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Teste de avaliação – 10.º ano novembro 2021

Educação Literária

Grupo I (110 pontos)

A (80 pontos)

Lê atentamente o seguinte texto e consulta as notas apresentadas.

A
Bailemos nós ja todas tres, ai amigas,
so1 aquestas avelaneiras frolidas,
e quem for velida como nós, velidas,
se amigo amar,
so aquestas avelaneiras frolidas
verra bailar.

Bailemos nós já todas tres, ai irmanas,


so aqueste ramo destas avelanas,
e quen for louçana2 como nós, louçanas,
se amigo amar,
so aqueste ramo destas avelanas
verra bailar.

Por Deus, ai amigas, mentr’al nom fazemos3,


so aqueste ramo frolido bailemos,
e quem bem parecer como nós parecemos,
se amigo amar,
so aqueste ramo so’l4 que nós bailemos5,
verra bailar.
Airas Nunes, clérigo6 (CV 462, CBN 879), A Lírica Galego-Portuguesa, Elsa Gonçalves e
Maria Ana Ramos, Lisboa, Editorial Comunicação, Coleção Textos Literários, 1983, p.311.

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Sob, debaixo de.
2
Formosa.
3
Enquanto não fazemos outra coisa.
4
Sob o qual.
5
Sob estes ramos, sob os quais nós bailemos.
6
Clérigo compostelano, da primeira metade do século XIII, contemporâneo de D. Afonso X e seu
colaborador nas Cantigas de Santa Maria.
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Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.
1. Indica o tema desta composição poética, justificando.
2. Identifica as personagens intervenientes e explicita o tipo de relação que se estabelece
entre elas, tendo em conta o objetivo comum.
3. Caracteriza o cenário envolvente.
4. Classifica a estrutura externa do poema.

B (30 pontos)

Lê atentamente o excerto do capítulo 115 da Crónica de D. João I, de Fernão Lopes.

(…)
E ordenou o Meestre com as gentes da cidade que fosse repartida guarda dos muros
pelos fidalgos e cidadãos honrados; aos quaes derom certas quadrilhas e beesteiros e
homeẽs d’armas pera ajuda de cada uũ guardar bem a sua.
Em cada quadrilha havia uũ sino pera repicar quando tal cousa vissem, e como cada
5 uũ ouvia o sino da sua quadrilha, logo todos rijamente corriam pera ela; por quanto aas
vezes os que tiinham cárrego das torres viinham espaçar pela cidade, e leixavom-nas
encomendadas a homeẽs de que muito fiavom; outras vezes nom ficavom em elas senom
as atalaias; mas como davom aa campãa, logo os muros eram cheos, e muita gente fora.
E nom soomente os que eram assiinados em cada logar pera defensom, mas ainda as
10 outras gentes da cidade, ouvindo repicar na See, e nas outras torres, avivavom-se os
corações deles; e os mesteiraes dando folgança a seus oficios, logo todos com armas
corriam rijamente para u diziam que os Castelãos mostravom de vinr. Ali viriees os
muros cheos de gentes, com muitas trombetas e braados e apupos esgrimindo espadas e
lanças e semelhantes armas, mostrando fouteza contra seus ẽmigos. (…)
Fernão Lopes, Crónica de Dom João I. Primeira Parte, (Edição Crítica de Teresa Amado), Lisboa: IN-
CM, 2017, p. 209.

Responde, de forma completa, aos itens apresentados.


5. Demonstra que a atitude do povo revela uma consciência coletiva.
6. Explicita o sentido da expressão “avivavom-se os corações deles” (ll. 10-11).

Grupo II (50 pontos)


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Leitura | Gramática

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.


