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O sujeito poético procura um sentido para a existência e aspira ao Ideal: o bem, a justiça, a beleza e a verdade
Na sua vertente otimista, luminosa e racional, o eu sonha a realização plena desse ideal em si e no mundo
que o rodeia
O Ideal pode assumir configurações distintas:
o no plano ético, individual e coletivo
o no amor que se sonha em contornos idealizados
o na construção de uma realidade social justa e humana
O Ideal, que o eu busca ora pela racionalidade ora pela espiritualidade e pelo misticismo, pode associar-se às
noções de Deus ou de Absoluto.
A angústia existencial
A expressão do drama interior de um sujeito poético atormentado e de um grande desalento, que lhe mina a
existência
Profunda insatisfação decorrente da imperfeição do real e do Homem, bem como da impossibilidade de viver
o ideal
A desilusão é vivida em estado de grande abatimento, inquietação e desespero, em que as ideias de
desistência e de morte estão presentes
Emerge deste modo, a faceta noturna, atormentada, de sentimentos negros
Linguagem, estilo e estrutura
Discurso conceptual
Paralelamente a sonetos de estrutura narrativa e imagens concretas, estão aqueles em que o sujeito poético
reflete, em linguagem abstrata, sobre temas como a divindade, o sofrimento, o ideal e a angústia
Antero exprime um pensamento filosófico, que encontra na linguagem poética um modo admirável da
expressão.
Discurso dialogado com personagens alegóricas (Ideia, Razão, Noite, Morte)
Linguagem e Estilo
Recursos expressivos: alegoria, metáfora, personificação, apóstrofe, …
Utilização da maiúscula com o objetivo de materializar a palavra em conceito – alegoria e personificação
Emparelhamento de vocábulos e temáticos contrastivos
Apelo aos sentidos
Vocabulário de cunho classicizante
Apresentação retórica (diálogos, interrogações, interjeições)
Os Maias – Eça de Queirós
Estrutura da obra
A prosa revela-se admiravelmente versátil e maleável. Por um lado, atinge rasgos de grande beleza com
construção frásica elegante e cuidada. Ainda por outro lado, sobretudo na reprodução das falas das
personagens, recorre-se aos registos de uma fala familiar e corrente, ocasionalmente ao calão
Ainda no que diz respeito à “reprodução do discurso no discurso”, o discurso direto dos diálogos e o discurso
indireto livre (técnica em que a voz de uma personagem e a do narrador se sobrepõem) revelam as
estratégias, ao gosto da literatura realista, na medida em que se colocam as personagens em interação, de
forma a exporem-se através do que dizem e a denunciarem o seu caráter num processo de caracterização
indireta em que a personagem mostra o que é pelo que afirma e pela forma como afirma
Características trágicas dos personagens
Hybris
o Desafio de Carlos aos valores sociais e morais ao cortejar Maria Eduarda, aparentemente casada, e
depois ao cometer o incesto (inconsciente/conscientemente)
Ágon
o Conflito interior de Carlos, que se sente dividido entre ser feliz com Maria Eduarda e não trazer
desgosto ao avô
Ananké
o Fatalidade que persegue a família desde que Pedro se casou com Maria Monforte. A mão do destino
manifesta-se pela chegada do Sr. Guimarães, mensageiro da desgraça
Pathos
o O sofrimento que atinge os 3 protagonistas trágicos, sobretudo após a revelação do parentesco entre
Carlos e Maria Eduarda
Anagnórise
o Reconhecimento de que Carlos e Maria Eduarda são irmãos
Peripécia
o Implicação na vida de Carlos e de Maria Eduarda das revelações do Sr. Guimarães e da entrega do
cofre de Maria Monforte a Ega
Clímax
o Consumação consciente do incesto por parte de Carlos
Catástrofe
o Morte de Afonso
o Separação de Carlos e Maria Eduarda (morte sentimental dos personagens); fim anunciado dos Maias
Presságios da narrativa
Quando Afonso vê Maria Monforte pela primeira vez; a mancha de sangue é indício da consanguinidade entre
Carlos e Maria Eduarda, isto é, da relação incestuosa
Vilaça tentando demover a vontade de Afonso de ir instalar-se no Ramalhete “aludia (…) a uma lenda,
segundo o qual eram sempre fatais aos Maias as paredes do Ramalhete”
Maria Monforte dá o nome do último Stuart, Carlos Eduardo, ao filho – marcado pelo estigma da extinção de
uma família
Em casa de Maria Eduarda 3 lírios brancos murchavam dentro de um vaso do Japão – símbolo da destruição
dos 3 membros que restavam da família
A semelhança dos nomes de Carlos e Maria Eduarda - indica a concordância dos seus destinos
Semelhança de Maria Eduarda com o avô (na perspetiva de Carlos) e Carlos parecido com sua mãe (na
perspetiva de Maria Eduarda)
Na “Toca”, há uma tapeçaria que representa os amores de Vénus e Marte (relação incestuosa) e um quadro
com “uma cabeça degolada, lívida, gelada no seu sangue” (indício de morte)
Espaços e o seu valor simbólico e emotivo
Espaços exteriores
Paraíso romântico
Carlos da Maia Local de passeio dos lisboetas
Sintra
Amigos Espaço de encontros sociais e
amorosos
Lisboa Todas Centralidade politico-cultural do
país
Espaço de vivência e convívio
social
Espaços interiores
A ação de “Os Maias” passa-se em Lisboa, na segunda metade do século XIX. No outono de 1875, Afonso da
Maia instala-se no Ramalhete Do matrimónio com Maria Eduarda Runa, nasce o único filho do casal, Pedro da
Maia.
