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PORTUGUÊS – 11º ANO

TESTE FORMATIVO (Leitura/Educação Literária


e Gramática)
outubro de 2022

GRUPO I

Leia as estâncias 152 a 156 do Canto X de Os Lusíadas (manual p. 285). Responda, de forma estruturada,
aos itens.

1. Evidencie, nas estâncias 152 e 153, duas marcas linguísticas associadas ao discurso apelativo do poeta e
identifique o recetor das suas palavras.

2. Sintetize, por palavras suas, os conselhos ou pedidos formulados pelo poeta, nas duas primeiras
estâncias.

3. Justifique e comente a referência aos dois vultos clássicos na estância 153.

4. Indique os principais traços com que o poeta se autocaracteriza, nas estâncias 154 e 155.
Fundamente a resposta com citações textuais pertinentes.

5. Considerando os versos 5 a 8 da estância 155 e a estância 156, explicite em que consiste a promessa do
poeta dirigida ao recetor das suas palavras e as condições necessárias para a cumprir.

6. Transcreva os versos que mostram


a) que o poeta se identifica com o ideal de herói renascentista.
b) o destinatário das palavras do poeta como um ser predestinado a cometer grandes feitos futuros.

7. Complete as afirmações seguintes, selecionando a opção adequada a cada espaço.


Na folha de respostas, registe apenas as letras – a), b), c) e d) – e, para cada uma delas, o número que
corresponde à opção selecionada em cada um dos casos.

Através da _____a) ____, presente nos versos 1 e 2 da estância 154, o poeta expõe a sua _____b)_ ___,
embora, nos versos seguintes, afirme que o melhor _____c) ____ desinteressados são os que vêm dos homens
_____d) ____ como ele.

a) b) c) d)
1. interrogação retórica 1. autoconfiança 1. elogio e o conselho 1. desconhecidos e sábios

2. antítese 2. ignorância 2. estudo e o pedido 2. do povo e simples

3. personificação 3. humildade 3. engenho e o apelo 3. talentosos e experientes


Grupo II

Leia atentamente o texto.


«Vai chatear o Camões»
Desconfio que a expressão “vai chatear o Camões” terá nascido depois de sucessivas turbas de
alunos terem sido massacrados com a análise gramatical dos dez cantos d’Os Lusíadas, as suas 1102
estrofes e os seus 8816 versos. Obrigados a embrenharem-se nestas profundas questões, milhares de
alunos naufragaram nos escolhos gramaticais e nunca passaram além da Taprobana. Mais que a
5 aventura de chegar às Terras de Preste João, tolhia-os o Adamastor da divisão das estrofes e da
interpretação dos versos.
O resultado teria sido outro se se contasse a vida do autor, homem de fortes paixões e marginais
amores, conflituosos e impetuosos, que era menos bom na espada que na pena e que por isso perdeu
um olho em combate. Obrigado a emigrar em 1553, só regressa 17 anos depois. Pobre, publica Os
10 Lusíadas em 1572. O rei e a corte não se entusiasmam com a obra que canta os feitos valorosos das
nobres gentes lusitanas e a descoberta do caminho marítimo para a Índia. O pagamento demora anos
a chegar. Sophia de Mello Breyner há de lembrar o facto: «Irás ao paço. Irás pedir que a tença / seja
paga na data combinada. (…) Irás ao paço irás pacientemente / pois não te pedem canto mas paciência».
Camões morre sem glória nem reconhecimento em 1580.
15 Talvez o conhecimento de tantos poemas lindíssimos de amor que escreveu despertasse o
interesse de milhões e alunos para a obra maior da nossa literatura. E talvez ajudasse lembrar que o seu
poema «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades / (…) Todo o Mundo é composto de mudança
(…)» foi genialmente aproveitado por José Mário Branco, nome maior da nossa música, para criar um
hino contra a ditadura, quando lhe acrescentou um belo remate: «E se todo o Mundo é composto de
20 mudança / Troquemos-lhe as voltas / que ainda o dia é uma criança».
Talvez se pudesse ter contado a milhares de alunos que o nome – os Magriços – com que foi
batizada a seleção portuguesa de futebol que disputou o Mundial de 1966 em Inglaterra foi inspirado
num episódio de Os Lusíadas ou que a história de Pedro e Inês seria seguramente um êxito retumbante
do cinema – um amor contrariado pelo pai, a insistência nesse amor pelo filho, a contratação de dois
25 assassinos que matam Inês, a dor e a fúria de D. Pedro, que obriga toda a corte a beijar a mão da rainha
morta, a punição brutal dos assassinos.
Talvez ainda estejamos a tempo de recuperar Os Lusíadas como um maravilhoso livro de
histórias da História de Portugal e tornar a sua leitura um prazer e não um pesado fardo para milhares
de jovens. Que se juntem o cinema, a televisão, os professores e os pedagogos. Que se juntem os
30 historiadores e os contadores de histórias, os poetas e os que amam a poesia. Que todos juntos
consigamos erradicar a expressão «Vai chatear o Camões!».

