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Páginas de revisão

Os Maias,
O que é a filosofia?
de Eça de Queirós
Contextualização histórico-literária
Segunda metade do século XIX – renovação cultural e artística

Questão Coimbrã – proclamação de uma nova conceção de arte, de expressão do intelectual, que tem como
primeiro valor a independência.

Geração de 70 – jovens artistas que têm como objetivo a regeneração do país, através da difusão de ideias
inovadoras, apresentadas nas Conferências do Casino, em que Eça de Queirós defende o Realismo e o
Naturalismo.

• A realidade objetiva como reação ao


• Realismo mais científico, em que Romantismo, privilegiando as
o ser humano é condicionado questões sociais e humanas em
pela sua hereditariedade, meio e detrimento das emoções.
educação.
Título, subtítulo e estrutura da obra
Título Os Maias Intriga secundária – vida e amores de Pedro da Maia

Afonso da Maia

Intriga principal – vida e amores de Carlos da Maia

Episódios da crónica de costumes que contribuem para a


“Episódios da
Subtítulo crítica social das várias facetas da sociedade portuguesa
vida romântica”
oitocentista.

Intriga Intriga Os Maias


Estrutura secundária principal

“Episódios Sociedade
da vida lisboeta do
romântica” século XIX

Jantar no Corridas de Sarau no


Jornal Passeio
Hotel Central cavalos no Teatro da
A Tarde final
hipódromo Trindade
A representação de espaços sociais e a crítica
de costumes
Episódios Temas e intenção crítica
Jantar no Hotel Central a literatura; a situação financeira; a mentalidade retrógrada
portuguesa
Corridas no hipódromo a imitação do estrangeiro; o provincianismo português
Jantar do conde de Gouvarinho a política; a educação e cultura; o adultério
Imprensa o jornalismo corrupto e sensacionalista; a parcialidade e a
dependência política
Sarau no Teatro da Trindade o atraso cultural e a hipocrisia
Passeio final por Lisboa a degradação do país
Para além dos espaços sociais, há espaços físicos e psicológicos, que assumem valor simbólico e emotivo.

Santa Olávia: simboliza o refúgio e a capacidade de regeneração.


Espaços
sociais Coimbra: local de juventude, da formação académica e da vida boémia.
Lisboa: representa o país com todos os seus defeitos sociais.
Sintra: simboliza o paraíso romântico e, também, a imoralidade dos costumes.

Ramalhete: residência da família, testemunha a vida de várias gerações dos Maias.


Espaços
físicos Consultório e laboratório: simbolizam o diletantismo de Carlos e da sua geração.
A Toca: local de transgressão, repleto de elementos que sugerem a sensualidade, a paixão.
Estes espaços sociais e humanos são caracterizados através da descrição do real e do papel
das sensações.

Descrições com recurso a várias sensações, frequentemente através da sinestesia, e


apelando a emoções, como se evidencia, por exemplo, na descrição de Maria Eduarda feita
por Carlos, da casa da rua de S. Francisco e do espaço físico e social do hipódromo.
Articulação entre o tempo da história
e tempo do discurso
Tempo do discurso: analepse
Tempo da história: cronologicamente ordenado e encadeado pelas três gerações da família Maia
Capítulos I e II
Pedro: paixão Maria Monforte:
Afonso da Maia: Pedro da Maia: avassaladora por adultério e fuga com Suicídio de Pedro,
juventude e educação Maria Monforte, por Tancredo, levando a representativo do
liberalismo, por portuguesa, por oposição a Afonso filha. ambiente
oposição a Caetano oposição a Afonso da Maia, que não ultrarromântico, e
da Maia, seu pai, da Maia, defensor aprova a relação. mudança de Afonso
conservador e da educação com o neto, Carlos,
absolutista. inglesa. para Santa Olávia.
Articulação entre o tempo da história
e tempo do discurso (continuação)
Tempo do discurso: analepse
Tempo da história: cronologicamente ordenado e encadeado pelas três gerações da família Maia
Capítulos III a XVIII
Carlos da Maia: Carlos: formação Afonso e Carlos da Carlos integra a vida Revelação do
educação à inglesa, em medicina, em Maia instalam-se no social de Lisboa, incesto, morte de
em Santa Olávia. Coimbra. Ramalhete, em sem identidade, Afonso, partida de
Lisboa. romântica, e Carlos e regresso
apaixona-se por dez anos depois.
Maria Eduarda.
Representações do sentimento e da paixão:
diversificação da intriga amorosa
Encontro ocasional com Maria Monforte (“Numa tarde, estando no Marrare”, capítulo I, p. 24).
Paixão
Pedro, dominado por uma paixão avassaladora, após uma “troca de olhares fatal e
deslumbradora, uma dessas paixões que assaltam uma existência” (capítulo I, p. 23), inicia o
e Maria Monforte
Pedro da Maia

