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Teste de leitura 3

Nome N.º Turma Data

Avaliação Professor(a)

Lê o texto e as notas.

Capelista
Aqui há tempos, num jantar de amigos, veio à conversa a palavra capelista. Os
convivas com idade inferior a 50 anos ignoravam a palavra e o que ela designa; só
os mais velhos a sabiam identificar e definir. As capelistas, pequenos comércios de
oferta híbrida e diversificada, desapareceram quase por completo nas últimas dé-
5 cadas, talvez nos anos 80. São poucas as lojas que conservam a palavra no seu

nome: uma Capelista Oriental, a Capelista dos herdeiros de Amélia Rita, no


Campo Grande, a Capelista Costa, em Odivelas... E sendo fenómenos urbanos de
Lisboa, como sustentava Houaiss1 2005 (“é termo próprio de Lisboa”),
possivelmente abonando-se2 em Aulete3 1881, é natural que o âmbito da sua
utilização
10 tenha ficado restrito à capital e à sua área metropolitana, Amadora, Odivelas,

Sintra: um conviva natural do Porto nem sequer tinha ouvido falar da palavra. A
origem histórica, segundo Norberto de Araújo, há de encontrar-se nos comerciantes
que tinham venda no Pátio da Capela Real, quando reinava D. João V, na primeira
metade do século XVIII, e aos quais o povo chamava “capelistas” por serem
15 donos de “capellas”. A designação generalizou-se depois do terramoto, e a rua que

hoje conhecemos como a do Comércio foi chamada durante algum tempo rua
dos Capelistas, porque para aí foram transferidas as tendas arrasadas pelo cata-
clismo. Fenómeno tipicamente lisboeta, portanto. [...]
A loja de capelista ou “loja de capela” dedicava-se à venda de artigos de retro-
4
20 saria, linhas, botões, colchetes, fitas de nastro e de veludo, e passamanaria , arti-

gos muito prezados no ambiente religioso. Mas nada indica que os capelistas se
situassem de preferência nas proximidades dos lugares de culto; pelo contrário,
espalharam-se pelos bairros populares como comércio de proximidade.
O que se passou na primeira metade do
25 século passado foi o alargamento do espaço

de atuação das lojas de capelistas: além dos


artigos de retrosaria, que eram a sua voca-
ção primeira, passaram a oferecer de tudo
um pouco, tornando-se vendas de “miude-
30 zas e outras bugigangas (Houaiss 2005)”.

António Mega Ferreira, Roteiro afetivo de palavras perdidas, Ed. Tinta-da-China, 2022
(pág. 43, com supressões)

1. Houaiss: Dicionário da Língua Portuguesa. 2. abonando-se (abonar-se): apoiando-se. 3. Aulete: Dicionário da Língua
Portuguesa. 4. passamanaria: fitas, galões, fios usados para adornar vestuário.
Livro aberto, 9.º ano – Testes de leitura | Questões de aula
Teste de leitura 3

1. Numera as frases de 1 a 6, de acordo com a sequência do texto, começando pela letra (E).

(A) A origem histórica da palavra “capelista”.

(B) A região geográfica em que a palavra era usada.

(C) A generalização da designação de capelista.

(D) O tipo de produtos inicialmente vendidos nas capelistas.


(E) 1 O desaparecimento da maioria das capelistas.

(F) O alargamento do leque de produtos vendidos nas capelistas.

2. Assinala com X, nos itens 2.1. a 2.5., a opção que completa cada frase, de acordo com o texto.

2.1. A rua dos Capelistas foi assim chamada porque


(A) nela se encontravam negócios de cariz religioso.
(B) muitos comerciantes se estabeleceram aí após o terramoto.
(C) se encontrava nas proximidades da Capela Real.

2.2. Os capelistas estabeleciam-se


(A) nos grandes aglomerados populacionais.
(B) nas proximidades de lugares de culto.
(C) nos bairros populares.

2.3. O conhecimento da palavra capelista depende


(A) da idade e da localização geográfica dos falantes.
(B) da idade dos falantes e do conhecimento dos produtos comercializados.
(C) das deslocações sofridas pelos comerciantes após o terramoto.

2.4. A expressão “oferta híbrida e diversificada” (linha 4) significa que os produtos


(A) eram provenientes de fontes energéticas diferentes.
(B) tinham diferentes origens e eram variados.
(C) tinham origem religiosa e eram diversificados.

2.5. No último parágrafo do texto, o autor defende que na primeira metade do século XX
(A) as lojas de capelistas ampliaram a gama de artigos que anteriormente vendiam.
(B) mantiveram os produtos originais, mas aumentaram as vendas.
(C) mantiveram os produtos originais, mas aumentaram o espaço das lojas.

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