
A morte instala-se nesta família. No Ramalhete todo o mobiliário degradado e disposto
em confusão, todos os aposentos melancólicos e frios, tudo deixa transparecer a
realidade de destruição e morte. E se os Maias representam Portugal, a morte instalou-se
no país.