namoro com Maria Monforte (“Era um amor à Romeu”, capítulo I, p. 23).


Oposição
As origens de Maria Monforte, a negreira, bem como a sua personalidade leviana, levam a que o
casamento aconteça sem a aprovação de Afonso. Infidelidade e fuga de Maria Monforte, que leva
“a Maria, que me não posso separar dela.” (capítulo II, p. 48).
Desenlace trágico
Pedro regressa com Carlos para casa de Afonso (“atirou-se aos braços do pai, rompeu a chorar
perdidamente”, capítulo II, p. 47). Após um diálogo com o pai, suicida-se.
Representações do sentimento e da paixão:
diversificação da intriga amorosa
Encontro ocasional com Maria Eduarda (“no peristilo do Hotel Central”, capítulo VI, p. 164).
Paixão
e Maria Eduarda

Carlos fica obcecado por conhecer Maria Eduarda.


Carlos da Maia

Oposição
Maria Eduarda – a amante, a brasileira – tem um passado que Carlos teme que o avô não aceite.
Adiam o casamento e vivem a paixão na Toca até ao reconhecimento do incesto.
Desenlace trágico
Carlos fica destroçado e, quando se encontra com o avô, “os dois olhos do velho, vermelhos,
esgazeados, cheios de horror, caíram sobre ele” (capítulo XVII, p. 684).
Características trágicas dos protagonistas
Uma das características da tragédia clássica é a condição social elevada das personagens. Nesse sentido, Afonso da Maia,
Carlos da Maia e Maria Eduarda são personagens de condição superior, sujeitos às forças superiores do destino.

Afonso da Maia
Incapaz de influenciar o carácter de Pedro e de se impor a Maria Eduarda Runa relativamente à educação
portuguesa ministrada ao filho; intransigente perante a paixão do filho por Maria Monforte; sobrevive ao
suicídio de Pedro e morre, depois, “solitariamente” após a descoberta do incesto entre os netos.
Carlos Eduardo da Maia
Nome que indica desgraça, desafia o destino ao envolver-se com uma mulher supostamente casada,
pratica conscientemente o adultério.
Maria Eduarda
Afastada da família pela mãe, é vítima do destino e da fatalidade ao praticar o incesto inconscientemente.
Árvore genealógica da família Maia
Intriga trágica

Peripécia Relação de Carlos e Maria Eduarda.


Reconhecimento Revelação do grau de parentesco entre Carlos e Maria Eduarda por Guimarães a Ega.
Incesto voluntariamente cometido por Carlos, dominado pela paixão, e pela morte de
Catástrofe Afonso da Maia.
Linguagem e estilo
Recursos A comparação; a ironia; a metáfora; a aliteração; a personificação; a sinestesia;
expressivos o diminutivo com intenção irónica; o uso expressivo do adjetivo e do advérbio.

Reprodução do O discurso direto (“Ainda têm um pedaço de pão, disse Vilaça sorrindo”), indireto
discurso no (“Afonso riu muito da frase, e respondeu que aquelas razões eram excelentes”) e indireto
discurso livre (“Ega rugiu. Para que estavam eles fazendo essa ‘pose’ heroica?”).

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