Nicolau Santos, «Vai chatear o Camões», in Mensagens 10, 2015.

1. Para o autor, o fator que estará na origem da expressão «Vai chatear o Camões!» é

(A) a quantidade de alunos que tem de estudar a obra camoniana.


(B) a imposição da abordagem de Os Lusíadas, de Luís de Camões.
(C) a insistência no estudo gramatical dos vários cantos de Os Lusíadas.
(D) o massacre de multidões com a análise dos 8816 versos da epopeia.

2. Segundo o autor, o interesse por Os Lusíadas seria outro se os alunos contactassem com

(A) as lutas travadas por Camões contra a ditadura da época.


(B) a atribulada vida do autor e a beleza da sua obra lírica.
(C) a faceta controversa e de paixões regradas do seu autor.
(D) a entusiástica receção de Os Lusíadas pelo rei e pela corte.
3. A riqueza de Os Lusíadas prende-se não só com a variedade de episódios, mas também com

(A) as várias adaptações ao cinema e à televisão.


(B) o modo como são recuperados por outros autores.
(C) a inclusão de assuntos atuais, como o dos Magriços.
(D) a forma magistral como muitos deles são narrados.

4. O autor conclui com um apelo à mobilização de vários quadrantes da sociedade no sentido de

(A) tornar a abordagem de Os Lusíadas apelativa aos jovens.


(B) reforçar a importância da expressão que dá título ao texto.
(C) realçar a obra enquanto testemunho fiel da nossa História.
(D) salientar a desvalorização da obra e do autor de Os Lusíadas.

5. Em «Vai chatear o Camões», «vai» é um imperativo cujo étimo é VADE. Nesta evolução (VADE > vai), podemos
perceber que houve, pelo menos, processos fonológicos de

(A) prótese e síncope.


(B) síncope e sinérese.
(C) epêntese e aférese.
(D) apócope e paragoge.

6. As palavras «paço» (l. 12) e palácio, que provêm do mesmo étimo latino PALATIU-, classificam-se como palavras

(A) convergentes.
(B) divergentes.
(C) antónimas.
(D) parónimas.

7. Os verbos “escreveu” e “despertasse” (l. 15) encontram-se conjugados, respetivamente, no

(A) pretérito perfeito do indicativo e pretérito perfeito do conjuntivo.


(B) pretérito imperfeito do indicativo e pretérito imperfeito do conjuntivo.
(C) pretérito perfeito do indicativo e pretérito imperfeito do conjuntivo.
(D) pretérito imperfeito do indicativo e pretérito perfeito do conjuntivo.

8. Identifique a função sintática desempenhada pelas expressões

a. “além da Taprobana” (l. 4).


b. “do autor” (l. 7).
c. “homem de fortes paixões e marginais amores” (ll. 7-8).
d. “a seleção portuguesa de futebol” (l. 22).
e. “um prazer” (l. 28).

9. Classifique as orações

a. “se se contasse a vida do autor” (l. 7).


b. “que canta os feitos valorosos das nobres gentes lusitanas e a descoberta do caminho marítimo para a Índia.”
(ll. 10-11).
c. “para criar um hino contra a ditadura” (ll. 18-19).
d. “quando lhe acrescentou um belo remate” (l. 19).
e. “que o nome – os Magriços – (…) foi inspirado num episódio de Os Lusíadas” (ll. 21-23).

10. Identifique o antecedente dos pronomes


a. “os” (l. 5).
b. “lhe” (l. 19).
c. “lhe” (l. 20).
d. “que” (l. 22).
Grupo III

Nas estâncias finais do Canto I de Os Lusíadas, o poeta reflete sobre as circunstâncias que tornam o
Homem um “bicho da terra tão pequeno”.

Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
palavras, reflita sobre a atualidade da metáfora usada para referir o ser humano.

No seu texto:
– explicite, de forma clara e pertinente, o seu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumentos,
cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
– utilize um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).

Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando
esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do
número de algarismos que o constituam (ex.: /2019/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre duzentas e trezentas palavras –, há que atender ao
seguinte:
− um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
− um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.

O Professor
João Paulo Reis

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