Escreve, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção
escolhida.
As cantigas trovadorescas galego-portuguesas são um dos patrimónios mais ricos da Idade
Média peninsular. Produzidas durante o período, de cerca de 150 anos, que vai, genericamente,
de finais do século XII a meados do século XIV, as cantigas medievais situam-se,
historicamente, nos alvores das nacionalidades ibéricas, sendo, em grande parte contemporâneas
5 da chamada Reconquista cristã, que nelas deixa, aliás, numerosas marcas. Tendo em conta a
geografia política peninsular da época, que se caracterizava pela existência de entidades políticas
diversas, muitas vezes com fronteiras voláteis e frequentemente em luta entre si, a área
geográfica e cultural onde se desenvolve a arte trovadoresca galego-portuguesa (ou seja, em
língua galego-portuguesa) corresponde, latamente, aos reinos de Leão e Galiza, ao reino de
10 Portugal, e ao reino de Castela (a partir de 1230 unificado com Leão).
Nas origens da arte trovadoresca galego-portuguesa, está, indiscutivelmente, a arte dos
trovadores provençais, movimento artístico nascido no sul de França, em inícios do século XII, e
que rapidamente se estende pela Europa cristã. Compondo e cantando já em língua falada (no
caso, o occitânico) e não mais em Latim, os trovadores provençais, através da arte da canso, mas
15 também do fin’amor que lhe está associado, definiram os modelos e padrões artísticos, mas
também genericamente culturais, que se irão tornar dominantes nas cortes e casas aristocráticas
europeias durante os séculos seguintes. Acompanhando, pois, sem dúvida, um movimento
europeu mais vasto de adoção dos modelos occitânicos, a arte trovadoresca galego-portuguesa
assume, no entanto, características muito próprias, como explicitaremos mais abaixo, e que a
20 distinguem de forma assinalável da sua congénere provençal, desde logo pela criação de um
género próprio, a cantiga de amigo.
No total, e recolhidas em três grandes cancioneiros (o Cancioneiro da Ajuda, o Cancioneiro
da Biblioteca Nacional e o Cancioneiro da Biblioteca Vaticana), chegaram até nós cerca de 1680
cantigas profanas ou de corte, pertencentes a três géneros maiores (cantiga de amor, cantiga de
25 amigo e cantiga de escárnio e maldizer), e da autoria de cerca de 187 trovadores e jograis. Da
mesma época e ainda em língua galego-portuguesa, são também as Cantigas de Santa Maria, um
vasto conjunto de 420 cantigas religiosas, de louvor à Virgem e de narração dos seus milagres,
atribuíveis a Afonso X.
https://cantigas.fcsh.unl.pt/sobreascantigas.asp (consultado em 04/10/2021).

1. A finalidade do texto é a demonstração de que a lírica galego-portuguesa


(A) acompanha o início e o desenvolvimento do reino de Portugal.
(B) deixa marcas profundas na Reconquista cristã.
(C) não possui afinidade com a arte dos trovadores.
(D) compreende textos escritos em português.

2. A demonstração e a fundamentação das ideias sobre as cantigas medievais permitem


inserir o texto que acabaste de ler no género
(A) apreciação crítica.
(B) exposição sobre um tema.
(C) notícia.
(D) documentário.
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3. No contexto em que surge, a palavra “voláteis” (l.7) significa


(A) constantes.
(B) permanentes.
(C) inseguras.
(D) instáveis.

4. A arte trovadoresca galego-portuguesa


(A) copia os padrões occitânicos.
(B) demarca-se dos modelos franceses.
(C) é inovadora ao criar a cantiga de amigo.
(D) define os seus próprios modelos culturais.

5. A frase “que nelas deixa, aliás, numerosas marcas” (l.5) é uma oração
(A) subordinada adjetiva relativa restritiva.
(B) subordinada substantiva completiva.
(C) subordinada adverbial consecutiva.
(D) subordinada adjetiva relativa explicativa.

6. O constituinte “a arte trovadoresca galego-portuguesa” (l. 18) desempenha a função


sintática de
(A) sujeito.
(B) modificador do grupo verbal.
(C) complemento oblíquo.
(D) modificador do nome restritivo.

7. No segmento “e que a distinguem de forma assinalável da sua congénere provençal” (ll.


19-20), o pronome pessoal encontra-se anteposto ao verbo por estar inserido
(A) numa oração coordenada.
(B) numa oração subordinante.
(C) numa frase simples.
(D) numa oração subordinada.

8. Identifica a função sintática do segmento sublinhado em “que se irão tornar dominantes


nas cortes e casas aristocráticas europeias”. (ll. 16-17).

9. Indica o referente do vocábulo “nelas” (l.5).

10. Divide e classifica as orações da frase A arte dos trovadores provençais é um


movimento artístico que nasce no sul de França, em inícios do século XII, e que
rapidamente se estende pela Europa cristã.

Grupo III (40 pontos)


Escrita

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Redige uma síntese do texto do Grupo II (75 a 80 palavras). Não te esqueças de planificar
previamente o teu texto e de o rever. Deves ter em conta as marcas específicas deste género
textual.

Bom trabalho!

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