Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Objetivos:
o Homenagear o banqueiro Jacob Cohen;
o Proporcionar a Carlos um primeiro contacto com o meio social lisboeta;
o Apresentar a visão crítica de alguns problemas;
o Proporcionar a Carlos visão de Maria Eduarda.
Intervenientes:
o João da Ega, promotor da homenagem e representante do Realismo/ Naturalismo;
o Cohen, o homenageado, representante das altas Finanças;
o Tomás de Alencar, o poeta ultra-romântico;
o Dâmaso Salcete, o novo-rico, representante dos vícios do novo-riquismo burguês, a
catedral dos vícios;
o Craft, o britânico, representante da cultura artística e britânica, o árbito das elegâncias.
Temas discutidos:
o A literatura e a crítica literária
Próximos da doutrina estética de Eça quando defende para a literatura uma nova forma
o A história e a política
A falta de personalidade:
Alencar muda de opinião quando Cohen o pretende;
Ega muda de opinião quando Cohen quer;
Dâmaso, cuja divida é «Sou forte», aponta o caminho fácil da fuga.
A incoerência: Alencar e Ega chegam a vias de facto e, momentos depois, abraçam-se como se
nada tivesse acontecido;
De tudo: a falta de cultura e de civismo domina as classes mais destacadas, salvo Carlos e Craft.
Objetivos:
o Novo contacto de Carlos com a alta sociedade lisboeta, incluindo o próprio rei;
o Visão panorâmica dessa sociedade (masculina e feminina) sob o olhar crítico de
Carlos;
o Tentativa frustada de igualar Lisboa às capitais europeias, sobretudo Paris;
o Cosmopolitismo (postiço) da sociedade;
o Possibilidade de Carlos encontrar aquela figura feminina que viu à entrada do Hotel
Central.
As corridas:
o 1.ª Corrida: a do 1.º prémio dos «Produtos»
o 2ª Corrida: a do Grande Prémio Nacional
o 3ª Corrida: a do Prémio de El–Rei
o 4ª Corrida: a do Prémio de Consolação
Visão caricatural:
o O hipódromo parecia um palanque de arraial;
o As pessoas não sabiam ocupar os seus lugares;
o As senhoras traziam «vestidos sérios de missa»;
o O bufete tinha um aspecto nojento;
o A 1.ª corrida terminou numa cena de pancadaria;
o As 3.ª e 4.ª corridas terminaram grotescamente.
Conclusões a retirar:
o Fracasso total dos objectivos das corridas;
o Radiografia perfeita do atraso da sociedade lisboeta;
o O verniz de civilização estalou completamente;
o A sorte de Carlos, ganhando todas as apostas, é indício de futura desgraça.
Objetivos:
o Reunir a alta burguesia e aristocracia;
o Reunir a camada dirigente do País;
o Radiografar a ignorância das classes dirigentes.
Alvos visados
A imprensa
Objetivos:
o Passar em revista a situação do jornalismo nacional;
o Confrontar o nível dos jornais com a situação do país.
O baixo nível; a intriga suja; o compadrio político; tais jornais, tal País
Objetivos:
o Ajudar as vítimas das inundações do Ribatejo;
o Apresentar um tema querido da sociedade lisboeta: a oratória;
o Reunir novamente as várias camadas das classes mais destacadas, incluindo a família
real;
o Criticar o ultra-romantismo que encharcava o público;
o Contrastar a festa com a tragédia.
Os oradores:
Rufino Alencar
O último capítulo funciona como o epílogo do romance, dez anos depois de acabada a intriga; o
passeio final de Carlos e Ega em Lisboa ocorre, pois, dez anos depois.
É semelhante aos outros objectivos críticos e diferente porque tem uma dimensão ideológica e o
processo de representação é de carácter simbólico. Os espaços percorridos estão impregnados de
conotações históricas e ideológicas.
Os espaços percorridos por Carlos e Ega podem agrupar-se em três conjuntos:
o a estátua de Camões que, triste, evoca o passado glorioso da epopeia portuguesa (anterior
a 1580) e desperta um sentimento de nostalgia. Com efeito, encontra-se perdida e
envolvida por uma atmosfera de estagnação.
o aspectos ligados a Portugal absolutista (anterior 1820): é a parte antiga da cidade. Embora
recusado este tempo pela perspectiva de Carlos, não deixa de manifestar uma
autenticidade nacional, destruída pelo presente afrancesado e decadente.
o Domina o presente (o tempo da Regeneração, a partir de 1851), tempo de decadência, do
fracasso da restauração, da destruição. As tentativas de recuperação não mobilizaram o
País, quer porque de alcance muito restrito (caso do monumento dos Restauradores), quer
porque imitações erradas de modelos culturais alheios (caso do francesismo).
O Ramalhete integra-se neste conjunto no sentido em que, atingido pela destruição e pelo
abandono, pode funcionar como sinédoque da cidade e do País, retirada a dimensão individual.
Em conclusão, o plano da crónica dos costumes, que constitui o espaço social de Os Maias,
possibilitou um exame profundamente crítico da alta sociedade lisboeta da segunda metade do
século XIX. Este espaço social será também precioso para detectarmos algumas coordenadas da
estética naturalista.