Muito ligado à mãe, que o criou com enorme apego e devoção, Pedro vê-se inconsolável após a morte desta,
mas consegue recuperar quando conhece uma bela mulher chamada Maria Monforte, filha de um traficante
de escravos.
Afonso da Maia rejeita o relacionamento do seu filho com Maria Monforte, todavia, os jovens casam-se
mesmo a contragosto do patriarca.
Deste casamento nascem duas crianças, Maria Eduarda e Carlos Eduardo; não obstante, pouco depois do
nascimento de Carlos, Maria Monforte enamora-se por Tancredo, um príncipe italiano, com o qual foge,
levando embora consigo a filha. Ao chegar a casa, Pedro descobre a fuga e, desesperado, refugia-se na casa
do seu pai, levando o filho, ainda bebé. Nessa mesma noite, redige uma longa carta destinada ao pai e, por
não suportar o abandono, comete suicídio.
Aos cuidados do avô, Carlos Eduardo recebe uma educação forte e austera; passados alguns anos, contra a
vontade de todos, exceto do seu avô Afonso, o jovem transfere-se para Coimbra, para estudar medicina. Após
se formar, regressa ao Ramalhete e monta um consultório, mas sem prescindir de uma vida de aventuras
burguesas ao lado dos seus amigos intelectuais João da Ega, Alencar, Eusebiozinho, o maestro Cruges, entre
outros.
Um dia, Carlos conhece uma mulher chamada Maria Eduarda e apaixona-se por ela, mesmo acreditando ser
esta senhora casada com um cavalheiro brasileiro de nome Castro Gomes. A despeito da sua condição, o
jovem tenta-se aproximar dela, sem obter êxito, até que recebe o chamado de Maria Eduarda, que
necessitava dos seus serviços médicos, visto que a sua filha, Rosa, se encontrava doente. Em razão das
frequentes visitas de Carlos à casa de Maria Eduarda, ambos começam a envolver-se e decidem viver um
romance.
Amantes, encontram-se às escondidas numa casa na quinta dos Olivais. Ao descobrir o envolvimento do
casal, Castro Gomes, o brasileiro com quem Carlos julgava que Maria Eduarda era casada, decide procurar o
jovem médico para lhe contar que ela não é sua esposa, mas sim uma dama de companhia, revelação que
põe fim ao romance proibido.
Embora livre para se casar com Maria Eduarda, outra tragédia irá se abater na família dos Maias. Chega de
viagem o senhor Guimarães, trazendo consigo um pequeno cofre que havia recebido de Maria Monforte, que
morrera em Paris. No cofre, a revelação: Maria Monforte havia sido a esposa que levara o marido, Pedro da
Maia, pai de Carlos, ao suicídio. Descobre-se, assim, que os dois amantes – Carlos e Maria Eduarda — eram
irmãos.
Apesar da aterradora constatação, Carlos ignora o facto e, sem revelar a sua descoberta para Maria Eduarda,
decide continuar com a relação incestuosa. O seu avô, Afonso da Maia, descobre toda a verdade e morre de
desgosto. Quando Maria Eduarda finalmente descobre ser irmã do próprio amante, parte rumo a Paris, onde
tempos depois se casa. Para esquecer a sua triste sina, Carlos resolve viajar pelo mundo, regressando dez
anos depois a Portugal, onde reencontra os seus velhos amigos, particularmente João da Ega, seu grande
amigo desde os tempos de Coimbra. Juntos recordam o passado, com ironia e desesperança.